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No oitavo dia cheguei próximo do mar e avistei gente de pele branca como eu

colhendo pimenta, em abundância ali. Averiguei bem a ocupação deles e fui me


aproximando devagar. Os homens que colhiam pimenta vieram ao meu encontro e
foram logo me perguntando, em árabe, quem eu era, de onde eu vinha. Fiquei
contente de ouvi-los falar como eu e de boa vontade satisfiz sua curiosidade, e contei a
eles como fora o naufrágio e como chegara àquela ilha, onde caíra nas mãos dos
homens pretos. – Mas esses pretos – disse um deles – comem carne humana. Qual
milagre fez com que escapasses à sua crueldade? Contei o que já ouviram antes e eles
ficaram maravilhosamente pasmos. Fiquei na colheita com eles até juntarem a
quantidade de pimenta que quiseram, depois me embarcaram no navio que os
trouxera, que rumou para a ilha de onde tinham vindo. Lá apresentaram-me ao seu
sultão, que parecia um bom príncipe e que teve a paciência de ouvir o relato da minha
aventura, o que lhe causou admiração. Em seguida mandou que me dessem roupas e
ordenou que tivessem atenção e cuidado comigo. A ilha em que me encontrava era
muito povoada e abundante em toda a sorte de coisas, e fazia-se um grande comércio
na cidade onde o sultão residia. Esse agradável asilo consolou-me da minha desgraça,
e as generosidades que aquele bondoso sultão tinha para comigo me deixaram muito
contente. De fato, não havia pessoa alguma que tivesse mais cuidado que eu no seu
espírito e, em consequência disso, não havia ninguém em sua corte nem na cidade que
não procurasse oportunidade de me agradar. E assim fui eu bem depressa considerado
homem nascido na ilha e não estrangeiro.

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No oitavo dia cheguei próximo do mar e avistei gente de pele branca como eu
colhendo pimenta, em abundância ali. Averiguei bem a ocupação deles e fui me
aproximando devagar. Os homens que colhiam pimenta vieram ao meu encontro e
foram logo me perguntando, em árabe, quem eu era, de onde eu vinha. Fiquei
contente de ouvi-los falar como eu e de boa vontade satisfiz sua curiosidade, e contei a
eles como fora o naufrágio e como chegara àquela ilha, onde caíra nas mãos dos
homens pretos. – Mas esses pretos – disse um deles – comem carne humana. Qual
milagre fez com que escapasses à sua crueldade? Contei o que já ouviram antes e eles
ficaram maravilhosamente pasmos. Fiquei na colheita com eles até juntarem a
quantidade de pimenta que quiseram, depois me embarcaram no navio que os
trouxera, que rumou para a ilha de onde tinham vindo. Lá apresentaram-me ao seu
sultão, que parecia um bom príncipe e que teve a paciência de ouvir o relato da minha
aventura, o que lhe causou admiração. Em seguida mandou que me dessem roupas e
ordenou que tivessem atenção e cuidado comigo. A ilha em que me encontrava era
muito povoada e abundante em toda a sorte de coisas, e fazia-se um grande comércio
na cidade onde o sultão residia. Esse agradável asilo consolou-me da minha desgraça,
e as generosidades que aquele bondoso sultão tinha para comigo me deixaram muito
contente. De fato, não havia pessoa alguma que tivesse mais cuidado que eu no seu
espírito e, em consequência disso, não havia ninguém em sua corte nem na cidade que
não procurasse oportunidade de me agradar. E assim fui eu bem depressa considerado
homem nascido na ilha e não estrangeiro.

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