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A PARÁBOLA DO SEMEADOR

Texto: Mateus 13: 3-9

A parábola do Semeador é uma das parábolas mais importantes da Bíblia. Ela está registrada nos três evangelhos
sinóticos: Mt 13: 1-23; Mc 4: 1-20; Lc 8: 4-15.
Jesus estava na região da Galileia, à beira do mar, quando uma grande multidão o cercou para ouvi-lo ensinar. Essa
multidão era composta por agricultores, camponeses, pescadores, entre outros; Povo simples, sedento de ouvir palavras
que acalantariam seus corações entenebrecidos devido a fadiga das dificuldades da vida e do jugo imposto pelos
governantes da época.
A Galileia era uma região repleta de diversos tipos de terrenos com locais de terra boa para o plantio. Do lugar onde
Jesus estava, era possível avistar esses diferente terrenos. Então, em uma linguagem bem simples, relacionado ao cotidiano
dos seus ouvintes, Jesus começou a ensinar. Ele usou da agricultura do trigo, uma atividade que seus ouvintes conheciam
muito bem para transmitir-lhes diversas verdades.
A parábola relata os diferentes resultados de um fazendeiro ao plantar suas sementes em diversos tipos de solo.
Para compreender o que Jesus queria ensinar precisamos analisar os elementos da parábola: o Semeador, a semente e o
solo.

1 – QUEM É O SEMEADOR? (Mt 13:3)


Originalmente, Jesus é o Semeador, pois foi Ele quem deu início a pregação do Evangelho. No entanto, antes de
subir aos céus, Cristo comissionou seus discípulos a prosseguirem com a semeadura (Mc 16:15; Mt 28:19,20). Devido esta
extensão da missão, todo cristão é um semeador em potencial. Sendo assim, basta apenas aceitar o chamado e colocar-se
a disposição do Mestre para semear nos corações dos homens por todo o mundo (Jo 15:16).
Contudo, não podemos deixar de notar que Jesus não teve a preocupação imediata de relatar quem é o Semeador,
Ele só anunciou quem é o que semeia apenas quando explicou a parábola do joio e do trigo (Mt 13: 37). É surpreendente
ver que Jesus não estava interessado em descrever a aparência, capacidade, personalidade, muito menos o nome do
semeador. O seu interesse maior era descrever a importância do seu trabalho. Sua função é de extrema relevância: colocar
a semente no solo. Uma vez que a semente foi armazenada e esquecida no celeiro, nunca conseguirá produzir uma safra.
Por esse motivo, o semeador precisa trabalhar para conseguir colher alguma coisa.
Da mesma forma, todo cristão foi chamado para se preocupar com o seu trabalho: lançar a semente no solo, ou seja
lançar a Palavra no coração das pessoas. Quanto maior a plantação, maior será a colheita. No entanto, sua identidade
pessoal deve manter-se na obscuridade. “É necessário que ele cresça e que eu diminua.” (Jo 3:30). Somos apenas
trabalhadores de uma grande seara. “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é
alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.” 1 Co 3: 6,7 (Gl 6:3; 2 Co 3:5).
Infelizmente, nos últimos tempos, o semeador tornou-se a figura principal e a semente passou a ser esquecida. Mas,
devemos buscar honrar e exaltar somente a Deus (Lc 4:8).

2 – A SEMENTE
Diferente das outras, a parábola do semeador não começa com “o reino dos céus é semelhante...”, pois, seu objetivo
principal não é descrever como é o reino de Deus, mas sim, como o reino começa. E ele começa com a semente lançada.
Mas, o que é essa semente? É a pregação da Palavra, esta é a semente lançada no coração das pessoas.
Nesta parábola, Jesus ensina que a Palavra é o único meio de obter resultados frutíferos, pois ela salva (Tg 1:21),
liberta (Jo 8: 32); regenera (1 Pe 1:23); produz fé (Rm 10:17); santifica (Jo 17:17) e principalmente nos atrai a Deus (Jo 6:
44,45; 8:31). Por isso, precisamos valorizar e priorizar o ensino da Palavra de Deus. Esta é a semente que Deus deixou para
ser plantada e não pode ser substituída. Infelizmente, outras sementes tem sido plantada simplesmente porque alguns
pensam ser melhor, mais fácil o seu plantio ou até mesmo, pensam ser maior a sua produção. No entanto, estas sementes
podem até dar aparência de uma frutificação maior, mas só a Palavra de Deus tem poder para trazer vida com abundância
(Jo 6: 63b). Não devemos nos esquecer do que o apóstolo Paulo ensinou aos gálatas: “Mas, ainda que nós mesmos ou um
anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” (Gl 1:8).

3 – O SOLO
O solo é algo muito importante para qualquer planta. É o solo que determina se a semente irá ou não germinar,
produzir. Na parábola do semeador, Jesus usa um único tipo de semente que foi plantada em quatro diferentes tipos de
solos e os resultados foram extremamente distintos. Com isso, Ele nos ensina que o problema não está na semente, mas
no solo. Uma mesma Palavra pode produzir resultados completamente distintos, pois o que determina o resultado é o
coração de quem a recebe (Hb 3: 7,8).
Segundo Jesus, há quatro tipos de solos:

3.1 – Beira do caminho (Mt 13: 4)


Este é um solo muito pisado pelas pessoas e animais, o que se tornou em terra batida, muito endurecida. A semente
caída nesse solo não conseguia penetrar e ficava na superfície exposta às aves da região.
Jesus se referia aquelas pessoas que ouvem o Evangelho, mas não compreendem a sua mensagem (Mt 13:19). As
aves representam Satanás que arrebata a Palavra, devido ao endurecimento de coração.
A beira do caminho simboliza o caráter do homem, seu coração endurecido e sua incapacidade de aceitar a
mensagem do Reino de Deus. Os ensinos de Jesus remetia as pessoas ao mundo espiritual, à uma libertação interior a fim
de transformar o homem e leva-lo à prática de uma nova vida.
Contudo, o discurso de Jesus era rejeitado por muitos (Jo 6: 60-66). Não era de interesse deles. Esperavam palavras
que agradasse suas vidas materiais. Esse tipo de pessoa tem por prazer as coisas deste mundo e por isso, não dão valor
as coisas espirituais. Seus desejos materiais sufocam a mensagem do Evangelho, tirando toda sensibilidade para as coisas
espirituais. Por não entenderem e não aceitarem a mensagem do Evangelho, não há produção alguma de fruto e o resultado
é a perda da semente, porque o inimigo vem e a devora. Entretanto, a Bíblia nos ensina a buscar as coisas espirituais (Mt
6: 33; Cl 3: 1-3; Mt 6: 19-21).

3.2 – SOLO ROCHOSO (Mt 13: 5,6)


Este é um solo com pouca camada de terra, mas coberto de pedras. A irradiação do calor das pedras fazia com que
a semente brotasse com muita rapidez, mas a escassez de terra impedia o crescimento de suas raízes. Como resultado,
em época de vento forte ou seca, a planta murcha e morre.
Este solo representa as pessoas que ouvem a Palavra e até a recebem com alegria, no entanto, ao se depararem
com as dificuldades da vida, tribulações e perseguições por causa do Evangelho, elas não resistem (Mt 13: 20,21).
Essa é uma das necessidades de buscar aprofundamento e aperfeiçoamento na Palavra de Deus. O cristão precisa
estar enraizado em Cristo e em Sua Palavra. Pois, é a Palavra de Deus que dará sustentação ao cristão no momento das
lutas e dificuldades da vida. Tempos difíceis sempre virão e somente os que tiverem raízes profundas conseguirão
permanecer firmes e sobreviver (Cl 2: 6,7; 2 Pe 3: 18; Os 6:3; 1 Ts 4:1).

3.3 – SOLO ESPINHOSO (Mt 13: 7)


Este é um solo que não foi limpo pelos agricultores, consequentemente não foi preparado para a semeadura. O
crescimento da semente é normal, no entanto, está acompanhada de espinhos. Os espinhos necessitam de pouca água,
além de não serem afetados pelo calor do sol. Com isso, desenvolvem com mais rapidez do que outra planta. Desta forma,
os espinhos cobrem a terra e sufocam as outras plantas.
Jesus ensinou que os espinhos são os cuidados deste mundo (Mt 13: 22). O solo espinhoso é aquela pessoa que
recebe a Palavra, recebe o chamado, mas estão sempre ocupadas demais para corresponder a vontade de Deus. Alegam
que precisam resolver muitas coisas antes de se dedicarem a Deus por completo. Conhecem a Palavra, entretanto, diante
das tentações, das ofertas do mundo, facilidades, atalhos, acabam por se submeter aos prazeres e são sufocados pelo
pecado. Não conseguem renunciar o mundo e vivem cedendo as tentações pecaminosas.
Com este tipo de solo podemos aprender que a colheita frutífera só acontecerá se o solo estiver limpo, sem a
presença de nenhum tipo de ervas daninhas (Tg 4:4; 1 Jo 2:15).

3.4 – BOA TERRA (Mt 13: 8)


Finalmente a semente encontrou o solo ideal. Essa é a terra profunda, fértil, sem rochas e sem espinhos. Essa terra
é aquela que a semente consegue penetrar profundamente no solo e criar raízes.
Jesus ensinou que a boa terra são os que ouvem, aceitam e compreendem a mensagem do Evangelho (Mt 13: 23).
Estão dispostos a aprender, ser moldados e renovados por Deus. São pessoas que estão dispostas a produzir frutos em
grande quantidade. Não se importam com as adversidades ou circunstâncias da vida, antes entendem que foram chamadas
por Deus para uma grande obra e estão sempre disponíveis para cumprir o seu chamado e multiplicar a semente levando a
mensagem do Evangelho a todo lugar (At 4: 19,20; 2 Pe 1:10). A Palavra enche tanto a sua vida, que ela se alastra a todos
a sua volta.
“Um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.” Mesmo sendo a terra boa, nem todos produzem frutos da mesma
medida, mas todos são frutíferos. Isso acontece devido as diferentes formas de aceitação, esforço e capacidade de cada
um (Cl 1:6; Jo 15:5).

CONCLUSÃO
A parábola do semeador nos ensina que a Palavra de Deus é a preciosa semente lançada a diversos tipos de
corações. Infelizmente, uma realidade muito triste, que não podemos deixar de perceber, é que três quartos da semente
lançada não conseguiu produzir fruto, devido ao tipo de solo em que caiu.
Diante desse quadro, Jesus estava ensinando que muitos rejeitariam a Palavra da Verdade (2 Tm 4: 3,5; Lc 18:8).
No entanto, nós cristãos devemos desenvolver nossas raízes pela fé em Cristo através do estudo da Palavra e comunhão
com Ele, sempre lançando a preciosa semente. “Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista,
cumpre o teu ministério.” 2 Tm 4:5

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