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O USO DE MATERIAIS MANIPULÁVEIS NO ENSINO DA

MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS COMO FERRAMENTA DE


ENSINO
Autor: Veronilde Lima1
Tutor externo: Estefani Gabriela Magalhães2
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Pedagogia (PED2949/5) – Estágio
10/12/2020

RESUMO

Este paper tem como propósito relatar, a prática docente realizada através da disciplina
de Estágio Supervisionado no Ensino Fundamental do Curso de Pedagogia do Centro
Universitário Leonardo da Vinci, polo Paulo Afonso-BA. Consistindo na propagação da
área de educação matemática sobre a necessidade de planejar aulas, especificamente de
Matemática, que sejam mais lúdicas e atrativas para o aluno; para tanto, a utilização de
materiais concretos/manipuláveis como uma ferramenta auxiliar no processo de ensino-
aprendizagem desta disciplina acaba por ser posta como uma necessidade para que aulas
deste caráter aconteçam. Assim, é também objetivo deste paper suscitar uma breve
problematização sobre o uso de materiais concretos para o ensino de Matemática.

Palavras-chave: Materiais manipuláveis. Estágio. Ensino.

1 INTRODUÇÃO

O presente paper foi construído com base na prática docente da disciplina de estágio
I, do curso de Pedagogia do Centro Universitário Leonardo da Vinci, polo Paulo Afonso-
BA. O estágio é o momento em que temos a oportunidade de colocarmos em prática parte
daquilo que estudamos no decorrer do Curso de Licenciatura, seja sobre formação docente,
seja sobre planejamento, educação, ou mesmo sobre como tornar as aulas mais interessantes
e problematizadoras. Diante deste desafio, uma das práticas que parece a mais difícil, é a
utilização de jogos e materiais concretos/manipuláveis em sala de aula no ensino da
matemática. Nas duas últimas décadas parece que cada vez mais é possível percebermos

1
Acadêmico do Curso de Licenciatura em Pedagogia; E-mail:
veronildelimaa@gmail.com
2
Tutor Externo do Curso de Licenciatura em Pedagogia – Polo Paulo Afonso-BA; E-mail:
estefanimagalhaes@gmail.com
uma modificação importante no ensino, cuja centralidade se desloca do aluno para o
professor, conforme problematiza Lockmann (2010). Atrelada a esta mudança, também
cada vez com mais frequência vê-se a propagação na literatura direcionada para a formação
de professores da suposta necessidade de tornar as aulas nesta área mais lúdicas e atrativas
e talvez seja este o motivo que alavanca a propagação do uso de jogos e materiais concretos
na sala de aula – movimento este que teve início com as teorias construtivistas de ensino.
Assim, neste paper, apresentamos um breve relato de alguns momentos do estágio em que
foram de suma importância para o meu aprendizado e que me fez refletir sobre algumas
metodologias que fazem parte do ensino-aprendizagem.

2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA

De alguns anos para cá, vem crescendo consideravelmente o uso de novas


ferramentas manipuláveis no ensino aprendizagem de instituições, contudo, nem sempre
esses modelos de ensino são bem vistos no meio á profissionais da educação,
principalmente entre professores de escolas públicas, frente a métodos tradicionais de
ensino.
O ensino fundamental exige dos professores uma nova concepção de suas
práticas, algumas estratégias incluindo o uso de materiais manipuláveis tem se tornado
uma solução eficaz muito importante para o ensino aprendizagem. Para isso uma questão
vem sendo levantada: será que o professor está preparado, e capacitado para uso dessas
ferramentas como apoio pedagógico em sala de aula no ensino infantil e anos iniciais do
fundamental? Materiais manipuláveis aplicados ao ensino de matemática podem
contribuir para uma aprendizagem com grandes perspectivas para o futuro, e isso não se
limita somente ao ambiente escolar, há relatos que essa prática melhora a qualidade de
ensino, fortalece o ambiente social possibilitando a criança uma melhor forma de
adequação.
As salas de aulas das escolas estão na atualidade com o ensino pedagógico
defasado, alunos e professores ainda usam métodos tradicionais de ensino, se faz
necessário o apoio desses materiais, os professores precisam se capacitar buscar novas
formas de conhecimento para o ensino de seus alunos onde o mesmo se torna um
facilitador desse aprendizado. De acordo com o pensamento de Luckesi (2002):
No estado lúdico, o ser humano está inteiro, ou seja, está vivenciando
uma experiência que integra sentimento, pensamento e ação, de forma
plena. A vivência se dá nos níveis corporal, emocional, mental e
social, de forma integral e integrada. Esta experiência é própria de
cada indivíduo, se processa interiormente e de forma peculiar em cada
história pessoal. Portanto, só o indivíduo pode expressar se está em
estado lúdico. Uma determinada brincadeira pode ser lúdica para uma
pessoa e não ser para outra (p. 25).

Nesse contexto, a ludicidade não advém apenas do mundo exterior a cada um de nós,
mas, também, do nosso mundo interior, que se relaciona com o exterior. Assim,
complementa Pereira (2005):

As atividades lúdicas são muito mais que momentos divertidos ou simples


passatempos e, sim, momentos de descoberta, construção e compreensão
de si; estímulos à autonomia, à criatividade, à expressão pessoal. Dessa
forma, possibilitam a aquisição e o desenvolvimento de aspectos
importantes para a construção da aprendizagem. Possibilitam, ainda, que
educadores e educandos se descubram, se integrem e encontrem novas
formas de viver a educação (p. 19-20).
A autora considera as atividades lúdicas como uma possibilidade de entrega que é
perpassada pelos símbolos, sonhos, desejos, necessidades, dores e alegrias; uma integração
conosco e com o outro, em uma troca tácita e significativa. A manifestação das emoções é
fundamental, pois elas não podem ser descartadas no processo de autoconhecimento e
autoexpressão. As atividades lúdicas são uma necessidade do ser humano, independente de
sua faixa etária:

As atividades lúdicas, que têm na busca da alegria e do prazer sua grande


alimentadora, se caracterizam como atividades não impostas,
experienciadas individualmente ou compartilhadas, tendo como finalidade
a vivência do momento presente. As atividades lúdicas possibilitam que a
elas nos entreguemos, e, entretecendo símbolos, sonhos, desejos,
necessidades, dores e alegrias, nos integremos conosco e com o outro em
uma troca tácita e significativa. A possibilidade para que as emoções se
manifestem é fundamental, pois, elas não podem ser descartadas no
processo de autoconhecimento e auto-expressão. As atividades lúdicas são
uma necessidade do ser humano, independente de sua faixa etária. Através
delas, é possível ter contato mais profundo consigo e com o outro
(PEREIRA, 2005, p. 87).
Olivier (2003) traz o entendimento do lúdico como a alegria, a espontaneidade, a
referência a uma lógica que não segue os parâmetros da racionalidade, mas sim a lógica do
ser feliz agora, do construir para um futuro e para o novo.

O uso de material didático (MD) proporciona aos alunos participar de atividades


manipulativas e visuais que podem servir de suporte para sua atividade cognitiva, bem como
podem ser de grande importância no processo de ensino de modo a promover a compreensão
de conceitos e propriedades matemáticas. Diante disso, é de suma importância que esses
materiais façam parte do plano de ensino desde as series iniciais. Segundo PIAGET, (1896-
1980), apud NOGUEIRA, 2005, p.29:

A sala de aula de matemática deve criar condições para que a aprendizagem


seja um processo ativo de elaboração, com o aluno construindo seu
conhecimento. O professor não é a figura central do processo, o detentor
do saber, o “ator principal”, mas o orientador, o “perguntador”, que
apresenta as questões, o “diretor do espetáculo”.

O professor deve inserir atividades manipuláveis no trabalho com a Matemática nas


Séries Iniciais do Ensino Fundamental, que exige desprendimento, pesquisa, interação.
Precisa de inspiração e paciência, para deixar a experiência acontecer, uma vez que
“ninguém pode aprender da experiência do outro, a menos que essa experiência seja de
algum modo revivido e tornada própria”.

Diante disso, este paper tem a área de concentração voltada para O uso de
materiais manipuláveis no ensino da matemática nas séries iniciais como ferramenta de
Ensino, sendo uma área base em todos os níveis de ensino, trata-se de um conhecimento
construído pelo próprio aluno passado pelo professor desde o infantil, capaz de estimular
o desenvolvimento de várias habilidades, isso faz com que o aluno aplique seus
conhecimentos adquiridos de uma maneira mais prazerosa, acredita - se também que o
indivíduo deve buscar seu próprio aprendizado, as novas formas de aprendizagem
usando materiais que devem ser aplicados como instrumento de ensino nas escolas, e
que, através deles, a criança possa ter um modelo conhecimento mais voltada para o
futuro, já que a matemática estará presente em sua vida. Os objetivos a serem alcançados
no decorrer deste estagio são:
- Averiguar a metodologia de ensino, e a introdução da matemática nos anos
iniciais.
- Realizar no contexto didático pedagógico a introdução de novas formas de
ensino-aprendizado da matemática através de materiais manipuláveis como referencial
para o ensino infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.
- Identificar a relação entre os alunos e professores com a matemática que possam
ser usadas no processo de ensino infantil.

3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO
Antes de dar início ao estágio, eu pensava que saberia a maneira ideal de ensinar.
Mas o ano de 2020 veio para mostrar que precisamos nos adequar a um novo formato de
ensino: o remoto. Isso me leva a crer que alguns discursos que hoje em dia são vistos como
verdades, devem ser revistos a todo momento, não com o intuito de dizer que uma
metodologia é melhor que a outra, mas sim com o objetivo de reavaliar algumas práticas,
que em algum momento, por um motivo ou outro, podem ser desfavoráveis no ensino.
Esta oportunidade de estágio me proporcionou a experiência de poder está trabalhando
com alunos do fundamental I, percebendo a realidade na qual eles estão inseridos (fato que me
deixou um pouco desconfortável, pelo fato que nem todos os alunos possuem meios de
acompanhar as aulas remotas no mesmo ritmo, o que poderia atrapalhar o planejamento).
Em observação a turma, que possui 34 alunos, em que os pais participam de um grupo
de whatsapp, onde os roteiros contendo as atividades são enviadas diariamente, no turno
matutino, e a professora regente fica online, à disposição do alunado para tirar dúvidas. Esses
roteiros são impressos e entregues a cada aluno de forma individual, visto que, alguns alunos
podem não ter acesso à internet em determinado momento, para não serem prejudicados. Diante
disso, escolhi como produto virtual uma cartilha, para que, além de ser postada, possa também
ser impressa e entregue.
Ainda em observação, após transcorrer duas semanas os alunos pareciam estar
inquietos e não muito interessados nas aulas e isso, definitivamente, me preocupou: Estariam
os alunos aprendendo da maneira que está sendo ensinando? Porque não trabalhar com
atividades lúdicas? Na hora me pareceu viável, afinal, todos dizem que os alunos aprendem
com a manipulação de objetos. (e no momento as atividades eram apenas roteiros de
atividades simples impressas).
Diante das questões observadas, resolvi trabalhar grandezas e medidas com materiais
manipuláveis, que se dá a partir da construção da massinha de modelar com farinha de trigo.
Todos os materiais utilizados são comestíveis e não tóxicos, também não será necessário o
uso de materiais cortantes.
A partir da observação e retorno dos alunos diante da cartilha enviada a eles, e a
satisfação em que foram feitas, percebi que é possível ter um resultado satisfatório mesmo
em aulas remotas, que ainda podemos resgatar o prazer pelas aulas, mesmo se tratando de
conceitos matemáticos. Posso dizer que os resultados foram satisfatórios.

4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (CONSIDERAÇÕES FINAIS)


O momento para vivermos algumas experiências docentes acontece durante a
disciplina de estágio, período este em que reafirmamos nossa escolha e que podemos
pesquisar e repensar algumas práticas. Para uma licenciada é de suma importância conhecer
as diversas metodologias de ensino, é fundamental desmistificar alguns modismos, pelo
estudo e análise crítica, de forma a avaliar a verdadeira contribuição de alguns métodos, no
processo de ensino matemático.
Toda a reflexão feita mostra que o material concreto, pode sim ser um importante
recurso matemático. Contudo, nenhum material pode ser utilizado, por ser motivador ou
lúdico; é necessário conhecer a metodologia e aplica-lá de forma consciente. O uso de
materiais, por eles mesmos, não garantem o aprendizado; é de suma importância ter-se um
objetivo e conhecimento sobre o assunto, sobre a metodologia e recursos escolhidos para
obter sucesso no processo de ensino-aprendizagem. A mera presença desses materiais e sua
manipulação, sozinhas, não geram a aprendizagem. É importante criar situações que façam
com que o estudante desenvolva ações mentais e físicas, que gerem a compreensão dos
problemas e sua construção formal, desenvolvendo seu pensamento lógicomatemático.
No desenvolvimento do trabalho foi possível observar diversos benefícios ao trabalhar
com materiais manipuláveis, sendo um deles a motivação dos alunos, pois o conteúdo passa a
ter significação e percebemos as dificuldades dos alunos durante o processo, podendo assim
fazer as interferências para que haja a aprendizagem e sejam sanadas as dúvidas.
Todos os alunos foram participativos, demonstraram maior interesse que a aula anterior,
pois todos colocaram a mão na massa, literalmente.
Os objetivos propostos foram deste modo, sem dúvida, atingidos, pois houve
investigações, medições com instrumentos convencionais, comparações entre as medidas,
levando-os a tomarem decisões relacionadas no seu dia a dia.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Doherty; NOGUEIRA, Clélia Maria Ignatius. Educação Matemática


e as Operações Fundamentais – Formação de Professores EAD n.21. Maringá: EDUEM,
2005.
BORGES-ANDRADE, Jairo. Em busca do conceito de linha de pesquisa. RAC:
Revista de Administração Contemporânea, São Paulo,. v.7, nº 6, p.157-170. abr./jun. 2003

BRASIL. Resolução CEB. Resolução nº 2, de 7 de abril de 1998. Institui as


Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Brasília, DF: abril de
1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/ rceb02_98.pdf>. Acesso
em: 5 jun. 2018.

LUCKESI, Cipriano. Ludicidade e desenvolvimento humano. In: MAHEU,


Cristina d’Ávila (org.) Educação e Ludicidade – Ensaios 4. Salvador: Universidade Federal
da Bahia, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Gepel,
2007.

OLIVIER, Giovanina Gomes de Freitas. Lúdico na escola: entre a obrigação e o


prazer. In: Lúdico, educação e educação física. Org. Nelson Carvalho Marcelino. 2. ed.
Ijuí: Ed: Unijuí, 2003, p. 15-23.

PEREIRA, Lucia Helena Pena. O corpo também vai à escola? As atividades


bioexpressivas e a educação da criança. In: DAMIANO, Gilberto Aparecido; PEREIRA,
Lucia Helena Pena; OLIVEIRA, Wanderley C (orgs.). Corporeidade e Educação: tecendo
sentidos... São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010, p. 203-223.
ANEXO I
ANEXO II

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