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Este simoun do mal veio-me um dia, Eis-me náufrago e só!/ A ave que passa
Por não possuir teu peito um coração/ Riscando o azul puríssimo do céu/
Quando no meu um coração batia!/ E sente as asas súbito quebradas
Pela bala certeira da desgraça/
“Lívio Barreto cantou as grandes dores que lhe Talvez não sinta tanto como eu!/
rasgavam o coração magoado.”
“A nota predominante na lírica de Lívio Barreto é o Eis-me náufrago e só!/ Oh! Minha irmã,/
desalento. Porém, a sua musa, suave e terna, se Meu derradeiro altar imaculado!/
inspirou também na paisagem dos campos, nos Choro por ti à luz desta manhã;/
aspectos da vida sertaneja.” E o pranto quente,/ doloroso,/ brando,/
É o amor que da alma me rebenta,/ quando
“Em Lívio Barreto as decepções deixaram funda O coração estorce-se magoado!/
impressão, que deu a seus versos uma feição dolente e
nostálgica.” Oh! Minha Mãe!/ que sofrimento infindo,
“Ele enfrentou diferentes percalços ao longo dos seus Quanta angústia cruel,/ pesar e dó,
dias, sobretudo, os contrastes gritantes entre os Sinto ao saber que tu me esperavas rindo,/
sonhos e as limitações do meio social. As privações Sem pressentir que estive sucumbindo!.../
lhes foram muitas, a começar pela vida material.” ...............................Eis-me náufrago e só!/
“Do naufrágio do vapor Alcântara, Lívio Barreto 5 - – REVOLTADO
trouxe-nos dentro de uma concha nacarada, esta jóia
esplêndida, que para nós é uma relíquia sagrada.” “As letras o atraíam e fascinavam irresistivelmente,
mas delas era impossível tirar os meios de
NÁUFRAGO subsistência.”
Eis-me náufrago e só,/ na vastidão “Altivo como os elevados granitos que põem sentinela
Da praia desolada,/ à nossa cidade natal, o poeta preferia pendurar a sua
Aonde o mar – indômito leão - lira nas jeramataias que enverdecem as margens do
Esmaga a onda fria e angustiada. Coreaú, a descantar submisso nas arcadas das
habitações dos poderosos.”
Eis-me náufrago e só!/ Áspero e frio
Em alguns momentos, Lívio Barreto deixou escapar em - Sim!/ Em nome das Lágrimas, não chores!/
sua lira como ele se percebeu no mundo, a sua
inserção e o seu lugar na sociedade à época. O soneto Lívio enfrentou diferentes percalços ao longo dos seus
“Só” descreve uma cena do seu dolorido cotidiano, dias, sobretudo, os contrastes gritantes entre os
após o recolhimento no íntimo de sua alcova. sonhos e as limitações do meio social.
Abro um livro,/ passeio,/ fumo,/ escrevo,/ “Toda a obra literária de Lívio Barreto é o diário de
Medito/ e sonho;/ e a minha noite levo uma paixão que implacavelmente o torturou,
Insone,/ roubando-lhe a energia e o acompanhou
E deito-me ao romper da aurora./ insistentemente até à morte.”
Ergo-me pálido e desesperado TODOS -Aos que virão, aos que fizerem no futuro a
Do sono cataléptico,/ acordado,/ história literária da nossa terra, deixamos a tarefa de
E vou, maldito, pela vida afora!/ detalhadamente estudarem a vibrante e original
individualidade artística de Lívio Barreto.
A sensação de abandono, de não pertencimento a A nós, compete deixar gravada a admiração
algum espaço, instituição ou grupo esteve presente em incondicional e justa que consagramos ao nosso poeta.
várias passagens de sua obra. O confinamento insular IV - Este programa é uma produção da Secretaria
dos seus desejos parece remeter a uma descrença com Municipal de Cultura administração Cuidando da
a sociedade e os valores em sua volta. Nossa Gente! para você amigo ouvinte; mande
A poesia de Lívio Barreto deve ser vista como um opiniões, sugestões, críticas, pois você é a razão de ser
piedoso “miserere” do homem que dignifica a dor, do nosso trabalho.
como se ela fosse a única sugestão válida para a Ouça, participe, o programa é para você! Com
comunhão com o universal. apresentação hoje de: Quézia Tabosa, Arimatéia
Magalhães Dorinha Silva e Sarah Fonseca.
ÚLTIMO DESEJO