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Por Isabela Alves Dias

“Quando nascemos fomos programados


a receber o que vocês
nos empurraram com os enlatados,
dos USA de nove às seis.”

- Renato Russo

Bom, não é de hoje que a cidade se organiza perante as necessidades, e todos


sabemos que os sentimentos guiam o ser. Mas, apesar de tudo, uma coisa extremamente forte
nos faz aprender, mudar nossos hábitos, enfrentar nossos medos e fazer até mesmo o que antes
julgávamos impossível, a fome.
O motor primal do Ser Urbano (e esse é um termo que vou usar aqui para designar
aquele que vive na cidade e não tem o costume de se alimentar em casa, as vezes pelo pouco
tempo disponível ou pela falta de habilidade).
Assim como animais, é comum do ser urbano sair pra caçar a noite, seus hábitos são
guiados por ruas e avenidas, shoppings e restaurantes, e seu faro é aguçado por promoções,
ofertas e “combos”, e não há limites para consegui-los. Inventamos o Fast Food para não
esperar muito pela comida, e no Fast Food, inventamos o Drive-Tru, para nem precisar descer
do carro, e após isso tudo, ainda recorremos ao famoso delivery, por que enfim, quem precisa
sair de casa quando podem vir deixar?
E isso se espalhou pela cidade como fogo, fogo que aquece aquele bom churrasco,
que frita as crocantes batatas, e que bem aquece aquele hambúrguer duplo de 200g. E nem
adianta se perder em devaneios, nós, como bons seres humanos que somos, temos fome, e
faremos de tudo para sacia-la.
Vivendo aqui, logo percebemos que a cidade é como uma grande pizza, dividida em
várias fatias, setores, grupos sociais, locais badalados, e há pouco tempo atrás me peguei
pensando num slogan que vi numa hamburgueria, ele dizia: “Qualidade de Zona Leste, com
precinho de Zona Sul”, e basta um ou dois meses em Teresina para você aprender que nos
Shoppings as comidas são mais caras, que nas Terças as pizzarias entram em promoção, e que
cada bairro da cidade têm sua especialidade, suas características exclusivas. Nós vivemos
pela comida, e assim como nossos ancestrais caçavam, nós ainda caçamos.
Pois no fim das contas, o ser urbano muda seu cronograma para poder ir àquele novo
restaurante, se atrasa em compromissos para poder lanchar, e mesmo ao fim do dia, quando
tiver que curtir um momento com os amigos, a primeira pergunta é “vamos comer aonde hoje?”.
E assim conhecemos e convivemos com a cidade, quem nunca usou o McDonnald’s como
ponto de referência para se localizar na Nossa Senhora de Fátima? Quem nunca ouviu falar
no 20comer no Morada Nova? Ou parou no Dogão da Raul Lopes no fim da noite?
Afinal, comidas e lugares andam de mãos dadas nesta cidade menina, elas compõem
não só a principal fonte de lazer e entretenimento que temos, mas fazem parte da nossa história,
refletem nossa cultura, nos acolhem calorosamente e são palco de festas, aniversários, jantares
românticos, surpresas e grandes amizades.
Memórias nascem e ficam, sorrisos aquecem e amores duram, e nada melhor que um bom
acompanhamento pra arrematar isso tudo.

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