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TURISMO E ARTESANATO: POTENCIALIDADES DA RENDA DE BILRO EM

SAUBARA (BA)

Vaneza Pereira Narciso1


Viviane Pereira Narciso2
Marcos Paulo Sales3

Resumo: Este trabalho descreve a renda de bilro destacando suas potencialidades turísticas,
bem como a sua contribuição para o desenvolvimento local. O objetivo deste artigo é
reconhecer a identidade cultural do artesanato no território e contribuir para o fortalecimento
do fazer artesanal. Para tanto, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, tendo como objeto de
estudo as rendeiras e o fazer artesanal da comunidade tradicional de Saubara (BA), no
recôncavo baiano. A metodologia empregada contou com a consulta a diversas fontes
bibliográficas, como artigos científicos, livros e visitas in loco, na sede da Associação dos
Artesãos de Saubara. Os instrumentos de pesquisa permitiram identificar os fatores potenciais
e limitantes observados nas etapas de produção da renda de bilro, bem como o seu potencial
socioeconômico e turístico. Por fim, examinou-se como o processo produtivo desse artesanato
pode favorecer o desenvolvimento local e sustentável da atividade turística. Como
justificativa, é importante destacar que existe pouca literatura científica que aborde o saber-
fazer da renda de bilro na localidade, o que acentua a relevância deste trabalho. A renda de
bilro surgiu no século XV, na Itália, sob a denominação de “punto in aere” (ponto no ar) e
anos depois chegou à França, invadindo a corte do Rei Luís XIV e os centros produtores de
Portugal, que trouxeram esta arte para o Brasil. O processo de “costurar a renda” envolve em
prender os fios de algodão de uma extremidade a uma das pontas do bilro e fincar os alfinetes
nos cartões perfurados (pique), que servem como "moldes" e são dispostos sobre uma
almofada. Os materiais utilizados na confecção são os fios de algodão, os bilros de madeira,
que podem ser da semente do buri, pau da Paraíba ou cajueirinho (espécies da região). A
Associação, fundada em 1992 como forma de reconhecer o ofício, possui atualmente 110
artesãs associadas, das quais 25 são ativas na produção da renda de bilros e 12 dedicadas ao
trançado de palha. Ao longo destes 30 anos de existência, recebeu apoio do Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), do Instituto Mauá (atual Artesanato da
Bahia) e da Associação João de Barro, que fomentou, capacitou e ajudou na comercialização
das peças produzidas pelas rendeiras. Além disso, a entidade foi premiada duas vezes (2006 e
2016) com o prêmio TOP 100 do SEBRAE. A partir dos dados obtidos na pesquisa
bibliográfica, percebeu-se que a atividade desenvolvida pelas artesãs estimula o turismo local,
gerando ocupação e renda para a comunidade em questão. Por meio desta pesquisa, concluiu-
se que o processo produtivo da renda de bilro possui forte relevância histórica, cultural e
socioeconômica, sendo considerada de reconhecida importância para a comunidade como um
instrumento de transformação social e digno de ser transmitido para as gerações futuras.
1Pós-graduanda em Comunicação e Marketing pela Universidade Salvador (Unifacs), Bahia, Brasil. E-mail:
vanezanarciso@gmail.com
2Pós-graduada em Gestão da Qualidade pelo Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE), Bahia, Brasil.
E-mail: vivian.ciso@gmail.com
3Doutorando do Programa de Pós-graduação em Território, Ambiente e Sociedade (PPGTAS), pela
Universidade Católica do Salvador (UCSal), Bahia, Brasil. E-mail: mp.sales@gmail.com

IV Seminário (Des)Fazendo Saberes na Fronteira: Ciência, Democracia e Resistência. v. 4, 2022,


UNIPAMPA. ISSN 2527-2411
Palavras-chave: Turismo cultural; Produtos artesanais; Comunidades tradicionais;
Desenvolvimento local.

REFERÊNCIAS

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SP:Papirus, 2012.

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2000.

FELIPPI, Vera. Decifrando Rendas (livro eletrônico): processos, técnicas e histórias. 1ª


ed. Porto Alegre, RS: Ed. Da Autora, 2021.

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ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 1985.

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IV Seminário (Des)Fazendo Saberes na Fronteira: Ciência, Democracia e Resistência. v. 4, 2022,


UNIPAMPA. ISSN 2527-2411

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