Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Janeiro de 2019
Distribuição Gratuita . Baixe a versão digital em: www.saolourenco.mg.gov.br/revistacult
EXPEDIENTE
DIREÇÃO GERAL
Editorial
Paula Alves Netto “CULTURA É VIDA. CULTURA É A VIDA QUE ACONTECE”.
FREI CHICO
COORDENADORA DE CONTEÚDO
Natália Chinait
A Revista “Cult Patrimônios de São Lourenço”, está agora em suas
PESQUISA
Maria Aparecida M. D. Nunes mãos para que possamos percorrer juntos um caminho de sons, saberes,
REDAÇÃO
cores, traços, formas de fazer, olhar, interagir e (re) construir a nossa
Natália Chinait e Paula Alves Netto cultura e a nossa história.
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Esse projeto da Diretoria de Cultura junto ao Conselho Municipal
Lucas Muniz do Patrimônio e Cultura, oferece uma chave para abrirmos as portas e
ENTREVISTAS E FILMAGENS desvendarmos um novo mundo, onde unidos, possamos compreender
Lucas Muniz e Natália Chinait e recriar nossos patrimônios através de experiências e apropriações da
ILUSTRAÇÕES comunidade, modificando o jeito de olhar e tornando verdadeiramente
Acervo do 1º Concurso de nosso o que é único em nós e em nossa terra.
Artes Visuais de São Lourenço
Partimos da premissa proposta pela prefeita de nosso município - São
FOTOS ANTIGAS
Acervo Synésio Fagundes e
Lourenço, V.Exa. Célia Shiguematsu Cavalcanti Freitas Lima, de que em to-
Sociedade Brasileira de Eubiose das as ações de sua administração o lema: “Quem Ama, Cuida”, prevaleça.
FOTOS ATUAIS Nesta primeira edição, nos envolvemos com os artigos e entrevistas,
Eduardo Souza, Josias Souza, reconhecendo profundamente as “rugas culturais” que tornam o municí-
Laura Mathiasi, Lucas Muniz
e Natália Chinait pio expressivo e forte. Abordarmos também os Patrimônios Tombados e
REVISÃO
Registrados em âmbito municipal, estadual (IEPHA) e ainda, um Patri-
Heloísa M. Dutra de Almeida mônio Imaterial com registro nacional (IPHAN). Dessa forma, mantemos
e Laura Mathiasi vivas e acessíveis as tradições e referências culturais da cidade.
JORNALISTA RESPONSÁVEL Nenhum valor, em nenhuma esfera, será importante, se não for
Laura Mathiasi - MTB 13921
valioso dentro de nós. Assim, para compor o conteúdo artístico desta
TIRAGEM edição, lançamos um edital de seleção de proposta artística: Artes Visu-
10.000 unidades
ais. Participaram artistas do município e demais artistas mineiros com
IMPRESSÃO
Gráfica Biquense
pinturas em tela e outras linguagens das Artes Visuais como: fotografia,
desenho, escultura e instalações. São as obras e artistas contemplados
ATENDIMENTO AOS LEITORES E MUNÍCIPES
cultura@saolourenco.mg.gov.br que você, leitor, irá conhecer caminhando por estas páginas.
Outro momento que tivemos para a composição desta edição foi a
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Entrevistados e participação da comunidade presente no Curso de Patrimônio e Cultura
Conselho Municipal realizado na Casa do Legislativo de São Lourenço, cedida pelos nobres
do Patrimônio Cultural
vereadores. Na oportunidade, cada cidadão pode deixar sua memória
DIRETORA DE CULTURA
Paula Alves Netto
sobre um patrimônio que registra um pedaço de sua própria história.
Assim como Rubem Alves, acreditamos que “a memória não se
SECRETÁRIA DE TURISMO E CULTURA
Joana Maria Teixeira Coelho Moreira realiza no ‘tomar notas’ num caderno. Seu lugar é outro.” Venha viver,
PREFEITA MUNICIPAL
venha trazer seus olhos e seus sentidos para passear pela nossa história!
Célia Shiguematsu Cavalcanti Freitas Lima
PRODUZIDO POR
Paula Alves Netto
Diretora de Cultura de São Lourenço / MG
Turismóloga, com formação em Cultura e Patrimônio pelo Estado de Minas Gerais,
Formando em Artes Visuais pela UNINTER, terapeuta Ayurvédica Ministrante da
ABRATH e Empresária.
SANTO SUDÁRIO
ERMIDA PG 8 PG 12
ESCOLA MUNICIPAL
DR. MELO VIANA
CAPOEIRA PG 34 PG 4 FOLIA DE REIS PG 28
ESCOLA
MUNICIPAL
DOUTOR
MELO
VIANA
Q uando se pensa em ‘escola’
imagina-se carteiras, qua-
dros, professores, alunos, atividades
e tarefas. O Grupo Escolar Melo Via-
na tem tudo isso e um pouco mais em
sua memória. Inaugurado em 20 de
agosto de 1927, com a presença do
ex-presidente de Minas (como eram
chamados os governadores na época)
Dr. Melo Viana, que foi homenagea-
do com seu nome batizando a escola,
por grande relevância na educação
do estado. Dr. Aristóteles Brandão
veio de Belo Horizonte para assumir
a direção do Grupo Escolar.
O projeto do prédio e sua exe-
cução foram do engenheiro Vicente
di Lorenzo, que se destacou com ca-
racterísticas modernas para a época,
uma arquitetura marcada por vãos
estilizados, arcos, escadaria central
e afastamento com relação à rua. E
como muitas obras na década de 20,
teve influência europeia, principal-
mente a francesa.
São Lourenço . Minas Gerais . CULT . 5
Foto de 1933
ACERVO SYNÉSIO FAGUNDES
6 . CULT . São Lourenço . Minas Gerais
ANTIGA TURMA DO GRUPO ESCOLAR MELO VIANA - OBSERVE QUE AS MENINAS SE SENTAVAM SEPARADAS DOS MENINOS
São Lourenço . Minas Gerais . CULT . 7
Foto de 1929
ACERVO SYNÉSIO FAGUNDES
São Lourenço . Minas Gerais . CULT . 9
Ermida do Senhor
Bom Jesus do Monte
U ma grande riqueza en-
contra-se entre as ár-
vores, no alto de uma montanha,
ro e celebrada a primeira Missa
pelo Cônego Antônio Gomes de
Faria Nogueira que, na época
Francisco Luiz da Veiga
doou a primeira imagem do
padroeiro. Uma imagem de ori-
a Ermida do Senhor Bom Jesus era Vigário de Carmo do Rio gem francesa.
do Monte. Traz esse nome fazen- Verde (antigo nome da cidade Em 1973, Frei Osmar Dirks,
do jus a sua localização (ermida de Carmo de Minas). A coloca- então Vigário da Paróquia de São
– lugar ermo), sendo a preferida ção dessa grande Cruz, como de Lourenço, realizou a restauração
daqueles que desejam se recolher costume, preparava o local onde da Ermida, sendo seu altar um
em oração, repouso e silêncio. seria construída a Ermida. tronco de cedro, arte da própria
A pequena Igreja se faz A construção foi conclu- natureza. Os trabalhos de pintu-
grande ao pensamos em seu ída em 1903, pelos operários ra foram realizados pelos artis-
valor histórico, cultural e reli- da Companhia de Águas, que tas Irmy Maria Klesse, Afonso
gioso. Ela foi a primeira Igreja era de propriedade da família Engling, Hilário Ferreira, Lerez
da cidade de São Lourenço. No Veiga, e pelo construtor Ma- Heilmyer e Henz Schuler, todos
dia 10 de agosto de 1891, dia do noel Alves Esteves, conhecido convidados por Frei Osmar.
padroeiro, foi erguido o Cruzei- como Manoel Espanhol. Uma tradição bonita e signi-
OBRA “AOS CÉUS - ERMIDA BOM JESUS DO MONTE”, DE DANIEL FERNANDES DA SILVA,
CLASSIFICADA NO 1º CONCURSO CULTURAL DE ARTES VISUAIS DE SÃO LOURENÇO, EM 2018.
10 . CULT . São Lourenço . Minas Gerais
certinho. Meus pais casaram lá. Danita e Joaquim Madu- eles, explicou ela, que mora na
Então, eu já tenho 85 anos (...) ro se conheceram em outubro cidade há quinze anos, nasceu
fiquei muito satisfeita. A Ermi- de 2014. Enquanto namorados, em Pernambuco, mas seus pais
da pra mim é muito importante, falavam em se casar na Ermi- nasceram aqui. Joaquim é de fa-
muito mesmo! Nem sei dizer até da, pois procuravam uma igreja mília sãolourenciana e se recor-
que ponto. Ali foi o palco de mui- “mais intimista, rústica, peque- da da Ermida desde os tempos de
ta coisa. (...) O Santo Sudário foi na e aconchegante”, segundo criança, pois estudou na Escola
o primeiro a vir para o Brasil”, Danita. Pois toda essa natureza Estadual Dr. Humberto Sanches
relatou-nos dona Teresinha. do local tem muito a ver com que fica ao lado.
Santo Sudário
U m dado muito importante e rico sobre
nossa Ermida é que, na década de 70,
ela recebeu a primeira réplica feita do Santo
(...) é uma réplica bem pequena, bem reduzida
mesmo, mas não deixa de ser o Santo Sudário,
uma coisa importante para a vida de um cris-
Sudário de Cristo, vindo da cidade de Turim, tão”, citou Teresinha Villela.
na Itália. Essa réplica, que hoje é um Bem Mó- Por muito do que representa, o Santo Sudá-
vel Tombado, encontra-se em um nicho no in- rio foi tombado através do Decreto Municipal nº
terior da Ermida. 2.617 de 11 de abril de 2006.
“Dizem algumas pessoas antigas, e que O Sudário, do qual temos a réplica na Ermi-
eu procurei certificar-me disso, mas não conse- da, fica na cidade de Turim, Itália. Mede cerca
gui, que ele foi também o primeiro do mundo de 4,5 metros de comprimento e 1,1 de largura
a sair. Foi por intermédio de um outro Frade e apresenta a figura de um homem, que aparen-
que era amigo do Frei Osmar e que era o padre temente teria sido crucificado, possui marcas de
que lançou a devoção à Sagrada Face e daí veio feridas que seriam idênticas as de Jesus. Segun-
‘vamos trazer o Santo Sudário pra cá’. O Santo do os cristãos, esse seria o tecido que cobriu o
Sudário lá (na Ermida) é a relíquia principal, corpo de Jesus após sua descida da cruz.
CAR
PALACETE
DO
SO
N ão é de hoje que nossa ci-
dade encanta a muitos que
nos visita. No ano de 1915, o Sr. Luiz
Martins Cardoso veio a São Lourenço
pela primeira vez, hospedando-se no
Hotel Brasil e se encantou com nos-
sos ares e belezas naturais. Foi então
que por volta do ano de 1925, residin-
do na cidade para junto do Sr. Antônio
Gerpe Garcia projetar a arborização d
município, construiu o Palacete Car-
doso que, com toda sua suntuosidade,
foi considerado, na época, a melhor
residência da localidade. Depois da
morte do Sr. Luiz, seu filho, Joaquim
Mendes Cardoso, passou a morar no
Palacete, vendendo-o para as Irmãs
Franciscanas em 17 de fevereiro de
1967. Sendo que o comendador Joa-
quim Mendes Cardoso faleceu no Rio
de Janeiro em 12 de maio de 1967, de
acordo com textos do acervo do Sr.
Sinésio Fagundes.
São Lourenço . Minas Gerais . CULT . 17
18 . CULT . São Lourenço . Minas Gerais
GRA
DA
S e água é vida, o local de
onde ela vem só poderia ser
chamado de “sagrado”. Dizemos
isso porque a Montanha Sagrada era
o local de onde brotava a água que
abastecia a cidade de São Lourenço.
Localizada no ponto mais alto da
cidade, na Fazenda Santa Helena,
onde foi criado o primeiro sistema de
aquedutos, construído por José Jus-
tino Goulart, que conduzia as águas
até uma caixa d’água, situada hoje
na Igreja do Bairro Carioca, de onde
eram distribuídas para o Município,
onde podia ser visualizada por quase EM PÉ SOBRE A PEDRA DA MONTANHA SAGRADA, ESTÃO O CASAL FUNDADOR DA EUBIOSE, HELENA J
todos os locais da cidade. → REDOR DE VALTER ORION DE SOUZA (FILHO DO PROFESSOR HENRIQUE)
A SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE REALIZA FREQUENTEMENTE MUTIRÕES DE
JEFFERSON DE SOUZA E PROFESSOR HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA, AO LIMPEZA DA PEDRA DA MONTANHA SAGRADA. NA FOTO, PODE-SE DESTACAR A
PRESENÇA DE LEONARDO FARIAS JEFFERSON DE SOUZA, BISNETO DO FUNDADOR
22 . CULT . São Lourenço . Minas Gerais
Na Montanha também
existe esporte radical
H á por lá uma trilha cercada de verde,
um ótimo local para os amantes da na-
tureza. E para quem aprecia esportes radicais,
as térmicas”. Ressaltou que nossa cidade possui
um dos acessos mais rápidos à rampa.
O X MANTIQUEIRA
2018 REUNIU MAIS
DE CEM PILOTOS
DE PARAPENTE
Festa de Agosto
A Festa de Agosto, tam-
bém conhecida como
Festa de São Lourenço, é a
Avenida Dom Pedro II, na en-
tão Igreja Matriz, na Praça Frei
Egídio de Assis e hoje aconte-
alização de procissão. O jornal
O São Lourenço de 1927 anun-
ciou a chegada da Festa do Pa-
mais antiga celebração religio- ce na Basílica (Igreja Matriz), droeiro mobilizando comissões
sa da cidade, estando ligada à na Praça Frei Egídio de Assis nomeadas, sendo relatada a ce-
nossa história e nossa funda- e na Ilha Antônio Dutra. Não lebração de uma Missa cantada
ção, envolvendo um conjunto temos informações apontan- e uma procissão que percorreu
de saberes e fazeres. A Festa do para o ano exato em que os as principais ruas da cidade,
de Agosto tem início em 31 festejos em homenagem a São mostrando que a Festa aconte-
de julho quando a imagem de Lourenço começaram. Mas é cia bem antes da Emancipação
São Lourenço sai em procis- possível que tenha se iniciado Político-Administrativa que
são da Ermida Bom Jesus do com a construção da Ermida, aconteceu em 1927.
Monte até a Basílica. A partir ou seja, os festejos devem ter Os festejos de 1928 relata-
daí seguem-se dez dias de ce- começado por volta de 1892 vam novena preparatória, mis-
lebrações, com jantares, almo- no entorno da Ermida. No final sa e leilões. Já acontecia a rela-
ços, quermesses e leilões. A do século XIX, havia Missa e ção entre as duas festas, a reli-
Festa de Agosto acontecia na animados leilões, mas sem a re- giosa e a profana, característica
26 . CULT . São Lourenço . Minas Gerais
que continua nos dias atuais. No ano de 1959 os festejos social dos festejos. A oficializa-
As comissões de festeiros eram duraram doze dias, com roteiro ção do feriado municipal de 10
adotadas desde os primeiros pré-programado, contendo ho- de agosto foi uma consequên-
tempos das comemorações e rários definidos concentrando no cia desse processo.
quem não podia contribuir fi- dia dez de agosto a maior parte Na década de 90, a pro-
nanceiramente para a Festa dos rituais religiosos e sociais, gramação da Igreja criou restri-
oferecia seus serviços como como: missas, leilões, procissões ções quanto aos comerciantes e
voluntário, sendo os leilões o e queima de fogos. Os jantares donos das barracas ao longo da
principal atrativo para angariar começaram a integrar a Festa Avenida Dom Pedro II, alegan-
recursos, que foram utilizados desde os anos 60, sendo ofere- do que a movimentação prejudi-
na construção da Igreja Matriz, cidos pelas famílias de São Lou- cava os rituais religiosos, sendo
que uma vez construída, pas- renço. A parte profana oferecia também a bebida alcoólica mal
sou a receber a Imagem de São como atração saltos de paraque- vista pelo clero.
Lourenço. distas, acrobacias em cama elás- Em meados da década de
A Festa de Agosto é fre- tica, corridas rústicas, shows mu- 1990 após várias reuniões na
quentada também por grande sicais, brinquedos de parques de Prefeitura Municipal foi re-
número de pessoas da região diversões e outras performances. cuperado o antigo projeto de
que vêm assistir as atividades Sendo a coexistência do lado re- um grande espaço para festas.
religiosas mas também com- ligioso e profano cada vez maior. Seria a Ilha Antônio Dutra. As
prar no comércio que compõe Na década de 70, além dos obras foram executadas e a Ilha
a parte profana da festa. festeiros habituais, começaram Antônio Dutra foi inaugurada
O período de 1950 a 1990 a participar da Festa, a Prefei- em agosto de 1998.
foi caracterizado pela maior tura Municipal, a Empresa de Nos anos 2000 foi con-
divulgação da Festa nas maté- Águas, grupos de hoteleiros solidada a cisão espacial da
rias dos jornais, com aumento e comerciantes, aumentando Festa de Agosto, quando a fes-
das atrações principalmente a mobilização nos bairros da ta profana ganhou dimensão
profanas. cidade, consolidando o meio maior, com rodeios, parque
FESTA DE AGOSTO NO ANO DE 1942, COM A IGREJA MATRIZ AO FUNDO, AINDA EM CONSTRUÇÃO
São Lourenço . Minas Gerais . CULT . 27
FOTO: EDUARDO DE SOUZA
NOS ÚLTIMOS ANOS, COM SHOWS DE ARTISTAS CONSAGRADOS, A FESTA DE AGOSTO ATRAI UM PÚBLICO CADA VEZ MAIOR NA
ILHA ANTÔNIO DUTRA
Folia de Reis
FOLIA DE REIS SE APRESENTANDO NO ASILO SÃO VICENTE DE PAULO. À ESQUERDA, A DIRETORA DE CULTURA PAULA ALVES NETTO
CURIOSIDADES
São cantados versos contando toda a história do nas-
cimento de Cristo.
APRESENTAÇÃO DAS COMPANHIAS DE FOLIA DE REIS DURANTE O CANTO DA RODA EM JANEIRO DE 2018
34 . CULT . São Lourenço . Minas Gerais
Capoeira
V ocê já deve ter se per-
guntado alguma vez
se quem pratica capoeira dança,
Segundo o instrutor de ca-
poeira Jeferson Carvalho Jorge,
conhecido como Jiboia, a capo-
chamado Kaíque, que a prati-
cava no campinho do Barreiro
e na Várzea.
luta ou joga? Pois bem, o prati- eira veio para São Lourenço na Em 2008, a Roda de Ca-
cante joga capoeira. Podemos década de 70 por um Mestre poeira foi registrada como
entender essa dúvida pelo fato bem cultural, com base em in-
da Capoeira ser um elemento ventário realizado nos estados
tão completo em nossa cultura. da Bahia, de Pernambuco e do
“
A luta que parece dança, a Rio de Janeiro. Onde, nesses
dança que parece jogo, o jogo locais, surgiram as primeiras
que parece luta. Ela é também Rodas de Capoeira brasilei-
arte, moldada pelo corpo do
capoeirista ao gingar suas habi-
Não existe nada ras. Recebeu o título de Pa-
trimônio Cultural Imaterial da
lidades em um jogo de musica- igual a capoeira” Humanidade pela UNESCO
lidade e leveza. (Jiboia - Abadá Capoeira) no ano de 2014.
Identidade, Memória
e Patrimônio
Por Paula Alves Netto e mãe de nosso avô paterno, pai exemplo, que nossa avó fazia
e mãe de nossa avó paterna, pai quando éramos crianças. Neste
“
nossa árvore genealógica, aon- referência de valor cultural.
de antes de nós vieram nossos Vamos construindo nos-
pais (pai e mãe), antes deles sa memória o tempo todo no
nossos avós (pai e mãe de nosso
pai e pai e mãe de nossa mãe),
presente e podemos reviver
uma memória quando saborea-
Tua memória,
antes deles nossos bisavós (pai mos um bolinho de chuva, por pasto de poesia...”
(Carlos Drummond de Andrade)
“
ções dos homens. zem o quê somos, mas mais do
Nosso Patrimônio Cul- que isso, que somos!
tural é o conjunto dos nossos Para preservarmos nossos
bens culturais, provenientes da patrimônios, precisamos além
vida – o corpo, a linguagem, a de conhecer, defender, cuidar, ... As coisas
forma de expressão, os modos respeitar, resguardar e conser- findas, muito mais
de fazer, os modos de celebrar,
os modos de viver, os modos de
var; dar importância, publi-
cidade, relevância e destaque
que lindas, essas
vestir, os modos de habitar, dos dentro da nossa sociedade. ficarão.”
sonhos, das histórias; e prove- Tudo passa... Nossa mis- (Carlos Drummond de Andrade)
38 . CULT . São Lourenço . Minas Gerais
De
poi
men
ESCOLA MELO VIANA NO ANO DE 1928
tos
são é deixar que este “passar” Lourenço é Composto pelos
não seja agressivo para a nossa seguintes membros: Presidente
memória e referências culturais. – Daniel Apolônio, Flora Ma-
É administrar a transformação ria Mello Gonçalves, Gilseia
das coisas e das pessoas, sem Pereira Gonzaga, Auyra Ferrer
engessar, porque a cultura não é Haeyden, Maria Cristina Mes-
limitada, ela se transforma e se quita, Rui Armênio Ferreira
recria junto a sua comunidade, Carvalho Gomes, Maria Apa-
mas deixar a herança e ensinar recida Martins Duarte Nunes,
o respeito e compreensão a esta Joana Raquel Paraguassu Jun-
herança. É deixar crescer nossas queira Villela, Leila Palma Po-
crianças com identidade, é dei- licarpo Ferreira, Maria de Fáti-
xar crescer a nossa cidade com ma Souza de Oliveira, Josélia No dia 2 de outubro de
dignidade. de Lorenzo e tem como gesto- 2018, a Diretoria de Cultura de
O Patrimônio Cultural não ra, a então Diretora de Cultura, São Lourenço realizou o curso
deve ser definido levando em Paula Alves Netto. “Cultura, Patrimônio e Preser-
consideração somente o tempo “Quem Ama, Cuida” Esse vação”.
de sua existência, mas sim pela é o Lema proposto e viven- O curso aconteceu na Câ-
legitimidade atribuída por um ciado por nossa prefeita Célia mara Municipal da cidade e
grupo ou comunidade. Shiguematsu Cavalcanti Frei- teve inscrições gratuitas para
Nosso Conselho é DELI- tas Lima. Toda a Adminis- toda a comunidade.
BERATIVO e constituído para tração Pública e Cidadãos da Os participantes puderam
atuar na identificação, docu- nossa Cidade têm vivido ricas conhecer melhor os patrimônios
mentação, proteção e promo- experiências neste sentido, tombados de São Lourenço e
ção do patrimônio cultural do este é mais um projeto cons- aprenderam sobre políticas pú-
município. truído em união e que fortale- blicas para difusão da Cultura.
Hoje o Conselho Muni- ce o cuidado com os nossos e Leia os depoimentos de al-
cipal do Patrimônio de São com a nossa cidade. guns dos participantes.
São Lourenço . Minas Gerais . CULT . 39
“Aquae condut urbs”; palavras latinas “A cultura forma sábios, a educação, ho-
que se traduzem em: “a água conduz a ur- mens...”
banização”, mencionando São Lourenço sem Uma identidade, a memória afetiva se faz
dúvidas, nossas resplandecentes águas com gestos de preservação, de entendimen-
minerais compõem a história de nossa es- to do que é a força de um povo unido em
tância, que só foi possível existir após prol de sua cultura, do amor ao lugar em
a criação da 1ª Companhia de Águas Mine- que se vive. O que restará para as próxi-
rais, estas por sua vez com propriedades mas gerações? Memória cultural!
fitoterápicas tão grandes que fertilizam -- Heloisa Maria Dutra de Almeida
até hoje a imaginação e espiritualidade
do povo que aqui vive; novamente nos vol-
tamos ao latim cujas palavras brilham
em nossa bandeira “Aqua vitae et ignis
fidei” (água vitalícia e fé ardente) ho-
Uma sociedade que preserva e valoriza a
menageando as águas e a comunidade são
cultura e a educação patrimonial, guar-
lourenciana. Assim, cabe a nós cidadãos,
dará para sempre na memória as raízes
reconhecer o valor municipal e responder
de sua herança histórica e cultural.
à altura, preservando esse imensurável
-- Paulo Santhiago
patrimônio.
-- Pedro Henrique S. Biasi
A melhor lembrança que se pode levar de Para valorizar é preciso conhecer. Só as-
uma cidade, é a arte do seu povo. Arte- sim podemos trazer a memória viva para o
sanato, construções, música, culinária, tempo presente, onde de fato, podemos agir
tradições e história(s). Só amamos o que em favor da construção de nossa identi-
conhecemos. dade.
-- Nélida Amelia Fontana -- Michela Perígolo Rezende
Cultura
Pulsante
A nossa Cultura há muito tempo vinha caminhando sem
uma identidade própria.
Durante este tempo tivemos Conselhos de Cultura que
conseguiram alguns avanços, em termos de uma boa relação
com o IPHEA e o IPHAN, que são órgãos regulares do nosso
Patrimônio Artístico e Cultural, tendo conquista de alguns
Tombamentos e Inventários dando registros e identidade aos
mesmos Patrimônios.
Os anos se passaram e conseguimos boas pontuações, que
significaram recursos para impulsionar a nossa Cultura,
dando visibilidade aos Patrimônios Artísticos e Culturais
que temos e devem ser conhecidos, respeitados e preservados.
A nossa Diretora de Cultura Paula Alves vem desenvol-
vendo um trabalho empreendedor à frente do setor, com a
colaboração da Historiadora e Secretária Cida, dando uma
identidade à nossa Cultura, inclusive culminando na cria-
ção deste veículo de comunicação chamado Revista Cult São
Lourenço.
O nosso Conselho de Patrimônio Artístico e Cultural,
presidido por mim, deliberamos todos os tópicos que façam
com que nossa Cultura desenvolva não só para nós, mas para
as futuras gerações.
A chama nunca deve se apagar para o conhecimento e o
único caminho é a Cultura.
O nosso intuito é ter Histórias para contar e para mos-
trar a quem não teve o privilégio de viver essa época.
--Daniel Apolonio
Presidente do Conselho de Patrimônio
e Cultura de São Lourenço