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Portfólio da Disciplina de

Fisioterapia Aquática

Docente Responsável: Vera Lúcia Israel

Estágio Docente: Juliana Siega

Colaboradores: Adriano Zanardi, Giovanna Leveck, Luís


Henrique Paladini

Discente: Juliana Pelegrini


GRR20193025
Período 02/2021

CURITIBA/PR
2022
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SUMÁRIO

Introdução à Fisioterapia Aquática 3

Conceitos Fundamentais da FA 6

Aquatic Functional Assessment Scale (AFAS): vivência da escala de avaliação funcional


aquática 16

Fases de intervenção aquática 22

Método Ai-Chi 23

Conceito Halliwick (1) - Entradas e saídas 27

Conceito Halliwick (2) - Programa de dez pontos 30

Método dos Anéis de Bad Ragaz (MABR) 33

Watsu 39
3

Introdução à Fisioterapia Aquática

Fisioterapia Aquática Como Especialidade

Apesar do uso terapêutico da água ser uma prática comum antes de Cristo
(BIASOLI,MACHADO, 2006), a FA foi reconhecida como uma especialidade no Brasil em
2014 por meio da Resolução nº443 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (COFFITO, 2014). Além de definir o que é essa área da Fisioterapia, há ainda
24 competências como requisitos básicos para o exercício da especialidade (FIGURA 1)
(COFFITO, 2014).
A resolução reafirma ainda a atuação do Fisioterapeuta em ambiente aquático em
todos os níveis de atenção à saúde. Na atenção primária (Unidades básicas de sáude,
núcleo de apoio à saúde da família), em serviços especializados em níveis ambulatorial e
hospitalar e na alta complexidade. Vasconcelos et al. (2021) ainda ressalta a atuação do
fisioterapeuta com a Fisioterapia Aquática em todas as fases de vida do indivíduo: crianças,
adolescentes, adultos, idosos, atletas e gestantes

FIGURA 1 - COMPETÊNCIAS PARA EXERCÍCIO DA FA.

(FONTE: A AUTORA, 2022)

Por essa prática terapêutica ser realizada em um ambiente aquático, a resolução


ainda define áreas de conhecimento fundamentais para prática clínica como: mecânica dos
fluídos, fisiologia da imersão, biomecânica humana, instrumentos de avaliação,
farmacologia, primeiros socorros, além de outros conhecimentos típicos da profissão.
4

Diferenças de FA e outras modalidades do meio aquático.


O uso da água de maneira terapêutica remonta aos anos 1550 a.C., com uso da
água para tratamento de febre pelos hindus. Ao longo dos anos, diversas modalidades
foram surgindo. Por isso, é necessário diferenciar os diversos termos e modalidades da FA.

1. Hidroterapia: uso da água de forma terapêutica em qualquer estado físico. São


exemplos: imersão, ingesta, compressas ou vaporização.1
2. Hidroginástica: uso do meio aquático com enfoque no condicionamento físico. 1
3. Termalismo Social: abordagens coletivas, tanto de prevenção quanto de
promoção e recuperação da saúde, associado em algumas situações ao turismo
em saúde cujo alvo principal é a busca e a manutenção da saúde (BRASIL,
2015).
4. Talassoterapia: uso da água do mar e do clima marinho de maneira terapeûtica.1
5. Balneário Terapia: uso da água em banhos de maneira terapêutica.1
6. Spaterapia: uso da água para fins de saúde física e mental.1
7. Natação: gesto esportivo dos nados. 11
8. Fisioterapia Aquática: intervenção fisioterapêutica em piscina aquecida.1
De maneira específica, a Resolução nº443 define: um recurso que consiste
na utilização da água nos diversos ambientes e contextos, em quaisquer dos seus
estados físicos, para fins de atuação do fisioterapeuta no âmbito da hidroterapia,
hidrocinesioterapia, balneoterapia, crenoterapia, cromoterapia, termalismo, duchas,
compressas, vaporização/inalação, crioterapia e talassoterapia (COFFITO, 2014). .

Lista de contraindicações absolutas e relativas à prática da FA

Tendo em vista a ação das propriedades físicas e térmicas da água no corpo imerso
e as repercussões fisiológicas nos tecidos humanos, há condições de saúde que não
poderão se valer de tais efeitos.
Dentre as condições absolutas tem-se: feridas abertas, fístulas cutâneas, úlceras
de decúbito, infecções de olhos ou de ouvidos, infecções urinárias, micoses, insuficiência
respiratória grave, úlceras varicosas, insuficiência cardíaca sem acompanhamento médico,
crises de angina, incontinência urinária ou fecal não controladas, sintomas agudos de
trombose venosa profunda, doença sistêmica e tratamento radioterápico em andamento

1 Fala da Doutoranda Juliana Siega em aula de estágio docente da disciplina de Fisioterapia Aquática 10/02/2022.
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(BIASOLI; MACHADO, 2006; FORNAZARI, 2012). Cechetti et al. (2019) ainda apontam a
hipertensão ou hipotensão não controlada, problemas cardíacos graves e pessoas com o
uso de válvulas intracranianas.
Dentre as condições relativas tem-se: tímpano perfurado, epilepsia, uso de bolsa
de colostomia, disfagia, redução da capacidade vital grave, doenças renais, hemofilia e
medo da água. Para mulheres: período menstrual sem uso de proteção interna (BIASOLI;
MACHADO, 2006; FORNAZARI, 2012).
De acordo com o estado clínico: febril, lesão de pele, tuberculose, debilidade grave,
queimadura, sarna e piolhos (FORNAZARI, 2012). Pode-se ainda ressaltar alguns casos
que vale atenção redobrada: náusea, vertigem, doenças renais, hemofilia, diabetes,
diminuição importante da capacidade vital e deficiência tireóide, além de tratamento
radioterápico recente, devem ser discutidos com o médico (CECHETTI et al. 2019).

Referências deste capítulo


BIASOLI; MACHADO, Hidroterapia: aplicabilidades Clínicas REV. BRAS. MED. v. 63, n.05,
Maio de 2006. Disponível em: <https://biasolifisioterapia.com.br/publicacoes/028rbm4.pdf >

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica.Política nacional de práticas integrativas e complementares no SUS : atitude de
ampliação de acesso / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. . 2. ed. Brasília
: Ministério da Saúde, 2015.

CECHETTI,F. et al. Guia Prático Aplicado à Fisioterapia Aquática. Editora da Universidade


Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, 2019. ISBN
978-85-92652-15-9. Disponível em:
<https://www.ufcspa.edu.br/editora_log/download.php?cod=010&tipo=pdf >

COFFITO, RESOLUÇÃO Nº 443 – Disciplina a Especialidade Profissional de Fisioterapia


Aquática e dá outras providências. Brasíli/DF, 3 de Setembro de 2014. Disponível em:
<https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3205#:~:text=RESOLU%C3%87%C3%83O%20N%C2
%BA%20443%2C%20de%203,Aqu%C3%A1tica%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid
%C3%AAncias. >

FORNAZARI, L.P. Fisioterapia Aquática. Ebook. Editora da Universidade Estadual do


Centro-Oeste Unicentro. 2012. Disponível em:
<http://repositorio.unicentro.br:8080/jspui/bitstream/123456789/503/5/Fisioterapia%20Aqu%
c3%a1tica.pdf>

VASCONCELOS, G. S. et al. Fisioterapia Aquática.SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2021.


Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556902937/. Acesso
em: 16 fev. 2022.
6

Conceitos Fundamentais da FA

Agentes Hidro-cinesioterapêuticos
Ao estudar o meio líquido, é preciso ter em mente o comportamento normal dos
fluidos, bem como seus efeitos no corpo imerso. Esses comportamentos podem ser
divididos de maneira didática em agentes hidrodinâmicos, hidrostáticos e termodinâmicos
(VASCONCELOS et al. 2021).
O agente hidrostático é aquele presente na ausência de movimento. O princípio de
Pascal que define a pressão exercida sobre o corpo imerso é o exemplo (VASCONCELOS
et al. 2021). 2
Já os agentes hidrodinâmicos,são forças exercidas pelos fluidos no corpo imerso
durante o movimento. São exemplos: tensão superficial, viscosidade, fluxo turbulento e
densidade (VASCONCELOS et al. 2021).2
Por fim, ao fato de a água conseguir transferir energia térmica com facilidade, dá-se
o nome de agente termodinâmico. Assim, em piscina aquecida acima da temperatura
corporal média (36-37ºC) o líquido tende a “doar” energia térmica ao corpo imerso, do
contrário, tende a receber (VASCONCELOS et al. 2021). 2

Propriedades físicas e térmicas da água


As propriedades físicas e térmicas da água nos ajudam a explicar e compreender os
efeitos fisiológicos da imersão no corpo, bem como saber prescrever bem o exercício de
acordo com os objetivos terapêuticos (IUCKSH et al. 2020). De forma didática, a professora
Vera Lúcia Israel, resume as propriedades de maneira visual no denominado Triângulo de
Israel (FIGURA 2). Em duas pontas do triângulo estão os princípios de arquimedes (força do
empuxo) e pascal (pressão hidrostática) e em outra ponta as resistências (viscosidade, fluxo
turbulento e tensão superficial).2 A partir disso podemos pensar que as propriedades atuam
de maneira conjunta no corpo imerso, porém, variando a posição do paciente, direção do
movimento, velocidade do movimento, profundidade e temperatura, podemos utilizar uma
propriedade de maneira “principal” de modo a facilitar ou dificultar o movimento, a depender
do objetivo terapeûtico (IUCKSH et al. 2020). A seguir estão as definições de algumas
propriedades físicas e térmicas da água.

2 Fala da Doutoranda Juliana Siega em aula de estágio docente da disciplina de Fisioterapia Aquática 10/02/2022.
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FIGURA 2 - TRIÂNGULO DE ISRAEL

Fonte: IUCKSH et al. 2020

- Densidade Relativa
A densidade é definida como a quantidade de massa ocupada por um corpo
em razão da unidade de volume que sua massa ocupa a determinada temperatura
(PARREIRA. BARATELLA, 2011). De maneira geral, a água é mais densa que a do
corpo humano. Associada a outra propriedade, a densidade auxilia a explicar porque
o corpo humano é capaz de flutuar na água, por exemplo. Em seu livro, Parreira e
Baratella (2011) resumem em tabela a densidade de algumas substâncias.

-
Se compararmos um indivíduo com massa corporal magra
predominante (01) e outro com massa corporal gorda predominante (02) em
8

ambiente aquático, poderemos perceber que o indivíduo 02 flutua com maior


facilidade.

- Princípio de Pascal
“O princípio de Pascal afirma que a pressão do líquido é exercida
igualmente sobre todas as áreas da superfície de um corpo imerso
e em repouso a uma determinada profundidade. Essa pressão
aumenta proporcionalmente à profundidade e à densidade desse
líquido.”
(PARREIRA; BARATELLA, 2011)

Essa pressão horizontal que ocorre igualmente em todas as direções do


corpo imerso e aumenta com a profundidade é denominada pressão hidrostática.
Essa terminologia já deixa claro que é um agente hidrostático.
Caromano, Themudo, Candeloro (2003) relatam algumas ações dessa
pressão sob o corpo imerso parado, como aumento do retorno venoso e a
estabilidade do corpo submerso. Esses e outros efeitos fisiológicos da imersão
veremos no tópico a seguir.

- Princípio de Arquimedes

Esse princípio, conhecido como força de empuxo, define que todo corpo,
parcial ou totalmente imerso em um fluido sofre uma força igual ao peso do volume
de líquido deslocado por esse fluido, com sentido contrário à força gravitacional da
Terra (PARREIRA. BARATELLA, 2011). A partir desse conceito,conclui-se que essa
força vertical pode auxiliar a realizar um movimento, se feito na mesma direção, ou
resistir dificultando o movimento, se feito em direção contrária. Quando o corpo
humano flutua, percebe-se a ação do empuxo estabilizando, auxiliando assim a
manter o corpo na superfície da água (IUCKSH et al. 2020).

Resistências

- Viscosidade
De maneira resumida, viscosidade é o atrito entre as moléculas de água. Ela
é diretamente proporcional à velocidade do movimento da água e a área de contato.
Ou seja, quanto maior a área de contato (parte do corpo ou objeto) ou maior a
velocidade do movimento, maior é a resistência. Ou seja, quanto maior for a
viscosidade do líquido, mais resistente o líquido é para fluir (CECHETTI et al. 2019;
IUCKSH et al. 2020).
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Cechetti et al. (2019) aponta duas informações sobre a viscosidade:


Comparado ao ar, a água irá apresentar mais resistência ao movimento; e
comparando a água aquecida da água fria do mar, a água fria será mais resistente
ao movimento. Siega (2020), também aponta que devido a resistência causada pela
viscosidade, a velocidade do movimento na água tende a reduzir.

- Tensão Superficial do Líquido


A tensão superficial da água se dá devido a atração entre as moléculas
adjacentes de água de maneira paralela à superfície (CECHETTI et al. 2019). Tal
barreira é similar a uma membrana sob tensão. Para romper essa tensão é
necessário exercer força (CAROMANO; THEMUDO; CANDELORO, 2003).

- Fluxo Turbulento
Esse efeito acontece quando o corpo (ou objeto) é movimentado de forma
irregular, gerando turbulência do ambiente aquático. Isso gera um fluxo de moléculas
desalinhado e descontínuo.
Nesse fluxo a resistência é diretamente proporcional ao quadrado da
velocidade. Assim, quanto maior for a velocidade, maior é a resistência.

FIGURA 3- FORMAÇÃO DE REDEMOINHOS

Fonte: FORNAZARI, 2012


Nesse fluxo, as camadas líquidas podem estar em direções opostas, o que é
denominado redemoinho ou esteira ou ainda força de arrasto (FIGURA 4)
(FORNAZARI, 2012). Esse redemoinho faz com que uma zona de baixa pressão
aconteça. Assim a água se deslocará do meio de maior pressão para de menor
pressão, facilitando a locomoção do corpo nesse fluxo.

FIGURA 4 - FORMAÇÃO DE ZONA DE BAIXA PRESSÃO


10

Fonte: FORNAZARI, 2012

- Fluxo Laminar
Fluxo laminar é o nome dado ao movimento ordenado e contínuo das
moléculas de água, em que o atrito entre as camadas líquidas é pequeno e elas
separam-se logo após a passagem do corpo (ou objeto), mas unem-se em seguida
(FORNAZARI, 2012). No fluxo laminar, a resistência de fricção é diretamente
proporcional à velocidade e por isso o deslocamento em meio líquido é mais fácil
quando em fluxo laminar, comparado ao fluxo turbulento.

- Efeito Metacêntrico
Considerando o corpo/objeto imerso, duas forças atuam de maneira
equivalentes mas opostas sobre o corpo: A força gravitacional de cima para baixo e
a força do empuxo (princípio de arquimedes) de baixo para cima. Quando essas
forças estão atuando no corpo de maneira desiguais, o corpo responde com
movimentos rotacionais para que elas haja o equilíbrio novamente. Para isso, há um
deslocamento do centro gravitacional do corpo. Se em solo, esse centro se encontra
aproximadamente na região da cicatriz umbilical, em água vai depender da posição
do corpo e membros na água.
- Fornazari (2012), descreve não como uma propriedade física da água, mas um
fenômeno decorrente da imersão.

- Temperatura
A água possui calor específico muito alto (1 cal/g Cº), isso quer dizer que
para que se aumente ou diminua a temperatura da água é necessário uma grande
quantidade de energia (CAROMANO; THEMUDO; CANDELORO, 2003). Por outro
lado, é capaz de transferir calor 25 vezes mais rápido que o ar (BECKER, 2009).
Conclui-se que a água retém calor ou frio ao mesmo tempo em que o entrega
facilmente à parte do corpo imersa, permitindo assim um amplo uso terapêutico.
11

Para intervenções em imersão, precisamos pensar na condição de saúde do


paciente e saber a temperatura ideal para o objetivo terapêutico. A tabela abaixo
(FIGURA 5) resume bem algumas condições clínicas e a temperatura ideal da água.

FIGURA 5 - TEMPERATURAS RECOMENDADAS PARA DIFERENTES


DESFECHOS CLÍNICOS

Biasoli e Machado (2012), apontam ainda o efeito de bem estar e conforto da água
em temperatura terapêutica (33,5-35.5º C).

Efeitos fisiológicos/ terapêuticos.

Sistema Cardiovascular

Tendo em vista os efeitos da imersão no corpo humano, identifica-se que há


aumento do retorno venoso e linfático e consequente aumento do volume central.
Isso também faz com que o débito cardíaco seja aumentado em até 30% e redução
da frequência cardíaca (em temperatura termoneutra) em até 10 batimentos por
minuto (CAROMANO; THEMUDO; CANDELORO, 2003; FORNAZARI, 2012;
PENDERGAST et al. 2015).
Há também um aumento da força de contração do miocárdio, promovendo
maior gasto energético em resposta ao aumento do trabalho cardíaco pelo aumento
do débito cardíaco (FORNAZARI, 2012).
Tais respostas fisiológicas são explicadas pela ação da pressão hidrostática
que promove um deslocamento do sangue para a cavidade abdominal e coração,
aumentando o fluxo sanguíneo.
12

Sistema Respiratório

Em resposta a imersão haverá um aumento do trabalho respiratório em até


60% devido a compressão da caixa torácica e abdome e deslocamento da altura do
diafragma, além do aumento do volume na cavidade torácica explicado
anteriormente (CAROMANO; THEMUDO; CANDELORO, 2003; FORNAZARI, 2012).
Pendergast et al. (2015) também aponta que há redução da capacidade vital
de 6% a 9%. Assim, indivíduos com redução expressiva da capacidade vital (abaixo
de 1.500 ml) podem apresentar dificuldades na respiração e não devem permanecer
em imersão com nível de água acima do processo xifóide.

Sistema Renal

Há também alteração do sistema renal em resposta a hipervolemia e devido


a distensão sofrida pelos receptores pressóricos cardíacos. São eles: aumento do
débito urinário (diurese), supressão de vasopressina e do eixo
renina-angiotensina-aldosterona (CAROMANO; THEMUDO; CANDELORO, 2003;
FORNAZARI, 2012; PENDERGAST et al. 2015).
Tais efeitos também estão relacionados ao aumento da resposta vagal e
redução do controle simpático (PENDERGAST et al. 2015). Isso porque há o
aumento da liberação de creatinina em resposta ao aumento do fluxo sanguíneo
para os rins, o que eleva a pressão renal venosa e diminui atividade do nervo renal
simpático (FORNAZARI, 2012; CECHETTI et al. 2019).
Devido a supressão do eixo renina-angiotensina-aldosterona os efeitos
podem se prolongar por horas após a imersão (PENDERGAST et al. 2015).

Sistema Neuronal

Com aumento da vascularização no encéfalo, há estímulo dos fatores


neurotróficos e redução da liberação de catecolaminas. Assim, o limiar de
excitabilidade das fibras nervosas de dor é aumentado, levando a redução da
sensibilidade das fibras nervosas livres (CECHETTI et al. 2019).
Há também redução da percepção de dor associada à água aquecida
(BECKER, 2009; FORNAZARI, 2012). O calor brando (33,5-35,5º C) bloqueia
parcialmente as terminações nervosas, considerando-se que a transmissão de
impulsos nervosos é mais rápida nas fibras do calor e tato do que nas fibras da dor.
13

Além disso, as atividades aquáticas, requisitam de maneira expressiva o


sistema vestibular devido a instabilidade provocada pela água, ampliando as
possibilidades terapêuticas no tratamento dos distúrbios de equilíbrio (FORNAZARI,
2012).
Há ainda uma redução dos estímulos simpáticos e aumento da atividade do
sistema nervoso parassimpático. Em resposta, o hipotálamo envia uma resposta
corporal de relaxamento, o que gera diminuição no consumo de oxigênio e redução
do tônus muscular (CECHETTI et al. 2019).

Sistema Musculoesquelético

Pode-se citar a redução do peso aparente e também da descarga de peso


nas articulações do joelho e tornozelo, tendo em vista a ação do empuxo no corpo
imerso (CECHETTI et al. 2019). Tal fato, facilita o manejo em patologias como
osteoartrite, fibromialgia e outras lesões músculo-esqueléticas do membro inferior
(BECKER, 2009).
Há também o aumento do fluxo sanguíneo, melhorando a oxigenação e
nutrição dos tecidos, em resposta a remoção dos catabólitos. Há também redução
do tônus muscular, principalmente se associado a água aquecida (FORNAZARI,
2012; CECHETTI et al. 2019).
Além disso, o meio aquático possui mais resistências que o ar, como visto
anteriormente: a viscosidade, fluxo turbulento e, a depender da direção do
movimento, o empuxo. Isso facilita o aumento do trabalho muscular. Isso também
permite com que contrações musculares sejam sincrônicas (FORNAZARI, 2012).
14

Pendergast et al. (2015) resume em um fluxograma os principais efeitos da imersão


no corpo humano.
FIGURA 6 - RESUMO DOS EFEITOS FISIOLÓGICOS ADVINDOS DA
IMERSÃO
15

Referências deste capítulo

Becker, B. E. Aquatic . Therapy: Scientific Foundations and Clinical Rehabilitation


Applications. PM&R, v.1, n.9, p.859–872, 2009. Disponível em:
<https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1016/j.pmrj.2009.05.017>

CAROMANO, F. A.; THEMUDO, M. R.; CANDELORO, J. M. Efeitos fisiológicos da imersão


e do exercício na água. Fisioterapia Brasil, v.4, n. 1, 2003.Disponível em:
https://www.portalatlanticaeditora.com.br/index.php/fisioterapiabrasil/article/view/3001/4789

CECHETTI,F. et al. Guia Prático Aplicado à Fisioterapia Aquática. Editora da Universidade


Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, 2019. ISBN
978-85-92652-15-9. Disponível em:
<https://www.ufcspa.edu.br/editora_log/download.php?cod=010&tipo=pdf >

FORNAZARI, L.P. Fisioterapia Aquática. Ebook. Editora da Universidade Estadual do


Centro-Oeste Unicentro. 2012. Disponível em:
<http://repositorio.unicentro.br:8080/jspui/bitstream/123456789/503/5/Fisioterapia%20Aqu%
c3%a1tica.pdf>

IUCKSCH, D. D. et al. Decoding the aquatic motor behavior: description and reflection on
the functional movement . Acta Scientiarum. Health Sciences, v. 42, n. 1, p. e47129, 27
fev. 2020.

SIEGA, J. Efeitos de um Programa de Exercícios Físicos Aquáticos na Função Muscular e


Funcionalidade em Pessoas com Doença de Parkinson.Tese. Dissertação apresentada ao
Programa de Pós- Graduação em Educação Física, do Setor de Ciências Biológicas da
Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em
Educação Física. Curitiba, 2020.

PARREIRA, Patrícia; BARATELLA, Thaís V. Fisioterapia Aquática. Editora Manole, 2011.


9788520452387. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520452387/. Acesso em: 16 fev.
2022>

REBUTINI, V. Z. et al. AQUATIC GAIT MODULATION BY RESISTANCE AND ITS


EFFECTS ON MOTOR BEHAVIOR. Journal of Human Growth and Development. v.22,
n.3, p.378-387, 2012. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbcdh/v22n3/pt_15.pdf>

VASCONCELOS, G. S. et al. Fisioterapia Aquática.SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2021.


Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556902937/. Acesso
em: 16 fev. 2022.
16

Aquatic Functional Assessment Scale (AFAS): vivência da escala de


avaliação funcional aquática
Essa escala visa avaliar as habilidades motoras aquáticas. Habilidade é a
qualidade do gesto motor. O comportamento motor (o gesto em si) não é avaliado e sim a
qualidade dele dentro da realidade de cada paciente.3
Por meio dela podemos identificar o nível de independência do paciente no meio
aquático, sua ambientação e fazer um controle de sua evolução. A partir do desempenho do
paciente nessa escala é possível alinhar seu objetivo terapêutico às dificuldades em solo
(Israel; Pardo, 2014). Podemos utilizar em uma avaliação inicial, para entender melhor o
paciente no meio aquático, bem como para controle antes e após intervenções,
monitorando o desempenho do paciente e a efetividade da terapia em suas habilidades.
Apesar da escala ter sido desenvolvida inicialmente com enfoque em lesados
medulares, ela tem sido utilizada em diversos contextos, como no comportamento motor
aquático de bebês (ARAÚJO, 2020) e também de pessoas com Doença de Parkinson
(SIEGA, 2020; YAMAGUCHI, 2020).
Há 5 grandes áreas na escala, baseadas nas fases terapêuticas de Israel:
Ambientação, Domínio do Meio Líquido, Exercícios Terapêuticos Especializados,
Condicionamento Orgânico Global e Relaxamento (essa fase não é avaliada) (PARDO;
ISRAEL, 2000).

A pontuação vai de 1-5, sendo 1 “não realiza” e 5 “realiza com domínio e menor
gasto energético.
1- Não pode realizar;
2- Faz com suporte total (3 apoios ou mais);
3- Faz mas com suporte parcial (até 2 apoios)
4- Faz sem suporte mas com domínio parcial
5- Faz sem suporte com domínio total (tarefa completamente alcançada
Abaixo estão as descrições de cada comportamento a ser realizado pelo paciente.
Ressalta-se a necessidade de demonstração do exercício para o paciente, quantas vezes
forem necessárias para que haja pleno entendimento do que está sendo requisitado dele.

Ambientação
A1 - Entra na piscina
Comando: orientar a entrada e ver se faz com confiança, com ajuda do terapeuta,
do elevador e etc. Detalhe: vc está buscando avaliar a AMBIENTAÇÃO.

A2 - Coloca o rosto na água


Comando: Maria, quando eu disser que pode ir, você irá puxar e prender o ar e
apenas colocar o rosto na água. Não é preciso soltar o ar.

3
Fala da Profa.Dra. Vera Lúcia Israel em aula teórica na disciplina de Fisioterapia Aquática do curso
de Fisioterapia da Universidade Federal do Paraná no Centro Hospitalar de Reabilitação Ana
Carolina Moura Chavier no dia 17 de fevereiro de 2022.
17

A3 - Coloca o rosto na água e respira


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você irá puxar e prender o ar, colocar o
rosto na água e soltar o ar dentro d’água.

A4 - Mergulha todo o corpo na água


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você vai mergulhar colocando todo o
corpo dentro d´água como se fosse encostar a barriga no fundo da piscina.
Posição terapeuta: fica à frente do paciente em uma distância que dê para o
paciente se propulsionar.

A5 - Desliza Imerso em água


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, de barriga para baixo, você irá deixar
todo seu corpo subir, ficando na superfície da água, como se estivesse deslizando.
Posição terapeuta: fica à frente do paciente

A6 - Flutua na posição supina


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você irá boiar/flutuar de barriga para
cima e contar até 10.
Então você começa inclinando a cabeça para trás, olhando para mim, jogando os
ombros e vai deixar seu corpo subir. Para isso relaxe e puxe bastante ar. Contar até 10 e
ao final você vai olhando para seus pés e procurando ficar com de pé.
Posição terapeuta: fica atrás do paciente

A7 - Flutua na posição prona


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você vai puxar bem o ar e boiar/flutuar
de barriga para baixo e contar até 10. Quando for voltar, vai jogando a cabeça para cima,
p/trás e busque ficar de pé.
Posição terapeuta: fica à frente do paciente

A8 - No platô, passa de prono para posição sentada


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você vai deslizar de barriga para baixo,
colocar as mãos no platô e quando se sentir segura, irá sentar e levantar os braços para
fora d’água. Então respire fundo, deslize, apoie, gire, sente e levante a mão.
Posição terapeuta: pode acompanhar o paciente no deslize e/ou ir para perto do
platô para firmar o platô e segurar em eventual desequilíbrio.

Domínio do meio líquido

D1 - Flutua na posição vertical na água com a ajuda de membros superiores


("posição de joelhos")
Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você vai sair dessa posição sentada
dobrando os joelhos para trás, como se estivesse rezando, e tentar flutuar. Vai olhando para
cima, se preciso ajude com os braços. Puxa bem o ar.
Posição terapeuta: permaneça em uma distância segura mas dê liberdade para o
movimento do paciente.
18

D2 - Mantém o equilíbrio sentado na água


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você vai sair dessa posição sentada
dobrando os joelhos para frente, ou seja, tirando os pés do chão, mas deixando para frente
agora. Enche bastante o peito de ar.
Posição terapeuta: permaneça em uma distância segura mas dê liberdade para o
movimento do paciente.

D3 - Posição supina para a prona (rotação transversal)


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você vai flutuar de barriga para cima.
Depois vai passar de barriga para baixo.
Respire fundo, vai deitando a cabeça, jogue os ombros para trás e deixe o corpo
subir.. olhe para mim e relaxe. Agora vai olhando para seus pés, levando o corpo para
frente e busque ficar de barriga para baixo. Não deixe seus pés encostarem no fundo da
piscina. Agora olhe para trás, levante a cabeça e busque ficar em pé.

Posição terapeuta: fica atrás ao flutuar e passa para frente durante o giro do
paciente.

D4 = Muda de prono a posição supina (rotação transversal)


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você vai fazer o contrário. Vai flutuar de
barriga para baixo. Depois vai girar para ficar de barriga para cima.
Respire fundo, vá olhando para os pés, incline o tronco, coloque o rosto na água e
deixe o corpo subir. Agora vai jogando a cabeça para trás, olhe para cima e busque ficar de
barriga para cima.
Agora vai olhando para os pés, incline a cabeça para frente e busque ficar de pé.
Posição terapeuta: fica na frente ao flutuar e passa para trás durante o giro do
paciente.

D5 - Posição supina para a prona (rotação longitudinal)


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você vai flutuar de barriga para cima e
girar para o lado, ficando de barriga para baixo.
Respire fundo, vai deitando a cabeça, joga os ombros para trás e deixe o corpo
subir.. olhe para mim e relaxe.
Agora olhe para o lado, gira a cabeça, vai girando os ombros, o quadril e deixe a
água girar seu corpo ficando de barriga para baixo. Agora incline a cabeça para cima,
olhando para cima e busque ficar de pé.
Posição terapeuta: permanece ao lado do paciente

D6 - Muda de prono a posição supina (rotação longitudinal)


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você vai fazer o contrário do anterior.
Vai flutuar de barriga para baixo. Depois vai girar para o lado para ficar de barriga para
cima.
Respire fundo, vá olhando para os pés, incline o tronco, coloque o rosto na água e
deixe o corpo subir. Agora comece a girar o corpo para o lado, vai girando as pernas, os
ombros, trás a cabeça e deixe a água girar seu corpo.
Agora vai olhando para os pés, incline a cabeça para frente e busque ficar de pé.
Posição terapeuta: permanece ao lado do paciente
19

D7 - Rotação Sagital
Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você irá flutuar de barriga para cima e
inclinar para as laterais. Então com com seu braço direito vai levar a mão em direção ao pé
direito; também com o braço esquerdo vai levar a mão em direção ao pé esquerdo.
Posição terapeuta: permanece atrás da cabeça do paciente.

D8 - Executa rotação mista


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você irá fazer dois desses giros que
fizemos. Então você pode sair de barriga pra cima, ir para barriga pra baixo (rotação
transversal) e depois mais um giro (rotação longitudinal).
Outra opção: fazer uma longitudinal e depois uma sagital.

D9 - Rola livremente na água


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você vai girar como quiser na água.
Pode ser uma cambalhota, pode ser um movimento de parafuso, pirueta.. etc.

Exercício Terapêutico Especializado

E1 - No platô, ao sentar-se, passa de sentado para em pé


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você irá ficar em pé.
Posição do terapeuta: ao lado do platô para firmar e em caso de desequilíbrio
firmar o tronco.
Caso o paciente não consiga, pode apoiar auxiliando a firmar os pés e/ou joelhos
e/ou quadril.
E2 - Na barra, vai para de pé
Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você sairá dessa posição sentada (de
cadeira), e irá ficar em pé.
E3 - Fica em pé (com ou sem tala de membros inferiores)
Comando: Maria, permaneça em pé.
E4 - Anda (com ou sem tala de membros inferiores)
Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você irá andar na água (para frente)
E5 - Anda de lado
Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você irá andar de lado na água.
E6 - Anda de costas
Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você irá andar de costas na água.
E7 - Passa para sentado
Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você vai ficar na posição cadeira,
saindo de pé para sentado.

Condicionamento Orgânico Global

Cd1 - Deslocamento Costas utilitário


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você irá puxar bem o ar e ficar deitada
de barriga para cima e vai nadar de costas. Fazendo movimentos com os braços como se
jogasse água na lateral do seu corpo e batendo as pernas alternadas.
Posição terapeuta: fique em uma distância segura mas que dê liberdade para o
nado. Cuidado com a cabeça e membros na borda da piscina.
20

Cd2 – Deslocamento adaptado costas (movimentos bilaterais)


Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você irá puxar bem o ar e deitar de
barriga para cima e vai nadar de costas. Agora, você vai dar braçadas com os dois braços
ao mesmo tempo e bater as pernas alternadas.
Posição terapeuta: fique em uma distância segura mas que dê liberdade para o
nado. Cuidado com a cabeça e membros na borda da piscina.

CD3 - Deslocamento adaptado costas (movimentos alternados)


Comando: Maria, que eu disser que pode ir,você irá puxar bem o ar e deitar de
barriga para cima e vai nadar de costas. Agora, você vai dar braçadas alternando os braços
e ao mesmo tempo bater as pernas alternadas.
Posição terapeuta: fique em uma distância segura mas que dê liberdade para o
nado. Cuidado com a cabeça e membros na borda da piscina.

Cd4 - Deslocamento adaptado crawl


https://www.youtube.com/watch?v=IAKD5RIZBds
Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você irá puxar bem o ar e deitar de
barriga para baixo, bater os braços e as pernas alternados. Tente fazer o movimento
completo dos braços.
Posição terapeuta: fique em uma distância segura mas que dê liberdade para o
nado. Cuidado com a cabeça e membros na borda da piscina.

CD5 - Deslocamento adaptado peito


https://www.youtube.com/watch?v=sBcmQI_6Yos
Comando: Maria, nesse nado você começa com os braços esticados, abre como se
jogasse a água para seu peito, em um movimento circular e une os braços no meio
esticando novamente. As pernas começam no movimento de levar o calcanhar até o
bumbum, em seguida você afasta os pés para os lados, esticando e fechando as pernas.
Posição terapeuta: fique em uma distância segura mas que dê liberdade para o
nado. Cuidado com a cabeça e membros na borda da piscina.

CD6 – Deslocamento adaptado curso de borboleta


https://www.youtube.com/watch?v=soYYXpnAEfk
Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você irá puxar bem o ar e deitar de
barriga para baixo e deixando as pernas juntas, fará com o corpo o movimento de onda. Os
braços devem sair da água ao mesmo tempo, como se fossem as asas da borboleta.
Posição terapeuta: fique em uma distância segura mas que dê liberdade para o
nado. Cuidado com a cabeça e membros na borda da piscina.

Cd7 - Corre
Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você vai correr! Levanta bem os
joelhos, respira fundo e corre.
Posição terapeuta: fique em uma distância segura mas que dê liberdade para o
nado. Cuidado com a cabeça e membros na borda da piscina.
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Cd 8 - Saltito
Comando: Maria, que eu disser que pode ir, você irá juntar os pés e dar pulinhos
para frente.
Posição terapeuta: fique em uma distância segura mas que dê liberdade para o
nado. Cuidado com a cabeça e membros na borda da piscina.

REFERÊNCIAS DESSE CAPÍTULO

ARAÚJO, L.B. Caracterização, Avaliação E Intervenção Precoce Com Atividades Motoras


Aquáticas No Desenvolvimento Neuropsicomotor De Bebês (Tese Doutorado). Programa de
Pós-Graduação em Educação Física, Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal
do Paraná. Curitiba, 2020.

ISRAEL, V.L.; PARDO, M.B.L. Hidroterapia: proposta de um programa de ensino no trabalho


com lesado medular em piscina térmica. Fisioterapia em Movimento, v.13, abr-set, 2000.

ISRAEL, V.L.; PARDO, M.B.L. Hydrotherapy: Application of an Aquatic Functional


Assessment Scale (AFAS) in Aquatic Motor Skills Learning. American International
Journal of Contemporary Research. v.4, n. 2, Fev. 2014. Disponível em:
http://www.aijcrnet.com/journals/Vol_4_No_2_February_2014/7.pdf

SIEGA, J. Efeitos De Um Programa De Exercícios Físicos Aquáticos Na Função Muscular E


Funcionalidade Em Pessoas Com Doença De Parkinson(Dissertação Mestrado). Programa
de Pós-Graduação em Educação Física, Setor de Ciências Biológicas, Universidade
Federal do Paraná. Curitiba, 2020. Disponível em:
<https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/67328?show=full>
YAMAGUCHI, B. Doença De Parkinson E Exercícios Físicos Aquáticos: Repercussões Na
Função Respiratória E Nos Parâmetros Morfofuncionais (Tese de Doutorado). Programa de
Pós-Graduação em Educação Física, Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal
do Paraná. Curitiba, 2020. Disponível em:<https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/72529>
22

Fases de intervenção aquática


As 05 fases de intervenção aquática foram propostas por Israel e Pardo em 2000, ao
elaborar um programa de ganho de habilidades motoras aquáticas em lesados medulares.
Nessa condição de saúde, há alteração no controle neurológico e o movimento voluntário é
afetado. A reversibilidade dependerá da extensão, área e grau da lesão.
Para proposta desse programa, foram identificados comportamentos motores
fundamentais para independência e adaptação no meio aquático.
As fases são: 4
Ambientação: o objetivo é ambientar o paciente às novas situações e posições do corpo na
água. Aqui o terapeuta deve propor movimentos em que se vivencie as propriedades físicas
da água.
Domínio do Meio Líquido: o objetivo é permitir o movimento livre e seguro do paciente no
ambiente aquático. O enfoque se dá no equilíbrio e endireitamento na água a partir de
exercícios espaciais e rotações. Em lesados medulares, o enfoque está em aproveitar os
movimentos residuais.
Exercícios Terapêuticos Especializados: o objetivo é estimular de maneira específica e
controlada o corpo no meio aquático. Trabalha-se com as resistências (viscosidade, fluxo
turbulento, tensão superficial), para granho de força, alongamento, agilidade, flexibilidade. É
importante pensar na transferência das habilidades motoras conquistadas no meio aquático
para o solo.
Condicionamento Orgânico Global: o objetivo é melhorar a condição cardiorrespiratória.
São trabalhados os nados tradicionais bem como podemos nos valer de exercícios como
corrida, esteira, bicicleta, deep water running entre outros. O foco é alterar a frequência
cardíaca.
Relaxamento: o objetivo é proporcionar movimentos corporais que evitam as resistências
da água. Devem ter ritmo, velocidade e execução adequada ao relaxamento. Podemos nos
valer da água aquecida, fluxo laminar e força de arrasto.

Aplicabilidade Clínica: Como forma de adequar melhor a proposta de intervenção aos


objetivos cinéticos-funcionais, as fases auxiliam na estruturação lógica e na coerência das
escolhas terapêuticas.
Referências desse capítulo

ISRAEL, V.L.; PARDO, M.B.L. Hidroterapia: proposta de um programa de ensino no trabalho


com lesado medular em piscina térmica. Fisioterapia em Movimento, v.13, abr-set, 2000.

4Fala da Doutoranda Juliana Siega em aula de estágio docente da disciplina de Fisioterapia Aquática 24/02 /2022
23

Método Ai-Chi
Em 1997 Jun Konno criou o Ai Chi ( Ai = amor; Chi = energia) visando utilizá-lo para
aulas de relaxamento em grupo. São adaptações do método Shiatsu, Watsu e Tai Chi
Chuan (FORNAZARI, 2012). Por ser um método, possui princípios gerais a serem seguidos,
porém a partir da primeira publicação de Jun Konno, são permitidas criações e adaptações
de acordo com a realidade clínica de cada indivíduo. O fisioterapeuta que domina as
propriedades físicas da água, saberá como adaptar e utilizar o Ai Chi de maneira correta. 5
Esse método é caracterizado por movimentos de grande amplitude, lentos e
rítmicos, associados ao controle respiratório e integram corpo, mente e energia espiritual. O
foco é ensinar o corpo a livrar-se das amarras. Os movimentos não podem gerar dor. 6
A prática deve acontecer em piscina aquecida a 33º, com repetição de cada
movimento por no mínimo 3 vezes, para cada hemicorpo quando se aplicar, duas vezes por
semana durante 10 minutos. A progressão deve acontecer até uma frequência de três
vezes na semana, por 30 minutos com 12 repetições de cada movimento. As repetições
dos movimentos visam equilibrar o Chi (FORNAZARI, 2012).
Os principais objetivos terapêuticos associados ao método são redução da dor,
estresse, insônia, aumento do consumo de O2 bem como promover o relaxamento. Como
apontam Pereira e Baratela (2011), pode ser utilizado também para promoção de saúde e
qualidade de vida.
Esse método pode ser utilizado em diferentes condições de saúde. Uma revisão de
literatura, por exemplo, identificou melhora na qualidade de vida, funcionalidade, atividades
de vida diária e redução do quadro álgico em pacientes com fibromialgia (SILVA; THOMAZI;
PONZI, 2021).
A postura inicial do Ai Chi é: em ortostatismo, pés separados e alinhados na linha do
quadril, levemente rotacionados para fora, joelhos semifletidos, pelve na posição neutra,
com abdômen em contração, ombros e mento imersos em água, com peso igualmente
distribuído. Em geral, na inspiração associa a supinação do antebraço e a expiração a
pronação do antebraço.
OBS: Para aplicação o terapeuta permanece fora da piscina.
A sequência básica é composta por 12 movimentos descritos abaixo:

1 CONTEMPLANDO: Pronação do antebraço com expiração; supinação do antebraço com


inspiração.

5
Fala do doutorando Adriano Zanardi da Silva como colaborador da disciplina de Fisioterapia
Aquática 03/03/2022
6
Fala do doutorando Adriano Zanardi da Silva como colaborador da disciplina de Fisioterapia
Aquática 03/03/2022
24

2 FLUTUANDO: Extensão de ombro com expiração; flexão de ombros com inspiração.


3 ELEVANDO: Flexão com abdução horizontal de ombros com inspiração; extensão com
adução horizontal de ombros com expiração.
4 FECHANDO: Adução horizontal com expiração; e abdução horizontal com inspiração.

FIGURA 7 - MOVIMENTOS 1, 2, 3 E 4 DO AI CHI

Fonte: Siega et al. 2015. Banner Ai Chi. UFPR.

5 CRUZANDO: Cotovelos fixos lateralmente ao tronco. Cruzar os braços à frente do corpo


com expiração; abduzir com os cotovelos para dentro com inspiração.
6 ACALMANDO: Adução e abdução e horizontal unilateral.
7 AGRUPANDO: Abdução e adução horizontal unilateral posterior.
8 LIVRANDO: Abdução e adução horizontal unilateral e posterior. (Acalm. com agrup. 6 e 7)

FIGURA 8 - MOVIMENTO 5, 6, 7 E 8 DO AI CHI

Fonte: Siega et al. 2015. Banner Ai Chi. UFPR.

9 ACEITANDO: Pés um na frente do outro e separados, joelhos semiflexionados: Abdução


dos ombros com transferência do peso do corpo para perna de trás com inspiração, adução
de ombros com transferência de peso do corpo para penas da frente com expiração.
10 ACEITANDO COM GRAÇA: Abdução horizontal dos ombros com elevação da perna
com inspiração, adução horizontal dos ombros com depressão da perna com expiração.
11 CIRCUNDANDO: Flexão do quadril da perna de trás com adução com inspiração e
abdução horizontal dos ombros com extensão do quadril com expiração
12 BALANÇANDO: Flexão do quadril da perna de trás com os ombros em extensão e
inspiração; extensão do quadril com ombros em flexão com expiração.
25

FIGURA 9 - MOVIMENTOS 9, 10, 11 E 12 DO AI CHI

Fonte: Siega et al. 2015. Banner Ai Chi. UFPR.

Extra: Como forma de fixar os movimentos da sequência básica do Ai-Chi, criei uma
atividade na plataforma Educaplay. Utilizei dos desenhos dos movimentos no livro de Harold
Dull “Watsu: exercícios para o corpo na água” (2000) para facilitar a visualização dos
movimentos e associar aos nomes.

Para acessar o jogo acesse o link:


https://www.educaplay.com/learning-resources/11950902-movimentos_do_ai_chi.html

Captura de tela exemplificando o jogo:


26

REFERÊNCIAS DESSE CAPÍTULO

CUNHA, M. C. B. et al. Relaxamento aquático em piscina aquecida, realizado através do


método Ai chi: nova abordagem hidroterapêutica para pacientes portadores de doenças
neuromusculares. Fisioterapia Brasil, v.03, n.02, mar/abr. 2002. Disponível em
<https://portalatlanticaeditora.com.br/index.php/fisioterapiabrasil/article/view/2946/4739>

Basílio, A.G.M et al. Efeito Da Técnica Ai Chi Em Ambiente Aquático Na Função Pulmonar
E Força Muscular Respiratória De Indivíduos Normais, VIII Encontro Latino Americano de
Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba, 2008. Disponível em:
<http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2008/anais/arquivosINIC/INIC1208_01_O.pdf>

PARREIRA, P.; BARATELLA, T. V. Fisioterapia Aquática. Editora Manole, 2011. Disponível


em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520452387/. Acesso em: 09 mar.
2022.

SILVA,G.A THOMAZI, C.P.F. PONZI,R. Efeitos Da Técnica Ai Chi em Pacientes com


Fibromialgia: uma Revisão Integrativa da Literatura. Rev. Perspectiva: Ciência & Saúde v.
6, n.1, p.22-32, 2021.Acesso em: 09 mar. 2022. Disponível em:
http://sys.facos.edu.br/ojs/index.php/perspectiva/article/view/527/433
27

Conceito Halliwick (1) - Entradas e saídas


Por ser um método com origem em pacientes com deficiências, foram desenvolvidas
formas para entrar e sair na piscina que não necessitam do uso da escada. Como aponta
Cechetti (2019), a forma de entrar e sair devem ser analisadas e escolhidas de acordo com
o quadro clínico do paciente.

Entradas
Instrução dada ao nadador para entradas sentadas: permaneça sentado na borda da
piscina com metade da sua coxa à frente, a cabeça posicionada para frente, mãos para
frente sem segurar na borda. Assoprar e entrar na água (TESE)

Tipo Posição Nadador Posição Terapeuta Movimento

Decúbito dorsal Em decúbito dorsal na Terapeutas em pé, com Terapeutas com os


totalmente borda da piscina com um pé na frente do antebraços em prono
dependente braços cruzados no outro. passam por baixo do corpo
abdome e pernas 3 pessoas apoiam com do paciente. Após passar,
cruzadas (perna lateral antebraço: fazem a supinação do
por cima) 1 - região cervical + antebraço. Ao comando do
escápulas terapeuta 1, irão levantar
2 - região lombar e levemente e trazer o corpo
média coxa, abaixo da do paciente para dentro.
prega glútea.
3 - região de fossa
poplítea e acima dos
tornozelos.

Sentado frontal Tem controle de tronco. Terapeuta em pé, com Após o nadador inclinar o
totalmente Sentado, com os um pé na frente do corpo e apoiar nos ombros
dependente joelhos flexionados. outro. Irá apoiar com a do terapeuta, ele irá se
Os antebraços ficam mão espalmada ou na deslocar em direção ao
nos ombros do região da cintura instrutor que o apoia. Ao
terapeuta (sem pega escapular ou pélvica. entrar na água, o nadador
em mãos apenas apoio) permanece em posição de
sela.

Sentado frontal Tem controle de tronco. Terapeuta em pé, com Apoio em cotovelo. O
parcialmente Sentado, com os um pé na frente do paciente se inclina para
dependente: joelhos flexionados. outro. frente e entra em água,
cotovelos e mãos Cotovelos estendidos, Irá apoiar com a mão enquanto o terapeuta dá
ombros levemente espalmada na região um passo para trás para
flexionados. posterior do cotovelo. permitir a entrada o
O apoio pode ser nas paciente.
mãos do paciente a Apoio em mãos: O
depender da paciente se inclina para
independência. frente como se fosse
Apoio não é agarrar. mergulhar. Irá entrar na
Mãos espalmadas. água (primeiro com a
cabeça…) e fará uma
rotação longitudinal
passando de supino para
prono.
28

Sentado frontal Sentado, com os Terapeuta em pé dentro O nadador inclinará o corpo


independente joelhos flexionados. da piscina de costas em direção a água e
Cotovelos estendidos, para a borda, na lateral entrará na piscina como se
antebraço em do nadador. mergulhasse.
pronação, ombros e Após estabilizar na
cervical levemente superfície flutuando em
flexionados. prono, passa para supino
em rotação longitudinal.

Sentado frontal Sentado virado para um Terapeuta em pé dentro O nadador inclinará o corpo
com rotação lateral lado, com as pernas da piscina de costas em direção a água
com apoio cruzadas (perna para a borda, na lateral associando a rotação do
contrária ao lado que que o nadador está corpo entrando em água de
está virado). Um braço virado de frente. Irá lado e finalizando em
cruza o abdome e o apoiar com com a mão decúbito dorsal. O
outro (mesmo lado da espalmada no cotovelo terapeuta apoia apenas
perna por cima), do paciente. Após a durante a queda do
mantém flexão de entrada, permanecerá paciente para dentro da
ombro e extensão de próximo ao paciente, em piscina.
cotovelo. distância segura para
possível apoio.

Sentado frontal Sentado virado para um Terapeuta em pé dentro O nadador fará uma flexão
com rotação lateral lado, com as pernas da piscina de costas cervical e inclinará o corpo
independente cruzadas (perna para a borda, na lateral em direção a água,
contrária ao lado que que o nadador está associando a rotação do
está virado por cima). virado de frente. corpo entrando em água de
Um braço cruza o lado e finalizando flutuação
abdome e o outro em supino.
(mesmo lado da perna
por cima), mantém
flexão de ombro e
extensão de cotovelo.

Por escada ou Em pé na escada. Ao lado para possível Paciente descerá de costas


rampa (com ou Posição ortostática na suporte e orientação. para piscina, segurando na
sem auxílio) piscina. barras da escada. Se for
preciso apoio, o terapeuta
apoia com a mão
espalmada no quadril.

Elevador Nadador sentado em 1 Terapeuta permanece O nadador deve ser


cadeira de banho. dentro da piscina para colocado na alça do
pegar o nadador. elevador com os membros
2 Pessoa de fora da superiores apoiados na
piscina ajustar a alça do barra.
elevador no nadador. Será erguido, levado para
cima da água e abaixado.
O terapeuta dentro da
piscina recebe o paciente
em sela, retirando as alças
dos membros.
29

Saídas

Tipo Posição Nadador Posição Terapeuta Movimento

Decúbito dorsal Flutua em supino Terapeutas em pé, com Terpeutas com antebraços
totalmente próximo a borda da um pé na frente do em prono farão o apoio. Ao
dependente piscina. outro. comando do terapeuta 1
3 pessoas apoiam o irão elevar o paciente
antebraço: apoiando-o na borda da
1 - região cervical + piscina. O movimento é
escápulas para cima e para fora.
2 - região lombar e
média coxa
3 - região inferior da
perna

Dependente com Fica em posição de sela Apoia o paciente em Ao comando do terapeuta,


apoio e cuidador no terapeuta. sela inicialmente. Para o paciente será elevado
elevar o paciente até a pelo terapeuta e auxiliar.
borda, apoia na lateral
do quadril com a mão
espalmada, passando o
antebraço por baixo da
coxa.
O cuidador do lado de
fora da piscina irá dar
apoio durante a
elevação do paciente
segurando no
antebraço.

Paraplégico Fica em posição Permanece ao lado. Ao comando do terapeuta,


ortostática na borda da o paciente fará flexão de
piscina, com as mãos na cotovelo para subir,
borda. estender os cotovelos,
rotacionar o tronco e sentar
na borda da piscina.

Jacaré ou Em posição ortostática Permanece ao lado. O terapeuta irá apoiar com


Zig Zag inicialmente, com as a mão espalmada o quadril
mãos na borda da do paciente e ao comando
piscina. Depois em irá impulsionar o paciente
decúbito ventral e por fim para fora. O paciente irá
sentado na borda da fazer flexão de cotovelo e
piscina. em seguida deitar de
barriga para baixo.
Considerando o terapeuta
do lado esquerdo, o
paciente irá cruzar seu
braço esquerdo por
debaixo do corpo,
segurando na mão
esquerda do terapeuta. A
perna direita cruza por
cima da esquerda. O
terapeuta apoia na região
distal da tíbia para auxiliar
na rotação. A mão direita
30

do paciente permanece
apoiada no chão em flexão
de cotovelo e ao comando
do terapeuta irá estender.
O terapeuta puxa o
paciente em rotação para
que ele sente.

Conceito Halliwick (2) - Programa de dez pontos

Desenvolvido por James McMillan a partir de 1949, na Halliwick School for Girls,
Inglaterra, tem como filosofia central a independência para nadar das pessoas com
deficiência, por meio das habilidades do paciente no meio líquido (FORNAZARI, 2012).
Essa prática terapêutica visa promover o desenvolvimento da autoestima,
autoconhecimento, autovalorização, alívio de tensões, equilíbrio emocional, confiança,
segurança, socialização e interação ao paciente, tendo em vista que deve-se aproveitar os
potenciais de cada indivíduo. Pode ser utilizada em diferentes condições de saúde.
Um exemplo é o uso do conceito como intervenção para pessoas com doença de
Parkinson. Uma pesquisa comparou a fisioterapia aquática terrestres, aquática tradicional e
aquática Halliwick e identificou que em 12 intervenções de 60 minutos o grupo que realizou
atividades do conceito Halliwick teve melhores pontuações na escala de equilíbrio
(TERRENS; SOH; MORGAN, 2020).
Pode-se associar ao conceito Halliwick o conceito de psicomotricidade, tendo em
vista que no meio aquático pode-se aproveitar as potencialidades do indivíduo por meio do
movimento na água e da sua relação com o espaço, com o objeto, com o outro e consigo
mesmo (FERNANDES; FILHO, 2012).
De acordo com Vasconcelos et al. (2021), a metodologia é baseada em quatro
princípios baseados no aprendizado motor. Assim o processo de aprendizagem é
estruturado e tem uma evolução lógica e gradual. O programa de 10 pontos é subdividido
em estágios de desenvolvimento com representação por cores.
No estágio 1, representado pela cor vermelha, busca-se adaptação do meio líquido,
independência na piscina e controle respiratório. Já no estágio 2, representado pela cor
amarela, busca-se o controle das rotações e equilíbrio. E por fim, no estágio 3,
representado pela cor verde, busca-se a habilidade de deslocar-se na água. Serão
trabalhados movimentos de coordenação e que desenvolva a complexidade necessária
para elevar os braços para fora da água.
As atividades podem ser trabalhadas individualmente ou em grupos de participantes
divididos de acordo com as suas habilidades motoras e não de acordo com suas
deficiências.

Estágio 1 Ajuste mental - Fase de ambientação/adaptação mental


31

1) Ajustamento mental
2) Desprendimento
Estágio 2 Controle do equilíbrio
3) Controle da rotação transversal
4) Controle da rotação sagital
5) Controle da rotação longitudinal
6) Controle da rotação combinada
7) Empuxo
8) Equilíbrio/Quietude
9) Deslizamento/Turbulência
Estágio 3 Movimentos
10) Nados básicos

O Fisioterapeuta Dr. Milton Ornellas em seu canal do youtube publicou um vídeo


com exemplos de movimentos que podem ser realizados em cada ponto. Disponível no link:
https://www.youtube.com/watch?v=Rd7 JcRm b2I.
A Associação Internacional do Halliwick International Halliwick Association (IHA)
também disponibiliza em seu site a descrição dos movimentos e vídeos ilustrativos de cada
“ponto” trabalhado de maneira individual e em grupo. Disponível no link
https://halliwick.org.uk/about-halliwick-ast/ten-point-programme/.

Extra: Como forma de fixar o programa de 10 pontos criei uma atividade em formato de
palavras cruzadas na plataforma online Educaplay. Para ilustrar os movimentos utilizei as
imagens diponíveis em: https://core.ac.uk/download/pdf/268364436.pdf
Para acessar o jogo clique no link:
https://www.educaplay.com/learning-resources/11951547-conceito_halliwick.html
Captura de tela exemplificando o jogo:
32

REFERÊNCIAS DESSE CAPÍTULO


FERNANDES, J. M. G. A.; FILHO, P. J. B. G. Psicomotricidade: Abordagens Emergentes.
Editora Manole, 2012. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/
9788520451724/. Acesso em: 06 abr. 2022.

FORNAZARI, L.P. Fisioterapia Aquática. Ebook. Editora da Universidade Estadual do


Centro-Oeste Unicentro. 2012. Disponível em:
<http://repositorio.unicentro.br:8080/jspui/bitstream/123456789/503/5/Fisioterapia%20Aqu%
c3%a1tica.pdf>

RUOTI, R.G.; MORRIS, D.M.; COLE, A.J. Reabilitação Aquática. Tradução de Nelson
Gomes de Oliveira. Editora manole, 1ª ed., São Paulo, 2000.

TERRENS, A.F.; SOH, S.E.; MORGAN, P. The safety and feasibility of a Halliwick style of
aquatic physiotherapy for falls and balance dysfunction in people with Parkinson's Disease:
A single blind pilot trial. PLoS One. v.15, n.7, 2020

VASCONCELOS, G. S. et al. Fisioterapia Aquática.SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2021.


Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556902937/. Acesso
em: 16 fev. 2022.
33

Método dos Anéis de Bad Ragaz (MABR)


Segundo Ruoti, Moris e Cole (2000) o método é uma coleção de técnicas
terapêuticas que foram desenvolvidas ao longo dos anos nas águas termais de Bad
Ragaz. Próxima a cidade de Bad Ragaz, Suíça, há uma fonte de água termal,
conhecida por Pfäfers e suas águas são utilizadas desde de 1240 (KÜNZLEB,
2022), porém usadas como terapia de maneira ativa desde 1930 com exercícios
realizados com pranchas, corrimões, correia e flutuadores. Em 1957, o Dr. Knupfer
refinou o método e foi introduzido em Bad Ragaz por Nele Ipsen (RUOTI; MORRIS.
COLE, 2000).
A técnica utiliza da estabilização ou exercícios ativos assistidos e resistidos
utilizando da flutuação, turbulência, tensão superficial e capacidade térmica da água
para reduzir a dor, aumentar a complacência de tecidos moles, reduzir o tônus
muscular e promover relaxamento. Posteriormente foram modificados para padrões
de movimentos diagonais e tridimensionais. Já em 1957 Bridget Davis e Verena
Laggat incorporaram os padrões de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva de
Margaret Knott.
O método é indicado para diversas condições de saúde, como ortopédicas,
reumatológicas, transtornos neurológicos e síndromes dolorosas dentre outros. Cha,
Shin e Kim (2017), por exemplo, utilizaram do método para recuperação funcional de
pessoas pós Acidente Vascular Cerebral com melhoras significativas nas ativações
dos músculos tibial anterior e gastrocnêmio, no índice de equilíbrio e melhores
resultados do teste Timed Up and Go após 18 intervenções com o método. Fica
claro assim a aplicabilidade clínica desse método.
Alguns cuidados devem ser tomados para evitar fadiga excessiva bem como
em pacientes com condições clínicas articulares agudas nas costas, pescoço e
extremidades para evitar lesões. Pessoas com comprometimento vestibular severo
não devem se valer da técnica.
Abaixo estão listados padrões básicos dos movimentos de acordo com a aula
ministrada por Mestre Juliana Siega e Vera Lúcia Israel. Eles podem ser realizados
isocineticamente, em que o terapeuta fornece fixação e o paciente move-se na
água em direção, afastando ou contornando o terapeuta; isotonicamente em que o
paciente pode ser empurrado ou oscilado na direção do seu movimento ativo ou ser
auxiliado pelo terapeuta empurrando na direção oposta; e isometricamente em que
o paciente mantém a posição fixa enquanto é empurrado pela água (RUOTI;
MORRIS. COLE, 2000). Os comandos precisam ser curtos, simples e precisos.
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Padrões de movimento para tronco

A- Tronco Superior
Posição inicial: Paciente em supino com colar cervical, apoio em l5-s1 e um anel
em torno de cada tornozelo.
Movimento: Paciente fará uma flexão lateral levando a mão ipsilateral na direção do
pé.
Posição do terapeuta: Posicionado entre as pernas abduzidas do paciente e
estabiliza o paciente quando ele se flexiona de maneira ativa.
Comando: flexione para direita, relaxe. Flexione para a esquerda, relaxe.

B- Tronco Inferior
Posição inicial: Paciente em supino com colar cervical, apoio em l5-s1 e um anel
em torno de cada tornozelo. Coloca as mãos apoiadas na região cervical em flexão
de cotovelo e abdução de ombro.
Movimento: Paciente fará uma flexão lateral levando o membro inferior em direção
ao ombro ipsilateral.
Posição do terapeuta: Posicionado atrás da cabeça do paciente com pega de mão
bilateral nos cotovelos. Tocar o paciente no cotovelo para o lado que fará a flexão.
Comando: Traz as pernas para a direita, relaxe. Traz as pernas para a esquerda
relaxe.

Padrões de movimento para membros superiores

A- Unilateral para Abdução e rotação externa de ombro, extensão de cotovelo,


extensão de punho e dedos.
Posição inicial: adução e rotação interna de ombro, extensão de cotovelo, flexão de
punhos e dedos com o braço posicionado ligeiramente atrás das costas. Paciente
em supino com colar cervical, apoio em l5-s1 e um anel em torno de cada tornozelo,
anel no punho oposto ao ser trabalhado.
Movimento: O paciente abre o braço, ou seja, move para uma abdução de ombro,
supinação de antebraço com extensão de punho e dedos.
Posição do terapeuta: Está lateralmente ao paciente, apoia com uma mão
mantendo a extensão de cotovelo e a outra apoia no dorso da mão. Pode se mover
para o lado que está abrindo o braço para facilitar o movimento.
Comando: empurre os dedos e punhos para trás, empurre e relaxe.
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B- Unilateral para adução, rotação interna e extensão de ombro, extensão de


cotovelo, flexão de punho e dedos.
Posição inicial: Abdução e rotação externa de ombro, extensão de cotovelo,
extensão de punho e dedos
Movimento: o paciente flexiona os dedos e o punho, roda internamente o ombro e
coloca o braço levemente atrás das costas.
Posição do terapeuta: Está lateralmente ao paciente, apoia com uma mão
mantendo a extensão de cotovelo e a outra apoia na palma da mão (cumprimento).
Pode se mover para o lado que está fechando o braço para facilitar o movimento.
Comando: aperte meus dedos e puxe o braço para perto do corpo e relaxe.

C- Bilateral para: abdução e rotação externa de ombro, extensão de cotovelo,


extensão de punhos e dedos.
Posição inicial: adução e rotação interna de ombro, semi flexão de cotovelo, flexão
de punhos e dedos.
Movimento: O braço do paciente move-se para uma abdução de ombro, supinação
de antebraço com extensão de cotovelo, punhos e dedos.
Posição do terapeuta: está atrás da cabeça do paciente e apoia no dorso das
mãos do paciente e estimula a abertura do braço.
Comando: Abre os dedos e os punhos, empurre e relaxe.

D- Bilateral para adução, rotação interna e extensão de ombro, semi flexão de


cotovelo, flexão de punhos e dedos.
Posição inicial: abdução e rotação externa de ombro, extensão de cotovelo,
extensão de punhos e dedos.
Movimento: o paciente flexiona os dedos e o punho, roda internamente o ombro e
flete levemente o cotovelo.
Posição do terapeuta: está atrás da cabeça do paciente e apoia na palma da mão
Comando: aperte meus dedos e dobre o cotovelo e relaxe.
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Padrões de Movimento para membros inferiores

A- Unilateral para abdução, rotação interna e extensão de quadril, extensão de


joelho e plantiflexão de tornozelo (pé de bailarina).
Posição inicial: adução e rotação externa de quadril, extensão de joelhos e
dorsiflexão de tornozelo (pé de palhaço)
Movimento: vai abrir a perna, levar para o fundo, esticando a ponta do pé.
Posição do terapeuta: Lateralmente ao paciente, com uma das mãos na superfície
medial do terço médio da coxa e outra na superfície dorsolateral do pé.
Comando: empurre sua perna para fora e para o fundo e relaxe.

B- Unilateral para adução e rotação externa de quadril, extensão de joelhos e


dorsiflexão de tornozelo.
Posição inicial: abdução, rotação interna e extensão de quadril, extensão de joelho
e plantiflexão de tornozelo (pé de bailarina).
Movimento: vai fechar a perna levando para superfície e puxando o pé.
Posição do terapeuta: Lateralmente ao paciente, com uma das mãos na superfície
medial do terço médio da coxa e outra na superfície dorsolateral do pé.
Comando: Puxe a perna para cima e relaxe.

C Bilateral para abdução, rotação interna e extensão de quadril, extensão de joelho


e plantiflexão de tornozelo (pé de bailarina).
Posição inicial: adução e rotação externa de quadril, extensão de joelhos e
dorsiflexão de tornozelo.
Movimento: vai abrir a perna, levar para o fundo, esticando a ponta do pé.
Posição do terapeuta: em frente aos pés do paciente, com as mãos na superfície
plantar.
Comando:

D- Bilateral para adução e rotação externa de quadril, extensão de joelhos e


dorsiflexão de tornozelo.
Posição inicial: abdução, rotação interna e extensão de quadril, extensão de joelho
e plantiflexão de tornozelo (pé de bailarina).
Movimento: vai fechar a perna levando para superfície e puxando o pé.
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Posição do terapeuta: em frente aos pés do paciente, com as mãos na superfície


dorsolateral do pé.
Comando: Puxe a perna para cima e relaxe.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
E- Unilateral para Extensão de joelho.
Posição inicial: Paciente em supino com quadril e um joelho estendido com
flutuador e outro sem flutuador flexionado (membro a ser trabalho).
Movimento: paciente irá subir o pé estendendo o joelho
Posição do terapeuta: lateralmente apoia com uma mão na região anterior distal do
fêmur e outra no dorso do pé.
Comando: Puxe o pé para cima e relaxe.

F- Unilateral para Flexão de joelho


Posição inicial: Paciente em supino com quadril e joelhos estendidos sem flutuador
no membro a ser trabalho.
Movimento: vai puxar o pé para o fundo flexionando o joelho
Posição do terapeuta: lateralmente apoia com uma mão no dorso da região distal
do fêmur e outra na planta do pé.
Comando: empurre para baixo e relaxe

G- Bilateral para extensão de joelho


Posição inicial: Paciente em supino com quadril estendido e joelhos flexionados
sem flutuadores nos membros inferiores.
Movimento: irá subir o pé até a superfície estendendo o joelho
Posição do terapeuta: em frente aos pés do paciente, com as mãos na superfície
dorsolateral do pé.
Comando: Puxe o pé para cima e relaxe.

H- Bilateral para flexão de joelho


Posição inicial: Paciente em supino com quadril e joelhos estendidos sem
flutuadores nos membros inferiores.
Movimento: vai puxar os pés para o fundo flexionando os joelhos
Posição do terapeuta: em frente aos pés do paciente, com as mãos na superfície
plantar do pé.
Comando: empurre para baixo e relaxe
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Extra: Como forma de fixar os padrões de movimento criei uma atividade em


formato de “Ligue as colunas” na plataforma online Educaplay.
Para acessar o jogo clique no link:
https://www.educaplay.com/learning-resources/11952846-metodo_dos_aneis_d
e_bad_ragaz.html

Captura de tela exemplificando o jogo:

REFERÊNCIAS DESSE CAPÍTULO


RUOTI, R.G.; MORRIS, D.M.; COLE, A.J. Reabilitação Aquática. Tradução de Nelson
Gomes de Oliveira. Editora manole, 1ª ed., São Paulo, 2000.
CHA, H. SHIN,Y. KIM, M. Effects of the Bad Ragaz Ring Method on muscle activation of the
lower limbs and balance ability in chronic stroke: A randomized controlled trial. Hong Kong
Physiotherapy Journal, v.37,p.39-45, dez. 2017. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1013702516300033>

KÜNZLEB, S. Bad Ragaz Destination Eastern Switzerland / Liechtenstein. Página da web:


Myswitzerland.com, Zurique, 2022.
Disponível em: <https://www.myswitzerland.com/en-ch/destinations/bad-ragaz/>
39

Watsu
Esse é um método derivado do zen-shiatsu, como já induz o nome (do inglês: water
+ shiatsu), descrito pela primeira vez por Harold Dull em 1980. Apropriando-se das bases da
medicina oriental, como o conceito de Qi ou Chi, associação corpo-mente, yin-yang, dentre
outros, criou-se movimentos totalmente passivos, inicialmente como o foco no relaxamento,
associados a alongamentos. O terapeuta é denominado doador e o indivíduo receptor,
criando uma ideia de fluxo de energia. Nessa relação de doação, a centralização e conexão
com a respiração é essencial (RUOTI; MORRIS; COLE, 2000).
Harold Dull (2001), enfatiza que, para o método, o doador deve ser e estar com o
receptor, sendo essa relação de confiança e entrega o fundamento do método e não a
realização dos movimentos puramente. Assim, fica claro que o watsu afeta o indivíduo nos
níveis emocional, psicológico, espiritual e físico.
Para o método utiliza-se água aquecida em 35º-37º, tendo em vista a temperatura
corporal, pois é o meio ideal para “soltar o corpo” (DULL, 2001).
O sustento da cabeça deve ser cuidado como em um bebê recém-nascido, na
técnica por vezes é apoiada no encontro do antebraço com o braço, por vezes no ombro e
por vezes com a mão, mas sempre visando o conforto do receptor. A região occipital deve
estar apoiada para impedir que a cabeça caia para trás (DULL, 2001).
Tome o cuidado de manter os ouvidos dentro da água tendo em vista o silêncio e
quietude proporcionados, porém na maioria das vezes mantenha o nariz do receptor para
fora (DULL, 2001).
Esse método pode ser utilizado para o relaxamento, como a proposta inicial, e de
maneira terapêutica em diferentes condições de saúde, por exemplo em distúrbios
musculoesqueléticos como a fibromialgia e neurológicos como a paralisia cerebral
(SCHITTER et al. 2020). Uma pesquisa mostrou melhora de 6 pontos na pontuação global
do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) (sendo a diferença mínima
clinicamente importante de 3 pontos) em pessoas com Doença de Parkinson após 18
intervenções de 30 minutos do fluxo básico de watsu (LOUREIRO et al. 2022).

Fluxo Básico de Movimentos


1- Entrevista
Antes de começar, converse com o indivíduo sobre qualquer problema ou
preocupação que você deva saber, particularmente no pescoço e costas que possa ficar
pior com pressões e alongamentos.
Estabeleça uma comunicação clara para que em qualquer desconforto ele saiba se
comunicar e explique que será realizado uma vivência e que ele busque relaxar enquanto
permanece na água flutuando.
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2- Parede
Oriente-o para que encontre uma posição confortável apoiando as costas na parede
e com as pernas afastadas para ter uma base ampla. Assim, instrua-o a perceber o
sustento que a parede dá e avise que a próxima vez que ele sentir isso será a finalização da
sessão. Em seguida, peça para que ele estenda os braços e com o apoio em suas mãos o
conduza para um passo à frente e instrua para que ele perceba o sustento que a água
proporciona.

3- Dança da Respiração
O doador ficará de frente ao lado direito do paciente e irá passar o seu braço
esquerdo por cima do braço direito, preparando para apoiar a cabeça do receptor. Com o
dorso do antebraço direito, irá apoiar no ponto de equilíbrio (entre o sacro e as pernas) e
assim irá levantar o receptor até a superfície da água. O braço direito do receptor fica atrás
das costas do doador.
Nesse momento o doador observa os sinais de inspiração e expiração do receptor e
sincroniza sua respiração, permitindo que a água levante o paciente na inspiração e que o
corpo abaixe na expiração.
Observar a entrega do receptor, se seus membros estão relaxados. Caso não esteja,
deslize o braço direito até o joelho e levantá-los suavemente incentivando a flexão. Se não
funcionar, peça para que o parceiro dobre levemente os joelhos (DULL, 2001).

4- Balanço da Respiração
Na posição de apoio do movimento anterior, durante a inspiração jogar o peso do
corpo para o pé da cabeça (pé do terapeuta do mesmo lado da cabeça) e durante a
expiração jogar o peso do corpo para o pé do pé (pé do terapeuta do mesmo lado do pé do
receptor) abaixando a mão direita e deixando o quadril do receptor afundar.

5- Quietude
Diminuímos a amplitude do balanço e lentamente vamos parando. Isso para que o
nosso receptor se recupere do movimento.

6- Ninar
Vamos jogar o peso do corpo para o pé da cabeça e escorregar os antebraços para
a fossa poplítea. Em uma segunda inspiração vamos passar o apoio occipital para a mão
em seta, tracionar a cervical para o teto com a mão apontada para cima. Receptor ficará em
posição sentado e doador fica com as mãos espalmadas em seus joelhos

7- Sanfona
Aqui será feita a flexão do quadril, levando os joelhos um pouco mais perto do peito,
sem tirar as pernas da água, permitindo que o quadril afunde mais a cada expiração. Abra
os braços confortavelmente e perceba a inspiração do receptor. Associado a isso tem-se a
descarga de peso para o pé da cabeça e para o pé do pé.

8- Sanfona Rotativa
O abrir e fechar continua como uma sanfona. Na ida para o pé da cabeça, na
inspiração doador fecha o receptor e rotaciona para o pé da cabeça. Na ida para o pé do pé
na expiração, o doador abre o receptor e rotaciona na direção do pé do pé.
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9- Rotação com a perna de dentro


Em sequência, quando o doador ir para o pé da cabeça, irá deixar a perna de fora
deslizar sem apoio e irá apoiar apenas a perna de dentro. Concomitante a expiração, irá
rotacionar em direção ao pé do da cabeça e à inspiração para o pé do pé.

10- Rotação com a perna de fora


Será repetido o movimento porém agora para alcançar a perna de fora. Então,
durante o balanço para o pé da cabeça, solta-se a perna de dentro e alcança a perna de
fora. Concomitante a expiração, irá rotacionar em direção ao pé da cabeça e à inspiração
para o pé do pé.

11- Puxando o braço


Voltando à posição central quando fizer a inspiração (pé do pé), o doador posiciona
novamente os dois joelhos fletidos do receptor e agora segura o braço esquerdo do
receptor, pelo punho. Assim, estará se preparando para o próximo movimento. Ao voltar
para o pé da cabeça, o doador deixa o braço do paciente passar para frente do seu corpo.

12- Ponto do coração


O doador irá posicionar o polegar no centro da palma da mão (esquerda), irá
pressionar na expiração (pé da cabeça) e soltar na inspiração (pé do pé).

13- Pêndulo
O doador solta o punho na água e volta a segurar os joelhos do receptor.
Posiciona-se com um pé à frente do outro e então conduz o corpo do receptor para frente
saindo de seus braços e volta para trás.

14- Tração joelho/tórax


Ao retornar para a posição central, jogará o peso para o pé da cabeça e irá sustentar
apenas a perna de dentro com a mão direita. Ao ir para o pé do pé, colocará a cabeça do
receptor no ombro direito e com a mão esquerda apoiará também no joelho direito
passando por cima da região axilar.

15- Tração braço/perna


Agora o doador segura o joelho da perna de dentro com a mão direita e com a mão
esquerda segura a região de deltóide anterior do braço esquerdo. Ao rotacionar para o pé
da cabeça, traciona o ombro, e para o pé do pé traciona o joelho.

posição inicial - repete do ponto 3-15


Para repetir os movimentos trocando de lado, o doador fará um giro da direita para
esquerda, permitindo com que a cabeça do receptor recaia na curva de seu cotovelo direito,
enquanto segura o joelho do lado oposto que começou (esquerdo do receptor). Apoie o
tronco do receptor em sua coxa e ajuste o braço esquerdo do paciente para trás de suas
costas, por fim, apoie com seu antebraço esquerdo no ponto de equilíbrio.

16- Pegada na posição vertical


Com a cabeça do doador apoiada na curva do cotovelo e os joelhos no antebraço, o
receptor levanta levemente o paciente para aproximar da parede.
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17- Volta a parede


Apoiando as costas do parceiro contra a parede, apoiará os pés dele no chão e pisar
levemente no pé, para firmar a posição. Após isso, retire o braço direito de trás do pescoço
do paciente.

18- Sequência da parede


Após retirar o apoio dos pés do receptor Irá colocar a mão direita sobre o coração e o dedo
médio da outra mão, pressionando a sutura sagital do crânio e realizando 3 respirações
profundas. Depois vai massagear todo o couro cabeludo, pavilhão auditivo, áreas de
tensão do receptor conforme relatado na entrevista e por fim, os braços, antebraços até
chegar aos dedos e no dedo médio faz uma leve pressão para despertar o receptor.

19- Agradecer ao espaço

O doador agradece o espaço para vivência e se posiciona ao lado do receptor e este terá o
tempo que julgar necessário para abrir os olhos e voltar ao estado normal.

Extra: Como forma de fixar os padrões de movimento criei uma atividade em formato de
Quizz na plataforma online Educaplay.
Para acessar o jogo clique no link:
https://www.educaplay.com/learning-resources/11953059-watsu.html

Captura de tela exemplificando o jogo:


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REFERÊNCIAS DESSE CAPÍTULO

DULL, H. Watsu – Exercícios para o corpo na água. 1ªed. Summus Editorial, 2001.

LOUREIRO, A.D.C. et al. WATSU therapy for individuals with Parkinson’s disease to
improve quality of sleep and quality of life: A randomized controlled study. Complementary
Therapies in Clinical Practice. v. 46, 2022. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S174438812100222X?via%3Dihub Acesso
em: 19/04/2022.

RUOTI, R.G.; MORRIS, D.M.; COLE, A.J. Reabilitação Aquática. Tradução de Nelson
Gomes de Oliveira. Editora Manole, 1ª ed., São Paulo, 2000.

SCHITTER, A.M. et al. Aplicações, indicações e efeitos da hidroterapia passiva WATSU


(WaterShiatsu)-A revisão sistemática e meta-análise. PLoS One ,v.15, n.3, 13 de março de
2020. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7069616/ Acesso em:
13/04/2022.

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