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EXCURSÕES e CENA DO TABOR

Os Apóstolos de Jesus
EXCURSÕES AO EXTRANGEIRO

Logo após haver iniciado a sua vida pública, no desempenho da singular missão que o
Supremo Senhor lhe concedera, Jesus deliberou escolher entre os homens que eram do seu
conhecimento, doze discípulos, para o acompanharem, de cidade em cidade, onde teria que
anunciar a Vinda do Reino de Deus. Eram muitos os que o seguiam para ouvir as suas sublimes
parábolas, as suas preleções cheias de amor e de doçura.

Certa noite Ele afastou-se deles para descansar e, bem cedo, subiu ao monte para orar, orar
fora do bulício humano e pôr-se em íntima comunicação com o Alto, cujos mensageiros o auxiliavam
na sua tarefa. De volta, os discípulos esperavam receber, todos eles, aquele pão do Céu que tanto
saciava a sua fome de entendimento, justamente numa época semelhante à que atravessamos, em
que a fé se havia retirado dos corações.

O Mestre, após lhes haver dado a Paz, como era do seu costume, chamou-os e julgou por
bem, segundo diz o Evangelista Lucas, nomear definitivamente os doze que o teriam de seguir. E
deu-lhes o nome de Apóstolos, que quer dizer pregadores, exemplificadores da Fé. Foram eles:
Simão, a quem deu o nome de Pedro, e André seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus
e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariote.

Após isso, desceu com eles e os demais discípulos a certo lugar, onde uma multidão de
pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sidon, ali se achavam para ouvi-lo
e serem curados de suas enfermidades. Subiu com os doze a um pequeno monte e lhes anunciou
as bem-aventuranças reservadas aos que buscam a Deus; curou os enfermos que ali se achavam e
expeliu os Espíritos malignos que atormentavam os obsediados. O Mestre lhes quis dar uma lição de
como eles, apóstolos, deveriam agir, para bem cumprirem a sua tarefa.

O trabalho dos apóstolos durante a vida corpórea de Jesus, foi nulo. Só depois de haverem
recebido o Espírito, após a explosão de Pentecostes, é que eles entraram em ação para o
desempenho da grande tarefa. É que o homem, por si mesmo nada pode fazer. Sem o auxílio de
Deus, que constitui sua Igreja Triunfante, que paira nas alturas para dirigir as altas regiões e
ministrar luzes e forças à Igreja Militante, pessoa alguma deste mundo, em que ainda predominam
as trevas e o desamor, tem poder para fazer ou desfazer, ou guiar as massas à Espiritualidade.

Temos exemplos frisantes desta Verdade, e o próprio Jesus a referendou, quando Ele, o
maior Espírito que baixou à Terra, disse: "Por Mim mesmo nada posso fazer; é o Pai que faz em Mim
as obras que vedes; a minha Palavra não é minha, mas do Pai que me enviou".

Nenhum dos escritores dos Evangelhos deixou-nos traços físicos dos doze. Dão-nos,
contudo, minúsculas pistas que nos ajudam a fazer “conjeturas razoáveis” sobre como pareciam e
atuavam. Um fato importante que tem sido tradicionalmente menosprezado em incontáveis
representações artísticas dos apóstolos é sua juventude. Se levarmos em conta que a maioria
chegou a viver até ao terceiro e quarto quartéis do século e que João adentrou o segundo século,
então eles devem ter sido não mais do que jovens quando aceitaram o chamado de Cristo.

No começo do seu ministério Jesus escolheu doze homens que o acompanhassem em suas
viagens. Teriam esses homens uma importante responsabilidade: Continuariam a representá-lo
depois de haver ele voltado para o céu. A reputação deles continuaria a influenciar a igreja muito
depois de haverem morrido.

Por conseguinte, a seleção dos Doze foi de grande responsabilidade.“Naqueles dias retirou-
se para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E quando amanheceu, chamou a si
os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolo”(Lc
6.12-13).

Jesus instruiu os seus apóstolos no que eles deveriam realizar pelo mundo, falou-lhes, de
suas tarefas e suas pregações, de tudo aquilo que eles deveriam abrir mão, e advertiu que eles
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nunca deveriam esquecer as rigorosas regras de conduta que deveriam seguir. E disse-lhes mais:
"Ide, eu vos envio como cordeiros no meio de lobos.”

MISSÃO DOS DOZE APÓSTOLOS

E, CHAMANDO os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os
expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal. Jesus enviou estes doze, e lhes
ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho dos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos;
mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel; e, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos
céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça
recebestes, de graça daí”.

Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos, nem alforjes para o caminho,
nem duas túnicas, nem alparcas, nem bordão; porque digno é o operário do seu alimento. E, em
qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno, e hospedai-vos
aí, até que vos retireis.

Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as
serpentes e inofensivos como as pombas. Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos
entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas; e sereis até conduzidos à presença
dos governadores, e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho a eles, e aos
gentios, mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque
naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará,
mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.

O que vos digo em trevas dizei-o em luz; e o que escutais ao ouvido pregai-o sobre os
telhados, e não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que
pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.

Mateus foi um dos doze Apóstolos e um dos quatro Evangelistas. Nasceu na Galiléia.
Chamava-se Levi e era publicano (coletor dos dinheiros públicos, entre os antigos romanos).
"Um dia estava ele no exercício de suas funções, na coletoria, quando Jesus ao passar com
uma grande multidão, viu-o sentado na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele, deixando tudo,
levantou-se e o seguiu. Logo após, Levi ofereceu a Jesus um grande banquete em sua casa".

Os sacerdotes não viram com bons olhos a conversão daquele homem que representava um
cargo oficial. E sabendo que no banquete havia muitos publicanos e ainda outras pessoas, enviaram
escribas e fariseus, que inquiriram do Mestre: "Por que comeis e bebeis com publicanos e
pecadores?"

Jesus respondeu-Ihes: "Não precisam de médico os que estão sãos, mas sim os que estão
enfermos; eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores ao arrependimento".Os publicanos,
conquanto gente de representação oficial, eram mal vistos pelo povo, pois julgavam que extorquiam
dinheiro dos contribuintes. Por isso se enriqueciam. Daí vem a resposta de João Batista aos
publicanos que foram a ele para receberem o batismo do arrependimento.

Perguntando eles a João o que precisavam fazer para aparelharem o caminho do Senhor e
darem frutos de arrependimento, a "Voz do Deserto" lhes respondeu: "Não cobreis mais do que
aquilo que vos está prescrito".

Lembrar também o caso de Zaqueu, o publicano. Era ele chefe dos publicanos e rico. Vindo
Jesus com a multidão, ele procurava ver quem era Jesus, mas como era de baixa estatura subiu a
um sicômoro (árvore). Ao chegar Jesus àquele lugar, olhou para cima e disse: "Zaqueu, desce
depressa, porque é preciso que hoje eu fique na tua casa". Ele desceu a toda pressa e recebeu a
Jesus com alegria.

Os que estavam ali, escribas e fariseus, murmuravam logo: "Como vai esse homem se
hospedar na casa de um pecador". Mas Zaqueu volta-se para Jesus e diz: "Senhor, vou dar a
metade dos meus bens aos pobres, e se em alguma coisa defraudei a alguém, lho restituirei
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quadruplicado".

Jesus disse a todos que ali se achavam: "Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto este
também é filho de Abraão; pois, o Filho do homem veio buscar e achar o que se havia perdido".
Parecia ser muito fácil para Jesus a conversão dos publicanos e dos pecadores. O que parecia ser
impossível para Jesus era a conversão dos doutores da lei, dos rabinos, dos sacerdotes, escribas e
fariseus, a quem o Mestre nunca deixou de apostrofar. Certa vez Ele disse aos representantes
dessas classes magnas da sociedade: "Em verdade vos digo que os publicanos, os pecadores e as
meretrizes, vos precederão no Reino dos Céus".

Mateus era publicano e se tornou um dos doze Apóstolos, mas se conservou na obscuridade
enquanto o Cristo estava na Terra. Só depois da ascensão e descida do Espírito no Cenáculo, ele
entrou em ação: pregava na Judéia e nos países vizinhos, até a dispersão dos Apóstolos,
aproveitando os momentos de folga para escrever o seu Evangelho. Depois. dizem haver partido
para o Oriente, pregando a nova Doutrina na Pérsia e na Etiópia.
Cairbar Schutel

André e Bartolomeu

André foi um dos doze Apóstolos; era irmão de Pedro. A sua atitude, durante toda a vida de
Jesus, foi de ouvir o Mestre, observar seus atos, estudar os seus preceitos, seguindo-o sempre por
toda a parte. A não ser certa vez que saiu com mais outro companheiro a pregar a Boa Nova ao
mundo, segundo ordem que o Mestre deu aos doze, nenhuma outra ação aparece de André,
enquanto Jesus se achava na Terra. E com certeza dessa vez fez algo de verdade pela difusão do
Cristianismo nascente, pois o Senhor, segundo diz Lucas, havendo reunido os doze, mandou-os,
dois a dois, por todas as cidades, dando-lhes as seguintes instruções e poderes:

-"Tendes autoridade sobre os demônios (Espíritos maus) e para curar as doenças; pregai o
Reino de Deus e fazei curas; nada leveis convosco, nem bordão, nem alforje, nem pão, nem
dinheiro, nem deveis possuir duas túnicas.

Em qualquer casa em que entrardes nela ficai e dali partireis. Em qualquer cidade em que
vos não receberem, saindo dela, sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra eles. Tendo eles
partido, percorreram as aldeias, anunciando as boas novas e fazendo curas em toda a parte"
(Lucas, cap. IX, v. v. 1-6). Há uma tradição que André, após a difusão do Espírito, pregou em Patras,
cidade da Grécia, e em Acaia.

Bartolomeu, a seu turno, a notícia biográfica é resumida. Dizem ter ele nascido em Caná, na
Galiléia, e haver depois pregado o Evangelho na Arábia, na Pérsia, na Etiópia e depois na Índia,
donde regressou para a Liacônia, passando depois a outros países. Seja como for, é interessante
saber que estes, como os demais Apóstolos, limitavam a sua missão a pregar o Evangelho e às
curas e recepção de instruções espirituais para o bom andamento da sua tarefa. Nem cultos, nem
ritos, nem exterioridades eram adotados pelo Cristianismo nascente. Cairbar Schutel

Filipe e Tomé

Filipe nasceu em Betsaida, na Galiléia; era pescador e depois da conversão de Pedro e


André, entrou também para o número dos que haviam de compor o Apostolado da primeira hora. Daí
em diante sempre acompanhou a Jesus. Depois do desencarne do Mestre ficou em Jerusalém até a
dispersão dos Apóstolos, indo, segundo a tradição, pregar o Evangelho na Frígia, recanto da Ásia
Menor, ao sul da Bitínia. Foi Filipe que apresentou Jesus a Natanael, um homem ilustre e de caráter
lapidado que residia na Galiléia. O encontro de Natanael com Jesus, por intermédio de Filipe, é
muito interessante.
"Estando Filipe com Natanael (João Cap. I, v. v. 45-51) disse-lhe: Temos achado aquele, de
quem escreveu Moisés na Lei, e de quem falaram os Profetas, Jesus de Nazaré, filho de José.
Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair coisa que seja boa?

Respondeu Filipe: Vem e vê. Jesus, vendo aproximar-se Natanael, disse: Eis um verdadeiro
israelita, em quem não há dolo! Natanael disse-lhe: Donde me conheces? Respondeu Jesus: Antes
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de Filipe chamar-te, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira. Replicou-lhe Natanael: Mestre, Tu
és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel. Disse-lhe Jesus:

Por eu te dizer que te vi debaixo da figueira, crês? Maiores coisas do que estas verás. E
acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo
e descendo sobre o Filho do homem". Natanael, após esse encontro com o Mestre, O seguia,
tornando-se um dos seus discípulos.

Filipe morreu já muito velho, dizem que em Hierápolis. Teodureto, na sua História
Eclesiástica, faz referência a uma visão que Teodósio, o Grande, teve de Filipe. Diz Teodureto que:
"Na batalha de Teodósio contra Eugênio, apareceram aqueles dois homens vestidos de branco e
exortaram-no a ter ânimo, acrescentando que eram enviados em seu auxílio; um deles era João
Evangelista, outro era Filipe; avisaram-no que ele teria vitória sobre o inimigo; e com efeito, essa
vitória se realizou no dia seguinte. Um soldado do exército de Teodósio tivera a mesma visão.

Tomé, ou Dídimo (este nome quer dizer gêmeo), foi um dos doze Apóstolos; nasceu na
Galiléia de uma família de pescadores. Acompanhou a Jesus durante os três anos de sua prédica,
mostrando-se-lhe muito afeiçoado ..

Quando Jesus, no segundo dia da ressurreição, apareceu de súbito aos seus discípulos e os
saudou, como de costume: "A paz seja convosco", Tomé estava ausente. Quando Tomé chegou os
discípulos contaram-lhe que o Senhor havia aparecido, mas ele recusou-se a dar-lhes crédito. Oito
dias depois, Jesus apareceu novamente aos discípulos e dirigindo-se a Tomé, o convenceu da sua
sobrevivência, mostrando-lhe as cicatrizes dos pés e das mãos e a chaga do lado.

Tomé foi pregar o Evangelho aos persas, hindus e árabes, ignorando-se as particularidades
que salientariam o ministério desse Apóstolo. Cairbar Schutel

Simão Judas e Matias

Simão também foi um dos doze; era galileu, parece que nascido em Caná, onde Jesus, nas
bodas, transformou a água em vinho. Lucas chama-o Zelote, o Zeloso, significação essa que, em
grego, segundo observa Jerônimo nos seus comentários sobre Mateus, exprime a mesma idéia que
"cananeu".

Nos Evangelhos não há outra referência a Simão. Sabe-se, por dedução, que Simão, após o
Pentecostes, tomou parte no trabalho dos demais Apóstolos, indo, certamente, pregar o Evangelho
em algum lugar. O historiador grego Nicéforo diz que ele percorreu o Egito, a Cirenaica e a África;
que anunciou a Boa Nova na Mauritânia e em toda a Líbia e depois nas ilhas Britânicas; que fez
muitos milagres, isto é, que era dotado de faculdades psíquicas, com o auxílio das quais produzia
curas e outros fenômenos, que apoiavam suas prédicas.

Judas, apelidado Tadeu, era filho de Tiago e nascido também na Galiléia. É interessante que
todos os discípulos, ou quase todos, eram galileus. A Galiléia, antiga província da Palestina, tem por
confronto, o Mediterrâneo e a Fenícia; de um lado o monte Líbano e o rio Leontes; de outro o Jordão
e o lago Genesaré; a torrente de Keseu ao sul.

A Galiléia foi o refúgio de muitas famílias que se conservaram fiéis à crença judaica. Antes
disso era considerada uma terra de maldição pelos profetas. Primeiramente fazia parte do território
das tribos revoltadas contra o herdeiro de Salomão; depois a invasão assíria despovoara o país e
substituíra-se as populações deportadas para as margens do Eufrates. Acabada a dominação
assíria, e devastada a Judéia, as antigas populações voltaram, misturando-se assim as raças e os
cultos e dando à Galiléia uma espécie de liberdade de pensamento, estranha no Oriente.

Foi nesse ambiente livre que nasceu o Cristianismo, que viveram os Apóstolos, os mártires
da nova Religião, onde nasceu Jesus, que aí viveu mais de trinta anos; foi nela que se estabeleceu o
núcleo de cristãos que havia de trazer ao mundo a nova da Redenção e bater com o azorrague da
Luz o mundo grego e romano. Quando Jesus nasceu, a Galiléia era o paraíso da Sítia e
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principalmente Nazaré era célebre pela sua beleza e seu clima.

Os galileus formaram uma seita antes de Jesus, que tinha por chefe Judas da Galiléia.
Quando o imperador impôs um censo a todos os seus vassalos, os galileus levantaram-se, porque
achavam que era uma vergonha para os filhos de Israel pagar tributo a um príncipe estrangeiro.
enfim, parece que os galileus foram os primeiros a se converterem à nova fé, aliando-se ao Mestre
querido.

Judas Tadeu, diz Necéforo e Isidoro, após a difusão do Espírito, anunciou o Cristianismo aos
povos da Líbia, aos da Pérsia e Armênia. Deixou uma epístola exortativa, que faz parte do Novo
Testamento, em que convida seus discípulos a pelejarem pela fé e se armarem de obras boas que
dêem sinal de purificação.

Matias foi o substituto de Judas Iscariote no Apostolado. Nada sabemos nos primeiros
tempos sobre Matias, senão que ele foi um dos setenta e dois discípulos que o Senhor designou e
enviou, dois a dois, adiante de si a todas as cidades e lugares que pretendia visitar.

E estes discípulos foram e grande sucesso obtiveram, excedendo muito à sua expectativa.
Pois, quando voltaram a dar conta ao Senhor, do resultado da incumbência que lhes fora confiada,
cheios de alegria, Lhe disseram: "Senhor, até os espíritos malignos se submeteram a nós em Teu
nome". Ao que Jesus respondeu: "Eu via a Satanás cair do céu como relâmpago. Eis aí vos dei
autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada de modo
algum vos fará mal. Mas não vos regozijeis em que os espíritos se vos submetem, antes regozijai-
vos em que os vossos nomes estão escritos nos Céus". Esta última revelação de Jesus parece
confirmar que os missionários da sua Doutrina não se fazem aqui na Terra; já vêm feitos do Mundo
Espiritual; têm os seus nomes escritos "no Céu", como pegureiros da Verdade, que vêm libertar o
homem das trevas e da ignorância.

Uma tradição, confirmada entre os gregos, refere que, após o Pentecostes, ele pregou o
Evangelho na Capadócia e para lado do Ponto Euxino.
Cairbar Schutel

Naquela época existiam Deuses pagãos, crendices, amuletos e supertições faziam parte da
realidade da época e os feitos de Jesus causavam tumulto e animava o povo na esperança de um
libertador,
houve assim, a necessidade de afastar-se para dar continuidade da tarefa.

A CENA DO TABOR

Monte Tabor é uma alta colina da Galiléia, a oeste do Mar da Galileia, como o topo à cota de
575 metros acima do nível do mar. Muitos acreditam que foi no topo deste monte que, segundo os
Evangelhos do Novo Testamento da Bíblia, terá ocorrido a transfiguração de Jesus Cristo, sendo por
isso considerado como um dos lugares místicos da Terra Santa, ligado ao culto da Transfiguração,
particularmente reverenciado pelas igrejas orientais, nomeadamente pela Igreja Ortodoxa Grega.

Narra o Evangelho que os discípulos viram quando um grande esplendor envolveu Jesus, o
qual mostrou-se acompanhado de Moisés e Elias, um de cada lado. A visão foi de curta duração e
logo apagou-se e desceram de novo para o pé do monte, onde passaram o resto da noite. Nessa
volta é que os discípulos lhe perguntaram se era, pois, certo, que Elias viria anunciar o Messias,
como estava escrito, respondendo Jesus que tal coisa já acontecera na pessoa de João Batista, o
mesmo que os homens sacrificaram, como também sacrificariam a Ele o Filho do Homem, que seria
imolado para salvação do mundo.
Edgard Armond

Pedro havia revelado a individualidade de Jesus pouco antes, e fora o primeiro discípulo que
com João se afastara do Batista para seguir Jesus; João, o "discípulo a quem Jesus amava" (João,
13:23; 19:26; 21:20) Tiago, irmão de João, foi decapitado em Jerusalém no ano 44 (At. 12:2), tendo
sido o primeiro dos discípulos, escolhidos como emissários, que testemunhou com seu sangue a

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Verdade dos ensinos de Jesus. Com os três Jesus "subiu ao monte" (Lucas), ou "os ELEVOU a um
alto monte".

Chegam ao cume, Jesus se põe a orar (Lucas) e, durante a prece, "se transfigura".
 Essa transformação se operou no rosto, que tomou "outra forma"; embora não se diga qual, a
informação de Mateus é que "resplandecia como o sol". Também as vestes se tornaram "brancas
como a luz" (Mat.) ou "brancas qual nenhum lavandeiro seria capaz de alvejar (Marc.) ou "brancas e
relampejantes" (Lucas).
Mateus e Marcos falam em "visão", enquanto Lucas apenas anota que "dois homens", que eram
Moisés e Elias, conversavam com Ele.

Moisés, o libertador e legislador dos israelitas, servo obediente e fiel e Elias, o mais valoroso
e adiantado intérprete, em sua mediunidade privilegiada, do pensamento. Agora vinham ambos
encontrar, JESUS: traziam-lhe a garantia da amizade e a fidelidade de seus serviços, sobretudo nos
momentos difíceis: dos grandes sofrimentos que se aproximavam.

Lucas esclarece que a conversa girou exatamente em torno do "êxodo", ou seja, da saída de
Jesus do mundo físico, que se realizaria em Jerusalém . Embora desencarnados, continuavam
servos fiéis de "seu Deus". Trata-se de verdadeira e legítima "sessão espírita", realizada por Jesus
em plena natureza, a céu aberto, confirmando que as proibições, formuladas pelo próprio Moisés ali
presente, (Não ligue para médiuns ou espíritas, não procura-los, a ser contaminados por eles, Eu
sou o SENHOR vosso Deus), não se referiam a esse tipo de sessões, mas apenas a "consultar" os
espíritos dos mortos sobre problemas materiais (Lev. 19:31 e Deut. 18:11), em situações em que só
se manifestam espíritos de pouca ou nenhuma evolução.

Quanto à presença de Elias, que Jesus afirmou categoricamente haver reencarnado na


pessoa de João Batista, (Mat. 11:14) observemos que o episódio da "transfiguração" se passa após
a decapitação do Batista (Mat. 14:10 e Marc. 6:27; vol. 3). Por que, então, teria o precursor tomado a
forma de uma encarnação anterior? Que isso é possível, não há dúvida. No entanto, ninguém
afirmou que os discípulos os "reconheceram". Lucas, em sua frase informativa, diz que "viram dois
homens"; depois esclarece por conta própria: "que eram Moisés e Elias". Pode perfeitamente
deduzir-se daí que o souberam por informação de Jesus. Como poderia vir Elias, se ainda estava
"no espaço"? E o Mestre lhes explica o processo da reencarnação.

Também em Lucas encontramos outra indicação preciosa, que talvez lance nova luz sobre o
episódio.
Diz ele que "os discípulos estavam oprimidos pelo sono, mas conservando-se plenamente
despertos “Quiçá explique isso que o episódio se passou no plano espiritual (astral, ou talvez
mental). Eles estavam em sono, ou seja, fisicamente em transe hipnótico (mediúnico), com o corpo
adormecido; mas se mantinham plenamente despertos, isto é perfeitamente conscientes nos planos
menos densos (astral ou mental); então, o que de fato eles viram, não foi o corpo físico de Jesus
modificado, mas sim a forma espiritual do Mestre e, a seu lado, as formas espirituais de Moisés e
Elias.

Inegavelmente a frase de Lucas sugere pelo menos a possibilidade dessa interpretação. Mais
tarde, na agonia, é também Lucas que chama a atenção sobre o sono desses mesmos três
discípulos (Luc. 22:45).

Mateus e Marcos parecem indicar que Pedro fala ainda na presença de Moisés e Elias, mas
Lucas esclarece que ele só se manifestou depois que eles desapareceram. Impulsivo e extrovertido
como era, não conseguiu ficar calado. E sem saber o que dizer, propõe construir três tendas, uma
para cada um dos visitantes e uma para Jesus.
Pergunta-se qual a razão das tendas.
Pedro não obteve resposta. Estava ainda a falar quando os envolveu (literalmente "cobriu") a todos
uma nuvem de luz, e os três jogaram-se de rosto ao chão, aterrorizados.
A nuvem poderia ser o ectoplasma que tivesse servido para materialização dos espíritos e que, ao
desfazer-se a forma, tomava aspecto de nuvem difusa, até o ectoplasma ser absorvido pelo ar.

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Quando a nuvem os cobriu, foi ouvida uma voz (fenômeno comum nas sessões de
materialização), e "este é meu filho, o Amado, que me alegra"; e os três evangelistas acrescentam
unanimemente: "ouvi-o".

O PORQUÊ DAS EXCURSÕES (instrução,


fortalecimento,
testemunho,
aceitação,
enfrentar dificuldades,
conhecer a dor do outro,
olhar-se e ver-se no outro).

Essas excursões tinham como objetivo, mostrar aos apóstolos que eles precisavam
compreender o porque alguns aceitariam com facilidade os ensinamentos do Mestre e o porque
outros duvidariam que Ele era o Messias, enviado de Deus, deveriam ter o conhecimento do mundo,
aprender a enfrentar as dificuldades que certamente viriam e como superar as maldades humanas,
nunca se esquecendo de buscar constantemente o conhecimento de tudo aquilo que fosse
possível. È como se o Mestre nos disse nos dias atuais, instrui-vos!

Nos conta os evangelhos que bastou Jesus fazer o convite, para os escolhidos largarem suas
vidas, os seus afazeres para seguirem Jesus, sem ao menos conhecerem com exatidão aquilo que
Ele pregava. Nos diz José Carlos Leal em seu livro “O Jesus dos Espíritas”, que muito
provavelmente antes de encarnar, houve toda uma preocupação e preparação com esses
colaboradores, e eles tinham conhecimeto de sua tarefa que era a de continuar propagando o
Evangelho do Mestre, estando ao seu lado e principalmente quando ele voltasse ao Plano Maior.

Então no momento indicado, Jesus vai até os seus colaboradores que já se encontravam
encarnados e entregues aos seus afazeres da então encarnação e lhes faz o convite, e Eles
entenderam , mesmo não se lembrando, de que era chegada a hora de colocar em prática o
compromisso assumido antes de encarnarem.

Agora vamos lá, nós todos aqui somos seres dotados de inteligência (é como pregava Judas
Iscarioti “A inteligencia do homem é que o transforma em carrasco ou em santo, tudo depende de
sua intenção), então vamos usar a imaginação, para o bem.

Se Jesus entrasse por essa porta e disesse: “A paz seja convosco”. È chegada a hora, largue
tudo nesta vida e segue-me...”Ai passado o susto, eu vou parar e pensar:
1-Eu vou largar tudo o que eu tenho e sair andando pelo mundo, com tanto crime, com tanta
marginalidade, com tanta gente que só quer se dar bem, que só pensa em si mesmo...será que eu
não posso continuar fazendo minhas vibrações da minha casa, lá eu tenho hora certa para tudo, não
vou me esquecer...
2-Mas eu demorei tanto tempo para comprar meu carro zero, ainda to pagando prestação,
como eu vou deixa-lo? Nossa coloquei som com mp3 e gps essa semana...
3- Largar o meu emprego, mas eu estudei tanto para me formar e conseguir o cargo e o
salário que tenho hoje...
4- Deixar minha televisão de LED FULL HD 3D, novinha, já tem até conversor digital
integrado...
5- Eu, deixar meu marido, minha esposa, meus filhos, e aquela viagem que nós estamos
programando a tempos...
6- Por que é que eu preciso largar tudo, eu faço escola de aprendizes, faço meu caderno de
temas, a e prometo que não vou me esquecer da caderneta, além da escola vou até uma vez por
semana lá na Casa Espírita...Ai a consciência de cada um começa a questionar e a perguntar:

Se eu busco me melhorar como pessoa, busco a minha reforma íntima, como é que eu ainda
penso em aceitar o convite do Mestre. Nós somos discípulos Dele, nós somos os trabalhadores da
última hora, Ele esta nos chamando a segui-lo, sendo assim, o que nós ainda estamos esperando...

Eu devo procurar usar o exemplo de:


André, que muito contribuiu com sua solicitude e sua alegria,
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Como Filipi que nos ensinou a ajudar e a tolerar,
Como Tiago (Maior), que muito nos ensinou sobre gratidão,
Como Mateus que nos mostrou a importância de saber ouvir e esperar,
Como Tadeu que nos ensinou sobre otimismo, bondade e verdade,
Como Tiago (menor), que nos ensinou sobre fraternidade e serenidade,
Como Judas Iscarioti, que tanto nos falou sobre desprendimento e caridade,
Como Tomé que nos ensinou sobre a Dor e sobre o perdão,
Como Bartomeu, que nos ensinou sobre o trabalho,
Como Simão (Zelote) que nos ensinou sobre Solidariedade,
Como Pedro que nos ensinou a sermos companheiros ou ainda
como João que baseou todo o seu legado no amor; amor este que não precisa de nenhuma
dessas outras virtudes para viver, mas todas elas precisam e muito do amor para que não morram! E
estes discípulos seguiram quando foram chamados e obtiveram grande sucesso excedendo muito à
expectativa do Mestre E nós, o que ainda estamos esperando?

DISCÍPULOS DE JESUS

Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que
também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes
amor uns aos outros.”1 Jo 13:34, 35. O Amor é a essência da Doutrina de Jesus. Recomenda-nos,
sobretudo, sua vivência, traduzida nos atos, palavras e pensamentos de todos os instantes.
Depreende-se dos versículos que seus discípulos seriam reconhecidos pelo amor recíproco!

Meditando sobre os dois mil anos que se passaram desde Sua vinda até nós; sobre os
acontecimentos que presidiram e presidem às ações humanas, concluímos que nem mesmo os
chamados “religiosos” assimilamos ainda o verdadeiro espírito da sublime lição do Amor. Se a
houvéssemos compreendido, não teríamos atrasado nossa evolução pelos mil anos da Idade Média.
A História não registraria a existência das Cruzadas, da “Santa” Inquisição, para ficarmos em
movimentos originados, entre outras razões, na “fé cristã”; para não falar das outras guerras, antigas
ou modernas, em que as atrocidades ultrapassaram os limites, em sociedades ditas cristãs, ou tendo
como causa disputas “cristãs”. É claro que interesses econômicos são, em essência, a razão maior
de todas elas. E os homens sofismam, enganando-se a si mesmos, apresentando a Fé Cristã como
a razão de suas lutas. Nem existiriam as divisões religiosas dos chamados “cristãos” dos dias que
correm; nem seus ataques recíprocos.

Ou seja: ainda não revelamos, passados dois mil anos, o mútuo amor que nos identificará
como verdadeiros discípulos do Mestre Incomparável! Vamos além: a tolerância, a benevolência e a
indulgência estariam presentes, se não para com terceiros, pelo menos entre nós, os espíritas,
reciprocamente. Apesar da limitação, já seria um progresso. Mas nem mesmo nós, com a Luz da
Terceira Revelação, vivenciamos a máxima lição do Amor. O que revela que também esta não foi
compreendida por nós. Que não passa de nossos lábios e ainda não chegou aos nossos corações!

Se não nos amamos, que notícias damos do Cristo, de Sua Doutrina, plena de Amor?

Se não nos amamos entre nós, se não nos respeitamos uns aos outros, como iremos amar
os demais? Como convertê-los ao Evangelho, se revelamos que ainda não fomos convertidos ao
seu verdadeiro Espírito? Na questão 886 de “O Livro dos Espíritos” 3, respondendo à indagação de
Allan Kardec sobre “Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?”, os
Espíritos revelaram:“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros,
perdão das ofensas.”Na família temos múltiplas crenças, essa é a realidade, por que não estendê-la
à comunidade? Por que não nos revelarmos uns aos outros e a todos que somos verdadeiros
discípulos do Divino Mestre?
Diante da intolerância e às acusações de áreas “neo-evangélicas”, indicou que o silêncio é a
resposta adotada. E disse, sinceramente que não sabia mais o que poderia ser feito. Aliás, essa foi a
postura de Jesus, diante de Pilatos — a do silêncio.

Sugeríamos que orássemos uns pelos outros, sobretudo para aqueles mais intolerantes,
buscando o poder pacificador e transformador da prece, atendendo à recomendação do Divino
Mestre, e que orássemos para aqueles que não nos compreendem. Enfatizo, ainda, a necessidade
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das campanhas, entre todos os cultos, pela oração em família, que é o medicamento mais eficaz,
num mundo excepcionalmente enfermo.

Jesus, o Bom Pastor, referindo-se a nós, suas ovelhas, afirma que “(...) elas [as ovelhas}
ouvirão a minha voz; então haverá um rebanho e um pastor.”1 Jo 10-16.

Unamos nossos esforços; trabalhemos juntos, para contribuir com a chegada desse tempo,
em que “(...) haverá um rebanho e um pastor.”Se queremos, pois, ser verdadeiros discípulos do
Divino Mestre, ouçamos a Sua voz, amando-nos uns aos outros, com mútua benevolência. Só assim
nos identificaremos realmente como Seus discípulos e aprendizes de Seu Evangelho de luz! E a
Terra transformar-se-á em bela Oficina de Paz, de Trabalho, de Fraternidade, de Progresso
Espiritual, favorecendo nossa Evolução e a conseqüente pacificação de nossas almas inquietas!
Quem é um discípulo de Jesus?

O discípulo do Evangelho é alguém que foi admitido à presença do Divino Mestre para servir.
(XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. ) - Pelo Espírito Emmanuel. Cap. 138 O
discípulo sincero, porém, é o trabalhador devotado que atinge a luz do Senhor, não em benefício de
Jesus, mas, sobretudo, em favor de si mesmo. (LORENZ, Francisco Valdomiro. A porta do antigo
Egito. Cap. 133)

A quem Jesus confia missões importantes?

Somente a um hábil general, capaz de o dirigir, se confia o comando de um exército. Julgais


que Deus seja menos prudente do que os homens? Ficai certos de que só confia missões
importantes aos que ele sabe capazes de as cumprir, porquanto as grandes missões são fardos
pesados que esmagariam o homem carente de forças para carregá-los.

Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o discípulo; para fazer que a
Humanidade avance moralmente e intelectualmente, são precisos homens superiores em
inteligência e em moralidade. Por isso, para essas missões são sempre escolhidos Espíritos já
adiantados, que fizeram suas provas noutras existências, visto que, se não fossem superiores ao
meio em que têm da atuar, nula lhes resultaria a ação.

Isto posto, haveis de concluir que o verdadeiro missionário de Deus tem de justificar, pelas
suas virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influência moralizadora de suas obras, a missão
de que se diz portador. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. 21. Item 9).

Servidor de Jesus

Quando jovens normalmente somos idealistas e com facilidade nos vinculamos a


determinadas causas. Não foi diferente com aquele jovem que conheceu a Doutrina Espírita e
passou a estuda-la com ardor. Mergulhando nas páginas do Evangelho, apaixonou-se por Jesus. Na
sua ardência juvenil, ele desejou servir ao Cristo com todas a s forças do seu coração. Mais do que
isso, ele queria morrer pela causa do cristianismo.

Ser cristão como os primitivos cristãos. Desejava ser perseguido como foram os apóstolos e
os discípulos de Jesus. Quem sabe poderia ir para um país onde houvesse perseguição religiosa e
pena de morte. Poderia ser preso, torturado e, por fim, morto. Era o que ele desejava: morrer por
amor a Jesus, pela causa da verdade.

Recordava o heroísmo do apóstolo Pedro sendo crucificado de cabeça para baixo. De Paulo
de Tarso sendo açoitado, apedrejado e decapitado, por amor ao Mestre. Lembrava, enfim, dos
testemunhos de todos aqueles cristãos que se deixaram matar, não se permitindo abandonar o
ideal.
Certo dia, durante suas orações, ouviu um mensageiro dos céus que lhe falava:
- Filho, você deseja mesmo morrer por Jesus?
- Sim, é claro. Falou ele.
- Pois então eu vou levar a Jesus o seu pedido e depois lhe trarei a resposta.
Nos dias seguintes, o jovem não cabia em si de tanta ansiedade. Quando viria a resposta?
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E foi durante a oração de uma das noites, que a voz se fez ouvir outra vez:
- Filho, levei o seu pedido a Jesus e venho lhe dizer que Ele aceitou.
- Quer dizer, foi dizendo afoito o jovem, que eu vou morrer por amor a Jesus?
- Sim, filho, mas não de repente. Você irá morrer devagarzinho, um pouco a cada dia. Jesus pede
que você atenda seu próximo, sirva aos seus irmãos, se torne um apóstolo do amor na terra.
- E, por amor a ele, por amor à verdade que Ele veio ensinar, morra um pouquinho todas as vezes
que a calúnia alcançar o seu caminho, que as pedras da incompreensão o atingirem.
Foi então que o jovem se ergueu e passou a dedicar sua vida a servir ao próximo, esquecendo-se
de si mesmo, dos seus próprios anseios.
Hoje, com mais de setenta anos de idade, ele pede a Jesus que lhe permita viver no corpo um
pouco mais, pois reconhece que ainda há muito por fazer pelos filhos do calvário, que andam sobre
a terra.

O verdadeiro seguidor de Jesus faz o bem pelo bem sem esperar paga alguma. Retribui o
mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre os seus interesses à
justiça. Quem segue a Jesus encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que
presta, no fazer os outros felizes, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que dá aos aflitos.

Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si. É para cuidar dos
interesses dos outros antes do seu próprio interesse. Relato de Divaldo Pereira Franco em palestra
pública do dia 11/11/2000 em Brasília a respeito de sua própria vida.

TESTEMUNHO DIFERENTE

A nossa civilização também apresenta sintomas de decrepitude, e estertora-se nas contradições


geradas pelo tremendo contraste entre o progresso material, que leva o Homem à Lua, e o
progresso moral, ainda situado no domínio dos impulsos primitivos.
Como proclama a sabedoria oriental: "O Homem aprendeu a movimentar-se no mar e no ar, mas
não aprendeu a andar como Homem."E onde a Razão deturpada cede ao domínio das paixões;
onde a Virtude é desdenhada; onde prevalecem os interesses imediatistas; onde a ânsia de poder,
riqueza, conforto e prazer constitui a média das aspirações gerais, o fim está sempre próximo como
ocorreu tantas vezes outrora.

Diante das tormentas que se aproximam, o Espiritismo situa-se por vigoroso apelo às consciências
para a preservação dos patrimônios espirituais e morais da Humanidade. À semelhança dos
primitivos cristãos, os espíritas também são convocados a grandes testemunhos e talvez até mais
difíceis, porque não se trata mais de morrer por Jesus e, sim, de conseguir viver com Jesus.
Isto exige autenticidade, capacidade de sermos nós mesmos, de mantermos uma conduta inspirada
em convicções legítimas, superando a alienação imposta por uma sociedade de consumo onde os
meios de comunicação como a televisão, o cinema, o rádio e a imprensa, colocados a serviço de
interesses materialistas, condicionam nossos desejos, nossos prazeres, nosso comportamento.

Diz Erich Fromm, o notável pensador alemão, que o grande perigo que ameaçava o Homem no
passado era ele tornar-se escravo, sob imposição dos poderosos e dos tiranos. O grande perigo de
nosso tempo - diz ele - é o Homem tornar-se autômato.
E as multidões de hoje, conduzidas como imensos rebanhos, sob indução da propaganda que lhes
diz o que comer, o que vestir, como pensar, como amar, procedem como autômatos programados
para a mediocridade, incapazes de conceber a existência em termos de aprimoramento moral e
espiritual; por isso, não têm condições de participar do banquete do Evangelho, oferecido por Jesus
aos que não se alienaram.

Muitos tentam furtar-se à condição de autômatos, e isto tem acontecido particularmente com os
jovens, mas continuam teleguiados, embora se proclamem livres, pois escolhendo o caminho da
rebeldia, inspiram-se, indevidamente, na negação de todos os valores morais, tomando-se, assim,

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agentes inconscientes das sombras, presas fáceis de hábeis obsessores que os conduzem por
tortuosos caminhos de vício, degradação e crime...
Em se tratando de "vida abundante", segundo a expressão evangélica, superadas as pressões
alienatórias do Mundo atual, não há alternativa senão aquela oferecida pelos cristãos primitivos:
dedicação e sacrifício.

Dedicação intransferível à causa do Bem, no caminho da Virtude e da Sabedoria, em ritmo


de Fraternidade e aprimorar-se para a edificação de um futuro de bênçãos.
Sacrifício de tudo o que satisfaz o Homem perecível, mas não interessa ao Espírito eterno; sacrifício
dos programas de televisão, que no estágio atual distraem, mas raramente edificam; sacrifício das
conversações inúteis e inconseqüentes, onde vicejam, com facilidade, a maledicência e a malícia;
sacrifício das tão procuradas horas de lazer, em que damos livre curso às fantasias que nos
oprimem; sacrifício de atividades absorventes com as quais procuramos garantir fartura e conforto,
mas que significam quase sempre um marca-passo no caminho da Evolução, ensejando tropeços
desastrosos.

Nunca superaremos a alienação, nem deixaremos de ser simples autômatos, incapazes de


agir senão sob estímulos exteriores, enquanto nossas mãos e nossa mente não estiverem ocupados
permanentemente com o melhor, com a vida em termos de Eternidade, considerada a nossa
condição de Espíritos em trânsito pela Terra.
E se nos parece demais o impositivo de tal ação sem limites, recordemos Jesus em João, Capítulo
5.º, versículo 17:

"Meu Pai trabalha até agora, e Eu trabalho também."

UMA FIGURA INCOMPARÁVEL

A figura de Jesus não encontra equivalente em nenhuma outra. Qualquer que seja a
personalidade humana que se pretenda estudar, ela apresenta nuanças de luz e sombra. Em
algum aspecto de sua vida, titubeou e cometeu deslizes. Com Jesus isso não se verifica. Ele é o
Modelo dado por Deus a todos os homens. Ao surgir no cenário terreno, já havia atingido o ápice
de Seu estado evolutivo.

Embora essencialmente humano, não portava nenhuma das mazelas comuns aos homens.
Justamente por isso, causou tanto impacto. Como Ser perfeito, não Se deixou contaminar por
desejos e preconceitos humanos. Transcendeu a todos os vícios, embora cheio de compaixão
pelos pobres viciados. Sua celestial sabedoria confundiu os mais doutos da época. Sempre
pacífico, nem por isso deixou de combater a hipocrisia. Sem desrespeitar as consciências
alheias, tratou de demonstrar em que realmente consistia a essência das Leis Divinas. Valorizou
as mulheres, em uma época em que nenhum direito lhes era reconhecido.
Tratou de leprosos, quando todos fugiam deles. Amparou e encaminhou prostitutas, as quais
eram objeto de intenso desprezo. Conviveu com pessoas de má vida, sem se importar com as
críticas. Abriu os braços às crianças, encantado com sua fragilidade e com a pureza que
simbolizam. Gastou tempo com seres ignorantes e rudes, sempre paciente e benfazejo.

Ele viveu no mundo, sem ser do mundo. Amparou, cuidou e esclareceu a toda a gente, sem
jamais ser manchado pela impureza que o rodeava. Qualquer que seja o ângulo pelo qual se
observa, a grandeza de Jesus impressiona.

Não Se deixou tocar pelos preconceitos próprios da época. Amou sem esperar ser amado.
Ensinou e viveu a compaixão em um período de sentimentos rudes e hábitos cruéis. Movimentou
recursos magnéticos e de cura até hoje desconhecidos. Lançou a idéia da vida futura, como uma
esperança para todos os homens. Substituiu o conceito de um Deus vingativo e cruel pelo de um
Pai amoroso. Trata-se de uma figura incomparável, superior a qualquer outra. E é Dele o convite
que ressoa, através dos séculos:

Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-Me! Em algum momento
será necessário atender ao amoroso chamado, romper com o passado de equívocos e marchar
para a luz. O seu momento pode ser agora!
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Pense nisso.

Pontos a considerar
QUEM SÃO OS ESCOLHIDOS?
ESCOLHEMOS JESUS, ASSUMIMOS SUA DIRETRIZ E CONDUTA MORAL BASEADA NO
AMOR ?

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