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QUADRO II
Categoria: Celebrações
Endereço do bem cultural: Distrito Sede.
Deliberação Normativa vigente: nº 20/2018
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................................4
3 DEPOIMENTOS........................................................................................................................7
5 DOCUMENTAÇÃO AUDIOVISUAL...................................................................................11
6 DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA..................................................................................12
7 PLANO DE SALVAGUARDA................................................................................................17
7.1 DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO BEM NA OCASIÃO DO REGISTRO................................18
7.1.1 Problemas relacionados à manutenção, transmissão e difusão do saber:.............................................18
7.2 DIRETRIZES E MEDIDAS DE VALORIZAÇÃO DO BEM CULTURAL....................................19
7.3 DETALHAMENTO DAS AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS...............................................19
7.4 CRONOGRAMA...............................................................................................................................22
8 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................23
9 PROPOSTA DE REGISTRO..................................................................................................24
10 ATA DO CONSELHO.............................................................................................................25
11 DECLARAÇÃO DE ANUÊNCIA...........................................................................................26
12 PUBLICAÇÃO.........................................................................................................................32
14 FICHA TÉCNICA....................................................................................................................34
1 INTRODUÇÃO
O Registro dos Tapetes de Corpus Christi como um bem cultural imaterial do município de
Itanhandu/MG atende ao pedido encaminhado pela Secretaria de Turismo e Cultura ao
Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Itanhandu/MG. Tal pedido reconhece as
pessoas que confeccionam os tapetes como detentores de um saber tradicional, expressão de
um ritual coletivo, marcado pela tradição urbana.
O trabalho de produção deste dossiê foi coordenado pela Minas Colosso Turismo e Produção
Cultural, desenvolvido pela Turismóloga com formação em patrimônio e cultura Paula Alves
Netto, pela historiadora Maria Aparecida Duarte Nunes e pelo Advogado e fotógrafo com
formação em cultura e patrimônio Alexander Ivan de Almeida Oliveira. O objetivo da
investigação que deu origem a este dossiê centrou-se na identificação de fontes de diferentes
naturezas que pudessem dar sustentação ao pedido de Registro dos Tapetes de Corpus Christi.
Este dossiê apresenta-se como um dos instrumentos úteis para a ampliação da difusão dos
Tapetes de Corpus Christi dentro e fora do município de Itanhandu, tanto pela qualidade de
suas informações quanto pela sugestão de um Plano de Salvaguarda desenhado para auxiliar
na preservação e continuidade de sua prática.
Frente à impossibilidade de
construir atos, para evitar cair em
ritos, a arte escolhe ser gesto.
Néstor García Canclini
“Canta a tua aldeia e serás universal”. A máxima do escritor russo Leon Tolstoi (1828 – 1910)
deixa transparecer a ideia central deste dossiê. O produto criado de forma artesanal torna-se,
então, metonímia de identidade, cultura e memória. Por isso o conceito de Tolstoi dialoga
com o cenário: a partir do momento em que se percebe o potencial criativo de cada grupo,
percebem-se também suas belezas ímpares, capazes de encantar a todo o mundo. Dentro do
multifacetado espaço cultural russo, Tolstoi percebeu a importância da transmissão das
particularidades de um povo, sem depreciar um saber local diante de qualquer outro
hegemônico. O Brasil também é uma grande aldeia, tão grande e diversa como a Rússia. A
partir do momento em que se percebe tal potencial e recria-se a diversidade desse baú de
variedades culturais de nosso país, descobre-se um tesouro. Ao criar um produto que encerra
em si elementos identitários, agrega-se valor à peça, que será única, exclusiva. Tal fato
permite a conquista de espaço em um universo importante de recriação da nossa forma de
estar no mundo, na transmissão do saber e nos nossos detentores do saber que transmitem de
geração em geração suas formas de fazer e participar da construção da identidade local. Os
tapetes são únicos e nos remetem a celebração do Corpus Christi.
No entanto, mais do que isso, eles trazem à tona subjetividade. Resgata identidade cultural,
memória, tradição. Estabelecem narrativas que nos ajudam a traçar observações e análises
desse imenso mosaico cultural. O que procuramos fazer é buscar perceber a melhor forma de
valorizar o que deve ser preservado.
A festa de Corpus Christi acontece sempre na segunda quinta-feira após o domingo de
Pentecostes, em alusão à Quinta-feira Santa, quando Jesus instituiu este sacramento. Ainda
segundo a Arquidiocese, foi durante a última ceia com seus apóstolos que Jesus mandou que
celebrassem Sua lembrança comendo o pão e bebendo o vinho, que se transformariam em seu
Corpo e Sangue.
A celebração surgiu na cidade de Liège, na Bélgica, em 1243, quando uma freira teria tido
visões de Jesus Cristo, demonstrando à ela seu desejo de que o mistério da Eucaristia fosse
celebrado com destaque. Anos depois, em 1264, o Papa Urbano IV estendeu a festa para toda
a Igreja, pedindo a São Tomás de Aquino que preparasse as leituras e textos litúrgicos que, até
hoje, são usados durante a celebração.
Nesta mesma época o Corpus Christi passou a contar com uma procissão, como uma forma de
demonstração pública e comunitária de fé na Eucaristia, conforme informações da Igreja
Católica.
O costume de produzir tapetes coloridos, no caminho por onde passa a procissão, começou
em Portugal. Esta tradição chegou ao Brasil com os colonizadores e é realizada pelos fiéis até
hoje. Os desenhos reproduzidos nos tapetes representam cenas bíblicas, objetos e outros
símbolos que retratam a fé e a figura de Jesus Cristo.
Normalmente, os tapetes são feitos com serragem, sal, flores, areia e outros materiais
coloridos, confeccionados por fieis de diversas paróquias, geralmente na noite anterior a festa
de Corpus Christi. O comprimento de cada tapete pode variar, mas os desenhos costumam
decorar as ruas por onde passa e procissão.
2.2 DEPOIMENTOS
devido ao estado das ruas em calçamento. Fez-se a adoração ao Santíssimo Sacramento durante o
dia, terminando com uma hora santa.
De 1952 a 1962 foi celebrado o Corpus Christi com a procissão e toda a pompa da grandiosidade
do evento.
No dia 21 de Junho de 1962, festa do Corpo de Deus, houve grandiosa Páscoa coletiva dos
homens que não a fizeram na Semana Santa
Depois, a festa do Corpus Christi, só voltou a acontecer em 2016, com a chegada do Rev. Padre
Sérgio Roberto Monteiro, que em 2017 apoiou e envolveu a comunidade de forma participativa
na celebração com a Confecção dos Tapetes.
Não se tem registros históricos e fotográficos da confecção dos tapetes. Por ter uma relevânte
ausência no período histórico e também por seus saberes e práticas não estarem anteriomente
voltados para registro, sendo passado de geração em geração de forma oral.
A Confecção dos Tapetes aconteceu em 2017 e 2018 na Rua Pedro Cunha com aproximadamente
600 metros de tapetes. Em 2019 a Confecção foi na Rua Nicolau Scarpa com aproximadamente
500 metros de tapetes produzidos por aproximadamente 240 pessoas. O espaço do chão é
dividido pelas pastorais da igreja, que somam vinte pastorais e movimentos. Cada grupo fica com
o espaço de 20 a 25 m² para realizar a confecção das obras artísticas impermanentes, que duram
pelo período até a procissão.
Ao todo são 500 metros quadrados de rua que se tornam uma verdadeira composição artística
feita há 240 mãos.
Muitos já vão riscar seus desenhos na madrugada do dia anterior, a comunidade se volta para a
confecção dos tapes, que tem seu ponto auge de números de pessoas na rua a partir das 08 horas
da manhã.
Alguns usam moldura, mas 80% das pessoas vão criando com o seu coração e técnica a arte que
vai sendo reproduzida aos poucos, convidando participantes e comunidade à se encantar com os
modos de fazer esta confecção.
Os materiais muitas vezes adquiridos pelas próprias pessoas e acumulados com a ajuda da
comunidade, são com base em casca de ovo, serragem, serragem colorida, sal, palha de arroz,
grãos entre outros.
Importante observar que a maior utilização vem da serragem e da casca do ovo. Esse fato é
diagnosticado também com grande relevância, uma vez que Itanhandu tem marcenarias e grandes
granjas e a economia gira também em torno deste setor.
A forragem do chão é feita com papelões descartados, lonas, jornais, tecidos e outros materiais
semelhantes e tem ainda quem forra o chão diretamente com a casa de ovo.
Prefeitura Municipal de Itanhandu/MG – Prefeito: Evaldo Ribeiro de Barros
Secretaria de Turismo e Cultura – Chefe do Setor: Pedro Raposo
Página 10 de 59 Processo de Registro do Patrimônio Imaterial – Tapetes de Corpus Christi
Ano 2019 | Exercício 2021
4 DOCUMENTAÇÃO AUDIOVISUAL
5 DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
FIG. 5 e 6.. Confecção dos Tapetes de Corpus Christi Junho / 2019 Itanhandu
Foto: José Leite Brandão
FIG. 9 e 10. Confecção dos Tapetes de Corpus Christi Itanhandu / Junho / 2019
Foto: José Leite Brandão
FIG. 11 e 12. Confecção dos Tapetes de Corpus Christi Itanhandu / Junho / 2019
Foto: José Leite Brandão
FIG. 13 e 14. Confecção dos Tapetes de Corpus Christi Itanhandu / Junho / 2019
Foto: José Leite Brandão
FIG. 15 e 16. Confecção dos Tapetes de Corpus Christi Itanhandu / Junho / 2019
Foto: José Leite Brandão
FIG. 21 e 22. Confecção dos Tapetes de Corpus Christi Itanhandu / Junho / 2019
Foto: José Leite Brandão
FIG. 23 e 24. Confecção dos Tapetes de Corpus Christi Itanhandu / Junho / 2019
Foto: José Leite Brandão
FIG. 25 e 26. Confecção dos Tapetes de Corpus Christi Itanhandu / Junho / 2019
Foto: José Leite Brandão
FIG. 27 e 28.
FIG. 29 e 30.
6 PLANO DE SALVAGUARDA
O reconhecimento dos Tapetes de Corpus Christi como um bem cultural relevante para o
município de Itanhandu é uma ação que reforça esta valorização da cultura popular artesanal e
artística no estado de Minas Gerais. Mas esta importância não deve se esgotar apenas neste
ato institucional, é preciso projetar uma série de ações que possam contribuir para a
continuidade de sua produção e para a sua difusão dentro e fora do município de Itanhandu.
Este é a função do Plano de Salvaguarda aqui proposto, estabelecido a partir dos principais
problemas identificados durante o trabalho de campo e a coleta de informações para a
produção deste dossiê.
Por se tratar de modos de fazer, e que necessita de uma grande quantidade de matéria prima
para sua recriação, se torna indispensável o aporte para que a comunidade possa realizar sem
preocupação a arte dos Tapetes de Corpus Christi. Para tanto, sugerimos uma maior
interlocução com poder público, sociedade civil, entidades e empresários que possam doar, o
que muitas vezes é descartado, como a palha de arroz e casca de ovo – que tem grande
produção local.
O problema subsequente refere-se à apropriação deste bem legitimo junto a toda comunidade
de Itanhandu, de forma que a mesma possa ter iniciativa própria e engajamento junto as
paróquias na confecção, difusão e promoção dos Tapetes de Corpus Christi como Patrimônio
Municipal, somando forças e responsabilidades na sua recriação anual mantendo o Patrimônio
vivo de forma expressiva e sólida junto a toda comunidade de Itanhandu.
A partir da observação dos problemas e das sugestões indicadas nos tópicos acima foi
elaborado um plano de salvaguarda que sugere um conjunto de iniciativas que podem a curto,
médio e longo prazo, ajudar a conservar e difundir as práticas que envolvem a recriação dos
Tapetes de Corpus Christi.
A) Objetivo da ação
- Analisar as ações propostas pelo Plano de Salvaguarda que, como indicado, têm um caráter
sugestivo, podendo ser aplicadas ou modificadas conforme as análises dos representantes
envolvidos neste processo.
Prefeitura Municipal de Itanhandu/MG – Prefeito: Evaldo Ribeiro de Barros
Secretaria de Turismo e Cultura – Chefe do Setor: Pedro Raposo
Processo de Registro do Patrimônio Imaterial – Tapetes de Corpus Christi Página 21 de 59
Ano 2019 | Exercício 2021
B) Desenvolvimento da ação
- Estas reuniões deverão ocorrer ao longo do tempo previsto para a execução do Plano de
Salvaguarda e envolver representantes da Diretoria de Cultura, do Conselho Municipal do
Patrimônio Cultural , detentores dos Tapetes de Corpus Christi e comunidade de interlocução.
- As datas para a realização destes encontros deverão ser definidas pelos representantes
envolvidos neste debate, conforme suas disponibilidades.
C) Expectativa:
AÇÃO 2 – Divulgação sobre o Registro dos Tapetes de Corpus Christi em Espaço Digital.
B) Desenvolvimento da ação: Apoio com estrutura para que os nossos detentores dos
Tapetes de Corpus Christi, junto a todos os artistas e artesãos que participam da sua
elaboração e recriação, possam transmitir os saberes que envolvem à prática dos Tapetes de
Corpus Christi.
7.4 CRONOGRAMA
*para as ações desenvolvidas marcar um X
CRONOGRAMA
2020 2021 2022
AÇÃO
1 Trimestre
2 Trimestre
3 Trimestre
4 Trimestre
1 Trimestre
2 Trimestre
3 Trimestre
4 Trimestre
1 Trimestre
2 Trimestre
3 Trimestre
4 Trimestre
AÇÃO 1 – Reuniões periódicas para
a discussão sobre o Plano de
Salvaguarda
AÇÃO 2 - Divulgação sobre o
Registro dos Coletivos dos Tapetes
de Corpus Christi em Espaço
Digital
AÇÃO 3 – Inclusão dos Tapetes de
Corpus Christi em Roteiro de
Visitação, e parcerias com o setor
público e privado.
8 REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ALVIM, Maria Rosinele Barbosa. et al. O artesão tradicional e seu papel na sociedade
contemporânea. Rio de Janeiro, FUNARTE/Instituto Nacional de Folclore, 1983.
ARAÚJO, Jackson; BRAGA, João. Lino Villaventura. Coleção Moda Brasileira. São Paulo:
Cosac Naify, 2007.
BARDI, Lina Bo. Tempos de Grossura: o design no impasse. São Paulo: Instituto Lina Bo e P. M.
Bardi, 1994.
BORGES, Adelia. Design + Artesanato: o caminho brasileiro. São Paulo: Editora Terceiro Nome,
2011.
DIAS, M. E. B. As Areias Coloridas do Litoral Cearense Modeladas por Sábias Mãos. O público e o
privado n.2. 2003.
MAGALHÃES, Aloísio. E Triunfo? A questão dos bens culturais no Brasil. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira; Fundação Roberto Marinho, 1997.
PAZ, Octavio. Convergências – Ensaios sobre arte e literatura. Rio de Janeiro: Rocco, 1991.
9 PROPOSTA DE REGISTRO
Pela presente apresentamos a proposta de Registro dos Coletivos de Artesanato como Bem
Cultural Imaterial de nossa cidade, nos termos da Lei Municipal nº 3.093 de 25 de abril de
2013, devido à sua importância cultural, histórica, social e simbólica para o município,
reconhecendo seus artesãos como detentores de um conhecimento tradicional, expressão de
um ritual coletivo, marcado pela tradição urbana.
Atenciosamente,
10 ATA DO CONSELHO
11 DECLARAÇÃO DE ANUÊNCIA
DECLARAÇÃO DE ANUÊNCIA
DECLARAÇÃO DE ANUÊNCIA
DECLARAÇÃO DE ANUÊNCIA
DECLARAÇÃO DE ANUÊNCIA
12 PUBLICAÇÃO
DECLARAÇÃO
14 FICHA TÉCNICA
Paula Alves Netto – Turismóloga com Formação em Patrimônio Adolfo Coimbra Alves – Técnico em Edificações
e Cultura Maria Aparecida Nunes – Historiadora
Alexander Ivan de Almeida Oliveira – Advogado OAB/MG 80303 Paula Menezes Serpa Cabizuca – Arquiteta
Fotógrafo
EXECUÇÃO
Levantamento (2019): Alexander Ivan de Almeida Oliveira (Advogado - especialista em Direito Público; e, Fotógrafo) / Maria
Aparecida Nunes (Historiadora) / Pedro Raposo (chefe do setor responsável) / Paula Alves Netto (Turismóloga com formação em
Cultura e Patrimônio).
Elaboração (Out/2019): Minas Colosso LTDA(Alexander Ivan de A. Oliveira / Paula Alves Netto)
Revisão (nov/2019): Minas Colosso LTDA.