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PROGRAMA NAS ONDAS DA CULTURA - Em 30\ 09 \ Semana passada foi o inicio da primavera e também o

2022 dia da árvore, então o cordel de hoje, aborda o tema


Boa Tarde! sobre nossa flora.
Queridos ouvintes, hoje, é sexta feira, 30 de 1 – Cordel com Arimatéia
setembro de 2022, estamos de volta com mais um II - Apresentação/Biografia
programa Nas Ondas da Cultura, uma realização da A partir de agora, vamos de Lívio Barreto.
Secretaria Municipal de Cultura – Administração Pela memória, uma sociedade constitui sua história,
Cuidando da Nossa Gente! alinhavando as tramas do passado para entender o
Estamos encerrando hoje, esse mês de muitas bençãos presente e construir um futuro comum. Sem as
na Granja de Lívio Barreto! memórias individual e coletiva, perdem-se tanto nossa
Que o nosso Deus ilumine esse novo mês que está identidade, quanto as tão fundamentais referências.
despontando nas nossas vidas, Que seja, um Convenhamos, que, o nosso município tem presente e
OUTUBRO feito de dias iluminados, de corações tem futuro mas tem também um passado glorioso, de
repletos de paz, de harmonia nos lares, de sorrisos nos história, de lutas e de glórias. Filhos ilustres e
lábios, de equilíbrio mental, de doces palavras e gestos importantes, que se encantaram, mas vivem na nossa
de amor. memória, pois para nós, morrer é o esquecimento, e
"Simbora" tem 31 dias nos esperando, e eu acredito nós nos propomos a continuar lembrando, e a
que serão 31 dias de vitórias, 31 dias de alegrias, 31 perpetuar, nossa herança cultural.
dias de conquistas, 31 dias de muita história para Conhecer Lívio e sua obra, é uma necessidade da
escrever, lembre-se apenas de deixar o lápis nas mãos sociedade granjense. Ele se faz presente no nosso
de Deus, porque só Ele sabe o que é melhor para cada hino, que é um dos nossos símbolos, se faz presente
um de nós e onde tem a presença d'Ele não há mal que no espaço físico da nosso município, nomeando rua
vingue! ( inclusive também em Fortaleza, e no Rio de Janeiro),
Eu falei no inicio, a expressão na Granja de Lívio nomeando também escola, a nossa biblioteca..., se faz
Barreto que é a mesma expressão usada pelo Padre presente na nossa história assim como, acreditamos
Osvaldo na poesia do hino de Granja. que também na imaginação de crianças e jovens e
Porquê Granja de Lívio Barreto? principalmente na lembrança de adultos e idosos.
Assim como nós, vocês já se fizeram essa pergunta? Faremos hoje um recital de alguns poemas de Lívio,
Quem foi Lívio Barreto? difícil foi escolher. Sobre a sua biografia diremos
Pois bem, pedimos licença aos estudiosos do nosso apenas o dia do nascimento, quem foram seus pais e o
município, para discorrermos um pouco sobre Lívio dia de sua morte e depois vamos as nossas
Barreto, no programa de hoje . Dia 29, ontem interpretações. Esperamos que vocês gostem:
completou 127, que Livio Barreto se encantou aos 26 Lívio da Rocha Barreto nasceu na fazenda Angicos,
anos, deixando pra nós sua única obra, o livro distrito de Iboaçu ( Timonha), comarca de Granja,
dolentes, com muita poesia e alguns depoimentos de numa sexta-feira 18 de fevereiro de 1870, filho de
amigos porém, apesar da sua pouca idade e apenas José Soares Barreto e D. Marianna da Rocha Barreto.
uma obra, segundo alguns sábios da nossa terra, Em 1895, Foi na sua banca de trabalho, pelas 3 horas
afirmam que foi mesmo sem sabe-lo o seu maior da tarde do dia 29 de setembro uma sexta-feira, que
intelectual. caiu morto, fulminado por uma congestão cerebral.
I -O nosso programa se acha educativo, aqui III – RECITAL
parafraseando Hannah Arendt "A educação é o ponto 1 – Apresentação
em que decidimos se amamos o mundo o bastante “Lívio era magro, pequeno, altivamente petulante.”
para assumirmos a responsabilidade por ele" “Tinha o olhar penetrante, sem vacilações, a fronte
Essa pensadora diz que  "tradição" é o fio que nos guia alta e abaulada.”
com segurança através dos vastos domínios do “Ria pouco, e só entre os amigos deixava transparecer
passado". A relação entre crianças e adultos não pode, a sua fina verve elegante, um bocado pessimista.”
segundo ela, ficar restrita "à ciência específica da “Usava caxemiras claras, chapéu de feltro alto, e
pedagogia", já que se trata de preservar o patrimônio fumava cachimbo.”
global da humanidade. "Está presente a ideia de que o
planeta não pertence só a nós que vivemos nele agora, O forte apelo pela literatura o faz revelar a inspiração e
mas a todos que já estiveram aqui” Assim sendo, nós a originalidade, daquele que passaria a ser o principal
nos propomos sempre a falar sobre a nossa representante do Simbolismo no Ceará, apesar da
responsabilidade histórica e também com a nossa forte tendência romântica.
responsabilidade ecológica.
PARA ESCREVER A minha vida louca
Eis,/ se resume nisto,
Mergulho a pena no tinteiro.../ cismo.../ Meu doce paraíso!/
Em quê?/ e a pena entre os meus dedos presa, Meu livro é tua boca,/
Como uma alma suspensa sobre o abismo E tu és o meu Cristo,
Da dor,/ treme de frio e de surpresa. E a hóstia um teu sorriso./

Caos de pensar!/ Nevoeiros da incerteza!/ Na pira imaculada


Silêncio!/ calmaria!.../ atroz mutismo!.../ Do teu olhar de luz,
E o coração é uma fornalha acesa,/ Feito de amor e paz;/
Uma cratera a vomitar no abismo!/ Uma alma mergulhada
Tornara-se Jesus/
E neste vácuo,/ neste desespero,/ Depois de ser Caifás!/
Quero debalde,/ inutilmente quero
Dizer.../ nem sei o que dizer,/ Jesus! Se o teu olhar de calma
E luz pura e suave
Tenho o mar sob o peito e a tempestade Me envolve num clarão:/
N’alma,/ e sou mudo!/ Ó santa, tem piedade!/ Eu sinto que em minh’alma
Surge,/ beija-me e diz:/ - faça-se a luz! Se estende,/ etéreo e grave,
Um pálio de perdão./
“Ninguém como ele possuía essa delicada
sensibilidade artística que o fazia versejar às soltas, É que essa luz bendita/
descompassadamente, numa alucinação incoercível de - A luz aveludada
vidente.” De teu celeste olhar,/
Me deixa n’alma aflita
VERSOS A ESTELA Um raio de alvorada/
E um raio de luar!/
A tua voz revela
Tanta doçura e amor É que teu casto olhar
No carinhoso acento!.../ É tão suave e são,/
Ouvindo-a eu sinto, Estela,/ Feito de amor e calma,/
Tornar-se gozo a dor/ Que até faz rebentar
E em gozo o sofrimento!/ Rosais no coração/
E lírios dentro d’alma!/
E o teu sorriso honesto/
E luminoso e branco,/ 2 – APAIXONADO
De uma doçura ideal,/ Os tempos de menino foram vividos na fazenda
Ouvindo-o /esqueço e arranco Angicos, distrito de Iboaçu ( Timonha), onde ele desde
O meu pesar funesto/ cedo se contagiou da liberdade irradiada daquela
E a minha dor fatal!/ paisagem rural.
Lívio na sua imensa e eterna PAIXÃO, idealiza e sonha
Se a tua mão, Estela, com a representação do seu amor, traduzido na beleza
Em minhas mãos se esquece física e espiritual
Em doce devaneio;/ O Poeta canta a submissão da Paixão aos encantos da
Sendo eu possuidor dela sua amada a quem compara ao doce canto das aves.
Sinto um dulçor de prece “A poesia de Lívio Barreto tem uma mensagem rica e
A me invadir o seio!/ cheia de substância lírica, é um poeta maior!”

É que essa mão pequena,/ IDEAL


- A mão de uma criança,/
- A mão de uma donzela,/ Menina e moça,/ a primavera em flor,/
Parece uma açucena/ Um jardim de esperanças e de sonhos:/
Trazendo uma esperança Dois olhos como o céu puros:/ dois sonhos
Mandada de uma estrela!/ Polvilhados de risos e de amor./
Tem a meiguice da ave mansa;/ doce Da via-láctea no cerúleo véu.
É sua fala:/ o olhar uma açucena;/
Alma de flor:/ de lírio, de açucena/ Os cravos brancos vão abrir agora:/
Qual se de lírio ou de açucena fosse.../ Há silêncio na terra/ e anda no céu o luar/
Erram estrelas pálidas a orar,/
Menina e moça,/ o riso perfumado E o azul se arqueia sobre a terra e ora./
Casto e lirial da primavera em flor,/
Riso de anjo;/ olhar de anjo,/ alma de flor../ A madrugada cândida desponta:/
E, um sonho em riso entreaberto,/ iriado./ Enrubesce o Levante anunciando o dia./
Canta aleluia o vento que esfuzia.../
Brotam-lhe os seios,/ cria formas,/ nasce,/ A madrugada pálida desponta./
Vai para a vida,/ tão mimosa e meiga./
Franzina e airosa,/ é tão mimosa e meiga Pelos rosais anseia a viração./
Inda com as cores virginais na face!/ Pensativo no céu anda o luar agora.../
Amo-a!/ Sonho de artista,/ eu a procuro Cai mais frio o sereno/ e aponta a aurora,/
Extasiado em muda adoração!/ Como um amor dentro de um coração./
Em minha muda e longa adoração/
Adoro-a como o ideal de meu futuro! Das longínquas paragens levantinas
Desce o carro da aurora altivo aos solavancos;/
“Para Lívio Barreto, o Amor, a Dor, a Melancolia e o E à manhã abotoam-se as boninas/
Tédio eram divindades vingadoras, contra as quais E abrem-se os cravos brancos./
rugia, na impotência de vencê-las.”
04 – Triste
Entre quimeras e desencantos, que suas obras foram “Lívio Barreto expiou amargamente o horroroso crime
leituras sociais sobre o processo histórico corrente de perpetrar bonitos versos
naquele período, sendo eles interlocutores e agentes. “Sua temática espelha um mundo interior assombrado
por desenganos, aflições e ceticismo.”
3 – SONHADOR
“Lívio fez sua poesia como quem constrói uma balsa
“Lívio foi poeta por uma violenta impulsão de seu para escapar de uma ilha deserta.”
organismo, a que não pôde fugir nunca, mesmo
quando o fel dos desalentos o punha temporariamente Lívio, dotado de um gênio taciturno e índole
fora das lides da inteligência.” impressionável, imprimiu, pelo sofrer da sua
mocidade, um cunho característico na sua enfermiça
“A sensibilidade artística de Lívio Barreto, confrangia- psicologia. Daí a mania do desgosto, com toda a
se à menor vibração ou contato.” exacerbação da alma enfurecida a cometer
“Lívio destacou-se pela originalidade do talento, pela incessantemente a sua idéia. Contudo o poeta sabia
rara maneira de dizer e pela intuição elevada que gemer e chorar com arte; saía-lhe de mistura com o
possuía das cousas da Arte.” A obra Os Cravos pranto, o estilo icástico e terso.
Brancos, se compõe de 5 partes belíssimas: Considerado pelos estudiosos como o mais perfeito
Dedicatória, Os Cravos Brancos, Desabrochando, Ao poema de Lívio, com você a paródia de Lágrimas com
Luar e Nupcial, das quais escolhemos Desabrochando Arimatéia Magalhães.
para o vosso deleite:
LÁGRIMAS
II
Desabrochando Lágrimas tristes,/ lágrimas doridas,/
Os cravos brancos vão abrir agora./ Podeis rolar desconsoladamente!/
Ronda o luar no céu e há silêncio na terra./ Vindes da ruína dolorosa e ardente/
Dorme ao longe,/ ao luar sonhando,/ a serra.../ Das minhas torres de luar vestidas!/
Os cravos brancos vão abrir agora./
Órfãs trementes,/ órfãs desvalidas,/
Múrmuros ventos pelo ar soluçam,/ Não tenho um seio carinhoso e quente,/
Cessa o rumor na terra/ e anda o luar no céu;/ Frouxel de ninho,/ cálix recedente,/
As nebulosas pálidas se embuçam/ Onde abrigar-vos, pérolas sentidas./
Corta-me o vento os ombros/
Vindes da noite,/ vindes de uma mágoa/ E o firmamento triste,/ ermo e sombrio/
E não achastes uma urna pura Tem a mudez inerte dos assombros./
Para abrigar-vos,/ frias gotas d’água!/
Eis-me náufrago e só!/ Como um lamento
“Sua existência foi áspera e insuportável, tecida de Que sai da escuridão de subterrâneo,/
decepções, tristezas e amargos dissabores.” Vem-me nas asas trêmulas do vento/
O grito surdo,/ fúnebre,/ titânio,/
MAL ÍNTIMO Que o mar solta do peito truculento/
E a alma nos corta,/ agudo e subitâneo,/
Esta amargura funda,/ esta inclemência Como uma flecha o azul do firmamento!/
Atra e brutal que me persegue,/ e mata,
Como um veneno,/ as flores cor de prata Eis-me náufrago e só!/ A alma inda presa,/
Da minha entristecida adolescência;/ Tonta da luta,/ trêmula,/
De angústia chora,/ se ajoelha e reza!/
Este ambiente de corrupta essência/ E a onda – alma do mar – da nossa êmula,/
Onde o Tédio os seus flóculos desata;/ Vemo-la forte a rugitar/ e vemo-la
Este vento de dor que me arrebata, Morrer na praia onde o silêncio pesa./
Os sonhos/ de fulgor transparência:/
Eis-me náufrago e só!/ Triste,/ cansado,/
Toda esta amarga e triste decepção,/ Meditativo,/ absorto!/
Esta da vida cética ironia,/ Meu coração no peito angustiado/
Esta contínua e trágica aflição,/ Precisa de carinho e de conforto.

Este simoun do mal veio-me um dia, Eis-me náufrago e só!/ A ave que passa
Por não possuir teu peito um coração/ Riscando o azul puríssimo do céu/
Quando no meu um coração batia!/ E sente as asas súbito quebradas
Pela bala certeira da desgraça/
“Lívio Barreto cantou as grandes dores que lhe Talvez não sinta tanto como eu!/
rasgavam o coração magoado.”
“A nota predominante na lírica de Lívio Barreto é o Eis-me náufrago e só!/ Oh! Minha irmã,/
desalento. Porém, a sua musa, suave e terna, se Meu derradeiro altar imaculado!/
inspirou também na paisagem dos campos, nos Choro por ti à luz desta manhã;/
aspectos da vida sertaneja.” E o pranto quente,/ doloroso,/ brando,/
É o amor que da alma me rebenta,/ quando
“Em Lívio Barreto as decepções deixaram funda O coração estorce-se magoado!/
impressão, que deu a seus versos uma feição dolente e
nostálgica.” Oh! Minha Mãe!/ que sofrimento infindo,
“Ele enfrentou diferentes percalços ao longo dos seus Quanta angústia cruel,/ pesar e dó,
dias, sobretudo, os contrastes gritantes entre os Sinto ao saber que tu me esperavas rindo,/
sonhos e as limitações do meio social. As privações Sem pressentir que estive sucumbindo!.../
lhes foram muitas, a começar pela vida material.” ...............................Eis-me náufrago e só!/
“Do naufrágio do vapor Alcântara, Lívio Barreto 5 - – REVOLTADO
trouxe-nos dentro de uma concha nacarada, esta jóia
esplêndida, que para nós é uma relíquia sagrada.” “As letras o atraíam e fascinavam irresistivelmente,
mas delas era impossível tirar os meios de
NÁUFRAGO subsistência.”

Eis-me náufrago e só,/ na vastidão “Altivo como os elevados granitos que põem sentinela
Da praia desolada,/ à nossa cidade natal, o poeta preferia pendurar a sua
Aonde o mar – indômito leão - lira nas jeramataias que enverdecem as margens do
Esmaga a onda fria e angustiada. Coreaú, a descantar submisso nas arcadas das
habitações dos poderosos.”
Eis-me náufrago e só!/ Áspero e frio
Em alguns momentos, Lívio Barreto deixou escapar em - Sim!/ Em nome das Lágrimas, não chores!/
sua lira como ele se percebeu no mundo, a sua
inserção e o seu lugar na sociedade à época. O soneto Lívio enfrentou diferentes percalços ao longo dos seus
“Só” descreve uma cena do seu dolorido cotidiano, dias, sobretudo, os contrastes gritantes entre os
após o recolhimento no íntimo de sua alcova. sonhos e as limitações do meio social.

SÓ “Sua vida foi movida por uma febre insofismável de


Que luta atroz a que eu sustento,/ quando projeções e expectativas em torno do mundo letrado
À noite velo no meu quarto,/ e escuto que, lamentavelmente, lhes foram frustradas.”
O coração gemendo e blasfemando,/
Órfão de tudo,/ sob os véus do luto./ “A Poesia de alta densidade emocional apresenta
atmosfera de sombra onde a indecisão do crepúsculo
Lá fora o vento esfuziando;/ adentra o EU do poeta.”
Cai o orvalho da noite;/ aqui,/ enxuto,/ O confinamento insular dos seus desejos parece
Lento,/ o silêncio desce,/ amortalhando remeter a uma descrença com a sociedade e os valores
O meu tormento atroz e absoluto./ em sua volta.

Abro um livro,/ passeio,/ fumo,/ escrevo,/ “Toda a obra literária de Lívio Barreto é o diário de
Medito/ e sonho;/ e a minha noite levo uma paixão que implacavelmente o torturou,
Insone,/ roubando-lhe a energia e o acompanhou
E deito-me ao romper da aurora./ insistentemente até à morte.”

Ergo-me pálido e desesperado TODOS -Aos que virão, aos que fizerem no futuro a
Do sono cataléptico,/ acordado,/ história literária da nossa terra, deixamos a tarefa de
E vou, maldito, pela vida afora!/ detalhadamente estudarem a vibrante e original
individualidade artística de Lívio Barreto.
A sensação de abandono, de não pertencimento a A nós, compete deixar gravada a admiração
algum espaço, instituição ou grupo esteve presente em incondicional e justa que consagramos ao nosso poeta.
várias passagens de sua obra. O confinamento insular IV - Este programa é uma produção da Secretaria
dos seus desejos parece remeter a uma descrença com Municipal de Cultura administração Cuidando da
a sociedade e os valores em sua volta. Nossa Gente! para você amigo ouvinte; mande
A poesia de Lívio Barreto deve ser vista como um opiniões, sugestões, críticas, pois você é a razão de ser
piedoso “miserere” do homem que dignifica a dor, do nosso trabalho.
como se ela fosse a única sugestão válida para a Ouça, participe, o programa é para você! Com
comunhão com o universal. apresentação hoje de: Quézia Tabosa, Arimatéia
Magalhães Dorinha Silva e Sarah Fonseca.
ÚLTIMO DESEJO

Quando vier a Morte,/ ouve-me,/ escuta


A minha triste e última vontade:/
Ela resume a minha mocidade/
Que crepuscula e pálida se enluta./

Trago no seio muita dor oculta,/


Muita tortura,/ muita ansiedade:/
Esta – filha do amor e da Saudade,/
- Nascida aquela da passada luta./

Quero, porém, a Deus,/ livre de penas,/


Subir,/ alar-me às regiões serenas./
Ouve-me pois:/ não tremas nem descores.../

Respeita a minha campa úmida e fria,/


Não n’a ultraje tua hipocrisia:/

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