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CADERNOS
DE FOLCLORE
O MUSEU DO FOLCLORE
DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
uma breve história
IMPRESSÃO
allcor – gráfica e editora
são josé dos campos – sp
ficha catalográfica
elaborada por cíntia cássia soares – crb 8r/8848
CDU:069:398(815.6)
CDD:069:398
COLEÇÃO CADERNOS DE FOLCLORE
26º VOLUME
OMUSEUDOFOLCLORE
DESÃOJOSÉDOSCAMPOS
uma breve história
A
obra apresentada pelos pesquisa- museu de referência, partícipe das ações da
dores Fábio Martins Bueno e Maria Comissão Nacional de Folclore.
Siqueira Santos nos permite, por Acredito que essa obra possa servir de
meio de uma leitura fácil e corrente, con- bússola aos integrantes dos diversos setores
textualizar toda a jornada que culminou com da cultura nacional, mostrando como uma
a criação do Museu do Folclore de São José ideia surgida do desejo de um pequeno gru-
dos Campos. po, pode se concretizar num projeto sério,
Fácil notar o espírito de todos os envol- merecedor de apoio das instituições gover-
vidos, direta ou indiretamente, na execução namentais e privadas; e ofertar ao público
desse projeto. Uma crença de que toda rea- um trabalho de excelência.
lização é possível, apesar das adversidades O desafio que se descortina à nossa frente,
encontradas, desde que haja comprometi- agora, é integrar cada vez mais o moderno
mento e vontade de realização. com as nossas raízes, fazendo ver a todos que
É com esse espírito que o Centro de Estu- sem cultura não somos ninguém. Aos autores
dos da Cultura Popular, atual e de longa data e pesquisadores desse volume, o meu muito
o gestor desse museu, se propõe a olhar o obrigado por sintetizarem tão bem essa pri-
futuro. Um futuro que já se desenhava nos meira etapa da nossa jornada.
primórdios da Comissão Municipal Setorial
de Folclore, da Fundação Cultural Cassiano
Ricardo, com a mostra de longa duração ‘Mi-
nha Cultura Mostra quem Sou’.
Respeitando tanto os detentores dos
saberes bem como todos os que contribuí-
ram para essa jornada, o CECP se orgulha
de manter em São José dos Campos, junto
à Fundação Cultural Cassiano Ricardo, um
A COMISSÃO MUNICIPAL SETORIAL
DE FOLCLORE DA FUNDAÇÃO
APRESENTAÇÃO
CULTURAL CASSIANO RICARDO
8 33
RAÍZES DE UMA
INICIANDO OS TRABALHOS:
TRADIÇÃO INTELECTUAL
OS PROJETOS DA COMISSÃO
11 DE FOLCLORE
39
O MUSEU DO FOLCLORE NO
PARQUE DA CIDADE: A CULTURA
A COMISSÃO DE FOLCLORE
POPULAR OCUPA A “CASA VELHA”
ALCANÇA PROJEÇÃO NACIONAL:
25 O SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO
E PESQUISA DE FOLCLORE
57
OS ÚLTIMOS ANOS DA COMISSÃO
DE FOLCLORE E O PROJETO DE PROGRAMAS DO MUSEU
OCUPAÇÃO DA “CASA VELHA” DO FOLCLORE DE SÃO
69 JOSÉ DOS CAMPOS
103
O CENTRO DE ESTUDOS
DA CULTURA POPULAR OUTROS PROJETOS DO CECP
85 121
Q
uando iniciamos a pesquisa e escri- século XX, cidade de doença e de cura, da
tura deste livro, não sabíamos das criação poética de gente de vários locais
dificuldades que iríamos encontrar. exilada em pensões e hospitais sanatoriais;
Parecia simples escrever a história do Mu- aqui, onde foi instalado importante polo in-
seu do Folclore de São José dos Campos, dustrial brasileiro. No Vale, entre as Serras
ainda mais depois de oito anos trabalhando do Mar e da Mantiqueira, banhada pelas
em projetos do Centro de Estudos da Cultu- águas do rio Paraíba, ergueu-se São José
ra Popular, instituição que se liga à gênese dos Campos.
do Museu e que ainda hoje faz a sua ges- Uma cidade sui generis, habitada por gen-
tão. Porém, talvez como todas as histórias te de todos os lugares; cosmopolita, embora
quando vistas no detalhe, após as primeiras rural e prosaica. Aqui, na década de 1980, um
entrevistas começamos a perceber que não grupo de intelectuais, pesquisadores, músi-
se tratava de uma história apenas, mas de cos, escritores, bailarinos, fotógrafos, atores,
várias histórias imbricadas. A do CECP, a folcloristas se organizou para criar uma ins-
do Museu do Folclore, a da Comissão Mu- tituição de cultura democrática, horizontal e
nicipal de Folclore, a da Fundação Cultural gestada pela sociedade civil. Embora o mo-
Cassiano Ricardo, a de São José dos Campos. delo proposto não tenha prosperado, pois 12
Há diversas outras histórias, de pessoas e anos depois sua estrutura organizacional foi
instituições, mas vamos parar por aqui, que alterada e as Comissões Setoriais foram ex-
já são cinco histórias e esse livro passa por tintas, a Fundação Cultural Cassiano Ricardo
todas elas. foi, e ainda é, uma instituição múltipla, que
Aqui, onde ficavam os campos do terri- congrega diferentes linguagens culturais e
tório de Jacareí, o cerrado, a divisa com a apoia ações de uma gama de artistas e edu-
Mata Atlântica, a fronteira com os povos cadores da arte. Nessa esteira estruturou-se
e animais da floresta; aqui, onde num país a Comissão Municipal Setorial de Folclore,
agrícola nenhuma grande produção mono- que produziu vários e valiosos frutos, como
cultora vingou, nem mesmo o café; aqui, o Grupo Piraquara e o Museu do Folclore,
onde lavradores e tropeiros se encontravam apoiou diversas manifestações folclóricas e
para comercializar suas mercadorias; aqui, informou milhares de estudantes joseenses
onde foram tratados muitos tuberculosos do sobre a riqueza cultural das gentes que habi-
tam esta terra. O Centro de Estudos da Cul- ainda que não estejam literalmente citadas
tura Popular surgiu mais tarde, em decor- no texto. Agradecemos ainda a toda equipe
rência da extinção da Comissão de Folclore, de profissionais do Centro de Estudos da
e deu continuidade a tão valoroso trabalho, Cultura Popular, cujo trabalho foi indispen-
mantendo os projetos antigos e elaborando sável, direta ou indiretamente, para a elabo-
novos. São, ao todo, 35 anos de história. São ração deste 26º volume da Coleção Cadernos
muitas vidas envolvidas, muitas histórias, de Folclore. De maneira especial, deixamos
muitas vitórias e algumas derrotas. registrados aqui os nomes de Francine Maia,
Não é possível citar aqui todos os nomes Ingrid Mancilha César, Joseana Aparecida
que fizeram parte dessa história. No entanto de Souza Barreto, Janice Ribeiro de Aboim
é importante que todos que fizeram parte Chaves, Maria Angélica Perez Bellucci, Sâmi
dessa história sintam-se reconhecidos neste Cristian Baleeiro de Lima, Cíntia Cássia Soa-
texto. Esperamos que assim seja. Cabe-nos res, Avelino Israel, Tiane Tessaroto, Manoella
aqui, todavia, agradecer especialmente à An- Horácio da Silva Mourão, Ana Sílvia Bloise,
gela Savastano. Faltam palavras para dizer Renata Sparapan, Fábio Camargo e Andrelina
e mensurar a importância de seu trabalho Paiva de Souza Tomaz.
em prol do folclore em São José dos Campos, Nas páginas seguintes, o leitor encontra-
sua fé no ser humano enquanto ser criativo, rá, a princípio, um texto teórico, intitulado
capaz de encontrar soluções para os proble- Raízes de uma tradição intelectual, no qual
mas do mundo. Obrigados, d. Angela, foram são discutidas as influências filosóficas e
gerações de pessoas transformadas por suas conceituais que definiram as atividades da
ações. Mais uma vez, obrigados! Comissão de Folclore e, por extensão, do
Agradecemos também às pessoas que CECP. Em seguida, um breve relato históri-
compuseram a Comissão de Folclore e du- co acerca do Museu do Folclore de São José
rante tantos anos trabalharam, voluntaria- dos Campos, desde sua idealização até os
mente, na pesquisa e difusão da cultura dias de hoje, junho de 2020.
popular. Agradecemos às pessoas entrevis-
tadas por nós para a elaboração deste livro, Esperamos que gostem! Boa leitura.
as memórias de vocês foram ingredientes
indispensáveis para a execução desta tarefa,
13
Raízes deumatradição
intelectual
A
cidade de São José dos Campos é quadro é o papel das Comissões de Folclore
conhecida em âmbito nacional como (Municipal, Estadual e Nacional), organiza-
uma cidade tecnológica e a aviação é ções das quais a maioria dos pesquisadores
uma grande responsável por essa referência citados participava. Assim, observando a
no imaginário nacional. Mas o que muitos documentação e recortando um quadro es-
não sabem é que a mesma cidade, assim pecífico à cidade de São José dos Campos, é
como a região onde se encontra, o Vale do possível explicitar essas influências intelec-
Paraíba Paulista, é também repleta de ma- tuais. A mais à vista se refere aos conceitos
nifestações folclóricas. Essa peculiaridade de folclore e seus pressupostos.
atraiu o interesse de muitos pesquisadores Com continuidades e rupturas, ao longo
atuantes no campo de estudos do folclore, dos anos os conceitos utilizados pelos pes-
entre eles Rossini Tavares de Lima, Alceu quisadores folcloristas se transformaram,
Maynard Araújo, Julieta de Andrade, Cáscia em parte devido às condições do campo de
Frade, entre outros.1 Esses folcloristas, de pesquisa, em parte devido ao diálogo em-
projeção nacional, também despertaram in- preendido com a comunidade intelectual es-
teresses, formaram diretamente e indireta- tadual e nacional, que discutia e repensava
mente pesquisadores folcloristas locais para o conceito de folclore e sua produção social.
que eles atuassem no campo de pesquisa, Em vista dessa troca, ocorrida por décadas,
educação e difusão do folclore. Muitas in- é possível afirmar que, ao menos em dois
fluências intelectuais ocorreram por meio de momentos distintos, ocorreram em São José
cursos, palestras, cartas, livros e encontros dos Campos desdobramentos dialógicos com
entre os pesquisadores. Destacável nesse o Movimento Folclórico Nacional.
1. O folclore regional do Vale do Paraíba mobilizou pesquisadores cujas obras se tornaram referência na compreensão de
manifestações culturais, como Congada, Moçambique, Carpição, Figureiras, Sambas etc.
14 museu do folclore de são josé dos campos
Vou citar o nome de um professor que eu tenho por ele uma admira-
ção muito grande, já faleceu, não era daqui, mas fez história em São
José dos Campos, tem uma escola aqui com o nome dele, professor
Alceu Maynard Araújo. Fantástico professor, que derramava lágrimas
de emoção na sala de aula quando ele falava sobre folclore, falava so-
bre o Brasil, né. Um professor fantástico! Então ele vinha de São Paulo
e ficava, digamos assim, uma quarta-feira com a gente, do começo
até meio-dia, das 7, 8 horas até meio-dia.
[...] O professor Alceu Maynard Araújo, esse eu lembro o nome com-
pleto [risos], do Alceu, grande professor, grande figura, até porque eu
também sou um apaixonado pela cultura brasileira e me identifiquei
muito com ele. Ele costumava dizer, no momento que iria, que entrava
na aula, que: “Vocês vão tomar um banho de Brasil”. E falava do nosso
folclore, da nossa cultura do Norte, Nordeste e eu, como sou do Norte 8. Em meados de 1947,
Maynard esteve no Litoral
da Amazônia, eu admirava muito ele, muito o trabalho dele. Competen- Norte, em Caraguatatuba
tíssimo, o professor Alceu Maynard Araújo. e Ilhabela, pesquisando,
entre outros assuntos, os
[...] me lembro dos momentos de emoção vividos nas aulas do profes- Congados. Também
sor Alceu Maynard Araújo. Quando eu te falo, te falei que nas aulas pesquisou manifestações
folclóricas em São Luiz
dele havia derramamento de lágrimas, era o próprio professor que se do Paraitinga
emocionava, tirava o lenço e enxugava as lágrimas quando falava de 9. SIMÕES, Alberto
de Souza. Entrevista
um Brasil com um potencial para ser explorado e infelizmente para concedida ao Cehvap
em 9 de maio de 2012.
ele não era valorizado, a nossa cultura, o nosso folclore, a nossa ve-
Disponível para consulta
getação. Enfim, o Brasil devia ser mais valorizado pelos brasileiros9. no acervo do Cehvap.
18 museu do folclore de são josé dos campos
veis do folclore paulista [...]”. Sobre esse período em sua vida, nos
contou em entrevista:
OMuseudoFolclorenoParquedaCidade:
aCulturaPopular ocupaa“CasaVelha”
N
o dia 5 de dezembro de 1997, foi aber- funcionou o Mercado dos Operários e, por
to o Museu do Folclore de São José último, a loja de fábrica da Tecelagem.
dos Campos, no Parque da Cidade Ro- O espaço que foi destinado à instalação
berto Burle Marx. O parque, aberto ao públi- do Museu do Folclore era a nomeada “Casa
co em julho de 1996, no 229º aniversário da da Gerência”, pois ali moraram os gerentes
cidade de São José dos Campos, foi implan- da Tecelagem. Supõe-se que a casa tenha
tado na área de quatro imóveis da Tecelagem sido construída na década de 1920.
Parahyba S.A., desapropriados pela Prefeitu-
ra Municipal. Outras áreas da antiga fábrica [...] Quando o Sr. Olivo Gomes assumiu a ge-
de cobertores foram incorporadas ao patri- rência, residiu neste local, juntamente com
mônio do estado de São Paulo, bem como sua família. Permaneceu nele até a constru-
de outros credores. Uma parte, além disso, ção da residência principal. Após a mudan-
passou a ser administrada pela cooperativa ça para a nova residência, a Casa da Gerên-
formada pelos antigos funcionários, que con- cia se tornou casa para hóspedes, amigos,
tinuou a produção em pequena escala. parentes e empresários, recebendo da
Prédios e áreas do Complexo da Tecela- família o nome de “Casa Velha”. Permane-
gem foram, a partir de 1996, ocupados por ceu como casa de hóspedes até a década
órgãos municipais e estaduais: Fundação de 1970, quando se tornou novamente local
Cultural Cassiano Ricardo (FCCR), Arquivo de residência do gerente. Em setembro de
Público Municipal, Fundo Social de Solidarie- 1996, foi apresentado o projeto de ocupa-
dade, Secretaria de Urbanismo e Sustenta- ção da casa pelo Museu do Folclore, sendo,
bilidade (antiga Secretaria de Meio Ambien- no final de 1997, iniciadas as obras de recu-
te), CETESB, Polícia Ambiental, entre muitos peração do edifício. Hoje ela é a sede do
outros. O espaço ocupado pela FCCR foi o Museu do Folclore18.
prédio do antigo refeitório, onde também
18. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP. Plano Diretor do Parque da Cidade. 2016. Disponível em: https://www.sjc.sp.gov.br/
media/48139/plano-diretor-do-parque-da-cidade-2016.pdf. Acesso em: 18 maio 2020.
Em três meses a “Casa Velha” foi restaurada
para abrigar, a partir de dezembro de 1997, o
Museu do Folclore. A engenheira Lourdes Rossi,
que também participava da Comissão de
Folclore, foi quem acompanhou as obras.
o museu do folclore no parque da cidade: a cultura popular ocupa a “casa velha” 29
[...] Café (passado no coador) e bolo servidos durante todo o dia aos
visitantes. O programa festivo esteve a cargo da banda de Santana,
grupo Djamberê, Bonecões do Piraquara e a presença da Folia de Reis
de São Luiz do Paraitinga que fez a homenagem ao presépio montado.
19. Trecho de Relatório Houve também dança espontânea de catira pelos catireiros presen-
elaborado por Angela
tes, comandados pelo mestre Zicão, de Taubaté19.
Savastano a respeito da
inauguração do Museu.
Cenas da abertura da sede do Museu do Folclore no
Parque da Cidade, nos dias 5 e 6 de dezembro de 1997.
32 museu do folclore de são josé dos campos
20. Regimento da Comissão Municipal Setorial de Folclore e 23. A Comissão de Arquitetura foi criada posteriormente,
Tradições Populares, 1986. em 1994.
21. A Lei 3.050, aprovada em 4 de novembro de 1985, autorizava 24. Nesse novo modelo instituído pela Lei 5.280, de 9 de
a criação da Fundação Cultural de São José dos Campos. novembro de 1998, o Conselho Deliberativo passou a ser
A instituição, porém, foi juridicamente constituída em março composto por representantes de diversos segmentos da
de 1986, quando o então prefeito Robson Riedel Marinho sociedade: “instituições empresariais e culturais, Câmara
assinou em cartório a escritura de sua criação. Sua sede foi e Prefeitura do município, profissionais liberais, igrejas,
inaugurada e aberta ao público em 11 de abril desse mesmo personalidades de notável saber na área cultural, entre
ano, localizada na avenida Nelson D’Ávila, nº 423. O nome outros. A FCCR também possui um Conselho Fiscal que tem
Cassiano Ricardo foi oficializado e assim foi nomeada a a finalidade precípua de discutir, fiscalizar e sugerir melhorias
instituição em 9 de março de 1987, pela Lei Ordinária 3.216/1987. nas suas contas e submeter as mesmas ao Conselho
22. Como comprovam documentos posteriores, o termo Deliberativo”. Fonte: FUNDAÇÃO CULTURAL CASSIANO
“Tradições Populares”, que compunha o nome completo da RICARDO. Disponível em: http://www.fccr.sp.gov.br/index.php/
Comissão de Folclore, foi retirado. institucional/historico.html. Acesso em 21 maio 2020.
36 museu do folclore de são josé dos campos
Iniciandoos trabalhos:
os projetos daComissãodeFolclore
O
primeiro livro de Atas da Comissão Popular, Festa da Carpição de N. Sra. do Bom
Setorial de Folclore era de suma im- Sucesso são exemplos de temas tratados.
portância. Nele estavam, além das Além dessas ações de pesquisa e docu-
ações e articulações citadas acima, os ter- mentação, bem como de aquisição de acer-
mos iniciais de sua constituição, um marco vo em decorrência das doações feitas pelos
fundador. Porém, baseada nos Relatórios de entrevistados, logo nos primeiros anos a CF
Atividades dos anos anteriores, a secreta- iniciou o diálogo com as escolas do municí-
ria da CF pôde listar e deixar registradas, pio para discutir o assunto Folclore e ampliar
nas primeiras páginas desse segundo livro o entendimento do conceito pelos professo-
de Atas, as ações realizadas pelo grupo. Por res e, consequentemente, pelos estudantes.
esse motivo, pode-se verificar que em 1986 Participação nas reuniões da Diretoria de
foram documentadas cinco manifestações Ensino e Secretaria Municipal de Educação,
culturais pelos pesquisadores da Comissão: apoio com informações bibliográficas, rea-
Festa de São Gonçalo do Alto da Ponte, Ca- lização de palestras para alunos de Ensino
poeira do Mestre Gato, Fabricação caseira Fundamental e Médio, na época 1º e 2º graus,
do açúcar instantâneo, Festa da Carpição e apoio na realização de desfiles cívicos e
os Cem anos de Crochê em São José, com fo- eventos de lazer foram ações empreendidas.
tografias e cadastro dos participantes. Além Merecem destaque, nesse momento, os
disso, aconteceram mais de uma dezena de Cursos de Formação em Folclore que pude-
“atividades internas” da CF, ou seja, reuniões ram ser realizados em São José em decor-
em que seus membros compartilhavam e rência da mediação feita pela CF. É bom
discutiam suas pesquisas de campo ou suas lembrar que Angela Savastano e Dagmar
vivências em cultura popular. Festa de São Siqueira cursaram, em São Paulo, a Escola
Gonçalo em São Francisco Xavier, Apresen- de Folclore, dirigida inicialmente por Rossini
tações de Capoeira, Movimento Hippie e Ar- Tavares de Lima, que contava com um time
tesãos nos anos 60, Composição de Música de professores-pesquisadores de grande
42 museu do folclore de são josé dos campos
Fac-símile do folheto
de divulgação do curso
“Fundamentos de Folclore”,
ministrado nos dias 4, 11, 18 e
25 de outubro de 1986.
Nós tínhamos aula, era quase uma aula teatral. A gente tinha aula de
expressão corporal, tinha aula de soltura. Tinha um pouco de tudo. A
gente ensaiava o que a gente registrava, o que a gente queria apre-
sentar. “Então, vamos fazer uma Folia de Reis?” Daí a gente dançava,
ensaiava as músicas, ensaiava as danças para a gente fazer apre-
sentação nas escolas no Mês do Folclore, que era o que o Piraquara
estava destinado para ser. Tinha uma ação didática. Como toda esco-
la tem que trabalhar o mês do folclore, então uma das propostas do
Piraquara e da Comissão de Folclore era levar, em forma de teatro, o
Folheto de divulgação da cotidiano, as danças [...]. Como foi ficando grande o negócio, a gente
programação de outubro não ia mais para as escolas, as escolas iam para o teatro, entendeu?
de 1987 das atividades da
Comissão de Folclore. Então a gente agendava. Teve épocas que a gente começava as apre-
sentações do Mês do Folclore, que é agosto, mas a gente começava
em junho, de tanta escola que ia para assistir a gente. Toda segun-
da-feira tinha apresentação. Lotava o teatro de alunos da cidade. [...]
28. Entrevista realizada em 12
de outubro de 2019. Cada ano era uma coisa.
iniciando os trabalhos: os projetos da comissão de folclore 45
Folheto de divulgação do
Grupo Piraquara.
Segundo consta em Ata da CF, depois de sua primeira apre-
sentação no SESC, no dia 3 de outubro, o Piraquara se apresentou
mais quatro vezes ainda em 1987: na Fundação Valeparaibana de
Ensino, na Associação Esportiva São José, no Sesi e na “Praça de
Cultura”, como era denominada a praça Afonso Pena naquele tempo.
Nos anos seguintes, especialmente em agosto, Mês do Folclore, o
grupo realizou inúmeras apresentações para formar e informar
os professores e estudantes de São José dos Campos, indo até as
escolas e, posteriormente, recebendo os grupos de escolares nos
teatros da cidade, apresentando-se no Teatro Municipal e no Cine
Teatro Benedito Alves.
Dagmar Siqueira também participou das atividades da CF, do
Piraquara e, especialmente, dos cursos voltados às técnicas popu-
lares de empapelamento29. Ela, artista plástica conhecida na cidade,
iniciou sua participação na Fundação Cultural em 1985, a convite
de Nilvia Frossard, por intermédio da Comissão de Artes Plásticas,
mas logo enveredou-se pelos temas do folclore. Sobre a concepção Fotografia da apresentação
do Piraquara, Dagmar diz: Vale, Verde Vale.
[...] O primeiro movimento maior, sabe qual foi? O que alavancou a Co-
missão de Folclore? O que alavancou, o que fez assim o “BUM”? Foi o
29. Entrevista realizada em 27
Piraquara. O carro-chefe da propaganda “O que era cultura popular?” de novembro de 2019.
46 museu do folclore de são josé dos campos
Como é que a gente vai falar do folclore? Você faz um projeto e vai na
escola e diz: “Olha, gente, vim aqui conscientizar vocês da cultura po-
pular.” O que que é cultura popular? Então a gente pegava o traço, por
exemplo uma Folia de Reis, melhor, um Jongo. [...] O Jongo é comum
aqui da região. Então, o que é o Jongo? Eu explicava antes: “O jongo
é uma dança que existia pelos escravos, porque era proibido, mas aí
o senhor de senzala tinha que deixar eles se aproximarem, então aí
dava uma festa e vinham os tambores, onde eles rezavam, então...”.
Aí, contava a história e dizia: “Agora vocês vão ver”. Aí vinham as in-
gomas, que as pessoas identificavam, e aí começava a cantoria e a
dança de como era feita.
Os bonecões do Pirô-Piraquara.
Dagmar Siqueira finalizando a Antônio André da Silva, seu Toninho Bonequeiro, junto com seus
produção de Nhaquara, a bonecona bonecões. Seu Toninho foi um dos detentores de saberes mapeados,
pioneira do Pirô-Piraquara. divulgados e salvaguardados pela Comissão de Folclore.
iniciando os trabalhos: os projetos da comissão de folclore 49
Brinquedos e Brincadeiras: subsídios para uma ação educacional, do Savastano, Zuleika de Paula,
Hélio Moreira da Silva, Marcel
pesquisador José Gerardo Matos Guimarães, Lourdes Rossi, então Jules Thiéblot, José Gerardo
Matos Guimarães e Maria
coordenadora da Comissão de Folclore, declara a que veio esse projeto: do Rosário de Souza Tavares
de Lima.
52 museu do folclore de são josé dos campos
[...] acho que nós fomos ajudar esse grupo, eles precisavam de al-
guma coisa. Mas a gente não ajudava com dinheiro, a gente ajudava
com roupa, com apoio. Como aqui tinha a Faculdade de Odontologia,
nós fizemos uma campanha para conseguir sapatos brancos, roupas
brancas para o Moçambique, entendeu? A gente fazia esse tipo de
ajuda. [...] Nós fizemos campanha para vários grupos, não foi só para
esse, para outros e outros bairros também.
AComissãodeFolclorealcançaprojeção
nacional: oSimpósioNacional deEnsinoe
PesquisadeFolclore
P
oucas pessoas se lembram de que o coisas. [...] Eu mandei a relação, consegui
Museu do Folclore já funcionou na o espaço com o padre João e queria levar
centenária Igreja de São Benedito, as coisas para lá porque eu queria que as
numa época em que ela ainda era frequentada professoras pudessem levar seus alunos
por devotos da irmandade de São Benedito, lá para usar. [...] Nós queríamos que aquele
catequistas e outros fiéis. Em meados de 1987, objeto servisse de exemplo para mostrar
duas pesquisadoras, participantes da Comis- que aquilo era patrimônio, mas a gente não
são de Folclore, Angela Savastano e Helena falava com essas palavras.
Weiss, iniciaram um diálogo com o padre João
acerca do uso da Igreja para sede do Museu A atitude de se aproximar do padre e pro-
do Folclore, idealizado pela CF. Em 1991, a ar- por a ele a ideia foi uma demanda da CF,
ticulação com o padre João se fortaleceu e na medida em que as pesquisas de campo
passou a contar com a presença da Fundação em folclore cresciam e, na mesma medida,
Cultural, na pessoa de sua então Presidente, cresciam os objetos doados aos pesquisa-
Maria de Fátima Manfredini. A negociação foi dores pelos detentores de saberes e fazeres
frutífera e, em 13 de maio de 1991, foram ins- folclóricos. Em sua maioria, eram moradores
taladas cerca de 200 peças do acervo formado de zona rural que, simpáticos ao interesse
pela CF na Igreja de São Benedito. Diz Angela da CF, doavam seus objetos de uso cotidiano,
Savastano sobre esse momento: fabricados por eles, por alguém da família
ou da comunidade próxima. Assim, produ-
[...] Fizemos um relatório, uma relação de zindo um acervo inerente ao seu fazer, as
tudo o que a gente já tinha conseguido com pesquisadoras começaram a levá-lo para as
a nossa pesquisa da cultura popular. Eram dependências da FCCR, depois de já acumu-
220 peças, se não me engano. Tinha puleiro lar objetos em suas casas. A necessidade de
de galinha, tinha não sei o que de galo, tinha um espaço físico, mas não apenas isso, a ne-
pescaria, tinha lúdico, tinha uma porção de cessidade de um espaço para comunicação
60 museu do folclore de são josé dos campos
Helena e me ajudou muito. Ela viu que a gente estava pegando ma-
terial. A Cáscia conseguiu agendar com a Cláudia Márcia [do Museu
do Folclore Edison Carneiro], eu fui lá conversar com ela. Uma menina
maravilhosa, eu fui com o material lá. Quem veio? Ricardo, que era mu-
seólogo no Rio de Janeiro. Ele veio e montou a exposição [...], as fotos
eram do Toninho Macedo e da Helena Weiss.
[...] A primeira coisa era uma definição do que que a gente poria ali den-
tro, esse museu deveria retratar o quê? O povo de São José dos Cam-
pos. Mas quem era esse povo? Quais as suas origens? E eu me lem-
bro que a gente começou com os primeiros habitantes do território de
São José. Definimos, num primeiro setor, a coisa regional, territorial, e
aí tinha umas urnas funerárias, algumas coisas tupis encontradas na
região, que abriam a exposição falando do indígena e depois traba-
lhavam com esse tripé: do índio, negro e o branco. Naquele momento
essa era uma discussão importante. Da definição, da formação do
povo brasileiro. E aí dividimos a exposição. Tinha uma parte de ritos de
passagem, religiosidade, tinha o culto da Santa Perna, isso eu me lem-
bro muito, que era uma coisa forte para a exposição, uma parte ligada
a alimentação, a produção de farinhas, engenhos de cana-de-açúcar.
Tinha um altar de religião, a cerâmica de São José, evidentemente, as
manifestações, como Congada, Moçambique. [...] Mas a gente conse-
guiu montar o primeiro museu, foi um pontapé inicial. Hoje, quando eu
vejo o Museu de São José dos Campos, como ele é, eu fico feliz de
saber que a gente conseguiu enfrentar as primeiras barreiras, derru-
bá-las e criar um museu que tem o resultado que tem hoje aí.
62 museu do folclore de são josé dos campos
Folheto de divulgação da
apresentação da Orquestra
Foram quatro mesas-redondas, três apresentações de Grupos de de Viola Caipira, em julho de
Aproveitamento de Folclore, duas projeções de documentações em 1992, durante o Simpósio
Nacional de Ensino e
slides e vídeos e, para encerrar, visita ao Museu do Folclore da Pesquisa em Folclore.
Fundação Cultural, apresentação de grupos folclóricos ao ar livre
e quermesse na Praça Afonso Pena. O Encontro produziu ainda um
documento a ser encaminhado ao 1º Simpósio de Pesquisa e Ensino
de Folclore, previsto para ser realizado naquele mesmo ano em
Ubatuba, mas que acabou acontecendo em São José dos Campos
no ano de 1992.
Em 1991, ainda outros novos projetos foram criados pela Comis-
são de Folclore. O Mês do Folclore e os demais projetos continuavam
sendo executados. O Piraquara agregava um grupo grande de vio-
leiros, contando também com a presença de seu José Mira e Braz
da Viola. Lourdes Rossi era então coordenadora da CF e motivou
o desenvolvimento de uma orquestra de viola, a 1ª Orquestra de
Viola Caipira do Brasil.
cocho para nós. Acho que trouxe uma meia dúzia de violas de cocho
para nós, nós fizemos uma apresentação linda com violas e violas de
cocho misturadas, ficou super bonito.
36. NASCIMENTO, Bráulio do. O Simpósio de 1992 entrou para a história do Movimento Folclórico
“Apresentação”. Anais do
Simpósio Nacional de Brasileiro, sendo citado em trabalhos acadêmicos ou não acadêmicos
Ensino e Pesquisa de
Folclore. São José dos
de pesquisa em Folclore e tendo marcado o início de uma nova etapa
Campos: FCCR, 1992, p. 9. na história da Comissão Nacional de Folclore. Além disso, os Anais
a comissão de folclore alcança projeção nacional: 65
o simpósio nacional de ensino e pesquisa de folclore
T
erminado o Simpósio, o trabalho da I – criar e manter o Museu do Folclore no mu-
CF continuou em São José dos Cam- nicípio [...]
pos, ora mais vibrante, ora mais en-
fraquecido, dependendo do contexto. Foram Os objetivos seguem e vão até o 8º. Todos
realizados cursos e palestras, manteve-se eles são, assim como esse primeiro, anuncia-
o Grupo Piraquara, produziram-se eventos dos pela CF desde 1986, com a diferença que
em parceria com as demais comissões, rea- apresentam uma formatação mais jurídica
lizou-se o Mês do Folclore, editaram-se os neste documento. De qualquer forma, tra-
Cadernos de Folclore etc. ta-se de criar e manter, além do museu, um
Embora no folheto de divulgação do 1º banco de dados/acervo, apoiar os grupos de
Encontro de Folclore, em 1991, tenha sido manifestações folclóricas, realizar cursos e
anunciada a inauguração oficial do Museu palestras, entre outros. O que chama a aten-
Municipal e também uma “visita ao Museu ção aqui é que, embora o Museu do Folclore
do Folclore da Fundação Cultural Cassiano já fosse considerado aberto ao público, ele
Ricardo” e em 1992 tenha sido publicada, no não tinha garantias legais para existir, o que
Informativo Esfera, da FCCR, uma fotografia deixava a inciativa à mercê dos contextos
de “simposistas visitando o Museu do Folclo- políticos locais. De fato, em 1993, foi promul-
re”, o Regimento da Comissão de Folclore, gada a lei de criação do Museu Municipal, in-
reelaborado em 1992, dizia, no artigo nº 2 do cluindo como parte de seu acervo o material
Capítulo I – Das Finalidades: da CF, localizado na Igreja de São Benedito. A
Comissão, por sua vez, continuou seu traba-
A Comissão Municipal Setorial de Folclore, lho, realizando seus projetos e lutando pela
daqui por diante, neste instrumento, também concretização do Museu do Folclore de São
denominada simplesmente de Comissão de José dos Campos e reivindicando o acervo
Folclore, atuará junto aos outros órgãos da da Igreja de São Benedito.
Fundação Cultural para a concretização dos Um manuscrito datado de 1994 indica as
seguintes objetivos: direções da CF para aquele ano. Na pauta,
72 museu do folclore de são josé dos campos
Sérgio e Helena Weiss, Wilson e Maria Helena Lacaz Ruiz, Vera Maria
Costa, Irma Maria Cheminand Valiante, Geralda Fagundes, Benjamin
e Maria Tereza Bueno, Rubens e Angela Savastano, Ricardo Savas-
tano, Marcelo Magano, Toninho Macedo, Jair Pereira, Itamara de
Moura, Nilton Blau, José Vitório de Faria, Flávia Diamante e Carlos
Vicente Andrade. Nos meses seguintes, criou-se uma Comissão Pró-
-Instalação do Museu do Folclore, composta por representantes da
Comissão Municipal de Folclore, Fundação Valeparaibana de Ensino,
Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos, Lions
Clube, Departamento de Patrimônio Histórico/FCCR, comunidade
joseense e um assessor jurídico.
O projeto apresentado à Fundação Cultural para concorrer à LIF
previa, além da restauração do imóvel, a manutenção de todos os
projetos da Comissão de Folclore. Nesse momento, uma das seis
propostas lançadas em 1986, o Projeto Museu do Folclore, deixou de
ser mais um dos projetos da CF e passou a ser o guarda-chuva dos
demais, tendendo a centralizar as ações da CF na sede, localizada no
Parque da Cidade Roberto Burle Marx.
Em janeiro de 1997, durante Reunião do Conselho Deliberativo
da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, o Diretor Cultural, Oswaldo
Ferreira de Almeida Júnior, representando o então Presidente Antônio
Gervásio de Paiva Diniz, apresentou o resultado da LIF para o ano.
Foram aprovados 18 projetos culturais, sendo o Museu do Folclore
um deles. Um momento de muita alegria e preocupação, pois, embora
tivesse sido aprovada a captação de recurso para o projeto, o corte
no valor solicitado era de 64%.
A CF executou as obras de
restauração do prédio da
“Casa Velha” e do Viveiro em
entrevistados, essa foi uma tarefa muito difícil, pois não era fácil apenas três meses.
[...] estava tudo inabitável, o pedreiro teve que fazer um buraco pelo
fundo e teve que trabalhar deitado para arrumar o encanamento em
cima. [...] Onde é hoje a sala das panelas era um depósito de lixo de
onde tiramos nove sacos de livros podres. Então, era um depósito de
coisas velhas, móveis velhos, sem telhado [...].
também. [...] Foi muito rico porque a gente viu que eles tinham, além de
uma linguagem própria, as ações, as técnicas que eles usavam, como
subir no telhado, o que faziam para se proteger. Quando eles come-
çaram a levar as telhas, como eles levavam as telhas, tinha o som,
rei, rol. Eu nunca tinha visto uma equipe de pedreiros que tinha esta
habilidade. Até a parte da comida deles. Eles traziam e faziam uma es-
pécie de fogareiro. Isto tudo foi documentado e eles viram como isto
era importante. Perguntávamos: quem foi que te ensinou isto? Um dos
operários, o mais velhinho, ele ficou sendo nosso guardião. Ele ficava
para abrir e fechar a porta.
“EU PROPUS Com esse foco, discutia assuntos mais amplos, como: profissão,
usos e costumes, papéis e funções, religiosidade, crendices. Já o
COMO SE Museu Vivo trazia elementos da Exposição “Minha cultura mostra
quem sou” para o pátio, ou seja, considerando as categorias Música,
FOSSE UM Culinária, Lúdico, Religião, Arte e Artesanato, pessoas portadoras de
MUSEU VIVO” saberes relacionados a elas eram convidadas a mostrar sua prática
ao vivo, compartilhando-a com o público espontâneo do Parque.
— O depoimento de Angela Savastano sobre a idealização dessa
Angela Savastano atividade é bastante interessante:
OCentrodeEstudos
daCulturaPopular
E
mbora a Lei 5.280, que alterava a es- nadores ou membros das extintas Comissões
trutura da FCCR, tenha sido promul- havia a possibilidade de se enquadrarem em
gada em novembro de 1998, a dis- algumas dessas instituições, especialmente
cussão no plenário da Câmara Municipal as nomeadas “instituições culturais”.
já vinha sendo feita desde o início do ano. As Comissões, em termos práticos, fo-
Depois de muita polêmica e argumentação, ram substituídas por “áreas de atuação da
ficou definido o seguinte: a Diretoria Execu- Fundação Cultural Cassiano Ricardo”, sendo
tiva ficaria composta de Diretor Presidente, prevista a contratação de técnicos concur-
um Diretor Administrativo e um Diretor de sados para conduzirem os trabalhos nessas
Cultura e Patrimônio. Isso significa que o nove áreas, a saber: Cinema e Vídeo, Teatro,
cargo de Diretor do Patrimônio Cultural fi- Música, Folclore, Artes Plásticas, Fotografia,
cava extinto, e o Diretor de Cultura assumia Literatura, Dança e Arquitetura. Isso porque
também a área do Patrimônio, mantendo-se os membros das Comissões, além de parti-
o Departamento de Patrimônio Histórico. ciparem da elaboração da política cultural
A alteração mais profunda, porém, se deu do município, executavam voluntariamente
no campo da representatividade do Conselho suas atividades de coordenadoria e mobili-
Deliberativo, que deixou de ser formado por zação, sendo a FCCR, até ali, uma instituição
9 representantes das Comissões Setoriais essencialmente administrativa.
de Cultura e passou a ser composto por 27 Ora, se desde o primeiro semestre de 1998
representantes de instituições culturais, so- a Câmara Municipal já discutia os termos da
ciais, religiosas, comerciais, profissionais, lei que regia a Fundação Cultural, pode-se su-
universitárias, públicas, educacionais e es- por que a tensão no Conselho da Instituição
portivas da cidade. A função do Conselho, era anterior. Verificou-se, por meio de relatos,
todavia, permaneceu a mesma: “elaborar a que os conflitos na FCCR já vinham acirrados
política cultural do município”. Aos coorde- desde 1997. A documentação da Comissão de
88 museu do folclore de são josé dos campos
Oano2000:
uminterlúdio
Ainda que o CECP já estivesse ativo ju- Nesse ínterim, Angela, Flávia e Nívea, que
ridicamente, não havia tido tempo para a estavam à frente do CECP, receberam a no-
captação de recursos e, sem os recursos da tícia de que haveria, em maio de 2000, uma
LIF, o Museu ficava à deriva. Assim começa- importante reunião em Santa Cruz, subúrbio
vam os anos 2000. do Rio de Janeiro, sobre ecomuseus e museus
Angela vinha sinalizando e comunicando comunitários, com representantes de várias
a Diretoria da FCCR sobre a situação que partes do mundo. Interessadas em pensar
estava por vir desde agosto de 1999. Mas e propor alternativas ao Museu do Folclore
qual seria o futuro do Museu? A Comissão de São José dos Campos, embarcaram para
já havia se transformado em CECP, porém lá para participar do conclave. No dia 17 de
quais seriam e de onde viriam os recursos maio saiu uma nota no Valeparaibano:
para continuar? Tudo indicava que não ha-
veria recursos. Angela Savastano, Flávia Diamante e Nívea
No dia 30 de janeiro de 2000, o Vale- Lopes – ex-coordenadoras do Museu do Fol-
paraibano publicou a seguinte manchete clore de São José – estão no Rio de Janeiro
“Fundação vai gerenciar o Museu”. Assim, participando do 2º Encontro Internacional
a saída para o impasse financeiro foi a FCCR de Ecomuseus – Comunidade, Patrimônio e
assumir a execução do Projeto, designando Desenvolvimento, que acontece até dia 20.
funcionários da instituição para abrirem e Elas estão representando a ONG Centro de
fecharem o Museu diariamente. Segundo a Estudos da Cultura Popular.
reportagem, seriam abertos concursos pú-
blicos para provisão dos cargos de museo- Novo milênio chegando e, junto com ele,
logia, monitoria e produção cultural. Mas, novas perspectivas e conceitos. A ideia de
de fato, o Museu teve as atividades diárias ecomuseu trouxe para o CECP o nascente
suspensas, sendo realizados alguns eventos conceito de Patrimônio Cultural Imaterial,
esporádicos durante o ano. que dialogava de forma propositiva com o
92 museu do folclore de são josé dos campos
E
m 2001 os ventos mudaram novamen-
te e o CECP retomou os trabalhos no
Museu do Folclore de São José dos
Campos. Desde fevereiro algumas ações
foram sendo realizadas, mas a reinaugura-
ção aconteceu no dia 27 de julho, no dia do
aniversário da cidade, com a abertura da
nova Exposição de Longa Duração, intitulada
“Traços de Cultura”. Convite para a Exposição “Traços de Cultura”. Criação
gráfica de Roberto Munholi, responsável pelo desenho
Angela, Flávia e Nívea, assim como a equi- gráfico dos materiais do Museu do Folclore por cerca de 10
anos. Sua produção ajuda a localizar o folclore no tempo
pe do Museu do Folclore, composta em gran- presente, trazendo para a comunicação das ações do Museu
de parte por voluntários, tiveram bastante uma dimensão industrial e urbana de São José.
trabalho para realizar em bem pouco tempo
e com pouquíssimo recurso a retomada do
espaço. Segundo a reportagem de O Vale, o
“[...] Museu estava de volta com nova pro-
posta, após firmar convênio com a Fundação Agenda de comemoração do aniversário da cidade no ano
de 2001, publicada no jornal no dia 22 de julho.
Cultural Cassiano Ricardo, que garante de
maio a dezembro uma verba de $ 28.000,00”.
Importante chamar a atenção aqui que o con-
vênio não fora firmado com o Museu, que é
um projeto da própria Fundação criado pela
Comissão de Folclore, mas com o CECP, uma
organização responsável por administrar
os recursos para a realização de atividades,
cursos, projetos, publicação de livros etc. na
96 museu do folclore de são josé dos campos
Inauguração da Exposição “Traços de Cultura”. Na primeira foto, equipe do Museu do Folclore e contratados fazendo a
montagem da exposição. As demais foram tiradas no dia da reabertura do Museu. Nelas, vê-se o prefeito da época, Emanuel
Fernandes, e sua mulher, Juana Blanco; Angela e Rubens Savastano recepcionando visitantes; Zé Mira e Flávia Diamante
conversando com o prefeito.
98 museu do folclore de são josé dos campos
Folheto de divulgação do
Seminário de Tradições
Populares Hoje.
102 museu do folclore de são josé dos campos
Programas doMuseudoFolclore
deSãoJosédos Campos
A
lém das parcerias e articulações também assíduos frequentadores do Museu,
para estabelecimento de diálogo com especialmente aos domingos, quando acon-
universidades e escolas, promoven- tece o Museu Vivo. Diversos outros cidadãos
do cursos, palestras e seminários, o CECP e profissionais se somaram nessa história
continuava tocando os projetos da Comis- do Museu do Folclore, desde quem esteve
são de Folclore: Mês do Folclore, Cadernos ali para trabalhar, quanto quem foi para pas-
de Folclore, Vivência e Aprendizado, Museu sear, para estudar, para conversar, para brin-
Vivo, atendimento às escolas, apoio aos gru- car, para cantar, para cozinhar, para rezar,
pos folclóricos, manutenção da Biblioteca. para descansar.
Variando o grau de envolvimento, o núcleo Também outros projetos foram sendo
da Comissão de Folclore da antiga FUNC se pensados e criados, como Terças com Fol-
manteve no CECP: Angela Savastano, Helena clore, Terças Especiais, Quartas com mu-
Weiss, Dagmar Siqueira, Leila Grassi, Yolan- seologia, Ouvindo por acaso, Ciclo de Natal,
da Borghoff, Maria de Fátima Manfredini, Brinquedoteca do Museu, Dialogando com
Flávia Diamante. O empenho do Lions Clube o Folclore e participação nas Semanas e
Centro também se manteve nesse processo Primaveras de Museus, além do desenvol-
de construção do Museu do Folclore, com vimento do Setor Educativo do Museu e dos
membros participando da diretoria do CECP projetos com públicos especiais.
desde o início. Além de propor e executar as atividades
O Museu se tornou uma referência regio- com os recursos da Fundação Cultural, o
nal e alcançou estabilidade enquanto projeto CECP, em contrapartida, buscou recursos
da Fundação Cultural Cassiano Ricardo. As para executar outras propostas, todas elas
escolas do município o têm como referên- em diálogo e somando com a proposta do
cia e muitos frequentadores do Parque são Museu do Folclore, e ampliou seu time de
106 museu do folclore de são josé dos campos
MÊS DO FOLCLORE
CADERNOS DE FOLCLORE
O 15º Caderno de Folclore, Santo de Casa faz Milagre: Folheto de divulgação do lançamento do 15º Caderno de Folclore Pedra-de-
a Devoção à Santa Perna, da professora Cáscia Raio: uma superstição universal, escrito por José Gerardo M. Guimarães.
Frade, folclorista mineira de nascimento e fluminense Nesse evento aconteceu a abertura da exposição “Pedras-de-Raio:
de morada, que pesquisou o folclore joseense na Tempestades, Raios e Relâmpagos no Imaginário Popular”, um dos primeiros
década de 1970 e que tem grande influência sobre a trabalhos da museóloga Ana Silvia Bloise no Museu do Folclore;
constituição do Centro de Estudos da Cultura Popular;
112 museu do folclore de são josé dos campos
Folheto de divulgação do lançamento do Américo Pellegrini e Angela Savastano durante A professora Maria Thereza Lemos de Arruda
22º Caderno de Folclore; lançamento do 24º volume, Carapicuíba: uma aldeia Camargo autografando o livro Medicina popular das
mameluca, de autoria do primeiro; Caatingas do GeoparkAraripe, Ceará, lançado em
2019.
MUSEU VIVO
Passeio de charrete.
Um dos primeiros projetos do Museu do Folclore após o seu
estabelecimento no Parque da Cidade, o Museu Vivo nasceu como
extensão do Projeto Vivência e Aprendizado, que em 1998 já en-
cantava as crianças com a oportunidade de dar uma voltinha de
charrete pelo Parque da Cidade.
O resultado inicial da interação entre o público do Museu Vivo
fez com que ele se tornasse uma atividade fundamental na progra-
51. Texto de apresentação do
Programa Museu Vivo no mação do Museu do Folclore. Com 20 anos de existência, com altos
Blogspot do CECP: http://
cecpdesaojose.blogspot.
e baixos, o Programa Museu Vivo segue cumprindo sua missão de
com/p/museu-vivo.html. informar sobre o folclore e transmitir cultura a quem por ele passar.
Cenas do Programa Museu Vivo.
114 museu do folclore de são josé dos campos
Divulgação da palestra do
folclorista José Gerardo
Guimarães sobre jogos e
brincadeiras.
programas do museu do folclore de são josé dos campos 115
Folheto de divulgação da primeira participação do Museu do Folclore na Divulgação virtual em site da FCCR e blogspot do
Semana de Museus, em 2004. Na ocasião, aconteceu uma mesa-redonda CECP sobre a Programação do Museu do
sobre a Cultura Intangível no Museu do Folclore, com a participação de Folclore na 12ª Semana Nacional de Museus e 7ª
Angela Savastano, Ana Silvia Bloise e Hélio Moreira da Silva. Primavera de Museus, em 2013 e 2014.
116 museu do folclore de são josé dos campos
BRINQUEDOTECA DO MUSEU
Cenas na Brinquedoteca.
CICLO DE NATAL
A
o longo desses anos, o CECP deu
continuidade à sua proposta de
identificação e valorização da cultu-
ra popular regional lançando mão de outras
ferramentas para alcançar tal objetivo. Se-
guem alguns dos projetos realizados pela
instituição:
Os agradecimentos de
AngelaSavastano
D
esejo que estas palavras traduzam o ram suas valiosas parcelas de competência
meu agradecimento àqueles que pro- e sabedoria, se sintam, todos, “amazonas”,
puseram, idealizaram, aprovaram e todos guerreiros. Obrigada, amigos.
escreveram este livro. É o vigésimo sexto A proposta deste livro é registrar o his-
volume da série Cadernos de Folclore, porém tórico do Museu do Folclore de São José dos
não é um livro sobre uma pesquisa de fol- Campos. Como nasceu, como foi pensado,
clore, mas sobre um sonho que está se tor- sonhado, os caminhos percorridos, o tempo
nando uma realidade; e, para escrever este vivenciado, enfim, todas as etapas neces-
livro, houve, sim, muita pesquisa... Eu, um sárias para se desenvolver e cumprir um
dos personagens, ao ler o livro, me senti uma projeto como foi a criação desse Museu, e
“amazona”, uma guerreira. Me fez refletir isso, tenho certeza, sob a competência dos
o que é lutar pelo que se sonha. É não se redatores foi concretizado. Eu, ao ler tudo
deixar abater com as dificuldades. Aprender o que foi escrito, me emocionei e essa emo-
com os erros e reconhecer que não somos ção sentida despertou em mim lembranças...
os únicos capazes de realizar, sozinhos, uma Coisas, palavras, temores, expectativas, um
parte desse sonho. Precisamos de muitos mundo de momentos que, agora, depois de
sonhadores... Por isso quero deixar aqui tantos anos vivenciados no Museu, não sei
escrito que tudo que já aconteceu e o que, se teria a mesma conduta, a mesma dispo-
espero, ainda vai acontecer só foi e será pos- sição, a mesma coragem... mas uma coi-
sível com a contribuição desses sonhadores, sa, naquela época, há 30 anos, eu já tinha:
dessas pessoas especiais, todas juntas. De parceiros. Aqueles que compartilharam os
cada um, algo mais. Sempre algo importante, mesmos sonhos, não se abateram com as
valioso, contribuindo para o melhor, para o dificuldades, não “voaram” com as vitórias
sucesso do resultado. Desejo que todos vocês e não abandonaram os sonhos. Como isso
que estiveram juntos nesse caminhar, que aconteceu? Aconteceu como acontece com
em algum momento e de alguma forma de- todo propósito que busca algo útil para o
130 museu do folclore de são josé dos campos
outro, para seu semelhante, para o local onde ele vive. Então, nas
grandes e pequenas dificuldades, sempre havia alguém que tinha
um gravador, uma máquina fotográfica, uma condução e tempo dis-
ponível para sair a campo, que tinha espaço na própria residência
para “guardar” o material colhido nas pesquisas; alguém que ar-
ranjava tempo para transcrever os depoimentos gravados... Enfim,
todos dando o melhor de si e não descuidando nunca da própria
bagagem de conhecimentos da ciência do folclore. Foi com todo esse
cuidado, no trato dessa área, com método e orientação dos Mes-
tres estudiosos de Folclore que começamos a concretizar nossos
sonhos. Estamos já colhendo alguns frutos, executando projetos,
que foram nascendo devagar, atendendo ao interesse das pessoas
que, espontaneamente, descobrem que são “donos” de muitos sabe-
res, que têm um patrimônio cultural valioso e que esse patrimônio
pode e deve ser usado para o equilíbrio das relações do Homem
que vive em sociedade. No Museu, a proposta é pensar nisso: quem
somos nós? Nós somos pessoas e precisamos ter consciência do
papel e função das pessoas nessa relação humana. Consciência de
que podemos usar nossa rica e diversa cultura, nosso patrimônio
cultural, para vivermos juntos em harmonia e paz. Somente cons-
cientes desse patrimônio, trazendo essa reflexão às pessoas, é que
podemos viver um mundo melhor, encontrar soluções sábias e já
vivenciadas para sanar as dificuldades e os desafios que são pre-
sentes durante toda nossa vida. A herança cultural acumulada e a
capacidade humana de criar precisam estar presentes em toda a
relação dos homens que vivem em sociedade. Continuo sonhando…
131
134
POSFÁCIO
LISTA DE PRESIDENTES DA FCCR, COORDENADORES
DA CF E DIRETORES DO CECP
LISTA DE SIGLAS
popular, para melhor compreensão e valorização do 15º VOLUME (2004) – FCCR E CECP
Pedra-de-raio – Uma superstição Universal /
homem na sua realidade social. J. Gerardo M. Guimarães
A coleção reúne importantes contribuições de 14º VOLUME (2003) – FCCR E CECP
pesquisas científicas e relatos de experiências nas De Já Hoje / Darcy Breves de Almeida
áreas do folclore e da cultura popular, sendo uma 13º VOLUME (2002) – FCCR E CECP
rica fonte de consulta e um estímulo à reflexão e à Histórias de Onça – Ruth Guimarães
pesquisa; além de oferecer subsídios para futuros 12º VOLUME (2001) – FCCR E CECP
Curiosidades Folclóricas sobre o inseto / Hitoshi Nomura
investigadores da sabedoria popular.
11º VOLUME (1999) – FCCR E CECP
Todos os 26 volumes estão disponíveis em for- Ciclo de Natal – Coletânea de Textos /
mato digital (E-Book e PDF) e podem ser acessados Maria Graziela B. dos Santos
pelo site do Museu do Folclore (www.museudofol- 10º VOLUME (1998) – FCCR E COMISSÃO MUNICIPAL DE FOLCLORE
clore.org). Os livros impressos estão à disposição Chico Triste II – Coletânea de Textos / Francisco Pereira da Silva
de interessados na biblioteca do CECP, no Museu do 9º VOLUME (1997) – FCCR E COMISSÃO MUNICIPAL DE FOLCLORE
Chico Triste I – Coletânea de Textos / Francisco Pereira da Silva
Folclore. Confira os volumes já lançados:
8º VOLUME (1996) – FCCR E COMISSÃO MUNICIPAL DE FOLCLORE
Saci / José Carlos Rossato
7º VOLUME (1995) – FCCR E COMISSÃO MUNICIPAL DE FOLCLORE
26º VOLUME (2020) – FCCR E CECP
Cobras e Crendices / Maria do Rosário
O Museu do Folclore de São José dos Campos – Uma breve
de Souza Tavares de Lima
história / Fábio Martins Bueno e Maria Siqueira Santos
6º VOLUME (1992) – FCCR E COMISSÃO MUNICIPAL DE FOLCLORE
25º VOLUME (2019) – FCCR E CECP
Maria Peregrina / Benedito José Batista de Melo
Medicina popular das caatingas do Geopark
Araripe Ceará / Maria Thereza L. A. Camargo 5º VOLUME (1990) – FCCR E COMISSÃO MUNICIPAL DE FOLCLORE
Jogos, Brinquedos e Brincadeiras / J. Gerardo M. Guimarães
24º VOLUME (2016) – FCCR E CECP
Carapicuíba – Uma Aldeia Mameluca / Américo Pellegrini Filho 4º VOLUME (1989) – FCCR E COMISSÃO MUNICIPAL DE FOLCLORE
Fumos e Fumeiros do Brasil / Marcel Jules Thieblot
23º VOLUME (2013) – FCCR E CECP
O Saber e o Fazer no Museu do Folclore II / Fábio 3º VOLUME (1988) – FCCR E COMISSÃO MUNICIPAL DE FOLCLORE
Martins Bueno e Maria Siqueira Santos Laraoiê, Exu / Hélio Moreira da Silva
22º VOLUME (2012) – FCCR E CECP 2º VOLUME (1988) – FCCR E COMISSÃO MUNICIPAL DE FOLCLORE
O Saber e o Fazer no Museu do Folclore / Fábio Martins Bueno Carro de Boi / Zuleika de Paula
21º VOLUME (2011) – FCCR E CECP 1º VOLUME (1987) – FCCR E COMISSÃO MUNICIPAL DE FOLCLORE
Folia de Reis, Sambas do Povo / Alberto T. Ikeda Azeite de Mamona / Toninho Macedo e Angela Savastano
20º VOLUME (2010) – FCCR CECP
Objetos: percursos e escritas culturais / Ricardo Gomes Lima
19º VOLUME (2009) – FCCR E CECP
O saber, o cantar e o viver do povo / Carlos Rodrigues Brandão
18º VOLUME (2008) – FCCR E CECP
O Milho e a Mandioca – Nas Cozinhas Brasileiras, Segundo
contam suas Histórias / Maria Thereza L. A. Camargo
Este livro foi composto com as famílias tipográficas
FreightMacro Pro, Forma DJR Text e Acumin. Impresso em
setembro de 2020 pela Allcor – Gráfica e Editora em papel
ofsete 120g/m² (miolo) e Cartão Supremo 250g/m² (capa).
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ISBN 978-65-87109-02-2
9 786587 109022