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PROGRAMA FUNDAMENTAL MÓDULO IX – Lei de Adoração

ROTEIRO 1 Adoração: significado e objetivo

Objetivos ■ Dizer em que consiste a adoração.


específicos
■ Explicar a maneira de adorar a Deus segundo o Espiritismo.

Conteúdo ■ A adoração consiste [...] na elevação do pensamento a Deus.


básico Deste, pela adoração, aproxima o homem sua alma. Allan Kardec:
O livro dos espíritos, questão 649.
Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

■ A adoração está na lei natural, pois resulta de um sentimento


inato no homem. Por essa razão é que existe entre todos os povos,
se bem que sob formas diferentes. Allan Kardec: O livro dos espí-
ritos, questão 652.

■ A adoração verdadeira é do coração. Em todas as vossas ações,


lembrai-vos sempre de que o Senhor tem sobre vós o seu olhar.
Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 653.

■ É hipócrita aquele cuja piedade se cifra nos atos exteriores. Mau


exemplo dá todo aquele cuja adoração é afetada e contradiz o seu
procedimento. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 654.

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Programa Fundamental • Módulo IX • Roteiro 1

Sugestões Introdução
didáticas ■ No início da reunião, lembrar que, na década de 60, no sécu-
lo XX, os homens estavam tão inebriados com o progresso
científico que, em diversos jornais e revistas, foram publica-
dos artigos que decretavam a morte de Deus. Deus estava mor-
to porque, com o avanço científico, seria possível demonstrar
a inutilidade do poder divino na resolução dos problemas hu-
manos. Entretanto, com o passar do tempo, vimos que a
Ciência vem se revelando incapaz de atender as necessidades
crescentes do homem, sejam elas físicas, emocionais, afetivas,
sociais ou espirituais. Persiste, pois, a importância da crença
em Deus e a necessidade de adorá-Lo, segundo as possibilida-
des de cada um.
■ Explicar também que a adoração é uma das leis naturais, por-
que é resultante de um sentimento inato no homem. Por esse

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motivo é que todos os povos sempre adoraram a Deus, embo-
ra de formas diferentes.

Desenvolvimento
■ Pedir, em seguida, aos participantes que, em duplas, emitam
um conceito de adoração.
■ Ouvir as respostas das duplas.
■ Explicar em que consiste a adoração segundo o Espiritismo,
esclarecendo sobre diversas formas de adoração conhecidas,
de acordo com o progresso humano.
■ Solicitar à turma que leia os dois últimos parágrafos dos sub-
sídios, e, em seguida, informe, em plenário, o significado de
adoração, segundo a Doutrina Espírita.
■ Ouvir as interpretações dos participantes, esclarecendo pos-
síveis dúvidas.

Conclusão
■ Concluir a aula, reforçando a idéia de que o processo de ado-
ração acompanha a evolução do homem. Quanto mais este
evolui, intelectual e moralmente, mais se aperfeiçoam a sua
concepção de Deus e a forma de adorá-lo. 315
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Avaliação
O estudo será considerado satisfatório se os participantes, nos
trabalhos realizados, souberem conceituar adoração e explicar a
maneira de adorar a Deus segundo o Espiritismo.

Técnica(s): exposição; estudo em duplas; trabalho em peque-


nos grupos.

Recurso(s): subsídios do Roteiro; papel; lápis/caneta.

Subsídios
O vocábulo adoração significa, segundo o Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa, ato ou efeito de adorar, que está intimamen-
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te relacionado à palavra veneração, culto que se rende a alguém


ou algo considerado divindade. No sentido vulgar do termo,
adorar traduz-se como prestar culto à divindade. Todavia, afir-
mam os Espíritos Superiores que adoração consiste na [...] ele-
vação do pensamento a Deus.
Deste, pela adoração, aproxima o homem sua alma 1. Escla-
recem também que a [...] adoração está na lei natural, pois resulta
de um sentimento inato no homem. Por essa razão é que existe
entre todos os povos, se bem que sob formas diferentes 2.
Tempos houve em que cada família, cada tribo, cada cida-
de e cada raça tinha os seus deuses particulares, em cujo louvor o
fogo divino ardia constantemente na lareira ou nos altares dos
templos que lhes eram dedicados. Retribuindo essas homenagens
(assim se acreditava), os deuses tudo faziam pelos seus adoradores,
chegando até a se postar à frente dos exércitos das comunas ou das
nações a que pertenciam, ajudando-as em guerras defensivas ou
de conquista 8.
É importante destacar que a [...] palavra deus tinha, entre
os antigos, acepção muito ampla. Não indicava, como presentemen-
te, uma personificação do Senhor da Natureza. Era uma qualifica-
ção genérica, que se dava a todo ser existente fora das condições da
316 Humanidade. Ora, tendo-lhes as manifestações espíritas revelado
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a existência de seres incorpóreos a atuarem como potência da Natureza, a esses seres


deram eles o nome de deuses, como lhes damos atualmente o de Espíritos.
Pura questão de palavras, com a única diferença de que, na ignorância em
que se achavam, mantida intencionalmente pelos que nisso tinham interesse, eles
erigiram templos e altares muito lucrativos a tais deuses, ao passo que hoje os consi-
deramos simples criaturas como nós, mais ou menos perfeitas e despidas de seus
invólucros terrestres. Se estudarmos atentamente os diversos atributos das divinda-
des pagãs, reconheceremos, sem esforço, todos os de que vemos dotados os Espíritos
nos diferentes graus da escala espírita, o estado físico em que se encontram nos mun-
dos superiores, todas as propriedades do perispírito e os papéis que desempenham
nas coisas da Terra 6.
Para entendermos a adoração, precisamos reconhecer que esta acompa-
nha o processo evolutivo da criatura humana, uma vez que, como o homem
evolui intelectual e moralmente, aperfeiçoa também sua concepção de Deus e a
sua forma de adorá-lo. Podemos, então, acompanhar com nitidez a transforma-

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ção histórica da idéia de Deus ocorrida na nossa humanidade: partindo das pri-
mitivas idéias politeístas, alcançamos significativo progresso religioso com o
monoteísmo, a despeito de ainda presos às manifestações de culto exterior. Nes-
se ponto da história religiosa do Planeta, a nossa rota evolutiva abre-se em uma
bifurcação, estabelecida pelo surgimento do Cristianismo. Assim, os povos do
hemisfério ocidental abraçam as idéias cristãs, enquanto os povos do hemisfério
oriental se mantêm presos às tradições religiosas do seu passado remoto. É opor-
tuno assinalar que vindo [...] iluminar o mundo com a sua divina luz, o Cristianis-
mo não se propôs destruir uma coisa que está na Natureza.
Orientou, porém, a adoração para Aquele a quem é devida. Quanto aos Espí-
ritos, a lembrança deles se há perpetuado, conforme os povos, sob diversos nomes, e
suas manifestações, que nunca deixaram de produzir-se, foram interpretadas de
maneiras diferentes e muitas vezes exploradas sob o prestígio do mistério. Enquanto
para a religião essas manifestações eram fenômenos miraculosos, para os incrédulos
sempre foram embustes. Hoje, mercê de um estudo mais sério, feito à luz meridiana,
o Espiritismo, escoimado das idéias supersticiosas que o ensombraram durante sécu-
los, nos revela um dos maiores e mais sublimes princípios da Natureza 7.
Devemos considerar, no entanto, que longe ainda nos encontramos de
adorar Deus em espírito e verdade, conforme preconiza o Espiritismo, e lem-
brando a mensagem cristã. Muitas interpretações religiosas ainda trazem o ran-
ço das manifestações ritualísticas, visíveis nos seus cerimoniais de culto externo.
Emmanuel, a propósito, lembra-nos que nos [...] tempos primevos, como na 317
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atualidade, o homem teve uma concepção antropomórfica de Deus. Nos períodos


primários da Civilização, como preponderavam as leis de força bruta e a Humani-
dade era uma aglomeração de seres que nasciam da brutalidade e da aspereza, que
apenas conheciam os instintos nas suas manifestações, a adoração aos seres invisí-
veis que personificavam os seus deuses era feita de sacrifícios inadmissíveis em vossa
época. Hodiernamente, nos vossos tempos de egoísmo utilitário, Deus é considerado
como poderoso magnata, a quem se pode peitar com bajulação e promessa, no seio
de muitas doutrinas religiosas 9.
Os Espíritos Orientadores da Codificação Espírita nos esclarecem que [...]
adoração verdadeira é do coração. Em todas as vossas ações, lembrai-vos sempre de
que o Senhor tem sobre vós o seu olhar 3. Esclarecem igualmente que a adoração
exterior será útil, [...] se não consistir num vão simulacro. É sempre útil dar um
bom exemplo. Mas, os que somente por afetação e amor-próprio o fazem, desmen-
tindo com o proceder a aparente piedade, mau exemplo dão e não imaginam o mal
que causam 4.
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Na verdade, continuam elucidando os Espíritos Codificadores, Deus pre-


fere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitan-
do o mal, aos que julgam honrá-lo com cerimônias que os não tornam melhores
para com os seus semelhantes. Todos os homens são irmãos e filhos de Deus. Ele
atrai a si todos os que lhe obedecem às leis, qualquer que seja a forma sob que as
exprimam. É hipócrita aquele cuja piedade se cifra nos atos exteriores. Mau exemplo
dá todo aquele cuja adoração é afetada e contradiz o seu procedimento. Declaro-vos
que somente nos lábios e não na alma tem religião aquele que professa adorar o
Cristo, mas que é orgulhoso, invejoso e cioso, duro e implacável para com outrem, ou
ambicioso dos bens deste mundo. Deus, que tudo vê, dirá: o que conhece a verdade é
cem vezes mais culpado do mal que faz, do que o selvagem ignorante [...]. E como tal
será tratado no dia da justiça. Se um cego, ao passar, vos derriba, perdoá-lo-eis; se for
um homem que enxerga perfeitamente bem, queixar-vos-eis e com razão. Não
pergunteis, pois, se alguma forma de adoração há que mais convenha, porque equiva-
leria a perguntardes se mais agrada a Deus ser adorado num idioma do que noutro.
Ainda uma vez vos digo: até ele não chegam os cânticos, senão quando passam pela
porta do coração 5.

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Referências 1. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon


Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Questão 649, p.
316.
2. ______. Questão 652, p. 316.
3. ______. Questão 653, p. 317.
4. ______. Questão 653-a, p. 317.
5. ______. Questão 654, p. 317-318.
6. ______. Questão 668, p. 323.
7. ______. p. 324.
8. CALLIGARIS, Rodolfo. As leis morais. 11. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2004. (Como adorar a Deus?), p. 46.
9. XAVIER, Francisco Cândido. Emmanuel. Pelo Espírito
Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 15 (O
antropomorfismo), p. 87.

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