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Tudo que precisas saber sobre eventos e factos das efemérides Tocoístas
CET - Centro de Estudos Tocoísta
ACONTECIMENTO DE RELEVÂNCIA
TOCOÍSTA N° 03 DO ANO 70
(e-mail: cetoco2020@gmail.com)
Estamos diante de um assunto muito delicado, extremamente sensível, silenciado e de difíceis pre-
cedentes e contornos. Infelizmente, passados estes 33 anos, a Igreja até aqui ainda não se pronun-
ciou sobre o sucedido, o que é compreensível, dada a complexidade do assunto, e também devido a
sua componente “espiritual e doutrinária”, isto é, as fontes públicas de que dispomos e muitas
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delas difundidas através das redes sociais, referem-se de que estamos em presença do cumprimento
de uma profecia de Simão Gonçalves Toco (Epistola dos Açores), bem como dos oráculos apoca-
lípticos de Apocalipse 6:9. Eis a transcrição fiel de algumas evidências sobre o 15 de Fevereiro
segundo as fontes utilizadas:
Sábado, 14 de Fevereiro de 1987, a alegria dos fiéis era cada vez maior, que transbordava
nos seus rostos. Todos os presentes tratavam da beleza física e espiritual, pois dentre muitos
aspectos, viam-se os cortes de cabelo, a preparação das roupas, calçados e outros, prevendo a
participação no culto do dia seguinte (domingo), nos blocos, como era de hábito… Para
espanto dos presentes, por volta das 02h30 da madrugada do dia 15 de Fevereiro, a Sede
Administrativa da Igreja estava totalmente cercada por militares pertencentes à uma das uni-
dades de elite das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA). Permane-
cemos sob suspenso nos momentos seguintes, até por volta das 06h00, altura em que se deci-
diu abrir as portas e o portão da Sede, prevendo possíveis contactos dos militares. Estes nada
fizeram, muito menos dirigiram-nos uma única palavra que fosse… O tempo foi passando, até
que os Responsáveis da Igreja interpretaram que a atitude dos militares não era mais, senão
uma manobra da Cúpula que visava reter a Igreja na sua Sede Administrativa, enquanto ela
aproveitaria a ocasião para se apoderar do nosso local dos cultos, nos prédios do Bairro
Indígena, uma vez que esta era uma das suas intenções. Por volta das 07h00 da manhã, aten-
dendo que os militares nada diziam, a Igreja entendeu dar os lºs passos em direcção aos blo-
cos (local dos cultos), levando consigo alguns bancos corridos, cadeiras e outros materiais
utilizados nos cultos. Assim foi feito. Saindo em fila, com os Responsáveis da Igreja à frente…,
enquanto os outros fiéis aguardavam no portão que se situava na outra rua, onde fica situada
a casa do falecido Pastor Costa Ramos Baptista, que os integrantes da fila dos Responsáveis,
fizessem o contorno da rua, para que em conjunto caminhassem para o local dos cultos.
Estes caminharam aproximadamente 10 metros, desde a porta de acesso à rua até atingir a
esquina da outra rua, altura em que finalmente, os militares entenderam dirigir as primeiras e
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únicas palavras à Igreja, dizendo: ‘NÃO SAIAM, VOLTEM PARA O LOCAL ONDE
ESTAVAM’. A Igreja na voz do falecido Profeta N’Dinga, respondeu que ‘NÓS VAMOS AO
LOCAL DOS CULTOS’. Estes disseram ‘NÃO, VOCÊS NÃO PODEM SAIR’. Mas, a Igreja
entendeu que se tratava de manobras da Cúpula, conforme atrás narrado. Bastou os Respon-
sáveis da Igreja marcarem os primeiros passos subsequentes à conversa, o Responsável pelos
militares, que por sinal estava trajado à civil, puxou da cintura a sua pistola e deu um tiro ao
ar, em sinal de autorização para o massacre. Foi exactamente assim que tudo começou. Os
militares abriram fogo contra os Tocoístas, um povo indefeso, desarmado, que somente tinha
como objectivo, trabalhos espirituais que muito contribuíram para a estabilidade desta Nação
de Deus… O tiroteio durou aproximadamente 3 à 5 minutos. Após isso, sim, lembro-me perfei-
tamente que, depois de termos corrido uma certa distância, entendemos regressar para o inte-
rior da Sede Administrativa. Foi neste trajecto que comecei a ver alguns irmãos e irmãs caí-
dos ao chão, ao longo da estrada, dentre mortos e feridos que tinham sido atingidos pelas
balas assassinas, disparadas pelos militares do regime vigente na altura… Por volta das
15/16 horas, os militares começaram a separar os Tocoístas restantes no local, entre homens,
mulheres, jovens masculinos e femininas. Aos Homens, mulheres e jovens masculinos, fomos
levados para a cadeia da ex-Segurança do Estado, DNOI, na estrada de Catete, defronte ao
Cemitério da Santana, onde funciona actualmente o Comando Provincial da Policia de Luan-
da. Os detidos, éramos em número, mais de 250 fiéis… Fizeram do caso, um processo media-
tizado através dos Órgãos de Comunicação Social, engendraram uma série de factos descabi-
dos e caluniosos, para justificar a continuidade na prisão dos Responsáveis da Igreja. Assim,
foram julgados e condenados em nome da Igreja, os seguintes Responsáveis…”. In: Domin-
gos Cangolo (2019, págs 45-66).
ANTÓNIO PAULO DE SÁ: “Os grandes Responsáveis das 18 Classes e 16 Tribos que
enfrentaram a perseguição da Igreja nos anos 80, pois, embora alguns já não se encontram
no nosso seio. Aqui estão: 1. José Canhanga, 2. João Pedro Alfredo, 3. Mateus Rogeiro, 4.
José António Vitorino, 5. Rui Mário Sachivama, 6. João Simão, 7. António Adão Tomé, 8.
António Monteiro, 9. Ernesto Dias Messo, 10. João Fernandes;
ANASTACIO SILVA: “A história deve ser clara, não devemos omitir a verdade…”;
ANTÓNIO PAULO DE SÁ: “Eu não concordo com as tuas palavras mano Adão. O que
ocorreu no domingos João, foi acção do Espírito Santo. O 15 já estava para acontecer.
Todos do CO sabiam que este dia chegaria. Os irmãos de Catete não se envaideceram em
nada. Apenas iam a Catete anunciar o ressurgimento de Simão Toko, como Cristo nos
traços negro. O Governo Angolano ouviu a nossa pregação. Os Cúpulas se sentiram irri-
tados e foram queixar as autoridades que a Igreja queria atacar a Segurança de Estado.
O Estado é quem nos atacou. A Igreja ou a Tribo de Catete nunca abusaram o Estado
Angolano. O 15 ACONTECEU PORQUE TINHA QUE ACONTECER PARA DESCER
A IGREJA E OS DE CATETE SABIAM MUITO BEM QUE HAVERIA DERRAMA-
MENTO DE SANGUE. Eu sempre vou defender a Igreja em abono da verdade, o Geral
Adão, se sabes da Epistola de (19)74 dos Açores para Luanda do tio Simão para a Igreja.
Ele disse que “os medrosos que há na Igreja para desistirem da Igreja”. Porque haverá
Tokoístas que têm que morrer para cumprimento de uma missão. Eu sempre respeitei os
irmãos que morreram no 15. E sei que suas mortes não foram em vão, porque é através
deles que ate hoje vestimos o branco, e bem sabemos que o Apocalipse 6:9, é uma visão de
Jesus Cristo para o Tokoísmo. O governo Angolano é quem não respeita os Tokoístas,
assim como fizeram no velho Simão”;
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ANTÓNIO PAULO DE SÁ: “Irmão Adão Felussupa, eu irei postar esta epístola não hoje
talvez amanha irei postar, porque há epistola ainda esta dactilografada tenho que trans-
crever, mais me diz ainda os nomes destes Responsáveis que abusavam o Estado Angolano,
porque eu desconheço esta parte. Sim respeitar a bandeira nacional se encontra ate hoje
nos 8 preceitos da Igreja”;
ANTONIO PAULO DE SÁ: “Ok, esta bem irmão Adão, mais se aqueles irmãos defronta-
ram os Policias é porque o estado já tivera irritado os Tokoístas, porque bem eu sei que os
Tokoístas nada faziam nada sem Antes serem abusados por alguém, porque nos cultos do
bairro indigna deitavam aguas nos Tokoísta”.
ADÃO FELUSSUPA: “Afinal quem é o nosso guia? Quantas vezes Simão Toco foi maltra-
tado e injuriado, quantas vezes Ele retribuiu? Sempre agradeceu muito obrigado.
É perigo quando a carne intervém nas questões do Espírito. ATENÇÃO TRIBO DE CATE-
TE! A mesma arrogância e brutalidade desses Responsáveis continuam até o momento. Fui
lá num domingo e vi, assim como outros irmãos que já foram para lá puderam confirmar.
Só espero que a Juventude não herde este fel amargo”;
ANTONIO PAULO DE SÁ: “Se naquela época houve esta situação, eu vou investigar ao
fundo para poder defender a tua palavra acerca dos irmãos da tribo de Catete, eu sou De
Catete e isso nunca encontrei na historia da tribo sobre responsáveis que abusaram o esta-
do, eu vou investigar se for verdade falaremos deste assunto, juntos mais se não for não
haverá conversa”;
ANTONIO PAULO DE SÁ: “A Igreja no ano passado já tivera feito uma palestra que tra-
tava as géneses deste acontecimentos. O 15 para nos significa muita coisa no âmbito espi-
ritual no seio da 18 Classes e 16 Tribos, pois, embora alguns alegam esquecer o que os
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irmãos da Cúpula armaram para nós, esta matança jamais iremos de esquecer as mortes
dos nossos 43 irmãos. Irmão Moreira, a Juventude Dos 12 Mais Velho têm toda a razão de
não aparecerem neste encontro. Vocês Cúpulas ainda terão muito que pagar pelo que fize-
ram com os outros Tocoístas, não pensem que o tempo falara mais alto em afogar os nos-
sos sentimentos por vós, mesmo que morrermos, se levantarão mais um milhão igual a nós,
a vossa destruição é chegada”;
ADÃO FELUSSUPA: “Pelos frutos conhecereis a árvore. Não dê coconotes a quem não
tem dentes. Não podes expor que o Espírito mandou cortar relação. Como um ateu vai
encarar isso, ainda que tenha dito? (MBUMBA). E será que vós tendes mesmo cumprido?
Os responsáveis têm mais prontidão para censuras e julgamentos sumários. Mas por trás
falam com familiares e colegas Cúpulas. E quando nos óbitos é um autêntico teatro, Epa
não podemos falar, entendes né? Depois falamos em off. é tudo hipocrisia”;
ANTONIO MOREIRA: “A cúpula já não existe, não sei à quem vão se vingar”;
ANTONIO PAULO DE SÁ: “Irmão Adão, enquanto existir o Grupo do Nunes, existirá a
Cúpula, porque este ciclo malicioso ainda corre no meio deles. Eu realmente quero meter
um ponto final nesta conversa, visto que já debatemos muito, e logo entendi que do meu
lado e o teu não haverá mudança ideológica porque estamos cada um preso em seus
ideais. Portanto, as palavras aqui ditas ficarão gravadas, relembraremos quando vermos
os nossos nomes, ou até quando um dia tivermos uma discussão do género, vamos termi-
nar por aqui e seguir nossos caminhos. Saberemos no cruzamento da vida se quem hoje
falou a verdade. PAZ & AMOR. O Ateu jamais perceberá a palavra de Cristo, do que
adianta esconder-lhe esta orientação, se o próprio Cristo disse que eles serão separados
como a palha de trigo. Não sinto prazer algum em esconder a verdade aos ateu, eles
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devem saber a verdade, para amanha não dizerem, não ouvimos, mesmo que os fira, terei
de fazer porque o Atalaia diz aquilo que Deus o mandar dizer. Paz & AMOR”;
ADÃO FELUSSUPA: “Não tas a ver o lado Espiritual. A bíblia diz que nem todo o que
mestre fez foi escrito. Ele curava, depois pedia segredo. O Sr Pastor pensa que sabe tudo
que Toco fez? Há coisas que nós desconhecemos e outra ainda nos é revelada para o con-
solador. Tas a dar me a entender que os Atalaias mandaram dizer, por isso falaste. Pois,
eu me recuso em admitir que foi assim. (MBUMBA). Pois n estariam a fazer nada, quando
até um visitante q vai cultuar é proibido a gravar, fotografar e filmar”.
Essa foi a conta apresentada pela Cúpula. Logo, houve um roubo da parte da Cúpula.
Nenhuma das despesas apresentadas condiz a verdade. O valor total contabilizado é de
Quatro milhões e meio de Kwanza, sobrando apenas na caixa (550kz). Com isto no dia
9/09/83 entrou em vigor o funcionamento da DIRECÇÃO DE DONATIVOS, cujos elemen-
tos são: 1. António Gonçalves; 2. Domingos Manuel e 3. David Luís da Silva.
Essa Direcção foi criada para tomar conta das novas contribuições. Quantos aos Irmãos
da Cúpula, foram propostos a expulsão da Igreja por desvio do dinheiro, a saber: 1. Panzo
Firmon; 2. Lopes Martins Panzo; 3. Samuel Mambo Domingos e 4. Dombaxe Malungo.
O veredicto final ficou para 08/01/1984, uma reunião com o Dirigente para informar do
sucedido. Já não chegou-se a reunir, porque nesta data o Dirigente morre. Essas foram as
conclusões da Reunião de 21/12/1983 para um novo organograma de Responsáveis”.
Ali foi caminhando os trabalhos dos Tocoístas, que no entanto, orienta-se uma outra via-
gem nas terras de Domingos João, mas o Senhor orienta que fossem primeiro os Jogado-
res e o C.O. (Corpo de Oração). No dia 7 avançaram esta Comissão e no dia 8 de Novem-
bro (1986) preparavam-se os Rapazes para jogar a bola, no Campo de Domingos João. O
jogo deu-se inicio as 15 horas e já estavam a ganhar 3-0. Quando eram 15h:30min, chegou
um caminho de cor amarela vindo da Açucareira de Bom Jesus cheio de Militares armados
e cercam logo de primeira o campo, manipularam as pistolas. Os jovens param de jogar
para os observar, depois decidiram que tinham que dar continuidade do jogo. Quando o
árbitro deu o apito para dar continuidade do jogo, os Militares começaram a disparar con-
tra os Tocoístas que estavam no campo. Mas é com rajada de tiros e as meninas que apre-
ciavam o Jogo foram no campo levantar os Irmãos que caiam no Campo. Vou citar os
nomes de alguns elementos que viveram esta acção, uns vivem ainda até hoje e outros estão
mortos: Estela Calunga, Maria Seguenle, Madalena Domingos, António Paulo Basílio,
António Armando da Cunha, António Adão correia, João Pedro Alfredo, Jaime Macha-
do, Manuel Gonçalves, Esperança Gonçalves, Mana Cecília, e tantos outros.
Bem, os disparos foram ocorrendo e o Espírito reveste os irmãos caídos no campo e come-
çam agora a receber as armas nos militares com bofetadas e pontapé. homens armados
das unhas até os dentes foram desarmados como se fosse brincadeira e eram amarrados.
Assim que eram recebidos as armas, alguns tentaram fugir nas matas, mas foram buscados
em fracção de segundo pelos Corpos Vates e ficaram amarrados todos eles em um pau. E
no fim de tudo, pediam desculpas e perdão, e diziam de que quem lhes deu dinheiro era O
DOMINGOS BARROS E O ADÃO MIÚDO. Os contactos foram feitos e apareceu um
BLINDADO depois de serem amarrados os militares. Este Blindado se dirigiu ao campo
para bombardear os Tocoístas, mas o Espírito no Corpo do Joaquim Dias deu uma bofe-
tada no cano do Blindado, e o cano entortou e já não teve efeito para atacar contra os
Tocoístas. Os homens meteram-se a correr e também foram amarrados. Foi então assim
que mais tarde chegou … o General Zé-Maria a mando do PR, para constatar o que se
passava no local. E quando chegou, encontrou os militares já tinham sido levados, e ape-
nas as armas e as granadas, sabres haviam ficado no local e a IGREJA entregou tudo a
ele. No dia de regresso à Luanda, fomos cercados outra vez na Vila de Catete, meteram
todos em fileira e os Militares manipularam as armas e sou uma Voz do Senhor 1ª Pastor
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dizendo “NINGUÉM TEME E VAMOS ENTREGAR OS NOSSOS CORAÇÕES A
DEUS”.
Foi assim que naquele local tombaram dois de nossos Irmãos e uma bala que rasou no pé
do Nosso Irmão Chico Paz. Mas os outros sobreviveram aos tiros. Em alguns corpos, a
bala fazia ricochete e não penetrava. Depois de terminarem as suas munições, os militares
retiram-se e reagrupamo-nos para regressarmos a Luanda. Chegando em Luanda, alguns
foram presos na Segurança do Estado. No dia 25 de Dezembro de 1986, o João Francisco
na Mesa declara …: “SE ATÉ AS 12 HORAS NÃO LIBERTAREM OS NOSSOS
IRMÃOS NA CADEIA, VAI DESCER UM LEGIÃO DE ANJOS EM ANGOLA”. Esta
palavra deixou-lhes com medo e irritou os nossos inimigos. Foi então assim que foram
libertados. Até ali a IGREJA não gozou de paz. Éramos sempre perseguidos e controlado
os nossos passos, até que chegou-se a data do 15 de Fevereiro de 1987, onde houve o
número de 40 Irmãos mortos pelos Militares de Angola”.
“Os incidentes ocorridos no passado dia quinze do corrente mês, provocados pelo grupo
‘18 Classes e 16 Tribos’ da denominada seita Tocoísta, foi tema de uma palestra realizada
quarta-feira última, em Luanda, sob a presidência do Secretário do Comité Central 'para
os Órgãos Estatais e Judiciais, Julião Mateus Paulo “Dino Matross”, membro do Bureau
Político do Comité Central do Partido. Dino Matross, ao dirigir-se aos presentes, realçou
que o referido grupo, baseando-se no tribalismo e aproveitando-se da alienação entre
alguns crentes, UTILIZARAM OS LUGARES DE CULTO PARA FAZER UM ENFREN-
TAMENTO POLÍTICO CONTRA O PODER ESTABELECIDO NA REPÚBLICA POPU-
LAR DE ANGOLA. Com esta acção, acrescentou Dino Matross, o grupo perdeu todo o
direito e credibilidade como seita religiosa e PASSARAM A SER CRIMINOSOS DE DELI-
TO COMUM. Dino Matross, igualmente Primeiro Secretário do Comité Provincial de
Luanda do Partido, indicou ainda que o MPLA-Partido do Trabalho luta pela preservação
da unidade nacional para a construção de uma nova sociedade sem exploração do homem
pelo homem, tarefa em que deverão participar crentes e não crentes, bem como todo o povo
angolano. Contudo, a desestabilização da ordem pública constitui desafio as autoridades e
por outro lado, o Estado não tolera que a coberto da religião certos elementos contribuam
para este mal. Nesta base, Dino Matross exortou os membros do Partido, das organizações
de massas e sociais e do povo em geral a denunciarem todas as acções anti-revolucionárias
no sentido de eliminar todas as tentativas movidas contra o povo angolano, para a garantia
do reforço da unidade nacional, paz, progresso e bem-estar social. No decorrer da assem-
bleia, foram igualmente apresentadas seis armas do tipo “AK”, diversos sabres e equipa-
mento destinado ao assalto as instalações onde se encontravam alguns elementos do gru-
po Tocoístas detidos por praticarem acções provocatórias a estabilidade nacional”.
Estas narrativas cheias de comoção, reflectem a realidade dos factos e acabam remetendo-nos ao
âmago dos problemas da Igreja, mal resolvidos de Agosto à Dezembro de 1983 e levantadas em
torno da danosa gestão administrativa da Igreja pela Cúpula de Anciãos e Conselheiros da
Direcção Central no período de 1976-1984, onde o foco das discussões foi o problema do des-
caminho de dez milhões e quinhentos mil Kuanzas (Kz 10.500.000.00) contribuídos pela Igreja
em 1981-1982, sendo Kz 6.000.000.00 destinados para a viagem que o Dirigente efectuaria à Nta-
ya-Makela do Zombo e Kz 4.500.000.00 destinados para a compra dos instrumentos musicais. E à
21.12.1983, decidiu-se pela destituição do aparelho administrativo da Igreja detida pela Cúpula,
por terem gasto indevidamente o dinheiro da Igreja e sem qualquer justificação, gerando-se nesta
altura uma frenética LUTA PELA LIDERANÇA DA INSJCM, destacando-se aí a existência de
três tendências no Tocoísmo: A CUPULA, os 12 MAIS VELHOS e as 18 CLASSES e 16
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TRIBOS. Baseando-nos nas fontes aqui utilizadas, de forma resumida as mesmas descrevem os
seguintes factos:
Os factos acima descritos, e com base na literatura Tocoísta e no Jornal de Angola de 27.02.1987,
somos compelidos aos seguintes antecedentes históricos destes acontecimentos:
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d. A proposta de destituição da Cúpula da Administração da Igreja e a expulsão da Igreja dos
seus responsáveis, sentenças que seriam efectivadas a 08 de Janeiro de 1984, no encontro que
teria lugar com o Dirigente Simão Gonçalves Toco, mas este faleceu no 01.01.1984;
e. A morte e enterro de Simão Gonçalves Toco no Ntaya aos 10.01.1984;
f. O anúncio por parte do Ancião Mateus Rogeiro (Mensageiro) sobre a ressurreição de
Simão Gonçalves Toco aos 26.01.1985, um ano depois da sua morte;
g. O protagonismo evidenciado pelos Anciãos da Tribo de Catete junto da Direcção da Igreja
no processo de anunciação da ressurreição de Simão Gonçalves Toco aos 26.01.1985 e
durante viagens realizadas nas localidades situadas margens do rio Kaunza;
h. A retirada dos irmãos dos 12 Mais Velhos em 1986 das reuniões que se realizavam na Sede
Administrativa (recinto da Tribo de Malange);
i. A divisão oficial dos Tocoístas declarada pela Cúpula de Anciãos e Conselheiros da Direcção
Central à 22.04.1984, após ter cumprido unilateralmente os 90 dias de pesar sobre a morte do
Dirigente Simão Gonçalves Toco, passando a cultuar na Rua da Cela no Bairro Indígena;
j. Os conflitos de liderança ocorridos neste período na INSJCM diante de três grupos com dife-
rentes perspectivas Tocoístas: 12 Mais Velhos (23.11.1949), Cúpula de Anciãos e Conselhei-
ros (31.10.1977), e 18 Classes e 16 Tribos (1976-1984);
k. O ESPIRITO e o ATALAIA (Mensageiro Mateus Rogeiro) que passaram a orientar todas as
acções executadas pela Igreja;
l. As constantes viagens de evangelização nas localidades situadas nas margens do rio Kuanza,
ou seja, na região de Catete, a partir de Setembro de 1986;
m. A existência de um Corpo de Oração (CO) constituído por 24 rapazes e 24 meninas, com
missões e funções específicas;
n. As ocorrências registados com os Militares em Catete e Calomboloca no dia 04.10.1986, em
Domingos João no dia 08.11.1986 e na Rua do Buku Zau no dia 25.12.1986 e que resultaram
em: neutralização das acções dos militares, com o seu desarmamento e retenção por parte dos
fiéis (Vates), e como resposta do Governo, a detenções de alguns Responsáveis;
o. Os membros da INSJCM das 18 Classes e 16 Tribos passaram acusar a Cúpula, como sendo
a mentora das situações ocorridas com os militares de 04 de Outubro de 1986 à 15 de Feve-
reiro de 1987, face aos ciúmes e desentendimentos registados quanto ao processo de condu-
ção da INSJCM após a morte e enterro de Simão Toco;
p. As comoventes partidas de futebol em Calomboloca e no Domingos João assistidas pelos
membros do Corpo de Oração e pelos Jovens;
q. As várias centenas de militares Tocoístas exibidos na Vila Catete pelo Mensageiro Mateus
Rogeiro, no culto de 04 de Outubro de 1986, e fazendo fé nas fontes desta informação, facto
que espantou e pôs de sobreaviso as autoridades militares do Governo;
r. A existência naquele momento de um outro conflito da mesma natureza e proporção no Nta-
ya entre os Tocoístas auto-denominados de “Esi Ntaya” e os Tocoístas denominados de
“Esi-Colonato” em torno do tumulo e da liderança do legado deixado por Simão Gonçalves
Toco, um processo em que a literatura Tocoísta revela haver igualmente o envolvimento
directo da Cúpula de Anciãos e Conselheiros da Direcção Central;
s. Os inúmeros atropelos no exercício do vaticínio na INSJCM, particularmente nas acções pro-
tagonizadas junto da Juventude Tocoístas em Luanda, por parte do Profeta Abraão (António
Zaza) e JC - Jesus Cristo (José Canhanga), isto, depois do regresso do Dirigente dos Aço-
res/Portugal e que mais tarde mereceram a repreensão e alerta de Simão Gonçalves Toco;
t. O processo de rotinização do carisma profético de Simão Gonçalves Toco pelos Tocoís-
tas, antes e depois da sua morte.
O 15 de Fevereiro de 1987 tem a obrigação de ser para os Tocoístas, um verdadeiro dia de reflexão
de todos, por ser um acontecimento muito triste, mas que reflecte um conjunto de realidades intrín-
secas dos Tocoístas, muito em particular a forma como cada Comunidade Tocoísta assimilou o
Evangelho de Cristo que vem sendo anunciado desde 1949, e por outro lado, os fins que cada
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Comunidade ou Grupo Tocoísta persegue com a INSJCM e o Tocoísmo. Ou seja, qual tem sido a
finalidade do Tocoísmo para cada Comunidade ou Grupo Tocoísta?
Os factos aqui expostos, incluindo os descritos nos Jornais de Angola (versão dos factos na pers-
pectiva do Governo), levavam-nos a concluir que os múltiplos acontecimentos do 15 de Feverei-
ro de 1987 se confinam no conflito Tocoísta pela liderança da INSJCM, e para caso da Cupula
e das 18 Classes e 16 Tribos, recorreu-se ao “Espírito” e a “exibição da força” (particularmente
diante dos militares do governo em Catete e Domingos João), em detrimento do dialogo e da acção
meramente religiosa e espiritual (oração), um agir que sempre caracterizou os Tocoístas desde a
Relembrança da Igreja em Leopoldville, nas inúmeras cadeias sofridas em toda Angola, nos dester-
ros e trabalhos forcados a que os Tocoístas foram submetidos pelos Portugueses de 1950 a 1974, e
em todos os locais em que foram deportados. Alias, foi este AGIR que Simão Toco legou aos
Tocoístas, quer no período do Buraco em Luanda (1976/1977), quer durante as 15 prisões sofri-
das em Luanda de 15.08.1977 a 31.01.1979 já aqui descritas na edição da efeméride de
31.01.1979. Ele foi maravilhosamente humilde, submisso aos actos dos governantes e entregava
tudo a Deus que dava as respostas segundo os seus propósitos. A prova está em Paiva Domingos
da Silva, o maior dos carrascos de Simão Toco, mas um dos seus melhores e fieis amigos. Pensa-
mos ser uma problemática muito complexa, de múltiplas realizações e contornos, que não se esgo-
tam nesta breve abordagem, mas que de certo modo está vinculado com o sentido da fé dos
Tocoístas das 18 Classes e 16 Tribos, remetendo-nos aos seguintes elementos:
c. Os desacatos as autoridades do Governo, foram considerados por estas, como sendo uma grave
afronta ao poder instituído na Republica Popular de Angola e configurando-se como “acções
provocatórias a estabilidade nacional”. Jornal de Angola, edição de 27.02.1987.
VI. CONCLUSÕES
Por exiguidade de fontes, baseamos a nossa abordagem factual nas informações publicas chegadas
ate nós e que são do domínio de todos, já que passaram nas redes sociais, e na obra publicada o ano
passado pelo Secretario Domingos Cangolo. Mas não há duvidas de que são acontecimentos reple-
tos de testemunhas oculares, visto que quase todas as famílias e Comunidades Tocoístas sofreram e
ainda sofrem com as consequências deste trágico acontecimento. Dai que o retrato que apresenta-
mos cingiu-se mais nas informações disponíveis, mas que descrevem a relevância e o simbolismo
do 15 de Fevereiro de 1987, o que nos leva aos questionamentos que se impõem sobre o assunto:
d. Por que razão as forcas militares usaram da violência armada diante de Tocoístas que se apre-
sentavam indefesos e que realizavam suas actividades religiosas?
e. O que é o CORPO DE ORAÇÃO e qual a sua verdadeira missão na Igreja? Quando e como
surgiu no seio dos Tocoístas?
f. Qual foi o verdadeiro papel do ATALAIA (Mensageiro Mateus Rogeiro) no âmbito dos aconte-
cimentos do 15 de Fevereiro de 1987?
h. Em face disto, e passados 33 anos, até quando permanecerá o ressentimento dos membros das
18 Classes e 16 Tribos para com os membros da ex-Cúpula e tal como o principio do não dialo-
gar e saúda-los?
i. O que estará na base da retirada dos irmãos dos 12 Mais Velhos em 1986 das reuniões ocorridas
na Sede Administrativa e realizadas no recinto da Tribo de Malange?
DOCUMENTOS:
LITERATURA TOCOISTA
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ANEXO
“Falar dos acontecimentos de 15 de Fevereiro de 1987, só tem sentido se tivermos em conta que
estes constituem o somatório de vários itens, desde logo o assunto relacionado com o desvio do
dinheiro pela Cúpula, mais os acontecimentos de 8 de Novembro e 25 de Dezembro de 1986.
O 15 de Fevereiro no entendimento de muitos fiéis Tocoístas, constituiu um facto de transcendental
importância, já que o sangue vertido significou a confirmação da descida da Igreja, segundo a visão
espiritual.
Com este andamento da situação, a Igreja decidiu reunir todos os Responsáveis, com o objectivo de
passarem a pernoitar na sua Sede Administrativa, de formas que, caso as autoridades quisessem
prender algum Responsável, o fossem buscar na Igreja, o que permitira a tomada de conhecimento
dos demais responsáveis. Assim foram-se decorrendo os trabalhos da Igreja durante o mês de
Janeiro e primeira quinzena de Fevereiro de 1987.
5ª feira, dia 12/02/1987, por volta das 14h00, houve uma reunião geral com todos os jovens da
Igreja, cujo carácter era o de esclarecer o momento que se vivia na Igreja; 6° feira, dia 13/02/1987,
igualmente no período da tarde, houve uma reunião com todos os Corpos Vates da Igreja, onde se
ressalta uma passagem na intervenção do Pastor José Canhanga, ter perguntado ao povo presente,
o seguinte: "se um dia verem o vosso irmão, Pastor Canhanga com a cabeça rachada, vão
fugir?". Os presentes responderam que não, senhor.
Toda a movimentação da Igreja ao longo daquela semana, foi acompanhada de perto por elementos
pertencentes à Segurança do Estado, infiltrados entre os fiéis. Sábado, 14 de Fevereiro de 1987, a
alegria dos fiéis era cada vez maior, que transbordava nos seus rostos. Todos os presentes tratavam
da beleza física e espiritual, pois dentre muitos aspectos, viam-se os cortes de cabelo, a preparação
das roupas, calçados e outros, prevendo a participação no culto do dia seguinte (domingo), nos blo-
cos, como era de hábito.
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Ainda no sábado, por volta das 15 horas, o recinto da Sede Administrativa da Igreja começou a ser
sobrevoando por um helicóptero da policia Angolana, com elementos suspeitos e trajados à civis,
que espreitavam para o local onde nos encontrávamos, que por conter urna parte do quintal coberta
de chapas, o helicóptero girou várias vezes e cada vez mais baixo, enquanto filmavam e tiravam
fotografias a partir de vários ângulos. Qualquer dia os Tocoístas cobrarão as fotos e as filmagens
feitas para saber se encontraram na altura, algo que pudesse comprometer a Igreja de Cristo, e que
justificasse tanto massacre?
O final deste dia foi agitado entre os fiéis, em função do sucedido, porquanto ninguém entendia as
razões de tal situação. Contudo, a noite foi calma até por volta da meia-noite, altura em que as pes-
soas se recolheram para o descanso, perspectivando as actividades do dia seguinte, no caso o culto.
Para espanto dos presentes, por volta das 02h30 da madrugada do dia 15 de Fevereiro, a Sede
Administrativa da Igreja estava totalmente cercada por militares pertencentes à uma das unidades
de elite das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA). Permanecemos sob sus-
penso nos momentos seguintes, até por volta das 06h00, altura em que se decidiu abrir as portas e o
portão da sede, prevendo possíveis contactos dos militares. Estes nada fizeram, muito menos dirigi-
ram-nos uma única palavra que fosse. Estando frente à frente, tentamos perguntar o que eles pre-
tendiam de concreto, mas eles evitavam responder toda a conversa que lhes era dirigida, permane-
cendo calados, em obediência à orientações superiores que traziam.
O tempo foi passando, até que os Responsáveis da Igreja interpretaram que a atitude dos militares
não era mais, senão uma manobra da Cúpula que visava reter a Igreja na sua sede administrativa,
enquanto ela aproveitaria a ocasião para se apoderar do nosso local dos cultos, nos prédios do Bair-
ro Indígena, uma vez que esta era uma das suas intenções. Por volta das 07h00 da manhã, atenden-
do que os militares nada diziam, a Igreja entendeu dar os lºs passos em direcção aos blocos (local
dos cultos), levando consigo alguns bancos corridos, cadeiras e outros materiais utilizados nos cul-
tos. Assim foi feito.
Saindo em fila, com os Responsáveis da Igreja à frente e, para quem conheceu a sede da Igreja, as
pessoas saíram da porta que ficava na rua que dava acesso à então Cadeia da Segurança do Estado
(D.N.O.I.), na estrada de Catete, enquanto os outros fiéis aguardavam no portão que se situava na
outra rua, onde fica situada a casa do falecido Pastor Costa Ramos Baptista, que os integrantes da
fila dos Responsáveis, fizessem o contorno da rua, para que em conjunto caminhassem para o local
dos cultos.
Estes caminharam aproximadamente 10 metros, desde a porta de acesso à rua até atingir a esquina
da outra rua, altura em que finalmente, os militares entenderam dirigir as primeiras e únicas pala-
vras à Igreja, dizendo: Não saiam, voltem para o local onde estavam. A Igreja na voz do falecido
profeta N'Dinga, respondeu que nós vamos ao local dos cultos. Estes disseram não, vocês não
podem sair. Mas, a Igreja entendeu que se tratava de manobras da Cúpula, conforme atrás narrado.
Bastou os responsáveis da Igreja marcarem os primeiros passos subsequentes à conversa, o Res-
ponsável pelos militares, que por sinal estava trajado à civil, puxou da cintura a sua pistola e deu
uni tiro ao ar, em sinal de autorização para o massacre. Foi exactamente assim que tudo começou.
Os militares abriram fogo contra os Tocoístas, um povo indefeso, desarmado, que somente tinha
como objectivo, trabalhos espirituais que muito contribuíram para a estabilidade desta Nação de
Deus.
Os momentos que se seguiram, são difíceis de descrever, senão mesmo inacreditáveis para aqueles
que não estiveram presentes no respectivo cenário. Não me lembro de quase nada daqueles primei-
ros instantes, lembro-me sim, vagamente, de ter visto o espaço à minha frente, vermelho de balas
que se cruzavam, como de abelhas se tratasse, enquanto corríamos na fúria de tentar dispersar os
militares para o mais distante possível da sede da Igreja. O tiroteio durou aproximadamente 3 à 5
minutos. Após isso, sim, lembro-me perfeitamente que, depois de termos corrido uma certa distân-
cia, entendemos regressar para o interior da sede administrativa. Foi neste trajecto que comecei a
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ver alguns irmãos e irmãs caídos ao chão, ao longo da estrada, dentre mortos e feridos que tinham
sido atingidos pelas balas assassinas, disparadas pelos militares do regime vigente na altura.
Não estava a acreditar no que estava a ver, mas, foi a mais pura verdade. O passo seguinte foi reco-
lher os mortos e feridos para o interior da sede. É de recordar que, muitas mortes teriam sido evita-
das, se houvesse uma intervenção (ou permissão) imediata para a prestação dos primeiros socorros
aos sinistrados. Foi triste, humilhante, desumana, vergonhosa, imperdoável e a todos os títulos
reprovável, a atitude das autoridades militares angolanas, em obediência às ordens dos seus supe-
riores hierárquicos.
O clima no recinto, foi desolador. Irmãos com vários traumas e a clamarem por socorro, e nós
impedidos, encurralados, sem podermos fazer absolutamente o que quer que fosse. Foi chocante
por demais: Irmãos com pernas e braços partidos, cabeças rachadas, tripas fora das barrigas, pesco-
ços partidos, sangue a verter em diferentes partes dos corpos e em consequência, a escorrer por
tudo quanto era canto do recinto. Parecia até que se tinha pintado o chão do recinto à tinta verme-
lha! Que horror!!! Alguém seguramente, há-de responder perante Deus por tanto massacre de fiéis
inocentes!!! A ajuda para os primeiros socorros, só chegou ao local por volta das 10h45m, altura
em que pediram-nos para que levássemos os feridos e os mortos para as suas viaturas, tendo sido
de seguida transportados para o hospital Américo Boavida. Já passavam 3 horas e 40 minutos, des-
de as 7h05m aproximadamente, hora em que havia terminado o tiroteio, até ao momento em que
entenderam que deveriam prestar os 1ºs socorros, ou melhor, até ao momento em que se certifica-
ram de que já havia morrido uma boa parte de cristãos presentes no local, tendo em conta ao tipo
de balas utilizadas (incendiárias).
O Bairro da Terra Nova em Luanda e as áreas circundantes, pararam. Ninguém podia sair de casa e
os que estiveram fora de casa por razões de serviço ou outras, também não tiveram acesso ao Bair-
ro até ao fim do dia. Os moradores do Bairro e das áreas circunvizinhas, tiveram a noção de que se
tratava de um grande combate entre forças inimigas, ao passo que a situação era totalmente diferen-
te, pois tratava-se de um massacre de cristãos inocentes e indefesos, perpetrado por homens forte-
mente armados e pertencentes ao exército angolano. Foi vergonhoso e deveras lamentável, aquele
episódio. Ceifou a vida de muitos jovens de ambos os sexos, na flor da idade e que muito tinham
para dar à este nosso belo pais e aos seus familiares. A impunidade dos governantes da terra, será
posta à prova diante de Deus, porque este sim, há-de cobrar o sangue vertido e a perda inocente dos
seus filhos.
Por volta das 15/16 horas, os militares começaram a separar os Tocoístas restantes no local, entre
homens, mulheres, jovens masculinos e femininas. Aos Homens, mulheres e jovens masculinos,
fomos levados para a cadeia da ex-segurança do Estado, DNOI, na estrada de Catete, defronte ao
Cemitério da Santana, onde funciona actualmente o Comando Provincial da Policia de Luanda. Aos
detidos, éramos em número, mais de 250 fiéis.
As jovens femininas, por serem menores de idade, foram mandadas para as suas respectivas casas.
As investigações feitas em instrução preparatória, provaram ao senhor Ministro da Segurança do
Estado e outros governantes da então República Popular de Angola e à todos aqueles que se diziam
ser Tocoístas que, tinham derramado injustamente o sangue de pacatos e inocentes cristãos, pois
não houve provas nenhumas que justificassem tantos assassinatos. Para a vergonha das mesmas
autoridades e vendo que não .havia razões para manter os cristãos detidos, começaram paulatina-
mente a colocá-los em liberdade, cujos mandados de soltura não faziam menção ás razões da
detenção e muito menos da soltura. Que injustiça !!!
À mim, particularmente, tem-me servido de uma grande reflexão o facto de, com Os meus 20 anos
de idade e por ter crença em Deus, ter sido injustamente detido sob Processo n° 76/87, e posto em
liberdade ao 20° DIA da detenção, sob Mandado de Soltura n° 102/87, de 6 de Março, passado pelo
Departamento Nacional de Operações e Investigações, pertencente ao Ministério da Segurança do
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Estado da República Popular de Angola. Até que o facto demonstra alguma rima, (20/20), ou seja,
ter sido detido aos 20 anos de idade e solto ao 20° dia. (vide cópia da soltura em exemplo abaixo).
O acto de solturas continuou ao longo de vários dias, deixarem na cadeia, as pessoas que eles acha-
vam que não podiam ser soltos, sob pena de a sua vergonha tornar um escândalo ou uma certidão
de incompetência perante a Comunidade nacional e Internacional. Fizeram do caso, um processo
mediatizado através dos Órgãos Comunicação social, engendraram uma série de factos descabidos
e caluniosos, para justificar a continuidade na prisão, dos Responsáveis da Igreja.
• Joao Pedro Alfredo, com a função de Pastor, na pena 19 anos de prisão e desterrado na
cadeia de Bentiaba, Província do Namibe;
• Condenados à 18 anos de Prisão: José António Victoriano, Adão Domingos, Gabriel Simão
Manuel, Cristóvão Tavares, João Simão Vaconda, André Gonçalo, Rui Mário Satchivama;
• Condenados à 16 anos de Prisão: Manuel Galheta, Manuel Luís Gonçalo e Evaristo Manuel;
• Condenados à 10 anos de Prisão: Roldão António Pinto, Romão António Ferreira, Francisco
da Costa Neto e Silva e Afonso António “Oliveira”;
• Condenados à 02 anos de Prisão: Joaquim Morais Tenente, Jaime Sapalo Jala, Pinto André,
Bento Sambongue, Mazumbwa Pedro, Goncalves Joao, Feliciano Dias Messo, Paulo Domingos,
Marcos Manuel Pereira, Pedro António Gonçalves e Paulo Panzo Manuel.
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2. ENTREVISTA GUIADA CONCEDIDA EM EXCLUSIVO AO JET PELO ENTAO
REPRESENTANTE AUXILIAR PARA ÁREA ECLESIASTICA (conduzida por: António
Neves Álvaro, Junho de 1999
A seu pedido, o JET- Jornal Evangélico Tocoísta, manteve um contacto com o Senhor Represen-
tante Auxiliar Para Área Eclesiástica, o Ancião e Conselheiro Dofonso Fernando Manzambi,
onde descreve-nos pormenorizadamente o funcionário da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no
Mundo a nível da cidade de Luanda.
Em 1955, o Dirigente mandou-nos a carta como devemos trabalhar, igual as outras igrejas. Em
1956/57 surgiu a classe Esperança na estrada de Catete onde o dirigente era o falecido João Beken-
gue. em 1958 surge mais outras classe dos irmãos que vieram do Mucaba/Bungo. Esta classe foi
chamada classe Calemba ai ao lado do aeroporto… Neste momento já havia três classes: Ambrize-
te, Esperança e Calemba e o centro era a classe central que estava aqui no bairro (nos Blocos)
porque nós saímos da cidade em Fevereiro de 1957.
REPR. DFM: Chamou-se Classe Central porque é onde estavam as pessoas que vieram com o
velho Simão, as pessoas que dirigiam os trabalhos da igreja. São as cabeças.
JET: Quisemos saber do Sr Representante auxiliar como se procedia quando surgia uma
nova classe.
REPR. DFM: Primeiro, a classe central abria a classe, novamente as pessoas que sabem dirigir
para dirigirem a mesma Classe. Mas os trabalhos que realizavam eram apresentados na classe cen-
tral, semanalmente essas classes vinham reunir-se à Classe Central, quer nos cultos, como na reu-
nião dos Anciões e Conselheiros, para trazerem os assuntos e levarem também outros assuntos.
Depois em 1957, isto é na vinda do velho Sião em 1962, veio formar essas quatros (04) classes e o
seguinte. Norte, Sul, Oeste e Leste. Havia 4 classes. É que a Classe Ambrizete havia se dividida
em Oeste A e Oeste B, já havia muita gente.
REPR. DFM: Assim formou-se a classe central que era os 120 Anciões. Portanto não demorou
muito tempo quando o Velho foi para Açores, os dirigentes, as cabeças (de Igreja foram os 12 Mais
Velhos.
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REPR. DFM: Makuikila Monteiro, Mavembo Sebastião, Makota André Teka Tomas, Kula
Daniel, Mpovi Paulo David, Tunga Daniel, Luka António Luwangamu, Manuel António Fer-
roz, João Baptista Félix, Nkanga Pedro e Sala Ramos Filemon. Esses são os primeiros 12 Mais
Velhos da Igreja. Esses 12 Mais Velhos foram formados em Kinshasa no dia 23/11/1949 que numa
próxima oportunidade falaremos porque que se formou estes 12 Mais Velhos, para não haver com-
plicação e para se compreender melhor todos esses 12 Mais Velhos vieram cá em Luanda. Só mais
tarde é que se dividiram, outros foram para Sul de Angola e outros ficaram aqui em Luanda.
Os que foram para o Sul são: Mavembo Sebastião, Makuikila Monteiro, Mpovo Paulo David e
Nkanga Pedro. Somente cinco isto, no fim de 1950. Foram para Benguela onde formaram a Igreja
do Sul. Para a lêm dos 120 anciões, formou-se mais o corpo directivo de 24 anciões. Foi assim:
escolheu-se três anciões de cada classe que totaliza 12 Anciões com 12 Escreventes da Central e
formaram o corpo Directivo com 24 Anciões. Isto, aos 12/07/1963.
JET: Procurou-se saber sobre a vida dos enviados do Papa JOÃO XXIII á INSJCM – os
Tocoístas.
REPR. DFM: Esses enviados do Papa vieram entre1962 e 63. Encontraram o Dirigente a dirigir os
trabalhos da Igreja o objectivo deles era de conhecerem a Igreja porque a fama foi para todo mundo
e falava-se de Simão Gonçalves Toco e da Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo dirigida
pelos Africanos de Angola. Então esses enviados vieram para ver e conhecerem. É por isso quando
voltaram, levaram o das as qualidades de cartões dos nossos trabalhos Baptismo, dedicação, casa-
mento, confissão e mais outros. (Também lhes foi dado o capitulo de S. Mateus 11:2.5).
JET: Desta forma feita, descreve-nos a forma como o Dirigente orientava a Igreja por meio
de cartas.
REPR. DFM: Depois do Dirigente ir para os Açores (Portugal) foi onde ele tomou o trabalho que
esta até hoje. Porque? Quando esteve em Açores, ele não parou. Ele mandava sempre as cartas (as
epistolas) e nessas cartas foi onde ele (orientava a Igreja) Portanto, em 1970, manda uma carta aos
pastores Cutendana João e Vemba Ambrósio para formarem os 12 Vice, quer dizer, naquele
tempo as pessoas estavam em casa não oravam publicamente. A Igreja estava encerrada. E as pes-
soas estavam espalhadas nos Bairros onde faziam o serviço da Igreja clandestinamente. Esses Bair-
ros eram 18…Os 12 (Mais Velhos) e os Vice esses faziam oração clandestinamente. E em
05/02/1971 e o Dirigente manda mais outra carta onde ele não queria que os 12 Mais Velhos ficas-
sem parado… (Eles) deviam continuar os trabalhos como começaram…assim envia os nomes dos
12 Mais Velhos, porque de 1949 haviam falecido e outros que ainda estavam em vida mas como
reformado (responsabilidade de trabalhar…) então ele aumentou outros nomes daqueles que falece-
ram. Assim, passou a existir os seguintes 12 Mais Velhos MAVEMBO SEBASTIÃO, NSUA-
MANI MIGUEL DANIEL, MAKUIKILA MONTEIRO, MPOVI PAULO DAVID, SAMUEL
CAPITÃO, PANZO FILIMON, TUNGA DANIEL, LANDU ANDRÉ, MAVINGA FILIPE,
NKANGA DANIEL, PUTU SIMÃO, JOÃO BAPTISTA FELIX. Estes são os segundos 12
Mais Velhos.
JET: Indo de encontro ao assunto, faz-nos uma breve abordagem sobre a missão dos 12 Mais
Velhos.
REPR. DFM: O trabalho deste 12 Mais Velhos conforme começaram…1949, são pessoas escolhi-
das para dirigirem os trabalhos sem medo, tanto na parte do estado como na parte da Igreja. Quer
dizer, são os Apóstolos…A coragem que esses 12 Mais Velhos tiveram até hoje mantém-se. Então,
a partir deste ano de 1971, os 12 Mais Velhos continuaram a trabalhar. Se haver o encerramento da
Igreja, eles esconderam-se e quando se publica (o levantamento deste encerrado), eles saiem para
fora.
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Assim as cartas (do Dirigente provenientes) dos Açores em 1972, deu a força para que a Igreja
pudesse abrir-se. Assim fizemos a primeira Santa Ceia da Igreja, isto em 1972. Depois continua-
mos a trabalhar…chegando em 1972, começamos a formar as…18 Classes de Luanda. Como os
irmãos (os Tocoístas) estavam nos 17 Bairros de Luanda, menos o Bairro do Golfe, então havia só
17 classes. Na vinda do Dirigente (em 1974) foi quando ajuntou-se o Bairro do Golfe. Eles pró-
prios escreveram que nós também queremos formar uma classe, então assim chegou 18 Classes.
REPR. DFM: cada classe tinha um representante e um escrevente e todos os Domingos iam todos
Mais Velhos para ouvirem o que a de novo e para levarem as suas preocupações e os assuntos pen-
dentes que não conseguiram resolver localmente. E em conjunto os 12 Mais Velhos resolvia-se os
assuntos de cada classe…e em todos os domingos havia reunião entre as 18 Classes e os 12 Mais
Velhos. Nesta altura, ainda não havia as 16 Tribos.
REPR. DFM: Mais tarde, quando as cartas vinham dos Açores, nomeou-se os grupos dos MAN-
CEBOS, A,B,C e D - são os Pastores. Esses Mancebos eram os estudantes da Bíblia. Parte destes
Mancebos frequentavam o estudo Bíblico por correspondência na E maus. Todos esses Mancebos
foram considerados os futuros pastores da Igreja.
REPR. DFM: Como vinham sempre as cartas com os ensinamentos do velho (Simão) então come-
çamos a procurar os elementos que podem receber as cartas e enviar nas Províncias corresponden-
tes (essas cartas do Dirigente, saíram respostas das varias cartas dos Tocoístas espalhados nas
diversas localidades). Assim, decidiu-se que se criasse as tribos, porque a partir dai será fácil des-
cobrir as pessoas que pode fazer chegar as cartas no destino. Na tribo de Maquela, Damba, Sule-
no…, haviam pessoas com essa responsabilidade. Posteriormente, a partir dos Açores, o Dirigente
nomeou as Tribos e orientou como as tribos devem trabalhar.
Ele disse: As tribos são responsáveis pelos seus membros. São como Embaixadas. A
região…está longe, a sua representação (Tribo) esta perto. Assim, podem receber tudo que
houver e encaminhar na sua região. E assim foi designado: 16 tribos e 18 classes. Quando o
Dirigente veio dos Açores, veio encaminhar o trabalho, embora que não foi feito como se faz
quando ele veio do Sul. Na vinda do sul em 1962, dia 4 de Junho, fizemos a festa e depois da festa
fizemos a exposição. Naquela altura, eu era o Secretario Geral. Mostramos os números dos crentes,
dos Anciões e Conselheiros e o pessoal que esta integrado no trabalho. Depois apresentou-se o
balanço das receitas da Igreja e o inventário dos meios existentes. Assim, ele ficou muito satisfeito
e ai ordenou que passasse a existir 12 Escreventes e não três (3). Assim, foram nomeados esses
Escreventes.
REPR. DFM: Em 1962 quando ele chegou começou a formar a escritura da Igreja: “em vez destas
classes, agora vai ser a classe Sul Norte, Este e Oeste ; em vez de 3 ou 4 Escrevente, agora serão
12 escreventes”. Formou-se os 120 , o Corpo Directivo . Ele fez isto. Agora, desta vez não houve
exposição. Se não houve exposição desta vez, os dirigentes deste grupo e quem pode justificar isto.
O Escrevente Geral desta altura (em 1974) era o Ancião Ndombaxi Malungo. Eu ouvi por alto, que
levaram os livros para fazerem a exposição mas ele não aceitou, “porque ainda não peguei os tra-
balhos. Fica convosco”. Pronto, foi assim.
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Agora, se ele não pegou o trabalho, isto não sabemos porque que ele disse isto. Uma vez desta
também me disseram que ele estava assinar os papeis em cima do joelho. Ele disse: “Estou assi-
nar os papeis em cima do joelho, porque os antigos que andavam com o trabalho não estão a
trabalhar. Se não eu teria uma mesa ou secretaria”. Isto é verdade quando ele veio do sul de
Angola, nos fizemos uma secretaria onde o Dirigente trabalhava e com uma máquina de escrever.
Quem dirigiu esse trabalho, fomos eu e Muanga Pedro. O Dirigente tenha o seu Gabinete no Blo-
co 5 em cima. Ainda nos anos passados procuramos saber onde esta a secretária, não achamos.
Desapareceu.
JET: Face a esta situação desejamos saber em concreto, quanto foi que o Dirigente assumiu
os trabalhos da Igreja e começou a assinar os documentos:
REPR. DFM: Depois do Dirigente vir de Açores, nós ( os 12 Mais Velhos ) já não fizemos parte
na actividade directiva da Igreja. Não sabemos explicar. Sim, ele andou assinar os documentos da
Igreja era dever dele. Mas quando aquilo que ele disse que não pegou ainda o trabalho, é modo de
dizer, porque se as pessoas reflectissem, podiam pensar: Mas quê que tem? Mas ninguém pensou
isto. Pronto, ficou assim.
JET: A ida do Dirigente à Portugal em Setembro de 1974 foi pretensão do novo governo Por-
tuguês.
REPR. DFM: Sim o Dirigente veio e depois foi à Portugal. Isto foi o convite do Governo Portu-
guês. Eles tinham outra maneira de pensar. Pensavam que o Dirigente podia inclinar a parte dos
políticos para ver se ele pudesse ser dirigente ou Presidente de Angola, mas ele negou. “Tenho
serviço de Deus, não posso encontrar-me nesse trabalho, de dirigir o Pais. Entrega à Agostinho
Neto, a Holden Roberto ou Savimbi…”. Assim, quando ele regressa a Angola, veio encontrar a
autorização da Igreja continuou a trabalhar de maneira como foi ensinada. Mas as pessoas como
levavam com eles a mentira, então fizeram entrar a inimizade entre nós (Os Tocoístas) e os Diri-
gentes do País. Mas quando a maneira de trabalhar, havia alguma coisa escondida, nada. A IGRE-
JA E A IGREJA. O ESTADO É O ESTADO. Porque são duas coisas…quando nos recebemos a
palavra de Deus, na verdade, a palavra de Deus não era para a escravatura. Nós pedimos à Deus
para a libertação. Mas a libertação que nos pedimos não era para governar…Cada um tem o seu
trabalho. Nós somos Missionários. Os outros são governadores e permanecem governantes.
JET: Mais adiante, faz uma abordagem sobre a responsabilidade e posição dos 12 Mais
Velhos na INSJCM
REPR. DFM: Portanto, se as pessoas fossem verdadeiramente cristãs e falassem a verdade, as coi-
sas seriam ditas de baixo para cima (desde o seu princípio). Mas agora, as pessoas querem construir
a casa começando de cima para baixo para os alicerces, por isso temos confusão na igreja. Os 12
Mais Velhos quando foram escolhidos, foi dito: “vocês são os dirigentes do trabalho. Vocês vão
sofrer. Vão ser cortado a cabeça e tudo”. Mas eles aceitaram. Agora, aqueles que aceitaram os
trabalhos que estes foram incumbidos, … devemos aceitar que são os… nossos pais. Devemos con-
siderar que a eles devemos ouvir o quê que eles receberam do Dirigente. Mas as pessoas disseram:
“Não, somos iguais”. Mas que esta com eles ninguém pode saber. A partir dai começou a luta de
poder na Igreja…Mas o Dirigente esclareceu isto no dia 25/12/1982, quando houve uma festa
grande do coro Kibokolo: “Este coro Kibokolo é a raiz da Igreja”. O Dirigente aceitou comer com
eles porque são os que começaram o trabalho consigo. Foi nesta festa onde o Dirigente falou cla-
ramente à todos: “Esses são os vossos mestres. Vocês são alunos”. Por outro lado quando a pessoa
quer fazer negocio, primeiro tem que ter o capital. Se não tiver o capital não pode fazer nada. Nis-
to, “esses são o capital e vocês são o lucro”. O quê que significa isto? Significa que esses (o Coro
Kibokolo) são o começo e o resto e o lucro o rendimento. Mas no meio dessas duas coisas, o ren-
dimento são sempre maiores. A pessoa pode começar o negocio com 100.000, mas o rendimento
pode ser milhões… Porque o rendimento é sempre maior que o capital inicial. Infelizmente, as pes-
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soas não sabem compreender isto. Só por isto, as classes ficam na confusão. Têm seus novos diri-
gentes (responsáveis) e cada um fala o que é seu. Não pensam na essência das coisas, apenas o seu
fim.
JET: O culto do dia 20/06/1976 FOI ONDE O Dirigente acautelou a Igreja sobre o que iria
acontecer.
REPR. DFM: Bom, nesse culto foi onde vimos o Dirigente fez o seu despedimento e disse que
“tudo quanto vai acontecer, vocês mantém-se calados Êxodo 14:13-14”. Portanto, quando acon-
teceu aquilo no dia 22/06/1976 onde partiu-se as coisas, ninguém faz nada. Nós ficamos calados…
REPR. DFM: Sim, houve um tempo em que a Igreja deixou de trabalhar, porque desde o principio
é sempre assim. Quando houvesse qualquer coisa na era colonial, a Igreja não fazia força e deixava
de trabalhar. Neste tempo também foi assim. A Igreja ficou parada, era somente para mostrar a
razão que tinha. Porque se fizéssemos força que não, nos somos Igreja e temos que trabalhar…
Não, isto não daria razão. Então, acompanhamos aquele capitulo dado (Êxodo 14:13-14), ficamos
parado e entramos na conversa com as autoridades, para esclarecermos como estamos. E mais tar-
de, a Igreja foi aberta até hoje estamos a trabalhar.
REPR. DFM: Sim, a cúpula foi mesmo (ele quem andou a esquecer o “ Principio”. Porque senão,
o Dirigente quando se disse que a Igreja parasse, ele ficou assentado numa casa onde ele estava e
não falou mal à ninguém. Assentou, orou ao seu Deus até quando chegou o tempo de sair. Sofreu,
mostrou tudo sobre a Igreja…, porque ele não queria que a Igreja acabasse. Mas como a Igreja é de
Deus, o Espírito trabalhou sempre.
REPR. DFM: Podemos voltar à trás. No passado, em 1963 quanto o Dirigente foi para os Açores,
ele escolheu quatro pessoas para dirigirem o serviço entre o Estado e a Igreja. Eram chamados
“adjuntos”. O quê que aconteceu? Os adjuntos ficaram (meteram-se) no lugar do Dirigente e sem-
pre quando houvessem alguma coisa (infracção) no crente, (este) apanhava palmatória. Mas o Diri-
gente não fazia isto. E quando os crentes s escrevessem cartas ao Dirigente o quê que o Dirigente
dizia: “Não, eu não disse para ficarem como adjunto. Não, eles apenas são mensageiros (porta
vozes) entre a Igreja e o Estado”. Mandamos todos fora da Igreja ( os crentes)… Só voltaram na
Igreja quando o Dirigente voltou… Está a ver como estão as coisas?... porque a pessoa quando lhe
é dito: “senta aqui, eu estou a vir”, e onde eles assentam têm que olhar mais toda casa para ficar
como se fosse chefe!!! Pronto, é por isto que a confusão dai entrou. Então, no dia 25/12/82 o Diri-
gente disse: “São estes os mestres…,” mas não aceitamos. Eles sabiam que os que foram indicados
como mestres, são estes. Mas não aceitaram. Se eles aceitassem, nem a Cúpula, nem as Classes,
nem as Tribos não faziam esta confusão que está sair agora. Se eles aceitassem que nós temos as
pessoas que foram deixadas e que sabem toda a palavra da Igreja, nós podíamos ver… E neste
tempo, o Dirigente (designou) quatro pessoas para lhe trazerem os assuntos que saem das Classes
e pediu que escolhessem mais pessoas para ajuntarem-se (E estes, denominaram-se como sendo
“Cúpula”) …E quando os Anciões foram perguntar ao Dirigente, “que nome é este? Porque nun-
ca ouvimos este nome desde que começamos com o trabalho já em Kinshasa. Mas esse nome
saia aonde?”. O Dirigente disse: “não sei, só eles é que sabem. Eles é que podem explicar esse
nome. Porque eu não dei o nome de Cúpula”. Foi onde soubemos que o nome de Cúpula é deles,
que pensaram que eles é que eram os Dirigentes. Quando se diz Cúpula, é a Direcção Geral que
compreende tudo.
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JET: Quando a festa do Coro Kibokolo realizada aos 25/12/1982 enfatizou-nos o seguinte
REPR. DFM: Quando isto tudo terminou. Depois é que veio a festa do 25/12/82 para que o Diri-
gente pudesse explicar isto tudo, onde saiu a Igreja. Foi nesta festa onde o Dirigente despediu-se e
deu a conhecer a Igreja “os que começaram com o trabalho são estes”. Mas as pessoas só gostam
de respeitar aquelas pessoas que são altos e têm muita barba, é por isso. Porque se pensarem e pro-
curassem saber que a razão está ai, eles podiam saber que nós devemos respeitar os nossos
Velhos… depois desta festa até a morte do Dirigente continuamos sempre assim. No fim dele, a
divisão começou à ganhar a força. Tanto aqui dentro como fora..
JET: Procuramos saber se após o fim das prisões do Dirigente, em 1978 a missão da Cúpula
não terminara.
REPR. DFM: Este grupo continuou a trabalhar. Mas eu ouvi dizer, porque naquele tempo quando
o Dirigente faleceu eu estava em Lisboa (Portugal). O quê que aconteceu aqui? Sem saberem que
são os Mais Velhos, porque os Mais Velhos combinaram com a Igreja que pela morte do Dirigen-
te…vamos ficar (60) dias. Então aparece mais outra pessoas o espírito e diz que não “são noventa
(90) dias”. Então, outro grupo encontrou no lado dos 90 dias e os outros encostaram no lado dos
Mais Velhos, de 60 dias. E os Mais Velhos o quê que eles disseram “Não 90 dia é para dizer que
são 90 dias não fica bem. Faremos o seguinte: nós os Mais Velhos vamos cumprir os 90 dias
vamos ficar em casa. Mas o povo fica somente 60 dias” . Não concordaram e dividiram-se outros
“somos Cúpula queremos 90 dias”, e outros “somos 18 classes e 16 Tribos e os 12 Mais Velhos,
queremos 60 dias”, a divisão da Igreja começou ai isto foi em 1984.Mas o principal assunto que
causou a divisão da Igreja é o dinheiro porque o dinheiro contribuído por toda a gente (todos os
Tocoístas) para compra da FANFARRA e o mesmo foi gasto sem se saber como e porque, “Gasta-
ram o Dinheiro se o dinheiro vai para a compra da fanfarra?”. É nisto onde saiu a confusão.
REPR. DFM: Este dinheiro começou a se ajuntado à muito tempo, mas o fim foi em 1981. Em
1983 foi quando saiu a confusão de se querer saber onde foi o dinheiro, pronto… a Cúpula não
pode mais estar na administração (da Igreja)”.
É onde eu dava razão. Porque os filhos de deus devem perdoarem-se e amarem-se. É isto que acaba
tudo que separa as pessoas.
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JET: Procuramos saber do Sr. Representante o porquê que a outra parte também veio a
dividir-se
REPR. DFM: Sim a outra parte (18 Classes e 16 Tribos) dividiu-se em 1986 ou 1987. Foi o
seguinte: os 12 Mais Velhos queriam e procuraram maneira para se ajuntarem aos Irmãos da Cúpu-
la e os nossos irmãos das 18 Classes não queriam. Havia sempre confusão: “Vocês querem ir se
juntar, Vocês tem sede dos vossos irmãos, então vão”. Então o Velho Putu Simão disse: “está
bem, nós iremos”. E dividiu-se. E quando se dividiu, para vir ajuntar com os outros, eles também
não queriam: “Pronto, vamos ficar”. Assim o culto passou a ser no 1º andar do Bloco nº 6. É onde
os 12 Mais Velhos andavam a fazer os cultos, até em 1988 quando os 12 Mais Velhos desceram em
baixo com as criticas da Cúpula e das 18 Classes: “Eh…, porque, vão ser mortos”… Mas os 12
Mais Velhos andavam sempre de vagar e mostraram a razão ao Governo e explicaram como nós
começamos os trabalhos com o Dirigente Simão Gonçalves Toco. No fim, nós fomos autorizados
(pelo Governo). Todos diziam que vamos ser mortos, mas ninguém ligou. No 1º culto foram 220
crentes, e no 2º culto foram 330, no 3º culto foram parece 400 crentes e no 8º culto fizemos 500
pessoas e o espírito disse: “já não contem mais com as pessoas”. Até hoje.
REPR. DFM: Depois dai, o Governo aproveitava escutar os três lados. Ele não interessava que o
lado tal tem razão, não. Ele escutou todos os lados e no fim reconheceu os três lados como três
Igrejas com os mesmos nomes. Nós não sabemos porquê que isto foi feito assim.
JET: Instado sobre a comemoração dos cinquenta (50) anos de Evangelização dos Tocoistas
de forma parcial (por parte), disse-nos
REPR. DFM: Pois, a unificação que nós começamos, porque tudo quem começa são os 12 Mais
Velhos, porque eles tem sempre a ideia de ajuntar a Igreja. Se formos ver nos processos… que nós
temos, são os 12 Mais Velhos que começaram para ajuntar a Igreja, sem ninguém. O resto, todos
querem ser cabeça (lideres) mas não sabem o quê que podem fazer para serem cabaças. Portanto,
nós, a nossa ideia foi (sempre) assim. E por isto que aproveitamos (avançar com o processo) de
unificação, para ver se nos 50 anos (Jubileu Tocoísta) pudéssemos estar juntos. Mas chegando
assim, os irmãos não concordaram com isto. Se não concordaram com isto nos não vamos deixar
de comemorar o dia que nós conhecemos. Nós é que devemos dar o valor deste dia, porque sofre-
mos. No fim de sofremos, temos Igreja. Portanto, devemos valorizar esta Igreja e este dia (25 de
Julho) também. O resto não dá valor ao dia, porque não sofreram por causa deste dia. Comem,
Bebem e dormem, mas não sabem o quê que aconteceu em Kinshasa, em Angola, em Brazaville…
Portanto, nós estamos prontos para comemorarmos o dia 25 de Julho de 1999.
25
3. JORNAL DE ANGOLA, EDIÇÃO DE 27.02.1987, SOBRE OS INCIDENTES NA TERRA
NOVA - GRUPO DIVISIONISTA COMETEU CRIMES DE DELITO COMUM
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4. JORNAL DE ANGOLA, EDIÇÃO DE 18.02.1989, SOBRE OS RÉUS DA IGREJA
TOCOÍSTAS CONDENADOS A PRISÃO MAIOR
TRANSCRIÇÃO:
O Juiz presidente do tribunal popular da Província de Luanda, Augusto da Costa Carneiro, pro-
cedeu ao principio da tarde de ontem a leitura da sentença que estipula penas que vão de 19 a 05
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anos de prisão maior e absolveu outros réus da Igreja religiosa Tocoísta que vinham a ser Julgados
por aquela instância judicial, por terem cometido crimes de rebelião aramada contra a segurança de
Estado e ofensas corporais contra autoridades Públicas.
Assim, aos réus Tiago da Costa e João Pedro Alfredo foi aplicada a pena maior de 19 anos de
prisão maior.
Oito réus tiveram a pena de 18 anos de prisão são eles: José António Victoriano,Adão Domin-
gos, Gabriel Simão Manuel, Cristóvão Tavares, João Simão, Caconda André e Rui Mário
Sachiwama.
Os réus Manuel Galheta, Manuel Luís Gonçalo e Evaristo Cassoma Manuel foram condenados
16 anos de prisão maior.
Ao réu Manuel José Cristóvão foi aplicada a pena de 15 anos e 10 anos a Enersto Dias Messo.
Foram igualmente sentenciados os réus Roldão António pinto, Romão António Ferreira, Francis-
co da Costa Neto da Silva “Cometa” e Afonso António 6 anos e António Adão Tomé 5 anos.
Por não se ter apurado matéria do processo de acusação, o Tribunal Popular Revolucionário absol-
veu os seguintes réus; Joaquim Morais Tenente, Jaime Sapalo Jala, Pinto André, Pedro Sam-
gombe, Mazumba Pedro, Gonçalo João, Feliciano Dias Messo. Paulo Domingos, Marcos
Manuel Pereira, Pedro António Gonçalves e Paulo Panzo Manuel….!
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5. DEPOIMENTOS DO ANCIÃO E CONSELHEIRO MATEUS ROGEIRO,
MENSAGEIRO DE JESUS CRISTO ( No âmbito da visita realizada pelo Antropólogo
Ruy Blanes ao Gabinete de Jesus Cristo, acompanhado pelo Pastor Carlos Cordeiro, António
Álvaro e Paracleto Mumbela aos 03.10.2013)
Sou Mateus Rogeiro conhecido por toda Igreja Tocoísta. Sou membro da Igreja de Nosso Senhor
Jesus Cristo no Mundo, Ancião e Conselheiro, mas depois da morte do nosso Dirigente Simão
Gonçalves Toco e conduzido até Maquela do Zombo onde foi enterrado em 1984, em Janeiro,
depois ele aparece em 1986. Mas a sua ressurreição concreta, dos dados que tenho foi em 1985.
Estava eu no Kassequele em minha casa em 1985, por volta das 00h00, o Senhor aparece com a sua
comitiva: (Rosalina) Kumbelembe, Pululu Joseph e Anastásio Manuel. Mas ele disse: “não fale
à ninguém, eu já ressuscitei”.
Passamos aquele ano todo de 1985 e chegando em 1986 ele disse: “agora vai avisar toda Igreja”.
Primeiro dirigimo-nos na Tribo de Catete onde esclarece o facto da ressurreição do senhor Simão
Gonçalves Toco. Havia um sigilo muito grande. Depois dirigi-me nos Anciãos (velhos) onde escla-
reci-lhes e a Igreja acolheu com as duas mãos. Aquilo foi uma alegria que não sei como exprimir,
isto, no tempo do Partido Único. Só havia o MPLA. Andamos e Deus organizou umas viagens de
Luanda à Catete. Ali começou aparecer o ciúme nos trabalhos da Igreja. Éramos presos e colocados
nas cadeias. Nas paragens, nós não podíamos avançar. E aconteceu o que aconteceu. Mas digo-vos
a verdade: nos Africanos somos bem-aventurados. A sorte que os brancos tiveram é a mesma que
transitou em África.
Depois surgiram prisões, mortes. Isto aconteceu primeiro no Domingos João (Catete) e foi onde
houve muitos problemas. Era num sábado as 17h00 e encontraram-nos a jogarmos (futebol). Apa-
receram com armas e começaram a regar-nos, mas ninguém caiu. Aquilo continuou até mais ou
menos 19 horas. O Administrador em Catete teve que mandar forças de Caxito onde encontra-se o
Governador CHIMUTO que enviou um blindado para regar (matar) todos. Nós saímos de Luanda,
eu e o falecido Milonga e viemos ter directamente com o Paiva (Domingos da Silva) sobre o que
estava acontecer em Catete. Mas naquela altura não o encontramos e tivemos que recuar. E quando
recuamos em Catete, encontramos dois cadáveres de irmãos que o MPLA matou. Aquilo aconteceu
e nós viemos para Luanda. E começaram a fazer buscas nas casas.
Houve irmãos que foram detidos, mas aí ninguém conseguia mais falar do nome do Tocoísmo. Mas
com a nossa força, nos comunicamos. Naquela altura não havia telefones (moveis). Houve dois
nossos irmãos já falecidos, João Fernando que era o Secretario da Igreja e o nosso irmão Fonseca
Reis que andavam nos Bairros. Nós saímos aqui de Luanda e íamos na Mulemba Xangola onde
encontravam-se os nossos irmãos da Direcção que nos orientavam como fazermos as comunicações
nas Classes e nos membros. Deus é Deus e pronto. Nós vamos muito longe. Mas o que estou a
dizer não é sonho, porque sonhei com Simão Gonçalves Toco que subiu-me para falar. Não é Espí-
rito Santo que me entra; O irmão (Neves) sabe o que dizer espírito? Perfeitamente.
Assim como estou a conversar com o irmão, é a forma como converso com Simão Toco. E essa
verdade hoje ninguém aceita. Esse também hoje não aceita (trata-se do Pastor Carlos Cordeiro).
Porquê? Querem ver com os seus olhos o que aconteceu com Moisés, Lot, Noé, etc. Mas a verdade
é uma: Simão Toco está em vida. Simão Toco fala. Ele é que está a tomar este País, o mundo. Se
Simão Toco morresse, essa brincadeira (o mundo) se tornava em cinza.
Eu fui muito perseguido. Pronto, a sua ressurreição, está acontecendo o que o Senhor Representan-
te disse: “ataques”. Fomos invadidos, cercados no quintal mas os autores desta indicação são os
nossos irmãos da Igreja Cúpula. Não vamos esconder mais. Mas um dia isto sairá a superfície. Dali
fomos tomado conta pelos homens do MPLA, pelos nossos vizinhos. “Se verem este a circular,
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então nos falem alguma coisa”. Andamos. Saímos por exemplo do Kassequele. Já Deus, fomos
tirados do Kassequele directamente lá nas Mangueiras. Aquilo é um segredo. Mas mesmo nas
Mangueiras havia sempre aquela movimentação. Deus mandava aparecer na altura e fazíamos as
nossas actividades. Pronto, Deus manda construir a Igreja Mundial (o templo): Simão Toco. Mas
antes de orientar-nos a construir o templo da Igreja Mundial, primeiro nos orientou irmos no Pren-
da. Simão Toco, nós tiramos o próprio “céu” e metemos lá na Tribo do Tchokwê, onde estivemos
muito tempo com o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo. E dali, manda avisar: o primeiro sinal de
abertura dos cultos foi no Prenda. Aquilo foi uma maravilha, as pessoas, o Governo admirava,
“mas como é possível esses homens!”. Mas pronto, fez o seu trabalho. Deus manda fazer a Igreja
Mundial. Estamos a cortar conforme disse o Senhor Representante. Depois, qual foi o nosso espan-
to: os irmãos nos acusaram que estávamos a construir um armazém que seria deposito de armamen-
to. Isto aconteceu e incitavam: “matemos outra vez estes homens, receberam armamento...”.
obrigou o Presidente da República, o Senhor José Eduardo aparecer no local num carro assim
estragado de calção e de chapéu. Ele desce e nós dissemos: “este é o Presidente!”. Ele desce e
começa a reparar a obra e regressa. Dia seguinte chama os seus homens e diz: “aquilo é um tem-
plo. Não é um armazém de armamento. Eu fui lá pessoalmente. Ninguém mais toca nestes
homens, porque já me fizeram sujar”.
Irmãos, Simão Toco tem Gabinete, tem residência, uma casa. Se fores lá dirás: “ah, (nesta) casa
também o Cristo está lá?”. Uma casa que não dá para nada, conforme já disse o Representante.
Nós queremos dizer ao irmão, como te chamas? Ruy. Irmão Ruy (Blanes), estamos a falar com a
cabeça erguida, com os pés no chão. Vai mesmo e se for preciso atira no ar. E se virem ter connos-
co, parece que será o fim de toda miséria do mundo. Não sou o irmão, todo país, todo mundo.
Depois, mesmo já só o Senhor falou directamente com o Senhor Savimbi. Eu estive na Jamba por
cinco vezes. No período quente. Na altura só havia um Partido. Com o carro, eu fui com uma carta
que Simão Toco mandou para o Savimbi. Eu cheguei e ele me recebeu. Muitos da Unita me conhe-
cem. Deus disse: “Savimbi, sai das matas e vá para Luanda. Se não saíres daqui, morrerás na
mata”.
Isto aconteceu ou não aconteceu Igreja? Aconteceu. É verdade o que estamos a falar. E essa verda-
de quando sair em cima da mesa, irmãos, não sei, muitos vão fugir no mar. Isto é verdade. Eu tran-
sitei mortos que a Unita estava a matar os do MPLA no caminho. Eu com o carro levei mortos até
na Jamba. Cheguei ao lado do Savimbi. A segunda vez Savimbi ofereceu um carro para Simão
Toco e eu disse que não posso receber sem o consentimento do Simão Toco. E ao chegar (em
Luanda) Simão Toco disse “não receba aquele carro”. Isto aconteceu. “Mas porquê não receber
o carro?” O dono da Igreja manda te disse: “vá à Luanda. Se não fores à Luanda morrerás”.
Todos me olhavam e isto aconteceu. O Savimbi se cumprisse as palavras de Simão Toco não mor-
reria, tal como disse o nosso representante. E todos admiravam o carro que eu levava na Jamba.
Sozinho, toda Igreja sabe. E para Igreja tomar conhecimento, tinha que me despedir. Toda Igreja
Mundial, cada um me dava o seu abraço a viagem que Deus me mandou para ir ter com o Savimbi.
Mas ao longo dos dias (passado algum tempo), nós fomos avisar o Governo de que “queremos ir a
busca do Savimbi”. Simão Toco disse: “avisem o Governo”. Isto é verdade. Nós avisamos o
Ministro da Defesa, na altura era o Senhor Kundi Panhama. Ele recebeu a carta, preparou Forças
e criou condições, helicóptero para viajarmos no dia seguinte. Nos aparece as 19 horas o Vice-
Ministro da Defesa, um nosso irmão mestiço, parece era Coronel, não sei. E disse: “Está tudo pre-
parado. Partiremos amanhã”. No dia seguinte apanharíamos o avião que nos levaria para irmos a
busca do Savimbi. E Kundi Panhama interroga: “como localizaram o Savimbi?” e nos dissemos
que “nós localizamos o Savimbi através de Deus, Simão Toco”. Depois já mais tarde, Kundi
Panhama vai dizer ao José Eduardo de que “vai sair uma Comissão de Tocoístas que sabem onde
está escondido o Savimbi e vão a busca dele”. E José Eduardo diz: “não façam isto. Se eles forem
a busca dele, nós ficaremos derrotados. A nossa força acabará!”. Isto aconteceu irmãos. Mas
estão apanhar isto mesmo? Apanhem então. Isto aconteceu meus irmãos e toda gente aplaudia,
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aplaudia. Mas o mal quando chega todos recuam: Já não é a verdade, só é verdade quando
tudo corre bem.
Bom, fui expulso da Igreja por causa de um pecado que cometi. Isto trouxe muitos problemas.
Para não dizer, “estava com ele e não disse esse ponto”, agora estou a falar isto. Mas esse povo
tem coragem. Se estes tivessem medo, aqui não ficava ninguém. Esses aqui são corajosos: Mulhe-
res, Juventude e Pastores são corajosos. Assim que estamos a falar, está a nos acompanhar. Deus
está a nos acompanhar. Ele é o primeiro que vai já me perguntar.
E eu queria dizer, Senhor Cordeiro: tira já esta dúvida e aceita Deus hoje mesmo. Não foi você
que anunciou isto? Foi você! Aceita meu irmão a pregação que fizeste na Mundial. Não foi
pregação da carne. Deus estava assentado no teu corpo. Você fez converter almas que estavam
na lixeira. Irmão, aceita. Nós não estamos aqui a brincar. Nós fomos entregues no Governo, con-
forme disse o Representante. Não é uma mentira. Nós mandamos um álbum com as nossas fotogra-
fias. Nós é que sabemos o segredo do Simão Toco. Deus ressuscitou. Bem-aventurado Jacob, bem-
aventurado África e todas as Igrejas. Ninguém te diga que aqueles só estão anunciar para a salva-
ção dos Tocoístas. Não é mentira deles! Toda Igreja que diz: “Pai Nosso que está nos céus...” tem
o direito de salvação. Mas o importante é o cumprimento dos mandamentos. Isto é uma verdade.
Queriam conhecer o senhor Mateus Rogeiro, sou eu. Não há outro Mateus Rogeiro. E não há
nenhuma ala de Tocoístas que se mete de pé e diga que estamos anunciar Simão Toco em vão.
Porque eles não sabem. Mas eles disseram que não pode, afastei-me e Deus também disse: “olha,
vamos embora”. O irmão quando não acredita que quando saímos na Mundial, onde é que Deus
estava no Morro Bento, numa casa estragada. É um bocado complicado, irmãos.
Nós aqui vamos perder mesmo tempo a falarmos à toa, é verdade? Eu sou mesmo maluco com a
família que tenho, com estes irmãos que estão aqui e vou dizer só mesmo à toa? Isto é uma brinca-
deira.
Nós mandamos uma carta aos EUA. Eu estive no Vaticano onde encontrei-me com o Papa e entre-
guei-lhe a carta que Simão Toco enviou-lhe. Estive lá. Isto não é coisa de brincadeira, não. Quando
fomos pela primeira vez no Vaticano, voltamos porque não tínhamos dinheiro suficiente. E para
entrar lá tinha que se ter 3000 ou 5000 dólares. Nós levamos USD 2000 e disseram-nos que este
dinheiro não chega. E a Igreja criou as condições e fomos no Vaticano. Primeira vez a conhecer o
Vaticano e aquela brincadeira, não vale a pena... Isto foi em 1987.
Portanto meus irmãos, temos muitas palavras, a Senhora também, a Pastora também. Temos muitas
palavras, senão vamos sair aqui as 00h00 ou as 03h00 da manhã. A nossa fita é longa. A nossa
viagem é longa. Muitos deixaram de anunciar esta verdade e esse facto, senão vão perder os luga-
res, senão vão morrer. Mas nós dissemos que o Governo já não vai matar ninguém. A verdade está
em cima da mesa. Portanto, estou a falar aqui como um Responsável da Igreja, como Mensageiro.
O Senhor Representante já falou tudo. E ele disse: “preparem um dia onde vamos esclarecer a
verdade”.
O nosso Dirigente manda perguntar os instrumentos (musicais) da Igreja. E o nosso irmão Simão
Lazaro (mestre geral do Coro) foi lá nos velhos (Anciãos) e disse: “o tio mandou perguntar o
paradeiro do dinheiro dos instrumentos”. E eles não sabiam como explicar... e este dinheiro trou-
xe muitos problemas. E muitos que saíram em Cabinda também estiveram metidos nesta situação.
Porque o Dirigente foi a primeira pessoa que contribuiu 1000 Kz. Pronto, os nossos irmãos não
sabiam explicar e começaram a apanhar pessoas que foram pintar a casa do Dirigente, porque o
dinheiro foi aqui. Eu paguei o pintor. E quando perguntavam ao pintor, ele dizia que “eu não rece-
bi nada...”. Ali apareceram já as mentiras.
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E o assunto que seria resolvido no dia 08 de Janeiro (de 1984) pelo Dirigente para ele perdoar, che-
ga no dia 01 de Janeiro, olha, uma perca que os Tocoístas apanharam. E ali o Dirigente vai embora.
Foi mudar o casaco. Toda Igreja sabe e tem conhecimento. Não há nenhum Tocoísta, tanto nos 12
Mais Velhos que diga que não tenha conhecimento. Toda Igreja sabe que Simão Toco disse que
“vou mudar o casaco”. Chegou... Deus não morre, só morre uma vez.
Portanto meus irmãos, podemos dizer que sois bem aventurados que vieram ouvir estas palavras.
Estamos muito agradecidos e porque muita coisa aconteceu. Se tudo for escrito, não haverá papel
suficiente. Procuraremos Tabacarias, mas não haverá livros... Muita coisa aconteceu dentro do
Tocoísmo. E vai acontecer mais. Então, quando um dia mesmo vai dizer aí, será um problema.
Portanto, vou me sentar em nome da Igreja, termino em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Mas quero vos dizer que estejam a vontade, em qualquer altura podem nos contactar.
Simão Toco ontem, hoje Jesus Cristo. Ámen.
Só para acrescentar. O governo mesmo é que é malandro. Digo assim. Vejamos bem: se o Afonso
Nunes quiser um comunicado agora para qualquer coisa relacionada com a Igreja na Cúpula, ele
vai difundir no ar rapidamente. Mas nós já pedimos tantas conferências de imprensa, até pedimos o
Centro de Imprensa Aníbal de Melo, pedimos para fazermos uma conferência a respeito da ressur-
reição de Simão Toco e não nos deixaram. Já pedimos a RNA, até a Assembleia Nacional pedimos
as instalações para fazermos uma conferencia e não aceitaram. Fomos até a Direcção dos Assuntos
Religiosos que sabem disso, porque nós lhes informamos muitas vezes.
Nós fomos a RNA, a TPA mas eles impediram-nos. Por isso, um dia, só tem que ser «Deus», Deus
está a manifestar-se e a RNA está a aparecer, vamos. Sim senhora! Tinham tempo de anunciar isso.
Eles tinham muito tempo para anunciar isso. Eles pensam que somos banais, que não temos luzes,
que somos malucos. Nós não somos malucos. Eles tinham tempo. Repito: se Deus se manifestar,
vamos pedir à Deus, não, nós é que vamos escolher as Rádios que terão que difundir a nossa
comunicação. Muito obrigado. São Paulo, Representante Geral INSJCM/Gab. JC.
Alias o problema do Governo é a vergonha. O que leva o Governo a não anunciar o Simão Toco
(ressuscitado) é a vergonha. Simão Toco desde então, nunca aceitou ser bajulador com o MPLA.
Ele nunca aceitou ser bajulador. Então, por isso Simão Toco com o Governo, os dois nunca se
entenderam. Então como apareceu o Jesus Cristo, ele não quer saber. O motivo é este. É a vergo-
nha. Essa é a maior vergonha que o governo tem. Se não tem conhecimento, mas, nós aqui não
somos bajuladores. Cada um aqui, nós trabalhamos. Cada um come do seu próprio esforço. Não é
porque vamos lá no Governo para ver se nos dá ajuda, não, não, não. O nosso objectivo é aquilo
que os mais velhos já disseram: É CRISTO - Simão Toco. O MPLA conhece quem é Simão Toco.
Agora como veio como Jesus Cristo, ele não quer. Ele não quer saber do Simão Toco. Então arran-
jou o Afonso Nunes que está a dar o apoio. É um saco que está a se meter. Cavou-se um buraco
sem saída. É o próprio Governo, é o próprio Afonso Nunes, então se afundar. Eles pensam que
“nós somos Governo”. Você não é ninguém. Nós aqui, o Gabinete (JC Negro) já fizemos coisas.
Eu aqui não sou ninguém. Eu sou Miguel Matali. Sou um coitadinho. Mas eu não dou valor à eles,
porque tenho um valor naquilo que Simão Toco nos apresentou. É por isso, o MPLA tem vergonha.
Já ouvimos o nosso Ancião (Mensageiro Mateus Rogeiro) e também já ouvimos o nosso antropó-
logo. Então ouvi umas palavras de que “quando pregávamos lá na Mundial…”; O Responsável
também disse que “este não aceita!”. Não. O facto de não partilhar aqui com os irmãos não quer
dizer que eu não aceito com relação a presença de Simão Toco. Não, não é isso. Aquela juventude
que esteve cá são da Mundial e temos tido conversas com relação a Simão Toco, a Igreja e o Res-
ponsável Mateus Rogeiro. E quando eu vou na Tribo (de Catete), por várias vezes encontrei esta
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mano e sempre lhe pedi explicação: “Então estás aqui na Tribo e não dizes nada? Quando sais de
lá (no Gabinete de Jesus Cristo) para aqui, tens que dizer algo com relação ao Simão Toco e o
Mateus Rogeiro”. E sem eu encontrar esta conclusão, então pedirei responsabilidades à todos os
Responsáveis da Igreja. Tenho ido no Golf (Direcção Universal do Bispo Afonso Nunes) reunir
com vários irmãos que também faziam parte de lá e que receberam primeiro o comunicado, porque
quando o nosso Responsável avisou a Tribo, eu estive presente.
Quando lhe apareceu primeiro na Kassequel, ele nos avisou. Havia um grupo, uns rapazes da
Juventude que faziam parte da Comissão do Responsável Mateus Rogeiro que realizavam trabalhos
em várias zonas de Catete. Posteriormente veio e reuniu na casa do Tio Tomé e nos deu o aviso do
aparecimento de Simão Toco por parte dele. E nós levamos à cabo acreditar este facto e também já
confidenciei com os irmãos (Ruy, Neves e Paracleto), porque naquela altura como o nosso Respon-
sável já disse, havia um grande segredo. E acontecia o que? Quando uma pessoa anunciava em casa
na sua esposa “olha, o Tio Simão já está lá” encontrava já a epístola: “olha, perguntem ao fulano
tal, confidenciou com sicrano e disse que o Simão Toco já está aqui”. Então isto levou todo mun-
do acreditar. Agora, eu não tenho estado contente com a maioria parte de outras personagens que
faziam parte da Direcção e que levaram a cabo de anunciarem a palavra de Deus, ou então a pre-
sença de Simão Toco e hoje têm outra crença com relação à Simão Toco. Eu outra vez encontrei-
me com uma personagem da Tribo de Catete que estavam a ir na Tribo e perguntei-lhes: “onde é
que vão?” - vamos na Tribo de Catete.
E eu disse: “me tratem bem o assunto de Simão Toco, da Igreja e de Mateus Rogeiro. Se vocês
não me tratarem bem este assunto, eme ndo dikuate eno - vou me agarrar com vocês”. Falei
assim com esta personagem. E lá (na Mundial) também sou visto mal porque “você defende muito
o fulano de tal”. Não, eu tenho de defender porque nós dissemos aqui algo que fez com que a Igre-
ja ganhasse força. Então lá também me exigem para continuar ali a pregar. Eu disse: “Sim”. Cha-
maram-me para dar o último golo e eu disse: “Estou pronto para dar o último golo. Mas eu quero
uma explicação entre vocês e Mateus Rogeiro. Me chamam aqui, porque eu quero lhe ouvir na
vossa presença com relação a Simão Toco”.
Então tive uma reunião, Afonso Nunes me chamou e reunimos de portas fechadas no Tabernáculo
e falou isso de Simão Toco. Eu disse-lhe: “sou posso aceitar quando falares esta palavra na pre-
sença do Responsável Mateus Rogeiro. Se ele disser ‘SIM, eu aceito à ti como o Simão Toco em
espírito’. Eu também aceito e podes já me dar um bico”. Exigi explicação de várias partes da Igre-
ja: como nos 12 Mais Velhos e outros, já conversamos. Então quando ouvi que veio o antropólogo,
fomos na Mundial e eu disse: “aqui não estamos contentes. Vamos no Responsável que tem o
Simão Toco, que pela primeira vez se encontrou com ele e deu a conhecer este facto à Igreja
com essa força toda que a Igreja teve”. Não disse que foi ele quem mandou construir o templo da
Igreja Mundial? Pois, então não é isso. Eu tenho trabalhado e não posso parar, porque eu conheço o
Simão Toco. Alias, o Pastor Cordeiro ele sabe. Tenho sido chamado. Então esses lados todos fazem
essa pressão à mim, então tenho estado a arranjar… o quê que o Afonso Nunes me disse: “Se há
essa confusão, papa Carlos vamos fazer como?”.
O Vemba Ambrósio estava presente e eu disse: “se um dia haver uma reunião, é melhor. Uma
delegação onde estejem presente o Responsável Mateus Rogeiro, a Igreja Mundial, eu, os 12
Mais Velhos para conversarmos com relação a presença de Simão Toco”. Se for assim, então é
melhor. MAS QUER NO GOLF, QUER NA MUNDIAL, EU SÓ PEGO A PALAVRA PARA
PREGAR QUANDO HAVER UMA ÚLTIMA PALAVRA. O nosso Responsável também sabe e
tenho lhe perguntado: “como é que fica a última palavra!?”. (Risos). Eu tenho lhe perguntado. Ele
mesmo tem dito que falta uma palavra. E esta palavra está aonde? Ele disse-me: “está aqui comi-
go”.
1. Simão Toco revela-se fisicamente em 1985 ao Ancião Mateus Rogeiro em sua casa no
Bairro Kassequel, em Luanda. Nesta sua manifestação, Toco esteve acompanhado por
Rosalina Kumbelembe Xavier, Pululu Joseph e Anastácio Manuel e anuncia: “Eu já
ressuscitei” e revela-se como sendo o «Jesus Cristo» nos traços de um homem negro;
2. Simão Toco ressuscitado, melhor dito, «Deus», Senhor, Jesus Cristo é abrigado pelo Ancião
Mateus Rogeiro em local ocultado aos demais, tornando-se no seu único MENSAGEIRO,
isto é, no seu porta voz para com a Igreja, os Tocoístas e e o mundo. Este fala com o Men-
sageiro boca-à-boca e não espiritualmente. Antes da sua morte, Simão Toco anunciara ao
Ancião Mateus Rogeiro que futuramente seria seu cão-de-caça;
3. Em 1986 a Tribo de Catete, a do Mensageiro, foi eleita para que assumisse a responsabili-
dade de por seu intermédio, anunciasse à toda Igreja e ao mundo a “ressurreição de Simão
Gonçalves Toco”, missão cumprida neste período até a construção da “Igreja Mundial”. O
Pastor Carlos Cordeiro foi um dos maiores expoentes na difusão desta mensagem à Igreja;
4. Neste período (1986), Simão Toco por via do Mensageiro orienta a realização de várias
actividades espirituais em Catete que despertam o «ciúme» dos irmãos da «Cúpula», facto
que está na origem dos acontecimentos de Domingos João e Terra Nova. O Mensageiro
acusa a Cúpula de estar por detrás destes acontecimentos;
6. «Deus» por via do Mensageiro Mateus Rogeiro ordena a construção do templo baptizado
por “Igreja Mundial”, o primeiro templo moderno no Tocoísmo;
8. Por via do Mensageiro Mateus Rogeiro, «Deus, Simão Toco ressuscitado», distribui Cartas
à todos os Países através das suas Embaixadas em Luanda, anunciando a sua ressurreição:
Simão Toco ontem, hoje Jesus Cristo. Uma mensagem especial foi endereçada à Admi-
nistração Bill Clinton dos EUA. Mas todas mantêm-se num profundo silencio;
9. O Mensageiro Mateus Rogeiro desloca-se até o Vaticano em 1987 e leva pessoalmente esta
MENSAGEM ao Papa João Paulo II: Simão Toco ontem, hoje Jesus Cristo. É a confir-
mação do anuncio do Papa em Kinshasa nos anos 80 de que “Cristo é africano, nasceu no
norte de Angola”;
10. Todos Igrejas existentes em Angola receberam do Gabinete de Cristo mensagens que anun-
ciam este facto: “Simão Gonçalves Toco ressurreição, aguarda apenas a sua manifesta-
ção publica”;
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11. Varias entidades Governamentais e Eclesiásticas foram convidadas enumeras vezes nas
“Mangueiras” no Bairro Popular em Luanda, a presenciarem este facto: o “Simão Gonçal-
ves Toco ressuscitado”. A sua aparição junto deste esteve condicionado pela presença do
Presidente da República no local;
12. Para difundir esta mensagem ao mundo, o Gabinete de Cristo Negro por inúmeras vezes
solicitou a realização de uma Conferencia no Centro de Imprensa Aníbal de Melo ou na
Assembleia Nacional (Parlamento), mas todos os pedidos foram-lhes negados;
13. No âmbito do processo de paz angolano, por orientação de Simão Toco, o Mensageiro
Mateus Rogeiro deslocou por cinco (05) vezes a Jamba no período do mono partidarismo
(isto entre os anos de 1987 e 1991), levando mensagem ao Senhor Savimbi de que: “saia
das matas e vá para Luanda. Se não saíres daqui, morrerás na mata. Vá à Luanda, se
não fores à Luanda morrerás”;
14. Uma segunda acção em prol da paz em Angola foi levada a cabo pelo Mensageiro Mateus
Rogeiro quando anuncia ao Governo já nos anos de 2000 de que “queremos ir a busca do
Savimbi. Nós localizamos o Savimbi através de Deus, Simão Toco”. Segundo este, a mis-
são foi abortada pelo Presidente da Republica;
15. Em 1993, o Mensageiro Mateus Rogeiro é expulso da Igreja Mundial, ele e o Gabinete de
Cristo;
16. De momento, a derradeira missão do Mensageiro Mateus Rogeiro traduz-se na sua “última
palavra” quanto ao Simão Toco ressuscitado ansiosamente aguardada por muitos, mesmo
os que se afastaram dele. Esta palavra resume-se na revelação do local onde este está e
quando ocorrerá a sua manifestação pública como acontecerá com Jesus Cristo em Jerusa-
lém. Este será o “último golo” a ser marcado por Cristo.
17. Sendo o Mensageiro Mateus Rogeiro, a “fita do Gabinete é longa e a «viagem» empreen-
dida é muito longa”. E muitos deixaram de anunciar esta verdade e esse facto, senão perde-
rão os seus lugares ou morrerão.
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6. INFORMAÇOES PRODUZIDAS EM TORNO DA PROBLEMATICA DO DESVIO DE
DINHEIRO DA IGREJA (Publicadas por António de Sa).
Os Ancião Representantes das 18 Classes e 16 Tribos da igreja Central de Luanda vos saúdam em
nome do pai, Filho e do Espírito Santo.
Desde 1976 que os Ancião Representantes foram cortados a comunicação com a igreja em Geral
mas acomoda os representantes surgem para informar os Tocoísta o que se passa sobre a contribui-
ção do dinheiro para aço compra de instrumentos Musicais:
1. Aos 26 de Agosto de 1983, pelas 15 horas teve o lugar uma reuni dos Representantes das 18
Classes e 16 Tribos da Igreja central de Luanda. Esta reunir foi convocado pelo corpo Directivo
dos Mestres do Coro e Músicos. Nela fizeram parte 16 classes e 13 Tribos, corpo Directo dos
Escrevente das 18 Classes e 16 Tribos Representante Geral masculino da Juventude de Luanda,
corpo directivo da Juventude da 18 classes , corpo directivo da Juventude da 16 Tribos e o corpo
directivo dos fiscais. Faltaram a Classe: Mota e golfe Tribo: Damba, Norte, e. Bembe.
Após a abertura do Programa preparado pós Mestres do coro e Músicos, estes e explicaram o moti-
vo da reunião o relato deles estava centralizado nos instrumentos e em seguintes pontos:
b) Quem podia responder às alínea do ponto n:1 devia ser a cúpula e não pêlos Representantes o
dinheiro foi recebido pela cúpula aliás os Representantes recolheram dinheiro nas suas Clas-
ses e Tribos e depositaram na Direcção da Cúpula.
4. Aos 11/9/1983 pelas 15 horas os Representantes das 18 classe e 16 Tribo ou seja as 14 Tribos
presentes voltaram a reunir pela segunda vez para esclarecer o assunto do dinheiro dos instru-
mentos.
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Desta vez a cúpula compareceu compareceu a reunião para prestar contas a igreja realça-se a pre-
sença duma comissão dos pastores pastores da Igreja Central, composta por Quatro elementos, a
Juventude de Luanda estava Representada pelo seu Representante Geral Masculino.
ENTRADA DO DINHEIRO
CLASSES DE LUANDA
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1- Tribo Tchokwe 60 000.00 kz
2-Tribo de Ntaya-Maquela do Zombo 60 000.00 kz
3- Tribo Tribo de Kibocolo 60 000.00 kz
4 - Tribo dos Ndembos 60 000.00kz
5 - Tribo de Ndalatando 60 000.00kz
6-Tribo de Nanduangongo 60 000. 00kz
7-Tribo do Bembe 60 000. 00kz
8-Tribo Weste 60 000 00kz
9 - Tribo Norte 60 000.00kz
10 - Tribo da Damba 60 000 00kz
11 - Tribo da Muxima 60 000.00kz
12 - Tribo do Dande 60 000.00kz
13 - Tribo dos Sulenos 80 000.00kz
14 - Tribo de Malange 60 000.00kz
15 - Tribo de Luanda 60 000.00kz
16 - Tribo de Catete 80 000.00kz
IGREJA DO INTERIOR
Total: 4.519.790.00 kz
SAÍDAS DO DINHEIRO
Essa Foi a conta apresentada pela Cúpula logo logo houve logo houve um roubo da Parte da Cúpu-
la nenhuma das despesas apresentada com diz a verdade. O valor total contabilizado é de Quatro
milhões e meio de Kwanza sobrando apenas na caixa (550kz). Com isto no Dia 9/09/83 entrou em
vigor o funcionamento da Direcção de Donativos cujos elementos são:
1. António Gonçalves
2. Domingos Manuel
3. David Luís da Silva
Essa Direcção foi criada para tomar para tomar conta das novas contribuições. Quantos aos Irmãos
da Cúpula foram proposto a expulsão da Igreja por desvio do dinheiro a saber:
1. Panzo Firmon
2 Lopes Martins Panzo
3. Samuel Mambo Domingos
4. Dombaxe Malungo.
O veredicto final ficou para 08/01/1984 uma reunião com o Dirigente para informar do sucedido já
não chegou - se em reunir porque nesta data o Dirigente morre.
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