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FILMES DE ANIMAÇÃO: UMA PROPOSTA DE FERRAMENTA E LINGUAGEM

PARA ENSINO DE GEOGRAFIA

LUIZ, Ariele Cristiane¹


ANDRADE, Áurea Andrade Viana²

RESUMO
Com o desenvolvimento crescente das tecnologias da comunicação e da informação,
torna-se imprescindível que a escola, enquanto instituição educacional, fique atenta
às exigências da modernidade, a fim de propiciar parte desses conhecimentos à
formação dos alunos. Neste sentido, o presente artigo apresenta uma discussão
acerca do uso de filmes, especialmente do gênero animação, como ferramenta de
ensino e linguagem, na disciplina de Geografia. Este é resultado do Projeto e da
Produção Didático-Pedagógica, vinculado ao Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE, e implantados no Ensino Fundamental do Colégio Estadual Olavo
Bilac, município de Ubiratã. Para a realização do projeto, foi utilizada a linguagem
cinematográfica com os alunos para que compreendessem o espaço geográfico e
suas transformações. Para tanto, foram utilizados, em sala de aula, filmes
relacionados aos conteúdos, adequados à idade e à série. Com este projeto, foi
possível ampliar, de forma lúdica, a capacidade de participação e assimilação dos
conteúdos pelos alunos, bem como a realização da produção de roteiros, vídeos e
mostra de audiovisual.
PALAVRAS-CHAVE: Linguagem Cinematográfica. Filmes de Animação. Ensino de
Geografia.

¹Professora Ingressa no Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná na área de Geografia pertencente ao
Núcleo Regional de Educação de Goioerê.
²Professora orientadora Doutora do Curso de Graduação de Geografia da UNESPAR – Campus de Campo Mourão.
1 INTRODUÇÃO

A linguagem cinematográfica é uma das manifestações artísticas que mais atrai


pessoas que buscam, a princípio, viver grandes emoções; porém, de maneira
implícita, ela é capaz de agir sobre o ser humano, dando-lhe melhor compreensão de
mundo, mesmo que virtual. Assim, é uma das linguagens que mais se aproxima da
realidade.
Os movimentos sonorizados do cinema traduzem uma linguagem mais
acessível à população do que os textos impressos. Essa linguagem, em sala de aula,
com a mediação do professor, contribui para a reflexão e a reavaliação de valores,
além de análises e questionamentos acerca do que é apresentado.
Dessa forma, utilizando-se a linguagem cinematográfica como ferramenta de
ensino, é possível facilitar a análise e a interpretação do espaço geográfico,
propiciando, ao aluno, assimilar as mudanças tecnológicas da atualidade, que
também implicam em novas formas de aprender. Sobre esse assunto, Gasparin
(2012) escreve que a escola, em cada momento histórico, constitui uma expressão e
uma resposta à sociedade na qual está inserida.
Com o uso cada vez maior da tecnologia, a inserção desta no ambiente escolar
se torna cada vez mais necessária para desenvolver a comunicação dos alunos. O
professor precisa estar atento a essas mudanças e utilizar, em sala de aula, meios
tecnológicos do cotidiano dos jovens para uma melhor compreensão do conhecimento
geográfico.
Refletindo sobre as constantes transformações da sociedade, sentimos a
necessidade da implementação, em nossa prática pedagógica, de instrumentos que
estejam em consonância com essas mudanças. Pensando nisso, encontramos no uso
da tecnologia para exibição de filmes uma grande aliada da linguagem
cinematográfica.
Durante o início do período das atividades do PDE, realizamos uma pesquisa
bibliográfica sobre a utilização de filmes de animação no ensino de Geografia, uma
vez que essa categoria é pouco utilizada nessa disciplina. A partir dessa pesquisa,
percebemos a necessidade de fazer uso do potencial apresentado pelos desenhos
animados, como uma forma lúdica que contribui para o conhecimento dos conceitos
geográficos, em especial o de espaço geográfico.
Os filmes de animação, com destaque para aqueles produzidos digitalmente,
têm grande capacidade de ampliar o uso da linguagem cinematográfica nas aulas de
Geografia, visto que o público é bem receptivo a esse gênero. No entanto, ainda é
comum a utilização de documentários como a principal ferramenta de ensino pelos
professores. Nesse sentido, o gênero filme de animação é uma proposta para tornar
as aulas mais dinâmicas e menos cansativas, embora seja necessária a atenção do
professor relacionar o filme ao conteúdo.
Desta forma, ao empregar filmes como instrumento útil aos processos de
ensino e de aprendizagem de Geografia, o professor estará contribuindo para tornar
o aluno mais crítico, ou seja, pensar sobre a realidade e agir. Sabemos que a
educação está passando por uma fase na qual o professor deve se desdobrar para
atingir seu objetivo de transmissão e assimilação do conhecimento, em razão dos
grandes desafios a serem enfrentados. Sobre esse pensamento, Pontuscha (2009)
diz que o filme pode servir de mediação para o desenvolvimento das noções de tempo
e de espaço na abordagem dos problemas sociais, econômicos e políticos.
Atualmente, a prática de ensino é um tema muito discutido entre os estudiosos
da educação. Nos últimos anos, houve no estado do Paraná, uma tentativa de
aperfeiçoamento dos professores e das práticas pedagógicas, na tentativa de
melhorar o desempenho dos alunos. Com o PDE essa discussão se mantém,
justamente porque os professores realizam intervenções pedagógicas, o que permite
uma reflexão sobre suas práticas.
Os filmes são uma produção cultural cuja linguagem pode ser utilizada nas
aulas de Geografia com o intuito de abrir cada vez mais horizontes intelectuais para
análise de mundo. Porém, o professor precisa conhecer minimamente essa
linguagem, que é muito rica e vai além das imagens em movimento. Partindo desse
pensamento, Pontuscha afirma que a aplicação de filmes no ensino de Geografia é
uma prática metodológica que amplia a visão de mundo dos alunos e, ao mesmo
tempo, oferece uma forma diferente de ensinar e de aprender. (PONTUSCHA, 2009)
Nesse sentido, a relevância desta pesquisa tornou explícita a necessidade de
conhecimento sobre a importância da utilização de audiovisuais como ferramenta no
cotidiano escolar e quais as formas de utilizá-los como fonte de aprendizagem.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na sociedade atual, o valor dado ao emprego da tecnologia e da comunicação,


sem dúvida, é muito grande; por isso, o domínio de ferramentas tecnológicas é fator
que gera desigualdades econômicas e sociais. Refletindo sobre a ação do homem na
sociedade, podem-se analisar as palavras de Gasparin (2012):

Na ação do homem sobre o mundo e dos homens entre si é que se constitui


o patrimônio social e cultural, representado pelos instrumentos de produção,
pelas forças produtivas, pelas relações sociais, pela linguagem, pelas
instituições, pelo pensamento. Esse patrimônio da humanidade possui
especificidades próprias relativas à época, ao lugar, a história em que foi
produzido. Isso significa que é sempre contextualizado e determinado por
intenções e necessidades humanas. (GASPARIN, 2012, p. 04)

Segundo esse pressuposto, o conhecimento resulta do trabalho humano ao


longo da história, consistindo, sempre, em continuidades, rupturas e avanços. Como
tudo o que ocorre na sociedade reflete no ambiente escolar, com base em alguns
autores, é possível fazer uma reflexão sobre o uso de tecnologias no espaço escolar,
em especial, a linguagem do cinema como possibilidade de leitura e interpretação de
mundo. Partindo dessa reflexão, Carvalho (2007) propõe que:

A comunicação entre os seres humanos amplia-se na medida em que as


invenções tecnológicas avançam. Antes da invenção da escrita, a memória
humana era um dos únicos recursos para o registro de informações e
dependia da capacidade humana de memorizar dados. Antes da invenção do
fonógrafo, do telefone e do rádio, o alcance da voz humana era limitado ao
potencial físico de cada um. Com o surgimento do cinema e da televisão, o
tempo e o espaço foram modificados gerando, inclusive, alterações profundas
nas relações dos indivíduos com a sociedade. (CARVALHO, 2007, p.18)

Hoje, por meio do cinema, da televisão e da internet, a sociedade consegue ter


acesso a diferentes culturas, paisagens, modos de vida; por vezes, deixando-se,
inclusive, influenciar por outras culturas, universalizando, assim, a forma de se vestir,
de se alimentar, estilos de música, dança, etc.
A comunicação é de suma importância no processo de ensino e aprendizagem
dos conteúdos. Dessa forma, a linguagem cinematográfica torna-se uma ferramenta
imprescindível de comunicação, pois, ao utilizar-se do som e da imagem em
movimento, transmite ao aluno uma forma de aprender que lhe seja mais atraente,
estimulando sua reflexão sobre o que diz o filme e sua relação com o conteúdo.
O cinema e a descrição de lugares, paisagens e transformações do espaço
geográfico mantiveram, sempre, uma relação muito íntima, desde os primórdios do
cinema, como se pode observar nas considerações de Name (2013):

Desde 1896, os irmãos cientistas (Lumière), realizavam filmes ao redor do


mundo. Eles acreditavam que o cinema seria mais uma moda passageira por
isso, julgaram necessário divulgar a invenção e obter dela grandes lucros o
mais rápido possível. Para isso, enviaram diversos operadores de câmera
para América do Sul, Europa, Ásia e América do Norte, registrando
fotogramas de diversos lugares[...]. Mais ou menos na mesma época,
surgiam as imagens estáticas e em movimento dos famosos Archives de La
Planète, comandados pelo geógrafo Jean Brunhes e pelo banqueiro Albert
Kahn. Iniciado em 1909 e ativo até 1931, este arquivo geográfico é
exclusivamente visual [...].Intimamente ligadas a conceitos da geografia
francesa, tais imagens tinham como tema principal o cotidiano de pequenas
cidades e vilarejos ao redor do mundo”. (NAME, 2013, p.68 e 69)

Nesse caso, as imagens de diferentes lugares e paisagens pelo mundo eram


utilizadas para uma descrição de mundo daquele período. Eram documentários que
geógrafos da época usavam para discutir conceitos da Geografia, como lugar,
paisagem, etc. Portanto, o cinema, no início do século XX, já representava uma
importante ferramenta de estudo da Geografia, e hoje, novamente, surge a
necessidade de valorizar e modernizar o emprego dessa ferramenta como
instrumento de ensino e aprendizagem. Name (2013) apresenta a seguinte reflexão:

Como toda e qualquer representação, o filme reforça e dá corpo às estruturas


e fornece elementos para que as pessoas possam entender seus arredores
e se localizar no mundo. As imagens cinematográficas massificadas que
circulam pelo globo são indissociáveis das representações cotidianas de
gênero, classe e raça de cada sociedade, grupo ou pessoa, isto é das
divisões, classificações e delimitações relativamente estáveis que organizam
a apreensão do mundo e do Outro. (NAME, 2013, p. 65)

Na sociedade globalizada atual, a linguagem cinematográfica contribui para


facilitar ainda mais a interação entre os diferentes espaços a serem estudados pela
Geografia, oferecendo um campo rico para a compreensão de diferentes locais e
culturas.
Nesse sentido, o filme de animação possibilita a compreensão do mundo e da
realidade na qual o sujeito está inserido, pois, mesmo que aparentemente não seja
real, eles diz respeito ao que é real. Assim, pautando-se na realidade, ele facilita uma
leitura de mundo, representando importante fonte de pesquisa para a Geografia. Ainda
sobre essa temática, pode-se refletir a respeito da citação feita por Thiel (2009):
Entre os diversos gêneros textuais a serem explorados em sala de aula,
merece atenção o filme (e sua linguagem características), visto que, embora
esteja incorporado à vida cotidiana e às referências culturais da atualidade, é
ainda uma terra incógnita para grande parte dos espectadores, pelo fato de
que seus mecanismos e as estratégias apropriadas à sua leitura ainda são
pouco conhecidos por parte da maioria dos espectadores. Nesse sentido, o
professor pode explorar tais mecanismos e estratégias, para que os filmes
não sejam somente apreciados como entretenimento, mas também como
objeto de leitura no contexto educacional. (THIEL, 2009, p.12)

Cabe ao professor, nesse contexto, atuar como mediador na análise do filme,


e utilizar a linguagem do cinema como fonte de pesquisa e instrumento para o ensino
e aprendizagem de Geografia. Para alcançar o conhecimento e atuar como mediador,
ele precisa dedicar-se, estudar e aperfeiçoar-se, para melhor aplicar essa ferramenta.
Thiel (2009) enfatiza a necessidade de conhecimento:

O cinema é conhecido como a sétima arte porque, além de suas


características peculiares, associa elementos da literatura, da música, da
arquitetura, das artes cênicas. Ao tratarmos de recepção, leitura e
interpretação de filmes, é importante lembrarmos que esses textos, tecidos
com diversos elementos visuais, verbais, sonoros, arranjados de acordo com
técnicas especificas. Portanto, os objetos fílmicos devem ser lidos e
analisados a partir de suas especificidades, o que nos conduz à necessidade
de conhecermos os elementos constitutivos da arte cinematográfica. (THIEL,
2009, p. 16)

Observa-se, então, que estudar e compreender os princípios do universo do


cinema contribui para que a leitura da linguagem cinematográfica seja mais coerente.
Dessa maneira, ao utilizar adequadamente o filme de animação como prática
pedagógica, o professor promove reflexões e debates que contribuem para uma
leitura de mundo, uma observação das transformações no espaço geográfico ao longo
do tempo e em diferentes espaços e paisagens. Sobre esse assunto Pontuscha (2009)
assegura que:

Se a leitura do mundo implica um processo permanente de decodificação de


mensagens, de articulação/contextualização das informações, cabe à escola
ensinar o aluno a lê-lo também por meio de outras linguagens e saber lidar
com os novos instrumentos para essa leitura. Assim, a escola constitui lugar
de reflexão acerca da realidade, seja ela local, regional, nacional ou mundial,
fornecendo instrumental capaz de permitir ao aluno a construção de uma
visão organizada e articulada do mundo. (PONTUSCHA, 2009, p. 262)

Reitera-se, portanto, o papel do professor em auxiliar os alunos no acesso ao


conhecimento, preparando-os para conhecer a importância das novas tecnologias no
desenvolvimento da comunicação. Ao empregar esses diferentes instrumentos e, em
especial, o filme de animação, o trabalho pedagógico do professor fica enriquecido,
agindo para a construção de um saber que facilite aos alunos a compreensão do
mundo em que vivem.
Outro aspecto relevante a considerar em relação à importância pedagógica do
filme de animação é sua utilização com o propósito de sensibilizar o aluno sobre seus
direitos e deveres, a fim de desenvolver a capacidade de olhar o mundo e refletir sobre
as constantes mudanças da sociedade. Para Carvalho (2007.p.53), “A projeção de
filmes pode estimular debates e reflexões críticas acerca de fatos e problemas
históricos, culturais, sociais, econômicos e políticos da sociedade”.
Nesse contexto, segundo Pontuscha (2009):

A imagem sonorizada do cinema também pode lidar com espaços e tempos


diferentes. Mesmo os filmes comerciais podem trazer elementos para a
reflexão pedagógica, permitindo ao professor – em nosso caso o de
Geografia – realizar uma análise crítica do filme como arte e como linguagem
rica de conteúdos que, embora sejam ficcionais, podem ter-se espelhado em
fatos reais ou na vasta literatura disponível. (PONTUSCHA, 2009, p. 281)

Assim, o filme, de fato, pode ser encarado como um objeto de aprendizagem


capaz de favorecer o sujeito na sua busca por tornar-se crítico e saber posicionar-se
frente à sociedade e suas transformações. É preciso ressaltar que o cinema é uma
arte que consegue englobar várias outras, e isso, com a orientação adequada, pode,
sim, produzir conhecimento.
Nessa perspectiva, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná,
(2008), destacam a importância do audiovisual como ferramenta para a prática de
ensino de Geografia:

Os recursos audiovisuais são importantes instrumentos para compreensão


do espaço geográfico, dos conceitos e das relações socioespaciais nas
diversas escalas geográficas. Filmes, trechos de filmes, programas de
reportagem e imagens em geral (fotografias, slides, charges, ilustrações)
podem ser utilizadas para a problematização dos conteúdos, desde que
sejam explorados à luz de seus fundamentos teórico-conceituais. A partir da
exibição de um filme, da observação de uma imagem, deve iniciar-se uma
pesquisa que se fundamente nas categorias de análise do espaço geográfico
e nos fundamentos teóricos conceituais da Geografia. O recurso audiovisual
assume, assim, o papel que lhe cabe: problematizador, estimulador para
pesquisas sobre os assuntos provocados pelo filme, a fim de desvelar
preconceitos e leituras rasas, ideológicas e estereotipadas sobre lugares e
povos. (DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA.
GEOGRAFIA, 2008, p.80-82)
Portanto, o filme de animação busca estimular a problematização, por parte do
aluno, sobre as diferentes dimensões do espaço geográfico, contribuindo, dessa
forma, para os processos de ensino e de aprendizagem em Geografia.

3 ANÁLISE DE RESULTADOS

Pensando sobre a melhor ferramenta metodológica, partimos das reflexões


contidas nas Diretrizes Curriculares do Ensino Básico para Geografia, as quais
destacam que, durante todo o processo de ensino e aprendizagem, o professor
mediador leva o aluno a participar, a questionar, objetivando a compreensão dos
conteúdos e a aprendizagem crítica.
Levando em consideração esses pressupostos, o professor contribui para
enriquecer o ensino de Geografia e para a formação de um sujeito capaz de interferir
na sociedade de maneira consciente e crítica.
Um dos primeiros passos na implementação do projeto foi a participação nas
atividades realizadas durante a Semana Pedagógica e apresentação do projeto da
pesquisa para a direção, docentes e funcionários do Colégio.
Em seguida, ocorreu o início da implantação do projeto de intervenção
pedagógica, por meio da apresentação da pesquisa aos alunos do 7º ano do período
matutino do Colégio Estadual Olavo Bilac e a discussão, com eles, sobre a importância
da linguagem cinematográfica, conforme Figura 1. Nesse momento, houve a
exposição, para a turma, da Unidade Didática, com destaque para os procedimentos
de aplicação na disciplina, ressaltando-se a utilização de filmes de animação como
ferramenta pedagógica para o ensino de Geografia.
Para a implementação da Unidade Didática, foi elaborada uma apostila com
enredos, sinopses e aspectos gerais do filme, como, por exemplo, ano de gravação,
produção e direção dos filmes de animação que seriam exibidos, a fim de despertar a
curiosidade dos alunos.
Figura 1.Apresentação da implementação da unidade didática pedagógica
Fonte: Turma 7º A - Acervo particular. 2017

Além disso, uma das práticas realizadas foi a leitura de sinopses, anteriormente
à exibição de cada filme, para contextualizá-los. Nessa prática, os alunos destacaram
a importância das sinopses, pois não era comum utilizá-las ao assistirem a filmes nas
aulas; porém, dessa forma é possível se ter uma prévia dos filmes, o que facilita a
associação da animação exibida com o conteúdo geográfico trabalhado.
Calango Lengo:morte e vida sem ver água, Figura 2, foi o primeiro filme exibido.

Figura 2 . Filme Calango Lengo


Fonte:http://www.escolaarcoiris.com.br/curta-de-animacao-fala-sobre-a-seca-no-nordeste/
Em seguida à exibição, houve um momento de reflexão e discussão sobre o
problema da escassez hídrica e também foi lido e debatido o texto A seca no Nordeste
- suas causas e consequências. Depois disso, os alunos foram orientados a
produzirem seu próprio texto abordando as questões discutidas. Na sequência, houve
a motivação para leitura e discussão a respeito dos textos produzidos por eles. Nesse
momento, foi possível notar que a exibição da animação possibilitou uma análise
crítica da situação do sertanejo nordestino e das possíveis causas da falta de água e
da pobreza no sertão nordestino.
Num segundo momento, foram exibidos três filmes: “Um novo homem”, “A
magia da reciclagem” e “Selecionar para reciclar”. Depois disso, abrimos discussão
para que os alunos partilhassem suas percepções a respeito da mensagem dos
filmes, seguida de comentários sobre a importância da coleta seletiva de lixo.
Motivados pela exibição das animações, os alunos foram convidados a realizar a
leitura do texto “Reciclar: uma grande ideia”, que foi seguida de aula expositiva sobre
o problema causado pelo aumento da produção de lixo no Brasil e no mundo. Durante
essa explanação, foram destinados momentos para os alunos apresentassem seus
comentários sobre o texto e o tema em questão.
Após a exibição dos filmes, leitura e reflexão sobre o texto, houve um momento
para criação, por parte dos alunos, de uma campanha publicitária, com montagem de
cartazes sobre reciclagem, os quais foram apresentados em sala de aula. Por meio
dessa atividade, foi possível observar o estimulo dos alunos em sensibilizar sobre a
necessidade de reciclar e de consumir de forma consciente.
A terceira exibição consistiu na apresentação do filme A terra a gastar,
conforme Figura 3. Após a exibição desse filme, os alunos responderam a
questionários sobre ele; posteriormente, em grupo, ocorreu a leitura de suas
respostas, seguida de reflexão e discussão sobre seus comentários. A partir dessas
reflexões, aconteceu uma aula expositiva sobre o tema “Produção de lixo e os
problemas por ele causados”, seguida de leitura do texto “Agindo para preservar as
fontes de energia do planeta Terra: uso adequado dos recursos naturais”.
Para finalizar esse tema, os alunos foram convidados a discutir e refletir, em
equipes, sobre o tema abordado nos filmes “A Terra a gastar”, “Um novo homem”, “A
magia da reciclagem” e “Selecionar para reciclar”, e nos textos “Reciclar: uma boa
ideia” e “Agindo para preservar as fontes de energia do planeta Terra: uso adequado
dos recursos naturais”. Com base nas discussões e reflexões propostas
anteriormente, foi solicitado aos alunos a produção de um texto sobre sociedade de
consumo. Ainda, levando em consideração os textos produzidos e discutidos nas
equipes a respeito do tema “Consumo e produção de lixo”, houve a montagem de
painel para apresentação na sala de aula.

Figura 3: Filme A terra a gastar


http://www.mostradofilmelivre.com/12/img/0_7580_1.jpg

Utilizando-se ainda a temática ambiental, foi desenvolvida, pelos alunos, uma


pesquisa sobre consumo desenfreado e aumento da produção de lixo, seguida de
apresentação em forma de entrevista. Notamos que, a partir da exibição das
animações sobre reciclagem, produção de lixo e consumo desenfreado e da
apresentação de seus painéis e entrevistas, os alunos mostraram-se motivados a
sensibilizar a comunidade escolar sobre os problemas gerados pela produção
excessiva de lixo e consumo desenfreado de recursos naturais.
Para finalizar as exibições de filmes, foi escolhida a animação: “Imagine uma
menina com cabelo de Brasil”, filme de Alexandre Bersot.
Figura 4: Filme Imagine uma menina com cabelo de Brasil
http://blogs.unigranrio.br/formacaogeral/wp-
content/blogs.dir/25/files//2013/04/blog_menina1.jpg

Após a exibição, houve um tempo para análise e reflexão sobre o tema


abordado pelo filme - Preconceito e discriminação, seguida de discussão. Partindo da
exibição do filme, os alunos foram instigados a realizar a leitura do texto “Diferença
entre bullying e preconceito”, para que, levando em consideração a animação exibida
e a leitura do texto, fosse realizada uma discussão sobre a relação do texto com o
filme "Imagine uma menina com cabelo de Brasil". Depois da reflexão sobre
preconceito, os alunos foram convidados a, em duplas, escreverem frases abordando
esse tema; em seguida, elas foram apresentadas na sala, motivando nova discussão.
Os alunos mostraram-se indignados com o preconceito sofrido pela personagem
principal do filme; alguns fizeram depoimentos de situações constrangedoras que já
haviam passado e, observando-se as frases criadas por eles, foi possível perceber
que a animação, em conjunto com o texto, motivou-os a estabelecer a importância do
respeito pelo outro.
A partir das exibições dos filmes de animação durante a implementação da
Unidade Didática Pedagógica, foi feito o seguinte convite aos alunos: “Agora o
cineasta é você! ”. A sala foi novamente dividida em grupo de cinco alunos, para a
produção de um roteiro para produção de filmes de curta metragem, os quais,
posteriormente, serão exibidos para a comunidade escolar. Para isso, deveriam levar
em consideração o seguinte roteiro:
Quadro 1 - Etapas necessárias para produção vídeo
1ª- Definir o tema;
2ª- Roteiro que deverá conter a sequência e a ordem do que filmar;
3ª- Escolher o equipamento de filmagem (celular ou máquina fotográfica) e planejar
os locais de filmagem;
4ª- Realização da filmagem;
5ª- Edição de áudio e vídeo.
Fonte: Curso de Produção de Vídeo para Educação Básica, Unespar - Cinespar , 2016

Levando em consideração esse convite a se tornarem produtores de seu


próprio vídeo, os alunos foram encaminhados ao laboratório de informática para uma
breve orientação sobre como utilizar o software MovieMaker para produção de vídeos.
Seguindo a orientação das etapas de produção de vídeo, as equipes definiram
o tema que iriam abordar. Considerando as diferentes temáticas abordadas na
implementação didática pedagógica, escolheram imagens, frases, músicas, etc. que
seriam utilizadas na produção de seu vídeo. Num segundo momento, com base no
curso sobre como utilizar o MovieMaker, as equipes se dirigiram, em contraturno, ao
laboratório de informática para produzir e editar seus vídeos.

Figura 5: Momento de produção de vídeo pelos alunos


Fonte: Turma 7º A - Acervo particular. 2017
Para encerrar as atividades de implementação do projeto de intervenção
pedagógica, os vídeos produzidos pelos alunos foram exibidos para a comunidade
escolar na I Mostra de audiovisual do Colégio Estadual Olavo Bilac. Além de ter sido
uma forma de socializar as atividades de implementação, foi, também, uma maneira
de valorizar a produção de vídeo dos alunos, os quais demonstraram, nos filmes, uma
grande sensibilidade, sendo capazes de emocionar o público.
Com a produção dos vídeos, os alunos foram estimulados a organizar o
conteúdo proposto de forma criativa, apresentando-o com outra linguagem, que pode,
inclusive, ser utilizada para apresentações de trabalhos em outras disciplinas. Com a
exibição de seus vídeos, os alunos demonstraram que podem ser sujeitos do
conhecimento, tendo no professor o mediador desse processo de ensino e
aprendizagem.

Figura 6: I Mostra audiovisual do Colégio Estadual Olavo Bilac


Fonte: Turma 7º A - Acervo particular. 2017

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a implementação didático-pedagógica, foi possível notar que a


utilização de filme de animação é uma ferramenta importante, a qual, com um bom
planejamento didático, pode ser incorporada nas aulas de Geografia, como um
importante meio para a fixação dos conteúdos.
Entretanto, antes da exibição em si, é necessário elaborar estratégias que
aproximem os alunos do tema, de forma que a animação fique mais bem
contextualizada. É importante lembrar a importância de o professor ter clareza quanto
ao objetivo do uso de um filme de animação em sala de aula e, sobretudo, do trabalho
que irá realizar com ele.
O uso de filme de animação, como ferramenta pedagógica no processo de
ensino e aprendizagem de Geografia, incentiva o aluno a realizar uma leitura de
mundo e a interagir nas aulas, levando-o a enriquecer seu conhecimento a partir de
um processo de ensino e aprendizagem mais dinâmico.
Portanto, foi possível promover o interesse dos estudantes acerca dos
diferentes temas abordados durante a implementação da unidade didático-
pedagógica. As animações apresentaram-se como uma forma de levar o aluno a
associar o tema estudado em sala com a realidade, expressando opiniões sobre fatos
sociais e questões ambientais tratados da disciplina de Geografia.
A exibição de filmes de animação, desde que com a devida intervenção do
professor, mostrou-se uma excelente ferramenta para levar à reflexão do tema se
deseja debater. Ao utilizar a linguagem cinematográfica, em especial filme de
animação, percebemos que os alunos demonstraram uma facilidade maior em dar
opiniões e refletir sobre diferentes conceitos geográficos.
Portanto, cabe ao professor, como mediador no processo de ensino e
aprendizagem, promover o debate sobre o que está sendo abordado no filme, já que
este, sozinho, não é capaz de estimular o senso crítico do aluno.

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