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CBE02 – COMO SE CRIOU O CORPO DA DOUTRINA E QUEM O

CRIOU? SUCINTA BIOGRAFIA DE ALLAN KARDEC

Boa noite a todos! Que a paz do Mestre Jesus esteja hoje e sempre em
nossos corações.

Na aula de hoje vamos conversar sobre a criação, a estruturação da


doutrina espírita e falar um pouco do responsável sobre essa criação?
Alguém sabe o nome dele? Allan Kardec.

Antes de falar sobre Allan Kardec, vamos entender um pouco da Doutrina


Espírita, como ela chegou ao mundo, etc.

Quem lembra o que viram na aula passada, rapidamente? A Doutrina


Espírita não foi criada por nenhum homem. Ela é uma doutrina criada por
espíritos e passada aos homens através de um codificador, auxiliado por
médiuns. Já vamos ver com calma sobre a codificação e como ela se
desenrolou. Por quê ela foi enviada aos homens? Jesus prometeu o envio
de um novo Consolador. E o que seria? Seria o seu Evangelho, os seus
ensinamentos de amor enviados mais uma vez. Esse novo Consolador iria
trazer explicações aos homens sobre as Leis de Deus, sobre a prática do
bem, da caridade como forma de “salvação”, mas não aquela salvação
eterna do Céu e do Paraíso. A salvação de nos tornarmos pessoas
melhores, de evoluirmos, que é o grande objetivo da nossa vida aqui na
Terra. E por que ele consola? Porque nos esclarece a verdade. Quando
entendemos o que acontece conosco é melhor não é? Se entendermos
por quê passamos por dificuldades, por quê precisamos agir de
determinada forma, etc, é de certa forma consolador porque estamos
entendendo o que se passa conosco. E como trazer isso para os homens?
A maneira encontrada pelos espíritos foi chamando a atenção dos homens
para a existência de um outro plano, longe dos olhos de todos. E assim
tivemos as primeiras manifestações mediúnicas que se tem conhecimento.
A gente destaca duas: as irmãs Fox e as mesas girantes. Quem lembra o
que eram as mesas girantes?
Bom, agora vamos entender um pouco da doutrina espírita – lembrando
que algumas questões ficarão melhores esclarecidas em aulas futuras – e
ver como foi a codificação.

O que significa doutrina? É o conjunto de princípios fundamentais nos


quais se baseia uma religião, uma filosofia ou uma escola política.
Pensando no Espiritismo, Doutrina Espírita é o conjunto de princípios
básicos, fundamentais, sobre os quais se alicerça a religião espírita.

A Doutrina Espírita foi elaborada por um conjunto de espíritos superiores,


liderados pelo chamado Espírito da Verdade, que veremos mais adiante. A
preparação da Doutrina já no Plano Espiritual levou muito tempo, para que
tivesse um caráter redentor e fosse de fácil entendimento para todos. Um
convite à salvação com base no Evangelho de Jesus. Salvação no sentido
de esclarecer dúvidas e questões que muitas vezes ficaram sem resposta.
E quem organizou essa doutrina para que ela fosse acessível a nós? Allan
Kardec. Por isso ele ficou conhecido como codificador.

Aqui quando a gente apresenta os fundamentos da doutrina espírita, o


objetivo não é mostrar que o Espiritismo é melhor ou pior que qualquer
religião. Até porque não seria verdade, não existe a melhor ou a pior
religião. Religiões são criações dos homens, e é uma questão muito
pessoal. Nós seguimos a religião que mais faz sentido pra gente e vamos
aonde nos sentimos bem. Então, vamos expor os pontos que compõem o
Espiritismo, e fazer comparações para diferencia-la de outras religiões mas
sem intenção de comparar no sentido de ser melhor ou pior.

Quais são os fundamentos da Doutrina Espírita?

 Não mais penas eternas – o que nos cabe é a vida progressiva, com
desfalecimentos temporários (encarnações e desencarnações) o
nosso aprimoramento vem das nossas idas e vindas ao mundo
corpóreo, novas oportunidades nos são dadas para nosso
aprendizado até que consigamos nos superar e atingir a nossa
elevação espiritual.
 A reencarnação – não existe o Juízo final, nem o inferno – a volta em
novos corpos apropriados a necessidade do espírito e moldados de
acordo com as perfeições e imperfeições. A reencarnação é para o
efeito de proporcionar ao ser o aprendizado na Terra, quase sempre
experimentado pelas dores, quer as provindas pelo convívio dos
semelhantes, quer as provocadas pelas asperezas da natureza;
todas imprescindíveis a sua felicidade futura, porque a felicidade
depende da purificação do espírito.
 Deus não veio a terra – Como Ser Supremo, arquiteto do universo,
enviou seus Missionários e dentre eles o Cristo, que procuraram
apontar o Caminho, trazer a Verdade e alimentar a Vida.
 Não serão escolhidos apenas alguns – não há preferências para
Deus. Todos somos seus filhos. Deus não endurece os corações
nem exalta em merecimento. O progresso, a elevação, a felicidade
são frutos do esforço próprio.
 Há evolução, o desenvolvimento espiritual, o livre-arbítrio progressivo
– todos podemos nos tornar pessoas melhores – é uma questão de
diligência, de lutas íntimas, de tempo.
 Não há diabos nem eternos atazanadores dos seres humanos, com
o fim de encaminhá-los ao reino de Satã – o que há são espíritos
inferiores aos quais damos acesso por afinidade, por semelhança de
pendores, por baixeza de sentimentos e que se aproveitam de
nossas fraquezas para nos prejudicarem, já induzindo-nos ao mal.

BIOGRAFIA DE ALLAN KARDEC

Agora, e quem foi Allan Kardec? Primeiro esse não era o nome dele. Ele
se chamava Hyppolyte Léon Denizard Rivail, nascido em Lyon na França.
E todos aqui sabemos que ele trouxe pra gente a doutrina espírita. Vamos
ver que, há muitas semelhanças da vida dele com a nossa. Antes de mais
nada, Allan Kardec era uma pessoa como nós: com qualidades e defeitos.
E isso não o impediu de fazer sua tarefa.

Allan Kardec desde pequeno estudo em boas escolas e quando ele


cresceu ele foi enviado para estudar num dos institutos mais famosos da
Europa. O diretor era Jean Pestalozzi, considerado pai da pedagogia
moderna. Pestalozzi desde cedo educou pessoas das mais diferentes
classes sociais e desenvolveu um método próprio de educação. Naquela
época a educação era muito rígida, os estudantes eram obrigados e
decorar fórmulas e mais fórmulas e aceitar tudo que os professores
falavam como verdade incontestável e se não o fizessem seriam punidos
com castigos, palmatórias, etc. Pestalozzi, muito adepto dos princípios da
revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), dizia que a
individualidade do aluno deveria ser respeita sempre e que ensinar não
significa julgar ou criticar. E ele dizia que “O principal objetivo do ensino
elementar não é sobrecarregar a criança de conhecimentos e talentos,
mas desenvolver e intensificar as forças de sua inteligência”. Allan Kardec,
ou Rivail ainda na época, quando passou de aluno a professor, procurava
aplicar os mesmos princípios aos seus alunos. Então ele adotava as
seguintes posturas

 Estimular o espírito natural de observação da criança


 Cultivar a inteligência para que o aluno faça as próprias descobertas
 Levá-lo a conhecer o fim e a razão de tudo o que faz
 E conduzi-lo a “apalpar com os dedos e com os olhos todas as
verdades”

Em resumo, ele queria que seus alunos – e ele também procurava ser
assim – aprendessem a pensar, fossem críticos e questionadores de forma
a tirarem suas próprias conclusões do mundo e do que observavam. Ele
se considerava um “verdadeiro discípulo de Pestalozzi”. Vamos ver adiante
que isso tem influência direta na sua missão de codificador. E é um dos
motivos dele ter sido escolhido para isso.

E Allan Kardec completa seus estudos, se forma e abre uma espécie de


escola gratuita para ensinar diversas disciplinas. Ele se casa com Amélie,
que foi uma esposa que o apoiou em tudo que ele fez na vida, mesmo na
tarefa de codificação. E como já vimos, Kardec gostava e se interessava
em estudar, adquirir novos conhecimentos, etc. E assim ele tem o primeiro
contato com espiritualismo quando lê estudos sobre magnetismo animal.
Mas, como nós vimos na aula passada, estourava na França os
fenômenos das mesas girantes. Quem lembra o que eram? Pra quem não
veio, as mesas girantes eram fenômenos de mesas que giravam com
pessoas sentadas em torno dela. E mais do que girar, essas mesas
respondiam a perguntas feitas pelos presentes nas reuniões: os presentes
faziam perguntas e ela “respondia”. Uma batida no chão era a letra A, duas
eram a letra B e assim por diante. Não era um diálogo muito rápido.

Bom, Rivail decidiu ver esse tal fenômeno que muitos descreviam como
algo sobrenatural, “de outro mundo”. Ele já tinha na sua cabeça diversas
teses para explicar esse fenômeno antes de presenciá-lo. Magnetismo,
força magnética do ser humano e a mais comum para muitos: uma fraude.
Fios invisíveis, roldanas, algum mecanismo que faria a mesa girar. Então,
cheio de curiosidade e desconfiança ele se dirigiu pra primeira reunião de
mesa girante, na casa da Sra. Plainemaison.

Antes de começar a reunião, ele fez questão de conferir se encontrava


alguma suspeita de fraude no lugar. Checou tudo que imaginava para ver
se encontrava algo suspeito, mas nada. Decidiu dar crédito à dona da
casa. A reunião começou e nada acontecia. Rivail já ia se levantar e ir
embora quando a mesa começou a bater no chão. Nessa época diversos
cientistas, físicos, químicos e estudiosos das mais diversas áreas tinham
muitas hipóteses pra esse fenômeno, mas nenhuma explicava o direito. E
um desses estudiosos dizia que muitas Leis da Natureza ainda não haviam
sido reveladas. Rivail tinha essa tese na cabeça mas precisaria ser
extremamente convencido que não se tratava de uma fraude ou de algo
inexplicável. Lembrando o ensinamento de Pestalozzi, ele precisava
“apalpar com os dedos e com os olhos todas as verdades”.

Além de verificar o local, era preciso saber a honestidade dos participantes


dessas reuniões. Como saber que não eram charlatães? Quem iria
conduzir a “conversa” com a mesa? Rivail usou um critério simples para
avaliar a honestidade: charlatães cobrariam para as pessoas participarem
dessas reuniões. Senão não faria sentido algum para eles. Mas ali, na
casa da Sra. Plainemaison, a reunião era gratuita. E ela começou. Um dos
registros dele dessa reunião dizia “As mesas giravam, saltavam e corriam
em tais condições que não deixavam lugar para qualquer dúvida”.

E aí a cabeça dele começa a fervilhar: por que aqueles movimentos


aconteciam? Quem estaria por trás daquilo? Que força era aquela que
fazia esses fenômenos? Como bom discípulo de Pestalozzi, ele iria buscar
as respostas para os fenômenos com os devidos cuidados científicos e
críticos, para tirar o máximo de compreensão do fenômeno. Ele já tinha
experimentado algo nessa direção “espiritual” quando tratou um problema
nos olhos com uma mulher famosa por suas curas. Depois de ir em
médicos que disseram que ele estava em um processo de cegueira, fez o
tratamento da tal “curandeira” com água e ervas, viu sua visão voltar e o
problema desaparecer. O fato de ele ter vivenciado alguma coisa
contribuiu para que ele abrisse sua mente para estudar um fenômeno até
então desconhecido. A gente também é assim né? Em muitas coisas
precisamos sentir ou vivenciar para acreditar ou escolher um caminho pra
seguir né?

Voltando a história do Rivail – ele ainda não se chamava Allan Kardec –


ele resolve estudar o fenômeno das mesas girantes. E levantou diversas
teses, hipóteses, algumas delas que a mesa só girava por causa do
magnetismo da Sra. Plainemaison, enfim. Mas ele só começou a por em
prática seu plano de pesquisa quando foi apresentado a duas meninas na
casa da Sra, as irmãs Baudin. Hoje a gente entende que elas eram duas
médiuns que tinham a faculdade da psicografia desenvolvida. Quem sabe
o que é psicografia?

Elas escreviam muitas mensagens em papel até então atribuídas a


“pessoas estranhas”. E Rivail começa a frequentar todas as reuniões nas
quais as meninas estavam presentes. Elas transmitiam mensagens de um
espírito chamado Zéfiro, que era o “espírito protetor da família”. Mas as
pessoas que compareciam às reuniões faziam perguntas, como diria
Rivail, frívolas. Perguntas sobre dinheiro, relacionamentos, trabalho, etc.
Rivail achava aquilo uma perda de tempo e começava a se entediar com
aquilo tudo além de achar que aquilo não agregaria em nada seus
estudos. Em uma das reuniões, uma das meninas recebeu uma
mensagem que foi atribuída e assinada por um famoso dramaturgo francês
que havia morrido alguns anos antes. Rivail pegou a assinatura e foi
confrontar com a assinatura original do dramaturgo e se assustou com a
semelhança. E fazendo as contas viu que o personagem morreu quando a
menina tinha 7 anos. Para chegar a esse grau de perfeição ela precisaria
ter treinado muito! Mas até aí, era possível.

Depois esse mesmo dramaturgo começou a contar, através da menina e


em várias sessões, uma história. A grafia era semelhante a do autor, a
história era muito complexa para uma criança escrever. Além do que, elas
recebiam mensagens de diversos espíritos e deveriam ser muito hábeis
para não confundirem as letras. Mas até aí, também era possível.

Mas uma pergunta Rivail não respondia: o que os pais das meninas e as
meninas ganhavam com tudo isso? Como eles se beneficiariam desses
fenômenos? Absolutamente nada. E a partir daí, Rivail começa a acreditar
em uma “força oculta” por trás disso tudo. E essa força oculta, em uma das
mensagens, se autodenomina “Espíritos”.

E a partir daí, Rivail anotava tudo que ele presenciava nas reuniões nos
mínimos detalhes para estudar depois. E decide começar a fazer
perguntas mais, digamos, inteligentes para os tais “espíritos”. Ainda um
pouco cético mas procurando seguir os seus métodos de ensino
“Observar, comparar e julgar”. E a cada sessão as perguntas ficavam mais
e mais complexas. Perguntas como “Quem é Deus?”, “Os espíritos
possuem forma?”, e assim por diante. Claro que pras outras pessoas
essas perguntas eram uma chatice. E assim ele seguiu formulando
perguntas e mais perguntas para os espíritos e segui fazendo-as nas
reuniões. Mas esse trabalho, que parecia simples, era bem complexo. Ele
ficava noites, dias, madrugadas, feriados, finais de semana formulando
novas perguntas e estudando as respostas. E depois de se convencer da
existência de espíritos, ele passa a perguntar como os fenômenos das
mesas girantes ocorriam, como eles se comunicavam com os vivos. Aí se
escuta pela primeira vez a palavra médium, como o meio entre o “mundo
dos mortos e o mundo dos vivos”. No vocabulário de hoje, o meio entre
desencarnados e encarnados. E assim tudo ia se encaixando aos poucos.
Não iremos falar aqui de todas as explicações senão ficaremos até
amanhã.
Rivail sentia necessidade de compartilhar todas aquelas respostas com o
público. E com isso ele começa a escrever um novo livro. (Obs: ele
escrevera livros didáticos e outras obras e trabalhava como contador
nessa época para complementar sua renda como educador. Passava por
dificuldades financeiras).

Uma bela noite, Rivail estava trabalhando na escrita do livro quando


começa a escutar pequenas batidas na parede. Elas só paravam quando
Rivail parava de escrever para tentar descobrir da onde vinha o barulho.
Ele voltava a escrever e o barulho recomeçava. Sua mulher ouvia o
barulho mas também não sabia o que era. Paris estava em obras na época
e eles pensaram que poderia ser algum ruído por conta das obras que
aconteciam nas ruas. Mas o barulho persistia e ele desistiu e foi dormir. No
dia seguinte ele resolveu perguntar na reunião na casa das irmãs Baudin o
que eram aquelas batidas. E o espírito respondeu que era o espírito
familiar de Rivail (mentor) que queria se comunicar com ele. E o espírito,
através de uma das irmãs, diz a ele o que queria dizer. Rivail queria saber
o nome dele, mas ele diz somente que “Para ti, chamar-me-ei A Verdade!
E todos os meses, aqui, durante um quarto de hora, estarei á tua
disposição”. E quando Kardec perguntou o que ele queria falar com ele no
dia anterior, ele respondeu “Desagradava-me o que escrevias ontem e
quis fazer com que o abandonasses”. Rivail na hora perguntou se ele
desaprovava somente o capítulo escrito ou o conjunto da obra, a escrita do
livro inteiro. E o espírito responde que somente o capítulo o desagradava
mas que ele deveria relê-lo para encontrar o erro. Rivail revisa e arruma o
texto e o espírito diz “Melhorou mas ainda não satisfaz. Relê da terceira à
trigésima linha e verás um grave erro”. O espirito diz ainda que será ao
menos um guia para Rivail que o ajudará e o protegerá. Depois de
algumas investigações, ele finalmente encontra o erro no texto e, como
não teve batidas naquela noite, tinha a certeza que tinha acertado.

Diante de tantas dificuldades financeiras, ele pensou em deixar seus


estudos sobre “o além” de lado. Mas ao receber de um amigo diversos
cadernos com mensagens de outros médiuns, no mesmo estilo que ele
fazia com as irmãs Baudin – perguntas e respostas – ele decide retomar
seu trabalho. A gente também não enfrenta dificuldades quando decidimos
fazer alguma coisa em nossas vidas? Seja um novo emprego, um curso,
uma dieta, uma academia? É fácil mudar ou assumir algum compromisso?
Vamos ser sinceros: é fácil estar aqui toda 4ta feira a noite? Poderíamos
estar vendo novela, em casa, fazendo alguma outra coisa. E a gente
precisou organizar nossa vida para estar aqui não é mesmo? Igual Kardec
a gente também tem dificuldades. Mas se a gente tem um propósito firme
e sabe que aquilo fará a diferença em nossa vida, a gente arruma força pra
ir adiante. E assim ele o fez.

E em uma reunião ele toma conhecimento de que tinha uma missão: de


organizar e divulgar uma nova doutrina capaz de revolucionar o
pensamento científico, religioso e filosófico. Ele se assustou com tanta
responsabilidade que dirigiu mais perguntas aos espíritos. E eles disseram
para ele nunca falar da sua obra para ninguém, que isso seria ir contra ao
objetivo dela – falar de uma obra não feita não era algo bom. Mas que com
o tempo os homens saberiam reconhecê-lo. E a ele foi dada uma
mensagem assim “Podes triunfar, como podes falir. Neste último caso,
outro te substituirá”. Ele perguntou o que o faria falhar. E a resposta foi a
seguinte:

“A missão dos reformadores é repleta de obstáculos e perigos. Previno-te


que a tua é rude, pois se trata de abalar e transformar o mundo inteiro.
Não suponhas que baste publicar um livro, dois livros, dez livros, para em
seguida ficares tranquilamente em casa”.

O espírito da Verdade disse a ele que ele poderia recusar a missão, afinal
ele tinha – assim como nós – o Livre Arbítrio. Mas ele aceita a missão.

E nasce assim o primeiro livro da codificação: O Livro dos Espíritos. Um


livro de perguntas e respostas desde a origem do mundo, quem é Deus,
até questões específicas sobre a humanidade. Mas sobre isso eu deixo
pra vocês perguntarem pro expositor que vai dar uma aula só sobre o Livro
dos Espíritos! Depois de muito trabalho, passados meses, o espírito da
Verdade diz que por ora estava tudo bem mas que quando ele terminasse
a obre precisaria revê-la por completo para abreviar o texto em alguns
pontos e detalhar mais em outros. E mais do que isso: algumas revelações
não seriam faladas naquele momento. Dizem a ele “Por mais importante
que seja esse primeiro trabalho, ele não é, de certo modo, mais do que
uma introdução”.

Aqui fica claro que ele não escreveria só um livro e que muito da doutrina
espírita ainda estaria por vir. Mas assim nasce o Livro dos Espíritos, o
primeiro livro da codificação.

E por que Allan Kardec? Rivail era escritor e sabia que muitos escritores
adotavam pseudônimos e resolveu fazer o mesmo nessa obra tão
importante. E Allan Kardec foi o nome escolhido porque foi o nome de uma
encarnação passada de Rivail, que foi revelada em uma das reuniões com
as irmãs Baudin.

E depois da publicação do livro ele recebe uma mensagem animadora

“Compreendeste bem o objetivo do teu trabalho. O plano está bem


concebido. Estamos satisfeitos e nunca te abandonaremos. Crê em Deus
e avante”.

E depois disso são publicados os outros 4 livros que compõem o


pentateuco espírita. São eles (na ordem), Livro dos Médiuns, Evangelho
Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. Vocês terão aulas
sobre cada um desses livros.

E essa foi a missão de Allan Kardec. Todos os segmentos do espiritismo


kardecista derivam dessas 5 obras básicas. Fácil a missão dele?

O que ele se parece com a gente?

Ver para crer, curiosidade (como chegamos ao centro espírita),


desconfiança. Era uma pessoa como outra qualquer.

O que ele nos ensina? Podemos fazer tudo, com disciplina, paciência e
persistência. Não é fácil obviamente, mas temos a prova que não
precisamos ser um ser angelical para fazer grandes obras. E grandes
obras muitas vezes é ajudar um amigo, ouvir um colega que passa por
momento difícil, dar bom dia no elevador praquele morador que nunca olha
na nossa cara, dar passagem no trânsito...são diversas maneiras de
contribuir com um mundo melhor!

E por que hoje não temos mais mesas girantes? Por que aquilo foi
necessário na época? Para chamar a atenção. Será que se não fosse
assim, as pessoas teriam ido investigar “o além”?

Finalizando, Kardec desencarnou aos 65 anos de vida. Desde que ele


começou seu trabalho com o Espiritismo, ele nunca mais parou.
Desencarnou vítima de um AVC em sua casa. Ele está enterrado em
Paris, no cemitério do Père-Lachaise, um cemitério que tem muitas
celebridades enterradas – como Chopin, Rossini, Jim Morrison – mas seu
túmulo é muito visitado e está sempre florido!

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