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Os ambientes coralíneos incluem diferentes formações, A elaboração do Plano de Ação Nacional para a
especialmente recifes biogênicos (consolidados de algas Conservação dos Ambientes Coralíneos – PAN Corais,
e/ ou corais), recifes de arenito e costões rochosos levou em consideração espécies incluídas nas listas
com presença de corais, encontrados desde áreas oficiais de espécies ameaçadas de extinção do Brasil
costeiras rasas até grandes profundidades. São vigentes atualmente ou quando da elaboração do
ecossistemas frágeis e complexos, que abrigam plano (Instrução Normativa MMA n° 5/2004, Instrução
a maior diversidade biológica marinha, incluindo Normativa MMA n° 52/2005 e Portaria MMA n° 445/2014).
muitas espécies endêmicas, que possuem diferentes Avaliou-se que um grande número dessas espécies
graus de associação entre si, mas que dependem pode ocorrer em ambientes coralíneos, ao longo de
do equilíbrio ecológico destes ambientes. No Brasil, todo o seu ciclo de vida ou pelo menos em parte dele,
ambientes coralíneos de águas rasas distribuem- neles obtendo proteção, alimentação, e/ou locais
se do Maranhão até Santa Catarina e incluem os para reprodução. Por exemplo, a maioria das espécies
únicos recifes de coral (estrutura biogênica) do bentônicas (aquelas que vivem associadas ao substrato)
oceano Atlântico Sul Ocidental. Existem ainda dos ambientes coralíneos permanece em sua fase
os ambientes coralíneos de águas profundas, adulta nesses ambientes, mas dispersam passivamente
relativamente pouco estudados no Brasil, mas que são pela corrente em sua fase larval, como o coral-vela
altamente sensíveis, com mais de 40 espécies de corais (Mussismilia harttii). Em outros casos existe uma preferência
pétreos, que abrigam uma infinidade de espécies de pelos ambientes coralíneos, como o tubarão-das-
peixes e invertebrados dependentes da integridade galápagos (Carcharhinus galapagensis), que geralmente
destas áreas. Em toda a distribuição dos ambientes se alimenta e reproduz em ambientes com fundo de
coralíneos podem ser observadas espécies incluídas coral ou pedra, mas pode cruzar longas distâncias
na lista de espécies ameaçadas, as quais vêm sofrendo em mar aberto.
fortes ameaças.
A Tabela 1 representa as espécies alvo do PAN Corais,
Tendo em vista as ameaças a que estão sujeitos os que são aquelas consideradas ameaçadas de extinção
ambientes coralíneos, o Instituto Chico Mendes de conforme a Portaria n° 445/2014, embora outras espécies
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria também sejam beneficiadas por este PAN. Entre elas,
com a organização Coral Vivo, estabeleceu, com cabe destacar principalmente 11 espécies avaliadas
base na Portaria MMA nº 43/2014, uma estratégia de como ameaçadas nas Instruções Normativas (lista oficial
conservação na forma de um pacto, o Plano de Ação anterior), dispostas na Tabela 2. Entretanto, é importante
Nacional para Conservação dos Ambientes Coralíneos ressaltar que o Plano apresentou uma abordagem
- PAN Corais, aprovado pela Portaria ICMBio nº 19/2016. ecossistêmica e, portanto, alterações na lista das espécies
foco não alteraram seu resultado.
Categoria
Grupo Taxonômico Nome Científico Nome Vulgar
de Ameaça
Chordata, Actinopterygii, Syngnathidae Hippocampus erectus Perry, 1810 cavalo-marinho VU
Hippocampus patagonicus Piacentino & cavalo-marinho VU
Luzzato, 2004
Hippocampus reidi Ginsburg, 1933 cavalo-marinho VU
Micrognathus erugatus Herald & Dawson, 1974 desconhecido CR
Chordata, Actinopterygii, Scorpaenidae Scorpaenodes insularis Eschmeyer, 1971 peixe-pedra-arco-iris VU
Chordata, Actinopterygii, Polyprionidae Polyprion americanus (Bloch & Schneider, 1801) cherne-poveiro CR
Choranthias salmopunctatus (Lubbock &
Chordata, Actinopterygii, Serranidae desconhecido VU
Edwards, 1981)
Chordata, Actinopterygii, Epinephelidae Epinephelus itajara (Lichtenstein, 1822) mero CR
Epinephelus marginatus (Lowe, 1834) garoupa-verdadeira VU
Epinephelus morio (Valenciennes, 1828) garoupa VU
Hyporthodus nigritus (Holbrook, 1855) cherne-negro EN
Hyporthodus niveatus (Valenciennes, 1828) cherne-verdadeiro VU
Mycteroperca bonaci (Poey, 1860) sirigado VU
Mycteroperca interstitialis (Poey, 1860) badejo-amarelo VU
Chordata, Actinopterygii, Lutjanidae Lutjanus cyanopterus (Cuvier, 1828) caranha VU
Lutjanus purpureus (Poey, 1876) pargo-verdadeiro VU
Prognathodes obliquus (Lubbock & Edwards, peixe-borboleta-de-são-
Chordata, Actinopterygii, Chaetodontidae VU
1980) pedro-e-são-paulo
Chordata, Actinopterygii, Pomacentridae Microspathodon chrysurus (Cuvier, 1830) donzela-azul VU
Stegastes rocasensis (Emery, 1972) donzela-de-rocas VU
Stegastes sanctipauli Lubbock & Edwards, donzela-de-são-pedro VU
1981
Stegastes trindadensis Gasparini, Moura & donzela-de-trindade VU
Sazima, 1999
Halichoeres rubrovirens Rocha, Pinheiro &
Chordata, Actinopterygii, Labridae budião-fogueira VU
Gasparini, 2010
Scarus trispinosus (Valenciennes, 1840) budião-azul EN
Scarus zelindae Moura, Figueiredo & peixe-papagaio-banana VU
Sazima, 2001
Sparisoma axillare (Steindachner, 1878) peixe-papagaio-cinza VU
Sparisoma frondosum (Agassiz, 1831) peixe-papagaio-cinza VU
Sparisoma rocha Pinheiro, Gasparini & budião-de-trindade VU
Sazima, 2010
Malacoctenus brunoi Guimarães, Nunan &
Chordata, Actinopterygii, Labrisomidae desconhecido VU
Gasparini, 2010
Elacatinus figaro Sazima, Moura e Rosa,
Chordata, Actinopterygii, Gobiidae neon VU
1996
Chordata, Actinopterygii, Microdesmidae Cerdale fasciata Dawson, 1974 peixe-lombriga-listrado EN
Carcharhinus galapagensis (Snodgrass &
Chordata, Elasmobranchii, Carcharhinidae tubarão-das-galápagos CR
Heller, 1905)
Carcharhinus perezi (Poey, 1876) tubarão-dos-recifes VU
Carcharhinus plumbeus (Nardo, 1827) tubarão-galhudo CR
Negaprion brevirostris (Poey, 1868) tubarão-limão VU
Chordata, Elasmobranchii, Ginglymostoma cirratum (Bonnaterre, 1788) tubarão-lixa VU
Ginglymostomatidae
Chordata, Elasmobranchii, Mobulidae Manta birostris (Walbaum, 1792) raia-manta VU
Mobula tarapacana (Philippi, 1892) raia-manta VU
Categoria
Grupo Taxonômico Nome Científico Nome Vulgar
de Ameaça
Halichondria (Halichondria) cebimarensis
Porifera, Demospongiae, Halichondriidae esponja VU
Carvalho & Hajdu, 2001
Halichondria (Halichondria) tenebrica esponja VU
Carvalho & Hajdu, 2001
Latrunculia (Biannulata) janeirensis
Porifera, Demospongiae, Latrunculiidae esponja VU
Cordonis, Moraes & Muricy, 2013
Cnidaria, Anthozoa, Actiniidae Condylactis gigantea (Weinland, 1860) anêmona-gigante EN
Cnidaria, Anthozoa, Mussidae Mussismilia braziliensis (Verrill, 1868) coral-cérebro-da-bahia VU
Mussismilia harttii (Verrill, 1868) coral-vela EN
Cnidaria, Hydrozoa, Milleporidae Millepora laboreli Amaral, 2008 desconhecido VU
Mollusca, Gastropoda, Strombidae Eustrombus goliath (Schroter, 1805) búzio-de-chapeu VU
Lobatus costatus (Gmelin, 1791) desconhecido VU
Petaloconchus myrakeenae Absalão & Rios,
Mollusca, Gastropoda, Vermetidae desconhecido CR
1987
Echinodermata, Asteroidea, Asteriidae Coscinasterias tenuispina (Lamarck, 1816) estrela-do-mar VU
Echinodermata, Asteroidea, Ophidiasteridae Linckia guildingi Gray, 1840 estrela-do-mar VU
Echinodermata, Asteroidea, Oreasteridae Oreaster reticulatus (Linnaeus, 1758) estrela-do-mar VU
Echinodermata, Echinoidea, Toxopneustidae Lytechinus variegatus (Lamarck, 1816) ouriço-lilás VU
Echinodermata, Holothuroidea, Synaptidae Synaptula secreta Ancona Lopez, 1957 pepino-do-mar CR
TABELA 2 – Espécies consideradas beneficiadas pelo Plano de Ação Nacional para Conservação dos Ambientes
Coralíneos - PAN Corais, as quais estavam avaliadas como ameaçadas na lista oficial anterior, a Instrução Normativa
MMA 5/2004. Em “Categoria de Ameaça” está indicada a classificação mais recente obtida nas oficinas de avaliação
do estado da conservação de espécies, que levaram à edição da Portaria MMA 445/2014. DD = Dados Insuficientes;
LC = Menos Preocupante; NT = Quase Ameaçada de Extinção.
Categoria
Grupo Taxonômico Nome Científico Nome Vulgar
de Ameaça
Cnidaria, Anthozoa, Gorgoniidae Phyllogorgia dilatata (Esper, 1806) orelha-de-elefante DD
Cnidaria, Hydrozoa, Milleporidae Millepora alcicornis Linnaeus, 1758 coral-de-fogo LC
Annelida, Polychaeta, Amphinomidae Eurythoe complanata (Pallas, 1766) verme-de-fogo LC
Echinodermata, Asteroidea, Asterinidae Asterina stellifera (Möbius, 1859) estrela-do-mar LC
Echinodermata, Asteroidea, Echinasteridae Echinaster (Othilia) brasiliensis estrela-do-mar LC
Echinaster (Othilia) brasiliensis Müller & Troschel, 1842 estrela-do-mar LC
Echinaster (Othilia) echinophorus (Lamarck, 1816) estrela-do-mar LC
Echinaster (Othilia) guyanensis Clark, 1987 estrela-do-mar LC
Echinodermata, Echinoidea, Cidaridae Eucidaris tribuloides (Lamarck, 1816) ouriço-satélite LC
Echinodermata, Echinoidea, Echinidae Paracentrotus gaimardi (Blainville, 1825) ouriço-do-mar LC
Echinodermata, Holothuroidea, Stichopodidae Isostichopus badionotus (Selenka, 1867) pepino-do-mar DD
Chordata, Actinopterygii, Grammatidae Gramma brasiliensis Perry, 1810 grama NT
Fotografias: Áthila Bertoncini
TABELA 3 – Áreas foco do PAN Corais. MAPA – Áreas foco do PAN Corais.
UF = unidade da federação.
AP 3
Número Descrição da Área Foco UF 1
1 Parcéis do Manuel Luís, Álvaro e Tarol MA
3
2 Urcas e Banco João da Cunha CE-RN
2 3
APA Fernando de Noronha - Rocas - CE, RN, PE
MA
3 PA PI
CE 4
RN
RN
Rio do Fogo, Cioba, Maracajaú até a
4 RN PI
ponta Pirangi do Sul PB PB
5 APA Costa dos Corais PE-AL
PE
PE
AL 5
Norte da REBIO Santa Isabel até ao sul TO AL
6 AL-SE SE
6 6
SE
da APA Piaçabuçú
0
85
00
11
MT
4500
00
47
45
50
55
5000
25
4500
00
4750
BA
0
5500
95
4500
3500 40 45
00 00
4000
4500
375040 00
7 BA
47 40
00 40 50
75
00 3500 4250
42
2500
3250
4250
5000
00
40
50
15
4750
DF
4000 0 1800 0
7
3000
42
4000
0 1800 40
30 00
4000 50
52
5000
32
42
3000
4250
55
50
2000
50
50
3000
00
00 27
00
47 50
1000
20
2500
4500
42
32 50
50
47
4500
30
3500 5000
4500 40
8 BA
4750
4250
00
3250
100
3250
30 4750 3750
50
45
RESEX do Corumbau
00 3
700
00
00
25 5250 5000
42 0
50 5250
4000
50
GO
5250
00
4000
45
8
52
500
50
10
00
3000
30
13
00
1200
00 00
18 250
2750
25 2250
1900 50 50
60
22
47
MG
0
Cadeia Vitória-Trindade e
50
9
3250
00
300
30
35
00
00
75
15
00
17
25
Charlotte e Abrolhos MS
ES
5250
1900
5500
50
20
85
0 30 5000 5000
75
0
0
700
400
14 5000
00 550
1300
00
18
1800
5000
17
00
11
550
4500
90 00
750
1500
10
35 22
50 25
250
0
1700 1800 500
19
1900
400
00
RJ
20
3500 50
50
50 40
50
42
00
00
850 2000 47 00
150
37
27
40
4000
40
32
00 750
50
0
50
4000 25
50
00
4500
SP
22
00
37
35
4250
12
2750
12 RJ
5250
3000
1600
5750
14 13
500
0
170
0
140
450 0
400
180
550 5500
15
25 50 75
PR
100 250
100
75
100
200
5250
75
200
150
150
350
17
150 300
600
650 800
1500 300
700
1000
950
900 1300
1200 1500 2000
1900
1900
2000
3500
2000
850
150
750
14
75
400
1500
2500
3000
14 RJ SC
225 0
350
1400
0
2750
0 120
00
225
2750
350
0
15
110
15
2500
3750
0
100
4000
Mamanguá
0 0 1900 200 3250
4250
3750
80 3000 3500
140 1900 2750 3250 3500
2750
2000
0
00 0 425
20 400
0
0 2250 0
75
15 375
3250
2750
75 3000 00
16
00 30
25 4250 3750
3250 00 3000 2250
Legenda
30
22
3500
17
50
3000
600
SC 300 4500
0
50
3000
50
27
27
450 350
3500
3000 4250
0
375
375
0
Áreas foco
0
40 425
2250
4000
00
0
00
450
190
40 00 0
35 0 00
00
18
RS
250
15
18
750
3500
200
00
0
0
85
2000
325
325
1500
0
13
16 SC
0
00
37 3500 150
700
1000
1000
50
0
190
10
0 0 1600
15
00
Florianópolis
16
400 225
4250
00
650 30 0
00 2750
40
0 3500
50 375
RS 0 95 0 50
Quebra da plataforma
85 37 3500 37
3750
4000
50
32
0 900
130
00
40
(Áreas: 2 e da 4 à 9)
25
3500
170
550
17 diversas
4250
150 00
1400 20
00 0
25
1500m)
350
0
325 4500 4750
0
400
O branqueamento de corais está associado a Polvejadores sobre recife de coral. Turismo em ambientes recifais.
estresses sobre estes animais, seja climáticos
ou, até mesmo, devido a doenças.
VISÃO DE FUTURO
Comunidades e ecossistemas coralíneos conservados, recuperados e conhecidos em termos de distribuição
e funcionamento, por meio da construção e implementação participativa de diretrizes para sua preservação
e uso sustentável pelos atores das esferas governamentais e da sociedade civil, em especial dos usuários
e beneficiários dos serviços ambientais correspondentes.
GOVERNAMENTAIS
UNIVERSIDADES
ONGS
EMPRESAS
PETROBRAS - TRAMITTY
APOIO
REALIZAÇÃO