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RESUMO
A poluição marinha por plástico se tornou uma ameaça global para animais aquáticos
e terrestres. Fragmentos desse material podem viajar pelas correntes oceânicas e chegar a
lugares remotos ou parar no fundo dos oceanos, causando desequilíbrios aos ecossistemas e
a vida. A magnitude desse problema serviu de inspiração para a realização do presente
trabalho que buscou identificar a presença de pequenas partículas de plástico, denominadas
micro e mesoplástico, e outros resíduos presentes na areia da Praia Tupi, no município de
Praia Grande, em São Paulo. Foram coletadas amostras de areia em três faixas da praia com
30 metros de distância entre elas, sendo o início na face da praia (faixa mais próxima ao
mar), na crista do berma (faixa intermediária entre o mar e a avenida) e no berma (mais
próxima à avenida). As 21 amostras foram analisadas em laboratório com auxílio de uma
peneira para identificação de pequenos fragmentos plásticos. No total foram encontrados
396 microplásticos, 51 mesoplásticos e 17 macroplásticos. A maior quantidade de
microplásticos foi encontrada na face da praia, na linha da maré alta. Os macroplásticos
concentraram-se no berma, onde há elevada concentração de visitantes. Dentre os
microplásticos, 22 eram pellets, cuja presença indica que há fontes de resíduos que não sejam
o turismo. Como resultado da ocorrência do plástico na praia foram identificados potenciais
impactos ambientais, sociais e econômicos, alguns de caráter irreversível.
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INTRODUÇÃO
O surgimento do plástico totalmente sintético data de 1.900 com a fabricação do
Baquelite® que foi a primeira forma comercial desse polímero. A partir de então os plásticos
entraram na confecção de vestuários e materiais de uso único, os chamados descartáveis
(ABIPLAST, 2017). Em comparação, os primeiros resíduos plásticos que chegaram ao mar
datam da década de 50, e em 1970 cientistas alertaram sobre a presença de microplástico no
oceano Atlântico Norte (PÊGO, 2018).
O plástico oferece muitos usos desde a construção civil, passando por fabricação de
brinquedos e até próteses permanentes que são utilizadas na medicina, além disso, alguns
tipos de plásticos podem ser reciclados ao final de sua vida útil, voltando a ser matéria-prima
para a indústria (FSPPML, 2018). No entanto, oito milhões de toneladas de plástico chegam
aos mares todos os anos, causando situações preocupantes à vida marinha como acúmulo de
microplástico em órgãos e tecidos, mortes por ingestão de plásticos de uso único, ferimentos
e deformações ocasionadas por esse resíduo no mar ou nas praias, enredamento e lesões em
mamíferos marinhos, aves e peixes (PÊGO, 2018). Esses problemas podem não ocasionar a
morte imediata do animal, mas serão responsáveis por efeitos que podem ser letais a curto
prazo. Problemas entre organismos e resíduos sólidos são citados desde a década de 1960.
No entanto houve um aumento na frequência de relatos, tanto para número de espécies como
para número de indivíduos afetados (CAVALCANTI et al., 2016).
O resíduo marinho ou “lixo marinho”, como é denominado, pode ser definido como
“todo o resíduo sólido de origem antrópica que, independentemente de sua origem, entra no
ambiente marinho” (MMA, 2019). Aproximadamente 80% dos resíduos encontrado no mar
têm sua origem em atividades realizadas em terra, como turismo e gestão inadequada dos
resíduos, e apenas 20% são provenientes de atividades realizadas em alto mar. O maior
constituinte desse resíduo é o plástico, com diversos tamanhos e formas e que servem como
suporte para fixação de POP´s (Poluentes Orgânicos Persistentes) que são encontrados no
mar, causando bioacumulação e magnificação trófica. Além disso, segundo o Ministério do
Meio Ambiente, “os plásticos também podem servir como substrato e vetor de dispersão de
espécies exóticas, o que pode impactar consideravelmente ecossistemas marinhos” (MMA,
2019).
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Nas praias e oceanos podem ser encontrados plásticos de diferentes tamanhos, desde
a escala nano. Segundo o Plano de Combate ao Lixo no Mar, publicado pelo Ministério do
Meio Ambiente, em março de 2019, os resíduos plásticos são classificados como Nano (<
1nm), Micro (< 5mm), Meso (< 2,5cm), Macro (< 1m) e Mega (≥ 1m) (MMA, 2019).
Existem dois tipos de microplásticos, os pellets que são esférulas plásticas com até
5mm de diâmetro e são insumos base para a fabricação de plásticos em geral (NETO;
KERSANACH; PATCHINEELAM, 2008) e os microplásticos formados por degradação
química, fotoquímica e física de macroplásticos. Os dois tipos causam danos ao ecossistema
local, principalmente aos organismos marinhos detritívoros, depositívoros e suspensívoros
(BISI et al., 2011). Dessa forma, o presente trabalho busca realizar um estudo de caso para
identificação de micro, mesoplástico e pellets e a distribuição espacial de outros resíduos
sólidos no sedimento arenoso da Praia Tupi, Praia Grande – SP.
OBJETIVOS
Objetivo Geral
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Objetivos Específicos
MATERIAIS E MÉTODOS
Este é um estudo de caso, e a escolha da praia foi feita com base na elevada
quantidade de visitantes recebida na época de alta temporada, mais de um milhão de turistas
visitam o município entre os meses de dezembro e fevereiro (PREFEITURA PRAIA
GRANDE, 2019), e também por ser uma praia conhecida pelos autores por seus elevados
níveis de poluição visual decorrentes de resíduos sólidos encontrados em toda sua extensão.
A Praia Tupi está localizada no município de Praia Grande, no estado de São Paulo,
Brasil. Com 1,4Km de extensão fica entre a Avenida Presidente Sarmiento e a Rua Caribas,
no bairro da Vila Tupi, onde também se localiza o emissário submarino para despejo de
efluentes.
A metodologia amostral foi baseada no método dos autores BISI et al. (2011),
realizada no dia 30 de março de 2019, a partir de uma única coleta do sedimento superficial
da Praia Tupi, ao longo de sete transectos com 200 metros de distância entre eles (Figura 1.),
medidos com auxílio de uma trena, começando pela extremidade da Avenida Presidente
Sarmiento (transecto 1) em direção à Rua Caribas (transecto 7), pontos que marcam o início
e fim da Praia Tupi, respectivamente. Cada transecto foi constituído por três pontos de
amostragem, com 30 metros de distância entre eles (Figura 2.), localizados na face da praia,
faixa de areia mais próxima ao mar (cujas amostras foram identificadas como A1, A2, A3,
A4, A5, A6, A7), na crista do berma, sendo a faixa intermediária entre o mar e a avenida
(amostras identificadas como B1, B2, B3, B4, B5, B6, B7) e no berma, faixa mais próxima
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à avenida (amostras identificadas como C1, C2, C3, C4, C5, C6, C7). As amostras foram
demarcadas por um molde quadrado de madeira de 40x40cm e o sedimento superficial no
interior desse quadrado foi coletado com uma pá comum, retirando-se uma camada de
aproximadamente 0,5cm de profundidade do sedimento. O sedimento foi armazenado em
sacos plásticos identificados com etiquetas contendo a letra e número de cada amostra. Com
o auxílio de um aparelho celular e do aplicativo Google Maps foram identificadas as ruas
próximas aos pontos de coleta para posterior avaliação.
A coleta foi realizada no período da manhã, entre 8h e 11h, na maré baixa, para
garantir que uma maior área da praia estivesse exposta. No total foram realizadas 21 coletas,
ao longo de 1,4 km de extensão da praia.
Figura 1. Localização dos transectos onde foi realizada a coleta das amostras na Praia Tupi.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
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elevados índices de pellets, 132 somente na faixa A (D´ANTONIO et al., 2012), mais uma
evidência de que atividades portuárias podem ser fontes de pellets para o oceano e praias.
O presente estudo identificou uma baixa quantidade de pellets em comparação com
outras praias de outros estudos, sendo maior apenas que a Praia Vermelha do Norte,
localizada em Ubatuba – SP (ALVES et al., 2018). Embora a frequência de pellets seja baixa,
sua simples ocorrência demonstra interferências humanas e potenciais impactos ambientais
em ambientes naturais. Como citado por D´Antonio (2012), esse material também pode ser
oriundo das constantes limpezas de tanques de lastros dos navios que é feita através de
jateamento, pois trata-se de um material de baixo custo e mais “leve do que a areia no
procedimento de absorção dos compostos orgânicos” (BARBOSA et al., 2017).
Os resíduos encontrados nas amostras do sedimento apresentam diferentes tamanhos,
cores e formatos, estando tão fragmentados que se torna impossível dizer de qual material
provêm, como mostram as figuras 5, 6 e 7. Foram encontrados pellets de diferentes cores,
cilíndricos e esféricos como mostra a figura 8.
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Além dos resíduos menores que 2,5cm foram encontrados também 28 resíduos
sólidos classificados como macro, ou seja, menor que 1m (Tabela 2.) provenientes de
atividades antrópicas relacionadas ao turismo na orla da praia, constituídos em sua maioria
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por plásticos de uso único como copos, canudos, embalagens de alimentos, garrafas e
também outros resíduos como bitucas/filtros de cigarro. Foram encontrados também muitos
fragmentos de concreto no sedimento próximo a calçada, classificados como resíduos
inertes, possivelmente provenientes da demolição dos quiosques que existiam por toda a
extensão da orla da praia, e que não foram quantificados nesse trabalho por estar fora do
escopo.
B 1 Plástico fragmentado
1 Copo plástico
C 4 Embalagens de canudos
2 Canudos
14 Bitucas de cigarro
2 Tampas de garrafa PET
2 Embalagens de bala
1 Palito de churrasco
1 Microtubo para laboratório
Total 28
Tais resíduos foram identificados apenas nas faixas B e C. Esse fato pode ser
atribuído a maior concentração de banhistas nessas faixas, já que são áreas de areia seca
antes da linha da maré alta.
Cerca de 46% dos resíduos identificados são plástico, 50% bitucas de cigarro e 4%
madeira. O plástico se mostra majoritário nas amostras, em conformidade com outros
estudos, como de Fernandino (2012) e Bisi et al. (2011).
Estudo na praia de Itaquitanduva avaliou a quantidade de resíduos na areia. Esta praia
está inserida no Parque Estadual Xixová-Japuí, na Área de Proteção Ambiental (APA), no
município de São Vicente e é uma praia delimitada por costões rochosos, caracterizada como
uma praia relativamente isolada. O acesso é restrito apenas a quem recebe autorização da
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Em busca de soluções para diminuir os impactos causados pelo plástico de uso único,
o município do Rio de Janeiro foi pioneiro ao promulgar a Lei nº 6.458 em janeiro de 2019
que “Obriga restaurantes, bares, lanchonetes, barracas de praia, ambulantes e similares
autorizados pela Prefeitura a usarem e fornecerem canudos fabricados exclusivamente com
material biodegradável e/ou reciclável individual e hermeticamente embalados com material
semelhante”. O estado de Santa Catarina também aprovou a Lei nº 17.727, em 13 de maio
de 2019, com a mesma proposta. Na Câmara Municipal de São Paulo tramita o Projeto de
Lei nº 99/2018 que “dispõe sobre a proibição de fornecimento de canudos confeccionados
em material plástico nos locais que especifica e dá outras providências”.
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Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU, todos os anos, oito milhões de
toneladas de plástico entram nos oceanos, degradam os ecossistemas marinhos e costeiros e
ameaçam à vida aquática. Uma vez no oceano o plástico fica à deriva e ocorrem
fotodegradação e degradação mecânica, o que contribui para sua fratura em pedaços
menores. Esses pedaços podem adsorver poluentes hidrofóbicos, como os poluentes
orgânicos persistentes (POP´s) e contaminar os animais que os ingerirem e, eventualmente,
transferir essa contaminação a outros níveis da teia alimentar, num processo denominado
magnificação trófica (SOBRAL, 2011).
Cerca de 90% de quase todas as espécies de aves marinhas têm plástico em seu
sistema digestivo (CAVALCANTI et al., 2016). Ao ingerirem plásticos esses animais
podem morrer por inanição, pois o plástico não consegue atravessar seu sistema digestivo, o
que leva a uma falsa sensação de saciedade e posteriormente à morte por falta de alimento.
O plástico também está relacionado a ferimentos que impedem a locomoção do animal,
asfixia e emaranhamento em redes de pesca (MMA, 2019).
Durante a coleta das amostras para esse estudo foi observada a presença de aves que
utilizam a praia para se alimentar e buscar materiais para construção de ninhos, como
gravetos e algas secas, o que indica que essas espécies podem acabar levando resíduos
plásticos para os ninhos ou mesmo para alimentar seus filhotes, sugerindo potenciais
impactos na avifauna local. Esses resíduos também podem prejudicar os hábitos de
alimentação e locomoção de animais detritívoros que vivem sob a areia e foram observados
no dia da coleta de campo.
Impactos Econômicos
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O plástico encontrado no sedimento das praias também pode causar danos à economia em
diversos setores, como apresentado na tabela 4. Os impactos estão presentes em áreas como
turismo, pesca, navegação, limpeza urbana e até mesmo no tratamento de efluentes que pode
conter microplásticos (MMA, 2019).
Para evitar problemas desse tipo é necessário adotar procedimentos adequados
quanto ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo ações de reciclagem, logística
reversa (MMA, 2019) e coleta de resíduos domiciliares mesmo em locais mais isolados,
como ambientes estuarinos ou afastados dos grandes centros urbanos.
Na Praia Tupi foi observado grande incidência de resíduos plásticos como copos,
canudos, garrafas PET e embalagens de alimentos, indicando que esses resíduos
provavelmente foram abandonados no local por turistas que utilizam a praia para atividades
de lazer. Na tabela 4 estão elencados os impactos econômicos provenientes dos resíduos no
mar, de acordo com o tamanho. Os resíduos encontrados na praia Tupi configuram um
potencial de perda econômica na pesca, turismo, navegação e município.
(hélices e
sistemas de
refrigeração).
Não ou Danos às Danos às embarcações (hélices
improvável. embarcações e sistemas de
(sistema de refrigeração); perda do
refrigeração) potencial de produtividade
Navegação
e de receitas
devido a atrasos ou acidentes
que afetem
redes de suprimento.
Degradação do Degradação do meio ambiente e do patrimônio
ambiente natural. natural. Custo de limpeza e infraestruturas.
Municípios e Aumento do Perda de renda e meios de subsistência.
Autoridades custo do
Locais tratamento de
efluentes.
Com base nos impactos identificados, foi desenvolvida uma matriz de impactos
(quadro 1), cuja caracterização dos impactos foi determinada de acordo com método de
Albuquerque et al (2017), onde foram considerados duração, natureza, temporalidade,
reversibilidade e forma.
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mar e areia, bioacumulação e degradação de habitat, são não apenas permanentes, mas
também irreversíveis, pois mesmo ações humanas são incapazes de mudar o status do
impacto (AWABDI, SICILIANO, BENEDITTO, 2013; CAVALCANTI, ARAUJO, 2016;
MMA, 2019; PÊGO, 2018; INSTITUTO BIOPESCA, 2019). Quanto a temporalidade, a
maioria dos impactos (09) apresenta-se a longo prazo, ou seja, é necessário mais que cinco
anos para que ocorram. A maioria dos impactos tem potencial de ocorrer de forma direta
(11), sendo apenas turismo, economia e pesca impactados indiretamente (MMA, 2019).
Reversibilidade
Temporalidade
Natureza
Duração
Forma
Longo Prazo
Médio Prazo
Curto Prazo
Temporário
Permanente
Irreversível
Reversível
Negativo
Indireta
Positivo
Direta
Morte de Animais X X X X X X X X
Lesão nos Animais X X X X X X X X X
Extinção de Espécies Marinhas X X X X X X
Poluição do Mar X X X X X X
Poluição da Areia X X X X X X
Poluição Visual X X X X X
Modificação Paisagem Natural X X X X X
Modificação Paisagem Urbana X X X X X
Turismo X X X X X
Economia X X X X X
Pesca X X X X X X
Bioacumulação Animal X X X X X
Bioacumulação Humana X X X X X
Degradação do Habitat Natural X X X X X X X
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Como forma de mitigar essa situação, a prefeitura de Praia Grande realiza algumas
ações a fim de realizar a limpeza e manutenção de suas praias. Foi observado durante o
trabalho de campo a limpeza do sedimento da praia Tupi, com rastelos grandes e também
com o maquinário “Bobcat T590” (figura 9). Os rastelos reúnem apenas resíduos maiores
como garrafas PET, sacolas e cocos, por esse motivo a prefeitura iniciou testes com a
máquina T590 para retirada do microrresíduo da faixa de areia. A Bobcat T590 entrou em
operação em 25 de março de 2019, no bairro Guilhermina. Em teste controlado pela
prefeitura, a máquina foi capaz de remover tampas de garrafa, aros de latinhas, canudos,
pontas de cigarros, cotonetes, dentre outros (PREFEITURA PRAIA GRANDE, 2019).
A Bobcat T590 opera na área de areia seca e conta com um sistema de peneira
vibratória que entra na areia e retira os resíduos, o que deve ser finalizado por um rastelo.
Por hora, a máquina pode cobrir uma área de até 15 mil metros quadrados, sendo capaz de
limpar um bairro por dia (PREFEITURA PRAIA GRANDE, 2019).
A utilização dessa máquina pode estar contribuindo positivamente, pois esta atua na
faixa de areia onde ocorre a maior concentração de banhistas, e a praia Tupi, apesar de
apresentar uma diversidade de resíduos no sedimento, não está entre as praias urbanas mais
poluídas.
Figura 9. Bobcat T590.
nesse trecho foram coletados 7000 canudos, 4320 bitucas de cigarro, 1800 tampas de garrafa,
além de papel, espeto de madeira, palito de sorvete, sacolas, copos, talheres e pratos
plásticos. A prefeitura realizou esta ação como uma estratégia de educação ambiental
(PREFEITURA PRAIA GRANDE, 2019).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em todas as amostras foram encontrados resíduos plásticos, totalizando 396
microplásticos (sendo 22 pellets), 51 mesoplásticos e 17 macroplásticos em 1,4km de
extensão da Praia Tupi. Esses números indicam que é necessário tomar medidas para
prevenção da poluição das praias por plástico, pois apesar de haver limpeza periódica nesse
local os resíduos plásticos, principalmente os menores, podem ser enterrados na areia por
ações naturais e passar despercebidos pelos sistemas de limpeza, portanto a tendência é que
se acumulem, ou mesmo sejam transportados para outras praias.
A maior quantidade de plástico encontrada (396 unidades) corresponde a classe dos
microplásticos, sendo menores do que 5mm e praticamente não são vistos pelos visitantes
da praia, porém têm importantes impactos negativos associados a eles. É necessário
investigar a fonte de pellets, sendo a atividade portuária uma fonte provável, para então se
propor medidas adequadas. Além do plástico, as bitucas de cigarro foram a segunda
categoria mais encontrada na areia, o que mostra a necessidade de conscientização dos
próprios frequentadores do local, possíveis responsáveis por gerarem outros tipos de
macrorresíduos feitos de plástico, como copos e canudos. A matriz de potenciais impactos
provocados pelos resíduos na praia indica 14 impactos negativos – ambientais, sociais e
econômicos – e desses 28% são irreversíveis, 85% são provocados pelo contato direto com
o plástico e 35% têm caráter permanente, o que não permite o retorno às suas condições
iniciais.
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Foram identificadas algumas ações por parte do poder público para lidar com esse
problema, mas estas têm se mostrado como soluções paliativas. É necessário o
fortalecimento de políticas públicas para a prevenção da poluição da praia, inibindo o uso de
plásticos descartáveis e reforçando a educação ambiental neste meio. Os investimentos
empregados se justificariam pela prevenção dos impactos negativos, trazendo ganhos para a
economia, sociedade e meio ambiente.
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