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Conselho Editorial:
Casemiro dos Reis Filho, Dermeval Saviani,
Gilberta S. de M. Jannuzzi, Walter E. Garcia
Diretor Executivo
Flávio Baldy dos Reis
Diretora Editorial
Gilberta S. de M. Jannuzzi
Diagramação e Composição
Selene Nascimento de Camargo
Revisão
Marcia da Costa Nunes Neto
Capa
Criação
Milton José de Almeida
Arte Final
Selene Nascimento de Camargo
POLÍTICA EDUCACIONAL
E EDUCAÇÃO FÍSICA
SUMARIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................. 5
CAPITULO: UM ................................................................................................. 6
Os Impactos da Reforma Educacional do Governo FHC na Educação
Física Brasileira ................................................................................................ 6
Antecedentes .................................................................................................. 6
Novos Tempos, Velhas Concepções ............................................................ 10
A Educação Física no Ensino superior: o Fim da Obrigatoriedade Anacrônica
...................................................................................................................... 20
Em Conclusão .............................................................................................. 26
Bibliografia .................................................................................................... 27
CAPÍTULO: DOIS ............................................................................................ 29
Educação Física Escolar: Temos o que Ensinar? Ou Considerações
acerca do Conhecimento (Re)Conhecido pela Educação Física Escolar . 29
Bibliografia .................................................................................................... 36
CAPÍTULO: TRÊS ........................................................................................... 37
Classes de Aceleração: uma Proposta Pedagógica para a Educação Física
......................................................................................................................... 37
Educação Física e a Cultura Corporal .......................................................... 37
Reflexões acerca da Metodologia de Ensino ................................................ 41
Refletindo sobre as Possibilidades de Avaliação.......................................... 43
Comentando as Referências Bibliográficas .................................................. 45
Bibliografia .................................................................................................... 47
CAPÍTULO: QUATRO ..................................................................................... 50
Do Nhenhenhém à Teoria da Prática ............................................................ 50
CAPÍTULO: CINCO ......................................................................................... 57
Teses acerca da Questão da Regulamentação da Profissão ..................... 57
Bibliografia .................................................................................................... 63
Sobre o Autor ................................................................................................. 64
Trabalho realizado por: gagaufera2003@yahoo.com.br
APRESENTAÇÃO
CAPITULO: UM
Antecedentes
1
Este texto é parte integrante de estudos voltados para a elaboração de Tese de Doutorado a
ser defendida junto ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da UNICAMP
neste ano de 1998. Sua provisoriedade decorrente dessa situação, poderá comprometer ou
dificultar seu entendimento, pelo que pedimos escusas. Mesmo com as limitações
mencionadas, subsidiou - numa 2ª versão - minha participação em simpósio organizado pela
Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Londrina, em agosto de 1997,
quando proferi palestra sob o tema A EDUCAÇÃO FÍSICA NO CONTEXTO DA NOVA LDB -
título sob o qual foi publicado nos anais daquele evento - como também, numa 1ª versão, a
palestra por mim proferida no X CONBRACE - Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte -
promovido pelo Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte e realizado em outubro daquele ano
em Goiânia, GO, tendo sido publicado às páginas 45 - 60 do volume I dos seus Anais. Este
artigo caracteriza-se como sua 3ª versão, semelhante, porém, não idêntica, às anteriores.
2
Com efeito, em 1988, a Editora Papirus publicou em livro o resultado de meus estudos de
mestrado. Sob o título Educação Física no Brasil: A História que não Se Conta, o trabalho —
hoje em sua 4ª edição, vem servindo de referência para os profissionais e pesquisadores da
área. Recentemente (outubro/96), o Professor Amarílio Ferreira Neto organizou uma coletânea
intitulada Pesquisa Histórica na Educação Física Brasileira, publicada pela editora da
Universidade Federal do Espírito Santo, que traz um artigo de sua autoria (O Contexto de
Produção de "Educação Física no Brasil: A História que não se conta") retratando — ao me
entrevistar — o processo de elaboração/construção do livro em questão. Anteriormente, o
Professor Vitor Marinho de Oliveira, em sua tese de Doutorado depois transformada em livro
pela mesma Editora Papirus, já havia se detido na análise de um Artigo de minha autoria
denominado "A (Des)Caracterização Profissional-Filosófica da Educação Física", por mim
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publicado, em 1983, na Revista do CBCE ( Vol.4(3), set/83), que mereceu sua atenção por ter
sido um dos dez mais lidos — conforme levantamento por ele efetuado —, dos produzidos no
decorrer dos anos 80 e que trazia os primeiros alinhavos de uma leitura da história da
Educação Física que se diferenciava daquelas até então formuladas.
3
"Será obrigatória a prática da Educação Física nos cursos primários e médio até a idade de
18 anos".
4
A Lei Constitucional n° 01 da Constituição dos Estados Unidos de Brasil, promulgada em 10
de novembro de 1937, trazia em seus artigos 131 e 132, respectivamente, que 'A Educação
Física, o Ensino Cívico e os Trabalhos Manuais, serão obrigatórios em todas as escolas
primárias, normais e secundárias, não podendo nenhuma escola de qualquer desses graus ser
autorizada ou reconhecida sem que satisfaça àquela exigência" e "O Estado fundará
instituições ou dará o seu auxílio e proteção às fundadas por associações civis, tendo umas e
outras por fim, organizar para a juventude, períodos de trabalho anual nos campos e oficinas,
assim como promover-lhes a disciplina moral e o adestramento físico, de maneira a prepará-la
ao cumprimento dos seus deveres para com a economia e a defesa da nação"
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5
Denominou-se de Reforma Capanema a um conjunto de Decretos-lei que, a partir de 1942 e
até 1946, objetivaram a regulamentação do preceituado no Artigo 129 da Constituição
estadonovista.
6
"Será obrigatória a inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística
e Programas de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos de 1º e 2º graus,
observado, quanto à primeira, o disposto no Decreto-lei n° 869, de 12 de setembro de 1969".
7
Em 25 de julho de 1969, o Decreto-lei n° 705 alterava a redação do artigo 22 da Lei n°
4.024/61, dando-lhe a seguinte redação: Artigo I ° - "Será obrigatória a prática da Educação
Física em todos os níveis e ramos de escolarização, com predominância desportiva no ensino
superior". As possíveis razões para tal normatização são por mim analisadas no livro já
mencionado (pp. 117 - 122), e serão retomadas mais adiante, quando da reflexão acerca da
educação física no 3º grau.
8
Decreto n°69.450, Artigo 6 - "Em qualquer nível de todos os sistemas de ensino, é facultativa
a participação nas atividades físicas programadas: a) aos alunos do curso noturno que
comprovarem, mediante carteira profissional ou funcional, devidamente assinada, exercer
emprego remunerado em jornada igual ou superior a seis horas: b) aos alunos maiores de
trinta anos de idade; c) aos alunos que estiverem prestando serviço militar na tropa, d) aos
alunos amparados pelo Decreto-lei n° 1.044 de 21 de outubro de 1969, mediante laudo do
médico assistente do estabelecimento".
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9
Em outra passagem do Artigo (p. 133), Eustáquia e Tarcísio constroem um entendimento de
que o artigo 6 do Decreto n° 69.450/71 excluía alunos das aulas de educação física, ao prever
que determinados alunos "fossem dispensados das aulas...". Chamo a atenção para o fato de
que a dispensa da aula era prerrogativa do aluno e não da escola o que, a meu ver,
desautoriza a leitura feita pelos autores.
10
A exarcebação da relação da educação física com a questão da aptidão física — ou no dizer
de Alcir Lenharo em seu Sacralização da Política (1986), com o "aprimoramento eugênico
incorporado à raça”— pode ser percebido pelo teor do artigo 27, letra b do Decreto n° 21.241 e
no item 10 da Portaria n° 13, de 16 de fevereiro de 1938, do Ministério da Educação e da
Saúde, que estabeleciam a proibição de matrícula nos estabelecimentos de ensino secundário
"de alunos cujo estado patológico os impeçam permanentemente da freqüência às aulas de
educação física".
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11
Segundo o Deputado Jorge Hage, iniciou-se em março de 1989 “o que talvez tenha sido o
mais democrático e aberto método de elaboração de uma lei de que se tem noticia no
Congresso Nacional”. De acordo com Saviani (p.57) — de onde extraímos a passagem acima
— "importa considerar que diferentemente da tradição brasileira em que as reformas
educacionais resultam de projetos invariavelmente de iniciativa do Poder Executivo, neste caso
a iniciativa se deu no âmbito do Legislativo e através de um projeto gestado no interior da
comunidade educacional (que) manteve-se mobilizada através do Fórum em Defesa da Escola
Pública na LDB", o qual reunia aproximadamente 30 entidades de âmbito nacional, dentre as
quais vamos encontrar o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, CBCE, e a Federação
Brasileira de Associações de Profissionais de Educação Física, FBAPEF. Os volumes 10(3) e I
1(1) da Revista Brasileira de Ciências do Esporte trazem, por sua vez, os relatórios —
elaborados pela professora Carmen Lúcia Soares, então assessora do CBCE para assuntos da
LDB — acerca do envolvimento do CBCE com a questão.
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12
Constituída em 1985 pelo então Ministro da Educação, Marco Maciel, foi responsável pela
elaboração do documento Uma nova Política para o Desporto Brasileiro: Esporte Brasileiro -
Questão de Estado. Relatório Conclusivo. Esse Documento, publicado pela SEED/MEC em
dezembro daquele ano, traz em si os princípios conceituais sustentadores daquilo que ficou
configurado na Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 217, no concernente ao
Desporto.
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13
A Constituição brasileira de 05/10/88 trata, em seu artigo 217, do Desporto. Então, a
expressão Esporte é errada? Possuí outro significado? João Lyra Filho (mentor intelectual do
decreto-lei n° 3.199/ 41), logo após o prefácio do Professor Gilberto de Macedo à 3ª edição
(1974) de seu Livro Introdução à Sociologia dos Desportos e antes do Preâmbulo, nos
apresenta as seguintes considerações sobre o assunto: "Desporto, Sport ou Esporte? Pedi
uma resposta ao saudoso mestre Antenor Nascentes, que se manifestou assim: — ' Nem
desporto nem sport, esporte. Desporto é um arcaísmo que Coelho Neto procurou reviver
quando se criou a respectiva Confederação. Coelho Neto era muito amante de neologismos.
Haja vista o paredro. A palavra inglesa há muito tempo está aportuguesada e bem
aportuguesada; é usada por toda a gente. Devemos usar a linguagem de todos, para não nos
singularizarmos. Não está de acordo?' Respondi-lhe, com a vénia devida, que permaneço na
dúvida. Não desconheço a influência do gosto popular e estimo deveras as dominantes da
literatura oral. Mas indo às origens do nosso vernáculo, identifico o uso da palavra desporto
nas letras e na boca de Portugal. Não só os quinhentistas, inclusive Sá de Miranda,
empregavam desporto. Não tem havido outra opção no escrever e no falar dos portugueses. A
palavra desport já era de uso no francês antigo, significando prazer, descanso, espairecimento,
recreio; com este sentido, figura em poesias de Chaucer. Os ingleses a tomaram por
empréstimo, convertendo-a, depois, no vocábulo sport. Uma nova razão faz-me permanecer
adepto do vocábulo arcaico: ele foi atraído à própria Constituição desta nossa República
Federativa. O artigo 8º , sobre a competência da União, dispõe na alínea q do item XVII:
'legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional; normas gerais sobre desportos Não
desejo ser denunciado como infrator da nossa Carta Magna...Mas a denúncia pode prosperar,
com mudança de acusado, pois não são raras, na legislação do país, as vezes em que os
autores dos respectivos textos oficializam o vocábulo esporte." Com todo respeito a João Lyra
Filho, eu fico com Esporte!
14
Saem de cena parlamentares que representaram papéis centrais na peça entabulada: Jorge
Hage (PTD/BA), Octávio Elísio (PSDB/ MG), Hermes Zanetti (PSDB/RS), Carlos Sant’Anna
(PMDB/BA), Lídic da Mata (PCdoB/BA, à época), Gumercindo Milhomem (PT/SP).
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15
Essa Resolução traduz, no caput do artigo 4, a forma como as matérias curriculares
deveriam ser escalonadas nos currículos plenos de 1° e 2º graus, tratando em seus parágrafos
1º , 2º e 3º de definir obtermos Atividades, Áreas de Estudo e Disciplinas.
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16
In Educação Física no Brasil: a história que não se conta (1994, pp. 108 - 109). Também
referi-me ao assunto no livro Educação Física: Diretrizes Gerais para o Ensino de 2º Grau:
Núcleo Comum (1988,1 e no Artigo Pelos Meandros da Educação Física (1993).
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17
O mencionado professor já havia se manifestado sobre a questão da LDB em Artigo
denominado Educação Física e a nova Lei de Diretrizes e Bases: Subsídios para a Discussão
(1988)
18
Artigo 25 - "Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes
diretrizes: IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-formais".
19
19 Artigo 24 - "Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional
comum a ser complementada pelos demais conteúdos curriculares especificados nesta Lei e,
em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada exigida
pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela".
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20
Valter Bracht foi quem, pela primeira vez, fez uso da expressão, utilizando-a em artigo
denominado Educação Física: A busca da autonomia pedagógica, publicado em 1989, e
republicado numa coletânea de outros artigos seus, em 1992, chamada Educação Física e
Aprendizagem Social. Também vali-me da expressão no Artigo Pelos meandros da Educação
Física (1993) e no Projeto Reorganização da Trajetória Escolar no Ensino Fundamental(1996).
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21
Tal dinâmica já é prática corrente em muitos Estados brasileiros, notadamente os da região
norte/nordeste. Obter bons resultados esportivos nas competições escolares promovidas pelo
Estado traz ótimos dividendos promocionais, melhores — e mais baratos — até do que aqueles
obtidos com anúncios veiculados nos meios de comunicação.
22
O Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro fez circular um documento
endereçado aos Professores de Educação Física e Educação Artística, no qual sugere — a
partir da afirmação do Deputado José Jorge, estampada na Folha de São Paulo, de que iria
"aproveitar o texto do Senado, que é mais resumido, e incluir algumas coisas do Projeto da
Câmara" — o envio de cartas e telegramas aos deputados Federais do Rio de Janeiro e ao
Relator do Projeto com o seguinte texto "Como professor de Educação Física e Artística,
solicito a manutenção do texto aprovado em 1993 pela Câmara dos Deputados". Em Juiz de
Fora, MG, professores de Educação Física passaram abaixo-assinado endereçado ao Relator
no qual, a partir de alguns considerandos, reivindicavam "que o Parecer do ilustre Deputado
seja favorável à manutenção da Educação Física como Componente Curricular Obrigatório nas
escolas de 1°,2° e 3º Graus como é hoje e historicamente sempre o foi, pelo seu importante
papel e valor reconhecidos pela sociedade Brasileira". Em Minas Gerais, professores de
educação física contataram o professor da Universidade Federal de Minas Gerais e presidente
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25
A perspectiva crítico-superadora de Educação Física — traduzida em livro (1992) e
elaborada por um Coletivo de autores (Carmen Lúcia Soares; Celi Taffarel; Elizabeth Varjal;
Micheli Escobar; Valter Bracht e por mim) —, é uma das concepções que busca traduzir o
referido entendimento em metodologia de ensino.
26
Particularmente, trato desse tema no livro Educação Física no Brasil: A História que não se
conta, publicado pela Editora Papirus em 1988. Já em 1983, a ele me reportei no artigo “
(des)caracterização profissional-filosófica da Educação Física", publicado pela Revista
brasileira de Ciências do Esporte, volume 4(3), de maio daquele ano.
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Em Conclusão
Bibliografia
BRACHT, V "Educação Física: a busca da autonomia pedagógica". In Revista
da Fundação de Esporte e Turismo do Paraná. Curitiba, PR, I (2), pp. 12-19,
1989.
__________. Educação Física e Aprendizagem Social. Porto Alegre, RS,
Editora Magister, 1992.
SOUSA, E. S.; VAGO, T. M.. "O Ensino de Educação Física em face da Nova
LDB". In COLÉGIO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE (org).
Educação Física Escolar Frente à LDB e aos PCNs: Profissionais analisam
renovações, modismos e interesses. Ijuí, RS, Sedigraf, pp. 121-141, 1997.
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CAPÍTULO: DOIS
Sim, temos o que ensinar. Embora seja velha conhecida entre nós a
afirmação — dita em tom de galhofa mas, como toda piada, com uma pitada de
verdade de que a grande revolução ainda por ocorrer na Educação Física
escolar brasileira, traduzir-se-ia no simples fato de se dar aula, não receamos
afirmar que não só temos o que ensinar como, ao longo desse século, vimos
ensinando.
1
Este Artigo foi escrito com vista à minha participação, como conferencista, em Seminário
promovido pela Escola Superior de Educação Física da Universidade de São Paulo, USP em
dezembro de 1994. O tema central do evento, Educação Física Escolar: Temos o que ensinar?
me levou a elaborar o subtítulo acima, construindo o texto a partir do diálogo entre eles. No
entanto, os promotores do Seminário, ao publicarem-no em Suplemento da Revista Paulista de
Educação Física (1995), houveram por bem nominá-lo a partir do subtítulo proposto,
subtraindo-lhe a expressão que deu título ao acontecimento.
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este Artigo — desejamos ser fiéis ao tema orientador do seminário, que nos
questiona sobre se temos ou não o que ensinar.
2
Desde o Educação Física no Brasil: A história que não se conta (1988), até o Pelos Meandros
da Educação Física (1993), passando pelo Educação Física: Diretrizes Gerais para o Ensino
de 2° Grau - Núcleo Comum (1988) e pela produção em 6 mãos do Metodologia do Ensino de
Educação Física (1992), vimos desenvolvendo estudos que tratam da problemática da
educação física escolar relacionada com a questão da aptidão física enquanto eixo
paradigmático balizador das suas ações.
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3
Reporto-me detalhadamente à questão da esportivização da educação física no artigo Pelos
Meandros da Educação Física, já mencionado.
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...Que segredo é esse do futebol que faz com que 130 milhões de
brasileiros — uns, vítimas da seca do nordeste, outros, das
enchentes do sul, a maioria vítima de um sistema que deles suga
toda a vontade de resistir — de repente, como que tocados por uma
varinha mágica, por um feitiço coletivo, permaneçam durante noventa
minutos presos à magia de 22 homens (ou deuses?) dentro de um
campo de futebol? Que encantamento é esse do futebol que faz
surgir de todas as esquinas do país, das palafitas cobertas de folhas
de babaçu às suntuosas residências dos coronéis, a mesma emoção,
o mesmo sofrimento, a mesma alegria contagiante no instante do gol,
como que se aquele momento supremo do jogo de bola fosse capaz
de anular as diferenças sociais? Que mistério é esse do futebol que
faz surgir do orçamento deficitário do povo, uma inesperada reserva
para o deslocamento até os grandes estádios (...), para a compra de
rojões, panos e tinta para as faixas visando a saudação de seus
ídolos e para a leitura de toda a gama de jornais e revistas,
especializadas ou não, pois todas reportam-se a ele, futebol? Que
fenômeno é esse do futebol, capaz de viabilizar (ainda que
circunstancial e provisoriamente) a união de todos em torno de um
ideal comum — como por ocasião dos campeonatos mundiais —
aproximando os extremos e congraçando todas as correntes de
pensamento, união esta por demais tentada e poucas vezes
alcançada em outros momentos da vida nacional? (...) Serão as
respostas a essas perguntas a demonstração de estar no futebol, um
espécie de reafirmação do espírito brasileiro, de sublimação dos seus
problemas, da sua capacidade de luta e de seu desejo de marcar a
sua posição no cenário internacional? Quais serão seus verdadeiros
valores? O que o faz despertar tantas paixões? Qual a razão de sua
tamanha identificação com o brasileiro?
Bem... Mas essa experiência se deu há vinte anos atraz (ufa!). Hoje,
as alunas em muitos desses cursos já participam das aulas de futebol e
certamente o conhecimento reconhecido nos cursos superiores de Educação
Física vinculados ao esporte e ao futebol, não se limita àqueles aqui
relembrados, certo? Nem tanto. Continuamos afirmando que a maioria absoluta
das escolas de Educação Física ainda não incorporaram à bibliografia da
matéria futebol, o clássico de Mário Filho, O Negro no Futebol Brasileiro, nem
tampouco o História Política do Futebol Brasileiro de Joel Rufino dos Santos,
como também a dissertação de mestrado do professor Antônio Jorge
Gonçalves Soares, Malandragem no Gramado: o Declínio de uma Identidade,
que não merece o mesmo destino da maioria da produção acadêmica de
nossos mestrados e doutorados, qual seja, as gavetas das secretarias das
Posou as estantes empoeiradas das bibliotecas — normalmente só daquela da
instituição onde se deu a defesa —, nas quais podemos encontrar, por
exemplo, a dissertação de Benedito T.. César — defendida em 198 I, no
IFCH/UNICAMP — Os Gaviões da Fiel e A Águia do Capitalismo. Isso sem
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Bibliografia
AZEVEDO, E de. Da Educação Physica: o que ella é; o que tem sido, o que
deveria ser. 2a Edição. Rio de Janeiro, RJ, Editora Weiszflog, 1920.
MALAFAIA, M. "Livros sobre esportes são raros nos estandes. Leitor busca a
Boa Forma". In Jornal'Folha de São Paulo -Caderno Esporte. São Paulo, SR p.
5-4, 7/9/1992.
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CAPÍTULO: TRÊS
1
O mencionado projeto foi elaborado no início de I 996 por um conjunto de especialistas — o
qual integrei, assumindo a responsabilidade pela área da Educação Física —, consultores da
Fundação para o Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (FDE), com a
intenção de recuperar a trajetória escolar de alunos em situação de defasagem, através da
criação de classes que desenvolvessem uma proposta de aceleração (daí a expressão classes
de aceleração) da aprendizagem que lhes possibilitassem avanços reais, reintegrando-os no
percurso regular do ensino fundamental. Sua execução encontra-se em andamento sob a
coordenação da FDE e da Secretaria de Estado da Educação. O projeto, em sua íntegra, foi
publicado pela Revista IDÉIAS, daquela Fundação, em 1996.
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2
Tal compreensão do papel da competição esportiva escolar, aqui defendido, reflete
entendimento antagônico àquele adotado até o presente momento por esta mesma rede de
ensino, por ela explicitado na normatização vigente voltada para a Educação Física, como
também em práticas administrativas adotadas por Delegacias de Ensino, que levam em conta a
participação de escolas, sob sua jurisdição, nos jogos escolares oficiais promovidos em
parceria com a Secretaria de Esportes e Turismo, chegando ao extremo de considerar a ordem
de classificação por elas obtida como critério de distribuição de material escolar esportivo.
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— Por que, pensava ele, nos nossos jogos, não pude me envolver,
em nenhum momento, em seus preparativos, apenas cabendo-me o papel de...
treinar, treinar, treinar, como que se todo o resto não me dissesse respeito? Ah!
Que bom seria se... E assim pensando, adormeceu ,., e sonhou... Sonhou que
todos na escola estavam não só se preparando para os jogos, mas também —
e com que alegria — preparando os jogos. Para começar, na primeira reunião
convocada por ele mesmo para debaterem o assunto, tinham decidido que
naqueles Jogos, todos os alunos jogariam. Trataram, depois, de encontrar uma
maneira de concretizar tal intenção, de forma a preservar o prazer de jogar
tanto para aquele que o sabia fazer bem, quanto para aquele outro que o fazia
não tão bem ou mesmo mal.
— Ora, mas eu só sou bom em futebol. Não sei jogar voleibol muito
bem e no basquete então, mal consigo 'caminhar' na quadra, falou Pedro, o
'Pedrinho', questionando a viabilidade de concretização da decisão,
Mas o engraçado era que, apesar de saber ter pela frente muito
trabalho, sentia-se bem disposto. Aqueles eram realmente os seus jogos! Os
Jogos de todos da escola! Sim, porque era evidente que a presença dos
professores também era necessária, pois havia muitos conhecimentos de
ordem técnica que eles desconheciam. Sistemas de competição, por exemplo.
Mas se era verdade que não os conheciam, também o era serem capazes de
passarem a conhecê-los.
Bibliografia
BETTI, M. Educação Física e Sociedade. São Paulo, SR Editora Movimento,
1991.
CAPÍTULO: QUATRO
1
Do Nhenhenhém à Teoria da Prática
1
Este Artigo foi escrito por conta de minha participação no Seminário Educação Física Escolar:
Tendências e Desafios dos Anos 90, organizado pela Seção São Paulo do Colégio Brasileiro
de Ciências do Esporte, CBCE, e pelo Núcleo de Estudos e Debates em Educação Física,
NEDEF, ambos tendo à frente, naquela ocasião, Francisco Eduardo Caparroz, Renato Saddi e
..., então professores de Educação Física da Rede de Ensino Paulista. Realizado em agosto de
1995 nas dependências do SINPRO— Sindicado Nacional dos Professores da Rede Particular
de Ensino — em São Paulo, teve o mérito de promover o debate entre três professores da
Faculdade de Educação Física da UNICAMP'(João Batista Freire, Jocimar Daólio e eu) com
contribuições tidas como significativas para a disciplina pedagógica Educação Física, debate
esse não realizável naquela instituição por motivos que busquei retratar em minha participação
e no meu texto. Em 1996, o NEDEF publicou um Caderno de Debates, com tiragem diminuta e
circulação restrita aos participantes, com os textos dos palestrantes e dos elaborados pelos
organizadores, fazendo constar também respostas às perguntas formuladas por eles aos
debatedores. É interessante notar como muito daquilo que lá, agosto de 995, se perspectivava,
fez-se por concretizar nos anos que se seguiram, dando ao texto, neste 1998, um ar de grave
atualidade.
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Vamos aos fatos. Do final dos anos 70 para cá, ela vem
consolidando-se enquanto área acadêmica. Implantou e implementou seus
programas de pós-graduação strito sensu, primeiramente, no mestrado, e, a
partir dos anos 90, no doutorado, os quais são responsáveis por uma gama
quantitativamente significativa de dissertações e teses, mais aquelas do que
estas, defendidas. A partir da segunda metade dos anos 80, por conta de
movimentos já identificados e interpretados em várias oportunidades por
diferentes profissionais, passamos a conviver com propostas pedagógicas dos
mais distintos matizes, que ampliaram significativamente o leque de
possibilidades de tratamento dessa disciplina pedagógica, fazendo-nos supor
que os seus dias de apêndice da educação escolar estariam contados, à
medida que germinaria, tanto no ambiente universitário quanto no das escolas
de 1°e 2° graus, um salutar ambiente de debate e reflexão coletiva acerca de
sua ação pedagógica.
dentro dele também livre para cuidar de seus próprios interesses, reagindo
intempestivamente quando, camaleonicamente travestidos de progressistas,
são flagrados em práticas conservadoras, quando não reacionárias.
CAPÍTULO: CINCO
1
Teses acerca da Questão da Regulamentação da Profissão
1
Este texto foi elaborado visando subsidiar minha intervenção — representando a direção
nacional do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte — na Audiência Pública promovida pelo
Deputado Federal Paulo Paim — relator do Projeto de Lein°330/95'na Comissão de Trabalho,
de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados— no dia i 7 de outubro de
1996. Posteriormente, foi publicado no Boletim Informativo do CBCE ano XVIII (3), set/dez/96,
juntamente com o Substitutivo ao PL 330/95, elaborado por aquele Deputado e por ele
apresentado àquela Comissão em 3 I daquele mesmo mês. De lá para cá, aguarda ser votado
no pleno daquela Comissão para, se aprovado, dar seqüência à sua tramitação no Congresso
Nacional, fato esse que não acreditamos vá acontecer nessa atual legislatura. Por sua vez, ao
longo desse período, inúmeros debates foram e continuam sendo realizados sobre o assunto,
todos eles revestidos de caráter altamente polêmico.
2
A referência primeira que temos acerca da origem da FBAPEF — e à Inezil Penna Marinho
em sua direção — é do ano de I 94 I. Naquela ocasião, o Departamento de Imprensa e
Propaganda, DIP — órgão responsável pelo "marketing" do governo estadonovista — fez
realizar, em conjunto com a Associação Brasileira de Educação Física, um Ciclo de
Conferências sobre Educação Física.
Trabalho realizado por: gagaufera2003@yahoo.com.br
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Está para ser contada a história do movimento dos professores de Educação Física e do
processo de sua organização em torno das Associações de Professores e da Federação
Brasileira de Associações de Professores de Educação Física. É de domínio público os
episódios ocorridos por ocasião do Congresso Brasileiro de Educação Física realizado em
1988, em Recife, PE. No que ali se processou, podemos localizar elementos determinantes dos
fatos que levaram ao afastamento, do embate político, dos setores que estavam à frente
daquelas entidades.
Trabalho realizado por: gagaufera2003@yahoo.com.br
Bibliografia
CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil;A História que não se conta.
4a Edição. Campinas, SR Editora Papirus, 1995.
Sobre o Autor