HOMILIA - SOLENIDADE TODOS OS SANTOS

Queridos irmãos e irmãs celebramos hoje numa única solenidade o mérito de todos os santos.
Esta solenidade é uma belíssima afirmação daquilo que professamos no símbolo apostólico “creio na
comunhão dos santos”. A comunhão originada no batismo entre todos os crentes em Jesus Cristo,
nem mesmo a morte põe fim a esta relação de amor e de intercessão, por isso que o mês de novembro
temos dois grandes mistérios que celebramos quando oferecemos o sacrifício de Jesus Cristo pelas
almas dos fiéis defuntos, e de modo sublime quando nos unimos aos santos por este mesmo sacrifício
de comunhão, nós que somos a Igreja ainda a caminho da esperança definitiva. Nos dedicarmos a
estas realidades escatológicas é um ponto importante da nossa vida cristã por sabermos também que
este será o cumprimento da meta que nos espera, o céu.
Não somos desesperados diante da mistério da morte, mas somos cheios de esperança e a
nossa esperança é cheia de imortalidade porque já passamos da morte à vida e acreditamos em Jesus
Cristo, pois sua morte e sua ressurreição fez despontar para nós o dia feliz sem fim, quando a
humanidade inteira descansará junto dele, portanto queridos irmãos e irmãs a solenidade de todos os
santos deve gerar em nós o sentimento de alegria por sabermos que tantos membros da Igreja estão
na glória do céu, na comunhão definitiva com Deus nosso Pai a interceder por todos aqueles que de
coração sincero O busca e que ainda estão a caminho.
Na primeira leitura escutamos um trecho da liturgia celestial narrada no Livro do Apocalipse,
onde existe uma visão de uma imensa multidão que não se pode contar, estes são aqueles que foram
batizados e devido a perseguição do império romano agora estão na glória da eternidade. É uma
imagem da Igreja perseguida e triunfante, portanto, o número dos que foram salvos, de todas as
gentes, as raças e tribos e que não se pode contar é a universalidade do chamado à salvação operada
através de Jesus Cristo. Estes já estão em Deus, a resposta à pergunta que o vidente de Patmos faz ao
ancião é que estes são os que alvejaram suas vestes não apenas nas águas, mas no sangue do Cordeiro.
Na leitura que nós hoje nesta liturgia lemos nos traz o anúncio de sermos chamados, desde já, de
filhos de Deus, portanto o autor diz que é um presente de amor do Pai a filiação. Este é o primeiro
passo da santidade, ser filho. E muitas vezes São Paulo quando escrevia suas cartas endereçadas aos
cristãos os chamava de santos. Os Santos são aqueles que foram separados para a vida nova que a
ressurreição trouxe.
Dos inúmeros textos que poderia nos saltar à vista nesta solenidade a Igreja nos deu o texto
das bem aventuranças de Mateus capítulo 5, pois estas funcionam para nós como que um projeto de
vida e Jesus Cristo sobe ao monte, como o novo Moisés, e nos dá a nova lei. As bem aventuranças
sempre tem duas partes, ou seja, é sempre uma realidade e uma promessa. Irmãos e irmãs podemos
dizer que as bem aventuranças são um projeto de santidade e nosso senhor Jesus Cristo recupera para
seus ouvintes daquele tempo e para nós hoje que a meta a ser alcançado.
Agradeçamos ao Senhor por tantos membros da Igreja que são nossos amigos e que estão a
interceder por nós, os Santos Mártires, Santos Confessores, Santas Virgens, Santos Pastores, Santos
Doutores, Santas Doutoras, Santos Místicos, Santas Crianças, Santos Jovens, Santos Casais, Santos
Cristãos Leigos e Leigas, Santos Religiosos e Religiosas. É uma multidão de gente, nós não estamos
sozinhos. Isto é uma das belezas de sermos católicos: Deus nosso Pai que nos salvou através de Jesus
Cristo e nos garante que por meio de seu Espírito está sempre conosco a nos guiar com a proteção de
seus Anjos e com a intercessão fraterna de nossos irmãos, os Santos. Quero encerrar esta homilia com
a palavra do Papa Francisco no seu documento sobre a santidade nos dias de hoje dizendo que nós
somos convidados a uma santidade normal. Ser Santo não é quem fez atos extraordinários, mas existe
uma santidade que é normal, é do dia a dia, do esforço e da graça de buscar a Deus e de amá-lo, de
faze-lo a prioridade de nossa vida. Deus abençoe o seu dia, tudo de bom e um forte abraço.

Roma, 06 de outubro de 2022

Pe. Raimundo José.