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Disponível em <www.even3.com.br/anais/territorioscidadesemigracoes>
ISBN: 978-65-86090-01-7
RESUMO
Perante os problemas socioambientais que ameaçam a vida e a permanência dos
povos indígenas na região Amazônica, salienta-se a existência do “Plano de Vida”
na Amazônia colombiana, como um documento com validade administrativa que
facilita a comunicação entre os povos indígenas e as instituições do Estado. Neste
trabalho, são analisados os casos dos resguardos indígenas UITIBOC, e Cotuhé-
Putumayo no distrito departamental de Tarapacá (Amazonas, Colômbia). a pesquisa
foi feita por meio de documentação bibliográfica e trabalho de campo realizado no
primeiro semestre de 2018. Entre os resultados, destaca-se que o desenho e
implementação do Plano de Vida contribui com o registro histórico dos
conhecimentos tradicionais em relação com o território, assim como o
desenvolvimento de processos organizativos e a valorização dos recursos
ambientais acorde com sua disponibilidade e uso.
INTRODUÇÃO
A floresta amazônica é um cenário de múltiplos conflitos em questões
territoriais e socioambientais, muitos deles sem resolver e a maioria em detrimento
dos povos indígenas.
Na Colômbia, os “resguardos indígenas” funcionam de forma semelhante à
“Terra Indígena” no Brasil. Dentro desse esquema, o documento “Plano de Vida”
(Plan de Vida em língua castelhana) é a ferramenta prática para que os povos
indígenas exerçam sua autonomia e velem pelos seus direitos territoriais perante as
instituições administrativas do Estado. Neste trabalho, analisamos como essas
projeções próprias das comunidades são levadas na prática pelos resguardos
indígenas UITIBOC, e Cotuhé-Putumayo, localizados na Amazônia.
OBJETIVO
Analisar a formulação e implementação do Plano de Vida dos resguardos
indígenas UITIBOC, e Cotuhé-Putumayo no que respeita ao ordenamento territorial
no distrito departamental de Tarapacá, na Amazônia colombiana.
MÉTODOS
Área de estudo
O distrito departamental de Tarapacá está localizado ao norte da cidade de
Letícia, capital do departamento colombiano de Amazonas (coordenadas da área
urbana: 2°53'31.61"S, 69°44'30.48"O, altitude 54m). Possui, aproximadamente,
3.950 habitantes, distribuídos na área urbana (53%) e em pequenos vilarejos
chamados de cabildos (47%), todos eles dispersos nas margens dos rios mais
próximos (DANE, 2005).
Todo o território de Tarapacá ocupa uma área aproximada de 14.000 km2 e
limita ao norte com o distrito de La Pedrera, ao Sul com o Município de Letícia, ao
Oeste com o distrito de Puerto Arica e com o Peru, e ao Leste com o Brasil. No
distrito departamental convergem diferentes figuras de ordenamento territorial de
acordo com as políticas do estado colombiano: Distrito departamental (área não
municipalizada), resguardos indígenas (equivalente a Terras indígenas), Reservas
florestais (áreas para uso florestal) e Parques Nacionais Naturais (Unidades de
Conservação).
Metodologia
Foi feito um estudo de caso, de caráter qualitativo das organizações
indígenas ASOAINTAM (Asociación de Autoridades Tradicionales de Tarapacá
Amazonas) que administra o resguardo indígena UITIBOC, que corresponde às
etnias Uitoto, Inga, Ticuna, Bora e Cocama (ASOAINTAM; FRANCO ANGULO,
2007) e CIMTAR (Cabildo Indígena Mayor de Tarapacá) que administra o resguardo
Cotuhé-Putumayo.
Em um primeiro momento foi feita uma pesquisa bibliográfica de fontes
primárias e secundárias, com o intuito de compreender o contexto histórico, cultural
e socioeconômico da região. Posteriormente, foi realizado o trabalho de campo em
Tarapacá, no período compreendido entre janeiro e maio de 2018. Para a recoleção
de dados foram utilizadas técnicas como a observação participante, diário de campo
e entrevistas com informantes chave (BOEF, DE; THIJSSEN, 2007) dos resguardos
indígenas e das instituições públicas presentes nesse território.
RESULTADOS
CONCLUSÕES
A formulação participativa dos Planos de vida nos resguardos indígenas
UITIBOC e Cotuhé-Putumayo, tem se convertido em uma ferramenta que propicia
espaços para se repensar como indígenas, para discutir sobre o significado de
território, entre eles mesmos e com as entidades regionais e nacionais, assim como
dinamizador de processos de autogestão do território.
REFERÊNCIAS
ASOAINTAM; FRANCO ANGULO, M. Plan de vida de los Cabildos Uitoto,
Tikuna, Bora, Cocama e Inga de la Asociación de Autoridades Tradicionales de
Tarapaca Amazonas ASOAINTAM. Tarapacá, Amazonas: CODEBA, 2007.
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