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Ouvidoria-Geral da União
PARECER
Referência: 09200.000118/2014-60
1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº
12.527/2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado:
RELATÓRI
Data Teor
O
O cidadão solicita as comunicações consulares (pareceres, avaliações, etc) enviadas
ao Ministério da Saúde sobre documentos (diplomas e outros documentos oficiais)
apresentados por candidatos ao programa Mais Médicos para o 4º ciclo de
26/03/20
Pedido contratações (vide anexo) nos seguintes países: Argentina, Cuba, Espanha, Honduras
14
e Venezuela. Segundo o cidadão, de acordo com o item 2.2 c do edital do 4º ciclo,
cabe ao candidato “possuir habilitação em situação regular para o exercício da
medicina no exterior, a ser verificado pelo Ministério das Relações Exteriores”.
Resposta 15/04/20 O órgão presta os seguintes esclarecimentos:
Deve-se observar que, em conformidade com o item 2.2 c do Edital do 4º ciclo do
Inicial 14
Programa Mais Médicos, cabe ao Ministério das Relações Exteriores verificar a
documentação do candidato, mas não validá-la.
Não existe comunicação consular entre o Ministério das Relações Exteriores e o
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Ministério da Saúde. As Repartições Consulares ou Embaixadas confirmam
diretamente no sistema do Programa Mais Médicos as informações relativas aos
diplomas e aos certificados de habilitação para exercício da medicina verificadas
localmente.
O cidadão afirma que as embaixadas e os consulados fazem parte da
Recurso à
15/04/20 estrutura do Ministério das Relações Exteriores e solicita ao SIC que
Autoridade
14 peça a essas representações as informações relativas à análise de diplo-
Superior
mas e certificados de candidatos ao Mais Médicos.
Resposta do
O órgão, ao reiterar os termos da resposta anteriormente fornecida, es-
Recurso à 22/04/20
clarece que as Embaixadas e Consulados no exterior não realizam aná-
Autoridade 14
lise dos diplomas dos candidatos inscritos no Programa Mais Médicos.
Superior
O cidadão afirma que o edital nº 4, de 16 de janeiro de 2014, publicado
no DOU de 17/1/2014, diz textualmente que um candidato estrangeiro
ou brasileiro formado no exterior (médico intercambista) deve "possuir
habilitação em situação regular para o exercício da medicina no exteri-
Recurso à or, a ser verificado pelo Ministério das Relações Exteriores".
22/04/20
Autoridade O cidadão reitera o pedido para ter acesso a essa verificação de candi-
14
Máxima datos que procuraram embaixadas e consulados brasileiros nos países
citados no pedido original.
Segundo o cidadão “das duas, uma: ou o edital do 4º Ciclo do Mais
Médicos está errado ou a resposta ao recurso em primeira instância
não condiz com a realidade”.
O Ministério, ao reiterar os termos das respostas anteriormente forne-
cidas, ressalta que, em conformidade com o item 2.2 c do Edital do 4º
ciclo do Programa Mais Médicos e com a Lei nº 12.871/2013, cabe ao
Ministério das Relações Exteriores verificar a documentação do candi-
Resposta do dato, o que consiste tão somente em confirmar que foram apresentados
Recurso à 28/04/20 pelo estrangeiro todos os documentos solicitados pela Coordenação do
Autoridade 14 Programa Mais Médicos para o Brasil e em atestar que os documentos
Máxima apresentados foram certificados por autoridade local competente.
O órgão afirma que, tendo em vista que Embaixadas e Consulados no
exterior não realizam análise dos diplomas dos candidatos inscritos no
Programa Mais Médicos, este não dispõe das informações solicitadas
pelo cidadão.
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O cidadão afirma recorrer à Controladoria-Geral da União devido à re-
sistência do Itamaraty em fornecer informações relativas à candidatura
de estrangeiros e brasileiros formados no exterior ao programa Mais
Médicos.
Justificativa:
1. De acordo com o item 2.2 c do edital do 4º ciclo (em anexo), cabe
ao candidato "possuir habilitação em situação regular para o exercício
Recurso à 08/05/20
da medicina no exterior, a ser verificado pelo Ministério das Relações
CGU 14
Exteriores".
2. Afirma que a solicitação se refere à averiguação, pelos postos do
Itamaraty exterior (consulados e embaixadas), de candidatos inscritos
no 4º Ciclo nos seguintes países: Argentina, Cuba, Espanha, Honduras
e Venezuela. Ou seja, a relação dos candidatos que se inscreveram em
cada um desses países e, desses, quais tinham a "habilitação em situa-
ção regular" averiguados pelo MRE.
Informações 30/05/20 A Controladoria-Geral da União, com o objetivo de esclarecer o papel
Adicionais 14 dos órgãos envolvidos na seleção do Programa Mais Médicos para o
e Brasil e subsidiar a decisão deste órgão em relação ao recurso
Negociações apresentado pelo cidadão, entrou em contato com a Coordenação do
Programa junto ao Ministério da Saúde. No dia 30/05/2014, recebemos
nota técnica do Departamento e Regulação da Provisão de
Profissionais de Saúde com os esclarecimentos solicitados, que
instruirão a decisão da Controladoria-Geral da União em relação ao
recurso apresentado.
Apresentamos abaixo as informações recebidas da Coordenação do
Programa:
(...) A inscrição, apresentação de documentos, seleção e validação de
documentos e participação dos médicos intercambistas (médicos
formados em instituição de educação superior estrangeira com
habilitação para exercício da medicina no exterior) no Programa
Mais Médicos para o Brasil encontra disciplinamento na Lei nº
12.871, de 22 de outubro de 2013, na Portaria Interministerial nº
1.369, de 08 de julho de 2013 (arts. 17 a 20) e dos Editais que
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estabelecem as regras de adesão dos médicos, a saber:
Edital SGTES/MS nº 39, de 08 de julho de 2013 – 1º ciclo;
Edital SGTES/MS nº 49, de 16 de agosto de 2013 – 2º ciclo;
Edital SGTES/MS nº 63, de 27 de novembro de 2013 – 3º ciclo;
Edital SGTES/MS nº 04, de 16 de janeiro de 2014 – 4º ciclo;
Edital SGTES/MS nº 21, de 1º de abril de 2014 – 5º ciclo.
Todos os normativos concernentes ao Programa Mais Médicos para o
Brasil encontram-se disponíveis no site
http://maismedicos.saude.gov.br.
O regramento geral acerca da apresentação e validação de
documentos dos médicos intercambistas, encontra-se no art. 15, § 1º
da Lei 12.871/2013, e o § 2º indica a participação do Ministério das
Relações Exteriores quanto aos referidos documentos, in verbis:
§ 1º São condições para a participação do médico intercambista no Proje-
to Mais Médicos para o Brasil, conforme disciplinado em ato conjunto dos
Ministros de Estado da Educação e da Saúde:
I - apresentar diploma expedido por instituição de educação superior es-
trangeira;
II - apresentar habilitação para o exercício da Medicina no país de sua
formação; e
III - possuir conhecimento em língua portuguesa, regras de organização do
SUS e protocolos e diretrizes clínicas no âmbito da Atenção Básica.
§ 2º Os documentos previstos nos incisos I e II do § 1º sujeitam-se à legali-
zação consular gratuita, dispensada a tradução juramentada, nos termos
de ato conjunto dos Ministros de Estado da Educação e da Saúde.
Já a Portaria Interministerial nº 1.369/MS/MEC, de 8 de julho de 3013, assim
dispõe acerca da atuação consular (art. 19, §1º e §2º):
É o relatório.
Análise
Decreto nº 7724/2012
Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou
infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar
recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à
Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias,
contado do recebimento do recurso.
5. O órgão, por sua vez, responde à solicitação inicial com a afirmação de que não existe
comunicação consular entre o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Saúde. As
Repartições Consulares ou Embaixadas confirmam diretamente no sistema do Programa Mais
Médicos as informações relativas aos diplomas e aos certificados de habilitação para exercício da
medicina verificadas localmente. O órgão complementa, em seus pareceres aos recursos em
primeira e segunda instância, que cabe ao Ministério das Relações Exteriores verificar a
documentação do candidato, o que consiste somente em confirmar que foram apresentados pelo
estrangeiro todos os documentos solicitados pela Coordenação do Programa Mais Médicos para o
Brasil e em atestar que os documentos apresentados foram certificados por autoridade local
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competente. O órgão afirma que, tendo em vista que Embaixadas e Consulados no exterior não
realizam análise dos diplomas dos candidatos inscritos no Programa Mais Médicos, este não dispõe
das informações solicitadas pelo cidadão.
29
3.9. Para os médicos intercambistas, após a confirmação da inscrição
será necessária a impressão do formulário eletrônico de inscrição ge-
rado pelo sistema eletrônico e o comparecimento pessoal perante a
representação diplomática brasileira no país em que estejam habilita-
dos para exercício da medicina, para apresentação, em envelope la-
crado com a indicação "PROJETO MAIS MÉDICOS PARA O BRA-
SIL / SGTES / MS", dos documentos indicados no subitem 3.6.2 e, no
caso de médicos intercambistas brasileiros, também, os documentos
indicados no subitem 3.6.2.1 deste Edital.
3.10. Para fins do disposto no subitem 3.9, o médico deverá apresen-
tar o original e a cópia dos documentos previstos nas alíneas "c" e
"e" do subitem 3.6.2.
3.11. Para fins dos subitens 3.9 e 3.10, os médicos intercambistas que
se encontrem no Brasil deverão entregar pessoalmente, ou por meio
de procurador regularmente constituído, os documentos indicados no
subitem 3.6.2 e, no caso de médicos intercambistas brasileiros, tam-
bém, os documentos indicados no subitem 3.6.2.1 deste Edital, direta-
mente na Coordenação do Projeto, no endereço Esplanada dos Mi-
nistérios, Edifício Sede do Ministério da Saúde, Bloco G, 7º Andar,
Sala 752, Brasília-DF.
8. Como informado pela Coordenação do Programa Mais Médicos para o Brasil, o papel do
Ministério das Relações Exteriores, no âmbito do Programa, refere-se à atividade de legalização dos
documentos, por meio dos Consulados e Embaixadas. Essa legalização concerne à formalidade que
confirma a autenticidade extrínseca de um documento, ou seja, ratifica tão-somente a identidade e a
função da autoridade signatária. Sendo o seguinte o procedimento: o médico intercambista dirige-se
à representação consultar/embaixada, apresentando fisicamente os documentos exigidos no edital e
as autoridades/servidores consulares ao averiguarem a autenticidade extrínseca do documento
apõem o carimbo de legalização.
210
compete à Coordenação do Projeto Mais Médicos, que o realiza com o apoio da Assessoria de
Assuntos Internacionais de Saúde (AISA/MS).
11. A seleção inicial é feita por meio de processamento eletrônico, conforme o disposto no item
5.8, do edital nº 4, de 16 de janeiro de 2014.
211
crado, com a indicação "PROJETO MAIS MÉDICOS PARA O BRA-
SIL/SGTES/MS";
b.15) Os médicos intercambistas selecionados que se encontrem no
território nacional deverão imprimir e assinar, em 2 (duas) vias, o
termo de adesão e compromisso gerado pelo sistema eletrônico e
apresentá-lo à Coordenação do Projeto quando do início do módulo
de acolhimento e avaliação, por meio de envelope lacrado com a in-
dicação "PROJETO MAIS MÉDICOS PARA O BRASIL/SGTES/MS".
(...)
12. Após essa etapa, os documentos apresentados pelos médicos inscritos no Projeto serão
submetidos à validação pela Coordenação do Projeto Mais Médicos para o Brasil.
13. Conclui-se, dessa forma, que não cabe ao Ministério das Relações Exteriores a análise
subjetiva da documentação apresentada em suas embaixadas e consulados no exterior. Com base na
legislação sobre o Programa e as informações recebidas da Coordenação do Programa Mais
Médicos para o Brasil, considera-se prescindível o envio de comunicações consulares, pareceres e
avaliações das embaixadas e consulados do Brasil no exterior ao Ministério da Saúde a respeito do
da documentação apresentada por candidatos ao quarto ciclo de contratações. Ademais, eventuais
cópias de diplomas ou documentos dos interessados que tenham sido encaminhados à Coordenação
do Programa Mais Médicos para o Brasil devem estar sob a guarda da Coordenação do Programa e
não do Ministério das Relações Exteriores.
14. Considera-se que, no caso analisado, não houve negativa de acesso à informação pública da
entidade, mas sim a ausência de competência do mesmo para emissão do documento solicitado.
Cabe ressaltar que o recurso à Controladoria-Geral da União deve ser realizado nos casos em que
haja a negativa de acesso à informação solicitada, o descumprimento de prazos ou outros
procedimentos previstos na Lei, conforme o disposto no artigo 16 da Lei nº 12.527/11 in verbis:
212
Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Execu-
tivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que
deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:
I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for negado;
II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou parcialmente classificada
como sigilosa não indicar a autoridade classificadora ou a hierarquicamente supe-
rior a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassificação;
III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa estabelecidos nesta
Lei não tiverem sido observados; e
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos previstos nesta
Lei.
15. Orienta-se que o cidadão solicite as informações relativas à avaliação de diplomas do pro-
grama diretamente à Coordenação do Programa Mais Médicos para o Brasil. Cabe observar que do-
cumentos que venham a ser demandados em relação ao assunto podem conter informações pessoais,
que possuem sigilo, com base no disposto no Capítulo VII do Decreto 7.724/12. Destaca-se, entre
os artigos do referido Capítulo, o artigo 61, que regula o procedimento para acesso a informações
pessoais por terceiros:
Art. 61. O acesso à informação pessoal por terceiros será condicionado à assinatura
de um termo de responsabilidade, que disporá sobre a finalidade e a destinação que
fundamentaram sua autorização, sobre as obrigações a que se submeterá o requeren-
te.
§ 1o A utilização de informação pessoal por terceiros vincula-se à finalidade e à
destinação que fundamentaram a autorização do acesso, vedada sua utilização de
maneira diversa.
§ 2o Aquele que obtiver acesso às informações pessoais de terceiros será
responsabilizado por seu uso indevido, na forma da lei.
Art. 62. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de novembro de 1997, em
relação à informação de pessoa, natural ou jurídica, constante de registro ou banco
de dados de órgãos ou entidades governamentais ou de caráter público.
Conclusão
16. Considerando que o Ministério das Relações Exteriores não possui competência para
emissão do documento solicitado pelo cidadão e observando a competência da Controladoria-Geral
da União como instância recursal estabelecida na Lei nº 12.527/11, opino pelo não conhecimento
do recurso.
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proferidos por autoridades competentes, conforme o disposto no artigo 21 do Decreto n.º
7.724/2012, e que haja a indicação da autoridade que proferiu o parecer no sistema E-SIC.
D E C I S Ã O
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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Controladoria-Geral da União
Folha de Assinaturas
Signatário(s):
GILBERTO WALLER JUNIOR
Ouvidor
Assinado Digitalmente em 20/06/2014
Relação de Despachos:
aprovo.
Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O c ódigo para verificação da autenticidade deste
documento é: 27001add_8d15ac34f5dde64