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Terça-Feira, 23 de Junho de 2020, 09h:07 

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PERSPECTIVA

Uma incerteza sobre os tempos líquidos


Fernanda Trindade
A velocidade do tempo, de uns anos para cá, anda me intrigando. Essas constantes mudanças das coisas e o
sentimento de que o tempo está passando rápido demais, sempre me fizeram refletir em como as coisas são
incertas e imprecisas. Parece que nada é feito para durar e que tudo é líquido. Hoje, tenho a impressão de que
24 horas passam num “piscar de olhos” e os anos avançam cada vez com mais velocidade.
 
É engraçado, como tudo muda muito rápido. E esse tema é realmente uma coisa que busco entender melhor.
Será que isso também intriga outras pessoas ou sou a única? Foi a partir daí que conheci Zygmunt Bauman, um
polonês que morreu em 2017, aos 91 anos e escreveu mais de 50 livros. Um sociólogo que definiu o termo
‘Modernidade líquida’ e assim, compreendi o momento da história em que vivemos.
 
E olha que interessante, Bauman diz justamente que os tempos são líquidos, porque tudo muda rapidamente.
Nada é feito para durar, para ser sólido. “Escolhi chamar de modernidade líquida a crescente convicção de que a
mudança é a única coisa permanente e a incerteza, a única certeza”, afirma esse autor em uma de suas
palestras.
 
Nessa perspectiva, levando em consideração tudo que li sobre a modernidade líquida, é impressionante afirmar
que o mundo atual nasce com um enorme impulso de transgredir, de substituir, de acelerar, de evoluir ou mudar.
Não podemos ficar parados, essa é a regra. As decisões precisam ser tomadas para ontem. Esse é o ritmo.
 
Não estou criticando tudo isso, porque de certa forma esse ritmo trouxe a chamada evolução, temos mais
tecnologias, pesquisas, produtos e olhando pelo lado do bem, isso é sim, muito positivo. Mas, tudo acontece tão
rápido que quando paramos por alguns segundos, nos sentimos mal.  E principalmente nesta época de
pandemia, muitas pessoas estão passando por esse sentimento de não saber o que fazer com esse tempo livre.
Desacelerar parece difícil para esta geração.
 
A impressão é que não podemos parar e olhar uma paisagem. Já pensou que guardamos poucas coisas em
nossa memória fotográfica? Me responda rapidamente: qual roupa usou ontem e o que comeu no almoço? Foi
fácil obter essa resposta? Para muitas pessoas não é.
 
Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima de um muro
De hipocrisia que insiste em me rodear

Eu vejo a vida mais clara e farta


Repleta de toda satisfação
Que se tem direito do firmamento ao chão

Eu quero crer no amor numa boa


Que isso valha pra qualquer pessoa
Que realizar a força que tem uma paixão

Eu vejo um novo começo de era


De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade pra dizer mais sim que não

Hoje o tempo voa, amor


Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir

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