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Um Assunto Delicado e Íntimo

Mirtzi
mirtzi@gmail.com

Por volta dos meus 15 anos de idade, eu já havia desenvolvido meu próprio método para encontrar a
essência de problemas, o ponto chave, aquela questão que muitas vezes está escondida entre inúmeros
motivos aparentes. Se trata de uma técnica indutiva, com questionamentos que, passo a passo, por
eliminação, conduzem da superfície até a raiz da causa real.
Segundo o dicionário “Oxford Languages”, a indução é o “raciocínio que se serve de indícios para chegar
a uma causa por eles tornada patente”.
No processo, as perguntas servem para identificar e ao mesmo tempo, descartar as pistas falsas ou aquilo
que não é o problema em si, em sua essência.
Uma psicopedagoga do colégio em que eu estudava, viu no meu procedimento indutivo, uma ferramenta
útil. Propôs que, sob sua tutela e supervisão, eu ouvisse e conversasse com alguns alunos do turno
noturno (mais velhos que eu), após minhas atividades físicas no ginásio, no período da tarde. Eu
concordei, e, segundo ela, os resultados foram satisfatórios, houve avanços entre aqueles que estiveram
conversando comigo sobre pontos que estavam a andar em círculos anteriormente, sem encontrar a
causa dos impasses que vivenciavam emocional e psicologicamente.
Com o tempo, li muito sobre assuntos do comportamento humano, no viés da filosofia, da psicologia, da
psicanálise e da ética. Também adentrei no campo da consciência em modelos alternativos, em
postulados de escolas herméticas do passado. Procurei cursos e vivências nessas áreas, de modo a que
eu pudesse compreender a minha própria vida e ajudar ou dar suporte àquelas pessoas mais vulneráveis
do que eu. Durante esse tempo, trabalhei em vários eventos alternativos, gratuitamente como voluntária,
fazendo atendimentos a pessoas que se inscreviam para obter ajuda ou esclarecimentos. Também estive
ministrando palestras, vivências, participando em fóruns, em diversos seminários, simpósios e entidades
civis em Campina Grande e João Pessoa (PB); cidades em Minas Gerais, Tocantins (Palmas e Pium),
Rio Grande do Sul; e, em Brasília.
Esse prefácio foi para introduzir o tema delicado e íntimo que consta do título desse texto.
Constatei que é crescente o fato de que, por diversos motivos, homens na faixa etária entre 35 a 75 anos,
têm apresentado problemas no quesito da potência sexual/ereção. Geralmente, quem procura ajuda são
as companheiras desses indivíduos. Isso porque ainda é tabu falar sobre impotência masculina.
Uma vez que as suas companheiras se deparavam com essa situação, suas reações ocorriam de acordo
com o tipo de educação familiar ou de repressão que receberam da infância à adolescência e, também,
dos dogmas e conceitos que absorveram ao longo da vida.
O assunto é extremamente delicado e íntimo, com a observação de que cada caso é ÚNICO e comporta
detalhamentos completamente diferentes, assim como a identificação de sua causa principal.
Em uma sociedade patriarcal, que na maioria das vezes é machista, a grande vítima fica sendo a mulher.
Do mesmo modo que um homem se sente impotente no sexo, falta à sua companheira a satisfação física
e emocional de que precisa para manter uma vida saudável e aprazível.
Sexo e sexualidade saudáveis, são elixires milagrosos que levam ao ser humano, o bem-estar desejado,
a alegria, a sensação de pertencimento e intimismo, o aconchego afetivo, amor e aceitação de um para
com o outro.
É preciso compreender que a pele humana em toda a sua extensão é a maior zona erótica que uma
pessoa dispõe para o prazer. O toque no corpo, mesmo sem o ato sexual completo, gera alegria,
vitalidade e nutre o afeto. Sexo nesse diapasão, favorece à existência de um elo fortíssimo e proporciona
ao casal um vigor e uma vida equilibrada, leve, prazerosa.
Em sociedades como ainda é a nossa, o homem se fecha, não toca nesse assunto, e, é como se a vida
tivesse sido AMPUTADA no quesito da sexualidade e do próprio sexo. Para a maioria desses homens,
cessa qualquer tipo de diálogo com a companheira sobre esse assunto e eles jamais farão novamente
qualquer tipo de carinho em sua consorte, que passam a sofrer caladas, acumulando carências e
ressentimentos. E isso vai tornando a vida do casal mais amarga e sem tempero: árida e cheia de lacunas
não preenchidas. E, qual seria a solução?
Lembro de uma assertiva que disse um músico, no intervalo de sua apresentação em um desses pubs,
no bairro do Bexiga, em São Paulo, que tocava washboard (traduzido como "tábua de lavar"),
instrumento de percussão onde as mãos precisam ser hábeis e precisas para obter os sons desejados,
utilizado por ritmistas de grupos de jazz cigano ou jazz manouche: “Homens, pratiquem bem com as
mãos, porque quando o cachimbo cair seu melhor instrumento serão os dedos”.
À época eu estava aos meus 26 anos de idade, mas, essa frase ecoa sempre que escuto pessoas que
sofrem por problemas que envolvem a impotência e/ou desejo sexual sem poder desfrutar dele.
Mas, parênteses acima à parte: se o homem, por criação ou preconceito, vergonha ou orgulho ferido, não
toma a iniciativa para encontrar uma SOLUÇÃO, a mulher pode fazer esse papel, de acordo com o vínculo
que existe entre ela e o parceiro.
É preciso consultar médico especializado para cada caso, uma vez que as causas são diferentes. Outra
providência, em PARALELO, é consultar um terapeuta de casais, que poderá auxiliar no encontro de
alternativas para que ambos possam vivenciar o prazer, apesar de algum tipo de problema na área sexual.
O terapeuta especializado em terapia de casais ajudará e facilitará esse processo de entendimento,
entrosamento e ajustamento em relação aos impasses que surgiram, e, de que tipo de alternativas
poderão ser utilizadas para atingir ao fim desejado.
Essa será uma oportunidade para fortalecer laços e vivenciar de modo agregador a intimidade que todo
ser humano necessita.
Eu SUGIRO a leitura da Encíclica Papal “Deus Caritas Est”, do então Papa Bento XVI, editada no mês de
dezembro de 2005, que leciona sobre SEXO, o EROS e o ÊXTASE NESSE SENTIDO. Esse belíssimo
texto está no portal do Vaticano – Santa Sé, em português. Recomendo também a leitura do livro bíblico
de “Cântico de Salomão” ou “Cantares” (livro bíblico de 08 capítulos), um dos mais belos poemas sensuais
de intimidade que está contido no cânon da Bíblia.

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Um trecho da ENCÍCLICA:
“... nem o espírito ama sozinho, nem o corpo: é o homem, a pessoa, que ama como criatura unitária, de
que fazem parte o corpo e a alma. Somente quando ambos se fundem verdadeiramente numa unidade,
é que o homem se torna plenamente ele próprio. Só deste modo é que o amor – o eros – pode amadurecer
até à sua verdadeira grandeza.”
“Sim, o eros quer-nos elevar em êxtase para o Divino, conduzir-nos para além de nós próprios, mas, por
isso mesmo requer um caminho de ascese, renúncias, purificações e saneamentos.”
“Quanto mais os dois encontrarem a justa unidade, embora em distintas dimensões, na única realidade
do amor, tanto mais se realiza a verdadeira natureza do amor em geral.”
“Quem quer dar amor, deve ele mesmo recebe-lo em dom. Certamente, o homem pode – como nos diz
o Senhor – tornar-se uma fonte donde correm rios de água viva.”
Para ler e/ou baixar gratuitamente em PDF o arquivo completo da encíclica, clique em:
https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20051225_deus-
caritas-est.html

Pequenos trechos do livro bíblico de “CÂNTICO DE SALOMÃO”:


“Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho.”
“O meu amado é para mim como um ramalhete de mirra, posto entre os meus seios.”
Que belos são os teus amores, minha irmã, esposa minha! Quanto melhor é o teu amor do que o vinho!
E o aroma dos teus ungüentos do que o de todas as especiarias!
Favos de mel manam dos teus lábios, minha esposa! Mel e leite estão debaixo da tua língua, e o cheiro
dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano.”
“O meu amado pôs a sua mão pela fresta da porta, e as minhas entranhas estremeceram por amor
dele.
Eu me levantei para abrir ao meu amado, e as minhas mãos gotejavam mirra, e os meus dedos mirra
com doce aroma, sobre as aldravas da fechadura.”
“Os contornos de tuas coxas são como joias, trabalhadas por mãos de artista.
O teu umbigo como uma taça redonda, a que não falta bebida; o teu ventre como montão de trigo,
cercado de lírios. Os teus dois seios como dois filhos gêmeos de gazela.”
“Quão formosa, e quão aprazível és, ó amor em delícias!”
Para ler a Bíblia online, da Tradução “ACF –Almeida Corrigida Fiel”, clique em:
https://www.bibliaonline.com.br/acf/ct/1

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