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SUMÁRIO:
Apresentação .................................................................................. 03
Artigo 1 ........................................................................................... 04
Artigo 2 ........................................................................................... 16
Artigo 3 ........................................................................................... 24
Artigo 4 ........................................................................................... 35
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APRESENTAÇÃO
Este Caderno de Artigos tem por objetivo divulgar os resultados obtidos nas saídas
de campo dos estudantes da disciplina de Sistemas e Meios Produtivos II do Curso de Design
da UDESC, bem como contribuir com a comunidade local através do nosso ponto de vista.
Estas saídas de campo foram dirigidas a quatro pequenas propriedades, nas quais elaborou-se
um diagnóstico rápido dos processos de moagem de milho em Atafonas - que são tecnologias
apropriadas muito importantes à cultura local e ao convívio social das pessoas do município
de São Bonifácio.
Esperamos com esse estudo dar uma real contribuição às tomadas de decisão, além
de incitar novas possibilidades de ensino, pesquisa, extensão e ações de caráter participativo
para o processo de empoderamento comunitário e desenvolvimento micro-territorial
sustentável do município em questão.
O Caderno está organizado e subdividido em quatro artigos que descrevem as
experiências realizadas em cada uma das propriedades visitadas. Reconhecemos que o ideal
neste caso, seria a construção de um trabalho com a integração dos diferentes contextos
diagnosticados, porém essa estruturação não foi possível, haja visto que este é o resultado de
um trabalho coletivo de vinte estudantes que tinham diversas outras demandas de natureza
curricular.
Registramos aqui os nossos sinceros agradecimentos por esta oportunidade a
EPAGRI, pela sua ótima articulação e responsabilidade na construção de uma nova realidade
local; a Equipe Local de Agricultura de São Bonifácio, pelo apoio nos deslocamentos e
alimentação; e, principalmente, aos agricultores familiares, atores sociais e comunitários,
“atafoneiros” e cidadãos, que nos receberam de portas e corações abertos e nos mostraram o
verdadeiro valor do ser humano.
Esperamos que este trabalho corresponda à expectativa de todos. Boa leitura!
(ARTIGO 1)
AS ATAFONAS COMO ELEMENTO DE VALORIZAÇÃO CULTURAL NA CIDADE
DE SÃO BONIFÁCIO / VISITA A FAMÍLIA DOERNER
Elisa Strobel
( elisastrobel@terra.com.br )
Ivandro Ribeiro
( ivandroribeiro@hotmail.com )
Jamel Martins
( jamelmartins@hotmail.com )
Lorena Kreuger
( lorena.kreuger@gmail.com )
Mariana Westarb
( mariwestarb@yahoo.com.br )
RESUMO: O artigo apresenta uma pesquisa básica relativa a aspectos gerais do município de
São Bonifácio, focando o estudo da importância da atafona e da moenda do milho, ingrediente
principal do pão de milho, como itens de valoração cultural, social e ambiental para a cidade.
O estudo discorre através de pesquisas bibliográficas em livros e em publicações de órgãos
públicos e de famílias da região, bem como de visita à cidade e conversa com moradores.
INTRODUÇÃO
Este artigo tem o intuito de expor a importância de um sistema e meio produtivo
alternativo - não capital intensivo - , trazido pelos colonizadores do Brasil: a Atafona. Para
tanto, realizou-se uma saída de campo, baseada na observação participante buscando conhecer
o seu funcionamento, sua história e os benefícios que produziu produz à sua comunidade,
para que pudéssemos traçar a importância deste engenho como elemento de valorização de
identidade cultural.
Uma equipe de estudantes do Curso de Design Industrial da UDESC, 6a. fase, passou
um dia conhecendo uma família que possui uma atafona, ouvindo suas histórias,
compreendendo seu meio e estilo de vida. Esta pesquisa também pretende aliar a tecnologia
da atafona à produção e aprimoramento de um ícone da cidade de São Bonifácio: o pão de
milho. Paralelamente estão sendo desenvolvidos projetos por uma turma de Desenho Gráfico
da UDESC para valorizar os produtos da cidade, entre eles, as geléias, o mel, o pão de milho,
etc. Por fim, pretende-se estabelecer um paralelo entre as possíveis atividades de design com
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esta comunidade, com base nos princípios de participação social e cidadania deliberativa
colocados por Rozenberg e Tenório em Tecnologia e desenvolvimento social e solidário.
velhos, partiam em busca de um local apropriado. Subindo a Serra do Rio Cubatão, acabaram
por alojar-se nas nascentes do Rio Capivari.
Segundo Lucas Hoepers, autor do texto referente à história da família em seu site, as
primeiras famílias a chegarem à região vieram da cidade Westafalen, Alemanha e foram:
Hoepers, Boing, Hemkemeir, Schmitz, Van der Linde, Schulter, Baumer, Buss e Doppelstein.
Em uma imigração posterior, poderemos citar: Degering, Warmeling, Exterkoetter,
Schmetter, Pottmeier, Willemann, Blomer, Probst, Wigger, Assing, Tenfen, Schneider,
Heidemann, Luchtenfels, Kromer, Locks, Bechauser, May, Schmoller, Wassing, Vandresen,
Klauman, Rolhing, Roesner, Merten, Eller, Moll, Rocker, Blatt, Rodius, Hawerroth e Nack.
O nome do município, São Bonifácio foi uma homenagem dos primeiros
colonizadores ao Santo Padroeiro de Westafalen e ao fato de uma criança da região ter
nascido, na época, no dia deste Santo, 05 de junho, recebendo o nome de Bonifácio, ainda que
tenha falecido dias depois. Não havendo mais ninguém com tal nome, batizou-se assim a Vila
de São Bonifácio do Capivarí.
Segundo Hoepers, em 1918, São Bonifácio foi elevado à categoria de Distrito e em 23
de agosto de 1962 emancipou-se do município de Palhoça, tornando-se um município
independente.
autores. Tal conceito pode ser estendido para moinhos acionados pela força da corrente da
água, como no caso das atafonas de São Bonifácio.
Segundo informações encontradas no site “Moinhos de Portugal”, a sua utilização
surgiu na Itália nos últimos séculos antes da era cristã, e estavam associados à grandes
sistemas de moagem industrial e comercial, assim como ao conseqüente fabrico do pão. Ainda
segundo estas informações, o seu surgimento deve ter ocorrido na Grécia no século III a.C.,
tendo se espalhado rapidamente por toda a região mediterrânea e regiões adjacentes. Em
Santa Catarina, este sistema teve uma grande importância, principalmente no sul do território.
Essas formas artesanais que utilizam equipamentos com tração de "roda d'água" ou a
força de um animal, oferecem pequena margem de ganho e baixa produtividade, se
comparadas ao modelo industrial ou com outras máquinas movidas pela energia elétrica.
Muitas vezes o equipamento antigo e tradicional é adaptado, substituindo a tração animal por
motores elétricos.
Definição de moinho
De acordo com o site “Arte ao Vento”, em latim o termo moinho é “molino” e
significa engenho para moer cereais, composto por duas pedras ou mós, acionadas pelo vento,
água ou motor, colocadas uma sobre a outra.
Os moinhos de São Bonifácio já não moem grãos para produzir farinha em maiores
quantidades e preços competitivos com o atual quadro econômico. Deste modo, o interesse
em relação aos moinhos artesanais em geral, se revela mais histórico e cultural.
3. ESTUDO DE CAMPO
3.1 AS ATAFONAS DE SÃO BONIFÁCIO
Existem atualmente quatro atafonas em propriedades do município de São Bonifácio,
sendo que apenas três ainda estão em funcionamento. Assim como o seu número, sua
importância em termos econômicos e de subsistência vem apresentando um decréscimo. Este
fato, conforme foi observado na visita realizada às propriedades, é visto com tristeza pelos
colonos proprietários destes moinhos de milho. Muitos apresentam uma forte ligação
sentimental com as atafonas, e estas são vistas como elemento de ligação com as gerações
passadas. Atualmente, é praticamente inviável praticar a moenda do milho nas atafonas para
fins de subsistência, esta atividade é hoje apenas uma maneira dos agricultores mais velhos
relembrarem o passado. A atafona sustentava toda uma cultura, gerava comunhão e saúde
para a população de São Bonifácio.
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Há alguns anos atrás, o sistema de atafonas costumava ser acionado todos os dias
pelos seus proprietários, sendo que havia fazendas-centro, onde uma atafona servia à várias
famílias. O manejo do moinho é ensinado de geração em geração, até os dias de hoje. O
produto mais importante que resulta da farinha de milho na região de São Bonifácio é o pão
de milho, que se tornou marca registrada da região, existindo inclusive, uma festa celebrando
sua importância.
Alguns dados observados nas conversas informais com os agricultores apontam para
uma desvalorização da “cultura da atafona” por influências do progresso tecnológico e
industrial que hoje atinge localidades rurais como São Bonifácio. Nota-se, por exemplo, que a
falta de chuva durante o ano prejudica o funcionamento dos moinhos, pois alguns deles são
acionados por força d´agua, provinda de açudes, que dependem desta para o seu
abastecimento. A estiagem resulta em açudes vazios e incapazes de mover uma atafona, se
utilizada para grande escala de proução. A falta de chuva neste caso pode ser um reflexo de
vários fatores, entre eles destacam-se a devastação das matas nativas, as mudanças nas
dinâmicas climáticas, entre outros fatores no âmbito local, regional e mundial.
Outro indicativo da adaptação das tecnologias é o fato de algumas atafonas em São
Bonifácio serem movidas por energia elétrica, e não mais por força d’água. A entrada dos
produtos industriais no comércio desta pequena cidade também contribuiu para a inviabilizar
o uso das atafonas como meio de subsistência, visto que atualmente grande parte dos
moradores tem acesso ao milho híbrido moído industrialmente, comprado no mercado da
cidade, e assim deixam de plantar milho e utilizar a atafona para moê-lo, como antigamente.
Doerner, a esposa do Sr. Guilherme. Tal como foi relatado, esta atafona existe há mais de
quarenta anos, porém não há dados referentes à data precisa de sua existência. Contudo, a
atafona original, a primeira que pertenceu à família, foi desativada. A atafona atual foi
adquirida pelo Sr. Doerner de uma viúva, há poucos anos.
Esta “nova” possui mais de trinta anos e têm uma capacidade maior de produção, pois
mói mais rápido. A parte da atafona que se desgasta mais rápido são as peças de madeira e a
carenagem das pedras, devido ao atrito do pó de milho com as paredes, tanto é que esta parte
da atafona da família já foi reforçada com metal. Quanto mais devagar for a passagem do
milho pela atafona, mais fino sairá o fubá, que depois é recolocado na atafona para uma
segunda moagem e, por fim, é peneirado para retirar os pedaços de madeira que surgem do
desgaste da carenagem.
O proprietário relata que há trinta anos a moagem na atafona ocorria durante todo o
dia, sendo processado algo em torno de 60 kg de milho diariamente. Há 15 anos a atafona da
fazenda de Rio Atafona II ainda era utilizada como moenda de milho para o sustento de 45
famílias. Todos os dias estas 45 famílias traziam o milho que plantavam e para moê-lo na
atafona do Sr. Doerner. Isto gerava um círculo de relacionamentos e amizades, que deixou
muito saudosismo.
fazer um pão saboroso, sem o qual o marido e o genro não vivem”, declara a filha. Esta filha
também sabe fazer o pão de milho, mas atualmente não o faz muito porque precisa ajudar o
marido na lavoura.
O milho cultivado na família é destinado exclusivamente para produção do pão de
milho, que é feito quantas vezes for necessário na semana. Este pão é assado em forno de
lenha e não utiliza forma, já que é assado em folhas de Caeté - uma planta nativa da Mata
Atlântica. O forno demora uma manhã para estar pronto para uso e aquecido.
4. PROCESSOS PARTICIPATIVOS
Para o desenvolvimento de uma proposta para a valorização das atafonas de São
Bonifácio, considerou-se importante ter como base os conceitos relacionados aos processos
participativos. O primeiro deles é a idéia de Gestão Social. Tenório, autor do artigo “(Re)
Visitando o conceito de Gestão Social”, publicado no livro Tecnologia e desenvolvimento
social e solidário, a gestão social deve ser entendida como:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O designer deve trabalhar com a comunidade, auxiliando com os conhecimentos
técnicos adquiridos na Universidade nas intervenções dos sistemas produtivos locais,
melhorando-os e, conseqüentemente, ampliando a qualidade de vida das pessoas da
comunidade.
Desta forma, os acadêmicos de Design podem, em conjunto com a população de São
Bonifácio e seus órgãos públicos, fazer parcerias e co-operar os conceitos de participação,
participação social e cidadania deliberativa, propor estudos e sugestões para a valorização das
atafonas como elemento de integração social, cultural e ambiental.
A equipe, através deste estudo, conclui que, para a manutenção da tradição das
atafonas em São Bonifácio e das famílias que as possuem, é interessante resgatar o pão de
milho da região como ícone e elemento incentivador para dar continuidade ao uso das
atafonas; devendo valorizá-las como elemento cultural, que vem sendo perdido. Neste caso,
todo milho utilizado na confecção dos pães de milho para a Festa do Pão de Milho de São
Bonifácio, e também aquele que é vendido no município e região, pode utilizar o fubá
proveniente da moagem as atafonas (o que, segundo os relatos dos “atafoneiros”, atualmente
na em acontecendo).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIANZA, S. & ADDOR F. (orgs.). Tecnologia e desenvolvimento social e solidário. Porto
Alegre: Editora da UFRGS, 2005.
MORAES, DIJON. Análise do Design Brasileiro: entre mimese e mestiçagem. São Paulo:
Edgard Blucher, 2006.
TEDESCO, JOÃO CARLOS. “O Artesanato Como Expressão de um Sistema de Autarcia
Econômico-Familiar no Meio Rural: Subsídios para uma História Econômica Regional” in:
Teoria e Evidencia Econômica. Passo Fundo: Edição especial. 2006.
REFERÊRNCIAS ELETRÔNICAS
ARTE AO VENTO. http://www.arteaovento.com.pt/index.php?id=4 (acesso em outubro de
2006).
FAMÍLIA HOEPERS. http://www.hoepers.com.br (acesso em outubro de 2006).
GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. www.sc.gov.br (acesso em outubro de
2006).
IBGE. http://www.ibge.gov.br (acesso em outubro de 2006).
MANEZINHO DA ILHA. http://www.manezinhodailha.com.br/Carrodeboi.htm (acesso em
outubro de 2006.
MAPA INTERATIVO. http://www.mapainterativo.ciasc.gov.br (acesso em outubro de 2006).
MOINHOS DE PORTUGAL. http://moinhosdeportugal.no.sapo.pt/PrincipalTipificacao.htm
(acesso em outubro de 2006).
PORTAL DA ILHA. http://www.portaldailha.com.br (acesso em outubro de 2006).
WEBVENTURE UOL. http:// www.webventureuol.com.br (acesso em outubro de 2006).
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ANEXO 1
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(ARTIGO 2)
ATAFONAS, HISTÓRIA E CULTURA DE SÃO BONIFÁCIO /
VISITA A FAMÍLIA HAWERROTH
Bruno Araújo
( brucaraujo@hotmail.com )
Edgard Iuskow
Ricardo Oliveira
Veronica O. A. Lemos
RESUMO: A elaboração deste artigo tem como intuito a observação e levantamento de novas
oportunidades de utilização das atafonas de São Bonifácio, gerando a valorização da cultura e
o desenvolvimento local do município acima citado. Um breve relato sobre o surgimento da
cidade e das atafonas é apresentado para que seja observada a importância desse tipo de
atividade, não só como forma de sustento, mas como forma de integração da cultura, origem e
costumes ao longo dos anos. Este documento relata o levantamento de informações para que,
futuros projetos, possam ser elaborados com um melhor embasamento.
INTRODUÇÃO
Este artigo é o resultado do estudo realizado durante a disciplina de Sistemas e Meios
Produtivos II, lecionada pelo Professor Douglas Ladik Antunes no Curso de Design Industrial
da UDESC, em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa
Catarina - EPAGRI e a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de São
Bonifácio.
Os dados utilizados no artigo foram coletados em uma saída de campo no município
de São Bonifácio, em visita à uma das atafonas da localidade, com o intuito de propor
posteriormente possíveis intervenções de design e, com isso, produzir discussões e
alternativas que contribuam com o desenvolvimento deste local.
Foram investigados livros, artigos, documentos e sites relacionados com este
município, bem como houve visita de campo e entrevista com o proprietário de uma atafona
local; experiências estas essenciais para se construir este artigo com o intuito de colaborar
com a comunidade de São Bonifácio e, conseqüentemente, impulsionar o desenvolvimento da
economia do município, este estudo visa sugerir possibilidades de utilização da atafona de
São Bonifácio pelo seu proprietário.
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1. OBJETIVO GERAL
Levantar novas possibilidades de utilização das atafonas do município de São
Bonifácio como contribuição à valorização da identidade cultural e incremento do
desenvolvimento local.
turísticas. Alguns atrativos turísticos de São Bonifácio são: a Estância Hidromineral São
Bonifácio, a Usina hidrelétrica do rio do poncho, seus rios, cachoeiras e algumas grutas.
Toninho Hawerroth jurou ao pai, então, jamais misturar o milho de clientes diferentes
e nunca deixar de moer milho em atafona, para que este processo artesanal e tradicional não
fosse esquecido pelos seus sucessores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O intuito deste artigo era o de gerar discussão e possibilidades de revitalização das
atafonas na comunidade de São Bonifácio, visando a preservação do patrimônio histórico da
comunidade e estimular a presença de turistas interessados em conhecer um pouco a mais as
tradições alemãs de Santa Catarina, proporcionando, enfim, uma gradativa melhora da
qualidade de vida da comunidade e a divulgação da suas potencialidades.
Com base nesta pesquisa, podemos perceber que esta é uma comunidade com grande
potencial de crescimento e de desenvolvimento, sobretudo com o turístico. Sua localidade
com vales e rios é privilegiada e deslumbra visitantes com paisagens lindas. Além disso, São
Bonifácio se encontra bem próximo da capital do Estado - Florianópolis - , tornando possível
uma visita turística agradável de uma “escapadinha do trânsito e estresse da capital” em
apenas uma hora de viagem. A sede do município é linda, pitoresca e tem pessoas receptivas,
conta com vários locais para passeios e descontração, comidas saborosas e tradicionais.
23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Lei Orgânica do Município de São Bonifácio - SC / 1990 - Livros - Acervo 54950, São
Bonifácio. A lei orgânica do município de São Bonifácio promulgada em 05 de abril de 1990.
São Bonifácio: Prefeitura Municipal, 1990.
Plano Municipal de Desenvolvimento agropecuário de São Bonifácio - SC. - / 1990 - Livros -
Acervo 54969. São Bonifácio: Prefeitura Municipal, 1990.
A Colonização alemã no vale do Itajaí-Mirim: um estudo de desenvolvimento econômico /
174 - Livros - Acervo 9256. São Bonifácio: Prefeitura Municipal, 1974.
SEYFERTH, Giralda. A colonização alemã no vale do Itajaí-Mirim: um estudo de
desenvolvimento econômico. Porto Alegre: Movimento, 1974.
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS
http://64.233.161.104/search?q=cache:JEPnwpkdKGEJ:portal.an.com.br:8000/1998/fev/11/0a
ne.htm+tafona+moinho&hl=pt-BR&gl=br&ct=clnk&cd=4
http://www.sierramaestra.cu/esp/especiales/franciasantiago/galeria/images/tahona2.gif
http://www.portaldailha.com.br/cidades/saobonifacio.php
http://www.quinzedenovembro.pop.com.br/blos.htm
http://www.portaldailha.com.br/cidades/saobonifacio.php (1 of 3)23/10/2006 12:19:04
http://www.turismocatarinense.tur.br/saobonifacio/saobonifaciopontosturisticos.htm (2 of
3)23/10/2006 12:23:51
http://www.clicengenharia.com.br/praiagrande/historias/lembrancas_07.htm
http://www.ufpa.br/alipa/teses_mestrado/londrina/parte2~1.pdf
24
(ARTIGO 3)
ATAFONA SANTO ANTÔNIO / VISITA A FAMÍLIA BUSS
Barbra Muller
( barbramuller@yahoo.com.br )
RESUMO: O presente artigo focaliza uma atafona - engenho tradicional utilizado para moer
milho - o contexto histórico de Santa Catarina, desde seus primórdios até a atualidade da
família Buss, no município de São Bonifácio. Demonstra-se, assim, o seu funcionamento
passo-a-passo até a obtenção do produto final, a farinha de milho. Este produto também é o
principal insumo de uma festividade, a Festa do Pão de Milho de São Bonifácio. O artigo
também pretende apontar outros aspectos culturais relacionados com a atafona, os quais
envolvem desde o uso da mesma como uma possível fonte de renda familiar ou uma
expressão da identidade histórico-cultural de São Bonifácio. Resgata-se, deste modo, o
interesse das famílias são bonifacenses em preservar suas atafonas e o modo artesanal e
tradicional do seu uso, transmitindo essa cultura de pai para filho e de filhos para netos.
INTRODUÇÃO
Através do conhecimento da atafona tem-se logo o interesse em valorizar a integração
social, cultural e ambiental da região de São Bonifácio, haja visto que a atividade de moer o
milho em atafona - para produção de farinha e a fabricação do pão de milho - é uma atividade
que está se extinguindo gradualmente. s dados deste artigo foram coletados através de visitas
à cidade de São Bonifácio e à fazenda Santo Antonio, onde os proprietários de uma atafona -
o Sr. Simão e a Sra. Apolônia - - nos atenderam por intermédio da EPAGRI1.
1
Destaca-se a participação do Engenheiro Agrônomo Giovani e de outros técnicos desta instituição.
25
2
A olericultura é o ramo da horticultura que abrange a exploração de um grande número de espécie de plantas,
comumente conhecidas como hortaliças e que engloba culturas folhosas, raízes, bulbos, tubérculos e frutos
diversos.
26
1.2.2. CULTURA
São Bonifácio caracteriza-se pela identidade cultural alemã, e principalmente por um
povo receptivo e acolhedor. Quando se chega na sua sede, nota-se uma arquitetura com traços
germânicos nas suas igrejas e nas casas com estruturas aparentes de madeira e tijolos à vista.
A tradição e costumes germânicos também são destaque no artesanato e principalmente na
culinária local. Além da cultura do pão de milho, existem outros produtos artesanais, como a
cuca com farofa e os produtos da Casa de Produtos Coloniais, tais como queijos, salames,
bolachas, suco de uva, dentre outros.
27
Neste ambiente é que o município realiza a tradicional Festa do Pão de Milho de São
Bonifácio, valorizando a cultura alemã existente, embora não priorize o uso das atafonas
como elemento principal de moagem do milho servido nesta Festa. A comunidade ainda faz
uso de uma estufa comunitária para secagem do milho utilizado na produção da farinha de
milho.
2. A ATAFONA
O engenho da família é movido à roda d´água, tecnologia esta que tem origem na
antiga Grécia e, mais tarde, foi difundida pelos romanos do século II d.C. Mais tarde estas
atafonas adquiriram novos elementos e novas formas, em toda a Europa. A atafona é
basicamente um engenho de grãos, e desde a sua origem tem duas pedras que se movimentam
independentemente para moer grãos. Essas pedras, conhecidas até hoje como mós - ou Mill
Stones - são de granito esculpidas até formarem sulcos (reentrâncias ou canaletas) para
acomodar e moer grãos. As fontes de energia que movimentam as mós tradicionais podem ser
de tração humana ou animal, rodas d´água ou força eólica. No caso das atafonas de São
Bonifácio, elas operam através de rodas d´água, onde um eixo principal gira e movimenta as
engrenagens que proporcionarão o movimento das pedras.
28
Figura 4: Mó da atafona.
Fonte: Equipe de trabalho.
A metodologia usada pelo grupo nesta visita de campo da atafona da família Buss foi
baseada na observação participante, e o contato direto com uma parcela das atividades diárias
da família, desde o café da manhã até a moagem do milho e o preparo da farinha utilizada na
produção de pão de milho. Com este contato direto com os membros da família ao longo
destas atividades estabelecemos uma relação de troca não só de informações técnicas, mas
também de um vínculo mais pessoal. “A observação participante, ou observação ativa,
consiste na participação rela do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou uma
situação determinada. Neste caso o observador assume, pelo menos até certo ponto, o papel de
um membro do grupo” (Gil, 1999).
A atafona visitada foi adquirida pelo Sr. Simão Buss em 1961, e trazida de Angelina 3.
Atualmente só é utilizada pelo proprietário. O engenho do Sr. Buss funciona à força de um
riacho da propriedade, o qual foi represado para dar maior pressão. Com a pressão desta água,
a roda d´água, que é ligada a um sistema de transmissão por correias chatas, faz funcionar a
atafona e outros equipamentos. A força d´água transforma a energia mecânica cinética da roda
d´agua em energia elétrica, e, potencializada por um gerador, fornece energia elétrica para a
casa ou pode fazer funcionar uma serra circular ou uma debulhadeira de milho.
3
Angelina, município de Santa Catarina colonizado por alemães cuja a base econômica é a agricultura, com
ênfase também no turismo religioso.
29
Os grãos de milho são colocados na atafona através de um funil, e após uma primeira
moagem, o milho é separado da casca. Esta casca serve de alimento para os animais, e não
30
deve ser triturada com a farinha, pois fica com um gosto amargo. Ao final deste primeiro
processo se tem uma farinha mais grossa e, num segundo momento, o milho é recolocado na
atafona para se obter uma farinha intermediária que também é peneirada. Esta farinha já pode
ser utilizada para o pão de milho, mas, segundo o proprietário, não é tão saborosa. Na terceira
e última moagem a farinha se torna mais fina e, depois de peneirada, está pronta para
consumo, resultando em um pão mais leve e macio.
Em virtude do uso das atafonas trazidas para a região e o cultivo do milho, introduziu-
se uma cultura familiar do “pão de milho”, a qual, posteriormente, deu origem a uma festa
regional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maioria das famílias que ainda possuem atafona já não tem grande interesse em
manter a atividade. É o patriarca da família visitada que normalmente faz a usa como
instrumento de lazer, moendo milho apenas para o próprio consumo, e nenhum rendimento
extra. O lento processo de produção artesanal da farinha de milho faz com que o seu preço
dobre em relação à farinha produzida industrialmente, não sendo compensatório para as
famílias que ainda possuem este tipo de equipamento. Deste modo, a atafona deixou de ser
essencial à produção comercial de farinha de milho.
O design, mesmo sendo uma atividade industrial, também busca valorizar a cultura
local e os aspectos que evidenciam estas características da comunidade, sobretudo quando
estão relacionadas com os modos de produção tradicionais. Ou seja: não se deve buscar fora
da comunidade os elementos de bom potencial e, sim, destacar as qualidades que a
comunidade possui em relação aos seus modos de produção e levar seus produtos tradicionais
à outros centros com um modelo diferenciado de design. “(...) pode-se dizer portanto que a
solução para o design na periferia reside não em buscar se aproximar do que é percebido
como centro mas, antes, em se entregar de vez para o que ele tem de mais periférico”( Denis,
2000).
A família visitada não comercializa a farinha produzida na sua atafona. O Sr. Buss se
mostrou bastante interessado em compartilhar histórias de sua vida, tanto dos momentos da
sua juventude quanto das suas dificuldades e das suas vitórias, bem como da importância em
33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Denis, Rafael Cardoso. Uma Introdução à História do Design. São Paulo: Edgard Blücher,
2000.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
Casagrande Jr, Eloy Fassi. Inovação Tecnológica e Sustentabilidade: possíveis
ferramentas para uma necessária interface. Artigo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.sc.gov.br/portalturismo
http://www.ibge.gov.br/estadosat/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Catarina
http://www.seag.es.gov.br/olericultura.htm
http://alpha.dickinson.edu/carlisle/barnitz/therriault.html
http://www.walthamwindmill.co.uk/page20.html
http://www.cnpms.embrapa.br
34
http://en.wikipedia.org/wiki/Millstone
http://pt.wikipedia.org/wiki/Moinho
http://saobonifacio.sc.cnm.org.br
http://www.santur.sc.gov.br
http://webventureuol.uol.com.br/destinoaventura
35
(ARTIGO 4)
ATAFONA - OPORTUNIDADES PARA A CULTURA LOCAL /
VISITA A FAMÍLIA DERO
Flávio Nardelli
Marcos Strelow
Thiago Bittencourt
RESUMO: Este artigo foi elaborado com o intuito de verificar as oportunidade e demandas
de aproveitamento da atafona ou tafona como forma de colaborar para o desenvolvimento do
município de São Bonifácio. Será apresentado um breve relato sobre as origens da atafona,
discorrendo sobre a própria cidade e apresentando oportunidades não só para a restauração da
atafona pesquisada, através de PPP’s (Parcerias Público Privadas) ou Leis de Incentivo à
Preservação do Patrimônio Histórico ou Valorização da Cultura Local. Trata-se de um
levantamento de informações para que possíveis projetos possam ser desenvolvidos com
maior facilidade.
INTRODUÇÃO
O presente artigo é fruto de um estudo realizado na disciplina de Sistemas e Meios
Produtivos II, lecionada pelo Professor Douglas Ladik Antunes do Curso de Design da
UDESC, em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão rural de Santa
Catarina - EPAGRI. Durante um semestre letivo foi realizada uma saída de campo ao
município de São Bonifácio, onde visitamos uma propriedade do Rio do Poncho, sendo
recebidos pelo seu proprietário, Sr. Ingo Dero, e seu filho, Volnei Dero. O intuito da visita era
o de conhecer as atafonas existentes na região e identificar possíveis intervenções de Design,
bem como fomentar discussões que pudessem contribuir para o desenvolvimento do local.
Através de pesquisas em livros, internet e em outros artigos sobre o município, visita
de campo e entrevista com os proprietários de uma atafona local, foram construídas as bases
para a elaboração deste artigo, com objetivo de auxiliar na valorização da cultura local em
paralelo com o desenvolvimento da economia do município. Este modo, este estudo pretende
apontar possíveis caminhos a serem seguidos pelo Sr. Volnei para uma possível reativação da
sua atafona.
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1. OBJETIVO
Identificar oportunidades para incentivar a utilização da atafona no município de São
Bonifácio, com enfoque na valorização da cultura local.
2. A ATAFONA
Só conhece esse aí pa atá fogo, pa forno de muê mandioca e então aquele era...
ela é uma roda memo, que aqui os muinho também era ali naquela peça, intão
ali a água dá e vai virando, a roda e vai girando tudo maquinário. Não, madera,
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Neste texto é abordado que Noria seria uma das primeiras formas de obtenção de
energia pela força d’água. Foram os físicos-matemáticos gregos que criaram esta antecessora
da atafona. Trata-se de um mecanismo com engrenagem capaz de produzir um movimento de
giro de um plano a outro, perpendicularmente (vide a Foto 2).
A palavra engrenagem já aparece mencionada em Herón de Alexandria (século
II A.C.), e dela provavelmente o romano Vitruvio a usou (século I D.C.) para
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http://www.ufpa.br/alipa/teses_mestrado/londrina/parte2~1.pdf
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Mas não foram os gregos nem os romanos que imaginaram estes engenhos,
inicialmente movidos por cavalos. O que os gregos e romanos conheceram, a partir de
Arquimedes de Siracusa (212 A.C.) foi a capacidade de transmitir energia a partir da corrente
d´água, mover rodas e elevar a água para uma altura desejada, tal como se vê na Figura 1.
Os verdadeiros inventores dos moinhos foram os Persas, e eram engenheiros da
monarquia Sassánida (224 a 652 D.C.), o quais eram grandes conhecedores da física-
matemática grega (Arquímedes, Filón, Herón, etc.), inventaram e difundiram vários tipos de
moinhos, o que tem grande importância para História Industrial, inclusive os moinhos de
vento.
Nos versos de Juan Ruiz, la açeña provavelmente é a atafona movida por cavalos,
utilizada para moer cereal. O texto é de 1350 e distingue la noria de la açeña. Ou seja: nesta
época já existiam tipos diferentes de engenhos, movidos por água ou tração animal.
3. SÃO BONIFÁCIO
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Ver www.portaldailha.com.br/cidades/saobonifacio.
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administração municipal. Esta se aproxima da média estadual, e não consegue barrar o atual
quadro de êxodo rural e urbano.
A economia baseia-se na agricultura, pecuária de leite e corte, apicultura, avicultura,
beneficiamento de madeira, indústrias e recentemente tem apontado um crescimento no
turismo ecológico. Isto se deve ao seu relevo bem acentuado, rios em abundância - como o
Rio Alto Capivari, Rio Bloemer, Rio do Poncho, Rio Atafona e Rio Sete - e suas belas
cachoeiras. Sua área aproximada é de 453km2, com 55% de Mata Atlântica preservada e 22%
pertencente ao Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, o que ajuda a impulsionar esta
atividade.
Sua colonização germânica teve início por volta de 1864, mas somente em 1962 veio a
se tornar um município. Ainda hoje a tradição e costumes, como alimentação típica, idioma,
cantos, dança e religiosidade estão muito presentes nos dia-a-dia da população, bem como
marcam os traços da arquitetura com uma grande quantidade de casas em estilo “enxaimel”,
mais especialmente no meio rural.
O Pão de Milho, produto típico local, se difere dos demais pelo seu processo
tradicional, e é feito em forno à lenha e embrulhado em folha de caeté. Algumas gerações
atrás, quando as atafonas ainda estavam ativas e faziam parte do modo de produção local, o
pão de milho era feito de farinha de milho moído em atafonas, o que hoje quase não ocorre.
Por ser um processo artesanal, a farinha de milho das atafonas tem dificuldade ao concorrer
com os preços oferecidos à farinha industrializada. Com o passar do tempo as atafonas do
município perderam seu cunho comercial, e, quando não foram desativadas, passaram a
produzir apenas o necessário à subsistência familiar, devido a falta de incentivos, problemas
de manutenção ou por não ser rentável.
Na atafona não somente se produzia e comercializava a farinha do milho, como
também era um ponto de encontro e socialização entre amigos, família e vizinhos. Se os
produtores do Pão de Milho comprassem a farinha de milho das atafonas, muito da história
local poderia ser repassada às próximas gerações, as quais poderiam ser sensibilizadas ao
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Ver www.turismocatarinense.tur.br/saobonifacio/saobonifaciohistoria.htm
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“A água só é usada prá girar [as engrenagens], prá moer é tudo a seco. A única
coisa é quando era feita a farinha da mandioca... daí tem que lavar [a
mandioca] antes de ralar... mas as correias às vezes arrebentam, e sempre tinha
uns courinhos que o pai fazia, de couro de boi... e aí era só costurar.
Remendava rapidinho ali. A manutenção que precisava a gente mesmo fazia”.
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Assim, uma das demandas para reativar as atafonas da família Dero seria a
substituição das correias, pois que atualmente as mesmas se encontram fora de condições de
uso. Para ilustrar a questão das correias, segue a tabela abaixo com os comprimentos de
necessários à transmissão desta atafona:
“(...) traziam a mandioca prá fazer farinha, trazia o milho prá moer... mas
comprar a gente não comprava. Às vezes nem dava conta de tanto milho que
tinha prá moer. Toda a comunidade vinha aqui prá moer milho com a gente.
Geralmente eles traziam hoje e a gente marcava o dia que tava pronto, né...
amanhã ou depois eles vinham pegar. A gente fazia muita ‘meia’, eles traziam,
a gente moía e a gente ficava com a metade da farinha”.
“tinha muita gente que não tinha o aipim e sempre vinha aqui em casa
comprar. Até teve uma época que tinha um cara que fazia feira, daí ele vinha
aqui e levava o excesso que tinha”.
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A paixão de Volnei - e do seu pai - pela atafona era tão grande que, quando indagamos
o que era mais difícil de se fazer para operá-la, ele respondeu:
“Era tudo fácil, bem gostoso de fazer. Tinha que ter um pouco mais de cuidado
ali [no tacho]... tem que saber o ponto certo, porque se não rodar gruda no
fundo, ou se rodar rápido demais também não fica bom. Tem que ir colocando
de pouco em pouco... não pode colocar tudo de uma vez só”.
Entretanto, não nos pareceu tão fácil fazer a farinha. Segundo Volnei,
“Um tacho de farinha [de mandioca] ficava 3 horas e meia, 4 horas no fogo,
porque tem que regular a temperatura, tem que ficar mexendo, cuidar prá não
queimar... tem que saber cuidar, porque se colocar uma pessoa que não sabe,
vai queimar ou embolotar tudo”.
“(...) ficava o fogo acesso, tomava uma cachacinha... ficava todo mundo em
roda aqui [apontando o entorno do tacho]. A farinha de mandioca é feita no
inverno... fica uma farinha melhor, daí já esquentava do frio que fazia. Agora
já não tem mais esse motivo prá se encontrar... (...) aqui não dava lucro... era
mais prô povo daqui usar mesmo”.
Contudo, o grande sonho de Volnei agora é reativar a atafona. Tal como ele disse:
“(...) vem muita gente de fora também prá visitar, mas do jeito que tá, não tem
nem como mostrar. Fim de semana tem muita gente. O que eles mais falam
nem é do engenho, é da pedra da tafona, daí a gente mostra aquelas duas que
tem no gramado ali fora”.
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Atualmente a atafona está desativada; o Sr. Ingo parou de utilizá-la para tirar leite. Ele
trabalhou na empresa de leite por 12 anos e, como seu filho, sonha em ver a atafona
funcionando novamente. Ele recorda que
6. OCORRÊNCIAS E OPORTUNIDADES
6.1 OCORRÊNCA DO CASO DE TIMBÓ
No município catarinense de Timbó, a EPAGRI opera um plano de investimento em
turismo rural valorizando paisagens bucólicas, rios de águas translúcidas e até uma atafona
para quiser descansar ou conhecer a tranqüilidade do campo. Este plano prevê a venda de
produtos artesanais, serviços em fazendas com cachoeiras, etc.
Uma matéria de 11 de fevereiro de 1998 do jornal “A Notícia”, assinado por Avelar
Lívio dos Santos, publicou o seguinte:
6.3 OPORTUNIDADES
São Bonifácio é um município com potencial para se organizar e oferecer uma rota
turística semelhante ou melhor que as mencionadas acima, através da qual o turista conheceria
as atafonas funcionando tal como antigamente, acrescidas das explicações dos seus
proprietários sobre as mesmas, do mesmo modo como ocorreu na nossa visita de estudantes
da UDESC, a qual propiciou esta reflexão e a redação deste artigo.
Também é possível treinar os agricultores para que eles possam acomodar turistas em
suas residências, permitindo que o visitante experimente a vida do campo, trabalhe na roça,
lide com animais ou ajude nas operações de funcionamento das atafonas, podendo, ainda,
adquirir os produtos do próprio trabalho, entre outras possibilidades. A rota deste turismo
rural poderia ocorrer em dias específicos do ano, como nos períodos de festas, nos feriados ou
em outras datas especiais. Também é possível estabelecer uma rota que, além de valorizar a
vivência no campo, mostre ao turista as belas cachoeiras de São Bonifácio ou as caminhadas
nas serras da região, tendo nos indivíduos da comunidade os guias.
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financiamento direto de fundos públicos, todavia parece mais viável o fomento de instituições
privadas, pela agilidade do processo de obtenção do recurso financeiro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em meio a esta pesquisa vale questionar o seguinte: mas afinal... o que é design?
Design é uma atividade especializada de caráter técnico-científico, criativo e artístico,
com vistas à concepção e o desenvolvimento de projetos de objetos e mensagens visuais que
equacionem sistematicamente dados ergonômicos, tecnológicos, econômicos, sociais,
culturais e estéticos que atendam concretamente às necessidades humanas (Müssnich, 2003;
p.22).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANJOS, Flávio Sacco dos; CALDAS, Nádia Velleda. Pluralidade e Sucessão Hereditária
na Agricultura Familiar. Artigo. Sem data.
MUSSNICH, Alexendre Guedes. Revista ADG. 2003.
Revista Folklore, 1989. V. 9 b, n°. 107
REFERÊNCIAS ELETRÔNCAS
http://www.sierramaestra.cu/esp/especiales/franciasantiago/galeria/images/tahona2.gif
http://64.233.161.104/search?q=cache:JEPnwpkdKGEJ:portal.an.com.br:8000/1998/fev/11/0a
ne.htm+tafona+moinho&hl=pt-BR&gl=br&ct=clnk&cd=4
http://www.portaldailha.com.br/cidades/saobonifacio.php
http://www.portaldailha.com.br/cidades/saobonifacio.php (1 of 3)23/10/2006 12:19:04
http://www.turismocatarinense.tur.br/saobonifacio/saobonifaciopontosturisticos.htm (2 of
3)23/10/2006 12:23:51
http://www.clicengenharia.com.br/praiagrande/historias/lembrancas_07.htm
http://www.sierramaestra.cu/esp/especiales/franciasantiago/galeria/images/tahona2.gif
http://www.ufpa.br/alipa/teses_mestrado/londrina/parte2~1.pdf
http://www.quinzedenovembro.pop.com.br/blos.htm
www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php
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http://www.terra.com.br/turismo/roteiros/2000/07/18/003.htm
(http://64.233.161.104/search?q=cache:JEPnwpkdKGEJ:por...11/0ane.htm+tafona+moinho&
hl=pt-BR&gl=br&ct=clnk&cd=4) - (A notícia - 11 fevereiro de 1998)