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T CC Art e/Educação: O Corpo/Espaço da Pot ência Criat iva Narrat ivas que caminham pela efe…
Lenine Salvador
ENSAIO ABERT O: Reflexões art íst icas de uma formação docent e. - BARROSO, A. 2011.
Alan Villela Barroso
1º Colóquio de Pesquisa em Música da UFOP
Ensino, memórias e linguagens em diálogo interdisciplinar
28 e 29 de março de 2017 - Ouro Preto – MG – Brasil
Resumo:
Partindo da discussão sobre a utilização do jogo enquanto material pedagógico concreto e enquanto
atividade lúdica, caracterizado como brincadeira, mesmo que inserido no contexto de salas de aula,
apresenta-se o questionamento e reflexão sobre sua aplicação didática na qual, dirigido pelo professor, o
jogo transcende sua ludicidade, passando a não conter fim apenas em si mesmo, sendo utilizado em prol
de ações de ensino e aprendizagem. Com o objetivo de contribuir para o estudo acerca do emprego de
jogos pedagógicos na Educação Musical, este trabalho apresenta uma investigação em torno de algumas
possibilidades de utilização e aplicabilidade do jogo como ferramenta didática, tendo-o em perspectiva
enquanto material concreto e, simultaneamente, atividade educativa dentro do contexto do ensino de
música em escolas da rede regular de ensino, explorando especificamente os processos de ensino e
aprendizagem da leitura musical por alunos que cursam os primeiros anos do Ensino Fundamental em
escolas da rede municipal de uma determinada cidade em Minas Gerais. Deste modo, partindo de uma
discussão e reflexão conceitual, embasada na literatura referente ao estudo dos termos jogo, brinquedo e
brincadeira, buscou-se conceituações que caracterizem o emprego deste termo em salas de aula,
principalmente, nas quais ocorrem aulas musicalização, indagando o comportamento do educador perante
duas possibilidades opostas: 1) a postura de atuação puramente tradicional, embasada no modelo
conservatorial 2) a postura completamente livre, pouco deliberativa e que faz com que as aulas de música
tornem-se momentos de recreação. Assim, este trabalho apresenta propostas didáticas para a aplicação de
jogos enquanto ferramentas pedagógicas para o ensino da leitura musical em aulas de Educação Musical,
bem como um relato de experiência elaborado a partir da utilização de jogos planejados e confeccionados
para utilização em sala de aulas na escola regular, através dos quais foi possível trabalhar conteúdos
musicais de forma lúdica, transformando momentos de estudo e automatização da leitura musical e
momentos prazerosos de aquisição de conhecimento, trocas de experiências e diversão entre colegas.
Introdução
Quando fala-se nos termos jogo, e educação, na pretensão de lhes atribuir uma
associação para fins pedagógicos, muitas dúvidas ainda persistem entre os educadores,
sendo estes, atuantes de qualquer área do saber (KISHIMOTO, 2002/1994, p. 13).
Muitos, portanto, se perguntam se há diferença entre jogo, e material
pedagógico, e se o jogo quando inserido em uma sala de aula ainda mantém a
característica de jogo enquanto brincadeira, contendo fim apenas em si mesmo, ou se
passa a ser uma mera atividade dirigida pelo professor perdendo sua ludicidade. Tais
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Especialista, Universidade Federal de Minas Gerais/CAPES. (vni_mus@hotmail.com)
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Os jogos fazem parte do mundo da criança, são fundamentais para sua formação
e desenvolvimento. “Sua importância é notável já que através deste a criança constrói
seu próprio mundo” (SANTOS, 1995, p.4). Segundo Piaget (1962, p.162 apud
ROSAMILHA, 1979, p.59) “o jogo constitui o polo extremo da assimilação da
realidade”, fazendo intima relação com a imaginação e a criatividade, fontes de todo
pensamento e raciocínio posterior (ROSALMILHA, 1979, P. 59). Por isso se torna tão
importante para criança e tão funcional em termos de educação, a utilização do jogo
como ferramenta pedagógica.
Além do auxílio do jogo no desenvolvimento cognitivo, este ajuda a criança
também a aprender valores sociais, a respeitar e se orientar perante regras e normas para
conquista de uma harmonia cultural com seu meio de pessoas e objetos. Segundo
Hartley (1971, apud ROSAMILHA, 1979, p. 62), “além desta aprendizagem social, há
também a pessoal: que advém dos valores que emergem dos jogos infantis, como a
coragem, a curiosidade, o otimismo, a aceitação, a maturidade emocional, o
comprometimento e a alegria”.
“No jogo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua
idade. Por isso, Vygotsky considera que essa atividade condensa todas as tendências do
desenvolvimento e é, ele mesmo, uma fonte de desenvolvimento” (VYGOTSKY,
2007/1984, p.120 apud MORAIS, 2008, p.57). “A criança em idade pré-escolar possui
necessidades e incentivos que são importantes para o seu desenvolvimento, e
espontaneamente expressos no jogo” (VYGOTSKY, 1966/1933, p.2 apud MORAIS,
2008, p.57).
Graças às contribuições dos autores citados é possível perceber o quão
importante é o jogo para o desenvolvimento da criança, e o quanto pode ser válida a sua
aplicação como elemento pedagógico na busca por processos de aprendizagem que
conduzam o aluno de uma maneira mais natural à aquisição do saber. Mas, e em se
tratando de aulas de música? Será possível também a aplicação do jogo como
ferramenta pedagógica? Para respostas destas perguntas, primeiramente faz-se
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necessário saber por onde anda a educação musical no Brasil, e em como esta tem
atuado dentro do sistema educacional e social do país.
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Toda criança possui potencial para aprender música, e quanto mais cedo é
iniciada na educação musical, maior e mais completo será o seu aprendizado,
desenvolvimento e envolvimento com a música, pois, diferente do que muitas pessoas
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pensam, aprender música está muito além do ato de tocar um instrumento musical, este,
é apenas um meio de exterioriza-la (ROCHA, 2007, s/p).
Assim sendo, a utilização do jogo como recurso pedagógico pode contribuir para
o desenvolvimento da criança dentro do processo de educação musical, visto que, os
jogos fazem parte do universo da criança e são fundamentais para sua formação. Como
o processo de educação musical possui várias vertentes, e diferentes conteúdos a serem
aprendidos pelo aluno, é preciso uma vasta coletânea de jogos para que o professor
possua ferramentas suficientes para utilizar o recurso “Jogo” como complementação em
sua prática de ensino.
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Talvez a maneira como se ensine leitura musical não seja a mais adequada.
Normalmente, o que se observa em aulas de música é uma simples
decodificação de signos em detrimento ao desenvolvimento musical. Isso
sem contar que em muitas escolas ela é exigida, mas não é ensinada ou
exercitada. Sobre os benefícios, acredito que uma leitura fluente permita ao
estudante realizar uma maior quantidade de peças, possibilite uma
aproximação mais rápida da música (FIREMAN, 2007, p. 3).
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A aprendizagem significativa ocorre quando uma nova informação apoia-se em conceitos ou
informações já existentes na estrutura cognitiva (ASUBEL apud OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010,
p. 23).
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impacto de uma aprendizagem sobre a outra, onde uma nova informação se apoia em
elementos de um conhecimento já pronto criando relações com este a fim de facilitar a
assimilação. Foi criado um jogo que aborda as estreitas relações entre música e
matemática para o ensino de leitura rítmica e reconhecimento das figuras de valores de
som, onde houve uma alusão dos valores musicais transvestidos em forma de moeda,
como no quadro apresentado a seguir:
Rocha (2007, s/p) afirma que é importante que desde cedo se exercite o ritmo
com as crianças, pois, é através dele que se trabalha o aspecto fisiológico da música e,
sobretudo o sentido de tempo, que é um elemento fundamental para o pleno
desenvolvimento musical. Assim, este jogo é indicado para ser trabalho com crianças
que tenham um mínimo de domínio sobre as relações em dobro e metade. É feito a
partir da confecção de pequenas cédulas confeccionadas em computar e depois
impressas em papel colorido, cada valor de cédula em uma cor.
No corpo de cada cédula vem impresso a figura musical a qual corresponde, seu
nome e valor de moeda. O professor pode utilizar deste material pedagógico propondo
que os alunos joguem de várias maneiras, mas, objetivando trabalhar principalmente: a
memorização dos nomes e valores das figuras que representam cada cédula; a relação
proporcional entre as figuras e seus valores (dobro e metade); a múltipla possibilidade
de combinações para formação de determinado valores.
Este material propicia a sensação no aluno de estar lidando com dinheiro de
verdade, então, lhe é dada a oportunidade de jogar com valores multiplicando-os e
dividindo-os ao mesmo tempo em que faz relações entre esses e as figuras musicais. É
interessante a utilização deste material dentro da proposta de um jogo que simule um
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Musical, empresa que dedica suas atividades à formação de educadores musicais, fomento à atividades de
ensino e aprendizagem de música, produção e vende de materiais didáticos para o ensino musical.
Disponível em: www.musicar.mus.br. Acesso em 24/02/2017.
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Figura 6 - Cartas com partitura; Cartas com nome de notas; Carta "Sol Sozinho"
Com cada baralho do jogo Sol Sozinho joga-se no máximo cinco pessoas, pois,
um número maior de jogadores poderia comprometer o bom andamento de cada partida.
As cartas do jogo devem ser distribuídas entre os jogadores uma a uma até o fim do
baralho, assim, cada jogador ficará com no mínimo cinco cartas para jogar. À medida
que o jogo for acontecendo, os jogadores deverão e tentar eliminar as cartas que têm na
mão formando pares entre cartas com partitura e cartas com nome de notas.
O mesmo jogador que distribui as cartas é que deve começar a jogar. Ele então
deverá apanhar uma carta da mão do colega sentado à sua esquerda e logo em seguida
verificar se as cartas que possuem em sua mão formam algum par (entre carta com
partituras e cartas com nome de notas). Caso seja positivo, deve então apresentar o par
de cartas aos demais jogadores para que o verifiquem. Se tudo estiver certo, a jogada é
passada para o jogador cujo qual a carta foi apanhada, devendo este, portanto, repetir o
mesmo procedimento.
À medida que os jogadores formam pares, vão eliminando todas as cartas em
mãos e saem vitoriosos do jogo. O jogador que ao fim da partida não conseguir eliminar
todas as cartas em mãos perde a partida, e consequentemente portará a carta “Sol
Sozinho” que não faz par com nenhuma outra. Este jogador é quem deverá embaralhar
as cartas e distribuí-las para o início de uma nova rodada.
À medida que os alunos jogam este jogo, atentam-se na atividade de analisar as
notas grafadas nas partituras para descobrir seu nome e assim poder formar pares e
vencer o jogo. Este processo de análise para o reconhecimento da posição da nota é
fundamental para o aprendizado deste conteúdo e ajudará o aluno posteriormente a
identificar notas na partitura com maior velocidade e precisão até que se automatize esta
ação e a transforme em uma habilidade.
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Conclusão
Este trabalho teve como objetivo buscar na literatura uma definição para o termo
jogo, abordando, dentro de contextos educacionais, sua utilização como ferramenta
pedagógica para a promoção de processos de aprendizagem. Sobretudo, trouxe também
a proposta de verificar a utilização deste recurso nas aulas de educação musical a partir
de uma análise sobre as práticas metodológicas utilizadas por professores de
musicalização para o ensino da leitura musical.
Através da compreensão dos elementos que compõe o jogo aplicado como
material pedagógico, e da utilização do estudo sobre a transferência da aprendizagem
foi possível propor neste trabalho, alguns jogos pedagógicos voltados para o ensino da
leitura musical, apoiados sobre uma nova abordagem que consequentemente pode
estimular iniciativas de várias outras pesquisas nesta área.
Percebendo que o jogo empregado dentro de processos educativos é em partes
uma atividade dirigida pelo professor, e não apenas uma prática com um fim em si
mesmo como o jogo convencional tido apenas como ação lúdica. Torna-se viável então,
a utilização dos jogos propostos neste trabalho para os momentos de reiteração,
permitindo que o aluno exercite o conteúdo trabalhado em sala de aula fazendo do
lúdico um aprendizado.
Com base em minha experiência, amparada por este trabalho e as várias
referências aqui citadas, posso afirmar que os alunos que passam por um processo de
aprendizagem através do jogo como ferramenta pedagógica apresentam um melhor
rendimento nas aulas além de obterem resultados na assimilação dos conteúdos
propostos e, posteriormente, em sua prática musical. Provavelmente, isso ocorre pelo
fato de estarem participando de um processo dinâmico, divertido, que gera curiosidade e
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Referências
ARAÚJO, Vãnia Carvalho de. O jogo no contexto da educação psicomotora. São
Paulo: Cortez, 1992.
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leitura ao piano. Belo Horizonte: Encontro Anual da ABEM. 2005.
BROUGÈRE, Gilles. Jogo e educação. Tradução: Patrícia Chittoni Ramos. Porto
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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio Século XXI – O
minidicionário da língua portuguesa.5. ed. 2004. Rio de Janeiro: Editora Nova
Fronteira. 2001.
FIREMAN, Milson Casado. Leitura à primeira vista em música: uma visão geral.
Trabalho apresentado no XVI Encontro Anual da ABEM e Congresso Regional da
ISME na América Latina – 2007
FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De Tramas e Fios – Um ensaio sobre
música e educação. São Paulo: Editora UNESP. 2008
GUIA, Rosa Lúcia dos Mares; FRANÇA, Cecília Cavalieri, Jogos pedagógicos para
educação musical. Belo Horizonte: UFMG, 2005. 241p.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. 3. ed. (1994). São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
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