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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Campus I

Alternativas, desafios, estratégias e soluções sustentáveis para


SS-OCEANOS
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS
PARA OS OCEANOS
mitigar a poluição plástica nos oceanos

INTRODUÇÃO

Profs.: Amélia S. F. e Santos e Sueila S. Araújo


Monitores: Flavia M. Al. Sarmento ; Samara B.
Heidemann; Maria Eduarda C. Ramalho; Laila E.
B. Silva; Julliany P. Rocha; Ismerina C. L. Oliveira
01. O QUE É LIXO MARINHO E SEUS
TIPOS

POLUIÇÃO PLÁSTICA NOS 02. DE ONDE VÊM O LIXO QUE VAI


PARA OS OCEANOS?
OCEANOS
03. PARA ONDE VAI, QUAIS SÃO AS
SUAS ROTAS?
AULA 1
04. QUAIS PROBLEMAS CAUSAM?
O que é lixo marinho e
seus tipos
85%
Principais Características
do Plástico Marinho

01 Flutuabilidadee
Densidade 02 Biodegradaçãoe
fotodegradação 03 Fragmentação
FLUTUABILIDADE & 1
DENSIDADE


BIODEGRADAÇÃO & 2
FOTODEGRADAÇÃO
FRAGMENTAÇÃO 3
Tamanho dos plásticos e seus riscos
MACROPLÁSTICO
Macroplástico
MICROPLÁSTICO
Microplástico


Microplástico


Subcategoria
Microfibras Sintética

• As microfibras sintéticas são uma subcategoria dos microplásticos,


com tamanhos entre 3 e 30 micrômetros de largura. Elas são
originárias principalmente de roupas e têxteis, bem como do
desgaste em pneus. Estima-se que 5,6 toneladas métricas de
microfibras sintéticas tenham sido emitidas no meio ambiente pela
As microfibras, o produto lavagem de roupas entre 1950 e 2016, com uma taxa de crescimento
de decomposição das de 12,9% na última década.
fibras, são onipresentes na
água, no solo e no ar. • Essas microfibras são capazes de adsorver materiais do ambiente
No ambiente marinho circundante e podem ser modificadas quimicamente para conferir
encontram-se suspensos
na coluna de água, no propriedades específicas. Por serem mais densas que a água do mar,
fundo do mar e em todos é provável que elas se acumulem no fundo do oceano e se degradem
os ecossistemas marinhos, lentamente, ao longo de muitos anos, em insumos petroquímicos
onde são ingeridos por básicos, bioabsorvíveis ou não.
uma ampla gama de biota.
Subcategoria
Nanoplásticos

• Nanoplásticos são uma subcategoria de microplásticos que


são usados intencionalmente em diversos produtos, como
têxteis e cosméticos. Eles são amplamente encontrados em
todos os oceanos.

• Nanoplásticos são minúsculos pedaços de plástico que têm


características físicas variadas e são compostos de maneira
diferente uns dos outros. Eles surgem sem intenção quando
o plástico se decompõe em partículas tão pequenas que são
INVISÍVEIS A OLHO NU. Existe uma grande possibilidade de
que essas partículas de plástico se AGRUPEM COM OUTROS
MATERIAIS, formando misturas heterogêneas.
De onde vem o lixo que vai
para os oceanos?


• Esses resíduos têm várias fontes e seguem diversos caminhos até
chegarem aos oceanos. As principais fontes incluem cidades,
estradas, lixões, aterros controlados e estações de tratamento de
águas residuais.

• Nos centros urbanos, as roupas, produtos sintéticos, embalagens de


comida para viagem e materiais de construção são fontes de
partículas e fibras plásticas. Esses plásticos expostos podem ser
transportados pelo vento e lixiviados de aterros não sanitários para
as águas subterrâneas.

• Além dessas fontes, os rios desempenham um papel crucial no


transporte de detritos plásticos para o oceano. Estima-se que
milhões de toneladas de macroplásticos sejam lançados nos rios
anualmente.
Áreas densamente povoadas e/ou industrializadas tendem a
apresentar uma maior taxa de emissão de lixo plástico nos
oceanos, devido ao aumento populacional e do consumo,
associado à possível falta de infraestrutura adequada para
lidar com os resíduos gerados.
De acordo com estimativas, cerca de 61% do vazamento
de macroplásticos para o meio ambiente ocorre devido a
resíduos que não foram coletados.

Esses resíduos não coletados são descartados


diretamente nas vias públicas, no solo, em rios, lagos,
praias ou oceanos, onde se acumula ao longo do tempo e
acaba sendo transportado para corpos d'água.
1 (Andrades e outros 2016).

36%

85
%
Resultado de vazamento das instalações de produção e
perdas acidentais de pellets de plásticos durante o
transporte são uma de suas fontes.

Atraves da lixiviação em aterros controlados, lixões,


biolodo de estações de tratamento de águas residuais e
escoamento agricola.
Os solos agrícolas agora estão sendo reconhecidos como potenciais sumidouros de
microplásticos, resultado da aplicação intencional de sementes, produtos químicos e fertilizantes
revestidos com plásticos, por meio de novas tecnologias de distribuição. Além disso, a prática de
aplicação de lodo de esgoto e efluentes, bem como o uso de sementes revestidas com plástico,
produtos químicos e fertilizantes, têm contribuído para esse problema.

Estudos apontam que as cargas de microplásticos presentes nos solos agrícolas na Europa e na
América do Norte podem representar um reservatório potencialmente maior do que o ambiente
marinho. Essa preocupação está levando a uma maior conscientização sobre os impactos
ambientais e a necessidade de adoção de práticas mais conscientes na agricultura. O uso de
plásticos biodegradáveis é a alternativa que permite agregar os avanços tecnologicos
associados à liberação controlada de nutrients e umidade para solo, por exemplo, ao combate
ao microplástico.
(Nizzettoe outros2016a; Nizzettoe outros2016b; Piehle outros2018; Accinellie outros2019; corradinie outros2019; Wange outros2019a; Wange outros2019b);

Evidências também indicam que plantas comestíveis estão absorvendo microplásticos presentes
no solo, o que levanta preocupações adicionais sobre a segurança e a cadeia alimentar.
(Contie outros2020; lie outros2020).
O lixo marinho das atividades marítimas provém de
múltiplas fontes. As principais fontes marinhas de
plásticos e microplásticos incluem :

01 Pesca e Aquicultura
> Exemplos: selantes, caixas de armazenamento,
embalagens, bóias, cordas e linhas.
Operações Marítimas e Offshore
02 > Exemplos: carga, tintas, desmantelamento em
fim de vida, água de lastro.
Turismo Baseado em Navios
03 > Exemplos: embalagens, bens pessoais.

Os navios são os responsáveis pela


maior parte das garrafas que flutuam
no centro do Oceano Atlântico Sul,
https://www.instagram.com/reel/Cu6xIG9odme/?igshid=ODk2MD
contrariando a Convenção JkZDc2Zg==
Internacional para a Prevenção da
Poluição por Navios.
• PESQUISAS EM ÁREAS PRÓXIMAS À COSTA COM ALTA CONCENTRAÇÃO DE
PESCA E AQUICULTURA MOSTRAM CONCENTRAÇÕES DE PLÁSTICOS NA FORMA
DE GAIOLAS, PALANGRES, POSTES E OUTRAS ESTRUTURAS FLUTUANTES E FIXAS
USADAS PARA A CULTURA DE ANIMAIS E PLANTAS MARINHAS.

• NO MAR, 10% DE TODOS OS DETRITOS FLUTUANTES SÃO EQUIPAMENTOS DE


PESCA ABANDONADOS, PERDIDOS OU DESCARTADOS (ALDFG); NO GIRO
SUBTROPICAL DO PACÍFICO NORTE, 46% DESSES DETRITOS CONSISTEM EM REDES
DE PESCA [Stelfox et al., 2016].

• OS DETRITOS RELACIONADOS COM A PESCA SÃO UMA DAS MAIORES


CATEGORIAS INDIVIDUAIS EM VOLUME ENCONTRADA NO LIXO DAS PRAIAS. TAL
POLUIÇÃO MARINHA É CONDUZIDA PELAS CORRENTES OCEÂNICAS E ACABA
CHEGANDO ÀS PRAIAS, COMPROMETENDO A BELEZA NATURAL DESSES
ECOSSISTEMAS.
• OS PLÁSTICOS PODEM ENTRAR NOS OCEANOS DIRETAMENTE DEVIDO À PERDA
ACIDENTAL DE CARGA NO MAR E AO DESPEJO ILEGAL DE RESÍDUOS, BEM COMO
POR MEIO DE TINTAS E OUTROS MATERIAIS, COMO SELANTES USADOS EM
VÁRIAS INDÚSTRIAS.

• O DESPEJO ILEGAL DE RESÍDUOS NO MAR, OCORRE POR FORAS DA LEI QUE


BUSCAM ESQUIVAR DO ALTO CUSTO DE MANUSEIO E TRATAMENTO DESSES
RESÍDUOS NOS PORTOS.

• CONTRIBUEM TAMBÉM INSTALAÇÕES INADEQUADAS DE RECEPÇÃO E


ARMAZENAMENTO DE RESÍDUOS E REMESSAS; FALTA DE OPERADORES PARA
MANUSEAR RESÍDUOS OU EQUIPAMENTOS; E FALTA DE INCENTIVOS PARA
RECICLÁ-LOS OU REUTILIZÁ-LOS.
• OUTRAS FONTES MARÍTIMAS DE LIXO MARINHO INCLUEM EMBARCAÇÕES
ABANDONADAS E EM FIM DE VIDA E BARCOS DE RECREIO, ESPECIALMENTE OS
FEITOS DE FIBRA DE VIDRO.

• UMA DAS PRINCIPAIS FONTES DE CONTAMINAÇÃO POR PLÁSTICO EM ALGUMAS


ÁREAS COSTEIRAS É O DESMANTELAMENTO DE NAVIOS.

• PENSA-SE QUE 1 A 2 POR CENTO DOS 6 MILHÕES DE BARCOS MANTIDOS NA


EUROPA (OU SEJA, PELO MENOS 80.000) CHEGAM AO FIM DA SUA VIDA ÚTIL
TODOS OS ANOS. NO ENTANTO, APENAS CERCA DE 2.000 SÃO
DESMANTELADOS (COMISSÃO EUROPEIA 2017). UMA PARTE SIGNIFICATIVA DO
RESTANTE É ABANDONADA, PODENDO ACABAR NOS OCEANOS E SE TORNAR
LIXO MARINHO.
Para onde vai, quais são as
suas rotas?
TRANSPORTE E MECANISMOS DO
LIXO PLÁSTICO NOS OCEANOS

A velocidade do movimento do lixo e poluição plástica Foi constatado que existe um período considerável de
através das vias de transporte marinho e sua tempo, variando de vários anos a décadas, entre a
distribuição em diferentes partes do ambiente emissão do lixo terrestre e sua acumulação em áreas
marinho dependem de suas características químicas distantes do oceano. Isso sugere que os
e físicas, como flutuabilidade, superfície e tamanho, microplásticos presentes no oceano atualmente são
além de fatores oceanográficos e meteorológicos, resultado da deterioração e envelhecimento de
como tempestades. objetos produzidos nas décadas de 1990 e anteriores.
Vias da Contaminação Marinha por Plástico
Os resíduos marinhos e a contaminação por plásticos chegam aos ecossistemas
marinhos por várias vias, incluindo escoamento terrestre, rios, águas residuais,
águas cinzas, transporte aéreo e entrada direta via atividades oceânicas, como
pesca e transporte marítimo.

Propagação de Plásticos
Alguns plásticos, como os de uso único, podem se espalhar por várias rotas,
como ação do vento, correntes fluviais e redes de esgoto, antes de chegar aos
oceanos, criando conexões críticas entre esses caminhos.

Mecanismos
A distribuição de detritos plásticos no mar é influenciada por ventos, correntes,
geografia costeira, fatores humanos (como áreas urbanas e rotas comerciais) e
eventos extremos, como tempestades e tsunamis. Esses eventos introduzem
considerável quantidade de plásticos nos ambientes marinhos, através das
águas pluviais urbanas e danos à infraestrutura costeira.
Destino

À medida que chegam ao oceano, os resíduos


sólidos são transportados para diferentes
locais e ambientes, como a zona costeira,
ilhas oceânicas, superfície da água e até o
leito marinho. Isso ocorre devido à influência
das correntes marítimas, que podem levá-los
a diferentes distâncias ou depositá-los no
fundo do mar, onde se acumulam em maior
quantidade.

O percurso exato que um resíduo percorre,


ou seja, sua dispersão, é moldado por fatores
como a origem do resíduo e o Esse comportamento, por sua vez, é condicionado por características físico-
comportamento que adota na coluna d'água. químicas específicas do resíduo e pelas complexas interações oceanográficas do
ambiente circundante.
Acumulação
Os giros são áreas críticas de acumulação de macroplásticos e microplásticos que resultam do transporte de
detritos plásticos provenientes de fontes marítimas e terrestres para os giros subtropicais. Essas zonas se tornam
pontos de concentração de partículas plásticas, conforme destacado por estudos como Lebreton et al. (2012) e
Eriksen et al. (2013b).

As regiões costeiras, incluindo praias, costões rochosos, manguezais, restingas e estuários, são suscetíveis à
acumulação de resíduos devido à proximidade de fontes potenciais, como cidades, portos, áreas de pesca e
maricultura. Além disso, a ação dos VENTOS, DAS ONDAS E DAS MARÉS contribui para esse acúmulo. Durante
TEMPESTADES E RESSACAS MARINHAS, a água pode alcançar áreas mais distantes, depositando resíduos vindos
do mar. Ventos transportam resíduos leves, como sacolas plásticas e fragmentos de isopor, para essas regiões. As
ONDAS MOVIMENTAM A AREIA, ENTERRANDO RESÍDUOS, ENTRANHANDO-OS ENTRE PEDRAS, prolongando sua
presença e aumentando os riscos ambientais.

Em ESTUÁRIOS, a interação entre a força do rio que flui em direção ao mar e a ação da maré que invade o rio cria
condições propícias para o acúmulo de resíduos. Esse fenômeno é especialmente pronunciado durante períodos de
chuvas intensas, quando grandes quantidades de resíduos são arrastadas para o mar.
Recentemente, foi constatada a presença de macro e microplásticos nos
sedimentos de regiões de mar profundo em várias partes do mundo,
incluindo os oceanos Pacífico, Atlântico, Índico e Mediterrâneo. Um
estudo conduzido por Lebreton e colaboradores em 2018 apontou que
cerca de 67% do plástico encontrado nos oceanos tem origem em apenas
20 rios, com a maioria localizada na Ásia.

As inundações podem espalhar


As CONCENTRAÇÕES A morfologia do rio, Períodos de alto fluxo
microplásticos de leitos de rios.
estimadas DE PLÁSTICOS incluindo o tipo de fundo podem ressuspender
efluentes de tratamento de águas
em água doce e sedimentos e curvatura, juntamente partículas nos sedimentos,
residuais são fontes-chave de
fluviais são semelhantes às com a presença de depositando-as a jusante.
microplásticos nos rios.
áreas costeiras marinhas, barragens, influencia Em trechos de fluxo estável,
Principalmente, FIBRAS
VARIANDO com a turbulências internas em a estratificação de partículas
SINTÉTICAS de lavagem de
proximidade de CENTROS várias escalas e mistura plásticas na coluna d'água é
tecidos, concentradas em lodo
URBANOS, INDUSTRIAIS E na água. Isso afeta o provável. Em vazões
de esgoto ou liberadas nos
ESTAÇÕES DE movimento de lixo e menores, plásticos tendem a
efluentes, SÃO OS
TRATAMENTO DE ÁGUAS microplásticos no rio e flutuar na superfície do rio
MICROPLÁSTICAS MAIS COMUNS.
RESIDUAIS. em sua região. ou próxima à margem.
Lagos de água doce, reservatórios, águas subterrâneas e
abastecimento de água potável

O movimento dentro de lagos é


Grandes lagos e reservatórios influenciado não somente por Foram relatados
podem desempenhar o papel de correntes, de maneira análoga a microplásticos em sistemas
sumidouros tanto temporários, rios e riachos, mas também por cársticos de águas
quanto de longo prazo para PADRÕES DE VENTO que podem subterrâneas, sendo esses
microplásticos. Além de servirem gerar REGIÕES COM sistemas responsáveis por
como áreas de concentração CONCENTRAÇÕES localizadas cerca de um quarto das fontes
significativa de poluição plástica. SAZONALMENTE ELEVADAS. Estimou- globais de água potável. Esses
Isso é semelhante ao que ocorre se que aproximadamente 10.000 estudos identificaram uma
em lagos menores, lagoas e toneladas de plástico são média de 6,4 microfibras por
regiões de retenção urbana. introduzidas anualmente nos litro nessas águas.
Grandes Lagos.
O transporte atmosférico de microplásticos e seus impactos
no ambiente marinho são de extrema importância. Microplásticos foram identificados EM REGIÕES
Observações revelaram microplásticos na neve do Ártico e REMOTAS de bacias montanhosas, sedimentados na neve
no gelo marinho. Embora a concentração na neve do gelo de várias localidades e como parte da deposição
ártico seja menor que nas amostras dos Alpes europeus e atmosférica em ambientes urbanos. Essas partículas
áreas urbanas, ainda é significativa o suficiente para minúsculas são liberadas no ar por múltiplas fontes,
reconhecer o TRANSPORTE ATMOSFÉRICO e a deposição incluindo a lavagem e desgaste de tecidos sintéticos, a
como VIAS notáveis para a DISSEMINAÇÃO DE abrasão de materiais como pneus e construções, bem
MICROPLÁSTICOS. O gelo marinho desempenha um papel de como a ressuspensão de microplásticos presentes em
sumidouro temporário, fonte secundária e meio de superfícies. Esse transporte atmosférico tem implicações
transporte para microplásticos no Oceano Ártico. Além significativas para a disseminação global de
disso, à medida que o gelo marinho derrete, pode liberar microplásticos e suas consequências para ecossistemas
microplásticos como uma potencial fonte de poluição marinhos.
histórica.
OCORRÊNCIA EM
CORPOS D'ÁGUA
Resíduos marinhos e microplásticos flutuam ao longo das
correntes superficiais e são impelidos repetidamente em
direção à costa através da ação das marés e ondas. Esse
1 movimento é influenciado pela estabilidade da linha costeira,
pela existência de dunas de areia, pela relação de tamanho
entre o leito marinho e os detritos plásticos, bem como pelas
velocidades ascendentes da água.

O encalhe, a deposição no fundo do mar e a


redistribuição de objetos plásticos desempenham um
papel crucial no deslocamento dos plásticos que flutuam
perto da costa e na transferência de substâncias
Praias, sedimentos e 2 poluentes dos resíduos plásticos das praias e áreas
litorâneas para o oceano. Geralmente, os itens de
plástico acabam presos em praias e em ecossistemas
ecossistemas costeiros, como manguezais, pedras e lodaçais.

costeiros Microplásticos são encontrados tanto na superfície


das praias, quanto nas áreas submersas próximas,
indicando uma redistribuição constante entre essas
zonas. Concentrações mais altas associadas a
3 tempestades e locais com maior dinâmica da água
e sedimentos mais grossos estão em linha com
pesquisas anteriores. Tempestades também podem
liberar microplásticos enterrados, criando diferentes
estados de liberação ao longo da praia e das
estações.
Observações realizadas ao Na região oeste do Oceano Índico,
1 longo de várias décadas sobre a
Camada superficial 2 uma mancha de lixo é altamente
presença de plásticos nas sensível a vários mecanismos de
águas superficiais revelam a transporte e demonstra alta

do oceano, giros e
sua ubiquidade em todas as dispersão. McAdam (2017) e Lebret
bacias oceânicas, incluindo et al. (2019) calcularam que a
numerosas ilhas remotas. Além QUANTIDADE DE PLÁSTICO FLUTUANTE
ilhas remotas disso, essas observações têm
evidenciado o desenvolvimento
de vastas áreas de
NA SUPERFÍCIE DO OCEANO VARIOU
ENTRE 93.000 E 236.000 TONELADAS
MÉTRICAS. Importante notar que
concentração de plásticos em essas estimativas estão
zonas de convergência significativamente ABAIXO DAS
Apenas certos tipos de plásticos subtropicais de grande escala, ESTIMATIVAS DE ENTRADA DE
parecem ter a capacidade de durar o formadas devido à INTERAÇÃO PLÁSTICO PROVENIENTES DE RIOS na
suficiente para eventualmente atingir os das CORRENTES OCEÂNICAS e mesma região, diferindo em duas
giros oceânicos. As estimativas do padrões de circulação induzidos ordens de magnitude.
tempo que leva para os plásticos serem 3 pelo VENTO.
4
transportados das áreas costeiras para
as ilhas e giros do meio do oceano As fontes asiáticas e sul- Essa corrente segue um padrão de
variam de meses a anos. americanas de plástico podem fluxo antihorário depois de se dirigir
refletir a atividade pesqueira para o norte ao longo da costa da
nas águas circundantes. A alta América do Sul, o que resulta no
Ilha desabitada com mais lixo por metro quadrado no mundo frequência de itens que podem transporte de resíduos costeiros em
ser identificados como direção à Ilha Henderson. Esse
provenientes da América do Sul mesmo padrão é observado em
é provavelmente o resultado da outras ilhas remotas localizadas ao
posição da ILHA HENDERSON no largo do Chile e em suas águas
Giro do Pacífico Sul. vizinhas.
A coluna de água e os
sedimentos marinhos offshore
1 2
As CONCENTRAÇÕES DE PLÁSTICO no oceano aberto seguem uma
Resultados recentes de pesquisas de campo na Baía de Monterey, DIMINUIÇÃO EXPONENCIAL, à medida que a PROFUNDIDADE AUMENTA,
Califórnia, revelam que as partículas de microplásticas têm uma como demonstrado por estudos anteriores (Reisser e outros, 2015).
notável capacidade de se deslocar entre as camadas da coluna Isso ocorre porque os microplásticos que inicialmente flutuam na
de água, desde a epipelágica até a mesopelágica, e adentrar as superfície dos oceanos eventualmente descem para camadas mais
teias alimentares no fundo do mar. Esses achados indicam que a profundas. Esse MOVIMENTO DESCENDENTE É CAUSADO PELA PERDA DE
COLUNA DE ÁGUA, OS SEDIMENTOS DO LEITO MARINHO E AS TEIAS FLUTUABILIDADE DOS MICROPLÁSTICOS, bem como pela mistura
ALIMENTARES DO FUNDO DO MAR podem ser considerados como turbulenta induzida pelo vento na superfície do oceano.
alguns dos MAIORES RESERVATÓRIOS DE MICROPLÁSTICOS.
É o processo de fragmentação e deposição que contribui para a
Esse fenômeno não é exclusivo da Baía de Monterey, sendo DISTRIBUIÇÃO GENERALIZADA DE MICROPLÁSTICOS EM VÁRIAS
observado também em outras regiões, como no Mar Báltico, no PROFUNDIDADES DOS OCEANOS, tornando-o um desafio crítico para
Oceano Ártico e ao longo da costa oeste da Irlanda, conforme a gestão e a compreensão dos impactos ambientais desses
demonstrado por estudos anteriores (Choy e outros, 2019; poluentes plásticos.
Pabortsava e Lampitt, 2020; Bagaeve e outros, 2017; Kanhai e
outros, 2018; Courtene-Jones e outros, 2018). Esses achados
ressaltam a preocupante disseminação e impacto dos
microplásticos em diferentes ecossistemas marinhos ao redor do
mundo.
Variações regionais
e hotspots
O acúmulo de detritos marinhos e plásticos representa uma
grave preocupação global, com três regiões críticas
identificadas: o Mar Mediterrâneo, devido à sua natureza
fechada e alta densidade populacional; o Oceano Ártico,
devido à sua fragilidade e impactos sobre povos indígenas; e
o Leste Asiático e a região da ASEAN (Associação das Nações
do Sudeste Asiático), caracterizados por extensas costas e
populações dependentes dos recursos marinhos,
frequentemente com sistemas de gerenciamento de resíduos
inadequados. Esses hotspots exigem ação imediata para
reduzir a poluição e proteger os ecossistemas marinhos.
MAR
MEDITERRÂNEO
OCEANO ÁRTICO

α
MARES DO LESTE
ASIÁTICO E A
REGIÃO DA ASEAN
Quais problemas
causam?
IMPACTOS EM HABITATS,
CONJUNTOS E FUNÇÃO
DO ECOSSISTEMA
I. ALTERAÇÃO DE
HABITATS
Itens de plástico flexível, como
Os impactos nos ecossistemas marinhos SACOLAS PLÁSTICAS, também
não se restringem apenas aos resíduos AFETAM os principais
plásticos flutuantes. A DEPOSIÇÃO de processos do ecossistema,
resíduos NO LEITO MARINHO, em ambientes bloqueando as trocas
bentônicos, PODE CAUSAR danos sérios a gasosas e diminuindo o FLUXO
HABITATS COMO RECIFES DE CORAIS E DE NUTRIENTES INORGÂNICOS
DO SEDIMENTO, diminuindo
COSTÕES ROCHOSOS, gerando impactos assim a produtividade
duradouros. primária.

Ambientes com fundos arenosos também A CAPACIDADE REDUZIDA DE


RECIFES CARBONÁTICOS E
podem ter sua estrutura de comunidades PRODUTORES PRIMÁRIOS DE
de organismos bentônicos alterada pelo ABSORVER CARBONO, devido à
movimento de redes perdidas ou outros presença de microplásticos
objetos depositados, sufocando pode afetar seu
organismos (macrofauna e meiofauna) funcionamento e
devido à redução de oxigênio. Esses potencialmente TÊM UM EFEITO
habitats são cruciais para ecossistemas, INDIRETO em relação ao
desenvolvimento de espécies e recursos AQUECIMENTO GLOBAL.
comerciais, destacando a necessidade de
prevenir esses impactos.
II. INTRODUÇÃO DE
ESPÉCIES EXÓTICAS
Algumas espécies que
A falta de barreiras eficazes no oceano ocorrem apenas em alto
permite que os resíduos se espalhem entre mar (plâncton azul) são
ecossistemas e continentes, facilitando a transportadas pelas
introdução de espécies exóticas, que não correntes oceânicas e, por
são nativas da região. vezes, são encontradas
nas praias, quando
eventos climáticos e
Os resíduos, ao servirem como substrato, correntesas levam até lá.
são colonizados por organismos diversos.
Isso pode facilitar o deslocamento dessas
espécies entre diferentes ambientes,
aumentando o risco de espécies nativas de
uma região serem introduzidas em outras, Além dos impactos
onde não pertenciam originalmente. ambientais, a MITIGAÇÃO
DE ESPÉCIES EXÓTICAS é
DISPENDIOSA, dificultando
A introdução de ORGANISMOS INVASORES ações locais de combate
TRANSPORTADOS POR PLÁSTICOS FLUTUANTES ao problema.
pode levar a DESEQUILÍBRIOS ECOLÓGICOS,
suprimindo espécies nativas. Isso também
inclui BACTÉRIAS PATOGÊNICAS que afetam
ecossistemas, pesca e saúde humana.
III. EMARANHAMENTO
DE ANIMAIS
Resíduos sólidos, especialmente artefatos
de pesca como linhas, redes e armadilhas, O emaranhamento limita o
frequentemente enredam organismos movimento dos animeias
marinhos, levando à sua morte. Esse marinhos e pode levar à
problema, conhecido como "PESCA morte por predação ou
FANTASMA", ocorre quando esses objetos inanição.
perdidos ou abandonados nos oceanos
continuam a capturar animais de forma
não intencional.
O emaranhamento
também pode levar ao
surgimento de infecções
pelos ferimentos que causa,
além de sufocamento e
Além dos artefatos de pesca, OUTROS afogamento, no caso de
RESÍDUOS como embalagens, elásticos e vertebrados pulmonados,
anéis de bebidas podem FERIR E como tartarugas, aves e
ESTRANGULAR ORGANISMOS MARINHOS. mamíferos
RISCOS POTENCIAIS
PARA A SAÚDE
HUMANA
DANOS FÍSICOS
1

3
PRODUTOS QUÍMICOS EM
PLÁSTICOS MARINHOS
1

3
POTENCIAIS efeitos na
saúde humana
A principal EXPOSIÇÃO humana AOS MICROPLÁSTICOS marinhos
1
ocorre ao ingerir peixes e mariscos contaminados, principalmente Os mecanismos pelos quais os
quando consumidos inteiros, incluindo órgãos como o intestino e o
fígado. COMUNIDADES COSTEIRAS REMOTAS E POVOS INDÍGENAS, microplásticos podem afetar a saúde
que dependem de mamíferos marinhos e peixes para alimentação, humana incluem a presença física, como
podem ser expostos a microplásticos e produtos químicos tóxicos abrasão e danos celulares, composição
lixiviados desses animais por meio da "destilação atmosférica", química de aditivos utilizados em sua
representando uma AMEAÇA POTENCIAL À SUA SEGURANÇA produção e produtos químicos
ALIMENTAR.
ambientais adsorvidos, bem como o
papel de vetores para bactérias
Além dos frutos do mar, a EXPOSIÇÃO A patogênicas e resistentes a
2
MICROPLÁSTICOS através dos alimentos abrange uma antimicrobianos. Também são relevantes
variedade de produtos, incluindo MEL (com quantidades mecanismos moleculares que envolvem
de 40-660 itens/kg), AÇÚCAR (com 32 ± 7 itens/kg) E ESTRESSE OXIDATIVO, INFLAMAÇÕES E
SAL DE COZINHA (com 7-681 itens/kg). Além disso, as DISTÚRBIOS METABÓLICOS (Landrigan e
pessoas também podem ser expostas a microplásticos outros 2020).
na ÁGUA POTÁVEL (com 118 ± 88 partículas/litro) e em
outros alimentos como pão, carne processada, laticínios e
legumes.
A exposição ocupacional a fibras
microplásticas, especialmente entre
trabalhadores da indústria têxtil e de
flocagem, foi associada a várias
condições de saúde, incluindo doença
pulmonar intersticial, cardíacas,
autoimunes e câncer de pulmão.
3 Uma GRANDE PARTE DOS MICROPLÁSTICOS NOS
Especialistas expressam preocupações
ALIMENTOS pode ser ORIGINÁRIA DE MATERIAIS DE
de que os efeitos das fibras
EMBALAGEM de plástico, como garrafas. Existe a
microplásticas na saúde humana possam
possibilidade de que a ingestão ou inalação de
ser semelhantes aos causados pela
microplásticos possa afetar a saúde humana por meio
exposição ao amianto.
de diversos mecanismos, alguns dos quais também se
aplicam aos plásticos marinhos.

A gestão inadequada de resíduos, incluindo a


coleta informal de lixo marinho nas praias e a
combustão descontrolada desses resíduos, pode
representar perigos para a saúde humana. A
QUEIMA A CÉU ABERTO PODE EXPOR AS PESSOAS
A VAPORES QUE CONTÊM MATERIAIS PERIGOSOS
E CANCERÍGENOS.
O estudo da ONU Meio Ambiente avaliou
os impactos econômicos dos resíduos
sólidos no ambiente marinho e
identificou custos associados tanto à

Impactos na inação, ou seja, não impedir que os


resíduos cheguem ao mar, quanto à
ação para evitar essa poluição.

Economia Essa abordagem é crucial para destacar


a importância das ações necessárias,
identificar instrumentos eficazes e
I. Turismo e lazer eficientes, alinhados com outras
políticas, e COMPREENDER OS VALORES
II. Pesca e maricultura PERDIDOS EM DIFERENTES
ATIVIDADES ECONÔMICAS DEVIDO À
III. Navegação POLUIÇÃO MARINHA POR RESÍDUOS
SÓLIDOS.
I. Turismo e lazer
Um estudo recente mostrou que mais
A presença de resíduos sólidos em de 85% DOS TURISTAS EVITARIAM
PRAIAS COM MUITOS RESÍDUOS,
paisagens naturais, como praias e
resultando em uma REDUÇÃO DE 39%
recifes de corais, prejudica o valor
NA RENDA LOCAL DO TURISMO,
estético desses locais, afetando o
representando perdas de até US$ 8,5
turismo e lazer. Atividades como
milhões por ano. As DESPESAS COM A
turismo embarcado, navegação LIMPEZA DE PRAIAS, principalmente
recreativa, pesca esportiva, mergulho durante os períodos de verão,
e cruzeiros são impactadas, inclusive representaram CERCA DE 6% DAS
com riscos à segurança. POTENCIAIS PERDAS ECONÔMICAS em
2015.
II. Pesca e maricultura

A presença de resíduos sólidos nas Outro impacto econômico é a correção


águas afeta a pesca de várias maneiras, do EMARANHAMENTO DE RESÍDUOS
causando perdas econômicas NOS MOTORES DAS EMBARCAÇÕES DE
significativas. Isso inclui a PESCA PESCA, resultando em custos elevados
FANTASMA, que capturam peixes de reparo e impedindo os pescadores
indiscriminadamente, prejudicando a de trabalhar. Além disso, A INGESTÃO
situação dos peixes e outros organismos DE RESÍDUOS POR PEIXES E FRUTOS
comerciais. Além disso, redes de pesca DO MAR PODE REDUZIR O VALOR DE
podem se EMARANHAR EM RECIFES DE MERCADO desses produtos, afetando o
CORAL, CAUSANDO DANOS setor pesqueiro e da maricultura.
AMBIENTAIS E ECONÔMICOS.
III. Navegação
A presença de resíduos nas águas impacta
não apenas a pesca, mas também outras
atividades de navegação. Isso inclui o Embora os impactos associados à
emaranhamento das hélices dos motores, presença de resíduos em regiões
colisões que podem causar danos à portuárias sejam frequentemente
estrutura do embarque e o entupimento de negligenciados devido à
tubulações. Esses impactos podem ocorrer complexidade logística e aos altos
em qualquer embarque e podem resultar custos de limpeza, é crucial destacar a
em PERDA DE PROPULSÃO, INCIDENTES importância da PREVENÇÃO PARA
DE NAVEGAÇÃO, AMEAÇAS À VIDA DOS EVITAR DANOS DEMORADOS E
TRIPULANTES E PREJUÍZOS DE MATERIAIS, ONEROSOS ÀS EMBARCAÇÕES.
incluindo o resgate da embarcação e
tripulação em casos fora de áreas
portuárias.
R E F E R Ê N C I A S

• 2014-Eriksen et al-Plastic Pollution in the World’s Oceans_ More than 5 Trillion Plastic Pieces
Weighing over 250,000 Tons Afloat at Sea

• 2016-LI, W.C. at al-Plasticwaste in themarine environment_ A reviewof sources, occurrence


and effects

• 2020-Turra et al-Lixo nos Mares_ do Entendimento à Solução

• 2021-UNEP- From Pollution to Solution. A global assessment of marine litter and plastic
pollution.

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