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Metodologias Ativas na Educação Musical: o uso de jogos na aula de

música: um Relato de experiência


MODALIDADE: PÔSTER

ÁREA TEMÁTICA: EDUCAÇÃO MUSICAL

Wellington Luís dos Santos da Silva


wellington.wl.luis@gmail.com

Renata Souza da Silva


renata_06stm@yahoo.com.br

Resumo: Este trabalho refere-se a um relato de experiência realizado no período de 03 a 15 de


junho de 2019, em que foram aplicados jogos musicais, desenvolvidos durante disciplinas práticas
do Curso de Licenciatura Plena em Música - UEPA, em oficinas de violão para 20 alunos entre 11
e 50 anos de idade na Escola de Música Levitas. Tendo como base referências sobre Metodologias
ativas e suas aplicabilidades, buscou-se dinamizar as aulas de música, inserindo recursos que
despertem o interesse e colaborem com o aprendizado dos alunos proporcionando experiências
musicais prazerosas e significativas.

Palavras-chave: Educação Musical. Jogos Musicais. Metodologias Ativas. Relato de Experiência.

Active Methodologies in Music Education: The Use of Games in Music Class: a Report of
Experience

Abstract: This paper refers to an experience report from June 3 to 15, 2019, in which musical
games were applied, developed during practical subjects of the Full Degree Course in Music -
UEPA, in guitar workshops for 20 students. between 11 and 50 years old at Levites School of
Music. Based on references on active methodologies and their applicability, we sought to
streamline music lessons, inserting resources that arouse interest and collaborate with students'
learning providing pleasurable and meaningful musical experiences.

Keywords: Music Education. Musical Games. Active Methodologies. Experience Report.

Introdução
Percebe-se que o contexto educacional atual necessita de novas abordagens e
tentativas de aproximação professor-aluno, principalmente no que tange as novas tecnologias
e o desafio de tornar a sala de aula mais atrativa, possibilitando assim, um conhecimento
através da contextualização dos conteúdos e a percepção do aluno como ser ativo no processo
de aprendizagem.
Nesse interim, a Educação deve ser tratada como um processo significativo e
prazeroso, visto que o aluno está inserido também em meio a essa diversidade de informações
faz-se necessário pensar maneiras diferentes dos séculos anteriores para o ensino. Dá-se o
nome a essas novas maneiras de ensino de Metodologias Ativas, ou seja, metodologias em que
os alunos não são vistos apenas como receptores passivos das informações trazidas pelos
professores, mas sim construtores ativos do saber individual e também coletivo. Segundo
Valente, Almeida e Geraldini (2017, p. 463) em grande parte da literatura brasileira as
metodologias ativas são “estratégias pedagógicas que colocam o foco do processo de ensino e
aprendizagem no aprendiz, contrastando com a abordagem pedagógica do ensino tradicional,
centrada no professor, que transmite informação aos alunos”. E são denominadas assim pela
aplicação de práticas pedagógicas que envolvem os alunos nas atividades, tornando-os
protagonistas da sua aprendizagem.
A Educação Musical tem cada vez mais se apropriado desses recursos que são
comprovados por sua eficácia pela Pedagogia, Psicopedagogia entre outros. Há grandes
nomes no Brasil dedicando seus estudos metodologias ativas, onde os Jogos Musicais estão
presentes com grande relevância. O livro “Jogos Pedagógicos para a Educação Musical” das
autoras Rosa Lúcia e Cecilia Cavalieri (2015, p. 13) é um grande exemplo dos estudos
musicais a partir dos jogos pedagógicos, onde conceituam estes como atividades lúdicas
coletivas que tem por base material concreto para promover automatismo gradativo de
elementos da teoria musical, observando requisitos para a compreensão e as etapas do
desenvolvimento cognitivo das crianças.

Jogos na prática docente


Ter a atenção dos alunos nos dias de hoje como já foi mencionado é um desafio
para os docentes, e nessa busca para ultrapassar esse desafio os professores podem usar dos
jogos pedagógicos em suas aulas.
Segundo Vygotsky (apud ROLIM; GUERRA; TASSIGNY, 2008, p.177)

O brincar relaciona-se ainda com a aprendizagem. Brincar é aprender; na


brincadeira, reside a base daquilo que, mais tarde, permitirá à criança aprendizagens
mais elaboradas. O lúdico torna-se, assim, uma proposta educacional para o
enfrentamento das dificuldades no processo ensino-aprendizagem.

Além disso, a utilização dos jogos nas aulas torna-as mais dinâmicas e alegres,
tornando o ambiente prazeroso e propício para o ensino/aprendizagem. “Toda prática
pedagógica deve proporcionar alegria aos alunos no processo de aprendizagem” (RAU, 2007,
p.32). Além de contribuir na vida de um indivíduo de forma a contribuir na sua formação
social como diz Teixeira (1995, p. 23):

(...) As atividades lúdicas integram as várias dimensões da personalidade: afetiva,


motora e cognitiva. Como atividade física e mental que mobiliza as funções e
operações, a ludicidade aciona as esferas motora e cognitiva, e à medida que gera
envolvimento emocional, apela para a esfera afetiva. Assim sendo, vê-se que a
atividade lúdica se assemelha à atividade artística, como um elemento integrador dos
vários aspectos da personalidade. O ser que brinca e joga é, também, o ser que age,
sente, pensa, aprende e se desenvolve. (TEIXEIRA, 1995, p. 23).

Segundo Kishimoto (2011) o uso de jogos educativos com fins pedagógicos, nos
leva para situações de ensino-aprendizagem visto que a criança aprende de forma prazerosa e
participativa. Santo Agostinho (apud BEMVENUTI, 2009, p.27) afirma que “o lúdico é
eminentemente educativo no sentido em que constitui a força impulsora de nossa curiosidade
a respeito do mundo e da vida, o princípio de toda descoberta e toda criação”. Dessa forma,
não basta ao docente saber o que ensinar, este tem como grande função tornar os
conhecimentos significativos ao cotidiano dos seus educandos.

A atitude do professor para com os alunos é o foco para que a aprendizagem seja
facilitada. Os recursos didáticos, como técnicas, teorias e materiais, constituem
importantes instrumentos no contexto de aprendizagem. Todavia, nesta perspectiva
teórica, devem ser postos à disposição do aluno, e nunca impostos. (NUNES;
SILVEIRA, 2015, p. 25)

Teixeira (1995) diz que:

O lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço


espontâneo. Ele é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o
indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É este aspecto
de envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor motivacional,
capaz de gerar um estado de vibração e euforia. Em virtude desta atmosfera de
prazer dentro da qual se desenrola, a ludicidade é portadora de um interesse
intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para consecução
de seu objetivo. (TEIXEIRA, 1995, p. 23).

Importante mencionar que a aplicação das metodologias ativas não está restrita ao
ensino infantil, apesar deste ser o ideal almejado por todos aqueles que entendem que a
educação de qualidade e significativa deva acontecer desde os primeiros anos de vida de cada
indivíduo.
Isso significa dizer que todas as faixas etárias estão abertas a esta didática e
necessitam de novas formas de praticar o ensino/aprendizagem, logicamente que deve se levar
em considerações contexto cultural que cada grupo social está inserido.

Contato com jogos


Segundo Santos (2010, p.14):

A formação lúdica deve possibilitar ao futuro educador conhecer-se como pessoa,


saber de suas possibilidades e limitações, desbloquear as resistências e ter uma visão
clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e
do adulto.

O primeiro contato formal a respeito do uso de jogos musicais na prática docente


foi no curso de Licenciatura Plena em Música da Universidade do Estado do Pará (UEPA),
mais especificamente na disciplina de Métodos, Técnicas e Materiais de Educação Musical
que em sua ementa compreende estudos dos fundamentos filosóficos dos métodos de
Educação Musical; a coleta de materiais musicais e a confecção de materiais pedagógico-
musicais abrangendo assim as Novas tecnologias da Educação Musical.
Entre as atividades realizadas durante a disciplina estão aulas de reflexões sobre
Educação Musical, seminários sobre alguns dos principais autores de Educação Musical no
mundo, apresentação e confecções de jogos musicais, aulas de instruções de como jogar os
jogos construídos, construção de caderno de cantigas e sessão de cinema para debater em sala
sobre assuntos pertinente a prática da docência, entre outros.

O lúdico servirá de suporte na formação do educador, como objetivo de contribuir


na sua reflexão-ação-reflexão, buscando dialetizar teoria e prática, portanto
reconstruindo a práxis. (SANTOS, 2007, p.41)

Dessa forma segundo Santos (2007), é de grande importância que na formação e


no dia a dia de professores esteja presente a ludicidade como um elo dos conceitos teóricos e
atividades práticas, e obviamente é uma grande ferramenta pedagógica para professores de
música.

Aplicação nas aulas


A aplicação dos jogos musicais ocorreu nas cinco turmas de violão da Escola de
Música Levitas com 20 alunos. A escola é um projeto organizado e coordenado pela Igreja
Assembleia de Deus em Santarém, Pará, e tem por objetivo auxiliar na necessidade da música
na referida igreja através dos cursos ofertados, bem como atender as demais pessoas que
procuram por seus serviços. As turmas são divididas por horários pré-estabelecidos pela
Escola, onde os alunos ingressam de acordo com suas disponibilidades. Fato esse que resulta
em turmas de faixa-etárias variadas.
Dar aula em uma turma mista referente às faixas etárias, bem como aos
conhecimentos musicais que os alunos trazem consigo, é um grande desafio. Ter uma
linguagem que alcance desde os pré-adolescentes até adultos é um tanto trabalhoso.
E nessa busca de atender de forma significativa os alunos tomou-se a decisão de
trazer os jogos construídos na universidade para a sala de aula. Como o conteúdo que seria
abordado nas aulas de violão era o mesmo conteúdo dos jogos que haviam sido
confeccionados, surgiu a oportunidade de realiza-los.
O conteúdo que estava sendo trabalhado eram as figuras e símbolos musicais, e
foi realizado em todas as turmas o Jogo da Memória Musical: com 14 figuras diferentes,
sendo dois pares de cada figura (Anexo), que funciona da seguinte forma: as peças são
misturadas e postas com as figuras viradas para baixo, para que ninguém possa vê-las. Em
seguida, cada pessoa vira uma peça, olha, e após tira outra; se as peças foram iguais, a pessoa
encontrou um par de figuras e já marca um ponto, mas se não forem iguais deve devolver as
peças novamente viradas. Ganha quem formar mais pares.
Uma além de apenas se ter um ganhador, todos ao final deviam dizer qual o nome
e o que representava cada figura contida nas peças que conseguiu, tanto para o professor
quanto para os demais colegas. O que proporcionou um momento de aprendizado mútuo e
prazeroso, visto que foram orientados que a finalidade do jogo era de se estudar determinado
conteúdo, e consequentemente deveria acontecer uma disputa sadia, como ocorreu. O curioso
que por ouvirem a euforia dos alunos das turmas de violão alguns professores dos outros
cursos foram até a sala verificar o que de fato estava acontecendo e gostaram bastante da ideia
de se ensinar através de jogos.

Considerações Finais
É de suma importância se pensar a cada dia na oferta de uma educação de qualidade, que
gerem experiências prazerosas e significativas aos alunos, o que possibilita a contribuição
tanto do professor quanto do aluno no processo de aprendizado.
Com a utilização dos jogos pedagógicos como recurso didático é perceptível um melhor
aproveitamento dos conteúdos estudados visto que os alunos fazem relação do que é
aprendido com coisas do seu cotidiano, além de proporcionar um ambiente prazeroso e
dinâmico na sala de aula e este se torna convidativo ao aluno para adquirir novos saberes e
mais interações.
O aluno se torna, junto ao professor que exerce um papel de gerenciador das ações, o
principal responsável pela aquisição de conhecimentos. Gerando autonomia na busca por
conhecimentos, deixando de ser apenas um receptor passivo, para ser um participante ativo no
processo de ensino/aprendizagem.
Referências
BEMVENUTI, Alice. O jogo na história: aspectos a desvelar. In: Ulbra – Universidade
Luterana do Brasil (Org.). O lúdico na prática pedagógica. Curitiba: Ibpex, 2009. p.17-35.
GUIA, Rosa; FRANÇA, Cecília. Jogos pedagógicos para educação musical. 2. ed. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2005, p. 13.
KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a Educação. 14 ed. São Paulo:
Cortez, 2011.
NUNES, Ana; SILVEIRA, Rosimary. Psicologia da Aprendizagem. 3. ed. revisada.
Fortaleza:, 2015, p. 25.
RAU, M. C. T. D. A ludicidade na educação: uma atitude pedagógica. Curitiba: Ibpex, 2007.
ROLIM, Amanda A. M.; GUERRA, Siena S. F.; TASSIGNY, Mônica M. Uma leitura de
Vygotsky sobre o brincar na aprendizagem e no desenvolvimento infantil. Disponível em:
http://brincarbrincando.pbworks.com/f/brincar%2B_vygotsky.pdf. Acessado em: 14 ago.
2019.
SANTOS, Marli Pires dos Santos. O Lúdico na Formação do Educador. 7 ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 41.
O BRINCAR NA ESCOLA: Metodologia lúdico-vivencial, coletânea de jogos, brinquedos e
dinâmicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. 109 p.
SILVEIRA, Marcia. O uso de Jogos e de atividades lúdicas como recurso pedagógico
facilitador da aprendizagem. Ortigueira: 2014. Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/20
14_uepg_ped_pdp_marcia_cristina_da_silveira_kiya.pdf. Acesso em: 15 ago. 2019.
TEIXEIRA, C. E. J. A Ludicidade na Escola. São Paulo: Loyola, 1995. 23 p.
VALENTE, José; ALMEIDA, Maria; GERALDINE, Alexandra. Metodologias Ativas: das
concepções às práticas em distintos níveis de ensino. Curitiba: Champagnat, 2017. Disponível
em: https://periodicos.pucpr.br/index.php/dialogoeducacional/article/view/9900. Acesso em:
17 ago. 2019.
ANEXO

Fig.1: Símbolos musicais presentes no Jogo da Memória realizado com os alunos.

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