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Inimigo # 1 do cristão: o diabo

Quem é o Diabo?

O Diabo é apresentado na Bíblia como um anjo rebelde.


Ele não é um deus em oposição a Deus. Ele é um anjo
criado, e está no degrau de baixo, aliás, muitos e muitos
degraus abaixo do status da divindade.

Algumas pessoas perguntam sobre quem criou o


Diabo. Minha resposta é a seguinte: Deus criou Lúcifer
e Lúcifer “criou” o Diabo. Deus criou um anjo, e o anjo se
rebelou contra o Criador. Deus criou um anjo e o anjo
“criou” o Diabo. Esse anjo afrontou a autoridade de
Deus, e desejou sentar-se no trono de Deus
(Isaías 14.12-14). A Bíblia chama esse anjo de
Acusador, Maligno, homicida, pai da mentira, Adversário
dos cristãos e deus deste século.

O Diabo é um ser espiritual com inteligência, vontade e


poder, e tem consigo um exército de espíritos malignos que
chamamos de demônios. O Diabo não é uma força. O
Diabo não é a negação do bem. O Diabo não é o lado ruim
do ser humano. O Diabo é um ser espiritual, é uma
personalidade, ele existe independentemente de você
achar que ele existe. Ele age, você crendo ou não
crendo. Ele existe de forma autônoma a você. O Diabo,
para existir não depende de você.

O interesse do Diabo a seu respeito é a sua destruição


completa. Ele é aquele que a tudo quer chamar de “eu”. Ele
é um “bicho come-come maligno”. Esta é uma boa figura
para o Diabo: ele quer engolir tudo e incorporar todas as
coisas à sua própria personalidade. Nesse ponto, ele é a
antítese de Deus, muito embora colocar alguém como a
antítese de Deus seja elevar demais o patamar desse
alguém. Deus, na Bíblia, é aquele que se dá, é
aquele que transborda de si, é aquele que compartilha o
que é.

O Diabo, ao contrário, é aquele que toma, aquele que suga,


aquele que absorve ou pretende absorver tudo em si
mesmo.

Como é que o Diabo age contra os cristãos? O Diabo age


contra os cristãos basicamente de três maneiras. A
primeira, e mais elementar das ações satânicas, é a
tentação, quando o Diabo sugere o mal e nos seduz em
sua direção. O Diabo propõe comportamentos, posturas,
acessos, oportunidades. Tentação é o chamado do Diabo
para que você ande na direção contrária da vontade de
Deus.
A segunda maneira como o Diabo age é a opressão,
quando o Diabo manifesta a sua incômoda e tenebrosa
presença.

O que quero dizer com isso é que nem sempre,


quando estamos tentados, nós percebemos que
estamos num conflito com o tentador. De vez em quando
passa alguma coisa pela sua cabeça e você acha que é da
sua cabeça. De vez em quando você tem um impulso
numa direção e você acha que é um impulso seu.
Pode ser que seja algo somente da sua cabeça, e pode
ser que seja apenas um impulso da sua vontade, mas pode
ser também um empurrãozinho do tentador.
Na opressão nós não temos dúvidas quanto ao fato de que
o Diabo está agindo. A opressão é quando ele manifesta a
sua presença, como disse Jó, ao afirmar que “um espírito
passou pôr mim e arrepiou os pelos da minha carne”.
Quando as pessoas dizem: “Esse ambiente está
carregado”, ou: “Fulano precisa de um descarrego”, é sinal
de que a presença do Diabo se tornou perceptível. Isto é
opressão.
É isso que o apóstolo Paulo está dizendo sobre seu
“espinho na carne”, um “mensageiro satânico, que o
esbofeteava”(2 Coríntios12.7-10).
O apóstolo Paulo não tinha apenas impressões ou
percepções. Ele tinha contato direto, explícito e
sensível com a presença satânica. Isto é opressão.
Opressão, em outras palavras, é quando cai coisa de cima
da mesa, bate porta, você escuta barulho de corrente
arrastando pela sua casa. Ou então quando você é tomado
de excessiva tristeza, ou sono, ou dores no corpo, pavores
aparentemente insuperáveis. Se você não passou pôr isso,
saiba que tem muita gente que passa. Se você nunca
passou pelo fenômeno de ver pessoas na sua sala, saiba
que tem muita gente que vê. Se você nunca passou pela
experiência estar no seu quarto, e abrir-se a porta e entrar
uma senhora, sentar-se à sua cama, conversar com você e
ser uma senhora que já faleceu há três meses saiba
que tem muita gente que passa pôr isso. Isso é opressão.
A terceira maneira como o Diabo age contra os cristã
os é a chamada demonização, que erroneamente está na
boca do povo como “endemoninhamento”. Não existe o
endemoninhado, existe o demonizado. O que é o
demonizado? O demonizado é aquele que está sob a
influência e, às vezes, sob o controle do Diabo.
Nenhum cristão é propriedade do Diabo. Nenhum
cristão pode ser possuído pelo Diabo. Fomos
transportados das trevas para a luz, sobre nós habita o
Espírito Santo de Deus e nós estamos selados como
propriedades exclusivas de Deus. Mas nenhum cristão está
isento à influência e ao controle eventual, ainda que
indesejado, do Diabo.
Quando Ananias e Safira ofereceram uma oferta mentirosa
aos pés dos apóstolos, são repreendidos de imediato pelo
apóstolo Pedro com as seguintes palavras: “Por que vocês
deixaram o Diabo enchero coração de vocês?”
(Atos 5.3). A Bíblia na Linguagem de Hoje traz a tradução:
“Por que você deixou o Diabo
dominar o seu coração?” Lembra-se do conselho do
apóstolo Paulo à respeito de não dar lugar ao Diabo?
(Efésios 4.30)
O que aconteceu com Ananias e Safira é que deram lugar
ao Diabo, e o Diabo encheu o lugar que deram.
O que significa o Diabo encher o lugar que damos?
Significa não apenas ele exercer a sua grande
influência, mas inclusive exercer controle, razão pela qual
a tradução da Bíblia na Linguagem de Hoje
é “por que você deixou Satanás dominar
o seu coração?”
Alguém poderia dizer que Ananias e Safira não eram
cristãos. É uma fuga razoável de encarar o ensino
bíblico.
Podemos, então, ler o conselho de Paulo a Timóteo: “O
servo do Senhor não deve brigar, mas deve ser delicado
com todos. Deve ser um mestre bom e paciente, que
corrige com bondade aqueles que são contra ele, pois
pode ser que Deus dê a eles a oportunidade de se
arrependerem e de conhecerem a verdade, e assim
voltarão aos seu perfeito juízo, e escaparão da armadilha
do Diabo, que os havia agarrado e os fazia obedecer às
sua vontade” (2 Timóteo 2.24-26).

Estamos numa epístola pastoral, avaliando um


conselho de Paulo ao pastor de uma igreja local, a
saber, a igreja de
Éfeso. Paulo está recomendando que a ação pastoral de
Timóteo para com aqueles que causam problemas dentro
da igreja deve ser uma ação de brandura, de bondade, de
paciência e de instrução, inclusive correção, para que eles
se arrependam e voltem ao perfeito juízo, e
escapem da armadilha, ou “dos laços do Diabo”, que os
havia agarrado, “obrigando-os a fazer ou obedecer à sua
vontade”.
Este é um texto da Bíblia que nos diz que alguns cristãos
podem ser agarrados pelos laços do Diabo, e forçados a
fazer a vontade do Diabo. Esse é o conceito
dedemonizado. Não é apenas estar sob influência do
Diabo, mas é estar sob controle do Diabo.
Existe uma dimensão de nossos comportamentos
pecaminosos que são explicados como “obras da carne”
(Gálatas 5.19-21). Trata-se de uma ação sob sua
responsabilidade, resultado de sua vontade em rebeldia a
Deus. Mas existe uma dimensão de comportamento
pecaminoso que já não é mais explicado como “obra da
carne”, mas como demonização. É quando o cristão
peca, não porque está rebelde contra Deus,
mas porque está em laço satânico, e está coagido e
forçado a fazer a vontade do Diabo. Por isso é que há
cristãos sendo usados pelo Diabo, sem perceberem que
estão sendo usado pelo Diabo. Por isso é que há
coisas que alguns cristãos fazem, e eles não fazem
simplesmente porque querem fazer, mas fazem dizendo:
“Eu não consigo não fazer...e já estou achando inclusive
que quero fazer mesmo”. Pôr que? Porque a sua vontade
está cativa ao controle e à influência 3 do Diabo. E isso a
Bíblia chama de demonização. É mais do que tentação, é
mais do que opressão, é demonização. Acredito que
este é um conceito novo para a maioria, que sempre achou
que pôr ser cristã estava de “corpo fechado”.
Creio que a nossa segurança, enquanto cristãos, é que
estamos garantidos para avida eterna, mas enquanto
estamos no mundo a guerra contra o Diabo não é uma
guerra de mentirinha e nem de brincadeira. Quando a
Bíblia diz que o Diabo quer nos destruir, ele quer mesmo.
Quando a Bíblia diz que ele é o nosso adversário, ele
é mesmo. E quando a Bíblia diz que ele pode
ocupar lugar na sua vida que não pertence a ele, e que
você não deve dar lugar ao Diabo, a Bíblia está falando em
termos práticos e não filosóficos, psicológicos ou
teológicos.
Quando a Bíblia diz que o Diabo é usurpador, invasor,
enganador e sedutor, é porque ele é tudo isso mesmo. E
quando a Bíblia diz que ele controla e influencia
radicalmente, é porque sua atividade extrapola nossa
percepção e invade nossa vontade.
Demonização é mais do que o Diabo sugerir você pegar a
mala de dinheiro. É mais do que o Diabo sugerir você
tomar mais um copo.
O cristão deve, portanto, enfrentar o Diabo baseado em
sua posição, comunhão e autoridade em Cristo Jesus. O
que
quero dizer com isso?
Os cristãos estão “assentados em Cristo, nas regiões
celestiais” (Efésios 2.6), e suas vidas estão “escondidas
com Cristo, em Deus” (Colossenses 3.3). Esta é a posição
do cristão: em Cristo. Quem está acima de Cristo?
Ninguém. Que posição ocupa o cristão no reino
espiritual? Em Cristo. Quem está acima
de quem está em Cristo? Ninguém. Portanto, nenhum
cristão deve dizer que está sob laço satânico contra sua
própria vontade.
O Diabo tem na sua vida o espaço que você dá para
ele, só esse. Porque a palavra de Deus também vai nos
dizer que Jesus deu a você e a mim, como seus discípulos
e seguidores, a autoridade que o Pai deu a Ele. Deus nos
deu poder e autoridade (Lucas 9.1). A expressão da língua
grega traduzida por autoridade é euxousia, e é uma palavra
extremamente importante no Novo Testamento, pois traz
um conjunto de significados. Traz não só o direito, a
autorização, mas a capacitação para fazer valer o
direito e a autorização que se tem. O que Jesus me
deu quando me trouxe das trevas para a luz foi a
sua euxousia, a sua autoridade. O que Ele me deu?
Ele me deu o direito de viver na luz, Ele me deu a
autorização para entrar na luz, e me deu a capacitação
para viver na luz impedindo que o acusador venha contra
mim e me devore. Eu digo “pára”, e ele pára. Porque não é
a minha autoridade que faz com que e
le pare, não é a minha autoridade que fecha portas para
que o Diabo tenha lugar na minha vida, mas é a autoridade
de Jesus que está sobre mim, e eu digo “em nome de
Jesus, pára”. E ele pára. Esta é a euxousia de Cristo.

Nós cristãos, além da segurança da posição em Cristo, e


da sua autoridade delegada a nós, devemos enfrentar o
Diabo “revestidos de toda a armadura de Deus, fortalecidos
no Senhor e na força do seu poder”
(Efésios 6.10-13).
Isso equivale dizer que nossa luta não depende apenas da
nossa posição em Cristo, mas de nossa condição espiritual.
Há determinadas prerrogativas que temos na vida cristã
em função da nossa posição em Cristo Jesus, mas há
determinadas dimensões de combate em que a vitória
depende de nossa condição em Cristo.
Finalmente, devemos enfrentar o Diabo rendidos ao
Espírito Santo de Deus, que nos dá discernimento, que nos
enche de dons espirituais no momento do combate,
que traz à nossa mente e ao nosso coração a palavra de
Deus e que nos enche de convicção quanto à vitória de
Cristo na cruz. Essa parceria do Espírito Santo, o
Parácletos, o Deus que está ao nosso lado, é
indispensável no momento do confronto.

Quero chamar sua atenção para o texto bíblico que diz:


“Peguem agora a armadura de Deus. Assim, quando
chegar o dia de enfrentarem as forças do mal, vocês
poderão resistir aos ataques do inimigo, e depois de
lutarem até o fim, vocês ainda continuarão firmes sem
recuar”(Efésios 6.13). Preste atenção no que a Palavra de
Deus está dizendo: “Pegue agora a armadura de
Deus”. Para que?
Para...“Quando chegar o dia de enfrentar as forças do mal”.
Nós não estamos enfrentando as forças do mal 24 horas
pôr dia, não estamos nesse confronto direto com os
espíritos do mal 24 horas pôr dia. Mas há momentos em
que estamos.
Assim é que a palavra de Deus conta que Jesus no
deserto, e no seu período de jejum,foi tentado, mas tendo
resistido ao tentador, diz a palavra de Deus que “o Diabo
saiu da presença de Jesus, esperando uma ocasião mais
oportuna para tentá-lo” (Lucas 4.13), esperando a brecha
da vulnerabilidade, esperando a oportunidade, esperando a
angústia nascer de novo, esperando a fraqueza aflorar. É
como se o Diabo olhasse para mim e dissesse: “Se eu
entrar agora vou perder tempo, ele está vigilante em
oração. Vou esperar o dia em que ele vai dar uma
fraquejada. Vou esperar ele fragilizar emocionalmente. Vou
esperar ele entrar na fase ruim do casamento. Vou esperar
o desemprego dele, aí eu coloco aquela grande
oportunidade fraudulenta. Vou esperar a hora da fraqueza,
a hora em que ele estiver se sentindo forte e abaixar a
guarda. Quando ele abaixar a guarda eu entro”. 4
Pôr isso é que o apóstolo Paulo está dizendo: “peguem a
armadura de Deus agora.. Revistam-se da armadura de
Deus agora, e fiquem atentos”. E assim Jesus nos ensinou,
a “vigiar e orar”.

Inimigo # 2 do cristão: o mundo


O que é o mundo, nosso adversário? A Bíblia apresenta
três conceitos de mundo. Primeiro, o mundo natureza: “Do
Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que
nele habitam” (Salmo 24.1).
O segundo conceito que a Bíblia traz de mundo é o “mundo
humanidade”: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira,
que deu seu Filho unigênito para que todo aquele que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
O terceiro conceito bíblico de mundo é o “mundo
sistema”, organizado contra a vontade de Deus e o povo de
Deus: “Não tomem a forma deste mundo”, não entrem
nestes sistemas, não se enquadrem nesse
modus vivendioposto à vontade de Deus (Romanos 12.2)
pois...

“Omundo passa”, essa presente ordem um dia v


ai acabar, de modo que o cristão não deve amar o
mundo nem o que no mundo há (1 João2.15-17). Este
terceiro conceito, “mondo sistema”, é o nosso adversário.
Não lutamos contra o mundo humanidade, nem contra o
mundo natureza. Lutamos contra um sistema orga
nizado contra a vontade de Deus, um sistema diabólico.

Este “mundo sistema” é nosso adversário pelo menos de


três maneiras. Primeiro, em razão da violência com que se
opõe às propostas de Deus, chegando inclusive a
perseguir os cristãos (João 15.18-21). Quando Jesus
fala que o mundo nos odeia, é que ele está organizado
de maneira veemente contra a vontade de Deus, e
contra aqueles que querem viver segundo a vontade de
Deus. Esta
é a razão porque o Senhor Jesus diz que somos
bem-aventurados quando perseguidos pôr estarmos
praticando a justiça (Mateus 5.11,12).
Em segundo lugar, o “mundo sistema” é nosso adversário
porque exerce um fascínio que encontra eco em nossos
apetites, e chegamos a considerar que o que no mundo há
pode matar a nossa fome existencial.
Por vezes, cansamos de esperar em Deus para a
satisfação dos nossos desejos e necessidades, e
acreditamos que o aproveitamento das coisas que o
mundo oferece podem matar nossa fome. Mas a Bíblia
ensina que tudo quanto abraçamos sem que nos
tenha vindo de Deus jamais satisfará nossos apetites.
Somente as veredas da justiça nos conduzem aos pastos
verdes e águas tranqüilas.
E, em terceiro lugar, o “mundo sistema” é nosso adversário
porque coloca sobre nossos ombros um peso existencial
insuportável. Jesus diz: “Fiquem vigiando e orando sempre,
para que não aconteça que os seus corações fiquem
sobrecarregados
com as orgias, bebedices e problemas da vida” (Lucas
21:33, 34). Veja que Jesus não está considerando a
possibilidade de nos envolvermos em orgias e
bebedices. Ele não está dizendo “vigiem, para que vocês
não se vejam, em determinado momento, no meio de uma
orgia”. Ele não está dizendo isso, mas Ele está dizendo que
mesmo sem estarmos participando da orgia, nós
podemos ter o nosso coração sobrecarregado pe
las conseqüências da orgia. Em outras palavras, se você
fica olhando muito para este “mundo sistema”, ele entra na
sua cabeça e você começa achar que a vida funciona
daquele jeito, e que é impossível você ter uma família
equilibrada no mundo de hoje, queé impossível você ter
êxito na vida sem ser ladrão e trambiqueiro, e que é
impossível você ganhar o pão de cada dia
honestamente. Você começa a achar que a normalidade
do mundo é aquela da tela da TV. “Cuidado”, disse Jesus,
“cuidado, que essa coisa vai gerar um peso no seu
coração e você vai desacreditar da vida. Cuidado, isso
vai adoecer a sua alma, isso vai esmagar você, e você já v
ai começar a duvidar que é possível viver fazendo a
vontade de Deus. Cuidado”.
Para vencer a batalha contra o “mundo sistema”, o
cristão deve deixar-se transformar pela renovação do
seu entendimento (Romanos 12.2). Pôr isso é Jesus diz:
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João
8.32). A renovação do nosso entendimento, da nossa
mente conformada à mente de Cristo e não
conformada ao mundo, vai nos fazer enxergar a
realidade como ela é de fato, e vai trazer o discernimento
necessário para não nos deixarmos seduzir pelo “mundo
sistema”.
Além de deixar-se permear pela palavra de Deus, nós
cristãos devemos combater o mundo buscando toda
nossa satisfação em Deus, recusando-nos a beber
água de chuva em cisterna rachada, mas bebendo da
água viva que Deus colocou dentro de nós, a saber, o
Espírito Santo (Jeremias 2.12,13; João 7.37-39).

Que combate é esse, tão desesperador? O combate


desesperador é o combate que acontece entre o
despertar do desejo, o surgimento da necessidade, e a
satisfação em Deus. No meio do caminho nós somos
tentados, atraídos, e convidados a sair das veredas da
justiça, encontrarmos atalhos e nos satisfazermos
naquilo que não é Deus e naquilo que não vem de Deus.
Parece ser esse um combate sem tréguas.

É como se disséssemos: “Preciso de alguma coisa, anseio


alguma coisa, mas não creio que se continuar andando na
luz essa necessidade vai ser satisfeita. Não creio que se
continuar pelas veredas da justiça, Deus vai satisfazer meu
desejo e suprir minha necessidade”. Essa é a nossa maior
batalha.
Não se trata apenas de desejos ilícitos, mas também de
desejos lícitos. Pôr exemplo, o pão de cada dia. Não é
apenas um desejo, é uma necessidade. O que é que eu
faço? Espero em Deus ou vou à luta? Sacrifico minha
consciência para prover o pão ou espero por Deus?
Nesse intervalo do coração carente, da necessidade
de afeto, com conta para pagar, com o mercado
extremamente competitivo, nós olhamos lá no horizonte e
vemos que Deus nem deu sinal ainda, mas o coração está
clamando e gritando. Aí, você olha em volta e vê esse
“mundo sistema” dizendo: “Rapaz, toma um copo que isso
passa. Toma uma Kaiser antes”. “O teu casamento ele já
tá ruim já bem uns quinze anos, hein? Até consertar
isso aí, hã, vai demorar demais. Pega um atalho”...
Dá para entender o que é a pressão do mundo e o que é
uma cisterna rachada com água de chuva? Na minha
experiência pessoal, o “mundo sistema” é pior do que o
Diabo. O Diabo, a gente manda embora, mas o mundo, o
mundo nós vamos continuar dentro dele.

Inimigo # 3 do cristão: a carne


Dentre os muitos sentidos possíveis, a palavra carne
na Bíblia, pode ser interpretada como a natureza hum
ana independente de Deus. Carne é o centro da nossa
identidade, carne é o âmago do nosso ser que, quando
está separado de Deus, está morto e não pode agradar a
Deus. Mas quando nós somos reconciliados com Deus,
Deus nos dá vida, e nos dá seu Espírito Santo (Romanos
8.4). Mas a carne ainda existe. Ela já não está mais morta
e já não está rebelde a Deus, mas ela existe.
Pôr isso é que, nós cristãos, lutamos na carne contra
o Espírito. A carne é a nossa natureza humana, que
pode se rebelar e pode se render.
A carne tem um pendor para atender a sugestão do Diabo
e buscar sua satisfação no mundo: “Vocês, foram
chamados para serem livres, mas não deixem que
essa liberdade se torne uma desculpa para se deixarem
dominar pelos desejos humanos” (Gálatas3.1).
Mesmo convertidos, continuamos com nossos apetites, e a
carne ainda está lutando contra o Espírito, para não fazer a
vontade Deus. Mas a Bíblia nos ensina como lutar contra
esse pendor.
Em primeiro lugar, devemos nos render ao Espírito Santo
de Deus. Somente quando somos guiados pelo Espírito é
que conseguimos fazer a vontade de Deus: “porque a
nossa natureza humana é contra o que o Espírito
Santo quer, e o que o Espírito quer é contra o que a
natureza humana deseja. Os dois são inimigos, pôr
isso vocês não podem fazer o que querem. Porém, se é
o Espírito que guia vocês, então vocês conseguirão vencer
os apetites da carne” (Gálatas 5.16,17).
Em segundo lugar, devemos agir diligentemente para
equivaler nossa posição em Cristo com a nossa condição
em Cristo: “Vocês ressuscitaram com Cristo, passando
da morte para a vida...

Portanto, ponham o seu interesse nas coisas que


estão no céu, onde Cristo está assentado no seu trono, ao
lado direito de Deus. Pensem nas coisas lá do alto, e não
nas que são aqui da terra ... porque vocês já morreram,
e as suas vidas estão escondidas com Cristo, que está
unido com Deus ... portanto, façam morrer os desejos deste
mundo que agem em vocês”.
O cristão já morreu com Cristo, já foi transportado da
morte para a vida, das trevas para a luz, e está em Cristo.
Mas dentro do cristão ainda existem apetites e desejos.
Mate isso, e dedique-se a Cristo. Faça com que a sua
condição existencial seja coerente com a sua posição
espiritual.

É possível que o cristão, cuja vida está em Cristo, viv


a olhando para baixo, ao invés de olhar para o alto. Sua
condição: olhar para baixo está disforme em relação à sua
posição: em Cristo. A Bíblia manda: olhe para cima.
Paulo, apóstolo, também diz que “sabemos que a nossa
velha natureza pecadora foi morta com Cristo na cruz para
que fosse destruída, e assim não fôssemos mais escravos
do pecado, pois quem morre fica livre do poder do pecado”
(Romanos 6.6,7). O ser humano que não está em Cristo,
peca porque é pecador. Ele não é pecador porque peca,
ele peca porque é pecador.
O ser humano nas trevas, longe de Cristo, é um
tuberculoso que tosse. Ele é tão culpado de pecar quanto o
tuberculoso é culpado de tossir, porque ele tem uma
natureza humana pecaminosa, e está escravo do pecado.
Quando nos reconciliamos com Deus e ocupamos
posição em Cristo, Cristo nos cura da tuberculose.
Mas ainda podemos tossir. Só que, quando tossimos, já
não é mais porque somos incapazes de não tossir.Veja a
seqüência do ensino bíblico: “se já morremos com Cristo...
que o pecado não domine os seus corpos mortais,
fazendo que vocês obedeçam aos desejos da natureza
humana”. Em outras palavras, “vocês podem viver sem
tossir”, porque vocês
estão em Cristo, e a natureza humana pecaminosa de
vocês já morreu em Cristo. Mas, vocês têm uma natureza
humana.
Façam com que esta natureza humana esteja rendida às
mãos de Deus, ao invés de oferecida ao pecado, e também
não entreguem ao pecado nenhuma parte do corpo de
vocês, a fim de ser usada para o mal, ao contrário,
entreguem-se a Deus como pessoas que foram trazidas
da morte para a vida, entreguem-se completamente a Ele,
a fim de serem usados para fazer o que é bom. Que o
pecado não os domine, pois vocês não vivem debaixo da
lei, mas debaixo da graça de Deus (Romanos 6).

CONCLUSÃO
Assim é, que lutamos contra o Diabo, contra o mundo e
contra a carne. Essa guerra espiritual é estressante, uma
vez que nela não há tréguas. De quando em vez, nos
deparamos num confronto explícito com os espíritos do
mal, mas estamos no mundo, sofrendo suas pressões, e
temos ainda uma natureza humana, que reclama
satisfações.
Entretanto, mesmo não havendo tréguas na guerra, a
realidade na luta não deve se constituir o cerne da vida
cristã. A vida cristã não é uma experiência
caracterizada pôr ser contra alguma coisa, não é uma
vida caracterizada pela abstinência de
prazeres. A vida cristã é uma experiência de acesso a
realidades plenamente satisfatórias.
Os inimigos existem e estão presentes, mas nossos
corações estão ocupados com as delícias da mesa de
Deus. “Preparas uma mesa perante mim, na presença
dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo,
e faz transbordar o meu cálice”.
Ovelhas possuíam diferentes inimigos: coiotes, lobos,
pestes, abismos, e não podiam defender-se a si
mesmas, dependiam do pastor. Assim é o cristão:
jamais estressado pela realidade dos adversários, mas
descansado à mesa do Bom
Pastor. Na mesa do Bom Pastor encontramos segurança e
satisfação, vinho e unção, prazer e restauração. O
problema dos cristãos não é necessariamente a realidade
dos seus adversários: o Diabo, o mundo e a carne. O
grande problema é que o Bom Pastor colocou uma mesa
diante de nós, e nós não sabemos comer nessa mesa. Nós
não sabemos acessar os prazeres e as delícias da
mesa. Em outras palavras, nós não fomos
instruídos a ter satisfação em Deus. Não aprendemos a
comer na mesa de Deus, de tal maneira a beber do cálice
transbordante e viver com a cabeça encharcada do óleo da
benção e da unção de Deus?
Tenho orado insistentemente, e sei que tenho alguns
amigos espirituais orando da mesma maneira, para
que os cristãos experimentem o prazer da santidade, o
prazer em Deus. Se está correta a afirmação de que “a
melhor defesa é o ataque”, então o caminho da vitória
contra o mundo a carne e o Diabo não está na dimensão d
a resistência e das tentativas de evitar tais realidades,
mas sim na direção contrária. Ao invés de focalizarmos os
inimigos presentes, devemos estender as mãos para a
mesa de Deus que está posta diante de nós. Devemos
concentrar nossa atenção e interesses, no cálice e no
óleo da unção de deus para seu rebanho.

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