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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE

MORFOLOGIA VEGETAL

Aluno:

EaD – Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE

MORFOLOGIA VEGETAL

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados
aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

MÓDULO I

1 INTRODUÇÃO
2 ORIGEM DAS PLANTAS TERRESTRES

MÓDULO II

3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS FLORES


3.1 EXISTEM MUITAS VARIAÇÕES NA ESTRUTURA FLORAL
3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS FLORES COM BASE NA POSIÇÃO DO OVÁRIO
3.3 INFLORESCÊNCIAS
3.4 SIMETRIA FLORAL
4 CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS FOLHAS
4.1 INDUMENTO
5 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS FRUTOS

MÓDULO III

6 CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS RAÍZES


6.1 RAÍZES AÉREAS
6.2 RAÍZES SUBTERRÂNEAS

MÓDULO IV

7 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CAULES


7.1 – CAULES AÉREOS
7.2 – CAULES SUBTERRÂNEOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MÓDULO I

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MORFOLOGIA VEGETAL

1 INTRODUÇÃO

Dar nome às partes de uma planta é uma prática comum a diferentes culturas
no mundo todo, e isto se deve principalmente ao fato de saber identificar quais
partes podem ser utilizadas pelas populações humanas, indiferentemente se seu
uso tem fins medicinais, alimentícios etc.
A prática de nomear as plantas é muito antiga, datando de mais de dois mil
anos. Foi o filósofo grego Teofrasto de Ereso (378-287 a. C.) quem pela primeira vez
formulou uma terminologia descritiva e por isso foi considerado o pai da botânica
(Figura 1). Teofrasto era discípulo de Aristóteles e lançando mão de palavras
comumente usadas no vernáculo grego, coube a ele a primeira descrição de uma
quantidade considerável das plantas conhecidas na época (Gonçalves & Lorenzi,
2007). Claro que nem todos os termos aplicados eram coloquiais no idioma grego,
por isso Teofrasto teve que utilizar a sua criatividade para nomear muitas estruturas,
como é o caso do “pericarpo”.

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FIGURA 1 – TEOFRASTO, CONSIDERADO O PAI DA BOTÂNICA

FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Theophrastus.jpg.>


Acesso em: 20 set. 2010.

Mais tarde, no primeiro século da era cristã, é que nova compilação relevante
de dados botânicos foi apresentada pelo enciclopedista Plínio, o Velho, que viveu
entre os anos 23 e 79 d.C. Utilizando muitos termos gregos adotados por Teofrasto
e Aristóteles, Plínio inseriu ampla gama de palavras latinas cotidianas para dar nome
às estruturas botânicas. Dessa forma, podemos considerar que o grego surge,
primeiramente, como a principal fonte de termos, e o latim acabou por influenciar na
descrição e serviu como elo do grego com as línguas posteriores.
Nos dias de hoje, grande parte da morfologia usada tem suas bases na obra
Philosophia botânica de Linnaeus, publicada no ano de 1751. Esta obra, escrita em
latim, lançou as bases do que hoje conhecemos como morfologia moderna. Nesta
obra, chamava a atenção o fato de as estruturas já estarem organizadas em
vegetativas e reprodutivas, e ocasionalmente eram citados alguns grupos
taxonômicos onde tais estruturas poderiam ser encontradas.
Apesar de possuir formação inteiramente humanística, foi Johann Wolfgang
von Goethe que, ao conhecer o trabalho de Linnaues, usou pela primeira vez o
termo “morfologia”. O interesse de Goethe surgiu no momento em que se interessou
pela mutabilidade das formas vegetais. Ao publicar sua obra “Versuch die
Metamorphose der Pflanzen zur erklären” (1790), Goethe queria mostrar que,
mesmo apresentando imensa variação morfológica, os órgãos vegetais

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apresentavam uma organização essencial, comum a um número grande de formas
superficialmente distintas (Figura 2).
A partir do trabalho de Goethe, a morfologia vegetal dividiu-se em dois ramos
distintos: de um lado, novos termos eram criados de forma a descrever e
sistematizar o quanto fosse possível as estruturas e inseri-las em textos que
integravam enciclopédias, fase esta conhecida como terminologia descritiva. Do
outro lado, a morfologia conhecida como “idealística” tentava decifrar aspectos
comuns a um grande número de tipos organizacionais (Gonçalves & Lorenzi, 2007).
A terminologia descritiva ainda teve a participação de Augustin Pyramus de
Candolle (1813) e John Lindley (1852), com a publicação de obras em suas
respectivas línguas nativas, francês e inglês. À medida que outras estruturas eram
descobertas, novos termos eram criados, permitindo que a nomenclatura
morfológica se tornasse cada vez mais específica, porém aumentando em
complexidade.

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FIGURA 2 – JOHANN WOLFGANG VON GOETHE.

FONTE: Disponível em: <http://www.gradesaver.com/file/novelAuthorImages/4573-johann-goethe.>


Acesso em 25 set. 2010.

Outros autores alemães também tiveram importante papel para o


desenvolvimento da morfologia. Wilhelm Hofmeister, em sua obra “Allgemeine
morphologie der gewächse” (1968) mostrou novas perspectivas para a morfologia,
lançando bases fisiológicas e físicas para o crescimento vegetal. Entretanto, foi seu
discípulo, Karl von Goebel, que deu a maior contribuição: sua obra “Organographie
der pflanzen” reunia um conjunto impressionante de informações sobre distintos
grupos vasculares e avasculares. Publicada em três volumes (1898 a 1901), teve
grande impacto para o mundo todo, principalmente por ter sido traduzida para o
inglês.
Goebel distinguia claramente aspectos considerados por ele adaptativos de
aspectos que estavam relacionados ao processo de morfogênese. Posteriormente,
ainda durante a primeira metade do século XX, e seguindo a tendência evolutiva de
Charles Darwin, Zimmerman, em 1930, publicou seu trabalho intitulado “Die

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Phylogenie der Pflanzen, ein Überblick :uber Tatsache und Probleme” no ano de
1930. Segundo Zimmerman, tendo como base seus estudos paleontológicos, todos
os órgãos das plantas teriam evoluído de um tipo inicial denominado “teloma” e
dessa forma, suas ideias acabaram influenciando fortemente autores posteriores.
Provavelmente, a maior contribuição para a morfologia vegetal no século XX
foi o trabalho de Wilhelm Troll, cuja obra versava sobre estruturas vegetativas. Troll
ainda desejava produzir uma obra ainda mais compreensiva sobre flores e
inflorescências (Gonçalves & Lorenzi, 2007).
Porém, foi Focko Weberling, discípulo de Troll, que continuou seus estudos
sobre a sistematização da morfologia de inflorescências, publicado no ano de 1981.
Entretanto, este trabalho foi considerado muito aquém daquilo que Troll almejava. O
desfecho da Segunda Guerra Mundial fez com que Troll resumisse seu trabalho a
duas pequenas obras.
Na segunda metade do século XX, grandes compilações passaram a ser
mais escassas e, dessa forma, juntamente com o avanço considerável do
conhecimento taxonômico nesse período, os estudos morfológicos passaram a ser
mais direcionados a grupos taxonômicos restritos. Foi a partir desse momento que a
complexidade da morfologia aumenta consideravelmente, já que os termos
passaram a divergir de família para família.
No Brasil, as obras abrangentes especializadas em morfologia vegetal
publicadas em nosso idioma eram escassas. Entre elas, podem-se destacar dois
trabalhos:
 Botânica – Organografia, de Vidal & Vidal (1984), apresentando estruturas
vegetais com ordenação didática;
 Glossário Ilustrado de Botânica – escrito por Ferri e colaboradores em 1992.
No século XXI, a morfologia cruza nova fronteira. A ontogenia das plantas
começa a ser mais bem entendida em nível genético. Abrem-se novas
oportunidades para que questões propostas no passado sejam resolvidas, por
exemplo: pétalas e sépalas são estruturas geneticamente determinadas ou sua
especialização morfológica é mero produto da sua posição na flor? – As folhas dos
licopódios e selaginelas (microfilos) e as folhas dos grupos terrestres restantes
(megafilos) são estruturas homólogas ou apenas duas soluções independentes para

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a especialização fotossintética? – Raízes são caules especializados ou ambos são
desdobramentos diretos de um teloma ancestral?

2 ORIGEM DAS PLANTAS TERRESTRES

Antes de iniciarmos o estudo da morfologia vegetal em si, é muito importante


que possamos conhecer os aspectos relacionados com a evolução das plantas
vasculares, e assim o surgimento de seus principais órgãos.
Assim como todos os seres vivos, as plantas também possuem ancestrais
aquáticos. Dessa forma, a história da evolução das plantas está relacionada,
obviamente, com o processo gradual de ocupação do ambiente terrestre e da
mesma forma com o aumento da sua independência da água para a reprodução
(Raven et al., 2001). Neste tópico veremos as características gerais relacionadas
com a evolução das plantas e faremos breve descrição das plantas vasculares
primitivas.
Acredita-se que o ancestral de todas as formas terrestres de plantas tenha
sido uma alga verde pluricelular, cuja estrutura corpórea provavelmente tenha sido
um talo pouco diferenciado.
No ambiente aquático, a exceção das estruturas reprodutoras e ocasionais
estruturas voltadas para a fixação no substrato, o restante do corpo da planta
mostra-se uniforme na grande maioria dos grupos. Os processos de fotossíntese,
absorção de sais, difusão de gases, entre outros processos fisiológicos são,
usualmente, realizados em um mesmo tecido genérico (Gonçalves & Lorenzi, 2007).
As algas não possuem uma organogênese acentuada que resulte em caules, raízes
ou folhas propriamente ditas.
É importante relembrar que na água, tanto a concentração de gás carbônico
(CO2) como a luz são fatores limitantes para o crescimento do vegetal. A turbidez da
água faz com que a penetração da luz seja apenas superficial. Já o CO2,
imprescindível para o processo de fotossíntese, tem sua solubilidade restrita na
água. Por se tratarem de recursos abundantes no ambiente terrestre, para aqueles

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grupos capazes de sustentar seu desenvolvimento fora do ambiente aquático,
podem funcionar como uma espécie de “recompensa” evolutiva.
Entretanto, o processo de conquista do ambiente terrestre não foi tão simples
como parece, pelo contrário, existia uma série de obstáculos que precisavam ser
superados para que as plantas passassem, definitivamente, a ocupar o ambiente
terrestre.
O primeiro obstáculo seria a própria falta de água, abundante no ambiente
antes habitado. Observa-se que por milhares e milhares de anos os tecidos faziam
as trocas gasosas imersos no ambiente aquático, por praticamente todas as partes
dos vegetais.
Dessa forma, a conquista do ambiente terrestre somente seria possível com a
impermeabilização, ao menos parcial, dos talos emersos, o que fora alcançado com
o desenvolvimento da cutícula. A cutícula nada mais era do que uma camada de
cera disposta na superfície dos talos. Esta impregnação com as substâncias
gordurosas, que evitava a perda excessiva de água dos tecidos vegetais, criou um
sério problema, restringindo as trocas gasosas, como por exemplo, a simples
entrada do CO2 nos tecidos. Esta limitação do processo de fotossíntese foi
contornada com o surgimento dos estômatos, que são estruturas celulares capazes
de controlar a abertura e o fechamento de um poro (orifício), permitindo o controle
das trocas gasosas (Figura 3).
Outro aspecto limitante a ser contornado é a sustentação do corpo do vegetal
fora do ambiente aquático, já que na água, parte do peso é sustentada pela força do
empuxo da água. Fora do ambiente aquático, a força da gravidade não é mais
parcialmente anulada pelo empuxo, que reduz o peso aparente das estruturas
emersas (Gonçalves & Lorenzi, 2007). Nesse primeiro momento, a presença da
parede celular nas células foi de grande valia. O que ocorreu na verdade foi que a
maioria das plantas terrestres acabou desenvolvendo tecidos específicos,
impregnados por substâncias rígidas e capazes de sustentar o corpo da planta. Foi a
lignina, um polímero complexo de fenóis, que surgiu como a principal molécula
capaz da referida impregnação.

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FIGURA 3

Estômato mostrado através de uma eletromicrografia de varredura:


a) estômato aberto e b) estômato fechado.
FONTE: RAVEN et al. (2001)

Com base nos registros fósseis, acredita-se que as primeiras plantas


terrestres consistiam de talos, dicotomicamente arranjados (conhecidos como
telomas), sobrevivendo parcialmente submersos em um solo encharcado (Figura 4).
Este talo era um componente axial único e indiferenciado, que ocasionalmente
desenvolvia estruturas reprodutivas em seu ápice.
O gênero cooksonia, considerada a primeira planta a habitar ambientes
terrestres, raramente ultrapassava os 5 cm de altura, conforme se evidencia nos
registros fósseis.

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FIGURA 4

No devoniano inferior, entre 408 e 387 milhões de anos atrás, pequenas plantas sem folhas, com
sistema vascular simples cresciam sobre a terra. este é o caso da primeira planta vascular terrestre
pertencente ao gênero cooksonia (indicadas pela seta).
FONTE: RAVEN et al. (2001)

O que se imagina é que por crescer parcialmente emersa, exemplares do


gênero cooksonia possuíam as porções subterrâneas menos impermeabilizadas, por
onde eram absorvidos água e sais minerais da lama, enquanto as porções emersas,
impermeabilizadas pela cutícula, faziam a maior parte da fotossíntese.
Foi a partir deste momento da evolução que as plantam enfrentaram, de
forma decisiva, o caráter ambíguo do ambiente terrestre em relação aos recursos
mínimos para a manutenção da vida vegetal (Gonçalves & Lorenzi, 2007). Nesta
situação, a luz e o CO2 deveriam ser retirados do meio aéreo, onde suas
concentrações são abundantes. Já a água e demais nutrientes minerais, estes
últimos na forma de íons, sendo normalmente encontrados em solução sob a
superfície da terra. Uma vez que os ramos fotossintetizantes devem crescer em

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direção à luz, órgãos com funções relacionadas com a absorção devem,
obviamente, crescer dentro da terra. Este processo foi determinante para promover
a especialização orgânica apresentada pelas plantas terrestres e dessa forma
permitiu a ampla diversificação de estruturas hoje observada.
Em algum momento de sua evolução, as plantas acabaram por se tornar
compostas por dois compartimentos, de natureza integrada, porém com finalidades
fisiológicas e padrões de crescimento totalmente distintos. De um lado, um sistema
axial aéreo ou mesmo parcialmente subterrâneo que portava ramos em elevação,
em direção ao ar e à luz. Por outro lado, outro eixo (ou conjunto de eixos) com
função absortiva e fixadora crescendo de forma subterrânea, normalmente em
direção ao centro de gravidade da Terra. É possível que este órgão fosse
inicialmente um rizóforo, similar ao eixo aéreo, porém com crescimento subterrâneo
portando raízes (ou rizoides) regulares (Figura 5).

FIGURA 5

Possíveis etapas iniciais da conquista do ambiente terrestre pelas plantas vasculares. Observa-se
que estas modificações aconteceram, nestas etapas, em relação à especialização do sistema
absortivo-fixador, com maior capacidade de busca de água e sais minerais.
FONTE: GONÇALVES & LORENZI (2007).

Os ramos aéreos precisaram se adaptar, desenvolvendo tecidos capazes de


sustentar o desenvolvimento em direção à luz. Dessa forma, quanto mais longe do
solo um ramo fosse capaz de crescer, mais eficiente deveria ser a

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impermeabilização, sustentação e a eficiência do processo de controle das trocas
gasosas pelos estômatos.
Opostamente, os ramos dispostos abaixo da superfície do solo deveriam
desenvolver-se em busca de mais água e sais. Não se observam, no ambiente
subterrâneo, problemas de sustentação similares aos observados no ambiente
aéreo, porém o atrito com o solo poderia ser prejudicial aos tecidos de crescimento.
Foi a partir deste momento que se observam os estímulos para a formação da coifa,
uma capa mucilaginosa presente no ápice das raízes, que protege o meristema
apical.
A separação ar/terra fez com que os ramos aéreos e os ramos subterrâneos
crescessem em direções opostas, mesmo havendo necessidade de integração dos
dois sistemas. As partes com função de absorção (subterrâneas) dependiam do
produto da fotossíntese nas partes aéreas, enquanto as emersas necessitavam de
água e sais absorvidos pelas partes subterrâneas.
Observa-se que a partir deste momento existe um novo problema: a
necessidade da integração desses dois sistemas totalmente distintos. A maneira
utilizada até então para o transporte de solutos e água era pouco eficiente, já que
era de célula para célula. Havia necessidade de se desenvolver uma forma mais
eficiente para o transporte destas substâncias, e foi então que surgiram o xilema e o
floema, tecidos capazes de integrar os sistemas com mais eficiência.
Por volta de 390 milhões de anos atrás, o sistema axial sofreu grande
modificação. Como na figura 5, o teloma era um conjunto de eixos que se ramificava
efusivamente sem que fosse possível identificar um ramo principal. Deste ponto,
observa-se que alguns ramos passaram a crescer mais que outros, formando um
eixo principal, forte, com crescimento indeterminado. A este padrão de crescimento
deu-se o nome de sobrecrescimento (Gonçalves & Lorenzi, 2007) (Figura 6).
Deste ramo principal, de forma regular, era observado o crescimento de
ramos laterais, que por sua vez apresentavam um crescimento mais modesto,
parando de crescer ao atingir determinado tamanho. Enquanto o ramo principal
elevava cada vez mais a planta em direção à luz, os ramos que surgiam
lateralmente (menores em tamanho) posicionavam-se de forma lateral, buscando
capturar maior luminosidade possível. Acredita-se que o gênero fóssil Psylophyton já
crescesse desta forma.

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FIGURA 6

Possível etapa evolutiva do surgimento do ramo principal e dos ramos laterais definidos.
FONTE: GONÇALVES & LORENZI (2007)

Uma forma de tornar eficiente a captura de luz é organizar os ramos laterais


de forma que um não exerça sombra sobre o outro. Isto foi resolvido a partir do
momento em que as ramificações passaram a ocorrer lateralmente, ou seja, de
forma plana.
Outra maneira de maximizar a captura de luz é achatando o ramo
dorsiventralmente, maximizando a relação superfície/volume, o que, por sua vez,
aumenta a eficiência do processo fotossintético. Os ramos laterais podem aumentar
sua eficiência na fotossíntese de duas formas:
 A primeira maneira é tornar-se achatado;
 A segunda maneira é produzindo expansões laterais de tecido fotossintético.
Em um ramo lateral, já planificado, a produção de expansões laterais pode
ter contribuído muito para a elevação da capacidade fotossintética. Deste momento
em diante, cada ramo lateral com suas expansões do tecido fotossintético pode ser

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chamado de folha, ou megafilo. Em alguns grupos, estas expansões alares de tecido
fundiram-se (coalescentes), produzindo uma rede de ramos vascularizados
(Gonçalves & Lorenzi, 2007) (Figura 7).
O processo de coalescimento culmina com a formação de uma membrana
única que une os ramos planificados. No megafilo completo, os ramos tornaram-se
as nervuras e a membrana, o limbo.

FIGURA 7

Processo evolutivo que deu origem aos megafilos (etapas anteriores já evidenciadas na figura 6).
FONTE: GONÇALVES & LORENZI (2007).

A teoria do surgimento das folhas megafilas é sustentada, em parte, pelo fato


de que por volta do final do período devoniano (há cerca de 350 milhões de anos),
os níveis atmosféricos de CO2 baixaram em cerca de 90%, requerendo sistemas
fotossintéticos mais eficientes.
Os microfilos, caracterizados pela presença de uma nervura central apenas,
em grupos ainda hoje viventes como as selaginelas e licopódios, podem ter se
originado da redução dos ramos, produzindo folha com apenas uma nervura (Figura
8).

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FIGURA 8

Processo de redução que teria sido importante para a origem dos microfilos.
FONTE: GONÇALVES & LORENZI (2007)

Uma teoria alternativa é que os microfilos teriam se originado de uma


enação (isto é, projeção avascular de tecido), que teria por sua vez se tornado
vascularizada posteriormente. Esta teoria alternativa era sustentada pela existência
de enações não vascularizadas em Psilotum, um grupo considerado primitivo em
outro momento.
Resolvidos todos os problemas para a conquista do ambiente terrestre, o
que provavelmente se observou foi que os grupos que obtiveram sucesso passaram
a competir pelo espaço neste novo nicho. Neste ponto, as plantas vasculares que
não ultrapassavam 5 cm de altura foram tornando-se cada vez mais altas,
estimuladas pela competição pela luz. O desenvolvimento do hábito arbóreo pode
ter evoluído em diferentes momentos após o desenvolvimento de um tecido capaz
de prover sustentação e condução para plantas cada vez mais altas, tendo um
imenso impacto nos ambientes terrestres.

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No período carbonífero (há cerca de 300 milhões de anos), o
desenvolvimento de grandes florestas promoveu alteração enorme na geografia de
nosso planeta, uma vez que assim se criava uma quantidade considerável de
ambientes heterogêneos para animais e plantas. Na figura 9, podemos comparar o
aspecto geral de uma vegetação no período devoniano e no carbonífero, cuja
diferença na escala temporal seria de aproximadamente 100 milhões de anos.

FIGURA 9

Comparação dos aspectos gerais da vegetação dos períodos devoniano (a) e carbonífero (b).
FONTE: GONÇALVES & LORENZI (2007).

Com base no que estudamos até aqui no que diz respeito à conquista do
ambiente terrestre, existem ainda modificações importantes quanto à reprodução.
Os grupos mais antigos de plantas vasculares possuem gametas livres, que se
movimentam na água por meio de um ou mais flagelos (ao menos os masculinos).
Este método somente possui eficiência no meio aquático. Dessa forma, uma forte
tendência evolutiva foi a retenção máxima de gametas, a ponto de impedir-lhes vida
livre. Tal aspecto, juntamente com os chamados vetores de polinização, fez com que
ocorresse, ao longo da evolução, certa independência do meio aquático, fazendo

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com que as plantas colonizassem ambientes cada vez mais inóspitos, incluindo
neste caso ambientes rochosos e mesmo áreas semidesérticas e desérticas.
O que se sabe sobre a evolução dos órgãos das plantas, hoje os principais
objetos de estudo da morfologia vegetal, é que tanto a flor quanto as folhas se
originaram de estruturas caulinares altamente modificadas, lembrando que estas
estruturas caulinares teriam se originado dos antigos telomas.
Dessa forma, toda a diversidade de estruturas hoje encontradas nos
diferentes grupos de plantas teriam se originado de modificações sequenciais a
partir de um mesmo eixo original, demonstrando que todos os órgãos das plantas
terrestres são homólogos sequenciais, e devem compartilhar os mesmos sistemas
principais de tecidos e processos morfogênicos.

FIM DO MÓDULO I

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MÓDULO II

CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS FLORES, FOLHAS E FRUTOS

3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS FLORES

A flor é um ramo com crescimento determinado, por um tempo limitado e


que reúne as estruturas reprodutivas. As flores são constituídas por um conjunto de
quatro peças (ou verticilos), sendo estas as sépalas, pétalas, gineceu e androceu.
Algumas flores podem não apresentar todos os verticilos, sendo possível observar
em algumas famílias flores unissexuais ou aquelas que não possuem sépalas.
Podemos detalhar as partes de uma flor observando a seguinte figura:

FIGURA 10 – PARTES DE UMA FLOR DE LÍRIO.

FONTE: RAVEN et al. (2001).

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O gineceu corresponde à parte feminina e é formado pelas seguintes partes
(Figura 11):
 Ovário: representa a porção basal ou sub-basal do gineceu, usualmente
dilatada, dentro dos quais se desenvolvem os óvulos. Usualmente, após o
processo de polinização, o ovário se desenvolve e origina o fruto.
 Estilete: porção do gineceu que liga o ovário ao estigma.
 Estigma: porção usualmente distal do gineceu, onde uma estrutura de
superfície glandulosa e diferenciada recebe os grãos de pólen trazidos
pelo agente polinizador.

FIGURA 11

Partes que compõem o gineceu: ovário (em seu interior um óvulo), estilete e estigma.
FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos4/bioangiospermas.php.>
Acesso em: 28 set. 2010.

O androceu representa a parte masculina de uma planta e é formado por um


filete e pela antera (Figura 12). O filete é uma estrutura usualmente cilíndrica, que
suporta as anteras. As anteras representam a região apical dos estames, onde os
grãos de pólen são produzidos.

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FIGURA 12

Partes que compõem o androceu: filetes e anteras


FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos4/bioangiospermas.php.>
Acesso em: 28 set. 2010.

Além do androceu e do gineceu podemos observar nas flores as sépalas e


as pétalas. Coletivamente, dizemos que as sépalas constituem o verticilo conhecido
como cálice e o conjunto de pétalas, por sua vez, formam a corola. Estruturalmente,
tanto as sépalas quanto as pétalas se assemelham às folhas. Em geral, as sépalas
possuem uma coloração esverdeada, enquanto as pétalas são extremamente
coloridas e delgadas, apesar de, em algumas flores (como no caso do lírio mostrado
na figura 10), ambos os verticilos serem semelhantes em sua cor e textura. O
conjunto formado pelo cálice (sépalas) e pela corola (pétalas) recebe o nome de
perianto.

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3.1 EXISTEM MUITAS VARIAÇÕES NA ESTRUTURA FLORAL

Como vimos anteriormente, a maioria das flores exibe estames e carpelos,


sendo por isso denominadas flores perfeitas ou bissexuadas. Se faltarem estames
ou carpelos, as flores são classificadas como imperfeitas e, dependendo, das partes
que faltam, são chamadas estaminadas ou carpeladas.
Se flores estaminadas e carpeladas podem ser observadas na mesma
planta, a espécie é denominada monoica, estando os estames e carpelos em uma
mesma flor ou não. Se as flores estaminadas e carpeladas estiverem em plantas
separadas, a espécie é dita dioica, como é o caso das araucárias.
Qualquer um dos verticilos florais (pétalas, sépalas, estames e carpelos)
pode estar ausente nas flores que variam muito de um grupo para outro. Quando um
dos verticilos faltar, a flor é dita incompleta. Dessa maneira, uma flor imperfeita é
uma flor incompleta, mas nem todas as flores incompletas são imperfeitas (Figura
13).

FIGURA 13

Tipos de flores com base na presença/ausência de verticilos florais.


FONTE: adaptado de Glimnlacy & Kaufman (2006).

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A maneira como os verticilos estão arranjados pode ser utilizada como
critério para classificação das flores. Vejamos alguns aspectos relacionados com o
cálice (sépalas).
 Gamossépala: quando a flor possui as sépalas soldadas/unidas entre si;
 Dialissépala: quando a flor possui as sépalas livres ou isoladas.
Com relação às pétalas, observa-se a mesma classificação, com devidas
alterações dos prefixos:
 Gamopétala: quando a flor possui as pétalas soldadas/unidas entre si;
 Dialipétala: quando a flor possui as pétalas livres ou isoladas.
As flores também podem ser classificadas com relação à união dos estames,
conforme veremos a seguir (Figura 14):
 Androceu dialistêmone: apresenta estames livres.
 Androceu gamostêmone: estames concrescidos pelos filetes ou pelas
anteras.
o Sinântero: fundidos somente pelas anteras.
o Adelfos: fundidos pelas anteras

FIGURA 14

Formas dos estames quanto à soldadura dos estames.


FONTE: Adaptado de RAVEN et al. (2001).

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3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS FLORES COM BASE NA POSIÇÃO DO OVÁRIO

As flores também podem ser classificadas de acordo com a posição do ovário,


conforme veremos a seguir:
a) Hipógina: flor cujas peças florais
estão inseridas abaixo do ovário
em um receptáculo plano ou
ocasionalmente convexo. Neste
caso, o ovário é considerado
súpero.

b) Perígina: flor na qual o ovário


está abaixo do cálice, corola e
androceu e não é totalmente
unido ao hipanto.

c) Epígina: O ovário está abaixo do


cálice, corola e androceu e é
totalmente fundido com o
hipanto.

A porção do ovário onde os óvulos se originam e permanecem até a


maturidade é chamada placenta. A disposição das placentas (conhecida como
placentação), e consequentemente dos óvulos, varia entre os diferentes grupos de
plantas floríferas (Raven et al. 2001). Basicamente existem três tipos de
placentações (Figura 15):
 Parietal: os óvulos estão presos nas paredes do ovário ou em
extensões delas.

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28
 Axilar: os óvulos estão presos em uma coluna central do ovário, que
por sua vez se apresentam divididos em tantos lóculos quantos são os
carpelos.
 Central livre: os óvulos estão presos a uma coluna central do tecido
não conectada por septos com as paredes do ovário.
Existe ainda a chamada placentação basal ou apical, caracterizada pela
presença de um único óvulo que ocorre na base ou no ápice de um ovário unilocular.
As diferenças da placentação são muito importantes para a classificação das
angiospermas.

FIGURA 15

Tipos de placentação: a) parietal, b) axilar e c) central livre.


FONTE: RAVEN ET AL. (2001).

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29
3.3 INFLORESCÊNCIAS

As flores podem crescer de forma agrupada, formando as chamadas


inflorescências. Entende-se por inflorescência o nome dado ao eixo caulinar que
produz principalmente flores ao longo de seu comprimento. A morfologia das
inflorescências é extremamente variável, conforme veremos alguns exemplos a
seguir (Figura 16):
Capítulo: espiga com eixo curto e largo, formando um receptáculo,
mostrando flores sésseis.
Corimbo: tipo de cacho em que as flores saem de pontos diferentes,
porém atingem a mesma altura.
Espiga: inflorescência com flores sésseis saindo em toda a extensão do
eixo principal.
Panícula: inflorescência composta em que a base é mais larga,
apresentando forma cônica.
Racemo: inflorescência com flores pedunculadas inseridas ao longo de
um eixo alongado. Normalmente cada flor está subentendida por uma bractéola.
É o mesmo que cacho.
Umbela: flores inseridas na mesma altura do eixo principal, atingindo
mais ou menos o mesmo nível. Pode se apresentar sobre a forma simples ou
composta.

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30
FIGURA 16 – TIPOS DE INFLORESCÊNCIAS

FONTE: RAVEN ET AL. (2001).

3.4 SIMETRIA FLORAL

Com relação à simetria, as flores são classificadas da seguinte forma (Figura


17):
 Flor actinomorfa (=radial): apresena dois ou mais planos de simetria.
 Flor zigomorfa (=bilateral): apresenta só um plano de simetria.
 Flor assimétrica: não apresenta plano de simetria.

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31
FIGURA 17 – SIMETRIA FLORAL.

FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/flor/flor17.php.>


Acesso em: 29 set. 2010.

As flores que possuem simetria radial são dita regulares, enquanto as flores
bilaterais são também chamadas irregulares. Do ponto de vista evolutivo, é bem
provável que a simetria radial ou actinomorfa das flores mais antigas tenha dado
lugar à simetria bilateral ou zigomorfa nas flores mais avançadas. Existem outras
três fortes tendências evolutivas decorrentes do processo de evolução das flores:
a) A partir de flores com poucas ou muitas peças florais de número
indefinido, as flores evoluíram para ter um número pequeno e definido de peças
florais;

b) O número de verticilos florais reduziu-se de quatro, nas flores mais


primitivas, para três, dois ou apenas um nas mais avançadas. O eixo floral foi
encurtado, de maneira que o arranjo em espiral das peças florais deixou de ser
visível. As peças florais muitas vezes se fundiram.
c) O ovário tornou-se ínfero em lugar de súpero, e o perianto tornou-se
diferenciado em cálice e corola.
O perianto das angiospermas primitivas não apresentava distinção entre
sépalas e pétalas. Nas angiospermas primitivas, o perianto, quando presente, não
era claramente dividido em cálice e corola. Dessa forma, as pétalas e sépalas eram

AN02FREV001/ REV 3.0

32
idênticas ou havia uma transição gradual na aparência entre os verticilos, como nas
atuais magnólias e ninfeias (Raven et al. 2001).

4 CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS FOLHAS

As folhas apresentam enorme variação em suas funções e formas, refletindo


sua importância adaptativa para as plantas. A primeira folha que surge em uma
planta é chamada de cotilédone e tem como função fornecer substâncias de reserva
para suportar o crescimento nas primeiras etapas do desenvolvimento das plantas.
Entre os aspectos mais variáveis das plantas está a nervação, formada por
uma rede de vasos condutores. O padrão de nervação das folhas tem sido
amplamente utilizado em estudos taxonômicos, sendo possível delimitar famílias e
até mesmo espécies com base nestes caracteres morfológicos. Os tipos de venação
observado entre as plantas vasculares são os seguintes, com base em Gonçalves &
Lorenzi (2007):

Acródroma: tipo de venação em que as


nervuras laterais surgem em um único
ponto da base da folha, desenvolvendo
arcos moderados e convergindo em
direação ao ápice.

Actinódroma: padrão de venação em


que três ou mais nervuras principais
surgem aproximadamente no mesmo
ponto e divergem entre si. Neste
padrão, a nervura central normalmente
não é mais pronunciada ou calibrosa
que as outras.

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33
Broquidódroma: subtipo especial do
padrão de venação camptódroma,
cujas nervuras laterais estão unidas
entre si por arcos normalmente
curvados.

Campilódroma: tipo de venação cujas


nervuras laterais surgem em um único
ponto e percorrem toda a extensão da
lâmina foliar em arcos convergentes
fortemente curvados.

Camptódroma: tipo de venação pinada


bastante comum, em que as nervuras
laterais divergem da nervura central
em ângulos diversos antes de atingir a
margem.

Cladódroma: subtipo especial da


venação camptódroma, onde as
nervuras laterais ramificam-se
livremente, sem nunca tocar a imagem.

Craspedódroma: tipo de venação


pinada, em que todas as nervuras
laterais terminam na margem da folha,
sem curvação ou ramificação profusa.

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Eucamptódroma: subtipo de venação
camptódroma cujas nervuras laterais
arqueiam-se para o ápice, mas não se
tocam por arcos conspícuos, como se
desaparecessem sutilmente.

Flabelada: padrão de nervação típico


de folhas em forma de leque
(flabeladas), no qual a partir de uma
nervura tem origem uma série de
ramificações, atingindo praticamente a
extremidade oposta da folha.

Hifódroma: tipo de venação pinada, em


que todas as nervuras laterais são
invisíveis, imersas no mesofilo
espesso. Tal padrão de venação é
comum em folhas suculentas.

Palinactinódroma: padrão raro de


venação cujas nervuras primárias
divergem de um ponto na base e os
ramos laterais ramificam-se de forma
mais ou menos dicotômica.

Paralelódroma: tipo de venação em


que duas ou mais nervuras principais
sirgem na base da folha e percorrem
paralelamente toda sua extensão.

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Pedatinérvea: tipo especial de venação
com três nervuras que surgem na base
da folha. A nervura central segue um
padrão usualmente pinado, enquanto
as duas nervuras laterais ramificam-se
somente do lado acrópeto.

Reticulódroma: subtipo da venação


camptódoma cujas nervuras laterais
ramificam-se profusamente antes de
atingir a margem.

Mesmo estando diretamente relacionadas com o sistema fotossintético,


algumas folhas acabam sendo convertidas em estruturas que não desempenham a
fotossíntese (Figura 18). Dentre estes exemplos estão as brácteas (hipsofilos), que
possuem coloração viva e atuam atraindo polinizadores para flores. Entre outros
exemplos de folhas não fotossintéticas estão os catafilos, que atuam na proteção de
outras estruturas como as gemas apicais ou laterais, ou ainda podem atuar no
processo de armazenamento de nutrientes em bulbos. Um exemplo muito comum de
catafilos são as folhas que envolvem as cebolas.
Em lianas, plantas que crescem debruçando-se sobre outras, algumas vezes
as folhas podem ser convertidas em estruturas que atuam na fixação conhecidas
como gavinhas. Em outras, o limbo pode apresentar porte reduzido, adquirindo o
pecíolo uma função fotossintética, dando origem ao filódio. Em outros casos,
tratando-se daquelas espécies típicas de ambientes com solos empobrecidos, as
folhas podem atuar na obtenção de nutrientes a partir da captura de animais
invertebrados. Geralmente, trata-se de folhas recobertas de estruturas pegajosas,
como tricomas, que capturam os invertebrados. Existem também as chamadas

AN02FREV001/ REV 3.0

36
ascídias, que são folhas modificadas, que se enchem de líquidos e atuam no
processo digestivo dos insetos capturados.
Em algumas plantas epífitas, podem-se observar as chamadas folhas
coletoras, que atuam na captação de detritos que, após a decomposição, podem
servir de fonte de nutrientes minerais para as plantas.
Entre as adaptações mais comuns está a alteração da razão
volume/superfície. Dos exemplos destas alterações são observadas em folhas
suculentas, aciculares e até mesmo na conversão de folhas em espinhos. Em
ambientes muito secos, plantas podem perder as folhas por completo, sendo assim
consideradas áfilas.

FIGURA 18 – VARIAÇÃO ADAPTATIVA DO SISTEMA FOTOSSINTÉTICO

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007)

Variações morfológicas podem ser observadas nas margens foliares, sendo


tais características também utilizadas em estudos taxonômicos. As variações mais
comuns observadas nas folhas são as seguintes (Figura 19):
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37
 Margem inteira: diz-se da margem praticamente destituída de divisão ou
ondulação marcante. Segundo Gonçalves & Lorenzi (2007), não se trata de
um termo absoluto, mas utilizado amplamente em contraponto a algum tipo
de margem com ou ondulação óbvia.
 Margem repanda: termo que designa margens que apresentam sinuosidade
leve, equivalendo-se a uma margem ondulada, porém na margem repanda a
sinuosidade é bem menos acentuada.
 Margem crenada: diz-se da margem de uma folha dividida em pequenos
lobos obtusos ou arredondados. Neste aspecto, difere-se da margem dentada
e da margem serreada, ambas com lobos agudos.
 Margem denteada: margem dividida em pequenos lobos agudos e
direcionados perpendicularmente a uma tangente traçada ao longo da
margem. Deve-se tomar cuidado para não confundi-la com a margem
serreada, na qual os dentes estão direcionados para o ápice.
 Margem erosa: são as margens que se caracterizam por apresentar dentes
irregularmente dispostos ao longo de seu comprimento, como se tivessem
sido roídas ou estivessem desgastadas pelo tempo.
 Margem crespa: excessivamente dividida, ondulada e irregular. Difere da
margem erosa pela presença de irregularidades muito mais evidentes e
visíveis. Além disso, o caráter ondulado está fortemente presente pela
margem crespa.
 Margem sinuada: diz-se das margens de folhas ou outros órgãos foliáceos
que apresentam uma sucessão de concavidades e convexidades, sendo
similar à margem repanda, porém menos acentuada.

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FIGURA 19 – VARIAÇÃO OBSERVADAS NAS MARGENS FOLIARES

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

Nas angiospermas, também se observa uma variação considerável nas


formas das bases foliares (Figura 20). As variações nas bases foliares mais comuns
observadas entre as angiospermas são as seguintes:
 Aguda: base cujas margens usualmente retas se aproximam em um ângulo
menor que 90º.
 Arredondada: diz-se da base foliar que se apresenta em forma de
semicírculo, que no caso pode ser interrompida pela inserção do pecíolo.
 Assimétrica: base foliar cujas margens se inserem na raque em pontos não
opostos.
 Atenuada: base cujas margens retas ou apenas levemente curvadas
transitam para um apêndice longo e bastante agudo.
 Cordada: diz-se da base que apresenta formato de coração, possuindo na
base lobos arredondados.
 Cuneada: define a base de uma folha onde as margens juntam-se em um
ângulo inferior a 45º em relação à nervura central.
 Decorrente: diz-se da base na qual as margens se prolongam abaixo do
ponto de inserção, tornando-se cada vez mais estreita em direção à base.

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FIGURA 20 – PRINCIPAIS TIPOS DE BASES FOLIARES NO GRUPO DAS
ANGIOSPERMAS

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

 Hastada: difere-se da folha sagitada por apresentar lobos basais


perpendiculares ao eixo central da folha.
 Obtusa: define a base de uma folha onde as margens se aproximam
em ângulo maior que 90º, podendo estas margens ser retas ou arredondas.
 Sagitada: apresenta os lobos basais agudos e pronunciados.
 Subcordada: termo que descreve uma base basicamente cordada, mas
que apresenta lobos posteriores menos proeminentes que uma folha cordada
típica.

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 Truncada: diz-se da base que termina abruptamente, como se tivesse
sido mutilada. Termo aplicado quando as margens são praticamente
perpendiculares ao comprimento do órgão.
 Variações morfológicas também podem ser observadas no ápice das
folhas das angiospermas (Figura 21), sendo que os tipos mais comuns podem
ser observados a seguir:
 Acuminado: ápice cujas margens inicialmente se afilam em um ângulo
obtuso e abruptamente passam a afilar-se em ângulo agudo, formando uma
projeção. Considera-se a forma longa de cuspidado. Difere-se da forma
atenuada pela transição mais abrupta.
 Agudo: diz-se do ápice cujas margens usualmente retas se aproximam
em um ângulo menor que 90º.
 Arredondado: diz-se do ápice foliar que se apresenta em forma de
semicírculo.
 Atenuado: diz-se do ápice cujas margens retas ou apenas levemente
curvadas transitam para um apêndice longo e bastante agudo.
 Cirroso: diz-se do ápice onde se observa um prolongamento da raque
observado usualmente em plantas trepadeiras.
 Cuneado: diz-se do ápice de uma folha onde as margens juntam-se em
um ângulo inferior a 45º em relação à nervura central.
 Cuspidado: termo utilizado para designar um ápice cujas margens
afilam-se em um determinado ângulo e abruptamente passam a afilar-se em
um ângulo ainda mais agudo. Normalmente usado para designar a forma
curta de acuminado.
 Emarginado: diz-se do ápice aproximadamente arredondado, com uma
incisão aguda na extremidade. O ápice emarginado dá a impressão de que a
nervura central encolheu. É similar ao ápice retuso, mas a incisão neste caso
é aguda, não arredondada.
Mucronado: termo que define um ápice foliar que se apresenta extremamente
abrupto, mas continuado por uma porção pontiaguda, rígida, geralmente
representada pela nervura central.

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FIGURA 21

Tipos mais comuns de ápices foliares observados entre as angiospermas.


FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

 Obtuso: diz-se do ápice de uma folha cujas margens se aproximam em


ângulo maior que 90º, podendo ser retas ou arredondas.
 Retuso: termo que define um tipo de ápice essencialmente arredondado,
mas com depressão arredondada na extremidade. É similar ao caule
emarginado, mas difere pela presença da depressão arredondada em vez de
uma incisão aguda.
 Truncado: diz-se do ápice que termina abruptamente, como se tivesse sido
mutilado. Termo aplicado quando as margens são praticamente
perpendiculares ao comprimento do órgão.
Como estudamos em nosso curso, as folhas apresentam variações
morfológicas marcantes em sua base e ápice, sendo este observado em suas
folhas. No que tange às folhas como um todo existe grande variação morfológica
neste órgão. Os critérios utilizados para a classificação das folhas são variáveis,
sendo que o principal critério é a relação largura/comprimento.
Com base neste critério, podemos observar a seguinte classificação acerca
da morfologia das folhas:
Folhas mais largas na base (Figura 22):
o Deltoide: diz-se da folha largamente triangular, estando a base do
triângulo conectada ao pecíolo.
o Estreitotriangular: diz-se da folha que possui forma triangular, porém
bem mais estreita quando comparada com a deltoide.

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42
FIGURA 22 – FOLHAS MAIS LARGAS NA BASE

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

 Folhas mais largas próximas à base (Figura 23):


o Lanceolada: diz-se que, além de ser mais larga próximo à base,
a razão comprimento/largura está entre 6:1 e 3:1.
o Ovada: diz-se de uma folha ou estrutura laminar que apresenta
um contorno oval, isto é, mais larga próximo à base que ao ápice e
cuja razão comprimento/largura está entre 2:1 e 3:2.
o Trulada: diz-se de uma folha que possui forma de losango,
sendo mais larga próximo à base.

FIGURA 23 – FOLHAS MAIS LARGAS PRÓXIMAS À BASE

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

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 Folhas mais largas na região mediana da folha (Figura 24):
o Largoelíptica: folha ou estrutura larga na porção mediana,
assumindo uma forma praticamente arredondada.
o Elíptica: folha ou estrutura mais larga na porção mediana. Possui
razão comprimento/largura de 2:1 até 3:2.
o Romboide: termo que descreve uma folha em formato de um
losango, isto é, com contorno essencialmente elíptico ou ovado, mas
com a região mais larga leve e fortemente angular.
o Estreitoelítpica: folha ou estrutura mais larga na porção mediana,
porém estreita quando comparada com a forma elíptica.
 Folhas com margens paralelas (Figura 25):
o Oblonga: termo que descreve uma folha ou outra estrutura
laminar com ápice e base obtusos e margens paralelas. Possui razão
comprimento/largura 2:1 e 3:2.
o Linear: diz-se da folha com duas margens paralelas pela maior
parte de seu comprimento. Geralmente a razão comprimento/largura
varia de 6:1 até 3:1.

FIGURA 24 – FOLHAS MAIS LARGAS NA REGIÁO MEDIANA

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

AN02FREV001/ REV 3.0

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FIGURA 25 – FOLHAS COM MARGENS PARALELAS

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

 Folhas mais largas próximo ao ápice (Figura 26):


o Oblanceolada: diz-se de uma folha ou estrutura laminar mais larga
próxima ao ápice que à base, e cuja razão comprimento/largura está
entre 6:1 e 3:1.
o Obovada: termo que descreve uma folha ou outra estrutura laminar
mais larga próxima ao ápice que à base. A razão comprimento/largura
está entre 2:1 a 3:2.
o Obtrulada: diz-se de uma folha que possui forma de losango, sendo
mais larga próxima ao ápice.

FIGURA 26 – FOLHAS MAIS LARGAS PRÓXIMO AO ÁPICE

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

 Folhas mais largas no ápice (Figura 27):


o Obdeltoide: diz-se da folha largamente triangular, estando o
ápice do triângulo conectado ao pecíolo.

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45
o Estreito-obtriangular: diz-se da folha estreita, de forma triangular,
estando o ápice do triângulo conectado ao pecíolo.

FIGURA 27: FOLHAS MAIS LARGAS NO ÁPICE

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

4.1 INDUMENTO

É muito comum observar, especialmente nas folhas, a presença de


estruturas semelhantes a pelos, conhecidos no estudo das plantas como tricomas.
Durante muito tempo, reconhecia-se como tricoma o conjunto de pelos de uma
planta, entretanto, com o passar dos anos, seu significado passou a ser utilizado
para designar as estruturas de forma individual.
Os tricomas podem apresentar distintas funções, entre as quais: proteger a
lâmina foliar, absorver água, minimizar a perda excessiva de água provocada pelo
calor, frio ou vento, impelir o ataque de herbívoros.
São conhecidos basicamente quatro tipos de tricomas: tectores, glandulares,
urticantes e absorventes (Figura 28).
 Tricomas tectores: desempenham apenas funções estruturais, variando
amplamente em forma e textura.
 Tricomas glandulares: com capacidade de secretar substâncias específicas,
entre as quais mucilagens, soluções enzimáticas e óleos essenciais.
 Tricomas urticantes: possuem a propriedade de injetar substâncias irritantes
na pele de animais que entram em contato, podendo causar alergias com
certo grau de sofrimento.
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46
 Tricomas absorventes: observados exclusivamente em partes subterrâneas,
aumentando consideravelmente a superfície de absorção.
No que se refere à variação no tipo de indumento, este aspecto é de grande
importância em estudos taxonômicos, tendo sido sua nomenclatura, ao longo dos
tempos, o centro de longas discussões. A seguir apresentaremos os principais
nomes dados aos conjuntos de tricomas.

FIGURA 28 – TIPOS DE TRICOMAS ENCONTRADOS EM PLANTS VASCULARES

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

 Tricomas adpressos: são aqueles que estão em contato toda sua extensão
com a superfície da folha (Figura 29).
o Estrigoso: termo utilizado para designar toda e qualquer superfície
vegetal coberta por pelos agudos. É similar à superfície hirsuta, mas os
tricomas na superfície estrigosa são adpressos, e não eretos.
o Seríceo: termo que designa uma superfície vegetal qualquer coberta
por pelos muito finos e próximos, sempre adpressos 'a superfície do
órgão. Tal disposição, vista à distância, torna esta superfície
semelhante à seda.

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o Flocoso ou farinoso: termo utilizado para designar toda e qualquer
superfície vegetal coberta de pelos densos que se desprendem em
flocos quando tocados ou esfregados.

FIGURA 29: TRICOMAS ADPRESSOS

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

 Tricomas eretos: em geral são tricomas macios a duros, mas nunca


pungentes ou formando superfícies ásperas como uma lixa (Figura 30).
o Mais curtos que 1 mm:
 Incano: diz-se da superfície de qualquer órgão aéreo coberta
com pelos muito curtos, mas tão densamente dispostos, que
dão uma aparência esbranquiçada ao órgão.
 Pubescente: termo que designa uma superfície coberta de pelos
curtos, frágeis, porém densos. É mais ou menos similar a uma
superfície pilosa, mas difere por apresentar pelos levemente
mais curtos e bem mais densos.
 Piloso: termo que designa uma superfície coberta por pelos
curtos, frágeis e finos. É mais ou menos similar a uma superfície
pubescente, mas difere por ter os tricomas um pouco mais
longos e menos densos.
 Velutino: superfície muito semelhante à tomentosa, isto é, com
pelos curtos e rígidos. Entretanto, na superfície velutina, os
pelos são tão densos que dão ao órgão o aspecto de veludo.

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FIGURA 30 – TRICOMAS ERETOS MAIS CURTOS QUE 1 MM

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

o Entre 1 mm e 3 mm (Figura 31):


 Tomentoso: superfície coberta de pelos curtos, rígidos e densos
a ponto de serem perceptíveis ao toque.
 Hirto ou hirsuto: diz-se de toda e qualquer estrutura vegetal que
se apresenta mediamente coberta de tricomas eretos longos,
macios e bem flexíveis.
o Mais longos que 3 mm (Figura 32):
 Barbado: termo normalmente utilizado para designar uma
superfície coberta de tufos isolados de pelos frágeis e longos,
que deixam parte da superfície visível sob os pelos.
 Lanuginoso: termo que designa qualquer superfície vegetal que
se encontra coberto por pelos longos, densos e usualmente
curvados, com aspecto de lã.

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 Aracnoideo: diz-se da superfície de órgãos aéreos coberta com
tricomas muito longos, finos, esbranquiçados e esvoaçantes,
como se fossem teias de aranha.

FIGURA 31 – TRICOMAS ERETOS COM COMPRIMENTO ENTRE 1 E 3 MM

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

FIGURA 32 – TRICOMAS ERETOS MAIS LONGOS QUE 3 MM.

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

 Tricomas fortemente pungentes ou ásperos como uma lixa (Figura 33):


o Escabro: diz-se da folha, caule ou qualquer estrutura vegetal com a
superfície notavelmente áspera ao tato. Tal aspereza é usualmente
causada por projeções epidérmicas diversas, tricomas corpos de sílica
etc.

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o Híspido: descreve toda e qualquer superfície vegetal coberta por pelos
longos e rijos, facilmente perceptíveis ao toque. Órgãos híspidos são
usualmente bastante ásperos quando tocados.

FIGURA 33 – TRICOMAS PUNGENTES

FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

5 CARACTE RÍSTICAS GERAIS DOS FRUTOS

O fruto representa o ovário fecundado e desenvolvido, acompanhado ou não


de outras partes florais. No interior dos frutos, situam-se as sementes, que resultam
da fecundação dos óvulos. Aqueles frutos considerados partenocárpicos
desenvolvem-se sem a formação de sementes. Bananas cultivadas são exemplos
familiares desta condição excepcional.
Os frutos são classificados conforme a sua composição em frutos simples,
compostos e múltiplos.
 Frutos simples: são formados por um só ovário (unicarpelar ou
gamocarpelar) de uma única flor. Estes ainda podem ser classificados
em frutos secos (folículo, legume, cápsula poricida, cápsula pixidária,
cápsula septicida, cápsula loculicida, cápsula septífraga, sílique,
aquênio, cariopse, sâmara, noz, esquizocarpo, lomento e craspédio) e
frutos carnosos (pomo, drupa e baga) (Gonçalves & Lorenzi, 2007)
(Figura 34).

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51
 Frutos compostos são originados do gineceu, partes florais e eixos e
brácteas de uma inflorescência, constituindo infrutescências (Figura
35).
 Frutos múltiplos são formados por gineceus de mais de uma flor. O
abacaxi, por exemplo, é um fruto múltiplo, formado de ovários
anteriormente separados que se fundiram ao eixo da inflorescência (as
outras partes florais ficaram espremidas entre os ovários em
desenvolvimento) (Raven et al. 2001).
Os frutos simples, sem dúvida alguma, são de longe o mais diversificado dos
três grupos de frutos. Nas bagas, como exemplo, tomates e uvas, pode ocorrer um
ou vários carpelos, comumente com várias sementes, sendo que as camadas mais
internas do fruto são carnosas.
Já nas drupas, também pode ocorrer um ou vários carpelos, mas cada
carpelo contém somente uma semente. A camada mais interna do fruto é dura e
encontra-se firmemente aderida à semente. Como exemplos de drupas citem-se:
pêssegos, azeitonas e ameixas. Os cocos também são drupas cujas camadas mais
externas se mostram fibrosas em vez de carnosas.
Os pomos são frutos carnosos especializados característicos de uma
subfamília da família Rosaceae (Maloideae). O pomo tem origem a partir de um
ovário ínfero, cuja parte carnosa deriva do receptáculo floral (perianto) desenvolvido.
A porção mais interna do pomo, o endocarpo, parece uma membrana grossa, como
podemos observar em maçãs e peras.

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52
FIGURA 34

Fruto do tipo legume observado em um representante da família fabaceae (leguminosae). Juntamente


com as famílias orchidaceae e asteraceae, está entre as mais ricas em número de espécies.
FONTE: RAVEN et al. (2001).

FIGURA 35 – EXEMPLO DE UM FRUTO COMPOSTO (AGREGADO).

FONTE: RAVEN ET AL. (2001).

FIM DO MÓDULO II

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53
MÓDULO III

6 CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS RAÍZES

No momento em que o embrião começa a germinar, a primeira estrutura que


surge da semente é a radícula, que permitirá à planta fixar-se no solo e promover a
fixação ao substrato. Além destas funções (absorção e fixação), existem outras duas
funções associadas a esta estrutura: armazenamento e condução.
Nas gimnospermas, magnolídeas e eudicotiledôneas, a raiz primária,
denominada pivotante, cresce diretamente para baixo (Raven et al., 2001), e a partir
desta raiz principal surgem as raízes laterais. Dessa forma, podemos dizer que as
raízes laterais mais velhas possuem uma posição distal em relação ao ápice da raiz
pivotante, enquanto as mais jovens são proximais em relação a este. Este tipo de
sistema radicular, onde é possível observar um eixo central bem definido com
ramificações, é chamado de sistema radicular pivotante (Figura 36).

FIGURA 36.

Raiz pivotante, mostrando raiz central evidente, da qual partem raízes laterais.
FONTE: RAVEN ET AL. 2001.

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Nas espécies conhecidas como monocotiledôneas, na maior parte dos casos a
raiz chamada primária possui vida curta. Neste caso, o sistema radicular é formado
por raízes adventícias, que se desenvolvem a partir do caule (Figura 37). São estas
raízes adventícias juntamente com as suas raízes laterais que dão origem ao sistema
vascular fasciculado, caracterizado pelo fato de não haver nenhuma raiz proeminente
em relação ao conjunto de raízes.

FIGURA 37

Raízes adventícias, características das monocotiledôneas. Repare que não existe uma raiz principal
definida. FONTE: RAVEN ET AL. 2001.

Do ponto de vista do gradiente de profundidade, observa-se que as raízes


pivotantes alcançam maiores profundidades do que as superficiais raízes adventícias
das monocotiledôneas.
As espécies que apresentam raízes fasciculadas desempenham um importante
papel na natureza com relação à prevenção do processo de erosão do solo, uma vez
que se "agarram" fortemente às partículas do solo.
A profundidade com que o sistema radicular penetra no solo está associada
com uma série de fatores, entre os quais temperatura, umidade e composição do

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solo. As chamadas raízes de nutrição, que estão diretamente associadas com o
processo de absorção de nutrientes, situam-se nos primeiros metros do solo.
Para as espécies arbóreas, a maior parte das raízes de nutrição situa-se nos
primeiros 15 centímetros de solo, que geralmente possuem maior concentração de
matéria orgânica disponível para a absorção. Podemos caracterizar as raízes da
seguinte forma:
 Corpo não segmentado em nós e entrenós;
 Órgão que não possui folhas e gemas;
 Salvo raras exceções (raízes aéreas), a maior parte das plantas possui raízes
subterrâneas;
 Na maior parte das vezes, as plantas não apresentam clorofila em suas raízes,
com exceção daquelas plantas que possuem raízes aéreas (orquídeas e
aráceas).
 Origina-se na radícula do embrião da semente.
As raízes são compostas pelas seguintes partes: caliptra, zona lisa de
crescimento ou de distensão, zona pilífera ou dos pelos absorventes, zona suberosa
ou de ramificação e o colo (Figura 38). A seguir, veremos as principais funções de
cada uma das partes que constituem uma raiz.

FIGURA 38: MORFOLOGIA BÁSICA DE UMA RAIZ.

FONTE: Adaptado de VIDAL & VIDAL (2000).

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a) Coifa: protege o ápice das raízes contra o atrito e a transpiração excessiva.
Protege principalmente na zona lisa o tecido meristemático (Figura 39).
b) Zona lisa de crescimento: promove o crescimento da raiz que é subterminal.
c) Zona pilífera: esta região da raiz tem como principais funções absorver água e
nutrientes dissolvidos que estão disponíveis no ambiente.
d) Zona suberosa ou de ramificação: nesta parte da raiz é que se formam as
radicelas ou raízes secundárias.
e) Colo: trata-se de uma região de transição entre a raiz e o caule.

FIGURA 39

Imagem mostrando a bainha de mucilagem que envolve a coifa e uma “nuvem” de células destacadas
FONTE: RAVEN ET AL. (2001).

As raízes podem ser classificadas de acordo com a sua origem, sendo


reconhecidos basicamente dois tipos: raízes normais e raízes adventícias.
a) Normais: são aquelas raízes que têm origem a partir da radícula.
Compreendem as raízes normais a raiz principal e todas as suas ramificações, ou
seja, as raízes secundárias.
b) Adventícias: são raízes que não se originam a partir da radícula do
embrião ou da raiz principal a partir da radícula originada. Podem ser observadas em

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caules subterrâneos ou nas partes aéreas das plantas. Um dos tipos de raízes
adventícias mais conhecidas pode ser observado em Zea mays (milho-verde) (Figura
40).

FIGURA 40

Raízes adventícias em Zea mays. Estas raízes fornecem suporte para o desenvolvimento vertical da
planta. FONTE: RAVEN ET AL. (2001).

Além de sua classificação com base em sua origem, as raízes também


podem ser classificadas de acordo com o seu hábitat, sendo esta a classificação mais
comumente utilizada. Quanto ao hábitat, as raízes podem ser classificadas de três
formas: aéreas, aquáticas e subterrâneas. A seguir, veremos as variações dentro de
cada uma das formas existentes.

6.1 RAÍZES AÉREAS

a.1 – Cinturas ou estranguladoras: tratam-se de raízes adventícias que


abraçam outro vegetal e em casos extremos, o hospedeiro pode chegar a morrer.
Este exemplo de raiz pode ser observado em espécies conhecidas como figueiras-
mata-pau. (Figura 41)

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FIGURA 41.

Raiz cintura em ficus sp. FONTE: Adaptado de VIDAL & VIDAL (2000).

a.2 – Grampiformes ou aderentes: são raízes que por sua origem são
classificadas como adventícias e que, como o próprio nome diz, possuem forma
semelhante a um grampo. Estas raízes fixam a planta em um suporte, sendo este
outra planta ou não. Representantes da família Moraceae, popularmente conhecidas
como “hera” possuem este tipo de raízes (Figura 42).

FIGURA 42

Raiz grampiforme ou aderente observada em indivíduos de hera (ficus spp.)


FONTE: Adaptado de VIDAL & VIDAL (2000).

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a.3 – Respiratórias ou pneumatóforos: trata-se de raízes que apresentam
comportamento conhecido como geotropismo negativo, ou seja, desenvolvem-se para
fora do solo, de forma contrária à gravidade. Podem ser observadas em espécies que
habitam áreas alagadas, uma vez que são capazes de capturar o oxigênio
atmosférico e direcioná-lo às partes subterrâneas da planta. A captação do oxigênio é
feita por meio de orifícios conhecidos como lenticelas. Tais estruturas são comuns em
espécies que habitam manguezais (Figura 43).

FIGURA 43

Pneumatóforos emergindo em local de solo encharcado. FONTE: RAVEN ET AL. (2001).

a.4 – Haustódios ou sugadoras: raízes adventícias, que apresentam órgãos


de contato (apressórios), em cujo interior surgem raízes finas conhecidas como
haustórios. Estas estruturas possuem a capacidade de penetrar no corpo da planta
hospedeira, retirando dos vasos do floema a seiva elaborada, o que confere a estas
espécies o status de parasitas. Entre as espécies parasitas mais conhecidas estão as
ervas-de-passarinho (Figura 44).

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FIGURA 44

Raiz sugadora observada em indivíduos de erva-de-passarinho. FONTE: Adaptado de VIDAL & VIDAL
(2000).

a.5 – Suporte ou fúlcreas: são raízes adventícias que brotam em direção ao


solo, fixam-se ao substrato atingindo níveis mais profundos do solo, podendo, em
alguns casos, atingir dimensões consideráveis. Estas raízes auxiliam a sustentação
do vegetal, como podemos observar em exemplares de falsa-seringueira. (Figura 45).

FIGURA 45

Raiz suporte em um exemplar de ficus elastica


FONTE: Disponível em: <http://www.jardineiro.net/phpBB/viewtopic.php?f=6&t=1139&start=0.>
Acesso em: 30 set. 2010.

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a.6 – Sapopemas ou tabulares: raízes aéreas que atingem o maior
desenvolvimento e possuem forma semelhante a tábuas perpendiculares ao solo.
Estas estruturas acabam ampliando a base da planta, promovendo maior
estabilidade. Em parte, estas estruturas são aéreas e em parte, desenvolvem-se
abaixo da superfície do solo. Estas estruturas podem ser observadas em espécies de
grande porte, como a samaúma da Amazônia, que pode atingir até 40 m de altura.
(Figura 46).

FIGURA 46

Raiz tabular ou sapopema observada em exemplar de ficus sp.


FONTE: Adaptado de VIDAL & VIDAL (2000).

Além das raízes aéreas, há aquelas que se desenvolvem na água, por isso,
classificadas como aquáticas. É possível observar estes tipos de raízes em plantas
aquáticas de vida livre, como as alfaces d'água e os aguapés (Figura 47).

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FIGURA 47

Exemplar de aguapé (eichhornia sp.) mostrando raízes aquáticas.


FONTE: Adaptado de VIDAL & VIDAL (2000).

6.2 RAÍZES SUBTERRÂNEAS

Existem ainda as raízes classificadas como subterrâneas, ou seja, que se


desenvolvem inteiramente abaixo do nível do solo. Entre elas podemos observar as
seguintes variações:

b.1 – Axial ou pivotante: esta é a principal raiz subterrânea, desenvolvida e de


onde partem as ramificações (raízes secundárias) pouco desenvolvidas quando
comparadas à raiz principal. Esta raiz subterrânea é típica de plantas pertencentes ao
grupo das gimnospermas e angiospermas (Figura 48).

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FIGURA 48

Raiz axial ou pivotante observada em um representante da família phyllantaceae


FONTE: Adaptado de VIDAL & VIDAL (2000).

b.2 – Ramificada: neste caso, a raiz principal brevemente sofre ramificações


em secundárias e estas por sua vez dão origem a raízes terciárias. Tipo de raiz
comumente encontrado no grupo das eudicotiledôneas.

b.3 – Fasciculada: caracteristicamente neste tipo de raiz não é possível


observar uma raiz principal. Todas as raízes que caracterizam este tipo possuem a
mesma espessura e formam um feixe de raízes. Raiz típica das monocotiledôneas.

b.4 – Tuberosa: raiz de porção dilatada devido ao acúmulo de nutrientes.


Entre os principais representantes deste tipo de raiz estão a cenoura, o rabanete e a
batata-doce (Figura 49).

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FIGURA 49

Raiz tuberosa observada em exemplar de cenoura (Daucus carota l.). FONTE: Adaptado de VIDAL &
VIDAL (2000).

FIM DO MÓDULO III

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MÓDULO IV

7 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CAULES

O sistema caulinar é a porção aérea da planta que mais nos é familiar. As


duas funções principais associadas com os caules são promover o suporte do corpo
da planta e a condução das seivas (bruta e elaborada) e água.
As folhas, órgão principal no que se refere ao processo de fotossíntese, são
sustentadas pelos caules. As substâncias produzidas nas folhas são transportadas
através dos caules via floema para os sítios de utilização, tais como as partes em
desenvolvimento e os tecidos de armazenagem, incluindo aqueles dos caules.
Ao mesmo tempo, a água e os minerais são transportados das raízes para
as folhas pelo xilema através do caule (Raven et al. 2001).
Os caules também podem ser classificados de acordo com o hábitat, em aéreos e
subterrâneos. A seguir, veremos as variações observadas dentro de cada tipo de
solo.

7.1 CAULES AÉREOS

São aqueles que se situam acima da superfície do solo. Podem ser eretos,
rastejantes, trepadores ou ainda em forma de estolão.
a Caules eretos: apresentam desenvolvimento quase vertical.
a.1 Tronco: forma lenhosa, de grande resistência, cônica ou cilíndrica.
Geralmente observado em arbustos e árvores (Figura 50).

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FIGURA 50

Tipo de caule observado na maior parte das árvores, conhecido como tronco.
FONTE: Arquivo pessoal da autora.

a.2 Haste: forma fracamente lenhosa, porte herbáceo, encontrado


principalmente em ervas e subarbustos (Figura 51).
FIGURA 51

Caule do tipo haste, observado em árvores e subarbustos. FONTE: Adaptado de VIDAL & VIDAL,
2000).

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a.3 Estipe: caule típico das palmeiras, lenhoso, cilíndrico e resistente,
mostrando uma coroa de frondes em seu ápice (Figura 52). Também observado no
mamoeiro.
FIGURA 52

Caule típico das palmeiras, conhecido como estipe. FONTE: Arquivo pessoal da autora.

a.4 Colmo: dividido em nós e entrenós marcadamente visíveis, podem ser


ocos ou não. Característico entre algumas espécies de gramíneas como o milho,
bambu, cana-de-açúcar (Figura 53).
FIGURA 53

Caule típico dos bambus, conhecido como colmo e subdividido em nós e entrenós bem definidos
FONTE: Disponível em: <http://api.ning.com/files/68. Acesso em: 30 set. 2010.

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b) Caules rastejantes: desenvolvem-se de forma paralela e apoiados no
solo, podendo ou não apresentar raízes de trechos em trechos, como observado em
exemplares de abóbora.

c) Caules trepadores: são classificados com este nome aqueles caules que
se caracterizam por subir em um suporte utilizando-se de elementos de fixação,
como raízes adventícias (hera) ou gavinhas (uva, chuchu) (Figura 54).

FIGURA 54

Caule trepador observado em um exemplar de hera (ficus sp.)


FONTE: Adaptado de VIDAL & VIDAL (2000).

d) Estolão: tipo de caule originado de um broto lateral formando, de


tempos em tempos, rosetas foliares juntamente com raízes fasciculadas. Pode ser
aéreo, apoiado sobre o solo, subterrâneo ou aquático. Como exemplo, pode-se citar
o morangueiro (Figura 55) e o aguapé.

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FIGURA 55

Caule aéreo do tipo estolão observado em morangueiro.


FONTE: Adaptado de VIDAL & VIDAL, 2000.

7.2 CAULES SUBTERRÂNEOS

São aqueles que se situam abaixo da superfície do solo. Entre os caules


subterrâneos, podemos observar as seguintes variações.
a) Rizoma: apresenta geralmente um formato horizontal, emitindo de espaço
em espaço, brotos foliares ou floríferos que se situam fora do solo. Este tipo de
caule tem como principal representante os bambus e espécies de pteridófitas.
b) Tubérculo: tipo de caule delgado com ápice intumescido. Um dos
exemplos mais conhecidos deste tipo de caule subterrâneo é a batata (Figura 56).

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FIGURA 56

Caule subterrâneo do tipo tubérculo – seta mostra extremidades intumescidas, formando “batatas.
FONTE: Adaptado de GONÇALVES & LORENZI (2007).

c) Bulbo: tipo de caule subterrâneo comprimido, usualmente com forma


discoide, cujo ápice encontra-se protegido por numerosos catafilos suculentos e
usualmente amilíferos. Um dos principais representantes deste tipo de caule é a
cebola.
Os caules podem ainda ser classificados de acordo com o padrão de
ramificação. Caules indivisos são aqueles que não se ramificam como já
visualizamos no caso das palmeiras, no caule do tipo estipe. Já entre os ramificados,
ou seja, com ramos laterais, existem distintos tipos a serem visualizados a seguir:
a) Monopodial: diz-se da planta cujo sistema caulinar é gerado pela atividade
de uma só gema apical, produzindo um eixo único. Plantas monopodiais geralmente
produzem caule retilínio e único, como é o caso de algumas espécies de pinheiros
(Figura 57).

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FIGURA 57

Sistema caulinar do tipo monopodial. Desenho: Caroline Leuchtenberger.

b) Simpodial: termo utilizado para designar sistema caulinar originado de


mais de uma gema apical, apresentando o eixo principal maior ou menor dominância
(Figura 58). Existem ainda outras classificações do caule, como aquela relacionada
com a consistência (herbáceo, sublenhoso, lenhoso), quanto à forma (cilíndrico,
cônico, comprimido ou achatado, anguloso, sulcado, estriado e barrigudo).

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FIGURA 58

Sistema caulinar do tipo simpodial, gerado pela atividade de mais de uma gema apical.
Desenho: Caroline Leuchtenberger.

Ao longo do processo evolutivo, os caules conseguiram adaptar-se aos mais


variados ambientes. Os caules podem apresentar as seguintes adaptações:
a) Cladódios: caule fotossintetizante, caracteristicamente encontrado em
plantas áfilas que habitam regiões de clima mais árido. Comum entre os
representantes das famílias euphorbiaceae e cactaceae (Figura 59).
b) Espinhos: órgãos de origem caulinar, vascularizados; não devem ser
confundidos com acúleos.
c) Gavinhas: ramo de aspecto filamentoso originado na axila de uma folha
que se enrola ao entrar em contato com algum suporte (Figura 60).

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FIGURA 59

Adaptação do tipo cladódio, observado em um exemplar de cereus discolor a. juss. A coloração


esverdeada do caule deve-se à presença de cloroplastos, o que lhe confere a capacidade de atuar no
processo de fotossíntese. FONTE: Foto de Carlos Rodrigo Lehn.

FIGURA 60

Adaptação caulinar do tipo gavinha. FONTE: Disponível em: <www.portalsaofrancisco.com.br>.


Acesso em: 30 set. 2010.

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CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DAS PRINCIPAIS FAMÍLIAS DA FLORA
BRASILEIRA

A flora no Brasil é composta por mais 50.000 espécies distribuídas em uma


infinidade de famílias. A seguir, apresenta-se uma breve descrição das principais
famílias da flora brasileira, abordando aspectos relacionados com a diversidade e
distribuição geográfica.

a) Acanthaceae

Hábito: plantas herbáceas, arbustivas ou subarbustivas. Folhas: simples,


opostas cruzadas. Flores: grandes, fortemente zigomorfas, reunidas em
inflorescências protegidas por brácteas coloridas. Quatro estames, didínamos ou
estaminoides, com pólen ornamentado. Gineceu com ovário súpero e estigma
bilabiado. Fruto: capsular, com dispositivo ejaculador de semente.
Distribuição e diversidade: acanthaceae possui distribuição
predominantemente pantropical, incluindo cerca de 200 gêneros e 3.000 espécies.
No Brasil, há cerca de 40 gêneros e 500 espécies, tanto em áreas abertas quanto
florestais.

b) Alismataceae

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Hábito: são ervas aquáticas ou brejosas, latescentes. Folhas: com lâmina
foliar grande, longo pecíolo e bainha larga. Caracterizam-se pelas nervuras paralelas
da base ao ápice, onde convergem. Flores: Inflorescência ereta, paniculada ou
racemosa. Flores pedunculadas, providas de brácteas. Sépalas e pétalas em
número de três, livres. A partir de três estames. Ovário súpero, com único óvulo por
carpelo. Fruto: frutículo isolado.
Distribuição e diversidade: alismataceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo 12 gêneros e cerca de 80 espécies. No Brasil, há dois gêneros e cerca de
25 espécies, a maioria pertencente a echinodorus.

c) Amaranthaceae

Hábito: compreende representantes predominantemente herbáceos. Folhas:


inteiras, de disposição espiralada ou oposta cruzada, sem estípulas. Flores:
pequenas, em geral secas, reunidas em inflorescência capituliformes, ou em espigas
ou cachos, monoclamídeas, geralmente hermafroditas de simetria radial. Tépalas
em geral secas, em número de quatro ou cinco, livres ou soldadas. Estames em
número igual ao das tépalas ou menor, livres ou com filetes soldados em um tubo
coroliformes. Ovário súpero, unicarpelar e unilocular com um único óvulo. Fruto: em
geral seco.
Distribuição e diversidade: amaranthaceae possui distribuição cosmopolita,
exceto pelas regiões mais frias do Hemisfério Norte. A família inclui cerca de 170
gêneros e 2.000 espécies, sendo que no Brasil existem 20 gêneros nativos e
aproximadamente 100 espécies.

d) Anacardiaceae

Hábito: geralmente arbóreas. Folhas: inteiras ou compostas de disposição alterna,


sem estípulas ou estas são descíduas. Flores: pequenas, não vistosas, brancas ou
amarelo-esverdeadas, hermafroditas ou de sexo separados, diclamídeas, com
sépalas e pétalas pentâmeras. Androceu com 10 estames ou menos. Ovário súpero,

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unilocular com um só óvulo por lóculo. Fruto: seco, tipo noz ou baciforme e
drupáceo.
Distribuição e diversidade: anacardiaceae possui distribuição tropical e
subtropical, incluindo cerca de 70 gêneros e 700 espécies. No Brasil, são 15
gêneros e cerca de 70 espécies.

e) Annonaceae

Hábito: Plantas lenhosas, árvores ou arbustos. Folhas: inteiras, de


disposição alterna dística, sem estípulas. Flores: isoladas ou reunidas em
inflorescências, grandes ou pequenas, hemicíclicas, hermafroditas, diclamídeas,
com perianto diferenciado em cálice e corola ambos trímeros e carnosos. Estames
numerosos com disposição espiralada. Ovário súpero com carpelos numerosos,
livres entre si, apocárpicos, de um a inúmeros óvulos. Fruto: apocárpico baciforme.
Semente com endosperma ruminado.
Distribuição e diversidade: annonaceae é uma família com distribuição
predominantemente tropical, que inclui aproximadamente 130 gêneros e 2.200
espécies. No Brasil, existem 33 gêneros e cerca de 250 espécies.

f) Apocynaceae (incluindo asclepiadaceae)

Hábito: ervas, subarbustos, árvores ou trepadeiras, em geral latescentes.


Folhas: simples, opostas, opostas cruzadas ou verticiladas, com estípulas
rudimentares. Flores: pequenas ou grandes e vistosas, diclamídeas. Cinco pétalas e
sépalas. Gamopétala infundibuliforme ou hipocrateriforme, de tubo longo. Cinco
estames epipétalos, alternos aos lobos da corola. Ovário súpero, com muitos óvulos,

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estigma em forma de carretel. Frutos: secos, do tipo cápsula. Sementes pilosas,
aladas ou não.
Distribuição e diversidade: apocynaceae possui distribuição
predominantemente pantropical, mas com representantes também na região
temperada. A família inclui aproximadamente 400 gêneros e 3.700 espécies. No
Brasil, há cerca de 90 gêneros e 850 espécies.

g) Araceae (incluindo lemnaceae)

Hábito: plantas terrestres ou epífitas, raramente aquáticas (Pistia spp.),


frequentemente com látex. Folhas: alternas, em geral protegidas por uma grande
estípula persistente. Em geral, com pecíolo longo e uma grande bainha invaginante.
Flores: Inflorescência em espádice simples, protegida por uma grande bráctea, a
espata, de cores vivas e brilhantes. Flores muito pequenas, sésseis, aclamídeas.
Estames: dois, quatro ou oito. Ovário súpero ou ínfero e, neste caso, imerso na
espádice, com um a muitos óvulos. Fruto: tipo baga.
Distribuição e diversidade: araceae possui distribuição cosmopolita, incluindo
cerca de 100 gêneros e 3.000 espécies. No Brasil, encontram-se 35 gêneros e cerca
de 400 espécies. Com base nos recentes trabalhos de filogenia, a circunscrição da
família foi ampliada, com a inclusão dos gêneros tradicionalmente reconhecidos em
lemnaceae.

h) Arecaceae

Hábito: encontram-se representantes arbustivos e arbóreos. Folhas:


basicamente de dois tipos, pinadas ou palmadas. Flores: flores pequenas reunidas
em inflorescências, com perianto não vistoso, em duas séries, trímero, unissexuais

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ou raramente hermafroditas. Estames geralmente em número de seis. Ovário
súpero, tricarpelar. Fruto: seco ou do tipo noz, ou mais frequentemente, carnoso do
tipo baga ou drupa, com perigônio persistente.
Distribuição e diversidade: arecaceae apresenta distribuição
predominantemente pantropical, incluindo cerca de 200 gêneros e 2.000 espécies,
sendo que no Brasil há cerca de 40 gêneros e 200 espécies.

i) Aristolochiaceae

Hábito: maior parte de plantas trepadeiras. Folhas. relativamente grandes de


disposição alterna e em geral com base cordiforme. Flores: isoladas, axilares,
hermafroditas, monoclamídeas, com tépalas soldadas entre si e bilabiadas
(zigomorfas). Estames: a partir de seis, livres ou soldados à parte superior bilateral
do estilete. Ovário ínfero com quatro a seis carpelos com muitos óvulos. Fruto:
cápsula seca deiscente. Sementes numerosas, ligeiramente aladas. Em geral, as
flores desta família exalam um cheiro desagradável, sendo polinizadas por moscas
varejeiras.
Distribuição e diversidade: aristolochiaceae é uma família com distribuição
predominantemente tropical, embora a maioria das espécies pertencentes ao gênero
asarum ocorram em região temperada. A família apresenta sete gêneros, dos quais,
a aristolochia apresenta o maior número de espécies, cerca de 450. No Brasil,
ocorrem três gêneros e 62 espécies.

j) Asteraceae

Hábito: muito variado, ervas, subarbustos e trepadeiras ou excepcionalmente


árvores. Folhas: são inteiras ou fendidas de disposição alterna ou oposta,
latescentes ou não. Flores: reunidas em inflorescências do tipo capítulo, as flores
apresentam simetria radial ou zigomorfa até bilabiada, hermafroditas ou de sexo

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separado. Pentâmeras com cálice modificado em papilho (piloso ou espinhoso).
Estames em número de cinco. Ovário sempre ínfero, bicarpelar, unilocular com um
só óvulo erecto. Estilete frequentemente com um anel de pelos abaixo da bifurcação.
Fruto: seco indeiscente, tipo aquênio.
Distribuição e diversidade: asteraceae possui distribuição cosmopolita, sendo
a maior família de eudicotiledôneas, com aproximadamente 1.600 gêneros e 23.000
espécies. No Brasil, a família também está bem representada, com
aproximadamente 300 gêneros e 2.000 espécies.

k) Bignoniaceae

Hábito: plantas arbustivas, arbóreas ou trepadeiras (com gavinhas). Folhas:


compostas, de disposição oposta. Flores: grandes e vistosas, zigomorfas, com
corola levemente bilabiada. Quatro estames didínamos e um estaminoide
desenvolvido e, em geral, glandular. Ovário súpero, muitos óvulos. Fruto: capsular.
Sementes aladas e membranáceas.
Distribuição e diversidade: bignoniaceae possui distribuição pantropical e
inclui cerca de 120 gêneros e 800 espécies. No Brasil, são encontrados cerca de 50
gêneros e 350 espécies. Família com grande potencial ornamental, principalmente
representantes dos gêneros tabebuia, jacaranda e spathodea.

l) Boraginaceae

Hábito: plantas herbáceas ou lenhosas, arbustivas ou arbóreas. Folhas:


inteiras de disposição alterna. Flores: pequenas ou grandes, em geral em
inflorescências escorpioides, pentâmeras, hermafroditas, diclamídeas. Corola
gamopétala. Androceu com cinco estames. Ovário súpero, bicarpelar, bilocular, com
dois óvulos por lóculo. Fruto: esquizocarpo ou drupáceo.
Distribuição e diversidade: boraginaceae está presente nas regiões
temperadas e tropicais, com cerca de 140 gêneros e 2.700 espécies. No Brasil,

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existem 14 gêneros e cerca de 100 espécies, com destaque para cordia, o maior
gênero da família.

m) Brassicaceae (incluindo capparaceae)

Hábito: são plantas herbáceas, a maioria constituída por anuais. Folhas:


inteiras ou mais frequentemente compostas, alternas, sem estípulas. Flores: em
geral pequenas, reunidas em inflorescências do tipo cacho, diclamídeas. Pétalas e
sépalas em número de quatro, dispostas em cruz alternadamente. Androceu com
seis estames, sendo dois mais curtos e quatro mais longos. Ovário súpero,
bicarpelar, unilocular, com vários óvulos. Fruto: baga, drupa ou cápsula, às vezes
modificada, do tipo síliqua.
Distribuição e diversidade: brassicaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo cerca de 400 gêneros e 4.000 espécies. No Brasil, há sete gêneros e
aproximadamente 50 espécies, além de diversas subespontâneas.

n) Bromeliaceae

Hábito: plantas herbáceas, em geral acaules. Podem ser epífitas ou


terrestres. Folhas: lanceoladas, imbricadas na base, dispostas em rosetas e
recobertas por escamas peltadas. Flores: Inflorescência terminal capituliforme,
espiciforme ou paniculada, protegida por brácteas coloridas. Às vezes, flores
isoladas (Tillandsia). três sépalas e pétalas, livres ou soldados entre si. Estames:
três. Ovário súpero ou ínfero, com muitos óvulos. Fruto: baciforme ou capsular. Em
geral, acumulam água nas rosetas de folhas.
Distribuição e diversidade: bromeliaceae possui distribuição neotropical, com
exceção da única espécie de pitcairnia encontrada na África Ocidental. A família

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inclui cerca de 60 gêneros e 3.000 espécies; no Brasil são cerca de 40 gêneros e
1.200 espécies.

o) Cabombaceae

Hábito: ervas aquáticas, rizomatosas. Folhas: alternas, opostas ou


verticiladas, simples, às vezes multipartidas, frequentemente flutuantes, com ou sem
estípulas. Flores: solitárias, emersas, vistosas (às vezes, apenas ligeiramente),
actinomorfas, bissexuadas; cálice dialissépalo, 2-4-mero, petaloide; corola
dialipétala, 2-4-mera; Estames 3-6 (cabomba) ou numerosos (brasenia), anteras
rimosas. Ovário súpero, tripluricarpelas, dialicarpelar, placentação laminar, 1-3
ovulado. Fruto: esquizocarpo, com frutículos deiscentes.
Distribuição e diversidade: cabombaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo dois gêneros e aproximadamente cinco espécies. Até o presente momento,
somente o gênero cabomba é encontrado no Brasil, representado por três ou quatro
espécies.

p) Cactaceae

Hábito: plantas perenes, suculentas, de hábito variável, geralmente


espinhosas. Folhas: sem folhas, reduzidas a espinhos ou em alguns com limbo
desenvolvido e persistente. Flores: isoladas e excepcionalmente grandes, de
colorido vistoso; formadas por segmentos em que os externos são verdes e os
internos coloridos e petaloides. Androceu com vários estames. Ovário sempre ínfero,
multicarpelar, unilocular, com placenta carnosa e os óvulos nela mergulhados. Fruto:
baciforme, grande e de colorido vistoso.
Distribuição e diversidade: cactaceae possui distribuição neotropical,
incluindo cerca de 100 gêneros e 1.500 espécies – há pouco consenso na

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delimitação de gêneros e espécies na família. No Brasil, são cerca de 40 gêneros e
aproximadamente 200 espécies.

q) Cannabaceae

Hábito: arbustos, árvores ou lianas, não latescentes, ocasionalmente


espinescentes. Folhas: alternas ou raramente opostas, simples ou compostas, com
estípulas. Inflorescência: cimosa, raramente reduzida a uma flor. Flores não
vistosas, unissexuadas, actinomorfas, monoclamídeas; cálice 4-5-mero,
gamossépalo ou dialissépalo. Estames em número igual ao das sépalas,
opositissépalos, livres entre si, anteras rimosas; Ovário súpero, bicarpelar,
unilocular. Fruto: drupa ou aquênio.
Distribuição e diversidade: cannabaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo 11 gêneros e cerca de 170 espécies. No Brasil, existem dois gêneros e
aproximadamente 15 espécies.

r) Celastraceae

Hábito: plantas arbustivas ou arbóreas. Folhas: simples, opostas. Às vezes,


estípulas pequenas, latescentes. Flores: pequenas, reunidas em inflorescências
axilares. Em geral, três estames com filetes alargados e soldados na base. Fruto: do
tipo drupa ou cápsula. Sementes, muitas vezes, aladas.
Distribuição e diversidade: celastraceae possui distribuição
predominantemente tropical e subtropical, incluindo cerca de 50 gêneros e 1.000
espécies. No Brasil, podem ser encontrados 17 gêneros e aproximadamente 100
espécies amplamente distribuídas em diversos tipos de vegetação.

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s) Chrysobalanaceae

Hábito: plantas arbustivas ou arbóreas. Folhas: simples, alternas, com


estípulas. Flores: zigomorfas, pequenas, em geral branco-esverdeadas, com
receptáculo desenvolvido e sépalas e pétalas livres. De dois a muitos estames, livres
ou soldados entre si. Ovário súpero, em geral com um só óvulo. Fruto: drupáceo.
Alguns representantes da família apresentam a face abaxial da folha discolor.
Espécies que vivem no cerrado apresentam-se com troncos muito retorcidos.
Invasoras de pastos matam as gramíneas por sombreamento.
Distribuição e diversidade: chrysobalanaceae possui distribuição pantropical,
incluindo cerca de 20 gêneros e 500 espécies. No Brasil, há sete gêneros e cerca de
250 espécies, que se concentram, em sua maioria, na Amazônia.
Observações pertinentes: as chrysobalanaceae foram por muito tempo
associadas às rosaceae, mas a maioria dos autores do século XX já considerava
estas famílias distintas.

t) Combretaceae

Hábito: plantas lenhosas, arbustivas ou arbóreas. Folhas: inteiras de


disposição alterna, com estípulas. Flores: pequenas, reunidas em inflorescências,
hermafroditas, diclamídeas, pentâmeras. Androceu com número duplo de estames
com relação às pétalas. Ovário ínfero, unicarpelar e unilocular, com dois óvulos por
lóculo. Fruto: seco indeiscente, tipo drupáceo com endocarpo fibroso ou alado.
Distribuição e diversidade: combretaceae possui distribuição
predominantemente pantropical, incluindo cerca de 20 gêneros e entre 400 e 500
espécies. No Brasil, contam-seis gêneros e aproximadamente 60 espécies.

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u) Commelinaceae

Hábito: plantas herbáceas, aunais ou perenes. Folhas: em rosetas, dispostas


em espiral, lanceolada ou elíptica. Inflorescência do tipo dicásio, protegida por
brácteas distintas. Em Commelina, a bráctea é dobrada em forma de canoa. Flores:
vistosas, branca, rósea, roxa ou azul, actinomorfas ou zigomorfas. Seis estames,
com filetes pilosos. Ovário súpero. Fruto: baga ou cápsula.
Distribuição e diversidade: commelinaceae possui distribuição
predominantemente pantropical, incluindo cerca de 40 gêneros e 650 espécies. No
Brasil, registram-se13 gêneros e cerca de 60 espécies.

v) Convolvulaceae

Hábito: em geral trepadeiras, mas há também arbustos e árvores pequenas.


As trepadeiras podem ser herbáceas anuais ou fortemente lenhosas. Folhas: inteiras
ou partidas, de disposição alterna sem estípulas. Não há gavinhas, o próprio caule é
escandente. Flores: grandes, vistosas, axilares, pentâmeras, diclamídeas,
hermafroditas, gamopétalas, solitárias ou reunidas em cimeras simples ou
compostas ou em panículas. Com cinco estames alternados com as pétalas. Ovário
súpero com um ou dois óvulos por lóculos. Fruto: cápsula seca.
Distribuição e diversidade: convolvulaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo aproximadamente 50 gêneros e 2.000 espécies. No Brasil, existem18
gêneros e cerca de 300 espécies.

x) Cucurbitaceae

Hábito: são plantas herbáceas, anuais ou perenes, ou subarbustos


escandentes ou prostrados. Folhas: grandes, simples, de disposição alterna, sem

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estípulas. Flores: grandes e vistosas, actinomorfas, isoladas ou reunidas em cachos.
Flor masculina com cinco estames, livres ou soldados dois a dois. Fruto: especial do
tipo pepônio. Numerosas sementes. Em geral, apresentam caule com feixe
bicolateral.
Distribuição e diversidade: cucurbitaceae possui distribuição tropical e
subtropical, incluindo cerca de 120 gêneros e 850 espécies. No Brasil, são cerca de
30 gêneros e 200 espécies.

y) Cyperaceae

Hábito: plantas herbáceas, rizomatosas ou com caule ereto triangular ou


poligonal, sem nós, que crescem em sua maioria em terrenos brejosos ou
alagadiços. Folhas: lanceoladas invaginantes, com bainha bem desenvolvida,
fechada e sem lígula. Flores: inflorescência em espiga, geralmente reunidas em
panículas. A unidade floral básica é uma espiguilha. As flores são muito pequenas,
com estames de um a seis, sendo três o número mais frequente. Fruto: seco do tipo
aquênio.
Distribuição e diversidade: cyperaceae apresenta distribuição cosmopolita e
inclui cerca de 120 gêneros e 4.500 espécies. No Brasil, são conhecidos 45 gêneros
e entre 500 e 600 espécies, encontradas principalmente em áreas abertas e
alagáveis.

z) Erythroxylaceae

Hábito: plantas arbustivas ou arbóreas. Folhas: simples, alternas, estípulas


intrapeciolares. Flores: pequenas, reunidas em inflorescências paniculadas,
diclamídeas, frequentemente heterostílicas. Cinco sépalas e pétalas. Pétalas no lado
interno com apêndices petaloides a meia altura, caracterizando a família. Fruto:

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drupáceo, de colorido vivo. Espécies de erythroxylum produzem súber
abundantemente.
Distribuição e diversidade: erythroxylaceae possui distribuição pantropical,
incluindo quatro gêneros e aproximadamente 250 espécies. No Brasil, há apenas o
gênero erythroxylum, com cerca de 100 espécies.

A1) Euphorbiaceae

Hábito: plantas herbáceas, subarbustivas, arbóreas e trepadeiras, em geral


latescentes. Folhas: simples, de disposição alterna, com estípulas. Flores:
actinomorfas, em geral monoclamídeas, isoladas ou reunidas em inflorescências do
tipo cacho ou ciátio (euphorbia). Ovário sempre súpero, cada lóculo com um ou dois
óvulos. Fruto: seco esquizocarpo. Sementes muitas vezes oleaginosas, providas de
carúncula. Caracterizam-se por apresentar floema interno.
Distribuição e diversidade: euphorbiaceae possui distribuição
predominantemente pantropical, incluindo cerca de 300 gêneros e 6.000 espécies.
No Brasil, contam-se cerca de 70 gêneros e 1.000 espécies, representando uma das
principais famílias da flora brasileira e uma das mais complexas do ponto de vista
taxonômico.

B1) Fabaceae

Hábito: plantas de hábitos variados (árvores, arbustos, subarbustos, ervas


ou trepadeiras). Folhas: compostas, pari ou imparipinadas, de disposição alterna.
Presença de estípulas e estipelas. Presença de pulvinos nas bases da folha e
folíolos. Flores: variadas, zigomorfas ou actinomorfas, em geral gamossépalas e
dialipétalas. De quatro a dez estames férteis, livres ou soldados entre si. Ovário

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sempre súpero, com muitos óvulos. Fruto: variado, em geral do tipo legume.
Divididas em três subfamílias:
Caesalpinioideae – flores zigomorfas, com prefloração imbricada
ascendente.
Mimosoideae – flores actinomorfas, reunidas em inflorescências, com
prefloração valvar.
Papilionoideae – flores fortemente zigomorfas, de pétalas desiguais,
com prefloração imbricada descendente.
Distribuição e diversidade: fabaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo cerca de 650 gêneros e aproximadamente 18.000 espécies, representando
uma das maiores famílias de angiospermas e também uma das principais do ponto
de vista econômico. No Brasil, encontram-se cerca de 200 gêneros e 1.500
espécies.
Observações relevantes: A circunscrição de fabaceae e sua divisão em
famílias ou subfamílias distintas têm sido alvo de divergências entre os diferentes
autores. Tradicionalmente, foi reconhecida como única família, com três subfamílias
(papilionoideae ou faboideae, caesalpinioideae e mimosoideae), exceto por
Cronquist (1988) e outros autores, que preferiram reconhecer três famílias distintas
(fabaceae, caesalpinaceae e mimosaceae). Entretanto, o posicionamento da maioria
dos autores mais recentes, que se baseiam em dados macromoleculares e em
cladística, tem sido o reconhecimento de apenas uma família (fabaceae), persistindo
o reconhecimento em três subfamílias.

C1) Heliconiaceae

Hábito: ervas frequentemente rizomatozas, com crescimento simpodial,


perenes. Anteriormente descrita como musaceae, a família heliconiaceae distingue-
se por apresentar um perigônio com seis elementos variadamente soldados entre si.
Em heliconia, os três externos são livres e os três internos são soldados quase até o
ápice. Folhas: grandes, largas e pecioladas. Flores: vistosas inflorescências
vermelhas em ziguezague são características marcantes da família. A maioria das

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espécies é colonizadora e fixadora de barranco de rio, tolerando meia sombra até
ser substituída por arbustos sucessores. Fruto: esquizocárpico, com unidades
drupoides; sementes sem arilo.
Distribuição e diversidade: heliconiaceae possui distribuição
predominantemente neotropical, incluindo gênero único e cerca de 150 espécies,
das quais cerca de 30 estão no Brasil.

D1) Hydrocharitaceae

Hábito: ervas aquáticas, flutuantes ou parcialmente submersas em água,


doce ou salgada. Folhas: alternas espiraladas ou dísticas, opostas ou verticiladas,
uninérveas, palminérveas ou paralelinérveas. Flores: reunidas em inflorescência
cimosa, às vezes reduzidas a apenas uma flor; flores não vistosas, geralmente
unissexuadas, actinomorfas,monoclamídeas ou diclamídeas e heteroclamídeas.
Fruto: baga ou cápsula.
Distribuição e diversidade: hydrocharitaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo cerca de 15 gêneros e 100 espécies, em água doce ou no mar. No Brasil,
existem sete gêneros e cerca de dez espécies.

E1) Hydroleaceae

Hábito: ervas perenes ou raramente anuais a arbustos, geralmente armados.


Folhas: alternas, simples, sem estípulas, margem inteira. Flores: reunidas em
inflorescências axilares ou terminais, cimosa, raramente reduzida a apenas uma flor.
Flores vistosas, bissexuais, actinomorfas ou ligeiramente zigomorfas, diclamídeas;
cálice pentâmero, gamossépalo; corola pentâmera, gamopétala, estames em
número igual ao das pétalas, epipétalos, anteras rimosas. Ovário súpero, bicarpelar,
bilocular, placentação axial, com muitos óvulos por lóculo. Fruto: cápsula loculicida,

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septicida ou com deiscência irregular.
Distribuição e diversidade: hydroleaceae possui distribuição pantropical,
incluindo só um gênero, hydrolea, com aproximadamente 10 espécies. No Brasil, a
família é representada por seis espécies, sendo hydrolea spinosa a mais comum.

F1) Lamiaceae (Labiatae)

Hábito: em geral são plantas herbáceas ou arbustivas. Folhas: opostas


cruzadas, inteiras e em geral com cheiro intenso. Flores: pequenas ou grandes, em
geral vistosas, reunidas em densas inflorescências quase sempre axilares. Flores
diclamídeas, hermafroditas, pentâmeras, fortemente zigomorfas, bilabiadas. Fruto:
seco, separados em quatro núculas.
Distribuição e diversidade: lamiaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo cerca de 300 gêneros e 7.500 espécies. No Brasil, há 26 gêneros e cerca
de 350 espécies.

G1) Lauraceae

Hábito: árvores ou arbustos, com exceção do gênero cassytha (trepadeira


parasita) (KUBITZKI, et al. 1993). Folhas: alternas, raro oposta e sem estípulas.
Flores: pequenas monoclamídeas, com seis tépalas dispostas em dois verticilos.
Estames com deiscência por meio de valvas (locelos) bi ou quadrilocelar, dispostos
em quatro séries. Fruto: bacáceo ou nucoide e geralmente com presença de cúpula.
Distribuição e diversidade: lauraceae é uma família com distribuição tropical
e subtropical, concentrada em florestas pluviais da Ásia e nas Américas. A família
inclui cerca de 50 gêneros e 2.500 espécies. No Brasil são encontrados 25 gêneros
e cerca de 400 espécies. Esta é uma das mais complexas famílias da flora brasileira,
do ponto de vista taxonômico, pelo grande número de espécies e por serem
utilizados caracteres críticos na distinção de gêneros e espécies.

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H1) Lentibulariaceae

Hábito: ervas aquáticas ou de áreas muito úmidas, com estruturas


denominadas utrículos que capturam pequenos insetos e crustáceos aquáticos.
Folhas: alternas, menos frequentemente verticiladas, geralmente muito reduzidas ou
produzidas em época distinta da época da floração, simples, sem estípulas.
Inflorescência: racemosa. Flores: vistosas, bissexuais, zigomorfas, diclamídeas,
cálice 2-5-mero, dialissépalo ou gamossépalo; corola pentâmera, gamopétala,
bilabiada. Estames: dois, epipétalos, anteras rimosas. Ovário súpero, bicarpelar,
unilocular. Fruto: cápsula, geralmente loculicida, circuncisa ou com deiscência
irregular.
Distribuição e diversidade: a família possui distribuição cosmopolita,
incluindo três gêneros e aproximadamente 300 espécies. No Brasil, existem os
gêneros genlisea e utricularia, totalizando 60 espécies.

G1) Loranthaceae

Hábito: são todas plantas hemiparasitas de árvores ou arbustos que se


caracterizam por suas raízes transformadas em órgãos especiais ou haustórios.
Folhas: simples, opostas cruzadas com limbo inteiro. Flores: hermafroditas ou
unissexuais com um receptáculo cupuliforme, com ovário aderente a suas paredes.
Fruto: em geral baciforme.
Distribuição e diversidade: loranthaceae possui distribuição
predominantemente pantropical, incluindo cerca de 70 gêneros e 800 espécies. No
Brasil, dez gêneros e aproximadamente 100 espécies são registradas.

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H1) Lythraceae

Hábito: ervas, arbustos ou árvores. Folhas: opostas, menos frequentemente


alternas ou verticiladas, simples, estípulas vestigiais ou ausentes, margem inteira.
Flores: reunidas em inflorescência racemosa (racemos, às vezes, pouco definidos);
flores frequentemente vistosas, bissexuais, actinomorfas ou zigomorfas, diclamídeas
a muito raramente monoclamídeas (algumas cuphea e rotala); cálice (3-)4-8(-16)-
mero, dialissépalo; corola 4-7-mera, dialipétala; estames em número duplo ao das
sépalas, raramente mais numerosos (lafoensia, punica), anteras rimosas; ovário
súpero, raramente ínfero (punica), 2-4(-15)-locular, bi a pluriovulado. Fruto: cápsula,
raramente baga (punica).
Distribuição e diversidade: lythraceae possui distribuição
predominantemente pantropical, mas com espécies nativas da região temperada. A
família inclui cerca de 30 gêneros e 600 espécies. No Brasil, podem ser encontrados
dez gêneros e cerca de 150 espécies.
Observações relevantes: a circunscrição tradicional de lythraceae foi
ampliada com os recentes estudos em filogenia, incluindo-se nesta família os
gêneros antes reconhecidos em iunicaceae e sonneratiaceae.

I1) Malpighiaceae

Hábito: plantas herbáceas, arbustivas, arbóreas, ou mais frequentemente


trepadeiras. Folhas: simples, alternas, sem estípulas. Flores: vistosas, zigomorfas
em geral amarelas ou rosadas, reunidas em inflorescências paniculadas. Cinco
sépalas, usualmente com glândulas produtoras de óleo; cinco pétalas; dez estames.
Ovário súpero, com um óvulo por lóculo. Fruto: baciforme ou esquizocárpico, em
frutículos samaroides.
Distribuição e diversidade: malpighiaceae possui distribuição tropical e
subtropical, incluindo cerca de 70 gêneros e 1.200 espécies. No Brasil, contam-se
38 gêneros e aproximadamente 300 espécies. A família é facilmente reconhecida

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pela presença de nectários extraflorais dispostos aos pares na base das sépalas da
quase totalidade das espécies.

J1) Malvaceae (incluindo sterculiaceae, bombacaceae e tiliaceae)

Hábito: herbáceas, arbustivas ou arbóreas. Folhas: simples, de disposição


alterna, com três nervuras principais que saem da base da folha. Presença de
estípulas. Flores: actinomorfas, em geral, grandes e vistosas, muitas vezes,
triclamídeas pelo desenvolvimento de um epicálice. Numerosos estames, com filetes
formando um longo tubo, o andróforo, envolvendo o gineceu. Fruto: baciforme,
capsular ou esquizocárpico. Sementes oleaginosas.
Distribuição e diversidade: malvaceae possui distribuição predominantemente
pantropical, incluindo cerca de 250 gêneros e 4.200 espécies, dos quais cerca de 80
e 400, respectivamente, encontrados no Brasil.
Observações relevantes: tradicionalmente as malvaceae foram consideradas
como distintas das sterculiaceae, tiliaceae e bombacaceae, com base em
características aparentemente frágeis do ponto de vista taxonômico. Os recentes
trabalhos em filogenia evidenciaram que a distinção destas famílias é insustentável
e, por esta razão, os gêneros que as compunham estão sendo tratados entre as
malvaceae.

K1) Maranthaceae

Hábito: plantas herbáceas, rizomatosas, acaules ou caulescentes. Folhas:


alternas dísticas, peniparalelinérveas, com pulvino e bainha, ocasionalmente
variegadas. Flores: Inflorescência cimosa, geralmente espiciforme ou paniculada.
Flores vistosas, bissexuais, assimétricas, diclamídeas e heteroclamídeas. Cálice
trímero, dialissépalo. Corola trímera, em geral com uma pétala ligeiramente maior
que as demais, gamopétala; um estame, com antera com uma das teças fértil e

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outra estéril e ocasionalmente petaloide, estaminódios (2-) 3-4, unido às pétalas,
anteras rimosas. Ovário tricarpelas, trilocular, às vezes, com dois lóculos atrofiados.
Fruto: cápsula com sementes com arilo ou baga.
Distribuição e diversidade: maranthaceae possui distribuição pantropical,
concentrada nas Américas, incluindo cerca de 30 gêneros e 350 espécies, a maioria
pertencente ao gênero calathea.

L1) Meliaceae

Hábito: plantas arbóreas, de grande porte. Folhas: compostas, de disposição


alterna, em geral grandes, sem estípulas, às vezes, com pulvinos na base. Flores:
pequenas, actinomorfas, reunidas em inflorescências paniculadas. Sépalas e pétalas
livres. Estames em número igual ou duplo ao das pétalas ou numerosos, unidos em
tubo ou raramente livres, anteras rimosas. Ovário súpero 2-6-(-pluricarpelar), de uni
a pluriovulados. Fruto: seco, capsular ou baciforme. Sementes com arilo ou aladas.
Distribuição e diversidade: meliaceae possui distribuição pantropical,
incluindo cerca de 50 gêneros e 600 espécies. No Brasil, são seis gêneros e cerca
de 100 espécies.
Observações relevantes: do ponto de vista econômico, merecem destaque
algumas espécies que produzem madeira de boa qualidade, como o mogno
(Swietenia macrophylla) e cedro-branco (Cedrela fissilis).

M1) Menispermaceae

Hábito: plantas trepadeiras ou subarbustos. Folhas: simples, alternas, sem


estípulas. Flores: pequenas, actinomorfas, reunidas em inflorescência do tipo cacho,
em geral monoclamídeas. De três a 12 tépalas; estames, de dois a seis (-40), livres
ou concrescidos, anteras rimosas, raramente com deiscência transversal. Gineceu
dialicarpelar, com um (cissampelos) ou 3-6(-40) carpelos. Ovário súpero, uniovulado.
Fruto: drupa ou noz.

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Distribuição e diversidade: menispermaceae possui distribuição pantropical,
principalmente em florestas tropicais, incluindo cerca de 70 gêneros e 500 espécies.
No Brasil, 16 gêneros e cerca de 100 espécies.

N1) Moraceae

Hábito: são plantas predominantemente arbóreas ou arbustivas. Quase sem


exceção, todas têm lates. Folhas: inteiras, dispostas alternadamente, sempre
protegidas no botão por duas estípulas, formando um capuz sobre o ponto
vegetativo. Flores: muito pequenas, de sexos separados, reunidas em densas
inflorescências, às vezes, de um tipo especial (sicônio em ficus), protegidas por
séries de elementos do perianto. Estames 1-5(-15), opositissépalos, livres entre si,
anteras rimosas. Ovário súpero ou ínfero, geralmente bicarpelar e unilocular. Fruto:
composto, constituído de aquênios ou drupas.
Distribuição e diversidade: moraceae inclui cerca de 50 gêneros e 1500
espécies, apresentando distribuição predominantemente tropical e subtropical, com
algumas espécies provenientes das regiões temperadas. No Brasil, estão 27
gêneros e aproximadamente 250 espécies, a maioria na região amazônica.

O1) Myrtaceae

Hábito: plantas lenhosas, arbustivas ou arbóreas. Folhas: inteiras de


disposição alterna ou oposta e, às vezes, oposta cruzada, com estípulas muito
pequenas. Folhas com pontuações (glândulas oleíferas). Caulifloria frequente.
Flores: em geral brancas, às vezes, vermelhas, pentâmeras, mono ou diclamídeas,
muitas vezes com um receptáculo bem desenvolvido. Estames numerosos. Ovário
súpero a semi-ínfero até ínfero, pentarpelar e pentalocular, com muitos óvulos.
Fruto: baciforme ou capsular loculicida.

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Distribuição e diversidade: myrtaceae possui distribuição
predominantemente pantropical e subtropical, concentrada na região neotropical e
na Austrália. A família inclui cerca de 130 gêneros e 4.000 espécies. No Brasil, a
família é representada por 23 gêneros e aproximadamente 1.000 espécies.

P1) Nyctaginaceae

Hábito: arbóreo, arbustivos ou herbáceos, às vezes, são plantas lenhosas


que crescem apoiadas. Folhas: opostas ou alternas, inteiras sem estípulas. Flores:
inflorescência do tipo cacho com flores pequenas, vistosas e muitas vezes
protegidas por brácteas coloridas. Estames em número igual ao das sépalas,
raramente menor ou maior, frequentemente conados, anteras rimosas. Ovário
súpero, unicarpelar, uniovulado. Fruto: aquênio ou do tipo noz.
Distribuição e diversidade: nyctaginaceae possui distribuição pantropical,
incluindo cerca de 30 gêneros e 400 espécies. No Brasil, são 10 gêneros e cerca de
70 espécies.

Q1) Nymphaeaceae

Hábito: ervas aquáticas, rizomatosas, frequentemente latescentes. Folhas:


alternas, simples, flutuantes, peltadas, cordadas ou sagitadas, com ou sem
estípulas. Flores: solitárias, muito grandes e vistosas, actinomorfas, bissexuais.
Cálice 4-6(-12) sépalas livres, às vezes, petaloides. Corola dialipétala, com pétalas
numerosas dispostas espiraladamente ou apenas oito. Estames numerosos, anteras
rimosas, estaminódios geralmente numerosos. Ovário súpero a ínfero, três
pluricarpelar, placentação laminar, pluriovulado. Fruto: baga.
Distribuição e diversidade: nymphaeaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo seis gêneros (barclaya, euryale, nuphar, nymphaeae, ondinea e victoria) e
cerca de 60 espécies. No Brasil, há dois gêneros e aproximadamente 10 espécies.

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R1) Ochnaceae

Hábito: ervas, arbustos ou árvores. Folhas: alternas, geralmente simples,


com estípulas, margem geralmente serreada. Flores: reunidas em inflorescência
cimosa ou racemosa, geralmente paniculada, às vezes, reduzidas a apenas uma
flor. Flores vistosas ou apenas ligeiramente, bissexuais, actinomorfas ou zigomorfas
devido à posição do androceu; diclamídeas. Cálice (3-)5(-12)-mero, geralmente
dialissépalo. Corola 4-5(-10)-mera, dialipétala. Estames em número igual ou duplo
ao das pétalas ou mais frequentemente numerosos, livres entre si, anteras
geralmente poricidas, estaminódios presentes ou ausentes, às vezes, petaloides.
Ovário súpero, carpelos (1-)2-5(-15), unidos ou com ovários livres, mas estiletes
unidos (ouratea, ochna). Fruto: cápsula, baga ou apocárpico e drupoide com
receptáculo expandido (ouratea, ochna).
Distribuição e diversidade: ochnaceae possui distribuição pantropical,
incluindo aproximadamente 30 gêneros e 400 espécies. No Brasil, somam 11 os
gêneros e cerca de 120 as espécies.

S1) Onagraceae

Hábito: plantas herbáceas ou arbustivas. Folhas: opostas, muitas vezes


opostas cruzadas, com ou sem estípulas. Flores: vistosas, de colorido vivo,
hermafroditas, diclamídeas, tetrâmeras, com sépalas e pétalas livres, de disposição
em cruz. Estames em número duplo ou igual ao das sépalas, anteras rimosas.
Ovário ínfero, geralmente tetralocular, pluriovulado. Fruto: cápsula seca (geralmente
se abre por decomposição) ou baga. Em Ludwigia, há o desenvolvimento de raízes
respiratórias que flutuam na água.
Distribuição e diversidade: Onagraceae possui distribuição cosmopolita
incluindo cerca de 20 gêneros e 650 espécies. No Brasil, são registrados quatro

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gêneros e cerca de 50 espécies. Ludwigia é encontrado em todo o Brasil,
principalmente associado a locais alagáveis, enquanto fuchsia está presente
principalmente em áreas de altitude do Sul e Sudeste, e oenothera é mais associado
à região litorânea.

T1) Orchidaceae

Hábito: plantas herbáceas perenes, terrestres ou epífitas, algumas vezes


trepadeiras, rizomatosas ou caulescentes, com raízes suculentas ou não. Raízes
com velame nas espécies epífitas. Folhas: mais ou menos suculentas. Flores:
isoladas ou em panículas ou racemos, às vezes, em espigas. Flor zigomorfa, com
seis elementos, sendo três externos semelhantes a dois internos e o terceiro interno
e bem diferente. Androceu com um ou dois estames férteis. Ovário ínfero, tricarpelar,
uni ou trilocular com muitos óvulos. Fruto: capsular, deiscente por três fendas.
Sementes minúsculas.
Distribuição e diversidade: orchidaceae apresenta distribuição cosmopolita,
incluindo cerca de 850 gêneros e 20.000 espécies (excluindo híbridos artificiais),
sendo a maior família de angiospermas em número de espécies. No Brasil, estão
cerca de 200 gêneros e 2.500 espécies.

U1) Passifloraceae

Hábito: plantas herbáceas ou lenhosas, em geral trepadeiras. Folhas:


alternas, espiraladas, simples ou raramente compostas, frequentemente lobadas,
em geral com nectários extraflorais no pecíolo oulâmina, com ou sem estípulas,
margem inteira ou serreada. Flores: vistosas, bissexuais, geralmente com
androginóforo bastante desenvolvido, actinomorfas, diclamídeas ou muito raramente
monoclamídeas. Cálice (3-)5(-8)-mero, gamissépalo ou dialissépalo, frequentemente
petaloide. Corola(3-)5(-8)-mera, geralmente dialipétala, corona disposta na base da

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corola; estames (4-)5(-8), raramente numerosos, geralmente livres entre si, anteras
rimosas. Ovário súpero, (2-)3(-5)-carpelar, unilocular. Fruto: baga ou cápsula.
Distribuição e diversidade: passifloraceae possui distribuição pantropical,
incluindo cerca de 20 gêneros e 600 espécies. No Brasil, são cinco gêneros e cerca
de 120 espécies.
Observações relevantes: nesta família estão incluídos os maracujás
(Passiflora sp.), com diversas espécies nativas com grande potencial ornamental e
alimentício, sendo Passiflora edulis uma das poucas espécies cultivadas. Passiflora
é o gênero mais comum da família na flora brasileira, podendo ser encontrado
principalmente em bordas de florestas por todo o país. Outros gêneros, como
ancistrothyrsus e dilkea, são mais comuns na amazônia.

V1) Poaceae(Gramineae)

Hábito: plantas de hábito herbáceo, perenes ou anuais. Folhas: alterna


dísticas ou muito raramente espiraladas, bainha geralmente aberta, paralelinérveas,
com lígula entre a bainha e o limbo. Inflorescência: básica do tipo espigueta,
subtendida na base por um par de brácteas (glumas), reunida em diversos tipos de
inflorescência. Flores (flósculos), subtendidas por um par de brácteas (glumelas,
sendo a inferior e mais externa, denominada lema, e a superior, mais interna
denominada pálea), não vistosas, bissexuais ou raramente unissexuais (zea),
aclamídeas, possuindo frequentemente 2-3 pequenas escamas membranáceas
(lodículas) interpretadas como sendo vestígios do perianto. Estames (1-)3-6 ou
numerosos (bambusoideae), anteras rimosas, geralmente versáteis; nectários
ausentes; gineceu gamocarpelar, ovário súpero, bi ou tricarpelar (bambusoideae),
unilocular, placentação ereta ou pêndula, uniovulado, estigma geralmente plumoso.
Fruto: cariopse, com semente, em geral, completamente aderida à parede interna do
fruto.
Distribuição e diversidade: poaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo cerca de 650 gêneros e 9.000 espécies, sendo que no Brasil ocorrem 180
gêneros e 1.500 espécies.

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X1) Polygalaceae

Hábito: plantas herbáceas, raramente arbustivas ou trepadeiras. Alguns


representantes são parasitas ou saprófitas. Folhas: simples, alternas, sem estípulas.
Flores: pequenas, fortemente zigomorfas, em geral roxas. Cinco sépalas e três
pétalas, sendo a mediana grande, tubular, envolvendo o androceu. Estames (4-)8(-
10), livres ou unidos entre si, geralmente epipétalos, anteras rimosas ou poricidas.
Ovário súpero, (1-)2(-5)locular, lóculos uniovulados. Fruto: drupa, baga, sâmara ou
núcula.
Distribuição e diversidade: polygalaceae possui distribuição quase
cosmopolita, incluindo cerca de 20 gêneros e 1.000 espécies (mais da metade em
polygala). No Brasil, existem sete gêneros e aproximadamente 240 espécies.
Observações relevantes: uma característica marcante da família é a raiz
com odor característico.

Y1) Polygonaceae

Hábito: ervas, arbustos, árvores ou lianas, caule às vezes achatado com


função fotossintetizante. Folhas: geralmente alternas, simples, com estípulas
conspícuas, conadas e formando um tubo que envolve o caule (ócrea), raramente
ausentes. Inflorescência cimosa ou racemosa. Flores: pouco vistosas, bissexuadas
ou unissexuadas (plantas geralmente dioicas), actinomorfas, monoclamídeas ou
diclamídeas (às vezes considerando cálice com dois verticilos). Cálice trímero,
dialissépalo ou gamossépalo. Corola trímera, dialipétala ou gamopétala. Estames 6-
9, raro mais; Ovário súpero, (2-)3(-4)-carpelas, unilocular; placentação ereta,
uniovulado. Fruto: aquênio ou núcula, frequentemente trigonal ou com cálice
persistente.

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Distribuição e diversidade: polygonaceae possui distribuição quase
cosmopolita, concentrada no Hemisfério Norte, incluindo cerca de 40 gêneros e
1.100 espécies. No Brasil, há sete gêneros e aproximadamente 100 espécies.

Z1) Pontederiaceae

Hábito: plantas aquáticas flutuantes ou enraizadas sobre a água. Folhas:


pecioladas, com uma bainha larga que envolve o caule na base, sagitada ou ovalada
e em certos casos com pecíolo inflado. Flores: Inflorescência em geral em racemo
simples, espiciforme, protegida na base por uma bainha foliar espatácea. Estames
geralmente seis, menos frequentemente três mais três estaminódios, raramente
apenas um mais dois estaminódios (hydrothrix). Ovário súpero, uni ou trilocular,
ocasionalmente com dois lóculos abortados (pontederia). Fruto: seco, capsular.
Distribuição e diversidade: pontederiaceae possui distribuição
predominantemente pantropical, incluindo cerca de 10 gêneros e 30 espécies. No
Brasil, cinco gêneros e cerca de 20 espécies são catalogados, sendo um grupo bem
representado no Pantanal mato-grossense.
Observações relevantes: As pontederiaceae são comuns em diversos
ambientes que são periodicamente alagados por todo o Brasil, comportando-se
frequentemente como espécies daninhas, principalmente em lagos artificiais e
represas, onde o aguapé (eichhornia spp.) pode aumentar em até oito vezes a perda
de água do lago pela evapotranspiração das folhas.

A2) Portulacaceae

Hábito: Constituída por ervas anuais. Folhas: suculentas de disposição


espiralada ou oposta cruzada. Flores: pequenas a grandes e vistosas, reunidas em
inflorescências axilares ou panículas terminais, mas também podem ser solitárias.
Estames 4-6 ou numerosos, anteras rimosas. Ovário súpero (talinum) ou ínfero

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(portulaca), 2-3(-9)-carpelar, unilocular. Fruto: cápsula loculicida (talinum) ou
circuncisa (portulaca).
Distribuição e diversidade: portulacaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo cerca de 30 gêneros e 400 espécies. No Brasil, são encontrados apenas
os gêneros talinum e portulaca e aproximadamente 30 espécies.

B2) Ranunculaceae

Hábito: família com a maioria dos representantes compostas por plantas


herbáceas anuais ou algumas trepadeiras. Folhas: de disposição espiralada,
comumente compostas, muito divididas (raramente inteiras) e muitas vezes com
larga bainha na base. Flores: hermafroditas, geralmente hemicíclicas. Estames
numerosos, livres, anteras rimosas. Ovário súpero, uni a pluriovulado. Fruto: folículo
ou aquênio, raramente cápsula ou baga.
Distribuição e diversidade: ranunculaceae possui distribuição quase
cosmopolita, concentrada no Hemisfério Norte, incluindo cerca de 50 gêneros e
2.000 espécies. No Brasil, a família é pouco representada: quatro gêneros e cerca
de 15 espécies.

C2) Rhamnaceae

Hábito: plantas arbóreas. Folhas: inteiras, alternas caracteristicamente com


3 a 5 nervuras partindo da base da folha. Flores: pequenas, não vistosas, em geral
branco-amareladas, dispostas em inflorescências paniculadas, pentâmeras,
hermafroditas. Estames em número igual ao das sépalas, opositissépalos, livres
entre si, anteras rimosas. Ovário súpero ou ínfero, (2-)3(-5)-carpelar, (1-)3(-5)-
locular. Fruto: seco ou baciforme, às vezes pseudofruto.

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Distribuição e diversidade: rhamnaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo cerca de 50 gêneros e 900 espécies, dos quais se encontram no Brasil 13
gêneros e cerca de 50 espécies.

D2) Rubiaceae

Hábito: plantas herbáceas, arbustivas, subarbustivas, arbóreas até


trepadeiras. Folhas: opostas ou verticiladas, com estípulas interpeciolares. Flores:
actinomorfas, brancas a vermelho-amareladas. Estames isômeros e alternos aos
lobos da corola, epipétalos, anteras rimosas. Ovário ínfero (súpero em Pagamea),
2(-5)-carpelas. Fruto: do tipo drupa ou cápsula.
Distribuição e diversidade: rubiaceae possui distribuição cosmopolita
concentrada nos trópicos, incluindo aproximadamente 550 gêneros e 9.000
espécies. No Brasil, podem ser encontrados cerca de 130 gêneros e 1.500 espécies,
correspondendo a uma das principais famílias da flora deste país, como um
importante elemento em quase todas as formações naturais.

E2) Rutaceae

Hábito: plantas subarbustivas ou arbóreas. Folhas: compostas, alternas, com


odor característico. Ausência de estípulas. Apresentam glândulas oleíferas. Podem
apresentar espinhos. Flores: Em geral actinomorfas. Estames numerosos, livres ou
soldados entre si. Ovário súpero, (1-)4-5(-pluri)-locular. Fruto: drupa, baga (em Citrus
modificada, do tipo hesperídio), folículo ou cápsula.
Distribuição e diversidade: rutaceae possui distribuição predominantemente
pantropical, incluindo aproximadamente 150 gêneros e 2.000 espécies. No Brasil,
estão 32 gêneros e cerca de 150 espécies.

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F2) Salicaceae (incluindo flacourtiaceae)

Hábito: são plantas lenhosas, arbustivas ou arbóreas, raramente lianas.


Algumas vezes com espinhos. Folhas: simples, de disposição alterna, com estípulas
caducas. Flores: reunidas em inflorescência cimosa ou racemosa, terminal ou axilar;
flores geralmente não vistosas, bissexuadas ou raramente unissexuais,
actinomorfas, diclamídeas, monoclamídeas ou aclamídeas. Cálice (2-)3-6-mero,
dialissépalo ou gamossépalo. Corola 3-8-mera, dialipétala. Estames (1-)2-
numerosos, livres ou ligeiramente soldadas na base, às vezes, com escamas
internas. Receptáculo desenvolvido. Ovário súpero, com muitos óvulos. Fruto:
cápsula ou baga, raramente drupa.
Distribuição e diversidade: salicaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo cerca de 50 gêneros e 1.000 espécies. No Brasil, estão catalogados 19
gêneros e cerca de 80 espécies.

G2) Sapindaceae

Hábito: a maioria composta por espécies trepadeiras com gavinhas, com


caule de crescimento anômalo, ou também arbusto e mesmo árvores (sapindus).
Folhas: alternas, compostas, sem estípulas, ou às vezes, inteiras (sapindus). Flores:
pequenas, não vistosas, em geral branco-esverdeadas, reunidas em inflorescência
paniculada axilares ou terminais, hermafroditas, ou de sexo separado. Sépalas e
pétalas pentâmeras ou em mesmo número. Ovário súpero, tricarpelar e trilocular,
cada lóculo com um só óvulo. Fruto: seco indeiscente de pericarpo de consistência
cartilaginosa (Sapindus), ou esquizocarpo, com frutículos samarídeos, sempre com
sementes no ápice.
Distribuição e diversidade: sapindaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo cerca de 140 gêneros e 1.600 espécies. No Brasil, encontram-se 24
gêneros e cerca de 400 espécies.

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H2) Sapotaceae

Hábito: são árvores ou arbustos. Folhas: simples, alternas, com ou sem


estípulas. Flores: pequenas, actinomorfas, hermafroditas ou unissexuais e
diclamídeas. Sépalas em número de quatro a oito em dois verticilos, soldadas na
base. Estames geralmente em número igual ou duplo ao das pétalas, epipétalos,
anteras rimosas, estaminódios petaloides. Ovário súpero, uni ou plurilocular,
uniovulados, raramente biovulados. Fruto: carnoso, às vezes, com casca coriácea.
Distribuição e diversidade: sapotaceae possui distribuição pantropical,
incluindo cerca de 50 gêneros e 1.000 espécies. No Brasil, estão 14 gêneros e cerca
de 200 espécies, principalmente na região amazônica.

I2) Scrophulariaceae

Hábito: são geralmente plantas herbáceas ou subarbustivas. Folhas:


alternas ou opostas, inteiras. Flores: em geral vistosas, diclamídeas, hermafroditas,
pentâmeras, de simetria fortemente zigomorfa. Corola profundamente bilabiada,
estaminódio frequente. Estames didínamos, ovário súpero, bilocular, geralmente
pluriovulado. Fruto: seco, capsular.
Distribuição e diversidade: scrophulariaceae possui distribuição cosmopolita,
incluindo-se cerca de 25 gêneros e 1.200 espécies. No Brasil, está representada por
apenas quatro gêneros, três dos quais descritos para o Brasil Central e Nordeste e
com posicionamento em scrophulariaceae ainda provisório, já que resultados
inéditos indicam não haver sustentação filogenética para isto.

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J2) Smilacaceae

Hábito: lianas ou trepadeiras herbáceas, raramente arbustos ou


subarbustos, caules e ramos aculeados. Folhas: simples, alternas, raro opostas ou
verticiladas, coriáceas ou membranáceas, com um par de gavinhas ou estas
ausentes. Flores: em inflorescências axilares em cimas, racemos ou espigas.
Estames seis ou raramente três, com ou sem estaminódios, livres ou unidos, anteras
rimosas. Ovário súpero, tricarpelar, unilocular ou trilocular. Fruto: baga, geralmente
uni ou trisseminado.
Distribuição e diversidade: smilaceae possui distribuição predominantemente
tropical e subtropical, incluindo dois gêneros e cerca de 300 espécies, quase todas
pertencentes ao gênero smilax. No Brasil, apenas smilax é encontrado, com
aproximadamente 30 espécies, popularmente conhecidas como salsaparrilha ou
japecanga.

K2) Solanaceae

Hábito: plantas herbáceas, arbustivas ou arbóreas. Folhas: inteiras, alternas


ou partidas, sem estípulas. Flores: pequenas, predominantemente roxas,
pentâmeras, diclamídeas, hermafroditas. Androceu com cinco estames. Ovário
súpero, bicarpelar, bilocular, com vários lóculos e óvulos numerosos. Fruto: cápsula
seca, loculicida ou baciforme.
Distribuição e diversidade: solanaceae possui distribuição cosmopolita,
concentrada na região neotropical, incluindo cerca de 150 gêneros e 3.000 espécies.
No Brasil, são encontrados 32 gêneros e 350 espécies. O gênero monotípico
heteranthera, às vezes posicionado em scrophulariaceae, parece ter seu
posicionamento mais adequado entre as solanaceae.

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L2) Urticaceae

Hábito: arbustos, árvores ou lianas, raramente latscentes, às vezes, com


tricomas urticantes nas folhas e nos ramos. Folhas: alternas ou menos
frequentemente opostas, simples, às vezes profundamente palmatífidas, com
estípulas terminais ou laterais, margem inteira ou serreada. Inflorescência: cimosa,
frequentemente espiciforme e com flores congestas. Flores: não vistosas,
unissexuadas (plantas monoicas ou dioicas), actinomorfas, monoclamídeas ou
raramente aclamídeas, cálice 2-6-mero, gamossépalo ou dialissépalo. Estames 1-5,
opositissépalos, livres, anteras rimosas. Ovário súpero, bicarpelas, com um dos
carpelos extremamente reduzido. Fruto: geralmente aquênio.
Distribuição e diversidade: urticaceae possui distribuição quase cosmopolita,
incluindo cerca de 50 gêneros e 1.200 espécies. No Brasil, existem 12 gêneros e
cerca de 80 espécies.

Observações relevantes: a circunscrição tradicional de urticaceae foi


ampliada a partir dos recentes estudos em filogenia, tendo sido incluídos nesta
família os gêneros tradicionalmente reconhecidos em cecropiaceae.

M2) Verbenaceae

Hábito: os representantes da família são ervas perenes, subarbustos,


arbustos, lianas ou árvores. Folhas: simples ou compostas de três a sete folíolos,
opostas e sem estípulas. Flores: geralmente pequenas, androceu frequentemente
formado por quatro estames didínamos ou quatro estames e um estaminódio,
sempre alternos com os lobos da corola. O ovário é supero, bicarpelar, bilocular.
Fruto: drupáceo ou seco e esquizocarpo.
Distribuição e diversidade: verbenaceae possui distribuição pantropical, mas

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principalmente neotropical, incluindo cerca de 35 gêneros e 1.000 espécies. No
Brasil, são 17 gêneros e cerca de 250 espécies.

N2) Vitaceae

Hábito: plantas lenhosas, em geral trepadeiras, muitas vezes providas de


gavinhas. Folhas: inteiras ou profundamente partidas, de disposição alterna sem
estípulas. Flores: pequenas em inflorescência paniculada, às vezes de colorido vivo,
cíclicas, tetrâmeras ou pentâmeras, de simetria radial, hermafroditas ou de sexo
separado. Estames em número igual ao das pétalas, anteras rimosas. Ovário
súpero, bilocular, dois óvulos por lóculo. Fruto: baga.
Distribuição e diversidade: vitaceae possui distribuição tropical e subtropical,
incluindo cerca de12 gêneros e 800 espécies. No Brasil, há apenas o gênero cissus,
com cerca de 50 espécies.

O2) Vochysiaceae

Hábito: árvores ou arbustos, raramente subarbustos ou lianas. Folhas:


simples, de disposição alterna, com estípulas. Flores: grandes e vistosas, fortemente
zigomorfas, amarelas a branco-amareladas. Androceu formado por um único
estame, raramente mais (euphronia), estaminódios frequentes, anteras rimosas.
Ovário súpero, raramente ínfero (erisma), tricarpelar. Fruto: do tipo cápsula
loculicida, raramente sâmara (erisma).
Distribuição e diversidade: vochysiaceae possui distribuição neotropical,
exceto pelo gênero erismadelphus, nativo da África ocidental. A família inclui oito
gêneros e cerca de 200 espécies, aproximadamente a metade em vochysia. No
Brasil, existem sete gêneros e aproximadamente 150 espécies.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GLIMNLACY, J. & KAUFMAN, P. B. Botany illustred: introduction to plants, major


groups, flowering plants families. SpringerVerlag, 2. edition. New York, 2006, p. 146.

GONÇALVES, E. G. & LORENZI, H. Morfologia vegetal: organografia e dicionário


de morfologia das plantas vasculares. Instituto Plantarum de Estudos da Flora. Nova
Odessa, 2007, p. 416.

RAVEN, P.; EVERT, R. F. & EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. Guanabara-


Koogan, Rio de Janeiro. 6. ed., 2001, p. 906.

VIDAL, W. N. & VIDAL, M. R. R. Botânica: organografia. UFV, 3. ed. Viçosa, 2000.

FIM DO CURSO!

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