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Aula EAE 9 - O DECÁLOGO. REGRESSO A CANAÃ. A MORTE DE MOISÉS.

Objetivo: Necessidade de obediência às Leis de Deus. Diferença entre Lei de Deus e dos homens.
Justiça Divina. Estabelecer um paralelo das leis de Moisés com os tempos atuais.

AULAS PASSADAS
Aula 07 - Missão Planetária de Moisés. Preparação dos Hebreus no Deserto.
Aula 08 - Introdução do Processo de Reforma Íntima.

1. OS DEZ MANDAMENTOS
Moisés reúne todo o povo no sopé do Monte Horeb e pede que se prepare para receber instruções
diretas do Plano Espiritual Superior. Diz a Bíblia que uma nuvem pairou sobre o acampamento e
que raios e trovões foram vistos e ouvidos. Logo após houve um profundo silêncio e ouviu-se uma
voz no espaço dizendo ser Deus e que, naquele momento, iria transmitir Seus Mandamentos a
todo o povo. Essa voz é um fenômeno de voz direta; isto é, o Plano Espiritual falando aos homens
sem intermediário. E o povo ouviu ali os 10 Mandamentos, que são princípios eternos e
imutáveis.

Estabelecer um paralelo das leis de Moisés com os tempos atuais.

1. Não terás outros deuses diante de mim;


Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não tereis, diante de
mim, outros deuses estrangeiros. Não fareis imagem esculpida, nem figura alguma do que está em
cima do céu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas águas sob a terra. Não os
adorareis e não lhes prestareis culto soberano.
A idolatria, a adoração de ídolos e imagens era muito comum na Antiguidade. Este primeiro
mandamento estabelece que devemos amar um único Deus, que, segundo o Espiritismo, é a
inteligência suprema, é a causa primária de todas as coisas. Prega-se que não devemos adorar
imagens ou coisas semelhantes. O Espiritismo não tem imagens, nem paramentos e nem qualquer
tipo de ritualismo. Qual foi a intenção deste mandamento? Na realidade é nos ensinar a não
depender de nenhuma imagem ou ritual para nos conectar com Deus. Muitas pessoas se apegam
tanto às imagens que não conseguem fazer essa conexão natural com Deus. Claro, que nós
devemos respeitar as crenças das pessoas. Deus está dentro de nós e é único, vamos aprender a
senti-lo em nosso íntimo.

2. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão;


Quando nos dirigirmos a Deus, devemos fazê-lo dentro da maior humildade, pois não são as
promessas labiais que nos salvarão, mas a completa obediência aos seus mandamentos.
Devemos respeitar o nome de Deus, não devemos envolver o nome de Deus em juramentos,
brincadeira, colocá-lo em conversas fúteis ou inserir o nome de Deus dentro de nossos defeitos.
Exemplo: A pessoa está um momento de fúria, muito nervosa com determinada pessoa, e então
profere a seguinte frase: “Se Deus quiser ela ainda pagará pelo que fez”. Qual o sentimento que
estamos emanando neste momento? A vingança! E Deus é vingativo? Não, Deus é justo, Deus
não castiga ninguém. Somos nós que desejamos o mal do próximo, e isso é certo? De forma
alguma! O existe de fato é a Lei de Ação e Reação, onde a plantação é livre e a colheita
obrigatória, somos nós mesmos que geramos a dor que vem através de uma má atitude, a mesma
vem para nos ensinar a não cometer mais tal erro. Além disso, nós temos de respeitar o próximo,
devemos aceitar o nosso irmão simplesmente como ele é, e não querer que ele seja como
desejamos e entendemos ser correto. Cada um está em um grau de evolução, devemos ser
humildes e benevolentes com o próximo.

3. Lembra-te do dia de sábado, para o santificar;


Santificar o dia não é fazer dele uma idolatria, pois Jesus já nos ensinava que o sábado foi feito
para o homem e não o homem para o sábado. Quer dizer, devemos prestar homenagem,
reverência a Deus, mas não precisa ser exclusivamente no sábado.
Explicação: Os Judeus sempre consideraram o sábado como o dia de descanso, guardando-o
como dia dedicado à ida ao templo. Os primeiros cristãos, pelo fato de Jesus ter ressuscitado num
domingo, passaram a considerar esse como o dia consagrado ao repouso e à religião. Atualmente,
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apenas os Adventistas do Sétimo Dia, entre os cristãos, que, tomando o mandamento literalmente,
conservam a tradição judaica de guardar o sábado. Na Antigüidade, foi necessária a inclusão de
um mandamento específico, estabelecendo o “Dia do Senhor” para evitar a exploração dos
trabalhadores, face à ganância daqueles que tinham empregados. Percebe-se claramente tratar-se
de uma preocupação com o repouso, pela extensão das recomendações. Veja-se como está no
Deuteronômio: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do
Senhor teu Deus: não farás nenhuma obra nele; nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu
servo, nem a tua serva, nem teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o estrangeiro
que está dentro de tuas portas: para que teu servo e a tua serva descansem como tu.”
(Deuteronômio, 5: 13 e 14). Um dia de repouso depois de seis de trabalho é uma prática que visa à
recuperação das energias físicas e mentais despendidas no esforço diário. Esse repouso é muito
importante e pode se dar num dia qualquer, seja num sábado, num domingo ou num outro dia da
semana. Sabe-se, perfeitamente, que se a ausência de trabalho leva ao vício, sabe-se, também,
que o excesso de trabalho embrutece a criatura. Por isso, a Sabedoria Divina colocou o descanso
semanal como preceito religioso. Nesse dia, distante da luta diária pelo seu pão, o ser humano tem
a possibilidade de encontrar-se consigo mesmo e refletir sobre sua vida, seu futuro. Nós espíritas,
aprendemos, com Jesus, que o mandamento não se refere a um dia específico e sim a um dia de
descanso, que o homem poderá escolher, depois de um período de trabalho. Ao ser interrogado
pelos fariseus por que os seus discípulos colhiam espigas no sábado, o Mestre responde, usando
como argumentos fatos da vida diária dos Judeus e, ao final, diz-lhes: “O sábado foi feito por causa
do homem, e não o homem por causa do sábado.” (Mc , 2: 27). Além do mais, não consideramos
nem o sábado, nem o domingo especificamente como o “Dia do Senhor”, visto entendermos,
também com Jesus, que devemos dedicar todos os dias ao Senhor, como ele próprio ensinava e
exemplificava.

4. Honra a teu pai e tua mãe;


Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vosso
Deus vos dará.
Explicação: Que é honrar? É respeitar, amar, obedecer às orientações daqueles que tomaram,
perante o Alto, a responsabilidade do encaminhamento de um Espírito, adotando-o na condição de
filho. Não importa se são bons ou maus. Deus colocou, entre Suas leis, essa que lembra ao filho o
dever de gratidão para com aqueles que o receberam na Terra, deram-lhe um corpo, cuidaram da
sua saúde, alimentaram- no, educaram- no, e o encaminharam no mundo, até que tivesse
condições de dirigir a própria vida. Lembra o Mandamento que, mais tarde, os filhos devem
amparar os pais – ainda que sejam adotivos –, servindo-os na velhice, pois estes muito
trabalharam, sofreram e se dedicaram, anos a fio, para torná-los felizes e fazê-los progredir.
Honrar pai e mãe é, assim, expressar gratidão, demonstrar amor filial. É, enfim, também cumprir o
mandamento cristão do amor ao próximo.

5. Não matarás;
O ser humano não tem o direito de tirar a vida de quem quer que seja, pois ela pertence ao
Criador. Aliás, não somos donos nem do nosso próprio corpo, que é um empréstimo de Deus para
que possamos desempenhar as nossas funções aqui na Terra.

6. Não adulterarás;
O adultério não deve ser visto apenas relação sexual, o ato carnal. Jesus já nos alertava sobre o
pecado pelo pensamento, pois tudo começa com uma simples idéia. Engloba também a traição, a
deslealdade.

7. Não roubarás;
Há diversos tipos de roubos: de dinheiro, de coisas, de objetos. Há também os roubos de tempo,
do sossego e da quietude do próximo.

8. Não prestarás falso testemunho contra o teu próximo;


É viver na verdade, é ser sincero, honesto.

9. Não cobiçarás a mulher do teu próximo; e

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Desejar a mulher do próximo tem muito a ver com o adultério. Educar o pensamento e os
sentimentos é o ponto chave. Mesmo assim, convém não nos deixarmos influenciar
demasiadamente pelos meios de comunicação de massa. Respeito.

10. Não cobiçarás a casa de teu próximo, nem sua mulher, nem seu gado, nem seus servos, nem
coisa alguma sua. (Êx. 20:3-17)
A inveja é o maior dos males. Muitas pessoas acreditam que a inveja já é o simples fato de querer
um determino objeto ou uma determinada qualidade de uma outra pessoal, por admirá-la e achar
aquilo bom para si também, mas sem atingir a pessoa, não querendo seu mal.
A inveja é muito mais do que isso. A inveja é inclusive considerada pecado porque uma pessoa
invejosa ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de outra pessoa no lugar do próprio
crescimento espiritual. Inveja é um sentimento de aversão (ódio) ao que o outro tem e a própria
pessoa não tem. Este sentimento gera o desejo de ter exatamente o que a outra pessoa tem (pode
ser tanto coisas materiais como qualidades inerentes ao ser) e de tirar essa mesma coisa da
pessoa, fazendo com que ela fique sem. É um sentimento gerado pelo egocentrismo
(individualismo - egoísmo) e pela soberba (pretensão de superioridade sobre as outras pessoas –
arrogância) de querer ser maior e melhor que todos, não podendo suportar que outrem seja
melhor.

Todos ouviram esses mandamentos, inclusive os Espíritos desencarnados, quais foram transcritos
depois por Moisés em duas Lages de pedra. O decálogo possui o caráter universal; é a aliança de
todos os homens com Deus, obrigando-se a seguir tais mandamentos.
É uma aliança, sim, porque terminada a enunciação dos 10 Mandamentos pela voz direta, Moisés
dirigiu-se ao povo e perguntou: "vocês aceitam estes mandamentos e prometem segui-los?". Ao
que todos responderam: "sim, aceitamos e vamos segui-los". Estava feita a aliança, uma aliança
que os homens estão sempre desrespeitando. Toda vez que infringimos um dos 10 Mandamentos,
estamos rompendo com essa aliança. É preciso ter sempre em mente que não nos interessa
romper esse acordo; se o mantivermos com firmeza, seremos felizes. É isso que a gente não
entende, que passamos por provas e expiações por conta de nossos erros, de nossos defeitos e
sentimento negativos – Lei da Ação e Reação. Se obedecêssemos as Lei Divinas, se vivêssemos
no bem, somente colheríamos o bem. Tudo o que acontece em nossas vidas é única e
exclusivamente nossa responsabilidade, e de mais ninguém.
Os 10 Mandamentos são a norma de conduta de todos os povos. Por mais leis que os homens
façam em benefício da coletividade, estas poderão sempre se resumir em um dos mandamentos
do Decálogo. A Lei foi gravada em pedra para que não fosse esquecida; foi, também, gravada em
nosso subconsciente: toda vez que infringimos um de seus artigos, a consciência nos acusa e um
dia teremos de nos arrepender para darmos inicio á reparação da falta cometida. É o
arrependimento o primeiro passo para nos modificarmos, contudo temos sempre que ficar atentos
para não ficarmos envolvidos no sentimento de culpa, que não faz bem para nós. Devemos
reconhecer nosso erro, se arrepender e procurar não o repetir.

2. O BEZERRO DE OURO
Moisés precisava isolar-se algum tempo para manter contato com o Plano Espiritual. Por isso,
deixou o povo ao encargo de Aarão (seu irmão) e dos principais de cada tribo, subiu ao Horeb
onde permaneceu 40 dias. Durante sua ausência, o povo se desviou da aliança. Logo nos
primeiros dias, começaram a dizer que Moisés havia morrido e que Deus os havia abandonado.
Desesperaram-se tanto que não percebiam que o Pai não os havia abandonado, pois toda a
manhã lá estava o maná para alimentá-los. Lembrando-se do Maná mencionado na aula passada?
Que é o pão que Deus enviava todos os dias, era como uma semente pequena e muito branca. E
até hoje Deus prove todas as nossas necessidades, acredite, tenha fé, que nada lhe faltará, o
Mestre Jesus veio confirmar também esse ensinamento.
E não é o que a gente faz até hoje? Nos momentos em que estamos colhendo o mal que
plantamos, ao invés de aceitarmos as provas e aprender com elas, não. Nós ainda somos muitos
frágeis, nós já começamos a pensar que Deus nos desamparou, nos esqueceu, a gente perde a fé,
se desespera e não vê que tudo o que acontece é para o nosso próprio bem, a gente precisa
aprender a ver o lado bom das coisas, qual é o verdadeiro objetivo dos acontecimentos.
Precisamos aprender a refletir mais ao invés de nos lamentarmos.

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E todo esse desespero, essa falta de fé, leva a que? Abre as portas para penetração das forças
inferiores, nos sintonizamos a elas. O acampamento foi visitado por um bando de feiticeiros
vendedores de amuletos, dentre os quais destacava-se Balaão médium de grandes possibilidades,
porém sem nenhuma moral. “Façais de graça aquilo que de graça recebeu”. Foi uma
demonstração clara de que as forças das trevas estão sempre à espreita de uma brecha para
dividir o povo de Deus, para lançar a descrença no Criador e nos fazer acreditar nos ídolos de
barro, nos ídolos do imediatismo materialista. E mostra, também, a fraqueza do homem diante dos
interesses materiais; poucos dias antes o povo todo havia jurado respeitar todos os 10
Mandamentos. Não tivera firmeza de manter essa aliança incólume nem por duas semanas. O
povo entregou-se a orgias. Os desregramentos sexuais foram ampliados. Os hebreus esqueceram-
se do Deus único; no entanto, esse mesmo Deus nunca os esqueceu: continuou-lhes dando o
maná diariamente. Quando Moisés retornou do monte ficou espantado de ver tamanha invigilância.
Colérico, atirou as duas tábuas da lei ao chão; as pedras espatifaram-se em muitos pedaços.
Repreendeu o povo com severidade e pediu que os chefes aplicassem a punição aos instigadores
de tal acontecimento.

3. O RITUAL
Aarão propôs a Moisés a instituição de um ritual, que desse ao povo algum ponto de apoio material
com respeito a Divindade. "O povo não está acostumado a adorar um Deus invisível", disse o
irmão de Moisés para justificar sua proposta. Realmente, depois daquela adoração dos ídolos,
Moisés deve ter concordado que seria preferível o povo adorar alguma coisa que apenas
representasse o Deus único, ou melhor, lembrasse constantemente o homem da existência desse
Deus.
Assim, Moisés concordou com a construção do tabernáculo uma espécie de templo portátil, de
madeira e em muitas partes revestido com finas lâminas de ouro. Dentro do tabernáculo colocou-
se a Arca da Aliança, uma caixa de madeira revestida de ouro, onde Moisés depositou as duas
tábuas da lei novamente gravadas por ele. Estas tábuas foram destruídas bem mais tarde,durante
o cativeiro do povo judeu na Babilônia. O tabernáculo servia para os sacerdotes fazerem o culto e,
ao mesmo tempo, representava "a casa de Deus". Assim, o povo podia sentir - em seu primitivismo
materialista - que Deus estava sempre a seu lado. Aarão, constituído grão-sacerdote por Moisés,
organizou um quadro de sacerdotes auxiliares e estabeleceu a roupagem ritual. Moisés demorou-
se ainda meses nas imediações do Monte Horeb, durante os quais deu ao povo uma série de leis
civis, de acordo com o grau de cultura da época. Leis que regulavam o relacionamento entre as
pessoas. Lei de Talião (Olho por olho, dente por dente).

O ENSINAMENTO DE ALLAN KARDEC


"Esta lei é de todos os tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, caráter divino. Todas
as outras são leis estabelecidas por Moisés, obrigado a manter, pelo temor, um povo naturalmente
turbulento e indisciplinado, no qual tinha que combater os abusos enraizados e os preconceitos
hauridos na servidão do Egito. Para dar autoridade às suas leis, ele deveu atribuir-lhes origem
divina, assim como fizeram todos os legisladores dos povos primitivos; a autoridade do homem
deveria se apoiar sobre a autoridade de Deus; mas só a idéia de um Deus terrível podia
impressionar homens ignorantes, nos quais o senso moral e o sentimento de uma delicada justiça
eram ainda pouco desenvolvidos. É bem evidente que, aquele que tinha colocado em seus
mandamentos: "Tu não mataras; tu não farás mal ao teu próximo" não poderia se contradizer
fazendo deles um dever de extermínio. As leis mosaicas propriamente ditas, tinham, pois, um
caráter essencialmente transitório". (Kardec, 1984, p. 34)

4. PEREGRINAÇÃO PELO DESERTO


Por ordem de Moisés foi feito o censo. Constatou-se a existência de 603.650 homens aptos para a
guerra. Levantou-se o acampamento e os hebreus reiniciaram sua caminhada rumo a Canaã. O
tabernáculo ia sendo conduzido no meio, três tribos de cada lado. Pelos caminhos do deserto,
novas murmurações surgiram contra Moisés. Achava o povo, instigado por alguns falsos lideres,
que Moisés os libertara do Egito para os escravizar a Jeová. Vê-se aqui, claramente, a insinuação
maledicente, pois não se pode admitir ninguém escravizar-se a Deus, sendo Ele o amor na sua
expressão mais alta.
Finalmente, chegam à fronteira de Canaã. Moisés diz ao povo que ali estava a terra que Deus Ihes
reservava. Mandou 12 homens cruzar a fronteira para fazer o reconhecimento do terreno. Estes
homens ficaram vários dias e retornaram maravilhados com Canaã: terras férteis e frutos
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suculentos. Dois destes homens, entretanto, entregaram-se ao desalento' disseram que a terra era
realmente boa, mas havia muitos obstáculos, rios para serem transpostos, colinas e morros. Enfim,
havia que se trabalhar. O desalento destes dois atingiu a todo o povo, apesar dos esforços dos
outros 10 dizendo que Canaã compensava todos os esforços. Ociosidade, preguiça, quantos nós
não ficamos desanimados, reclamamos que estamos cansados, não vemos a hora de se apontar,
trabalhamos como obrigação e não com prazer. É muito cômodo também ficar com os nossos
defeitos, pois a eliminação deles exige muito esforço, é muito cansativo, não é mesmo? Mas ao
mesmo tempo a gente exige sermos felizes, mas como isso é possível, sendo que nós mesmos
caminhamos em direção oposta a felicidade. O alcance de nossa felicidade depende de nosso
esforço, de nossa dedicação, se tudo nos fosse dado de mão beijada, como iríamos evoluir, e qual
mérito teríamos em nossas vitórias? E não é bom quando vencemos algum obstáculo? Sentimos
uma sensação maravilhosa, não é? Então nós devemos enfrentar o desânimo e caminhar em rumo
de nossa Canaã. O povo preferiu acompanhar os desanimados e não aqueles que os incitavam a
conquistar, com esforço próprio, melhores condições de vida. Preferiu, mesmo, voltar à escravidão
no Egito, onde, dizia, "tinha pão e carne" Moisés e Aarão muito calmos no meio do desespero,
oravam a Deus. E o Plano Espiritual ordenou que voltassem para o deserto; o povo não estava
preparado para possuir Canaã.
Moisés ordena a retirada para o deserto e explica: "Deus, como bom pai, quer ensinar a seus filhos
que as coisas boas se conquistam, e a conquista exige esforço particular". Logo, Deus não estava
castigando o povo, mas o ensinando a valorizar a riqueza espiritual, O povo se arrepende e pede a
Moisés que se dirija a Deus pedindo que o perdoe. Ao que Moisés retruca que o arrependimento
não altera o programa de aprendizado estabelecido por Deus; apenas o torna menos árido. O
arrependimento é o primeiro passo para um bom aproveitamento desse aprendizado. E todos
voltaram a peregrinar pelo deserto. Antes, porém, um grupo liderado por judeus que não
concordavam com a orientação de Moisés, por pretenderem eles a direção do povo, achou que
poderia entrar em Canaã à revelia de Moisés. "Deus não está mais com ele", diziam os líderes. "A
terra nos pertence e vamos conquistá-la agora mesmo". Assim fizeram uma incursão a Canaã e
foram fragorosamente derrotados pelos cananitas, senhores da terra. Foi realmente uma
empreitada sem preparação prévia, além de um ato de indisciplina. A derrota é a própria derrota
dos afoitos e indisciplinados. É muito importante termos disciplina, termos dedicação e vigiar
sempre, refletindo sobre os nossos defeitos tentando melhorar-nos a cada dia um pouquinho.

5. REVOLTAS E MURMURAÇÕES
Assim, o povo judeu inicia sua longa peregrinação pelo deserto, onde demoraria 40 anos num
verdadeiro processo de depuração (purificação). Um período suficientemente longo para que todos
os "homens velhos" desencarnassem ficando aos novos, ao homem renovado pelo longo trajeto
purificador, a glória de conquistar Canaã. Começa ai uma série de pequenas revoltas e
murmurações contra Moisés e Aarão, seus líderes espirituais. Na primeira delas, Koré um levita de
muitas posses, que, no Egito, tinha privilégios especiais concedidos pelo faraó - pretende tirar de
Aarão o cargo de grão-sacerdote. Acha que Moisés impusera Aarão ao povo por vontade própria,
não por vontade de Deus. Forma-se um grupo revoltoso em torno de Koré, integrado por 250
pessoas. Moisés, ao tomar conhecimento dessa rebelião, manda chamar Koré e lhe propõe que,
se ele pretende o cargo de grão-sacerdote, deveria deixar a decisão por conta do Plano Espiritual.
Koré concorda, tendo Moisés marcado o dia seguinte para que os 250, mais Aarão, fossem
colocados lado a lado para que Deus fizesse a escolha diante de todo o povo.
No dia seguinte, todos os revoltosos foram consumidos pelas chamas que emergiram dos turíbulos
(incensórios) que ostentavam para fazer a oferta de incenso a Deus “A Aarão nada aconteceu. A
aparência, o exterior, não suporta o exame divino; diante de Deus só tem valor o íntimo das
criaturas, não aquilo que elas pretendem ser. Koré e os seus queriam uma posição para a qual não
tinham a mínima condição.
Entretanto, as murmurações prosseguem. Muitos do povo achavam que Moisés era um
escravizador; os havia libertado do Egito para dar-Ihes uma nova forma de escravidão. Aliás,
Moisés representa o nosso próprio anjo de guarda, nosso guia espiritual; ele sempre luta para nos
libertar das imperfeições, entretanto, na maioria das vezes, preferimos permanecer escravos dos
vícios e defeitos achando muito rigorosas as instruções dos mentores. Continuava o povo judeu a
achar que Moisés fora injusto permitindo que Deus fizesse desaparecer os 250 revoltosos, como
se Moisés tivesse alguma participação no caso. Continuava achando que Aarão não tinha
condições para exercer o sacerdócio.

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Moisés, com muita paciência, novamente procura conciliar. Reúne os principais de cada uma das
12 tribos e Ihes faz a seguinte proposta: cada tribo colocaria no Tabernáculo uma vara de madeira
com o nome da tribo, inscrito; no dia seguinte todos iriam verificar sobre que tribo havia caído a
preferência de Deus. Todos concordaram e assim procederam. A tribo de Levi colocou a vara
acrescentando-lhe mais uma inscrição: o nome de Aarão, que pertencia a essa tribo. No dia
seguinte, todas as varas estavam secas. E a de Aarão havia florescido e até dado frutos. Dessa
forma, temos a confirmação do valor intimo do indivíduo. Enquanto Aarão dava frutos, os outros
representavam apenas galhos secos.
Durante a peregrinação pelo deserto, Moisés foi dando novas leis civis ao povo a fim de melhorar o
nível de relacionamento entre os hebreus e impedir que fossem influenciados pelos costumes
idólatras e materialistas de muitos povos com que vinham tendo contato. Estabeleceu também os
direitos do sacerdócio, assim que conquistassem Canaã. Como os sacerdotes eram todos da tribo
de Levi um costume que trouxeram desde o Egito, onde os levitas sempre tiveram privilégios
quando todo o restante do povo era escravo - Moisés determinou que, em Canaã, a tribo de Levi
teria 48 cidades mais o dízimo, isto é, 10% dos rendimentos das outras tribos Diz Sholem Asch
que Moisés assim procedeu para não provocar uma cisão, e ter sempre a tribo de Levi ao lado das
demais, pois achava o grande legislador que sem vislumbrar vantagens materiais, a tribo de Levi
não forneceria nenhum soldado para lutar pela conquista de Canaã quando fosse chegado o
momento.

6. INCIDENTES NO DESERTO
Rei da Iduméia recusa-se a dar passagem aos hebreus pelo seu território. Moisés não o combate;
recua e faz novo trajeto. Ocorre a morte de Aarão, tendo Ele azar o substituído como grão-
sacerdote. Morre também, no mesmo ano, Miriam, irmã de Moisés, que muito o ajudara em sua
missão.
O rei dos amorreus também se recusa a dar passagem ao povo pelo seu território; Moisés força
passagem e os amorreus são derrotados. Chegamos, assim, próximo do rio Jordão, pelos lados
onde é a Jordânia hoje. Canaã, portanto, estava novamente a vista; além Jordão ficava Jericó a
cidade fortificada dos cananeus. Os reis de Moab e dos madianitas, prevendo o perigo que os
hebreus representavam se conquistassem Canaã, tomaram medidas visando a derrota do povo
conduzido por Moisés. Como os judeus eram em maior número que seus exércitos, recorrem a
Balaão, o profeta, médium a serviço de Espíritos trevosos. Balaão, apesar de muito interessado na
recompensa material que os reis lhe oferecem, diz que o povo hebreu deveria realmente tomar
posse de Canaã e que o deus que aquele povo adorava era realmente o Deus único, portanto mais
forte do que todos os ídolos e os deuses tribais. Entretanto, Balaão propõe uma técnica para
derrotar os hebreus. Já que com as armas convencionais era impossível, dizia ele, havia um meio
quase infalível de enfraquecer aquele povo. Vejamos, aqui, como os obsessores podem penetrar
em nossa vontade pela janela dos vícios que nós mesmos abrimos. Balaão sugeriu ao rei dos
madianitas que fizesse as moças mais lindas de sua nação se insinuarem no acampamento dos
judeus e se deixarem apaixonar pelos melhores moços hebreus; quando todos estivessem
apaixonados, elas deveriam ameaçar deixa-los. Sem dúvida, todos os moços implorariam para que
ficassem e elas imporiam uma condição, ficariam somente se eles abandonassem os princípios
monoteístas e passassem a adorar seus ídolos. Isto é, passassem a deixar-se influenciar somente
pelos interesses materiais, pela sensualidade.
Tudo o que Balaão propôs foi feito. E deu exatamente o resultado que Balaão previa. Os homens,
apesar de terem ouvido diretamente do Plano Espiritual o mandamento de que não deveriam
adorar ídolos, entregaram-se ao caminho fácil do extravasamento dos instintos sensuais. Foi uma
calamidade; dentro em pouco, milhares de jovens estavam derrotados pelos próprios vícios, sem
ter empunhado nenhuma arma, sem ter enfrentado nenhum inimigo exterior. Apenas por ter
deixado se exteriorizar um inimigo interior, a quem ainda não tinham se animado a dar combate
eficiente. A dar o combate que nós, nesta Escola de Aprendizes do Evangelho, devemos dar.
Finalmente, o desastre moral teve fim com uma ação enérgica de Finéias, filho do grão-sacerdote.
Este moço mata o líder dos rebeldes e afugenta as moças madianitas. É claro que essa depuração
custou muita dor a todos, havendo derramamento de sangue.

7. FIM DA MISSÃO DE MOISÉS


O povo permanece ali acampado, enquanto Moisés estuda novas leis civis - leis estas que servirão
para orientar os judeus assim que tomarem posse de Canaã. Sentindo que seu fim está próximo.
Moisés escolhe a Josué seu sucessor no comando do povo incumbindo-o de levar os judeus a
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ocupar a Terra Prometida. Moisés reúne todos os principais das tribos e Ihes faz uma exortação e
um discurso de despedida. Diz: "aqueles que bem souberem obedecer saberão bem mandar
quando forem levados a cargos e dignidades". E mais: "se perderdes o respeito a Deus e
abandonardes as virtudes, sereis levados escravos para todas as partes do mundo e não haverá
lugar, na terra ou no mar, que não conhecerá os sinais de vossa escravidão". Mais uma vez
concita-os a dar combate férreo aos inimigos, mas percebe-se que não se refere aos inimigos
externos e sim aos inimigos interiores. Foram sempre estes inimigos os que mais haviam
prejudicado o povo até ali: a inveja, o sensualismo, a desobediência, a cupidez. E como nós
combatemos esses inimigos? Através das ferramentas maravilhosas que a Escola de Aprendizes
nos oferece, vamos agradecer a Deus por esta oportunidade, pois tendo todo o auxílio da Escola,
da equipe espiritual que a envolve, já é muito difícil de nos reformarmos, imaginem se
estivéssemos sozinhos. Essa ajuda é divina e não é por acaso que estamos hoje aqui, então
vamos perseverar, vamos conquistar a nossa Canaã espiritual, a nossa plenitude.
E são ainda estes inimigos - interiores - que continuam sendo os maiores obstáculos para que
venhamos a conquistar a Canaã espiritual. A eles devemos dar combate sem tréguas, não a
inimigos exteriores. Finalmente, Moisés pede para que obedeçam a Josué, despede-se do povo e
caminha em direção ao Monte Nebo. Diz o Espírito Hilarion, no livro t Moisés, o Vidente do Sinai,
que Essen, filho adotivo de Moisés, o acompanha ao cume do Monte Nebo provavelmente
assistindo-o nos últimos instantes de vida física. Na realidade os judeus não mais o viram; deve ter
descido a elevação e escolhido as campinas de Moab para desencarnar. A Essen, ele deve ter
transmitido oralmente instruções claras com relação à vida espiritual, à comunicação entre
encarnados e desencarnados. Essen converte-se, assim, num continuador real da missão
espiritual de Moisés, enquanto Josué passa a representar o interesse dos homens, se bem que
ainda bastante iluminado pelas instruções de Moisés. Essen dá origem à Fraternidade dos
Essênios, que teve função muito importante na encarnação de Jesus, uma Fraternidade
maravilhosa que posteriormente vocês terão a oportunidade de estudarem.
Sholem Asch diz que, quando subiu ao Monte Nebo, descortinou-se aos olhos espirituais de
Moisés a visão da Canaã espiritual: um único templo, um único Deus, um único altar. Ouviu "o
cântico da tranqüilidade e da graça". Uma visão da Terra regenerada do 3° Milênio. Diz mais que o
Messias veio ao seu encontro e, entre outras revelações lhe diz: "O templo sagrado que será
construído nesta terra será coisa efêmera (temporária). Somente durará eternamente o templo
sagrado que Deus construiu no céu com suas mãos. O templo sagrado e a Jerusalém do mundo
superior viverão sempre." E assim estamos nós nesta Escola de Aprendizes do Evangelho uma
espécie de Sinai em prazo reduzido, já que não temos muito mais tempo lutando contra nossos
vícios e defeitos para que, livres destes inimigos, possamos entrar nesta Jerusalém superior.

A Obediência a Deus equivale a vida, bênção, saúde e prosperidade. A desobediência equivale a


morte, maldição, doença e pobreza. A mensagem dos 10 Mandamentos é tão poderosa que é
citada mais de oitenta vezes no NT.

Cristo Revelado
Moisés foi o primeiro a profetizar a vinda do Messias, um Profeta como o próprio Moisés (18.15).
Notadamente, Moisés é a única pessoa com quem Jesus se comparou: “Porque, se vós crêsseis
em Moisés, creríeis em mim, porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos,
como crereis nas minhas palavras?” (jo 5.46,47). Jesus costumava citar Dt. Quando lhe
perguntavam o nome do mandamento mais importante, ele respondia com Dt 6.5. Quando
confrontado por satanás em sua tentação, ele citava exclusivamente Dt (8.3; 6.16; 6.13; 10.20).
Jesus não veio derrogar, mas sim aperfeiçoar.

CONCLUSÃO
Moisés, espirito elevadíssimos, com a tábua dos Dez Mandamentos, abriu o caminho da moral
cristã. Jesus, pela sua pregação evangélica, continuou a sua obra; ao Espiritismo cabe a tarefa de
terminá-la.

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Ou seja, olha como é grandiosa a oportunidade de estarmos aqui nesta Escola, então não vamos
deixar pra amanhã, vamos começar hoje a nos reformar. Vamos imaginar que cada conquista de
reparação de um defeito é uma forma de agradecimento a Moisés e a Jesus, espíritos iluminados,
que tanto nos amam e tanto nos ajudam. Realmente a reforma íntima não é fácil, mas se não
fossemos fortes o suficiente para conquistá-la, nós não estaríamos aqui, o momento é agora, e
nada é por acaso.

Mensagem:  

Alguém tem alguma dúvida?


Muito obrigada pela oportunidade e que Jesus nos abençoe e nos fortaleça a cada dia. Que assim
seja, graças a Deus.

BIBLIOGRAFIA: (IE7) (Bb.Ex.20,Dt.5) (ESE.1) (Cs.?268-274) (Ms); Religiões e Filosofias –


cap. V (Religiões); Salmos – cap. XIII; Na Semeadura I – cap. 172, 173, 182; Na Semeadura II –
cap. 32, 49, 60, 102, 115, 189, 227, 250; Os Exilados da Capela – cap. 11; Lendo e Aprendendo –
tópicos 169, 170, 174

Os Sacerdotes e os escribas não gostavam de Moisés pois temiam que ele dominasse a região.
Sacerdote ou Sacerdotisa (do latim Sacerdos - sagrado; e otis - representante, portando
"representante do sagrado") é uma autoridade ou ministro religioso, habilitado para dirigir ou
participar em rituais sagrados de uma religião em particular.
O escriba ou escrivão era aquele que na Antiguidade dominava a escrita e a usava para, a
mando do regente, redigir as normas do povo daquela região ou de uma determinada religião.
Também podia exercer as funções de contador, secretário, copista, arquivista.

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