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DE IPATINGA
1
CURRÍCULO, AVALIAÇÃO E
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR
1ª edição
Ipatinga – MG
2022
2
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização
escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
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Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles
são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um
com uma função específica, mostradas a seguir:
4
SUMÁRIO
01
INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 8
DEFINIÇÕES DE CURRÍCULO................................................................................... 8
TEORIAS TRADICIONAIS ....................................................................................... 11
TEORIAS CRÍTICAS ................................................................................................ 15
TEORIAS PÓS CRÍTICA .......................................................................................... 21
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 24
02
UNIDADE BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC).................................. 35
03
UNIDADE PENSAMENTO PEDAGÓGICO E CURRÍCULO ESCOLAR ......................... 44
04
UNIDADE CURRÍCULO E TRABALHO INTERDISCIPLINAR ......................................... 54
05
UNIDADE CURRÍCULO E LIVRO DIDÁTICO .............................................................. 65
06
5
UNIDADE O PLANEJAMENTO COMO ATO POLÍTICO E PEDAGÓGICO ................ 76
07
A INTERRELAÇÃO ENTRE PLANO EDUCACIONAL, INSTITUCIONAL,
UNIDADE CURRICULAR, DE ENSINO E DE AULA ..................................................... 94
08
UNIDADE PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO .......................................................... 115
09
UNIDADE AVALIAÇÃO COMO MEDIAÇÃO DO CONHECIMENTO ..................... 130
10
UNIDADE AVALIAÇÃO E POLÍTICA PÚBLICA........................................................ 148
11
UNIDADE AVALIAÇÃO E QUALIDADE EDUCACIONAL ....................................... 168
6
7
CURRÍCULO: CORRENTES TEÓRICAS UNIDADE
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÕES DE CURRÍCULO
8
Para Forquin (1993) apud Libâneo, Oliveira e Toschi (2005, p. 362, grifo do
autor):
9
E é extremamente importante compreender quais as teorias, sejam elas tradicionais,
críticas ou pós-críticas, conduziram a construção de determinado currículo e quais
objetivos se pretende alcançar por meio dele.
Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2005) existem pelo menos três tipos de
manifestações curriculares, sendo elas: currículo formal, currículo real e currículo
oculto, conforme se vê no quadro 1 a seguir:
10
cotidianas e na interação entre os diversos atores do cenário educacional.
TEORIAS TRADICIONAIS
Em meados do século XIX, surgiu nos EUA uma preocupação com a seleção e
organização dos conteúdos de ensino. Em meio a debates sobre tais questões,
estabelecia-se a distinção entre processo e conteúdo de ensino. Neste contexto,
John Dewey, em suas obras The absolute curriculum (1900), The curriculum in
elementary education (1901) e The child and the curriculum (1902) iniciou a utilização
do termo Currículo.
Tratava-se de um período em que o currículo era visto como um instrumento
de diferenciação social, em que, aos filhos de famílias de boa renda, era destinado
um currículo clássico; aos filhos de classes mercantis, direcionava-se um currículo mais
prático; e, aos filhos de proprietários agrícolas e pequenos comerciantes, o currículo
limitava-se ao ato de ler, escrever e saber realizar contas aritméticas.
No entanto, é John Bobbitt que, com seus livros especializados The Curriculum
(1918) e How to make a curriculum (1924), tem reconhecido desempenho nos estudos
a respeito de currículo, uma vez que suas obras são consideradas os marcos
definidores do surgimento desta área como objeto de estudo e pesquisa. Bobbitt
refletia sobre a necessidade de organização e desenvolvimento do currículo,
fundamentando-se na análise da experiência humana, análise de tarefas e
elaboração e seleção de objetivos.
Um acontecimento que marcou a natureza das primeiras concepções de
currículo enquanto área especializada, foi a grande preocupação, no início dos anos
1920, com a organização das hierarquias de trabalho, com as diferenças entre as
classes sociais e, principalmente, com o surgimento das classes operárias emergentes
e sua preparação para o desempenho de funções especializadas.
Nesse período, começava na América do Norte rural um importante período
histórico com um processo de industrialização, urbanização acelerada e divisão do
trabalho (SILVA, 2003). Esse processo trouxe consigo a exigência da organização da
prática educativa com a elaboração dos Currículos exclusivamente para uma
escolarização de massa, inspirada no modelo de “Administração Científica”, de
Taylor, com vistas a igualar a escola ao sistema industrial, pois na época:
11
[...] a criança era entendida como um produto a ser moldado pelo
currículo, de maneira a garantir sua formação eficiente. Essa
eficiência consistia no atendimento às demandas do modelo
produtivo dominante. Por isso, as atividades do adulto produtivo eram,
para Bobbitt, a fonte dos objetivos de um currículo. A ênfase na
formulação de objetivos já se desenvolvia, na medida em que os
princípios da administração científica incluíam a definição precisa e
supostamente científica do produto a ser alcançado (LOPES, 2001, p.
02).
12
Figura 1: Técnica científica de ensino
13
O Rationale Tyler – Razão de Tyler – como ficou conhecida a teoria linear e
prescritiva de instrução de Tyler é um marco no movimento americano de teorização
curricular nos anos de 1960, vindo ao encontro de uma crise que assinalou a
renovação do ensino nos Estados Unidos, o lançamento, em 1957, do primeiro satélite
russo Sputnik. A esse respeito, Lorenz (2008, p. 07) argumenta que:
14
à participação em ambiente alegre e criativo. O movimento Escola Nova
apresentava aspectos de função socializadora da escola, a ideia da escola como
lócus de aprendizado da democracia e equalizadora das desigualdades sociais.
Gandra, Silva e Nascimento (2005) frisam que a Escola Nova foi um movimento
de oposição ao tradicionalismo pedagógico, acusando-o de verbalista e
enciclopédico e propondo maior atenção aos processos de aprendizagem do que
aos conteúdos curriculares.No Brasil, o movimento escolanovismo tem como marco
o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, tendo à frente de sua liderança Anísio
Teixeira, no ano de 1932 (SOUZA, 2018).
Os custos para implantação da Nova Escola eram mais elevados do que os
da escola tradicional, o que acabou por restringir sua prática a algumas poucas
experiências, rebaixando o nível de ensino e aprendizagem destinadas às classes
populares.
Em contrapartida, houve o aprimoramento da qualidade do ensino destinado
às elites. Segundo Gandra, Silva e Nascimento (2005, p. 119) “[...] o que restou da
Escola Nova nos currículos escolares foi uma diminuição de conteúdos humanísticos,
e no imaginário dos professores brasileiros uma espécie de prática compassiva a
pretexto de uma inclusão escolar que logo causava uma exclusão social”.
TEORIAS CRÍTICAS
15
teorias tradicionais do currículo. Nesse contexto, em contraponto às teorias
curriculares tradicionais, as novas e chamadas teorias críticas, como o próprio nome
já indica, criticavam e colocavam em questionamento o pensamento e a estrutura
da ideia curricular anterior.
16
[...] atua ideologicamente através de seu currículo, seja de uma forma
mais direta, através das matérias mais suscetíveis ao transporte de
crenças explícitas sobre a desejabilidade das estruturas sociais
existentes, como Estudos Sociais, História, Geografia, por exemplo; seja
de uma forma mais indireta, através de disciplinas mais “técnicas”,
como Ciências e Matemática. Além disso, a ideologia atua de forma
discriminatória: ela inclina as pessoas das classes subordinadas à
submissão e à obediência, enquanto as pessoas das classes
dominantes aprendem a comandar e a controlar (SILVA, 1999, p. 31).
Nos EUA, a partir dos anos de 1970, sob a liderança de Willian Pinar e tendo
como marco inicial a I Conferência sobre Currículo, surge o “movimento de
reconceitualização”, no qual as características tecnicistas e administrativas
curriculares de Bobbitt e Tyler são questionadas e criticadas.
Samuel Bowles e Herbert Ginits, em seu livro A escola capitalista na América
(1976), “[...] introduzem o conceito de correspondência para estabelecer a natureza
da conexão entre escola e produção” (SILVA, 1999, p. 32). Estes dois economistas
defendiam a tese de que a aprendizagem acontece por meio da vivência das
relações sociais da escola, ao espelhar, no funcionamento do currículo, as relações
sociais do local de trabalho (SILVA, 1999).
As críticas apresentam duas tendências, sendo a primeira, de caráter marxista,
onde se questionava, orientando-se por Gramsci e a Escola de Frankfurt, a
dominação do capitalismo sobre a educação; e a segunda tendência, de
orientação fenomenológica e hermenêutica, questionava os significados subjetivos
das experiências pedagógicas e curriculares (SILVA, 1999).
17
Michael Apple se destaca como um dos autores centrados na natureza
marxista, relacionando o currículo a estruturas políticas e amplas, colocando-o no
centro das teorias educacionais críticas.
Numa época em que a escola e o currículo apresentavam caráter
predominantemente mecanicista e determinista dos vínculos entre produção e
educação, Apple demonstra através de suas obras a preocupação por uma
educação mais democrática e mediada pela ação humana (SILVA, 1999).
Apple defende a necessidade de interpretar a escola como um sistema
produtivo e suas preocupações com o caráter reprodutivo do currículo escolar são
realçadas já em seu primeiro livro, Ideologia e currículo, de 1970, quando diz que:
18
Henry Giroux, tendo como fonte estudos desenvolvidos pelos autores da Escola
de Frankfurt, é outro autor que defende o currículo como política cultural e que
também se preocupa com a racionalidade técnica e utilitária do currículo e com a
busca por alternativas para superar o que era visto como falhas e omissões das
características mecanicistas e reprodutivas do currículo (SILVA, 1999).
Ainda na perspectiva crítica do currículo, outro autor de destaque que não se
pode deixar de mencionar é Paulo Freire. Seu trabalho pedagógico é voltado para
o desenvolvimento dos menos favorecidos e não se limita a analisar como é a
educação, mas como deveria ser.
Influenciado pela teoria filosófica, Freire concebe a pedagogia como a
realização de um diálogo entre educadores e educandos, visando à escolha dos
conteúdos e a construção do currículo. Em 1970, em sua obra Pedagogia do
Oprimido, Paulo Freire desloca a centralidade do conceito de “desenvolvimento”
para o de “revolução”, conforme afirma Silva (1999).
Também por volta da década de 1970, tem início na Inglaterra uma nova
corrente que passaria a ser conhecida como “Nova Sociologia da Educação” (NSE).
Michael Young, líder deste movimento, reuniu em seu livro intitulado Knowledge and
control (1974), ensaios próprios e de outros autores como Pierre Bordieu, Basil
Bernstein, Geofrey Esland e Neil Keddle. Este livro traz em si a descrição de um
movimento questionador da natureza do conhecimento veiculado pela escola e dos
princípios de seleção, organização e distribuição do conhecimento escolar, bem
19
como das conexões entre currículo, organização do conhecimento e distribuição do
poder (SILVA, 1999).
20
Ainda segundo Trindade (2009) as competências são centradas na resolução
de situações concretas e no desenvolvimento de capacidades de adaptação do
indivíduo nas situações de trabalho e emprego, bem como às mudanças do
processo produtivo.
21
Contudo, Pacheco (2001) argumenta que existem dentro de tais teorias,
tentativas de convergências dos pontos de vista dos críticos e dos pós-críticos, o que
deixa entrever uma heterogeneidade conceitual.
Há também, segundo Moreira (1990) uma abordagem pós-crítica mais radical
que se baseia nas obras filosóficas de Gilles Deleuze, Félix Guatarri e Jacques Derrida
e que, por meio de um discurso mais abstrato, porém refinado, ainda é pouco
palpável aos desafios cotidianos enfrentados na educação regularmente por
educadores e educandos que necessitam, muito mais do que teorias refinadas, de
um diálogo que seja feito com eles e não para eles, sobre alternativas que atendam
de maneira mais concreta às suas necessidades. Essa falha, segundo Moreira (1990)
implica em estabelecer um espaço livre para que outros setores, especialmente os
do universo empresarial, adentrem o campo e elaborem propostas mais “concretas”.
Corazza (2010) ao expor suas ideias a respeito de currículo, argumenta que ele
é um dizer-fazer que surge de um acúmulo dos estudos de currículo e das práticas
inerentes construídas pela história dos educadores. É aquilo que nos convida a criar
quando abrimos o jornal todos os dias e percebemos em nós um desassossego, um
desconcerto, um desalinho com a existência dos diferentes e suas peculiaridades, a
quem nos compete educar. A autora segue reiterando que o currículo é uma obra
insólita e indizível, necessário, porém impossível, incerto e um trabalho sobre o qual
todos os diferentes se debruçam e caminham, para que possamos então neles viver
com mais singularidade, liberdade e dignidade.
22
pressupõe projetos de sociedade em disputa, havendo a necessidade de que os
estudos sejam mais expressivos e relevantes para a compreensão do que realmente
se passa dentro das escolas, do que o chão dessas escolas necessita de maneira
tangível.
Nesse sentido, chamam a atenção as contribuições de Michael Young, que
nos alerta para a seguinte preocupação em relação ao campo curricular: sobre
quais questões deve tratar uma teoria do currículo? Ao nos sensibilizarmos para esse
questionamento, somos levados a questionar a excessiva abstração filosófica e
metafórica que permeia as teorias pós-críticas curriculares e que nos distancia dos
objetos centrais do campo e que pouco contribuem para a formulação de
alternativas concretas e profícuas aos sujeitos que delas dependem, ou seja,
educadores e educandos.
Com relação aos estudos pós-críticos no campo curricular é possível observar
um panorama influenciado pela filosofia da diferença, do pós-estruturalismo, do pós-
modernismo, da teoria dos estudos feministas e de gênero, de estudos
multiculturalistas, pós-colonialistas, étnicos, ecológicos, dentre outros.
23
FIXANDO O CONTEÚDO
a) Nas teorias tradicionais, uma reflexão dá-se a partir das relações entre saber,
identidade e poder.
b) As teorias tradicionais valorizam as teorias neutras ou científicas que estejam a
serviço de verdade.
c) Nas teorias críticas e pós-críticas, uma prática docente não é levada em conta
para análise e compreensão do conceito de currículo.
d) Para uma teoria crítica, questões técnicas são mais importantes que o conteúdo
propriamente dito. Preocupa-se com a transmissão dos conteúdos.
e) A teoria pós-crítica preocupa-se com questões relacionadas à organização
curricular, e não com sua aplicação prática.
2. Segundo Libâneo et al. (2003), existem pelo menos três tipos de manifestações
curriculares, sendo elas: currículo formal, currículo real e currículo oculto, Com
relação ao currículo formal, é possível afirmar que:
24
d) Apenas de práticas e atitudes comportamentais.
e) Apenas do currículo oficial.
a) Eram tendenciosas.
b) Não buscavam a formação de um trabalhador especializado.
c) Tinham como objetivo proporcionar uma educação colegial.
d) Uma de suas obras mais importantes foi The absolute curriculum, escrita por
Michael Young.
e) Promoviam a identificação dos objetivos da educação escolarizada.
a) I e III.
b) I e II apenas.
c) II apenas.
d) II e III apenas.
e) Todas estão corretas.
6. Segundo Tomaz Tadeu da Silva (1999, p. 30), para as teorias críticas “[...] o
importante não é desenvolver técnicas de como fazer o currículo, mas
desenvolver conceitos que nos permitam compreender o que o currículo faz”.
Diante disso, é correto afirmar que:
25
a) Para as teorias críticas, pouco importava o que se passava no contexto social.
b) As teorias críticas questionavam as questões sociais e as desigualdades.
c) A crítica era voltada apenas para as desigualdades sociais, mas sem defender
uma participação muito marcante da escola.
d) O tecnicismo e a neutralidade social eram características predominantes da teoria
crítica.
e) As teorias críticas reforçavam o caráter reprodutivo do currículo escolar.
a) III apenas.
b) I apenas.
c) Todas estão incorretas.
d) I e II apenas.
e) I e III apenas.
26
DIRETRIZES OFICIAIS SOBRE UNIDADE
CURRÍCULO
INTRODUÇÃO
02
Nesta unidade, será descrito o percurso da construção da política curricular
educacional da Educação Básica no Brasil sob o contexto das reformas econômicas,
políticas e sociais advindas da promulgação da Constituição Federal de 1988.
Neste percurso, apresentaremos os elementos que impulsionaram o processo
de reformas a partir da segunda metade do século XX e como esses elementos têm
incidido nas Políticas Educacionais, em especial, àquelas voltadas ao currículo,
perpassando pelo registro da influência de órgãos internacionais na definição dos
currículos do Brasil e do mundo.
27
(UNESCO), a Organização Mundial de Comércio (OMC) e a Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) vêm orientando as políticas
educacionais nos países periféricos, objetivando encontrar respostas à crise estrutural
do capitalismo desencadeada na década de 1970.
Nesse contexto, a educação passou a ser vista não apenas como uma
importante fronteira econômica a ser explorada, mas também por sua
funcionalidade aos grandes capitalistas como meio de formar uma nova geração
de trabalhadores que pudessem se adequar, em termos de conhecimentos e
técnicas, ao que o novo contexto, caracterizado por novas exigências produtivas e
organizacionais, pela reestruturação dos processos produtivos e por uma forte crise
no Estado capitalista (MOTA JUNIOR; MAUÉS, 2014).
Assim, com o apoio de órgãos de fomento internacionais como a Organização
da Educação Ciência, Cultura e Tecnologia (UNESCO), a Organização das Nações
Unidas (ONU) e o Banco Mundial (BM) a estrutura de modelo de educação que parte
do princípio do desenvolvimento econômico foi fortalecida e, apelando a termos
como “ascensão social” e “democratização das oportunidades”, a educação foi
28
ampliada, com base no discurso de que a escola é oficial, laica e obrigatória para
todos.
29
ao direito social, dentre os quais, a garantia do respeito às diferenças e inclusão da
Educação Infantil à Educação Básica. No mesmo compasso, a Lei de Diretrizes e Base
da Educação Básica – LDB, Lei n.º 9.394 de 1996 – outro ordenamento jurídico surgido
em meio ao processo de redemocratização do país, estabeleceu competências e
diretrizes educacionais norteadoras dos currículos e seus conteúdos mínimos, de
modo a assegurar a formação básica comum; cabendo à União, em colaboração
com os entes da Federação, estabelecer tais diretrizes curriculares (BRASIL, 1996).
Assim, cabendo ao Conselho Nacional de Educação a incumbência de
estabelecer as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica brasileira,
como resultado de diversos debates, a nível de Governo Federal foram criados os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em consonância com a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB 9.394/96), uma legislação com a função de organizar e
estruturar a educação brasileira, influenciando de maneira direta na formação
escolar e acadêmica, e com o já exposto na Constituição Federal de 1988,
entendendo que a educação deve vincular-se ao mundo do trabalho e à prática
social, visando pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988; 1996).
30
fomento de um ensino que coadunasse com as demandas da sociedade e, em
especial, com a organização produtiva.
No ano 2010, foram instituídas as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Básica (DCNEB) que, em conformidade com os movimentos em torno da questão
curricular em todo o sistema da Educação Básica, recomendavam uma abordagem
interdisciplinar e contextualizada na educação escolar e, a partir das DCNEB, foram
publicadas as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio (DCNEM), no ano de
2012.
As DCNEM, fruto da participação de diferentes segmentos educacionais
atuantes no país, foram construídas em regime de colaboração entre diversas
organizações e dispostas nas seguintes áreas: Linguagem, Matemática, Ciências
Humanas e Ciências da Natureza, contemplando-se, nesta última, as disciplinas
Química, Física e Biologia. Embora as DCNEM recomendem que a última etapa do
Ensino Médio se desenvolva de maneira a formar para a cidadania, habitualmente
ela é considerada e trabalhadas nas instituições de ensino como uma etapa
preparatória para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e para o
ingresso do aluno no Ensino Superior.
31
FIXANDO O CONTEÚDO
I. A educação passou a ser vista como meio de formar uma nova geração de
trabalhadores que pudessem se adequar ao novo contexto produtivo e
organizacional.
II. Termos como eficiência e produtividades passaram a ser utilizados no intuito de
proporcionar a todos o direito à uma educação de qualidade.
III. Acesso em: 20 out. 2020.A maximização de benefícios e lucros em curto espaço
a) I, II e III.
b) II e III.
c) I e II.
d) I e III.
e) Nenhuma das alternativas.
32
a) I e II são afirmativas verdadeiras.
b) II e III são afirmativas verdadeiras.
c) Todas as afirmativas são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são falsas.
e) Apenas a alternativa III é falsa.
a) Linguagem e Matemática.
b) Ciências Humanas e Matemática
c) Ciências Humanas e Ciências da Natureza.
d) Linguagem e Ciências da Natureza.
e) Linguagem, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza.
33
6. São organismos multilaterais de fomento e apoio às políticas educacionais :
34
BASE NACIONAL COMUM UNIDADE
CURRICULAR (BNCC)
INTRODUÇÃO
03
De acordo com Espindula, Leite e Pereira (2012) o currículo, por ser campo
amplo de conhecimento, alinhado no tempo e no espaço, envolvido por relações
de poder e sistematizado pelas políticas educacionais, tem papel fundamental para
que a escola se perceba como essencial para a construção dos sujeitos sociais.
Ainda segundo as autoras, “[...] o currículo é arcabouço das políticas educacionais,
é nesta seara que ocorre um considerável processo de elaboração e
implementação de políticas educacionais [...]” (ESPINDULA; LEITE; PEREIRA, 2012, p.
103).
Nesse contexto, a necessidade de uma base comum para os currículos
nacionais, prevista em termos de “conteúdos mínimos” é apontada pelo
ordenamento legal da educação básica na Constituição Federal de 1988, na Lei de
Diretrizes e Bases (LDB/1996), nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
Educação Básica, Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o Ensino Fundamental
de 9 anos e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Por conseguinte,
com base nos pressupostos legais, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a partir
de uma exigência colocada para o sistema educacional pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional e pelas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação
Básica, foi recentemente produzida e apresentada como uma unidade curricular
para a educação básica.
35
Base Nacional Comum Curricular se iniciou no ano de 2004, quando o Ministério da
Educação (MEC) realizou algumas ações cujos objetivos eram:
36
e Ensino Fundamental e no ano de 2018, foi encaminhada ao Conselho Nacional de
Educação (CNE) a versão que abordava o Ensino Médio.
Art. 11, inc. 1º: A articulação entre a base nacional comum e a parte
diversificada do currículo do Ensino Fundamental possibilita a sintonia
dos interesses mais amplos de formação básica do cidadão com a
realidade local, as necessidades dos alunos, as características
regionais da sociedade, da cultura e da economia e perpassa todo o
currículo (BRASIL, 2013, p. 132).
37
diversificada. Ainda segundo o mesmo documento: “[...] a base nacional comum e
a parte diversificada do currículo do Ensino Fundamental constituem um todo
integrado e não podem ser consideradas como dois blocos distintos” (BRASIL, 2010,
Artigo 11).
Assim, em se tratando dos conteúdos que devem integrar a Base, as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos normatizam que:
No que diz respeito ao Ensino Médio, a partir da BNCC, foi instituída, por meio
da Medida Provisório MP n.º 746/2016, a reforma do Novo Ensino Médio, cuja proposta
mantém a organização curricular em áreas do conhecimento. Nessa nova estrutura,
os alunos cursarão apenas uma parte a título de formação geral, tendo em vista que,
após terem cursado 60% do Ensino Médio, poderão optar por seguir um caminho
formativo e escolher entre: Linguagens, Ciências da Natureza, Matemática, Ciências
Humanas ou formação Técnica e Profissional.
Após a homologação a BNCC pelo MEC, cada estado criou comissões
38
especiais reunindo os municípios para a elaboração de suas propostas curriculares,
tendo como documento norteador o texto final da Base.
No estado de Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Educação (SEEMG) em
regime de colaboração com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação de Minas Gerais (UNDIME/MG), propôs a construção de um currículo
referência, o Currículo Referência de Minas Gerais, fruto do trabalho coletivo de
milhares de profissionais de todas as regiões do estado, versando sobre a pluralidade
de ideias, identidades e expressões de Minas Gerais e, em consonância com a Base
Nacional Comum Curricular, que vem sendo referência curricular para as redes
desde o ano 2019 .
39
FIXANDO O CONTEÚDO
a) V V V V
b) F V F V
c) F F F F
d) F F V V
e) V V F F
40
2. A Resolução n.º 7 de 14 de dezembro de 2010, que fixa as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos, traz em seu Artigo 11, inciso 1º, a
necessidade de uma base comum integrada com a parte diversificada do
conhecimento, de forma que os sistemas de ensino, ao definir quais
conhecimentos integrarão a parte diversificada do currículo, devem fazê-lo de
modo complementar a enriquecer o currículo, assegurando a contextualização
dos conhecimentos escolares em face de diferentes realidades. Nestes termos, a
Base Nacional Comum Curricular é contrária às ideias defendidas:
41
4. Sobre a composição da BNCC, segundo o que dispõe as DCN’s, é correto o que
se afirma em:
5. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9.394/96), em seu 26º artigo, os
currículos da Educação Infantil devem contemplar a BNCC. Nesse sentido, é
correto afirmar que a BNCC:
6. (UFF, 2018) Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), uma das
competências a ser desenvolvida no decorrer de toda Educação Básica é a da
Cultura Digital. Atualmente, a falta de acesso e o uso limitado das tecnologias nas
escolas ampliam as desigualdades. Afinal, quem sabe usá-las está mais
42
preparado para viver em sociedade. Por isso, priorizou-se a inclusão de uma
competência geral, que aponta para o domínio desse universo e aparece
transversalizada em habilidades de todos os componentes curriculares. As escolas
precisam assegurar a infraestrutura.
a) Temas transversais.
b) Habilidades cognitivas.
c) Currículo básico.
d) Competências atitudinais.
e) Campos de experiências.
43
PENSAMENTO PEDAGÓGICO E UNIDADE
CURRÍCULO ESCOLAR
INTRODUÇÃO 04
Ao iniciarmos os debates acerca do tema “currículo escolar”, é importante
estarmos cientes de que haverá a possibilidade de surgirem uma infinidade de pontos
de vistas diferentes e divergentes a respeito de sua definição.
Assim, esta unidade trará uma discussão que busca o entendimento da
definição acerca do currículo escolar e de seu papel na prática de ensino, tendo em
vista sua importância no processo educacional.
44
o cotidiano da escola e fora dela, ou seja, envolve relações de classes
sociais (classe dominante/classe dominada) e questões raciais,
étnicas e de gênero, não se restringindo a uma questão de conteúdos
(HORNBURG; SILVA, 2007, p. 1).
45
prática da educação que, além de atender às necessidades de educadores e
educandos, possa ainda:
46
De maneira geral, a organização de um currículo escolar segue um caminho
que indica os conteúdos e as maneiras como se pretende que eles sejam trabalhados
na escola. Ou seja, trata-se de um documento que representa o que se quer
proporcionar aos alunos em termos de aprendizagem, o tempo para que isso
aconteça e a metodologia a partir da qual tal aprendizagem poderá ser ofertada.
47
A heterogeneidade e a pluralidade presente nos meios
educacionais e nas relações que ali se desenvolvem,
requerem da escola que ela desempenhe o papel
Diferentes saberes e socioeducativo, artístico, cultural e ambiental, prezando pelo
manifestações culturais respeito e pela valorização das diferenças, sejam elas
sob variados enfoques intelectuais, físicas, sensoriais, socioemocionais, étnicas, de
gênero, classe social ou de contexto sociocultural, visando o a
superação das desigualdades e a adoção de medidas
preventivas
Adotando-a como forma de organizar o trabalho didático-
pedagógico em que os temas e eixos temáticos possam ser
integrados às disciplinas e em todas as áreas de maneira a
perpassar todas elas. Essa ação proporcionará um
A transversalidade aprendizado sobre a realidade a partir dos conhecimentos
teóricos e possibilitará o tratamento desses conhecimentos de
maneira integrada e ademais, permitirá que os educandos se
tornem agentes da arte de problematizar, interrogar e dialogar
de maneira crítica os saberes desenvolvidos na escola.
Fonte: Elaborado pelo Autora (2020)
Estas são apenas algumas das dimensões que podem ser utilizadas para a
elaboração do currículo escolar, e elas deixam claro que a sequência linear para
operacionalização do aprendizado, outrora adotada para a organização dos
currículos, já não cabe mais em tempos em que a educação se firma cada vez mais
como um fator preponderante para a construção de identidades e para o
desenvolvimento social, cultural e político de nossos educandos.
Sob esta perspectiva, Sacristán (2013) e Arroyo (2007) fazem coro ao afirmarem
a importância de nos questionarmos não apenas sobre quais conhecimentos
devemos proporcionar no processo de ensino e aprendizagem, mas também sobre
como ordená-los e organizá-los, bem como sobre qual a lógica, hierarquia,
precedência, tempo e espaços deveremos adotar, primando pela compreensão do
currículo a partir de suas dimensões política, econômica social e cultural.
48
49
FIXANDO O CONTEÚDO
a) V F V V
b) F V F V
c) F F F F
50
d) F F V V
e) V V F F
51
a) I e III estão corretas.
b) I e II estão incorretas.
c) Apenas a I está correta.
d) Apenas a III está incorreta.
e) Apenas a II está incorreta.
52
e) F F F
a) Multidisciplinaridade.
b) Interdisciplinaridade.
c) Contextualização
d) Transdisciplinaridade.
e) Pluridisciplinaridade.
53
CURRÍCULO E TRABALHO UNIDADE
INTERDISCIPLINAR
INTRODUÇÃO
05
Partindo das diferenças conceituais entre os diversos modelos curriculares – o
disciplinar, o multidisciplinar, o pluridisciplinar, o transdisciplinar e o interdisciplinar –
buscaremos, nesta unidade, explicitar a necessidade de se pensar sobre a ideia de
integração entre o conteúdo curricular, a prática reflexivo-teórica e a
problematização da realidade concreta, histórica e cultural que envolve o contexto
educacional.
Para que possamos abordar de maneira mais satisfatória a questão da
interdisciplinaridade do currículo, passemos inicialmente pelo significado dos termos
disciplina e interdisciplinaridade, na expectativa de que tais definições nos auxiliem
a compreender de maneira mais clara o currículo interdisciplinar.
54
MODELOS CURRICULARES – CONSIDERAÇÕES INICIAIS
55
De acordo com Almeida Filho (1997), na multidisciplinaridade as pessoas
estudam perto, porém, não agregadas e o modelo parece esgotar-se nas tentativas
de realização de um trabalho docente conjunto, em que cada professor trata de
temas comuns sob sua própria perspectiva, articulando algumas vezes materiais
bibliográficos, técnicas de ensino e procedimentos avaliativos. Já na
transdisciplinaridade, parece existir uma espécie de vale tudo, em que são realizadas
algumas tentativas de busca de novos paradigmas, como, por exemplo, o holismo e
a teoria da complexidade para as ciências da educação e para outras áreas.
Sobre a o modelo transdisciplinar, o mesmo autor argumenta que seu caminho
epistemológico parece comprometido pela desvalorização da materialidade
histórica da organização da sociedade e da construção do indivíduo pela
educação e pelo ensino. Assim, para que haja superação do caráter fragmentado
da organização do ensino, faz-se necessário considerar as relações sociais
fragmentadas da sociedade capitalista, tendo em vista que a humanização a partir
da educação, só possível na perspectiva de transformação da sociedade atual.
Partindo de tais considerações e das descrições apresentada na unidade 4 a respeito
dos modelos curriculares, direcionemos agora nosso olhar de maneira especial para
o modelo e interdisciplinar, objeto de discussão desta unidade.
56
O MODELO INTERDISCIPLINAR NA EDUCAÇÃO
57
sociais, científicos e tecnológicos. Em outros termos,
58
mudança de atitude tanto da parte administrativa quanto da parte pedagógica e
metodológica da escola, que devem também dar centralidade à participação ativa
e democrática, ao trabalho em regime de cooperação de toda a equipe, em um
processo que vai muito além da troca de informações sobre objetivos, conteúdos e
fontes bibliográficas, mas uma tentativa de integração dos caminhos
epistemológicos, da metodologia e da organização do ensino (PIRES, 1998 ).
59
FIXANDO O CONTEÚDO
a) V V V
b) V F V
c) V V F
d) F F V
e) F V F
60
c) Na interdisciplinaridade, a circularidade é descartada como método de
elaboração do conhecimento globalizador por fortalecer as concepções
redutoras e disjuntoras das disciplinas isoladas.
d) O desenvolvimento do enfoque interdisciplinar se fundamenta na compreensão
da bidimensionalidade e complexidade da realidade, a qual é a gênese das
múltiplas representações em áreas e teorias diversas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
a) I e II apenas.
b) I, II e III apenas.
c) II, III e IV apenas.
d) III e IV apenas.
e) Todas estão corretas.
61
os definem. A esse respeito, está correto o que se afirma em:
62
6. Ambas as teorias, transversalidade e interdisciplinaridade, se fundamentam na
crítica de uma concepção de conhecimento que toma a realidade como um
conjunto de dados estáveis, sujeitos a um ato de conhecer isento e distanciado.
Ambas apontam a complexidade do real e a necessidade de se considerar a teia
de relações entre os seus diferentes e contraditórios aspectos. Mas diferem uma
da outra, uma vez que a ____________________ refere‐se a uma abordagem
epistemológica dos objetos de conhecimento, enquanto a ____________________
diz respeito principalmente à dimensão da didática. A ____________________
questiona a segmentação entre os diferentes campos de conhecimento
produzida por uma abordagem que não leva em conta a inter‐relação e a
influência entre eles. A ___________________ diz respeito à possibilidade de se
estabelecer, na prática educativa, uma relação entre aprender na realidade e da
realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados.
Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais, 1997.
a) Interdisciplinaridade/transversalidade/transversalidade/interdisciplinaridade.
b) Interdisciplinaridade/transversalidade/interdisciplinaridade/transversalidade.
c) Transversalidade/interdisciplinaridade/interdisciplinaridade/transversalidade.
d) Transversalidade/interdisciplinaridade/transversalidade/interdisciplinaridade.
e) Transversalidade/transversalidade/interdisciplinaridade/interdisciplinaridade.
63
c) Formam o eixo organizador da doutrina curricular expressa na Constituição
Federal.
d) Abrigam uma visão do conhecimento e das formas de tratá-lo para ensinar
apenas.
e) Todas as alternativas estão corretas.
a) Multidisciplinaridade
b) Interdisciplinaridade
c) Pluridisciplinaridade
d) Transdisciplinaridade
e) Disciplinaridade
64
CURRÍCULO E LIVRO DIDÁTICO UNIDADE
INTRODUÇÃO
06
Nesta seção, abordaremos a questão dos livros didáticos em articulação com
o currículo escolar. O texto se inicia com um breve histórico sobre o livro didático e a
forma como seu acesso vem sendo democratizado dentro do contexto escolar.
Em seguida, veremos algumas maneiras como o livro didático vem sendo
apresentado como um elemento representante do currículo e, como por vezes, essa
ferramenta pedagógica se confunde com o próprio currículo escolar, a ponto de
ditar a maneira como o currículo deverá ser elaborado e organizado pelas escolas.
65
científicos.
Segundo o mesmo autor, em contraposição, os livros da década de 1970
apresentam o conteúdo de maneira resumida e esquemas gráficos que
direcionavam a leitura do aluno, induzindo à memorização dos conceitos. Na
década seguinte foi criado o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), numa
tentativa de atender às demandas democráticas iniciadas nesse período, e que
reivindicavam mudanças no sistema ditatorial de normatização do livro didático
implementado pelos órgãos criados na década de 1930.
A partir de 1997, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)
aumenta o leque de distribuição de livros para os anos iniciais da Educação Básica.
O final da década de 1990 foi também o momento de introdução no cenário
educacional brasileiro, de documentos oficiais que apresentam recomendações
para a educação, cujos textos trazem várias indicações no sentido de promover a
contextualização nos livros e em outros materiais didáticos, como os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN), os PCN+, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM).
Em 2005, o Governo Federal passa a fornecer livros didáticos a toda a
Educação Básica, tornando mais democrático e com relevância crítica o sistema
avaliativo dos livros didáticos, fornecendo às escolas públicas de todo o país a
possibilidade de escolha de obras didáticas, pedagógicas e literárias, entre outros
materiais de apoio à prática educativa.
O Livro Didático pode ser considerado como um dos eixos de articulação entre
o currículo teórico e o currículo em ação, tendo em vista que, por meio dele, é
possível organizar as ideias, nortear e compor as atividades diárias da sala de aula e
outras atividades educativas a serem executadas no ambiente extra escolar.
Para Gatti (1997) o livro didático tem papel central como instrumento
pedagógico da cultura escolar e sua utilização pode significar um contorno do
conteúdo a ser estudado pelos alunos, ao mesmo tempo em que conforma a ação
dos professores.
Selles e Ferreira (2004) definem os livros didáticos como os agentes responsáveis
pela apresentação do currículo escolar elaborado pelos educadores e consideram
66
que “[...] no trabalho cotidiano, os professores descobrem nos livros não somente os
conteúdos a serem ensinados, mas também uma proposta pedagógica que passa a
influenciar de modo decisivo a ação do professor”
Autores como Martins (2006) e Lopes (2001) consideram que o livro didático é
o “currículo escrito” ou “texto curricular”, a partir do qual são (re)interpretados
sentidos e significados de múltiplos contextos, possibilitando assim, a constituição de
uma “produção cultural”. Geraldi (1993) ao se referir ao livro didático como “texto
híbrido”, deixa claro que é ele que imprime direção ao processo pedagógico.
Díaz (2011) refere-se ao livro didático como um material ao qual os professores
têm acesso, podendo ser utilizado durante todo o processo educacional e sendo
responsável pela organização os conteúdos de acordo com as prescrições dos
documentos curriculares oficiais.
Para Gomes, Selles e Lopes (2013) os livros didáticos são produções escolares
cujo conteúdo manifesta os conceitos das práticas curriculares e são responsáveis
pela geração de significados sobre as definições sobre o que deve ser ensinado e
sobre a forma como se ensina.
Para alguns autores, o livro didático acaba ditando como o currículo deverá
ser trabalhado nas salas de aulas, bem como as metodologias a serem adotadas
para que isso aconteça. Nesse contexto, Díaz (2011) argumenta que, por inércia, nas
escolas comumente o currículo acaba sendo definido por meio dos livros didáticos e
não pelas diretrizes oficiais ou pelos planejamentos ou projetos didático-pedagógicos
das escolas.
Contudo, ao se elaborar o currículo escolar com base no que as editoras de
livros oferecem em seus pacotes didáticos, os profissionais de uma escola acabam
deixando de lado fatores determinantes para o sucesso do processo de ensino e
aprendizagem de seus alunos, como os fatores sociais, políticos, estruturais e todas as
outras exigências e características peculiares e específicas de cada instituição
escolar em particular.
Nesse sentido, Turíbio (2015) argumenta que, apesar de existir um considerável
volume de pesquisas e estudos que tratam de currículo escolar, a escola ainda não
conseguiu resolver a questão da transmissão do conhecimento para os alunos, tendo
em vista que os currículo ainda apresentam um conjunto “[...] de conhecimentos que
eles devem aprender, tenham ou não significado para eles, eles são avaliados –
aprovados ou reprovados – em função da assimilação ou não desse pacote de
67
conhecimentos” (TURÍBIO, 2015, p. 73)
Em contraposição a esse pensamento, Santos (2019) defende, em um
contexto metafórico, a ideia de currículo rizomático, através do qual os devires e
relações dos saberes se processam por meio da imagem de um rizoma ou, em outras
palavras, assemelhando-se a um conjunto de raízes gramíneas acentradas,
engalfinhadas, não hierarquizadas e em um processo contínuo de retroalimentação
por meio de múltiplas conexões transversais e caóticas.
68
69
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (Prefeitura Teresina – PI, 2008). Considere que um livro didático mostrasse a figura
de uma mulher negra vinculada ao trabalho doméstico em casa de terceiros. Essa
situação hipotética exemplificaria, em relação ao currículo, a dimensão:
a) Formal
b) Oculta
c) Real
d) Crítica
e) Nenhuma
a) I e II.
70
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
a) II, apenas
b) I e II, apenas
c) I e III, apenas
d) II e III, apenas
e) I, II e III.
4. Antoni Zabala, no livro “A Prática Educativa: como ensinar”, destaca a crítica feita
ao livro didático, elaborado conforme um modelo estritamente transmissor. No
modelo criticado por Zabala, o livro didático está em conformidade com o
modelo curricular:
71
5. (FGR, 2018 – Adaptada) Ao investigar sobre a importância do livro didático
enquanto instrumento de apoio aos professores de ciências no desenvolvimento
de suas aulas no Ensino Fundamental, Siganski e colaboradores (2008) refletem
sobre como este material pode contribuir para a melhoria do trabalho do professor
em sala de aula. De acordo com os autores e suas reflexões apresentadas neste
artigo, julgue os itens abaixo como VERDADEIRO (V) ou FALSO (F) e, em seguida,
marque a opção correta.
A sequência correta é:
a) V V F
b) F F V
c) V V V
d) V V F
e) F F V
72
6. (UNIRIO, 2016) Um dos grandes desafios da educação inclusiva é desenvolver na
escola a prática de currículos adaptados que possam atender às diferenças na
aprendizagem significativa, à qual se chega pela interação (sistematizada e
dirigida) do sujeito com o objeto. A aprendizagem significativa supõe:
73
Diretrizes Operacionais, no que diz respeito aos livros e materiais didáticos, está
correto o que se afirma em.
74
I. Conhecimento dos conteúdos da disciplina que leciona, bem como
capacidade de abordá-los de modo contextualizado.
II. Domínio das técnicas de elaboração de provas objetivas, por se configurarem
instrumentos quantitativos precisos e fidedignos.
III. Domínio de diferentes métodos e procedimentos de ensino e capacidade de
escolhê-los conforme a natureza dos temas a serem tratados e as características
dos estudantes.
IV. Domínio do conteúdo do livro didático adotado, que deve conter todos os
conteúdos a serem trabalhados durante o ano letivo.
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV
75
O PLANEJAMENTO COMO ATO UNIDADE
POLÍTICO E PEDAGÓGICO
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
01
Para de dissertarmos sobre a ideia de um plano educacional, ou de quaisquer
outras políticas públicas, é importante dar um passo no sentido de colocar em relevo
a trilha que precede o plano, tratando assim do planejamento, da sua importância
e do seu caráter fundamental. Isso é imprescindível para chegarmos à estruturação
epistemológica dos planos educacionais, vistos sob a ótica dos atos político e
pedagógico.
76
Figura 6: Planejamento educacional
77
metas. Além disso, exige pensar acerca de “para quê?” (objetivo), “o quê?”
(conteúdo), “como?” (metodologia), “com quê?” (recursos didáticos) e “resultado”
(avaliação). Fomentar a qualificação e o aperfeiçoamento na elaboração de
planos educacionais é desenhar como horizonte a qualidade da educação em sua
complexidade, diversidade e singularidade (LUCKESI, 1991; BRZEZINSKI, 2008;
SHIROMA, 2001).
Neste sentido, os maiores aliados de um planejamento educacional, em sua
fase inicial de elaboração, são os dados, a partir dos quais será possível estabelecer
as bases de um diagnóstico confiável e revisitável em todos os momentos e etapas
de elaboração dos futuros planos educacionais. Quanto mais os dados forem
detalhados, precisos, atuais, factíveis e de fácil acesso, mais se alargam as
potencialidades do seu uso na composição de toda fundamentação e alicerce de
objetivos do planejamento educacional.
Ressalta-se que, com base nas orientações do Ministério da Educação para o
Plano Municipal de Educação (PME), o planejamento educacional sinaliza a
necessidade de atender aos seguintes aspectos (BRASIL, 2014, p. 13):
78
do poder público.
Assinala-se que a fonte principal de dados da educação brasileira é sediada
no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep,
autarquia federal vinculada ao MEC. Esse Instituto é responsável pela promoção de
avaliações, exames, censos, estudos estatísticos e produção de indicadores
educacionais que instrumentalizam o Estado na gestão do conhecimento e dos
estudos, assim como na condução das políticas educacionais.
Essa estruturação de informações educacionais por parte do Estado é
imprescindível e inerente aos planejamentos educacionais que tenham como
objetivo fomentar a estruturação de planos que poderão auxiliar os resultados
esperados em relação às políticas públicas que farão parte de diferentes órgãos e
instituições ligados direta e/ou indiretamente à oferta de uma educação de
qualidade.
Confira, na perspectiva de Rodrigues (2010, p. 47-48), as etapas dos planos e
dos seus planejamentos educacionais:
79
realizar uma avaliação pontual das ações de Governo referentes ao
impacto da implementação.
80
(BRASIL, 2018). Se levarmos em consideração as novas orientações curriculares da
BNCC, veremos que a inserção do estudante no mundo do trabalho – por meio do
desenvolvimento de habilidades e competências – não é apenas primordial, mas
inseparável de sua formação escolar.
81
e objetivos a serem alcançados. Propõe-se, desta maneira, pensar de modo a
congregar quais seriam os principais elementos que devem estar presentes nas fases
e etapas do planejamento educacional.
As diretrizes de fundamentação e de elaboração constituem uma relação
sólida e direta com a construção de um Plano de Educação, bem como partem
delas a sustentação das organizações, das etapas e dos procedimentos. Nesse
sentido, toda a estrutura se edifica em um substrato que encerra ideias ou
pensamentos pedagógicos delineados por grupos políticos, econômicos e culturais
específicos que vão constituir um horizonte histórico com valores e visões de mundo,
os quais refletem e materializam Planos de Educação com o propósito de executar,
na prática, um dado projeto político de sociedade.
Deixaremos a etapa do monitoramento para a próxima seção deste estudo,
no qual trataremos, especificamente, dos planos educacionais, da importância dos
seus indicadores de qualidade da educação e sua avaliação. Partamos então, neste
momento, para o segundo passo da reflexão proposta aqui, ou seja, o produto e a
resultante do planejamento educacional, os planos elaborados a partir das etapas e
fases.
O PLANO EDUCACIONAL
82
Por esta razão, a revisitação, após as fases de avaliação e monitoramento, é
tão importante para qualquer plano educacional. Já que é por meio deste retorno
ao fundamento do plano que poderemos apurar em quais etapas de seu
planejamento precisamos concentrar esforços para atualizar, reformular, recortar ou
expandir o que antes foram estabelecidos como pontos elementares de sua
constituição.
Os planos educacionais fazem parte, atualmente, de uma agenda global de
proposições de objetivos voltados para a melhoria na oferta da educação. Há tanto
declarações e acordos voltados para os objetivos de uma educação de qualidade
e para todos, quanto estudos específicos que buscam propor formas de se avaliar a
qualidade educacional, especialmente por meio de exames parametrizáveis de
comparação do rendimento e do desempenho das aprendizagens em diferentes
países e comunidades ao redor do globo. Podemos citar, como exemplo, o
Programme for International Student Assessment – PISA, o Trends in International
Mathematics and Science Study – TIMSS, o Scholastic Assessment Test – SAT (Estados
Unidos), o College Scholastic Ability Test – CSAT (Coréia do Sul), o Gao Kao (China), o
Sistema de Medición de la Calidad de la Educación – SIMCE (Chile) e correlatos.
Os testes padronizados apresentam-nos uma fotografia parcelar do que de
fato temos em termos de desempenho educacional. São apenas informações que
precisam ser vistas com muito cuidado e honestidade intelectual, dado que seu uso
em políticas de recompensas ou de punições tem promovido um desserviço para a
sociedade, com danos irreversíveis em função dos vícios que têm causado para os
sistemas educacionais. Exemplos desses prejuízos são o treinamento de estudantes
para os testes e o desvirtuamento de uma verdadeira proposta de educação que
deveria ter seu foco na formação para a cidadania e no fortalecimento da
democracia.
Todo planejamento deve ter um ponto de chegada, onde culminam os
esforços empreendidos nas etapas do ato de planejar. Para que este ponto de
83
chegada seja alcançado, é imprescindível que os fundamentos e as bases do
planejamento educacional estejam esmiuçados e estruturados na organização das
etapas a serem seguidas, como, por exemplo, as diretrizes, as metas e as estratégias
dos planos educacionais, conforme explicita Bordignon (2014, p. 31-32):
84
Estas orientações do Plano Nacional de Educação foram previstas tanto na
Constituição Federal de 1988 como, posteriormente, na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação brasileira. Ressalta-se, contudo, que o PNE não é estático, já que possui a
periodicidade, prevista pela lei magna de 1988, de dez anos, sendo obrigatórias sua
atualização e sua revisitação neste prazo:
85
Ressalta-se, de igual modo, que a LDB 9.394/1996 já previa que a União
estabelece os indicadores e metas a serem monitoradas e acompanhadas para a
melhoria da educação: “Artigo 87, § 1º, A União, no prazo de um ano a partir da
publicação desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de
Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a
Declaração Mundial sobre Educação para Todos.” (BRASIL, 1996).
E sobre a influência e a presença da Declaração Mundial de Educação para
Todos, é importante que resgatemos suas prerrogativas para a garantia da qualidade
e a melhoria da oferta educacional. Em linhas gerais, a principal proposta dessa
declaração de 1990 é a proposição de metas, objetivos e estratégias a serem
monitoradas ao longo da execução dos planos educacionais:
86
6. Objetivos de curto prazo suscitam um sentimento de urgência e
servem como parâmetro de referência para a comparação de
índices de execução e realização. À medida que as condições da
sociedade mudam, os planos e objetivos podem ser revistos e
atualizados. Onde os esforços pela educação básica tenham que
focalizar a satisfação das necessidades específicas de determinados
grupos sociais ou camadas da população, o estabelecimento de
metas direcionadas a esses grupos prioritários de educandos pode
ajudar planejadores, profissionais e avaliadores a não se desviarem do
seu objetivo. Metas observáveis e mensuráveis contribuem para a
avaliação objetiva dos progressos (UNESCO, 1990).
87
brasileiros. Em razão disso, os objetivos, as metas, as estratégias e os indicadores
devem assegurar qualidade técnica e compromisso com os anseios e a realidade
educacional vivida pela população.
88
FIXANDO O CONTEÚDO
a) à avaliação.
b) ao plano diretor da cidade.
c) ao estatuto da Associação de Pais e Professores.
d) às demandas administrativas da direção escolar.
e) às imposições da Secretaria de Educação.
89
III - Deve ser compreendido como um instrumento por meio do qual se obtém o
controle total dos fatores e das variáveis que interferem no alcance dos objetivos
e dos resultados almejados; por isso, não pode ser flexível.
IV- Deve assumir um caráter determinista em que o objeto do plano, ou seja, a
realidade, é tomada de forma estática, passiva, pois, em tese, tende a se
submeter às mudanças planejadas.
V – Aponta os passos que a equipe pedagógica pode dar para construir e realizar
os objetivos que pretende alcançar na escola, com apoio de todos os servidores,
professores, famílias, estudantes e comunidade em geral.
a) I e IV.
b) I e II.
c) II e V.
d) III e IV.
e) I e V.
90
previsão de atividades didáticas em face dos objetivos propostos. Analise as
alternativas abaixo que apresentam modalidades de planejamento:
a) I, III e IV.
b) I, II e III.
c) I, IV e V.
d) I, II e V.
e) I, III e V.
91
a) Somente a alternativa I é verdadeira.
b) Somente a alternativa II é verdadeira.
c) Somente as alternativas I e II são verdadeiras.
d) Somente a alternativa III é verdadeira.
e) Somente a alternativa I e III são verdadeiras.
a) V – V – V – F – F.
b) F – V – F – F – V.
c) F – F – V – V – F.
d) V – F – F – V – F.
e) V – F – V – F – V.
92
b) a metodologia de trabalho a ser adotada em sala de aula.
c) a direção que queremos dar ao processo educativo em nosso país.
d) o perfil dos educadores e dos alunos, a organização disciplinar de cada ano e os
recursos didáticos.
e) a noção do que é plano, planejamento, programa e projeto e suas etapas.
93
A INTERRELAÇÃO ENTRE PLANO UNIDADE
EDUCACIONAL, INSTITUCIONAL,
CURRICULAR, DE ENSINO E DE
AULA 02
FASES DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL, CURRICULAR, DE ENSINO E DE
AULA
Nesse caso, observamos que o ato de refletir é uma atividade de pensamento sobre as
possibilidades de escolhas e, consequentemente, de ações a serem realizadas para que
sua viagem seja de fato tranquila e alcance seus objetivos. A reflexão, aqui, sobre alguns
aspectos é um chamado para agir. Quantas ações você precisa realizar antes de dar
início à sua viagem? As reflexões/ações pensadas podem ser caracterizadas como um
planejamento. É por meio da reflexão que as pessoas estabelecem, mentalmente,
inúmeras relações e se predispõem a realizar ações que resultam de suas escolhas e de
suas tomadas de decisões.
94
No momento em que você aceita o convite para realizar a viagem e escolheu
o lugar escolhido, você precisa realizar algumas ações com diversas possibilidades.
Na prática, estabelece prioridades ou faz uma sequência de ações e
registra/demarca suas escolhas. As tomadas de decisões se configuram em um plano
que aponta as ações que precisa empreender para alcançar o seu plano. Esse
plano, portanto, é o produto final de seu planejamento. Um registro escrito,
sistematizado e com justificativa sobre: o que, para quem, por que, como e quando
será feito? Quem participa dessas ações?
Quando estamos tratando da educação, destacamos que o planejamento é
um modo de elaborar, ou melhor, de decidir que tipo de educação e de sujeito
queremos e que tipo de ação educacional é essencial para viabilizar esse
planejamento. E, para isso, faz-se necessário propor uma série de ações, como vimos
no planejamento da viagem descrito no início deste capítulo, atentando-se para o
fato de que o planejamento exige revisão constante em função das possibilidades
de alteração sempre presentes (GANDIN, 1985, p. 34).
Neste sentido, "pensar a ação é uma tarefa permanente que não existe sem
a ação, mas não se mistura com ela [...]" (FERREIRA, 1979, p. 58). Por outro lado, é
interessante observar que o planejamento tem fases e características diferenciadas
para as diferentes situações. Essas características apontam a complexidade dos
planejamentos e ao mesmo tempo a importância que eles têm no campo
educacional, tornam-nos singulares e devem ser conhecidas, considerando que
todos os profissionais da educação refletem e desenvolvem ações dessa natureza.
O planejamento não exige uma sequência de atividades rígidas e absolutas.
Ao considerarmos as características do planejar, notamos que esse ato está
relacionado a uma condição inerente ao ser humano e demanda organização,
previsão, antecipação e, em certa medida, intuição. Esses movimentos têm como
foco a realização dos objetivos definidos. Portanto, planejar trata-se de um processo
flexível, e não de um produto acabado, pronto e rígido.
Esse processo precisa ser visto como algo adaptativo e flexível. E essa visão
colabora para evitar improvisações e repetições em função da orientação realizada
com base na tomada de decisões. Nesse sentido, a tomada de decisões comporta
uma sequência de ações marcadas por intencionalidades. Dessa forma, não há que
se falar em neutralidade, pois se define o que se quer planejar. A materialização do
planejamento se dá por meio de planos, programas, projetos e correlatos.
95
Na perspectiva empresarial, o planejamento se divide em operacional, tático
e estratégico. O plano estratégico se refere ao que fazer, ou seja, ao objetivo e é
estabelecido a longo prazo, com importante capacidade de previsão e baixa
condição de executoriedade, dado que se trata de uma atuação mais ampla. O
plano tático define as ações, institui o como fazer e está mais no plano gerencial;
portanto, a previsibilidade e a executoriedade são médias ou intermediárias. Já o
plano operacional diz respeito ao fazer, e como executam suas ações no dia a dia,
no desenvolvimento concreto das atividades; desse modo, tem uma baixa
previsibilidade, mas uma alta executoriedade.
Essa ideia típica do mundo empresarial nos ajuda a pensar alguns pontos do
universo escolar. A título de exemplo, podemos fazer essa análise com enfoque na
educação: o Plano Nacional de Educação (PNE), por se tratar de um documento
que define objetivos, metas e estratégias, pode ser compreendido como um
planejamento estratégico em articulação do MEC com os entes federados. Já o
Projeto Politico-Pedagógico (PPP), por analogia, refere-se ao planejamento tático.
Por sua vez, o planejamento operacional pode ser interpretado como sendo o que
se realiza na sala de aula.
O planejamento é sempre uma opção político-pedagógica daqueles que o
realizam, constitui-se como uma base para a organização do trabalho pedagógico
e orienta o processo de ensino aprendizagem. Desse modo, precisa-se partir de uma
avaliação diagnóstica e visar ao conhecimento da realidade em foco. A avaliação
diagnóstica colabora para a construção de um planejamento adequado e coerente
com o compromisso de transformação da realidade, porque a educação busca a
formação e a construção do sujeito.
Com o propósito de ampliar a sua compreensão acerca dos assuntos tratados nesse
capítulo, recomendamos incluir no rol de suas leituras complementares o livro eletrônico
Organização e Legislação da Educação, cuja referência é a seguinte: HEIN, Ana Catarina
Angeloni (Org.). Organização e Legislação da Educação. São Paulo: Pearson Education
do Brasil, 2019. Esse trabalho pode ser acessado na Biblioteca Pearson por intermédio do
seguinte link: https://bit.ly/3qp2gSn. Acesso em: 28 nov. 2020.
Além disso, é relevante considerar que a realidade das nossas escolas implica
96
pensar o planejamento distante de posições que manifestam uma visão
individualizante, centralizadora, homogênea, hierárquica e excludente. A
perspectiva compatível com os debates educacionais e com o foco no estudante
sugere a participação de todos, de modo a expressar a conciliação das visões do
coletivo; a pluralidade de ideias como valor fundamental; a descentralização das
decisões, de modo a promover a inclusão das pessoas; e a compreensão de que
todos podem colaborar para o processo de aprendizagem em um ambiente escolar.
Nesta perspectiva, vale a pena conhecer os princípios e características do
planejamento educacional.
Tendo em vista os princípios e as características do planejamento
educacional, podemos afirmar que o planejamento, como mencionamos
anteriormente, precisa ser viável e executável e estar adequado ao contexto em que
está inserido. Para tanto, em sua elaboração, devem ser considerados alguns
princípios e características importantes, como continuidade, organicidade, previsão,
clareza, flexibilidade, objetividade, realismo etc.
Entre tais princípios, destacamos três: a hierarquização dos objetivos; a
precedência do planejamento educacional; e a abrangência ou a participação.
Além disso, do ponto de vista do princípio da hierarquização dos objetivos, é notório
o fato de que o planejamento educacional precisa ter sempre uma finalidade, um
propósito relacionado aos objetivos máximos da instituição.
Sendo assim, os planejamentos, relacionados às necessidades do sistema
educacional, expressam seus objetivos em forma de políticas, normas e leis. Esse
princípio assegura que qualquer ação a ser realizada, quer seja pelo Ministério da
Educação, quer seja pela escola, esteja relacionada aos objetivos mencionados na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/1996) e,
concomitantemente, às políticas públicas que regem a educação no país. Não há
como construir um planejamento com objetivos que contrariam os princípios
demandados pela LDB 9394/1996 ou pela nossa Constituição Federal de 1988, as
quais são nossas maiores leis.
Já o princípio da precedência do planejamento educacional implica
pensarmos que quando comparamos a outras funções desenvolvidas pelas
instituições educacionais, o planejamento educacional possui grande
relevância. Qualquer que seja o trabalho a ser realizado, seja em âmbito nacional,
seja em uma pequena escola ou em uma sala de aula, as ações deverão ser
97
intencionais, portanto, precisam ser planejadas para contribuir para a qualidade da
educação.
E, por sua vez, o princípio da abrangência ou da participação repercute no
entendimento de que, na maioria das vezes, o planejamento provoca a necessidade
de realizar mudanças para alcançar os objetivos traçados pela instituição
educacional. Essas mudanças poderão mobilizar pessoas, exigir o compartilhamento
de ideias, ampliar e requerer a divisão de responsabilidades entre a equipe de
participantes e a seleção de novos recursos e meios. Exigirá, ainda, outras
competências e habilidades de negociação, bem como o consenso na
compatibilização dos interesses do grupo ou dos grupos, em especial, a substituição
de novos artefatos tecnológicos.
Antes de discutir as fases dos diferentes níveis dos planejamentos educacionais
propriamente ditos, é fundamental apresentar os elementos necessários para ampliar
a compreensão dos planejamentos abordados, o que faremos a partir do Quadro 1.
Terceiro Objetivos
Quarto Finalidade
Quinto Metas
98
planejamento. É importante ressaltar que, na prática, estas fases, na maioria das
vezes, não se apresentam de forma isolada e facilmente reconhecíveis.
Primeira Diagnóstico
Segunda Programação
99
universo do planejamento, o qual demanda estar aberto e preparado para
alterações à medida em que se incorporam novas sugestões e realidades ao
processo em desenvolvimento.
A título de elucidação, exploraremos o planejamento educacional, curricular,
de ensino e de aula como meios de alargar o entendimento acerca dos seus pontos
de diálogo e contribuições para o fazer educacional.
Considerando os níveis de interações no campo do planejamento da
educação, é essencial compreender que o planejamento é o processo de
abordagem racional e científica dos problemas de educação, incluindo definição
de prioridades e levando em conta a relação entre os diversos níveis do contexto
educacional, como destaca Ribeiro (2010, p. 4).
Em tal ponto de vista, trata-se de iniciativas com implicações diretas nas
decisões tomadas, dado que, a rigor, também se planeja a própria decisão sobre a
área educativa com repercussões diretas no projeto ou política educacional que o
Estado e o governo orientam para a sociedade do país.
O Planejamento Educacional quanto à sua abrangência, pode ser
classificado como estratégico, amplo, sistêmico e de longo prazo, por exemplo, o
Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024), cuja duração é de uma década. O
planejamento curricular, que pode ser estadual ou municipal, alinha-se ao
Planejamento Educacional e orienta o conjunto de saberes ou conhecimentos que
devem ser trabalhados nas escolas da educação básica. Já o Planejamento de
Ensino orienta o trabalho docente, o plano de ação ou o plano didático, que envolve
a execução do processo de ensino e aprendizagem, articulando, ainda, a execução
das ações dos gestores e dos professores.
Esse nível de planejamento exige uma tomada de decisões sobre aspectos
educacionais em seu conjunto. A sua elaboração requer a proposição de objetivos
a longo prazo, definindo, por exemplo, uma política de educação. É realizado por
órgãos máximos, como as instituições governamentais a nível federal, por exemplo,
a LDB 9394/1996 e os Planos Nacionais de Educação.
O Quadro 3 dá visibilidade aos níveis de planejamento pertencentes à prática
da educação em nossa sociedade, explorando as suas modalidades e as
características mais relevantes para a compreensão das suas interrelações e
orientações das atividades educativas em suas distintas etapas da educação básica
e superior.
100
Quadro 4: Níveis de planejamento educacional e suas interações
Planejamento Educacional
Programas (conjunto de projetos
de uma determinada área/órgãos
Planos nacionais, estaduais, em um prazo determinado) e
Responsável por incorporar as
distritais e municipais de projetos (produto do
políticas educacionais em uma
educação planejamento, no qual se registra o
cobertura ou escala mais ampla, cujas
que se quer alcançar) de Estado e
decisões são a nível nacional, estadual,
de Governo.
distrital e municipal.
Planos de curso
Planejamento Curricular
Matriz curricular
Planos de ação
Plano de unidade
Abarca atuações concretas dos
Unidade: ações destinadas a cada
docentes no ato pedagógico, ações
uma das partes da disciplina
assentadas nas interações professor- Plano de aula
estudante e estudante-estudante.
101
[...] planejamento é uma tarefa educativa que inclui tanto a previsão
das atividades didáticas em termos da sua organização e
coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão
e adequação no decorrer do processo de ensino” (LIBÂNEO, 1994, p.
221).
102
querem o Planejamento Participativo para organizar a escola, mas não como um
instrumento de transformação social”.
103
[...] previsão inteligente e bem calculada de todas as etapas de
trabalho escolar que envolvem as atividades docentes e discentes, de
forma a tornar o ensino seguro, econômico e eficiente. Previsão de
situações específica do professor com a classe. Processo de tomada
de decisões bem informadas que visam a racionalização das
atividades do professor e do aluno, na situação de ensino
aprendizagem, possibilitando melhores resultados e, em
consequência, maior produtividade (TURRA et al., 1975, p. 19)
Qualquer que seja o tipo de plano de ensino, é importante que seja coerente
com fundamentos conceituais e metodológicos inseridos em uma prática
pedagógica socializadora e promotora do processo de construção do
conhecimento, na qual o professor passa a ser mediador e criador de situações de
aprendizagem para que o aluno aprenda. Sendo assim, a atuação do professor é
intencional – sabe aonde é preciso chegar, reflete sobre o que precisa ser feito para
alcançar o objetivo –, aproveitando os ventos e as correntes favoráveis, estudando
novas rotas caso seja necessário.
E, para isso, faz-se necessário que o professor planeje suas atividades
pedagógicas. Libâneo (1994, p. 222) define o plano de ensino como “[...] um
documento mais elaborado, no qual aparecem objetivos específicos, conteúdos e
desenvolvimento metodológico”. No planejamento de ensino, cabe ao professor
criar situações de aprendizagem, envolvendo a “[...] problematização dos
conteúdos, a coordenação das equipes de trabalho, a sistematização das
experiências de aprendizagem, as quais valorizam e possibilitam o diálogo entre
culturas e gerações” (SILVA, 2002, p. 70).
O plano de curso, por sua vez, é definido por Vasconcellos (1995, p. 117) como
“[...] a sistematização da proposta geral de trabalho do professor naquela
determinada disciplina ou área de estudo, numa dada realidade. Pode ser anual ou
semestral, dependendo da modalidade em que a disciplina é oferecida”.
104
Na mesma direção, Saviani (2003) defende que o processo de ensinar insere-
se na dinâmica que favorece a consolidação de conhecimentos, os quais permitem
o desenvolvimento de capacidades para a intervenção na realidade. Esses
mecanismos sociais e culturais são cruciais para que as camadas populares possam
ocupar melhores condições para o enfrentamento de desafios que se apresentam
no atual momento histórico. Nesse contexto, o papel do professor é fundamental
para a ampliação dos horizontes dos estudantes. O plano de aula deve abordar esses
aspectos, que também estão pontuados no Quadro 4.
Componentes Descrição
105
Os objetivos educacionais são as metas e os valores mais amplos que
a escola procura atingir, e os objetivos-instrucionais são proposições
mais específicas referentes às mudanças comportamentais esperadas
para um determinado grupo classe. O conteúdo refere-se à
organização do conhecimento em si, porém, com base nas suas
próprias regras, ele é um instrumento básico para poder atingir os
objetivos. Torna-se necessário um bom critério de seleção na escolha
dos conteúdos mais centrados, mais importantes e mais atuais. O
conteúdo selecionado precisa estar relacionado com os objetivos
definidos. O mais importante é o fato do professor estar apto a
levantar a ideia central do conhecimento deve trabalhar em sala de
aula [sic] (CONCEIÇÃO et al., 2016, p. 8).
Concepção de aprendizagem
106
Tempo disponível do trabalho pedagógico
107
Antes de elaborar o plano de aula, o professor precisa acessar o site da BNCC
<basenacionalcomum.mec.gov.br> e, ao encontrar os três arquivos principais
disponibilizados: BNCC para navegação, BNCC em PDF e BNCC em planilha,
recomendamos clicar em BNCC em PDF, opção que permite baixar o documento que
norteia toda a educação brasileira. O docente pode ler todo o conteúdo e, conforme a
necessidade, buscar o seu componente curricular e o ano ou série. De acordo com cada
unidade temática, há os objetos de conhecimento. Depois de localizar a unidade
temática e o objeto de conhecimento, o professor pode elaborar o planejamento de
aula, pois essa indicação deve decorrer da unidade e do objeto. Para registrar a
habilidade, deve-se escolher uma das habilidades referentes à unidade temática e o
objeto de conhecimento selecionados. No geral se registra apenas uma habilidade para
cada aula, de acordo com cada disciplina. O local da aula e a duração dependem das
orientações e das regras da instituição educacional na qual se trabalha. Os objetivos
devem expressar conexão direta com o tema ou título, e os objetivos específicos podem
ser até três. A maior especificidade expressa a capacidade de síntese e de clareza do
professor em relação ao conhecimento em apreciação. Quanto mais a linguagem for
direta, clara e objetiva, melhor. É relevante inserir quais são os conhecimentos prévios
trabalhados. Essa manifestação ajuda o aluno aentender quais são os conhecimentos
que já foram trabalhados e dos quais ele terá que se valer para ter um desempenho a
contento na sala de aula.
108
Para complementar seus estudos, faz-se relevante a leitura do livro eletrônico Métodos e
técnicas de ensino, cuja referência é a seguinte: TOLEDO, Maria Elena Roman de Oliveira;
OLIVEIRA, Simone Machado Kühn de. Métodos e técnicas de ensino. Porto Alegre: SAGAH,
2019. Esse trabalho pode ser acessado na Minha Biblioteca Única, por intermédio do
seguinte link: https://bit.ly/2OGRKYT. Acesso em: 28 nov. 2020.
109
FIXANDO O CONTEÚDO
110
( ) I - debate, uso de tecnologias digitais e proposição de exercícios que
recorrem à memorização.
( ) II - diálogo, troca de experiências e proposição de situações desafiadoras
que colocam o pensamento dos alunos em movimento.
( ) III - debate crítico e dialógico, uso de atividades repetitivas e aplicação de
procedimentos já consagrados entre os saberes docentes
( ) IV - provocação, disposição de objetos e situações e manutenção de
relações já existentes entre os alunos e os conhecimentos a serem ensinados.
Analise cada uma das assertivas acima. Para isso, use (V) se for verdadeira e (F) se for
falsa. Em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) F – F - V - V
b) F – V – F - F
c) V - V- V- F
d) V – F - F - V
e) V – V – F -F
111
de curso e plano de aula.
d) o planejamento global da escola, que envolve o processo de reflexão, de
decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da
instituição.
e) uma ferramenta gerencial que auxilia a escola a realizar melhor o seu trabalho:
focalizar sua energia, assegurar que sua equipe trabalhe para atingir os mesmos
objetivos e avaliar e adequar sua direção em resposta a um ambiente em
constante mudança. É considerado um processo de planejamento estratégico
desenvolvido pela escola para a melhoria da qualidade do ensino e da
aprendizagem. Define diretrizes, objetivos e metas estabelecidas pela Unidade
escolar.
112
V - O diálogo e o debate democrático são fundamentais para a produção de
critérios coletivos na orientação do processo de planejamento participativo, pois
significados comuns são estabelecidos corroborando para a identifcação destes
na escola.
a) Plano de Aula.
b) Projeto Político-pedagógico.
c) Prestação de Contas.
d) Avaliação dos Estudantes.
e) Escolha do Livro Didático.
a) Planejamento Curricular.
b) Planejamento da Escola.
c) Planejamento Educacional.
d) Planejamento de Curso.
113
e) Planejamento Pedagógico.
a) objetivos da escola.
b) recursos e meios.
c) procedimentos metodológicos.
d) avaliação dos alunos.
e) diagnóstico dos estudantes.
114
PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO UNIDADE
115
Por esse ângulo, a avaliação demanda reflexão acerca da sua centralidade em nossa
sociedade capitalista e das consequências resultantes dessa tendência nos rumos das
vidas dos professores, dos alunos, das escolas e dos sistemas escolares. Em tal horizonte,
assinala-se que a avaliação em si não é um problema, mas a maneira como tem sido
tratada e desenvolvida torna-se um óbice para a qualidade e o desenvolvimento da
educação.
116
educacionais, “[...] para que se compaginem, em todo o mundo, os modos de
organizar dos sistemas educativos, a definição do que importa ensinar e aprender, o
reconhecimento do tipo de saberes que devem ser considerados válidos e legítimos”
(TERRASÊCA, 2016, p. 161).
Apesar desse cenário, realçamos que novas possibilidades têm figurado com
a reorientação de estudos com as instituições da educação básica em uma relação
horizontal, na qual se concebem novos horizontes para a avaliação da educação
com base na prática dos professores e nas realidades dos sujeitos para os quais o
ensino é destinado. É passar a pensar com o sujeito concreto, e não ficar restrito a
escrever sobre ele.
É salutar registrar que a dedicação de tempo para os exames sem a devida condução
crítica e fundamentada tem o poder de colaborar para o aprofundamento da crise
contemporânea associada às forças econômicas de recomposição do capitalismo
mundial. Os desafios dessa nossa época implicam pesquisar novos referenciais e, dessa
maneira, impulsionam os países a buscar soluções para o problema de aprendizado
como forma de conseguirem reagir diante do novo tempo.
117
[...] quando confinada ao controle de certa conformidade com a
norma, a avaliação inibe o exercício da autonomia do profissional,
confinando os docentes a um papel de meros aplicadores do modelo
considerado de referência e de recoletores das evidências do seu
cumprimento (TERRASÊCA, 2016, p. 169).
118
aprovação em exames promovidos pelo Estado. Dessa forma, surge, nessa época
“[...] sistema de exames para verificar a formação específica para atender às
necessidades de uma nova hierarquia social e burguesa” (ESCUDERO, 2003, p.12).
119
sistema de atribuição de notas e o comportamento dos examinadores e
examinandos” (GURGEL, 2003, p. 70), contribuiu para alcançar avanços significativos
em seus referenciais teóricos e procedimentos metodológicos.
Nesse período, de 1920 a 1930, nos Estados Unidos, a avaliação começa a
sofrer uma redução, podendo ser interpretada por alguns como exame, resultante
da obsessão pelo uso da avaliação para medir o rendimento escolar. De 1930 a 1940,
busca-se fazer uma ponte entre avaliação e aprendizagem
120
macroanálises, de programas, avaliação institucional e autoavaliação" (GATTI, 2002,
p. 17).
Mesmo com todo esse avanço, ainda predomina a visão de avaliação
educacional relacionada a rendimento escolar, que se popularizou e é assumida no
cotidiano como algo natural e acabado. Em nossas escolas esse movimento se
constituiu, ao longo de centenas de anos, como uma cultura predominante em
função de ter surgido no Brasil como meio para a formação das elites (GATTI, 2002, p.
18).
Note-se que, nos anos [19]60 e início dos [19]70, ainda não se discutem
a reprovação escolar em massa que se processava no ensino
fundamental e a evasão de alunos, que tinha foros dramáticos. Nas
escolas, fazer alunos ‘repetirem’ o ano, por ‘avaliações rigorosas’,
tornou-se ‘natural’. O fato de se eliminarem alunos das escolas,
especialmente os de baixa renda, pelo insucesso ininterrupto, não era
questionado.
Como avaliar é mais do que medir, não podemos reduzir o campo da avaliação apenas
à aplicação de exames, como o Enem e o Enade. Um dilema presente nesse contexto é
o fato de que o uso inadequado da avaliação, ao longo da nossa história, legou uma
rejeição dos educadores ao debate e à produção de conhecimento nessa temática.
121
sistemas, percebemos o investimento em instrumentos objetivistas calcados na lógica
de uma pedagogia tecnicista, herança das experiências dos Estados Unidos e da
Inglaterra. Os vestibulares unificados em 1969 são uma demonstração da incursão
dessa orientação metodológica no Brasil e da sua utilização em larga escala.
Os testes objetivos ingressaram também no horizonte da escola básica e
disseminaram “a avaliação educacional ligada à operacionalização de objetivos
instrucionais e à operacionalização de competências e níveis de habilidades, na
maioria dos casos com base na taxonomia de Benjamin Bloom” (GATTI, 2002, p. 21).
A postura que o Ministério da Educação tem assumido, desde o final dos anos
1980, é edificar os meios e as instruções técnicas para a avaliação da educação
básica, cumprindo o seu papel de avaliador, sem adentrar em questões como as
condições para a qualidade dos sistemas e os seus fatores associados.
122
governos realizam as avaliações em uma perspectiva que trata a avaliação como
pura pesquisa científica, não se comprometendo com a vinculação a políticas
educacionais ou subsídios para a reorientação das gestões escolares.
A pesquisa avaliativa na educação básica teve seu início nos anos 1960, com
destaque para a que ocorreu em 1966: “nesse período, a equipe do CETPP elaborou
um conjunto de provas objetivas para as últimas séries do ensino médio, nas
áreas de Linguagem, Matemática, Ciências Físicas e Naturais e Estudos Sociais”
(GATTI, 2014, p. 12). Essa iniciativa da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Rio de Janeiro)
foi a primeira pesquisa abrangente destinada ao ensino médio, voltada a verificar o
rendimento dos estudantes e dos fatores associados (sexo, nível socioeconômico) a
eles (GATTI, 2014).
Em termos de avaliação de políticas e programas educacionais são
registradas iniciativas, no final dos anos 1970, que tinham como escopo avaliar a
política nacional de educação, “enfocando a seletividade da educação, utilizando-
se desde dados demográficos até estudos de caso” (GATTI, 2014, p. 14).
Sem dúvida, pesquisas de avaliação nessa perspectiva iluminam outras
possibilidades e melhorias das políticas públicas educacionais, pois contribuem com
o poder público com informações de qualidade que podem servir para o
planejamento e a gestão da educação e, assim, promover o avanço da qualidade
da educação.
Já as avaliações externas de sistemas escolares foram impulsionadas pelas
discussões que se sucederam no final dos anos 1980, as quais ampliavam o debate
acerca dos indicadores de fracasso escolar. Vale ressaltar a primeira experiência,
ainda na década de 1980.
123
aquilatar se um processo de avaliação mais amplo por
parte do Ministério seria viável e traria resultados relevantes. A
avaliação foi feita nas 1as, 3as, 5as e 7as séries de escolas públicas em
10 capitais de Estados, com provas em Língua Portuguesa (com
redação), Matemática e Ciências. Foi um estudo piloto para verificar
a viabilidade do processo, como as administrações estaduais e as
escolas receberiam esse tipo de avaliação, se as provas seriam
dequadas, etc (GATTI, 2014, p. 17).
Essa avaliação foi realizada com base na Teoria Clássica dos Testes e enfrentou
desafios, como a ausência de um currículo nacional comum, que só conseguimos
efetivar agora com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Na atualidade,
podemos contar com o amadurecimento baseado nas experiências de avaliações
e reflexões teóricas encampadas na academia e nas instituições de pesquisa sob a
coordenação dos órgãos públicos.
E, ao olharmos para essa caminhada, é notório que a avaliação assumiu um
papel essencial para as políticas públicas educacionais e para as ações de
planejamento dessa área, uma vez que se constitui um elo crucial para o
planejamento e o acompanhamento das ações educativas.
124
FIXANDO O CONTEÚDO
125
a) modificar os procedimentos de avaliação.
b) ampliar as oportunidades de qualificação.
c) descartar a obrigatoriedade de alfabetizar.
d) repensar as estratégias de curricularização.
e) alterar a permanência dos alunos na escola.
126
promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental, e carga horária mínima
anual de 800 horas, distribuídas por um mínimo de 200 dias de trabalho
educacional.
d) acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, e provas
objetivas, com a finalidade de promoção para o acesso ao Ensino Fundamental,
e carga horária anual de, no mínimo, 850 horas, distribuídas por um mínimo de 200
dias de trabalho educacional.
e) acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de
promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental, e carga horária mínima
anual de 700 horas, distribuídas por um mínimo de 180 dias de trabalho
educacional.
127
c) obrigatoriedade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar,
independentemente da verificação de aprendizado.
d) obrigatoriedade de estudos de recuperação paralela, de preferência fora do
período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar.
e) obrigatoriedade de aplicação de provas finais como condição para o avanço
nos cursos e nas séries.
128
e) os testes aplicados na seleção de candidatos a emprego pelos setores de RH.
129
AVALIAÇÃO COMO MEDIAÇÃO UNIDADE
DO CONHECIMENTO
130
ser entendida como parte fundamental desse processo, dos quais podemos citar
outros componentes, a exemplo do próprio ato de planejar. É salutar ter em vista que
o objetivo da formação na escola é a aprendizagem. A aposta na educação, e por
conseguinte na avaliação, é focar no sucesso das ações, pois não faz sentido pensar
em um esforço educacional com a finalidade de conduzir para o fracasso.
131
Figura 8: A sala de aula como fonte de aprendizagem
132
grande suporte para a aprendizagem. Cada um se apropria da experiência a partir
de sua individualidade e de nossa cultura. No entanto, há uma parte da
aprendizagem que é objetiva, que é específica da escola, à qual só é possível ter
acesso pela escola.
Assim, a avaliação é a auxiliar da decisão – ajuda-nos a avaliar a qualidade
do ensino oferecido – e se equipara à investigação científica, tentando entender
como a realidade funciona. Este é o seu papel: revelar que pode adicionar
elementos para os que decidem o que fazer e colaborar para a melhoria da vida
educacional no ambiente escolar.
Tendo feito essa incursão no pensamento de Luckesi (1986; 1991; 1997),
podemos valer-nos também das posições teóricas de Vasconcellos (1992; 2000), o
qual apresenta que, para a mudança da avaliação, é preciso partir da prática,
refletir sobre ela e transformá-la. Ação-reflexão-ação envolve a tomada de decisão,
e assim se configura o processo de avaliação como contínuo.
O encontro com o conhecimento conduz a criança para uma alegria
profunda, que envolve a atividade de estudo. O elemento constante para o
aprender associa-se com o vínculo e, sem dúvida, com o investimento no profissional
professor, que se avalia e faz-se sujeito na intervenção pedagógica, que aproxima o
educador do educando, lançando um outro olhar e possibilitando uma interação
verdadeira. Formar bem desde cedo é um projeto que repercute na vida sem se
prender a uma preparação desconectada da realidade dos alunos, e a avaliação
é crucial para essa construção (VASCONCELLOS, 1992).
133
acontece cada vez mais cedo na vida do estudante com a dosagem certa e a
sensibilidade que a avaliação demanda.
Podemos assinalar, com base em Vasconcellos (2000)que o grande entrave
da avaliação é o seu uso como controle. Esse uso repercute uma tradição que se
associa à percepção inicial do professor que, em muitos casos, implica a
incorporação de preconceitos e discriminações que levam a uma postura de
opressão social que se materializa na desigualdade ou na exclusão educacional.
A escola tradicional, que expressava uma ideologia liberal relacionada à ideia
de recompensa para quem conseguisse vencer, não conseguiu proporcionar um
legado de inclusão na nossa sociedade e distanciou a educação do seu sentido mais
nobre, que é a qualificação ou a formação para a cidadania. Dito isso, entendemos
que o papel político da avaliação tem se estabelecido no Brasil como um problema,
em razão de assumir uma face excludente e de uma suposta seleção social, cujos
pressupostos legitimam o sistema dominante.
Faz-se necessário distinguir o estudo para aprender daquele que se realiza
com o propósito de conseguir uma determinada nota. Precisamos superar o quadro
do exame pelo exame como forma de justiça social, pois para o exercício da
cidadania é preciso determinado coeficiente educacional. A educação é um
recurso valioso para a transformação social.
Para Vasconcellos (2000), é preciso uma compreensão do papel da avaliação
para não cair no autoritarismo ingênuo, muitas vezes efetivado até mesmo por
comodidade. A mudança da mentalidade está relacionada à alteração da prática:
deve-se pensar o sentido do objeto do conhecimento que está sendo ensinado, ou
seja, o sentido do próprio estudo deve ser levado em conta para que a compreensão
do significado se efetive.
Abordar as questões da prática pedagógica sem se ter um roteiro ou um
método fixo abre caminho para uma construção de base ou sustentação com
capacidade de promover mudanças no conjunto das escolas. A mudança exige
resgatar a dialeticidade entre o geral e o particular, assim como desfazer-se do
autoritarismo vazio e desconectado com a realidade educacional que se relacionou
fortemente ao processo avaliativo.
Os educadores devem estar atentos para não promoverem avaliações que
colaborem para o abandono do estudo por parte dos estudantes, com destaque
para situações de formações que envolvem jovens e adultos, dado que no passado
134
foram removidos da escola por algum motivo e agora em uma nova oportunidade
de formação não podem ser conduzidos a desistir. O educador na avaliação
diagnóstica tem o papel de mapear o conhecimento prévio sem gerar tensões ou
reativar seus bloqueios.
135
alterado. O docente, desse modo, deve atuar na Zona de Desenvolvimento Proximal
de cada aluno, já que todos têm potencial para aprender (FINO, 2001).
136
O estudante é o foco do aprendizado que exige uma entrega dos mestres
para serem reorientados pelos seus educandos, porque precisam investir na
formação de sua sensibilidade para olhar a criança sem preconceito, sem
discriminação, com profunda curiosidade, buscando o sentido e o encontro com o
outro. A cooperação deve ser o ponto-chave para a aprendizagem e para a
resolução dos problemas escolares, que se sustentam, em boa medida, na lógica da
desconfiança. A confiança e a responsabilidade com o cidadão do futuro fazem
com que se viva bem e com o sentido adequado para a vida. É preciso enxergar a
criança que está na escola sem o discurso meloso e sem o cientificismo exagerado.
A fundamentação em uma pedagogia afetiva é crucial para o sucesso escolar
(VASCONCELLOS, 1992; 2000).
137
modelos de avaliação de natureza qualitativa entendidos como alternativas,
realizados na relação professor-aluno.
A partir de Grego (2012), entendemos que esses esforços conjugam a
compreensão de que não é discriminando pessoas que se garante aprendizagem.
Desse modo, os desafios atuais passam pela compreensão de que os educadores
precisam se preocupar com os rumos assumidos pela educação, e, de modo
especial, pela avaliação, para que se consiga assumir a melhor orientação possível
com base na avaliação e que isso repercuta em maior impacto na aprendizagem
dos educandos. De fato, não existe um modelo ideal de avaliação, mas o que se
pode conquistar ou agregar na reflexão avaliativa é a consolidação de novos
saberes para viabilizar o aprendizado dos estudantes.
O Brasil precisa garantir aprendizagem e educação equitativa e de qualidade
ao longo da vida para todos. É um compromisso assumido na Declaração Mundial
de Jomtien, aprovada pela Conferência Mundial sobre Educação para Todos, na
Tailândia, de 5 a 9 de março de 1990.
138
educativas e, por conseguinte, avaliativas na sociedade.
O que é avaliar? Para responder essa questão, recorremos aos ensinamentos de Hoffmann (1994) que nos
traz uma reflexão na perspectiva de superar o escopo meramente sentencioso e classificatório.
Ao analisarmos essa visão exposta por Hoffmann (1994; 1991) notamos que a
avaliação, em essência, pode ser compreendida como sendo muito mais que um
caminho para a aprendizagem. Ela tem em si como finalidade a aprendizagem dos
estudantes e, dessa forma, precisa se caracterizar como uma ação reflexiva e
desafiadora para o educador (HOFFMANN, 1994). Apresentamos o Quadro 5 com o
propósito de expor os pontos centrais da concepção pedagógica da avaliação da
aprendizagem.
Quais são os a) todos os alunos aprendem sempre (princípio ético de valorização das diferenças);
princípios b) aprendem mais com melhores oportunidades de aprendizagem (princípio
basilares pedagógico de ação docente investigativa);
da educação c) aprendizagens significativas são para toda a vida (princípios dialéticos de
mediadora? provisoriedade e complementaridade).
139
Quais são as a) observar os aprendizes um por um;
intenções
b) analisar e compreender suas diferentes estratégias de aprendizagem;
do processo
c) delinear estratégias pedagógicas que favoreçam a melhoria de suas aprendizagens.
avaliativo
mediador?
O que movimenta
os elementos da
Observação-reflexão-ação-energia constante.
ação educativa?
140
Com base em pesquisas no campo da avaliação educacional, constatamos
que a realidade educacional brasileira ancora-se em práticas avaliativas, em suas
distintas etapas e modalidades, que impulsionam o nosso processo educacional para
o “[...] fortalecimento da prática de julgamento de resultados alcançados pelo aluno
e definidos como ideais pelo professor” (HOFFMANN, 1994, p. 51). Considerando essa
realidade, entendemos ser relevante pontuar com posicionamento acerca dos
fatores que contribuem para a manutenção dessa concepção:
141
Figura 71: Como o educando aprende?
142
O pensar sobre o aluno por si só já é uma reflexão que conduz para o uso de
um recurso em detrimento de outro. A avaliação colabora para o replanejamento
em benefício dos alunos. Cada aluno precisa ser considerado em suas manifestações
distintas de aprendizagem. A observação do estudante na sala de aula não é fácil,
mas é necessária para a qualidade do ensino. Não tem como dar aula sem um olhar
avaliativo, é preciso uma tomada de consciência do todo sem desconsiderar as
individualidades.
O professor precisa ter a consciência de que existem aprendizados diferentes
e cada um aprende de modo singular, a partir de seus contextos socioculturais e de
sua experiência de vida. A esse respeito, Astolfi (1990) nos esclarece, de modo
especial, que
143
FIXANDO O CONTEÚDO
a) A avaliação deve ser como um controle permanente exercido sobre o aluno para
que ele demostre comportamentos definidos como ideais pelo professor.
b) Somente o sistema de avaliação tradicional e classificatório assegura um ensino
de qualidade.
c) A manutenção das provas e notas é a garantia do sucesso do processo de
ensino/aprendizagem.
d) A avaliação deve ser como uma ação provocativa do professor, desafiando o
aluno a refletir sobre as situações vividas, a formular e reformular hipóteses
encaminhando-se a um saber enriquecido.
e) A avaliação deve ser classificatória, pois somente dessa forma o aluno se tornará
capaz de enfrentar a sociedade competitiva.
144
a) ultrapassam os estudos sobre teorias de avaliação e demandam o
aprofundamento em teorias do conhecimento e áreas específicas de trabalho
dos professores.
b) repousam no estudo das teorias de medidas educacionais e tratamentos
estatísticos.
c) priorizam a elaboração de instrumentos e registros de avaliação que devem ser o
ponto de partida dessa discussão.
d) valorizam o significado da avaliação que ocorre nas escolas em detrimento da
avaliação que se processa em nosso dia a dia, dos atos diários.
e) apontam a necessidade de separar o tempo de agir (dar aulas, explicações,
exercícios) do tempo de pensar, refletir, julgar resultados.
145
proporcionando momentos de troca de ideias.
e) atividade avaliativa, quando bem elaborada, permite ao professor atribuir pontos
às tarefas realizadas pelos alunos, a partir do número de acertos.
146
a) valoriza as manifestações e os interesses dos alunos.
b) confia na possibilidade de os alunos construírem suas verdades.
c) utiliza a avaliação como instrumento de controle e autoritarismo.
d) valoriza a reciprocidade neste processo.
e) valoriza a cooperação e o diálogo com os alunos.
147
AVALIAÇÃO E POLÍTICA PÚBLICA UNIDADE
148
porque manifesta um entusiasmo exagerado que desqualifica o debate e elimina a
dimensão crítica que é fundamental. Por outro lado, “[...] há, também, oposição às
avaliações externas, recusando-as completamente, como se fossem o sinônimo de
um ‘mal’ desprovido de qualquer significado ou importância, sem nenhuma validade
e consistência.” (ALAVARSE, 2013, p. 45).
149
la. Este fato não deve servir de desmotivação a ponto de não se buscar a exploração
da mensurabilidade da qualidade. Um caminho a ser percorrido inevitavelmente é a
procura por elementos da qualidade que se manifestam e que são passíveis de serem
quantificados. Para tanto é preciso assumir um olhar sensível em relação ao ambiente
escolar: a) currículo refletindo sobre a carga horária das disciplinas e se a escola
funciona em tempo integral; b) condições de ensino com enfoque na estrutura da
escola; c) taxas de matrícula, rendimento e transição que dão uma ideia completa
do fluxo; e d) provas padronizadas para medir as proficiências dos estudantes
(ALAVARSE, 2013).
Avaliar é, sobretudo, aprender com a realidade. É procurar entender por que
um programa ou ação deu certo, ou de modo oposto, por que não deu certo; é
também procurar entender o que deveria ser feito para contornar obstáculos e
alcançar os objetivos previstos. Um desafio importante no campo da gestão das
políticas públicas é fazer com que a avaliação e o monitoramento sejam não apenas
institucionalizados, mas vistos como instrumentos necessários para o desempenho dos
programas e políticas.
Conforme Freitas e Pila (2009), a avaliação educacional é entendida como
um campo do conhecimento, dividido em três níveis principais: avaliação da
aprendizagem, avaliação da instituição e avaliação do sistema.
A avaliação da aprendizagem refere-se especialmente à supervisão dos
alunos, cujas responsabilidades são assumidas apenas pelos professores e pelas
escolas (DOURADO; OLIVEIRA, 2009).
Na avaliação de instituições, incorporamos a avaliação de cursos e programas
educacionais como subníveis, levando em consideração que, ao avaliar instituições,
buscamos solucionar problemas e melhorar a nossa compreensão e a compreensão
dos fatores relacionados ao sucesso ou ao fracasso de planos e projetos (BELLONI;
MAGALHÃES; SOUSA, 2003).
Na avaliação do sistema, planos e projetos são incluídos como subníveis na
ponderação em larga escala e na avaliação de políticas, o que é responsabilidade
e um importante instrumento do poder público (FREITAS; PILLA, 2009).
150
Em síntese, os três níveis do processo de avaliação na educação são: o espaço
da sala de aula (aprendizagem); o da instituição, realizado no âmbito da escola
(institucional); e as avaliações externas de responsabilidade do poder público
(sistemas) (FREITAS; PILLA, 2009; FISCARELLI; SOUZA, 2007; LIBÂNIO; OLIVEIRA; TOSCHI,
2008).
Ocorre que, por falta de densidade na gestão para se trabalhar com essa
questão nas escolas e redes de ensino do país, várias incompreensões, utilizações
equivocadas e derivações desses usos descontextualizados da avaliação
conformaram uma excessiva ideologização do debate. O bloqueio não impediu o
avanço da agenda de implementação da política de avaliação, mas prejudicou um
avanço mais estruturante e sistêmico dessa pauta no país, bloqueando o avanço do
debate sobre a qualidade e as virtudes do processo de avaliação e, em especial,
das avaliações externas.
A fratura nesse debate deu-se em contexto de resistência sobre a discussão
de várias outras questões essenciais relativas à gestão da educação do país: gestão
dos sistemas e redes de ensino, de escolas, de pessoas, de recursos e da educação
em Estados e Municípios; desenho de projetos estratégicos e estruturantes;
fortalecimento de densidade técnica gerencial nas equipes de gestão;
desenvolvimento de estratégias para identificar deficiências e desenvolver
competências; habilidades de monitoramento e avaliação de processos, entre
outros.
É importante que a avaliação respeite critérios de pertinência, de coerência,
de eficácia, de eficiência e de oportunidade. Trata-se do uso da avaliação como
instrumento para a melhoria do ensino e dos nossos sistemas de avaliação. Se não
pudermos usar a avaliação para chegarmos aonde queremos, será muito esforço,
humano e financeiro para pouco resultado (NÓVOA, 1992).
151
A partir desse enfoque, a avaliação, quando pensada sob a ótica da gestão
da educação, perpassa todos os três níveis propostos anteriormente e, assim, apoia:
a) a aprendizagem do aluno, em processo que permite a revisão de momentos do
ensino e da aprendizagem, o estímulo ao trabalho didático e o constante apoio ao
estudante, a fim de que se sinta realizado na concretização de seus objetivos
educacionais; b) a gestão da escola, apresentando direção em favor de uma gestão
de excelência; e c) a avaliação da política educacional, a partir de linhas objetivas
na direção da qualidade.
A avaliação não pretende estabelecer um confronto entre alunos, professores,
familiares e administradores escolares, mas permitir um diálogo que leve à melhoria
da qualidade do ensino.
152
educação das redes de ensino. A informação sobre essas avaliações tem
fomentado, de maneira objetiva, a reflexão relacionada à política educacional em
escala internacional.
Um dos pressupostos para o bom uso das avaliações baseia-se, em grande
medida, na garantia que aqueles que projetam e executam a avaliação, como
também os que utilizam seus resultados, possuem as competências adequadas para
fazê-lo. Esse aspecto é crucial para proporcionar a legitimidade necessária para os
responsáveis pela avaliação. Nesse sentido, é cada vez mais marcante a
necessidade de inclusão de atores, como professores, nos processos de avaliação.
153
externas no âmbito de quatro sistemas de ensino público do país revelou que
154
professores para a qualificação contínua das práticas de ensino dentro da escola e
o envolvimento dos educadores na avaliação escolar. Tal posicionamento parte da
concepção de que esse processo é coletivo. Além disso, outro instrumento
importante é a garantia de que os professores sejam vistos como os principais
especialistas, não apenas no processo de aprendizagem, mas também na avaliação
de seus alunos, a fim de que os docentes tenham a posse da avaliação do aluno e
aceitem-na como parte integrante do ensino-aprendizagem.
Estruturas de avaliação não são capazes de melhorar a aprendizagem dos
alunos; elas precisam integrar um projeto maior e estar acompanhadas de incentivos
adequados para motivar a mudança e prestar apoio especial para os professores
nas salas de aula. Com efeito, o foco sobre como melhorar as ligações com a prática
de sala de aula é um dos pontos mais críticos para a concepção de uma avaliação
eficaz.
155
foco na qualidade e tem como propósito incentivar a educação básica em todas as
suas etapas e modalidades. A avaliação é apresentada no arcabouço legislativo
pátrio como elemento fomentador da melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem
inerente ao processo educativo.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), importante
instrumento de avaliação do ensino, traz informações relevantes tanto para os
gestores escolares quanto para os professores, os quais podem, a partir dessas
informações, refletirem e situarem o ensino que sua instituição escolar oferece à
sociedade brasileira.
Do ponto de vista técnico comparativo, podemos deduzir que uma escola
pode ser considerada de qualidade quando alcança 6 pontos ou mais no IDEB. Essa
avaliação destaca-se, quando o Estado dialoga com a Meta 7 do PNE (2014-2024),
analisando a qualidade da educação comparativamente com o conjunto dos
países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Tal análise leva em consideração a pontuação obtida no IDEB por parte das
nossas escolas. Lembramos que a pontuação 6 no IDEB é o padrão mínimo, e isso
significa que a escola pode e deve continuar trabalhando para superar esse
percentual sempre. Com o aumento do IDEB, toda a comunidade em que a escola
está inserida ganha. Aqui, vamos fazer uma reflexão importante, pois a qualidade da
educação não é apenas alcançada pelo aumento do IDEB.
156
redes e escolas, as quais têm ampliado suas taxas de aprovação. No entanto, para
agregar mais qualidade à educação, não basta analisar o IDEB; é preciso que esse
olhar seja mais refinado, uma vez que outros aspectos contribuem de forma
determinante para qualificar o processo de qualidade de educação, como
implantação de políticas públicas de alimentação escolar, de distribuição de livros
didáticos, de transporte escolar, do piso salarial dos profissionais da educação, bem
como a formação profissional continuada de todos os colaboradores das instituições
escolares, entre outras necessidades básicas das instituições de ensino.
A qualidade de educação deve ser o norte ou a intenção basilar de todas as
comunidades educativas brasileiras. Nesse sentido, o processo de avaliação da
aprendizagem é um elemento relevante, que tanto pode influenciar quanto ser
influenciado nessa qualificação. Com isso, a avaliação formativa deve ocupar uma
posição central e ser perseguida, resultando em novas formas de aprendizagem e
ancorando-se nas dimensões qualitativas. Conceição e Reis (2018) descrevem três
modalidades de avaliação com funções distintas. São elas: diagnóstica, formativa e
somativa.
A avaliação diagnóstica pode ser utilizada no começo do ano ou do semestre.
O diagnóstico é a avaliação inicial, que pode sugerir algumas ideias e propostas de
atuação. O processo de ensino-aprendizagem demanda o mapeamento ou a
sondagem do nível de aprendizado do aluno para que se possa ter um ponto de
partida para o trabalho pedagógico na sala de aula. Essa atitude qualifica o trabalho
do professor, porque exerce funções de subvenção, uma vez que aponta os pré-
requisitos para o início da aprendizagem; de orquestração das estratégias para o
ensino; e de incentivo na delimitação de conteúdos a serem trabalhados.
A avaliação diagnóstica é recomendada ao início de um ciclo de
aprendizagem ou, então, durante o mesmo, em caso de dificuldades percebidas,
com a finalidade de sondar as aprendizagens já trazidas pelo aluno, o domínio de
pré-requisitos para novas aprendizagens, as causas subjacentes às dificuldades
encontradas etc. A partir de uma avaliação diagnóstica, são estabelecidos, com
maior segurança, novos objetivos, medidas para solucionar dificuldades, estratégias
de aprendizagem, reforço e ajustes nos planos de ensino. Além disso, com base na
avaliação desse tipo, são estudadas alternativas de tempo e espaço para que todos,
ou a grande maioria da turma, logrem sucesso na aprendizagem.
A avaliação formativa, por sua vez, oferece retroinformação sobre o progresso
157
do estudante no desenvolvimento de um ciclo de aprendizagem. Localiza falhas nos
processos de ensino e de aprendizagem, apresenta informações para reformulação
e aprimoramento do planejamento e da execução da política educativa da rede
de ensino e dos projetos políticos pedagógicos das instituições escolares dessa rede.
Esse tipo de avaliação compreende os objetivos que buscam a otimização dos
componentes ou do programa em andamento.
Denomina-se avaliação formativa devido à ênfase atribuída ao valor do
desenvolvimento ou à formação da entidade que se avalia. Essa avaliação não visa
a provar, pôr em xeque o processo de educação oferecido, mas melhorá-lo, otimizá-
lo e aperfeiçoá-lo. Para ampliar nossa discussão, trazemos o entendimento de
Cardinet (1986, p. 11) acerca da avaliação formativa:
[...] não é medir, comparar e julgar, mas deve ser um meio de se obter
informações e subsídios para favorecer o desenvolvimento dos
estudantes, um meio de se coletar informações para, a partir delas,
adotar procedimentos de correção e melhoria do processo,
planejamento e rendimento do trabalho pedagógico.
158
programas, processos e atividades. A avaliação somativa é alicerçada em uma
estrutura de lógica classificatória e é tida como uma avaliação a ser feita antes das
ações pedagógicas mais propriamente. É pontual e, no geral, representa uma face
significativa para a tendência pedagógica liberal tradicional.
É relevante ter clareza que a avaliação somativa, em uma abordagem
controversa, destina-se ao final do processo formativo escolar (ano ou semestre) e
assume a condição de promotora de exclusão, por intermédio da classificação. Suas
funções são a classificação do desempenho dos alunos, a verificação por meio de
provas e exames e o rankeamento das notas ou menções. Sua construção não leva
em conta todo o processo formativo, Seu foco é a avaliação da aprendizagem. Esse
tipo de avaliação estabelece-se como uma informação pontual, repercutindo o
momento em que o estudante se encontra, embora, em muitos casos, isso não
signifique a expressão clara do seu estágio de aprendizado (LUCKESI, 2006).
A qualidade da educação pode ser traduzida em distintas perspectivas. Para
o SAEB, ela pode ser lida como promoção da equidade, no plano da iqualdade; do
desenvolvimento humano e social, a respeito dos direitos humanos e da cidadania;
da valorização do ensino-aprendizagem; do investimento em educação, como
forma de garantir os insumos necessários para o desenvolvimento do ensino; do
atendimento escolar, de preferência em educação integral; da gestão
democrática; e da valorização e formação dos profissionais da educação. Sendo
assim, esse é um quadro que nos indica os elementos do processo educativo que se
articulam e proporcionam as condições para a realização do ensino e, por
conseguinte, da qualidade da educação.
Romão (1998, p. 102) explicita os seguintes passos na ação avaliativa
dialógica:
159
Eleger os conteúdos que serão avaliados para saber se foram aprendidos ou não;
Constituir, negociar e estabelecer padrões – se a avaliação pressupõe a
comparação de dados da realidade com um padrão desejável. Este padrão tem
influência decisiva nos resultados da ação avaliativa. Torna relevante estabelecer
objetivos, metas, estratégias e condições definidas no planejamento e que,
portanto, leve em consideração o que se deseja alcançar em um determinado
contexto histórico-social. Se os padrões referenciais para a avaliação são
negociados, pressupõe-se que sejam de conhecimento de todos, inclusive dos
estudantes que serão avaliados, e não só dos professores.
Construir instrumentos e procedimentos de avaliação – como já foi dito, quando
estamos nos referindo a instrumentos de avaliação, pois fica difícil estabelecer uma
fronteira nítida entre os passos do processo avaliativo. Os objetivos de
aprendizagem é que definem os instrumentos de avaliação a serem construídos.
Como os objetivos de aprendizagem são diversos e de diversos campos de
desenvolvimento, também diversos deverão ser os instrumentos de avaliação, que
irão permitir que se verifique se aqueles objetivos estão sendo atingidos ou não; se
está ocorrendo alguma outra aprendizagem significativa não prevista etc.
160
oportunidade.
Os procedimentos de avaliação referem-se à efetivação da ação avaliativa,
isto é, de realizar a avaliação. Em relação a esse passo, pesquisadores da educação
têm mostrado a fragilidade de muitas de nossas avaliações tradicionais, realizando
experiências em que submetem, a diferentes professores, determinadas respostas de
alunos a provas e testes e obtêm avaliações muito diferentes.
Em relação às funções da avaliação, vê-se que, no enfoque da avaliação
diagnóstica e da avaliação formativa, os procedimentos da avaliação são mais
frequentes (isto é, avalia-se em vários momentos distintos), do que na avaliação
somativa. Isso porque, como já foi visto, os dois primeiros enfoques estão voltados
para o processo, enquanto o último preocupa-se com o produto, o resultado final.
É importante, ao se proceder à avaliação, cuidar das condições do espaço e
do tempo em que ocorrem, de forma a criar um ambiente favorável e com a menor
interveniência possível de variáveis que possam influenciar desfavoravelmente os
resultados.
Análise dos resultados e tomada de decisão quanto aos passos seguintes no
processo de aprendizagem: esse é o passo que concretiza a finalidade maior da
avaliação, que é subsidiar decisões. Essa análise propicia informações tanto para o
professor quanto para o estudante e, podemos dizer, ainda, para os demais atores
envolvidos no processo educacional. Masetto (2003, p. 150) alerta:
Ainda que muitos casos de não aprendizagem possam decorrer ou ter forte
influência da falta de preparo do professor ou de inadequações do plano
estabelecido, a avaliação tradicional de cunho autoritário sempre atribui a
responsabilidade por eles às deficiências do desempenho do estudante,
considerando-o único responsável por seus próprios resultados. Nada recai sobre o
sistema educacional. Assim, é preciso mudar os olhares que reforçam práticas dessa
natureza.
Em relação à prática pedagógica, o(a) professor(a) tem à sua disposição
161
diversos recursos, com os quais pode construir os instrumentos de avaliação. Na
avaliação diagnóstica, o professor pode utilizar questionários com perguntas (abertas
e fechadas) com a intenção de sondar os conhecimentos prévios dos estudantes, o
que dominam sobre a área que ensina, bem como balizar o seu planejamento de
ensino.
Nessa linha de recursos, o professor também pode utilizar provas dissertativas,
ótimos instrumentos para avaliar a aprendizagem dos estudantes, além de
questionários em sala de aula ou on-line, os quais possibilitam a produção textual a
partir de questões dissertativas curtas ou longas.
O docente pode usar, ainda, rodas de conversa, debates, apresentação de
trabalho, seminário e pesquisas como atividades avaliativas. Essas dinâmicas
apresentam muitas possibilidades como instrumentos de avaliação da
aprendizagem, visto que os estudantes podem expor seus pontos de vistas a respeito
de diversos assuntos, polêmicos ou não. Tais atividades podem auxiliar no
desenvolvimento da habilidade de argumentação, da oralidade e do pensamento
crítico, além de fazer com que os estudantes aprendam a escutar com um propósito.
O professor pode solicitar a produção de textos escritos, listas de exercícios,
vídeos, áudios, portfólios e podcasts como instrumentos avaliativos relevantes, que
podem ajudar docentes e discentes a identificarem se aquilo que foi ensinado foi
realmente aprendido ou não. Além disso, sugerimos que os professores pensem no
instrumento de autoavaliação para suas turmas. Esse recurso possibilita a avaliação
da aprendizagem de forma enriquecida, uma vez que inclui a oportunidade de os
estudantes opinarem diretamente sobre a proposta de ensino, por meio de suas
observações, opiniões e comentários.
162
FIXANDO O CONTEÚDO
a) A avaliação deve ter por objetivo prioritário mensurar os resultados obtidos pelos
alunos com o intuito de classificá-los.
b) Em uma concepção de educação propedêutica e seletiva, e um ensino
uniformizador e transmissor, o objeto da avaliação será o processo de
aprendizagem de cada estudante, considerando sua diversidade.
c) A avaliação formativa compreende as seguintes fases: avaliação inicial,
planejamento, adequação do plano (avaliação reguladora), avaliação final e
avaliação integradora.
d) As atividades para conhecer qual é a compreensão de um conceito podem se
basear na repetição de definições, permitindo averiguar se o aluno foi capaz de
integrar o conhecimento em suas estruturas interpretativas.
e) Não é possível avaliar conteúdos atitudinais devido à subjetividade do avaliador,
sendo impossível estabelecer avaliações exatas.
163
significativas. São elas:
Estão corretas:
a) I e III, apenas.
b) II e III, apenas.
c) II e IV, apenas.
d) I, II e IV, apenas
e) I, II, III e IV.
5. (Cetro – FUNDAÇÃO CASA – 2014) Celso Vasconcelos (2003) postula que avaliar
aprendizagens é um sério problema educacional que nos persegue há muito
tempo. Relata que, desde a década de 1960, a grande crítica sobre o modo pelo
qual as avaliações são realizadas são os enormes estragos feitos pela prática
classificatória e excludente. Segundo o autor, recentemente, a avaliação está
164
também em pauta como decorrência das várias iniciativas tomadas por
mantenedoras, públicas ou privadas, no sentido de reverter o quadro de fracasso
escolar. Dentre as direções citadas pelo autor para que as mudanças em relação
à avaliação ocorram, estão as seguintes:
165
7. (IFSP – IFSP – 2015) Sobre avaliação da aprendizagem, considere as afirmativas.
a) Somente I e IV.
b) Somente III e IV.
c) Somente I e III.
d) Somente I.
e) Somente IV.
166
conceitos é apenas parte do todo.
( ) Quando a avaliação acontece ao longo do processo, com o objetivo de
reorientar o aluno, recebe o nome de avaliação somativa.
( ) Quando ocorre ao final do processo, com a finalidade de apreciar o resultado
do aluno, recebe o nome de avaliação formativa.
( ) A avaliação é uma das atividades que ocorre dentro de um processo
pedagógico.
( ) A avaliação visa, entre outros, tentar manter ou melhorar a atuação futura do
professor.
a) V, F, V, F, V.
b) F, V, F, V, F.
c) V, F, F, F, V.
d) V, F, F, V, V.
e) V,V, V, V, V
167
AVALIAÇÃO E QUALIDADE UNIDADE
EDUCACIONAL
168
Sistema Nacional de Educação. As dimensões estratégicas tratadas ao longo do
nosso texto buscam dar seguimento a algumas reflexões em curso sobre a gestão
educacional, que guarda conexão direta com o referido sistema que se avizinha.
Na produção acadêmica do campo educacional, verifica-se que tais
dimensões têm sido atacadas, porém novas contribuições apresentam-se como
salutares para a ampliação desse debate (KUNZ, 2019). A liderança para a inovação
em busca de novos padrões de qualidade no processo de aprendizagem assume
cada vez mais um papel central.
Qual é o grande desafio a ser enfrentado no contexto das políticas públicas educacionais
do Brasil? Sensibilizar a sociedade sobre a necessidade e o locus adequados da
avaliação educacional, entendida aqui como sendo um importante balizador das
políticas educacionais, em sinergia com as demais ações governamentais para a área.
169
que não virá somente com ela, mas que também dela não prescindirá (KUNZ, 2019).
Nessa perspectiva, os processos de avaliação em larga escala compõem
cada vez mais o cenário da educação pública brasileira. Eles integram um conjunto
de iniciativas de gestão focado na busca da eficiência na administração pública,
apesar de tais processos de avaliação terem sido somente recentemente percebidos
como parte do aprimoramento da dinâmica de gestão das políticas públicas,
ofertando instrumentos capazes de qualificar a informação para subsidiar a decisão,
conforme os insumos, os processos e os resultados da ação pública.
A avaliação tem sido discutida sob o prisma do exercício do ver, do julgar e
do agir. Parece autoritarismo fazer julgamento acerca do que o outro sabe ou não,
no entanto, essa é uma condição que envolve a realidade educacional . Quando
se trabalha com avaliação, a subjetividade é um ponto central, e não pode ser
desconsiderada. Não é possível afastar a educação da avaliação. E isso não significa
que a avaliação deve pautar-se em provas objetivas.,até mesmo porque a
subjetividade está presente na avaliação inclusive nos casos em que se trabalha com
esse tipo de prova.
Dito isso, cabe ressaltar que o processo avaliativo implica uma reflexão
profunda sobre o que entendemos que está correto na política pública e também
acerca da gestão em um sentido abrangente. Em tal perspectiva, ganha relevância
a concepção de que os trabalhos na educação repercutem as ideias pedagógicas
e os princípios fundamentais adotados como base para o trabalho pedagógico.
De fato, para a oferta de ensino de qualidade, o primeiro passo é discutir a
formação da equipe que atua nas instituições educacionais. Esse ponto é prioritário,
dado que não faz sentido pensar profundamente na avaliação sem se consolidar um
grupo bem formado, capacitado, com conhecimento técnico e harmonizado
170
ambientalmente para executar o projeto e, assim, ter-se uma frente importante
capaz de gerar uma cultura e garantir a continuidade do trabalho
independentemente do governo que esteja à frente do poder executivo. A
educação não pode ser um projeto de governo, mas a ação mais explícita da
sociedade que se almeja para as futuras gerações.
É necessário que se busque um planejamento com foco no grande objetivo
que se pretende alcançar, não perdendo a concentração nas prioridades definidas
socialmente. Suas ações devem ser alinhadas com as diretrizes e encaminhamentos
dos órgãos públicos da área educacional, bem como com as legislações pertinentes.
Não se podeviabilizar as atividades educacionais sem os meios, as condições e os
dados para subsidiar e dar forma aos projetos no plano da escola (TEIXEIRA, 2007).
Os processos de avaliação educacional não podem ser realizados em
desconexão com a dinâmica atual das políticas públicas educativas. Podemos citar
como exemplo de aspectos que devem ser considerados nas pautas do ato
pedagógico: a Reforma do Ensino Médio, a Base Nacional Comum Curricular, a
Política de Alfabetização, as Diretrizes para a Educação Profissional, as Políticas de
Avaliação coordenadas pelo INEP, entre outras.
A avaliação deve se ancorar nos objetivos de aprendizagem para que se
torne compatível com as políticas educacionais local e nacional. Dessa forma, a
padronização mínima é um direito que proporciona melhorias substanciais nas
decisões que são qualificadas com um debate educacional capaz de desenhar
novos modelos que comportem inclusive um bom sistema de avaliação (BRASIL ,
2017). Logicamente, a base é a promoção do máximo possível de qualificação para
os professores, o estímulo para que os docentes possam apresentar-se como
lideranças, as quais inspiram os seus alunos e o desenvolvimento de habilidades
socioemocionais que colaboram para a restauração e o fortalecimento das relações
no ambiente escolar.
171
Destarte, do ponto de vista prático, os professores precisam fornecer os
incentivos corretos, o ensino precisa ser bem planejado, os conteúdos devem ser bem
definidos, a fim de evitar abordagens difusas, e os objetivos de aprendizagem
precisam levar em consideração as habilidades socioemocionais dos estudantes.
Esses direcionamentos, balizados por um processo avaliativo concentrado na
melhoria do serviço prestado, geram para os educandos maior interesse em
continuar na escola motivados a estudar e aprender.
Outro aspecto que precisa ser iluminado é a utilização dos conhecimentos de
avaliação para alcançar referências com vistas a saber os pontos que têm
avançado no cenário educacional, cujas práticas podem ser estudadas e replicadas
na realidade de outras escolas e até mesmo em outras redes de ensino. Com o
advento das avaliações promovidas pelo INEP, tem-se conhecimento das instituições
que precisam ser exploradas a fim de obter-se referência de boas práticas, e essa
localização é resultante de esforços para o cotejamento dos indicadores
apresentados pelas instituições educacionais.
Aprender com o outro é crucial para que se reoriente a atuação em busca de
alcançar os melhores resultados para a qualidade da educação. Perseguir melhorias
ou novas formas de atuação no campo educacional é um caminho importante para
que as inovações educativas consigam ser uma realidade na vida concreta dos
estudantes. A geração de oportunidades é um desafio para os educadores que têm
o objetivo de melhorar a educação básica, entendida como portal capaz de dar
acesso aos direitos, porque intensifica ações com grande potencial de se
materializarem na redução das desigualdades sociais.
172
A perspectiva da educação integral visa a superar a jornada educativa
brasileira que é uma das menores do mundo, porém essa situação tem revelado o
interesse de todos em ultrapassar esse nó. É preciso ampliar as vagas da educação
integral, e o currículo deve ser avaliado com base em uma referência nacional,
fazendo sentido construir uma educação conectada tecnologicamente com
internet de qualidade e em sintonia com os grandes debates dos sistemas bem-
sucedidos em outras sociedades do mundo (DEWEY, 1975).
A QUALIDADE NA AVALIAÇÃO
173
Razoar acerca da qualidade da educação implica sopesar as práticas
educativas em curso nas escolas e seus efeitos na vida dos estudantes e nas suas
visões de mundo. As práticas escolares historicamente consolidadas formam o
construto dos sistemas de ensino adotados pelas redes educacionais instituídas no
Brasil. Essa consciência amplifica a nossa capacidade de refletir sobre os processos
educativos e como eles inter-relacionam-se. É crucial identificarmos “[...] as relações
entre a avaliação, as concepções de aprendizagem, a escolha de instrumentos
técnicos e a organização curricular das escolas” (LUGLI; SILVA, 2011, p. 6).
Com base em Lugli e Silva (2011), os costumes que precisam ser valorizados e
fortalecidos no espaço escolar são aqueles que envolvem as ações em prol de
práticas de avaliação formativa, com o propósito de interferir diretamente na
melhoria da qualidade do ensino ofertado, assegurando uma relação intrínseca com
o planejamento do trabalho pedagógico. Esses desafios ancoram-se na realidade
de que é salutar a mudança das condutas comumente realizadas e, para isso, faz-se
necessário cultivar novas estratégias que permitam negociações férteis entre os
atores da comunidade escolar. Tais iniciativas colaboram para a construção de
práticas de aprendizagens mais produtivas, interessantes e ousadas, com
capacidade de promover uma maior atração, curiosidade e interesse dos
educandos pela escola e pelo aprendizado.
174
Qual deve ser o foco da escola? A escola precisa fazer um investimento cada vez maior
nas aprendizagens. Nesse tocante, faz sentido construir um desenho escolar que respeite
os diferentes ritmos de aprendizagem. Precisamos robustecer um ambiente escolar que
libere o educando para fazer suas perguntas e manifestar suas inquietações, posto que
está implícito o fato que o aluno que pergunta, que se movimenta e que se incomoda é
justamente o que está em aprendizado intenso.
Demandamos cada vez mais esse espírito para nossos alunos, pois um aluno
que pergunta está aberto para aprender. A dúvida é sinal de envolvimento, logo um
aluno que não faz pergunta pode não estar sendo afetado. São as dúvidas dos
estudantes que nos ajudam a redirecionar o nosso propósito de ensino: o fazer
pedagógico. Somos redirecionados e adquirimos a noção de que não existe um
único método para ensinar um conteúdo. Portanto, essa compreensão também
repercute a ideia de que a didática do professor exige uma articulação com a
natureza do conhecimento que está ensinando.
Com o passar do tempo, os ensinamentos indicam-nos a reflexão acerca do
significado do processo de redemocratização no Brasil, tendo em vista que o
pensamento de Anísio Teixeira proclamava uma escola que não reprovasse, mas que
significasse oportunidade de aprender e de transformar a realidade brasileira e de
construção da democracia. Nessa perspectiva, a avaliação desponta no cenário
das ideias pedagógicas como uma relevante tradutora da qualidade do ensino.
A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ocorreu em 1961 e,
historicamente, a cada dez anos temos alterações substanciais na nossa legislação
educacional, construindo compatibilidades com as novas configurações sociais e
econômicas que reverberam os projetos de educação que estão em disputa pelos
grupos políticos majoritários, detentores do poder de decidir os rumos da educação
com base em suas expectativas e interesses.
Muitas são as lições que obtemos ao olhar para a história do planejamento e
da avaliação no nosso país. Uma, que podemos citar como exemplo de
posicionamentos imprecisos e inconsistentes com base na realidade educacional, é
a articulação de ciclos com seriação. Esse tipo de iniciativa é uma tentativa frustrada
que tem a ousadia de combinar processos e realidades diferentes e divergentes e,
portanto, é incapaz de proporcionar ganhos ou obter resultados minimamente
satisfatórios. O exemplo citado tem o intuito de sinalizar o quanto a avaliação pode
175
colaborar para avançarmos educacionalmente, aprendendo com as nossas ações,
a partir do momento em que podemos verificar a qualidade da aprendizagem dos
educandos.
Dito isso, cabe assinalar que “[...] a avaliação da qualidade educacional é um
processo mais complexo que, para ser bem-sucedido, pressupõe, dentre outros
aspectos, a participação consciente dos envolvidos” (CORREIA; ARELARO; FREITAS,
2015, p. 1275). Pondera-se, nesse tocante, que, na implantação do Sistema de
Avaliação da Educação Básica (SAEB), não havia possibilidade de ranqueamento e,
com o passar do tempo, ganhou força a ideia de ranking e efetivaram-se as provas
nacionais como forma única de saber o que acontece nas salas de aula brasileiras.
É evidente que essa situação alargou-se a ponto de verificar-se sua
consolidação, sobretudo a partir dos anos 2.000, em que as provas nacionais
passaram a ser apresentadas e, em certa medida, vistas como critério principal para
discutir o que acontece em cada sala de aula. Entendemos que essa é uma
mentalidade que expressa um movimento generalista com o objetivo de dizer como
está acontecendo com cada professor e seus alunos.
Em tal contexto, despontam-se ações que materializam propostas generalistas
de testes nacionais, os quais possam dar pistas aos estados e aos professores do que
está acontecendo no ensino. Trata-se de uma contribuição comparativa para
podermos dimensionar a qualidade da educação em distintas escalas de análise.
Correia, Arelaro e Freitas (2015, p. 1277) esclarecem que “independentemente das
diferentes realidades nacionais ou locais, a avaliação tornou-se uma das mais
importantes preocupações que marcam a agenda política no campo educativo.
176
e com invenções maiores de quantidade de aplicações e de como aplicar. Esse tem
sido um direcionamento que ultrapassa as filiações ideológicas que chegaram ao
poder no governo federal nas últimas décadas. Na perspectiva de Correia, Arelaro e
Freitas (2015, p. 1281), “[...] tais avaliações ainda podem representar contribuição ao
conhecimento disponível e que pode, com adequada utilização, contribuir para a
garantia do direito à educação a todos”.
Com a criação de indicadores como o Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB) e exames como o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
a força e o entusiasmo com essa orientação da atuação faz-se cada vez mais
robusta.
Há um consenso de que as avaliações de larga escala vêm se
constituindo em referência principal para a avaliação da qualidade
de ensino no Brasil e em muitos outros países. Cada dia mais, elas
ganham um status de critério único e científico – porque objetivo e
neutro – para avaliar não só o que as crianças e jovens aprendem nas
escolas, mas, e principalmente, como e com que conteúdos, os
professores vêm trabalhando com seus alunos (CORREIA; ARELARO;
FREITAS, 2015, p. 1277).
177
educacional com equidade em escala nacional. O problema não é a comparação
em si, e sim a ideia que tem sido edificada no sentido de responsabilizar os professores
e ainda instituir bônus com o propósito exclusivo de controle e que desarticula e
prejudica a motivação do grupo pelo ensino de qualidade. Essa lógica perversa
repercute na escola como um processo de abatimento que recai sobre os
professores, pais e estudantes, promovendo um devastador sentimento verificado
latentemente assim que se divulgam os resultados dos exames que indicam os piores
desempenhos nos exames nacionais.
Na área educacional, a pandemia do coronavírus acelerou a urgência do
desenvolvimentos como um todo, de forma que as escolas conseguissem
equipamentos e metodologias pragmáticas, bem como a revisão das bases teóricas,
de modo que comportassem os componentes tecnológicos que já estão presentes e
que demandam facilidades nesse campo. As políticas públicas estão pressionadas
pela sociedade para dar conta desses desafios e a avaliação insere-se como central
para subsidiar o debate e, assim, construir-se um redesenho de metas, inclusive dos
setores de telecomunicações, instados a proporcionar uma lógica diferenciada que
conecte escolas e instituições de ensino.
A internet rápida com fibra óptica, ou em determinados casos via satélite,
inegavelmente gera oportunidades, e o ensino híbrido provavelmente não será uma
realidade deixada para trás mesmo depois do ambiente de crise resultante da
reorganização em função da pandemia do coronavírus.
A rigor, as políticas públicas municipais, estaduais, distritais e federais devem
dar atenção especial para a educação infantil e a alfabetização, posto que o
acesso à educação de qualidade nessas etapas de ensino repercutirá em todo o
processo de formação ao longo da vida dessas crianças. O foco para os gestores e
as instâncias de controle social deve ser a inclusão das crianças em escolas de
qualidade desde a mais tenra idade.
Pondera-se que a avaliação na educação infantil não se pauta em provas,
mas em indicadores relevantes para o que se entende por qualidade para essa fase
primordial que impacta profundamente na sua formação e na condução do
restante da vida. As crianças mais vulneráveis são as que precisam ser priorizadas, e
o cuidado com a avaliação para essa fase da vida é crucial para os sistemas, os
gestores e os educadores superarem os grandes desafios no ato pedagógico.
No processo de ensino-aprendizagem, o professor também aprende e envolve
178
a utilização de múltiplas linguagens, trocas dialógicas e de saberes envolvidos. A
avaliação não pode enxergar esses processos de fora para dentro. O caminho é
desenvolver um olhar de dentro para fora, haja vista que a avaliação tem como
propósito central colaborar para a aprendizagem e, assim, contribuir para o
desenvolvimento da criança.
As habilidades socioemocionais destacadas também na BNCC são
nevrálgicas para a vida em sociedade, porque a preparação nesse campo diminui
problemas relacionados à formação integral dos sujeitos. As habilidades
acadêmicas/cognitivas são importantes, porém quando estão presentes em sujeitos
equilibrados e preparados socioemocionalmente, os resultados são muito superiores
para a tomada de decisões profissionais e pessoais.
Esse cenário impõe-nos novos desafios, e a avaliação é imprescindível para
munir-nos com informações preciosas para repensar as formas de avaliação e as
relações presenciais e online. As crianças, quando abordadas com novas
perspectivas, ampliam as suas capacidades e compreendem os processos técnicos
envolvidos que são potencialmente relevantes.
Tendo em mente os pressupostos filosóficos que a embasam, a avaliação é um
instrumento de transformação, considerando quem é o sujeito que vai aprender e
ensinar, quem é o sujeito que se pretende formar e qual é a sociedade se quer
construir. Um princípio básico é o fato de que todos sabem alguma coisa e que esse
conhecimento deve ser valorizado. O ato de ensinar corresponde ao de aprender, e
a avaliação, pela tradição social, sustentou-se em outros valores, que não são os da
aprendizagem: em muitos casos o foco é no castigo, na culpa, na diferença e na
classificação. Essa perspectiva equivocada desqualifica mais do que transforma.
Inverter essa lógica é fundamental. Os indicadores de desigualdades não devem ser
reforçados por meio da avaliação.
Utilizar a avaliação na direção da aprendizagem dá um norte para o que serve
a avaliação de verdade em uma proposta pedagógica bem construída e
implementada. É comum o boicote da própria prática por meio da inadequação do
instrumento em relação ao ensino e à aprendizagem revelados no cotidiano da
escola.
179
Faz-se necessário olhar para o conteúdo curricular que é a base do que é
preciso ensinar e selecionar, em termos de conteúdos, dentro de uma estratégia de
ensino. Nesse movimento, é salutar a realização de uma avaliação diagnóstica, que
pode acontecer em uma roda de conversa, para que o professor consiga ter um
panorama que revele os saberes que os estudantes trazem e em que
contextos. Dessa forma, é possível traçar o planejamento com maior diretividade e
intencionalidade.
Em outra face, a avaliação não precisa necessariamente ser uma prova, mas
pode acontecer durante todo o ciclo formativo por meio de observação, de
conversas no intervalo, ou em espaços fora da escola, assim como em momentos
recreativos e de festas. É salutar fazer a comparação entre a avaliação realizada o
tempo todo e a avaliação final, a fim de se verificar sua compatibilidade.
A análise dos resultados é muito importante, porque todos precisam aprender
e, desse modo, a ênfase está em pensar em estratégias de aprendizado na dinâmica
da própria aula ou em aulas de reforço e contar com redes de apoio com grupos
interativos. Os pontos de partida dos estudantes são distintos. Apesar disso, perseguir
e lutar para que todos se aproximem do ponto de chegada é indispensável.
As dificuldades devem ser suprimidas e deve-se romper com os desfalques
históricos. A avaliação deve servir para qualificar o trabalho do professor, portanto, o
instrumento deve ser adequado do ponto de vista do conteúdo, da linguagem e da
forma. Os resultados devem ser comparativos em relação ao currículo e precisam
manifestar as diversidades e os efeitos das estratégias adotadas. Os estudantes
também precisam refletir sobre as suas aprendizagens e, nesse sentido, proporcionar
o autoconhecimento.
180
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (IFPA – IFPA – 2014 – adaptada) A avaliação escolar, para Libâneo (1992), é uma
tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente e oportuniza o
acompanhamento dos resultados de aprendizagem obtidos no decorrer do
trabalho conjunto de professores e estudantes. Nessa perspectiva, a avaliação
cumpre a(s) seguinte(s) função(ões):
181
c) A avaliação deve ocorrer apenas em momentos específicos, caracterizados
como fechamento de grandes etapas de trabalho.
d) A avaliação deve ser compreendida como constitutiva da prática educativa,
dado que é a análise das informações obtidas ao longo do processo de
aprendizagem – o que os alunos sabem e como – que possibilita ao professor a
organização de sua ação de maneira adequada e com melhor qualidade.
e) Por caracterizar-se como uma resposta à compreensão que o aluno tem sobre
os aspectos do conhecimento a serem trabalhados, a avaliação é, também,
responsiva, atuando como elemento balizador das pautas interacionais e das
intervenções pedagógicas, sendo dialeticamente constitutiva dos sujeitos
envolvidos no processo de aprendizagem.
a) Somativa.
b) Indutiva.
c) Formativa.
d) Diagnóstica.
e) Animativa.
182
Tipos de avaliação Definições
A - Diagnóstica 1 – Avaliação contínua, com foco no processo.
B - Formativa 2 – Perfil do aluno e tendências na aprendizagem
C - Somativa 3 – Avaliação final, com foco nos resultados
a) A1;
b) A3;
c) B2;
d) C1;
e) C3.
183
modos de pensar, aproximando mundo, escola, sociedade, ciência, tecnologia,
trabalho, cultura e vida.
e) a forma de gestão da escola, de organização curricular, dos materiais didáticos,
na relação professor – estudante – conhecimento – escola, pois, na medida em
que o percurso escolar é marcado por diferentes etapas de aprendizagem, a
escola precisará também organizar espaços e formas diferenciadas de
atendimento.
Assinale:
184
e) se coloca como um instrumento que encerra uma etapa educativa no tempo,
medindo o conhecimento por meio do “certo” e do “errado”.
185
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 A
UNIDADE 03 UNIDADE 04
QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 E
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 B
UNIDADE 05 UNIDADE 06
QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 B
UNIDADE 07 UNIDADE 08
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 D
186
QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 D
UNIDADE 09 UNIDADE 10
QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 E
QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 D
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 C
UNIDADE 11 UNIDADE 12
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 D
187
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