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A linguagem fascista

Algumas faces da violência no neofascismo brasileiro

PRIMEIRO SLIDE
Cumprimentos e agradecimentos: às e aos participantes do CONEDIF, à sua
comissão organizadora (à Regina). A alegria com o Pedro; e a felicidade de
estar no CONEDIF... quem sabe menos de Foucault do que a maioria de
vocês...

SEGUNDO SLIDE
Na longa história das ideias linguísticas, talvez haja grosso modo duas
concepções distintas sobre as relações entre a linguagem e as ações:
 Linguagem e ação: são coisas distintas e mesmo opostas.
(Por Peleu fui mandado seguir-te, ainda na infância, igualmente
inexperto nas guerras penosas e no discurso das ágoras, onde os heróis
se enaltecem. Sua intenção foi que viesse contigo, para que te
ensinasse como dizer bons discursos e grandes ações por em prática.
(Ilíada, IX, 438-443) ; “Confidunt in actionibus, non verbis”; “Entre o digo
e o faço medeia grande espaço” (Sancho)...
 Linguagem é ação: tanto já em sua própria produção quanto nos efeitos
que ela produz.
(Fiat lux; sofística e retórica, teoria dos atos de fala...)
Mas, está última concepção dá um enorme salto qualitativo, quando
Foucault trata das relações entre práticas discursivas e não-
discursivas... (“tento definir em que, em medida, em que nível os
discursos podem ser objeto de uma prática política”; “o problema é dar a
essa relação, ainda confusa, um conteúdo analítico” (Resposta a uma
questão); “A análise arqueológica individualiza e descreve formações
discursivas para relacioná-las no que podem ter de específico com as
práticas não discursivas”; “A arqueologia faz com que apareçam
relações entre formações discursivas e domínios não discursivos
(instituições, acontecimentos políticos, práticas e processos
econômicos). Ela tenta determinar como as regras de formação podem
estar ligadas a sistemas não discursivos: procura definir formas
específicas de articulação” Arqueologia)
Há relações; elas são múltiplas, diversas e específicas... o discurso é
uma prática; prática que constrói os objetos de que fala...

Detratar, humilhar, perseguir, incitar à violência, agredir, torturar, matar e


exterminar
Os ataques afetam atacados, suas testemunhas e os atacantes; tornam os
atacados ainda mais humilhados e resignados; as testemunhas, mais
indiferentes ou identificadas com as agressões; e os atacantes, ainda mais
violentos.

QUARTO E QUINTO SLIDES


Finchelstein ≠ a AD, Klemperer, Faye e minhas conclusões

SEXTO SLIDE
A necrolinguagem do neofascismo brasileiro
“Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria” (194-199)

A violência e a construção de um ethos hiperviril...

SÉTIMO SLIDE
E seus efeitos

A banalização, mas também o recrudescimento da legitimação e da vontade de


violência, estão de mãos dadas não só com estes seus elementos constitutivos
( o racismo, o colonialismo, a lógica do capital e suas consequências: injustiças
e desigualdades sociais, econômicas e políticas, distintas sortes de
explorações, opressões e exclusões...) mas também com o machismo, a
misoginia e homofobia do neofascismo brasileiro...
OITAVO, NONO E DÉCIMO SLIDES
A retórica homofóbica
O que se diz e os modos de dizer da hipervirilidade da extrema direita brasileira

Como podemos definir a linguagem fascista?


A linguagem fascista se define fundamentalmente por se tratar da linguagem
humana que pretende calar a linguagem humana, que pretende rebaixar a
condição humana e que pretende eliminar a vida humana de todas aquelas e
de todos aqueles que pensam, agem e falam diferentemente dos de raça pura
e das pessoas de bem. Fascistas e neofascistas falam para calar a crítica que
lhes poderia ser dirigida e para calar e, até mesmo, eliminar a diversidade das
formas de vida em uma sociedade. Seu traço mais característico é a violência
tanto nas coisas que diz quanto nos modos de dizê-las. O Narciso fascista não
só acha feio o que não é espelho, mas também o detrata, o humilha, o ataca e
o persegue, prega sua eliminação e participa das agressões que lhe são
infligidas, de seu homicídio e de seu extermínio. Assim, a linguagem fascista
fala para justificar e fomentar o aniquilamento do outro, seja ele adversário ou
apenas diferente, mas sempre transformado em inimigo. A título de exemplo,
os discursos de Bolsonaro: porque são racistas, machistas, misóginos,
homofóbicos, incitam a violência contra oponentes políticos e grupos sociais
marginalizados e têm um profundo desapreço pela vida humana.

(Décimo primeiro slide)


A linguagem fascista: retórica reacionária e fala fálica
A retórica reacionária no próprio slide
A fala fálica: Na Roma antiga, o fasces representa o poder do rei, do cônsul e
dos altos magistrados. O poder da fala que condena o outro ao flagelo e à
morte.
A linguagem fascista é uma fala fálica, hiperviril, que fascina uma massa de
adeptos e de militantes apaixonados pela promessa de liberação da violência;
é uma fala que se pretende palavra de ordem, repetição sem abertura à
diferença e ao diálogo e comando que se executa, para se tornar açoite
simbólico, violência física, assassinato e extermínio.
Os gêneros são saberes construídos a partir de diferenças percebidas entre os
sexos. As diferenças e a hierarquia entre o masculino e o feminino são formas
primárias de dar significado a relações de poder; se trata aí de um modelo
arcaico de dominação...

Pra não dizer que não falei das flores...


A linguagem fascista na lógica do capital
A liberdade como liberação sem limites: liberdade econômica = liberação total
de exploração (de escravidão...); liberdade de expressão = liberação total para
detratar, humilhar e atacar vulneráveis; liberdade de governo = liberação total
para destruir estado e sociedade, para reduzir a sociedade ao estado de
natureza...

A resistência
Metalinguagem da emancipação
Veneno, remédio... Combater o ódio pela diferença com nosso amor pela
linguagem... Falar de nossa própria fala, de sua beleza e de seus encantos,
mas também de suas sombras, de suas violências e daquelas mais atrozes
que ela produz...
Compreender os modos pelos quais a opressão se tornou possível, aceitável e
mesmo desejada é o primeiro passo para nossa libertação.

DECIMO SEGUNDO SLIDE: por que ter de falar do óbvio?

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