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2020

RIO DE JANEIRO

MANUAL PARA
CONTROLE E PREVENÇÃO DO
TABAGISMO POR
CIRURGIÕES-DENTISTAS

TAMMY MARTINS DE OLIVEIRA


MARIA CYNÉSIA MEDEIROS DE BARROS
Foto: Wavebreakmedia - elements.envato.com

Apoio:
Tammy Martins de Oliveira
Maria Cynésia Medeiros de Barros

MANUAL PARA CONTROLE E


PREVENÇÃO DO TABAGISMO POR
CIRURGIÕES-DENTISTAS
1ª Edição

Rio de Janeiro
Abóborax Design
2020
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Oliveira, Tammy Martins de


Manual para controle e prevenção do tabagismo por
cirurgiões-dentistas [livro eletrônico] / Tammy
Martins de Oliveira, Maria Cynésia Medeiros de
Barros. -- 1. ed. -- Rio de Janeiro : Abóborax
Design, 2020.
1 Mb ; PDF

IBibliografia
SBN 978-65-991610-0-1

1. Cigarros - Hábitos - Prevenção 2. Odontologia


3. Tabaco - Efeito fisiológico 4. Tabagismo -
Controle 5. Tabagismo - Odontologia 6. Tabagismo -
Prevenção I. Barros, Maria Cynésia Medeiros de.
II. Título.

20-39442 CDD-617.6
Índices para catálogo sistemático:

1. Tabagismo : Odontologia 617.6

Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964


TAMMY MARTINS DE OLIVEIRA
MARIA CYNÉSIA MEDEIROS DE BARROS

MANUAL PARA
CONTROLE E PREVENÇÃO DO
TABAGISMO POR
CIRURGIÕES-DENTISTAS
1ª Edição

Rio de Janeiro
Abóborax Design
2020

Apoio:
CRÉDITOS

MANUAL PARA CONTROLE E PREVENÇÃO DO TABAGISMO POR CIRURGIÕES-DENTISTAS


TAMMY MARTINS DE OLIVEIRA
Graduação em Odontologia pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro - UFRJ. Especialista em Periodontia e Orto-
dontia pela Pontifícia Universidade Católica - PUC. Mestran-
do em Clínica Odontológica pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro - UFRJ.

MARIA CYNÉSIA MEDEIROS DE BARROS


Graduação em Odontologia pela Universidade do Estado
do Rio de Janeiro - UERJ. Especialista em Periodontia pela
UERJ. Mestrado em Saúde Pública pela University of Lon-
don. Doutorado em Odontologia pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro - UFRJ. Professora Associada da UFRJ.

CONSELHO REGIONAL DE ODONTOLOGIA


DO RIO DE JANEIRO (CRO-RJ)
Presidente Dr. Altair Dantas de Andrade.

MANUAL PARA CONTROLE E PREVENÇÃO DO TABAGISMO POR CIRURGIÕES-DENTISTAS


AGRADECIMENTOS

MANUAL PARA CONTROLE E PREVENÇÃO DO TABAGISMO POR CIRURGIÕES-DENTISTAS


Ao Dr. ALBERTO JOSÉ DE ARAÚJO, pneumologista que com-
partilhou seus conhecimentos e nos permitiu acompanhar
o processo de trabalho do Núcleo de Estudos e Tratamento
do Tabagismo (NETT) do Hospital Universitário Clementino
Fraga Filho-UFRJ, sendo essencial para o desenvolvimento
deste Manual.
Ao CONSELHO REGIONAL DE ODONTOLOGIA DO RIO DE
JANEIRO (CRO-RJ), pela oportunidade e apoio que permiti-
ram a finalização e publicação do Manual.
À CLÍNICA DE ESTOMATOLOGIA da Faculdade de Odontolo-
gia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela contri-
buição com fotografias.
À LUANA DE FIGUEIREDO, pela criação de ilustrações exclu-
sivas para este Manual.

MANUAL PARA CONTROLE E PREVENÇÃO DO TABAGISMO POR CIRURGIÕES-DENTISTAS


PREFÁCIO
Prefaciar um livro é uma tarefa aparentemente simples, pois, afinal coube
ao autor a parte mais difícil, a arte de desenvolver a sua narrativa. Todavia,
o prefácio muitas vezes é ignorado por muitos leitores que são avidamente
atraídos a logo embrenhar-se pelos capítulos da obra, isto diria, é natural, a
sede de conhecimento nos inclina a buscar a fonte, sem mais delongas.
Deste modo, eis a questão “hamletiana”, o prefácio deveria contentar-se
com o papel de mera apresentação do livro, ou se permitiria conectar o lei-
tor com a obra – criatura - e o seu autor – criador? Com a missão de apresen-
tar este manual, preferi a segunda alternativa, diante do espectro da univer-
salidade que o alcance deste manual certamente irá despertar nas pessoas
que tenham o privilégio de lê-lo.
Tendo a primazia da primeira leitura, concedida pela autora, a jovem mes-
tranda Tammy Martins de Oliveira, para apresentar o “Manual para Controle
e Prevenção do Tabagismo por Cirurgiões-dentistas”, uma ideia que reputo
ser bastante original e que será uma grande contribuição para os alunos de
graduação e de pós, aos professores e cirurgiões dentistas e outros profis-
sionais da área odontológica.
Além disso, há um duplo significado para mim, seja por ser um tema que
me é caro por diversas razões no campo da saúde pública, seja por remeter
a questões próprias da natureza humana que envolve as pulsões de vida e
pulsões de morte, relacionadas com o tabagismo.
É nesta ambivalência, drama humano que William Shakespeare celebrou no
clássico Hamlet “ser ou não ser”, que se desenrola o fenômeno da depen-
dência química da pessoa que se inicia no ritual de consumo do tabaco, cada
vez mais em tenra idade.
O consumo de tabaco exerce desde sempre um grande debate, de caráter
transdisciplinar, uma droga lícita, apesar de todos os males que produz, com
fortes apelos publicitários e gigantescos e inescrupulosos interesses econô-
micos em seu ciclo produtivo. E por esses e outros aspectos, o tabagismo
merece uma atenção especial de todos os profissionais da área de saúde,
em particular aqueles que se dedicam a odontologia, que muitas vezes são
os primeiros profissionais a terem contato com os problemas de saúde rela-
cionados ao tabaco.

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A autora, teve a feliz ideia de desenvolver este manual como seu produto
final de mestrado, e conseguiu desenvolver um texto atualizado, contextua-
lizado e bastante amigável, permitindo-se discorrer sobre os mais diversos
aspectos do tabagismo, não se detendo apenas em descrever as doenças
tabaco-relacionadas – com destaque para as lesões na cavidade oral –, mas
também apresentando dados epidemiológicos, custos econômico-sociais e
a discussão que se impõe no momento: a COVID-19 e o tabagismo, dentre
outros tópicos do livro.
Os profissionais de odontologia jogam um importante papel na prevenção,
no aconselhamento e abordagem terapêutica do tabagismo. A interrupção
do tabagismo é a primeira medida no protocolo de tratamento, tanto para
as doenças da cavidade oral, tanto para as doenças do trato respiratório.
Portanto, o desfecho terapêutico das intervenções realizadas por odontó-
logos e pneumologistas, não pode prescindir de uma eficaz abordagem no
tratamento do tabagismo.
A identificação, documentação e tratamento de todos os usuários de taba-
co, em qualquer forma, precisa se tornar uma prática rotineira em todos os
consultórios e clínicas odontológicas. A intervenção do tabaco deve ser vis-
ta como parte integrante do atendimento odontológico de qualidade. Muitos
usuários de tabaco visitam um consultório odontológico a cada ano, por isso
é importante que os odontólogos, de qualquer especialidade, estejam pre-
parados para aconselhar e / ou intervir com o aconselhamento breve, e onde
couber, referir para abordagem intensiva -, aqueles que estão motivados a
parar de fumar.
O consultório odontológico é um espaço privilegiado para a orientação tan-
to para a prevenção da iniciação do tabaco em adolescentes e adultos jo-
vens, quanto como janela de oportunidade para a cessação do tabagismo.
Os pacientes odontológicos são particularmente receptivos às mensagens
de saúde em exames periódicos, e sobre os malefícios do uso do tabaco, há
evidências de que fornecem forte motivação para o abandono do tabaco.
Albert Camus, filósofo e escritor franco-argelino nos legou esta citação: “Não
se pode criar experiência. É preciso passar por ela.” Então, lhes convido a nave-
gar por cada capítulo deste manual ricamente ilustrado, que lhes reservará
uma leitura agradável e bastante informativa, além de lhes propiciar o reco-
nhecimento das principais lesões da cavidade oral com nexo causal com o ta-
baco, e de conhecer os mecanismos da dependência à nicotina e os métodos
de abordagem para ajudar o fumante a interromper o consumo de tabaco.
Encorajar o fumante a cada vinda ao consultório, a fazer a travessia para a outra
margem do rio, para um sorriso largo, espontâneo como a máxima expressão
facial de vida saudável e feliz, é uma tarefa privilegiada dos profissionais da área
de odontologia, e tenho certeza, é um convite irrecusável da arte de cuidar do
sorriso, aquele que revela como uma fotografia exterior, o estado da alma.

“Não é aquilo que escreve que faz


de um escritor o melhor do mundo, é quem o lê.”
Pedro Chagas Freitas, escritor português.

Alberto José de Araújo, MD, PhD


Pneumologista e Sanitarista,
Coordenador do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo
IDT/HUCFF – UFRJ.

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APRESENTAÇÃO

MANUAL PARA CONTROLE E PREVENÇÃO DO TABAGISMO POR CIRURGIÕES-DENTISTAS


Este manual é para você cirurgião-dentista que assim como nós
está na luta contra o tabagismo. Esperamos que esta leitura
possa contribuir para uma mudança e melhora nos atendimen-
tos realizados nos consultórios, abrindo ainda mais os olhos
para a prevenção como uma estratégia de promoção de saúde.
O cirurgião-dentista, durante as consultas de revisão, têm uma
oportunidade única para atuar contra o tabagismo e seus males
e este papel não pode ser deixado de lado.
Que este material sirva como uma fonte de informação, mas
também como um primeiro passo para o contato com esta
epidemia e problema de saúde pública que enfrentamos;
que sirva como inspiração para novas leituras e aprofunda-
mento no assunto.
Ao longo deste guia, trazemos ainda um modelo de ficha que
foi proposto para ser adicionado à ficha de anamnese dos
pacientes tabagistas, com informações importantes que de-
vem ser registradas e que irão nortear nossa abordagem.
O convidamos então para compartilhar estes conhecimen-
tos sobre as políticas públicas, as substâncias nocivas pre-
sentes no tabaco e suas formas de apresentação, os male-
fícios causados à saúde e as doenças tabaco-relacionadas,
o tabagismo passivo, os custos atribuíveis e as formas de
abordagem, como o aconselhamento breve. É nosso impor-
tante papel – como profissionais da saúde – atuar de forma
efetiva nesta grande luta contra o tabaco.
“Dificuldades e obstáculos são
fontes valiosas de saúde e força
para qualquer sociedade.”
Albert Einstein

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SUMÁRIO
sumário 14

O QUE É TABAGISMO? 16

ESTRATÉGIAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO 18

SUBSTÂNCIAS NOCIVAS PRESENTES


E FORMAS DE APRESENTAÇÃO DO TABACO 20

DADOS EPIDEMIOLÓGICOS 24

DOENÇAS TABACO RELACIONADAS 28

DOENÇAS, LESÕES E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS


TABACO-RELACIONADAS NA CAVIDADE ORAL 30

INTERFERÊNCIA DO TABAGISMO
NA MATERNIDADE E FERTILIDADE 36

TABAGISMO PASSIVO 38

COVID-19 E TABAGISMO 40

TIPOS DE ABORDAGENS DO TABAGISMO 42

CUSTOS ATRIBUÍVEIS AO TABAGISMO 48

FICHA DE ANAMNESE 50

IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO DENTISTA


NA PREVENÇÃO E CONTROLE DO TABAGISMO 54

REFERÊNCIAS 56
O QUE É
TABAGISMO?

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Foto: NomadSoul1 - elements.envato.com
O tabagismo é uma doença crônica
e epidêmica causada pela depen-
dência à nicotina, substância presente nos
produtos à base de tabaco (cigarro, charuto, nargui-
lé, cigarro eletrônico, entre outros) e estimulante do
sistema nervoso central, capaz de aumentar a libe-
ração de neurotransmissores como a dopamina e a
serotonina.1,2,3

A Classificação Estatística Internacional de Doenças


e Problemas Relacionados com a Saúde - CID, for-
nece códigos que correspondem à classificação de
doenças, sinais, sintomas, aspectos anormais, entre
outros. São diversas categorias com subdivisões e no
CID-10, de 1997, o tabagismo encontra-se na catego-
ria F17 - Transtornos Mentais e Comportamentais De-
vidos ao Uso de Fumo.1

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ESTRATÉGIAS
DE CONTROLE E
PREVENÇÃO
O Brasil é uma referência mundial nas ações de controle do tabaco, tendo
uma trajetória de mais de 30 anos.4
A redução da prevalência de fumantes no país mostra o sucesso das políti-
cas públicas, porém ainda existem muitos obstáculos e um dos grandes de-
safios do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) é mobilizar a
população para que as leis de combate ao tabaco sejam respeitadas. 5,6
O tabagismo representa uma ameaça à saúde pública e com o objetivo de
controlar esta ameaça, foi criada a Convenção-Quadro da OMS para o Con-
trole do Tabaco (CQCT).7 A CQCT foi o primeiro tratado internacional de saú-
de pública, engloba 181 estados parte, foi adotada em 2003 e encontra-se
em vigor desde 2005.8,9
As medidas da CQCT visam políticas tributárias para redução do consumo
de tabaco; a proteção contra a fumaça do tabaco; a regulamentação da di-
vulgação das informações sobre os produtos de tabaco e suas embalagens;
advertências nas embalagens (Figura 1); programas de educação e conscien-
tização sobre os malefícios causados pelo tabaco; a proibição de publicida-
de e programas de tratamento da dependência à nicotina. Já para a redução
da oferta de produtos de tabaco, a CQCT prevê o controle do contrabando,
a restrição de subsídios à produção e à manufatura de tabaco, a gradual
substituição da cultura do tabaco e apoio às atividades alternativas econo-
micamente viáveis para os cultivadores de tabaco.10
No Brasil, as principais medidas adotadas a partir das recomendações
da CQCT 10,12, foram: proteção contra a fumaça do tabaco (Figura 2) em
ambientes fechados, regulamentação dos conteúdos e emissões dos
produtos, desenvolvimento de programas de educação e conscientiza-
ção sobre os malefícios do tabaco, proibição da publicidade, promoção
e patrocínio dos produtos de tabaco, implementação de programas de
tratamento para dependência em nicotina, alterações dos preços e im-
postos para redução do consumo de produtos com tabaco, combate ao
contrabando, restrição de acesso dos produtos para menores e promo-

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ção de alternativas economicamente viáveis para a produção de tabaco,


proteção ao meio ambiente e proteção à saúde do trabalhador ligado às
atividades de produção do tabaco.13
A Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro e de seus Pro-
tocolos (CONICQ) foi criada em agosto de 2003 e presidida pelo Ministro da Saú-
de. A função da CONICQ é garantir o cumprimento das obrigações da CQCT.10

Figura 1. Advertências nas embalagens. Fonte: O GLOBO.11

Figura 2. Fonte: Ministério da Saúde/Blog da Saúde.14

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SUBSTÂNCIAS
NOCIVAS
PRESENTES E
FORMAS DE
APRESENTAÇÃO
DO TABACO

A fumaça do tabaco é uma mistura de mais de 7.000 substâncias químicas


que com o tempo, podem causar doenças. Dentre estas substâncias, estão:
gases tóxicos (monóxido de carbono, cianeto de hidrogênio, amônia, buta-
no, tolueno), metais tóxicos (cromo, arsênico, chumbo, cádmio) e cerca de
70 substâncias cancerígenas (formaldeído, benzeno, Polônio 210, cloreto de
vinil e alcatrão).15

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AS FORMAS DE APRESENTAÇÃO DO TABACO MAIS


ENCONTRADAS, SÃO:

CIGARRO
Forma industrializada de tabaco enrolado em folha de seda
ou outro material (exceto em folha de tabaco), podendo ou
Ilustração: Luah Figueiredo.

não ter filtro.16

CACHIMBO
Dispositivo feito em madeira ou outro material, utilizado
para fumar. O fumo é colocado em uma das extremidades e
Ilustração: Luah Figueiredo.

aspirado na outra após a queima.

CIGARRILHA
Ilustração: Luah Figueiredo.

Pequeno charuto.16

CHARUTO
Enrolado em folha de tabaco e sem filtro, podendo ser arte-
sanal ou industrializado.16 Apesar dos cigarros apresentarem
as mesmas substâncias tóxicas e cancerígenas encontradas
Ilustração: Luah Figueiredo.

no charuto, o fumante de charuto é exposto à uma quantida-


de aumentada de fumaça: a fumaça de 4 charutos equivale
à de 10 cigarros.17,18
O tabaco utilizado em cachimbos e charutos é curado e a ni-
cotina presente é alcalina, o que faz com que seja absorvida
mais facilmente através da cavidade bucal (por isso a fuma-
ça não é tragada para os pulmões), já a nicotina presente no
cigarro é ácida, sendo absorvida com maior facilidade pelos
pulmões.19

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CIGARRO DE PALHA
Tabaco enrolado em palha de milho de forma artesanal. 16
Ilustração: Luah Figueiredo.

NARGUILÉ
É um utensílio onde o tabaco é aquecido através de um re-
cipiente com água e tragado através de uma mangueira.16
Ilustração: Luah Figueiredo.

A quantidade consumida de nicotina pelo uso de narguilé


pode variar devido à temperatura da queima, tipo de tabaco,
design do narguilé, padrão individual de fumar e duração do
hábito.20,21 (Figura 3)
Existe uma crença popular de que a água do narguilé é capaz
de filtrar a fumaça e as substâncias tóxicas, fazendo com que
muitos acreditem que ele não é prejudicial à saúde nem cau-
se dependência. 22, 23
Apesar disso, seu uso é capaz de contribuir para o desenvol-
vimento de câncer e doenças cardiovasculares, além de po-
der gerar dependência. 20

Figura 3. Fonte: Inca.24

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FUMO DE ROLO/DE CORDA


Produto derivado do tabaco, constituído por folhas de taba-
co entrelaçadas, enroladas e curadas no sol.16
Ilustração: Luah Figueiredo.

CIGARRO ELETRÔNICO
O cigarro eletrônico é um dispositivo que realiza a queima de
fluido contendo nicotina, aromas e solventes. Seu uso tem au-
Ilustração: Luah Figueiredo.

mentado desde sua criação em 2003 e a falta de regulação e


controle de qualidade fazem com que sua segurança de uso seja
duvidosa. 25,26
Segundo o Artigo 1º da Resolução nº46/2009 da Diretoria Cole-
giada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, é proibida a
comercialização, importação ou propaganda dos dispositivos
eletrônicos para fumar, como o cigarro eletrônico e suas varia-
ções, principalmente quando propõem a substituição dos mé-
todos convencionais (cigarros, charuto, cachimbo...) ou tenham
como finalidade auxiliar no tratamento do tabagismo.27
Os cigarros eletrônicos podem aumentar a predisposição ao
consumo de outros produtos de tabaco, aumentando também
(principalmente entre jovens) o risco do consumo regular de ta-
baco e da dependência, o que dificultaria ainda mais a luta con-
tra o tabagismo.28,29,30
Os cigarros eletrônicos podem levar à irritação na orofaringe/
tosse seca inicialmente, além de níveis plasmáticos de cotinina
e comprometimento respiratório semelhantes aos encontrados
em fumantes que fazem uso do tabaco tradicional.26
Os estudos independentes têm demonstrado aumento do ris-
co cardiovascular, de asma e de grave doença inflamatória pul-
monar em pessoas jovens (EVALI - E-cigarette or Vaping product
use-Associated Lung Injury). Causa tabagismo passivo e pode
causar câncer de pulmão. 31

TABACO SEM FUMAÇA


O tabaco sem fumaça pode ser encontrado na versão seca ou
úmida. A forma seca em pó é utilizada por aspiração ou inala-
ção (rapé), enquanto que a forma úmida geralmente é alojada
em uma região da boca, geralmente entre a bochecha e gen-
giva (como o Sachê de Betel). Ambas são formas de tabaco
sem fumaça e podem ser utilizados de forma mais discreta.
A indústria divulga esses produtos como a possibilidade de
utilização do tabaco em ambientes onde é proibido fumar.18,32

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DADOS
EPIDEMIOLÓGICOS
O tabaco mata mais da metade daqueles que o usam regularmente e no
mundo existem mais de um bilhão de fumantes.33,34 Traz diversos prejuízos à
saúde e é responsável por um grande número de óbitos. (Figura 4)
O tabagismo é considerado uma doença pediátrica - pois
de 70 a 80% dos fumantes começam a fumar antes da ida-
de adulta - e deve fazer parte da atenção global à criança e
adolescente.33 Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria,
a especialidade da pediatria abrange tanto a criança (0 a 12
anos) quanto o adolescente (12 a 18 anos), levando, por isto,
este nome de doença pediátrica.36
É a principal causa de morte evitável no planeta e um dos principais fatores
de risco para doenças crônicas não transmissíveis.37,38,39,40 Aproximadamente
80% dos mais de 1,1 bilhão de fumantes em todo o mundo vivem em países
de baixa e média renda, onde a carga das doenças relacionadas ao tabaco e
morte é mais pesada.41 Deste total de fumantes, cerca de 8 milhões morrem
anualmente devido às doenças tabaco relacionadas.42

Figura 4. Fonte: Associação Médica Brasileira.35

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DADOS EPIDEMIOLÓGICOS NO BRASIL:

No Brasil, pesquisa estimou 156.216 óbitos por do algum tipo de cigarro e 26,2% tinham ao
ano por doenças relacionadas ao tabagismo menos um dos pais fumantes.49
ativo ou passivo. Com tratamento, estes
números podem ser reduzidos: a par- A prevalência de adultos fumantes nas capi-
tir de um semestre de tratamento no tais brasileiras em 2018 variou entre 4,8% e
país, as taxas de cessação do tabagis- 14,4% (Tabela 1). A frequência de adultos fu-
mo variam entre 23,5 e 50,8%.43,44,45,46,47 mantes do sexo masculino foi quase
duas vezes maior (12,1%) quando compa-
Dos brasileiros maiores de idade, rado ao sexo feminino (6,9%). A menor
15% utilizavam, em 2013, produ- frequência de fumantes foi encontrada entre
tos derivados do tabaco (cerca de adultos jovens com menos de 25 anos e adul-
21,9 milhões de indivíduos) e o produ- tos com 65 anos ou mais e esta frequência
to mais utilizado era o cigarro, seguido por diminuía com o aumento da escolaridade. A
outros produtos fumados; os não fumados frequência de fumantes passivos variou en-
eram os menos utilizados.48
tre 4,7% e 12,2% nos domicílios (Tabela 2) e
Em 2015, 18,4% dos estudantes do 9º ano do entre 4,1% e 10,2% (Tabela 3) nos locais de
ensino fundamental já tinham experimenta- trabalho.50

Percentual* de adultos (≥ 18 anos) fumantes, por sexo, segundo as capitais dos estados brasileiros e o Distrito Federal. Vigitel, 2018.

Sexo
Total
Capitais/DF Masculino Feminino
% IC 95% % IC 95% % IC 95%
Aracaju 5,6 3,7 - 7,5 8,4 4,6 - 12,2 3,3 1,9 - 4,7
Belém 4,9 3,5 - 6,3 6,7 4,1 - 9,3 3,4 1,9 - 4,8
Belo Horizonte 10,8 9,0 - 12,6 14,9 11,6 - 18,1 7,4 5,5 - 9,2
Boa Vista 7,2 4,4 - 9,9 9,8 4,6 - 15,1 4,7 2,9 - 6,5
Campo Grande 10,8 8,6 - 13,1 15,6 11,4 - 19,8 6,6 4,8 - 8,4
Cuiabá 7,5 5,9 - 9,0 9,7 7,0 - 12,4 5,4 3,8 - 7,0
Curitiba 11,4 9,3 - 13,5 13,6 10,1 - 17,1 9,5 7,1 - 12,0
Florianópolis 11,2 9,3 - 13,1 15,4 12,0 - 18,7 7,4 5,5 - 9,4
Fortaleza 5,7 4,2 - 7,3 7,5 4,7 - 10,3 4,3 2,7 - 5,8
Goiânia 8,8 6,9 - 10,6 12,6 9,1 - 16,0 5,4 3,7 - 7,2
João Pessoa 7,1 5,1 - 9,2 11,2 7,1 - 15,3 3,8 2,4 - 5,2
Macapá 5,5 3,2 - 7,8 7,1 3,2 - 11,0 4,1 1,6 - 6,5
Maceió 6,9 4,4 - 9,4 11,6 6,5 - 16,8 3,0 1,7 - 4,3
Manaus 6,4 4,2 - 8,6 9,6 5,5 - 13,8 3,4 1,6 - 5,3
Natal 7,2 5,0 - 9,4 11,6 7,3 - 16,0 3,4 2,2 - 4,7
Palmas 6,5 4,5 - 8,5 9,1 5,4 - 12,8 4,1 2,5 - 5,7
Porto Alegre 14,4 11,8 - 16,9 17,3 12,8 - 21,9 11,9 9,2 - 14,6
Porto Velho 8,7 6,2 - 11,1 11,5 7,4 - 15,6 5,6 3,1 - 8,1
Recife 7,2 5,6 - 8,8 10,0 6,9 - 13,0 4,9 3,3 - 6,6
Rio Branco 9,0 5,8 - 12,2 9,6 4,9 - 14,4 8,3 4,0 - 12,6
Rio de Janeiro 10,0 8,0 - 12,0 12,3 8,7 - 15,9 8,2 6,1 - 10,2
Salvador 4,8 3,4 - 6,1 6,5 4,1 - 8,9 3,3 1,9 - 4,8
São Luís 4,8 3,3 - 6,3 7,3 4,5 - 10,1 2,8 1,5 - 4,2
São Paulo 12,5 10,4 - 14,5 15,6 12,0 - 19,2 9,8 7,7 - 11,9
Teresina 5,5 3,8 - 7,1 8,0 4,9 - 11,1 3,4 1,8 - 5,0
Vitória 7,6 6,1 - 9,2 9,5 6,8 - 12,1 6,1 4,3 - 7,9
Distrito Federal 8,3 6,6 - 9,9 11,0 8,1 - 14,0 5,8 4,3 - 7,4
*Percentual ponderado para ajustar a distribuição sociodemográfica da amostra Vigitel à distribuição da população adulta da
cidade projetada para o ano de 2018 (ver Aspectos Metodológicos).
Nota: IC: Intervalo de confiança.

Tabela 1. Fonte: Vigitel Brasil, 2018. 50

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Percentual* de adultos (≥ 18 anos) fumantes passivos no domicílio, por sexo, segundo as capitais dos estados brasileiros e o Distrito
Federal. Vigitel, 2018.

Sexo
Total
Capitais/DF Masculino Feminino
% IC 95% % IC 95% % IC 95%

Aracaju 5,8 4,2 - 7,3 6,6 3,8 - 9,4 5,1 3,5 - 6,7

Belém 7,6 5,5 - 9,7 8,0 4,8 - 11,1 7,3 4,5 - 10,2

Belo Horizonte 10,1 8,3 - 12,0 8,8 6,1 - 11,4 11,3 8,8 - 13,9

Boa Vista 7,2 5,2 - 9,3 5,8 2,9 - 8,7 8,6 5,6 - 11,6

Campo Grande 5,7 4,0 - 7,3 6,3 3,5 - 9,2 5,0 3,1 - 6,9

Cuiabá 7,0 5,3 - 8,8 5,7 3,2 - 8,2 8,3 5,8 - 10,7

Curitiba 5,7 4,2 - 7,2 5,6 3,2 - 8,0 5,8 3,9 - 7,7

Florianópolis 5,7 4,3 - 7,2 5,6 3,4 - 7,7 5,9 4,0 - 7,9

Fortaleza 8,3 6,3 - 10,4 8,5 5,1 - 11,9 8,2 5,7 - 10,6

Goiânia 7,1 5,4 - 8,8 5,6 3,2 - 7,9 8,5 6,1 - 10,9

João Pessoa 8,7 6,6 - 10,7 8,7 5,3 - 12,1 8,6 6,1 - 11,1

Macapá 11,8 8,8 - 14,8 14,6 9,3 - 19,9 9,3 6,2 - 12,3

Maceió 6,8 4,9 - 8,7 2,5 1,0 - 3,9 10,3 7,1 - 13,4

Manaus 7,0 4,6 - 9,3 6,4 3,0 - 9,7 7,5 4,2 - 10,9

Natal 7,1 5,4 - 8,8 5,6 3,3 - 7,9 8,3 5,8 - 10,8

Palmas 4,7 3,4 - 6,1 5,0 2,9 - 7,1 4,4 2,7 - 6,2

Porto Alegre 6,5 4,6 - 8,3 5,7 3,0 - 8,5 7,1 4,6 - 9,6

Porto Velho 9,5 6,8 - 12,2 9,6 5,3 - 14,0 9,4 6,4 - 12,3

Recife 10,1 8,1 - 12,1 10,4 7,1 - 13,8 9,9 7,5 - 12,3

Rio Branco 12,2 8,2 - 16,2 13,4 6,2 - 20,6 11,0 7,2 - 14,9

Rio de Janeiro 8,7 6,7 - 10,7 10,9 7,4 - 14,4 6,8 4,7 - 8,9

Salvador 6,0 4,6 - 7,5 5,0 2,9 - 7,1 6,9 4,9 - 8,9

São Luís 6,2 4,5 - 7,8 6,3 3,4 - 9,1 6,1 4,2 - 8,0

São Paulo 6,8 5,3 - 8,3 7,3 4,8 - 9,8 6,4 4,5 - 8,2

Teresina 8,7 6,7 - 10,8 9,9 6,4 - 13,5 7,8 5,4 - 10,1

Vitória 6,6 4,9 - 8,2 6,6 3,9 - 9,3 6,5 4,5 - 8,6

Distrito Federal 7,9 6,2 - 9,7 7,4 5,0 - 9,8 8,4 6,0 - 10,8

*Percentual ponderado para ajustar a distribuição sociodemográfica da amostra Vigitel à distribuição da população adulta da
cidade projetada para o ano de 2018 (ver Aspectos Metodológicos).
Nota: IC: Intervalo de confiança.

Tabela 2. Fonte: Vigitel Brasil, 2018. 50

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27 // 64

Percentual* de adultos (≥ 18 anos) fumantes passivos no local de trabalho, por sexo, segundo as capitais dos estados brasileiros e o
Distrito Federal. Vigitel, 2018.

Sexo
Total
Capitais/DF Masculino Feminino
% IC 95% % IC 95% % IC 95%

Aracaju 5,1 3,7 - 6,5 8,1 5,4 - 10,9 2,7 1,5 - 3,9

Belém 7,9 5,9 - 10,0 12,8 8,7 - 16,9 3,8 2,5 - 5,1

Belo Horizonte 7,6 6,0 - 9,2 9,1 6,5 - 11,6 6,4 4,5 - 8,3

Boa Vista 6,2 4,3 - 8,0 9,0 5,6 - 12,3 3,6 1,8 - 5,4

Campo Grande 6,7 4,9 - 8,4 10,5 7,3 - 13,6 3,3 1,6 - 4,9

Cuiabá 7,7 5,9 - 9,4 10,4 7,6 - 13,2 5,2 3,1 - 7,3

Curitiba 5,5 4,1 - 7,0 7,9 5,2 - 10,5 3,5 2,1 - 4,9

Florianópolis 4,4 3,2 - 5,7 6,2 3,9 - 8,4 2,9 1,6 - 4,1

Fortaleza 5,5 4,0 - 7,0 9,0 6,1 - 11,9 2,5 1,2 - 3,8

Goiânia 6,3 4,7 - 7,8 9,8 6,8 - 12,7 3,2 1,9 - 4,5

João Pessoa 7,2 5,2 - 9,1 11,2 7,5 - 14,8 3,9 2,1 - 5,6

Macapá 6,6 4,2 - 9,0 8,6 4,3 - 13,0 4,7 2,5 - 6,9

Maceió 7,6 5,1 - 10,1 12,6 7,5 - 17,7 3,6 2,0 - 5,2

Manaus 5,5 3,8 - 7,1 7,0 4,0 - 10,0 4,0 2,3 - 5,7

Natal 6,5 5,0 - 8,1 9,4 6,8 - 12,0 4,1 2,4 - 5,8

Palmas 4,4 3,0 - 5,9 7,2 4,5 - 9,9 1,9 0,7 - 3,1

Porto Alegre 5,5 3,8 - 7,2 7,1 4,1 - 10,2 4,2 2,4 - 5,9

Porto Velho 8,0 5,7 - 10,3 12,0 7,9 - 16,1 3,7 2,2 - 5,3

Recife 9,1 7,0 - 11,2 15,2 11,1 - 19,2 4,2 2,5 - 5,8

Rio Branco 10,2 6,3 - 14,1 15,5 8,0 - 22,9 5,4 3,1 - 7,6

Rio de Janeiro 7,2 5,4 - 9,0 11,8 8,4 - 15,2 3,3 1,8 - 4,7

Salvador 5,7 4,3 - 7,0 7,7 5,2 - 10,2 3,9 2,5 - 5,4

São Luís 7,2 5,1 - 9,3 12,3 8,0 - 16,5 3,1 1,9 - 4,4

São Paulo 6,7 5,3 - 8,1 10,3 7,7 - 12,8 3,6 2,3 - 5,0

Teresina 9,1 6,5 - 11,7 14,5 9,4 - 19,7 4,6 2,9 - 6,4

Vitória 4,1 2,8 - 5,3 5,9 3,5 - 8,2 2,5 1,2 - 3,8

Distrito Federal 8,8 6,9 - 10,7 12,1 8,7 - 15,6 5,9 4,0 - 7,8

*Percentual ponderado para ajustar a distribuição sociodemográfica da amostra Vigitel à distribuição da população adulta da
cidade projetada para o ano de 2018 (ver Aspectos Metodológicos).
Nota: IC: Intervalo de confiança.

Tabela 3. Fonte: Vigitel Brasil, 2018. 50

Estima-se que em 2018, no Brasil, foram periodontal que variava entre “moderada a
detectados 14,7 mil casos de tumor na ca- grave”, que também apresenta o tabagismo
vidade oral (11,2 mil em indivíduos do sexo como um dos principais fatores de risco, de-
masculino), que tem como o fumo um dos monstrando uma prevalência de 15,3% no
principais fatores de risco.51 Já a doença Brasil em 2010.52

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28 // 64

DOENÇAS TABACO
RELACIONADAS

A mortalidade entre fumantes é 2 a 3 vezes maior que entre não fumantes.


Essa diferença, possivelmente, é explicada por 21 doenças estabelecidas
como tabaco-relacionadas: 12 tipos de câncer (câncer de lábio e da cavida-
de oral, câncer de esôfago, câncer de estômago, câncer colorretal, câncer de
fígado, câncer de pâncreas, câncer de laringe, câncer de pulmão, câncer de
bexiga, câncer de rim e pelve renal, leucemia mielóide aguda e câncer cer-
vical), algumas doenças cardiovasculares (como doença cardíaca isquêmi-
ca, aterosclerose, aneurisma da aorta e derrame), diabetes mellitus, doença
pulmonar obstrutiva crônica e pneumonia, incluindo influenza.53,54,55
No entanto, novos estudos têm mostrado que os tabagistas podem estar
morrendo por doenças até então não relacionadas ao tabaco, como câncer
de mama e próstata, insuficiência renal e hipertensão.55

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29 // 64

Foto: elements.envato.com

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30 // 64

DOENÇAS, LESÕES
E CARACTERÍSTICAS
CLÍNICAS TABACO-
RELACIONADAS NA
CAVIDADE ORAL
O uso do tabaco pode gerar diversas alterações -benignas ou
malignas- na cavidade oral, como:

PIGMENTAÇÃO EXTRÍNSECA DO ESMALTE


O uso do tabaco pode causar pigmentação dentária extrín-
seca de cor marrom na superfície do esmalte, devido a dis-
solução e penetração do alcatrão. Esta pigmentação geral-
mente ocorre com maior intensidade na superfície lingual
dos incisivos inferiores, mas pacientes que fazem uso do
tabaco de mascar costumam apresentar acometimento do
esmalte correspondente à região de repouso do tabaco.32

HALITOSE
Comum em usuários crônicos de tabaco e existe uma prová-
vel relação dose-resposta entre a halitose e a quantidade de
cigarros fumados.32,56

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31 // 64

LÍNGUA PILOSA

Figura 5. Língua pilosa. Fonte: arquivo


fotográfico da Clínica de Estomatologia
da FO-UFRJ.

É uma condição benigna e pouco frequente, caracterizada


pelo aumento das papilas filiformes na região dorsal da lín-
gua, dando o aspecto de pelos. (Figura 5) Isto ocorre devido
à uma maior produção de queratina ou por uma redução de
sua descamação. A língua pilosa é mais comum em pacien-
tes que fazem uso de tabaco, álcool e com o aumento da
idade. O tratamento é a remoção destas papilas através da
escovação ou uso de raspador de língua na região; como úl-
tima opção, pode ser realizado tratamento cirúrgico.57,58,59,60

ESTOMATITE NICOTÍNICA

Figura 6. Estomatite nicotínica. Fonte:


arquivo fotográfico da Clínica de
Estomatologia da FO-UFRJ.

É uma lesão ceratótica, branca, encontrada com maior fre-


quência em homens acima dos 45 anos. Seu desenvolvimen-
to ocorre em resposta às altas temperaturas: é bastante as-
sociada ao fumo de cachimbo e fumo invertido, uma vez que
são os que mais geram calor sobre o palato. Clinicamente
observa-se pápulas com centros avermelhados, que corres-

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32 // 64

pondem à abertura dos ductos salivares inflamados, acom-


panhadas de uma mucosa mais esbranquiçada/acinzentada
na região. (Figura 6) É uma lesão reversível, que regride cer-
ca de 1 ou 2 semanas após a cessação do hábito. Caso não
haja regressão após 1 mês, deve ser considerada como uma
leucoplasia verdadeira.32

LEUCOPLASIA

Figura 7. Leucoplasia. Fonte: arquivo


fotográfico da Clínica de Estomatologia
da FO-UFRJ.

É considerada uma lesão pré-maligna, não removida através


de raspagem e seu diagnóstico depende da exclusão de ou-
tros diagnósticos, uma vez que é definida como uma mancha
ou placa branca que não corresponde à nenhuma outra lesão,
nem clínica nem sob o ponto de vista histopatológico. (Figu-
ra 7) Acomete com maior frequência quem faz uso do tabaco:
80% dos casos de leucoplasia são em tabagistas. As lesões po-
dem diminuir ou desaparecer com a cessação do hábito.32,61

CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS


O câncer de boca é uma neoplasia de natureza maligna
com causa multifatorial. Os principais fatores de risco são:
tabaco, álcool, sífilis e, para o câncer de lábio, a exposição
ao sol.32,62,63
Cerca de 90% dos casos de câncer de cabeça e pescoço
apresentam-se, histologicamente, como carcinoma de cé-
lulas escamosas (CCE) e a proporção de tabagistas com
carcinoma oral é de 2 a 3 vezes maior. O fumo invertido, de
cachimbo ou charuto, podem elevar os riscos e este risco é
dose-dependente: varia de acordo com a quantidade e com
a duração do vício.32
Clinicamente, o CCE pode se apresentar de diversas formas:
como uma lesão exofítica, endofítica, leucoplásica, eritro-

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33 // 64

plásica ou eritroleucoplásica. (Figura 8) Pode haver destrui-


ção óssea (dolorosa ou indolor), que radiograficamente se
assemelhará com “roído de traça”, uma radiolucidez com
bordas mal definidas.32

Figura 8. Carcinoma de células


escamosas. Fonte: arquivo fotográfico da
Clínica de Estomatologia da FO-UFRJ.

A região mais frequentemente acometida é a cavidade oral


(mucosa jugal, gengiva, palato duro, língua e assoalho de
língua). A terapia de escolha para o tratamento do CCE é a
cirurgia, podendo, em alguns casos, ser associada à radio-
terapia ou quimioterapia. Metástase cervical ou recidiva po-
dem ocorrer.32,64,65

DOENÇA PERIODONTAL
O tabaco atua com o um fator de risco para as doenças pe-
riodontais. Os pacientes tabagistas perdem mais tecido de
suporte e são mais propensos às perdas dentárias. (Figura
9; Figura 10) A fumaça do tabaco estimula a secreção de
citocinas e enzimas inflamatórias com potencial de destrui-
ção e compromete as respostas imunes inatas iniciais, res-
posta dos neutrófilos, dos anticorpos e respostas imunes
celulares.66 Parece haver modulação da função local dos
osteoblastos pela nicotina.67 Apesar disso, os periodontopa-
tógenos parecem ser semelhantes entre os fumantes e não
fumantes com doença periodontal.68
O tabaco diminui a função de reparação do periodonto por
fibroblastos, osteoblastos e cementoblastos, o que leva a
uma maior incidência e gravidade da doença periodontal e a
piores resultados após o tratamento, sendo ele não invasivo
ou cirúrgico, como raspagem, raspagem aberta, enxertos/
procedimentos regenerativos, instalação de implantes os-
seointegráveis e cirurgias plásticas. A cessação traz benefí-
cios aos tecidos periodontais, à progressão da doença e aos
resultados dos tratamentos.66

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34 // 64

Figura 9. Pacientes tabagistas com


periodontite. Fonte: Borojevic, 2012.69

Figura 10. Radiografias periapicais de


paciente com perda óssea. Fonte: arquivo
pessoal da autora.

Fumantes e não fumantes que possuem acúmulo de placa


semelhante mostram que os fumantes apresentam maior
profundidade à sondagem (Figura 11), maior perda de inser-
ção, maior perda óssea e maior perda dentária. Existe uma
relação dose-resposta entre a quantidade fumada e o grau
de destruição dos tecidos de suporte, o que contribui para o
fato do tabagismo ser considerado um fator de risco para a
doença periodontal.70

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35 // 64

Figura 11. Sondagem de bolsas periodontais. Fonte: Hepp et al, 2007.71

Normalmente, a inflamação dos tecidos periodontais e des-


continuidade epitelial geram sangramento ao exame de son-
dagem das bolsas periodontais ou até mesmo com a esco-
vação e utilização do fio dental, no entanto, em pacientes
tabagistas isso pode ser camuflado devido à vasoconstric-
ção causada pelo uso do tabaco.72
A gravidade da doença aumenta de acordo com o consumo
do tabaco. Apesar disso, reduzir o número de cigarros não
reduz necessariamente os níveis de nicotina na corrente san-
guínea e na urina; o fumante pode compensar a redução do
número de cigarros fumando com maior intensidade cada
cigarro, por isso, o foco deve ser a cessação.66
O tabagismo tem uma forte associação não só com a severi-
dade da doença periodontal, mas também com a perda ós-
sea ao redor dos implantes.73
O fumo aumenta o risco de desenvolvimento de periimplan-
tite – doença inflamatória com envolvimento de perda óssea
ao redor dos implantes, podendo levar ao insucesso destes
em pacientes fumantes. A interrupção do uso do tabaco no
pré-operatório pode melhorar a adesão plaquetária e a vis-
cosidade sanguínea, mas o prognóstico ainda permanece
inferior em comparação aos pacientes não fumantes.74,75,76,77

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36 // 64

INTERFERÊNCIA
DO TABAGISMO
NA MATERNIDADE
E FERTILIDADE
MATERNIDADE
O tabagismo materno está associado ao risco de natimortos, parto prematuro,
sangramentos tardios na gravidez, descolamento da placenta e ruptura prematu-
ra da membrana.78,79,80 O fumo durante a gestação também é relacio-
nado a um menor peso, menor comprimento, menor perímetro
encefálico e pode comprometer o desenvolvimento do pulmão e
das pequenas vias aéreas do bebê.81,82
Níveis elevados de monóxido de carbono podem levar à hipoxemia crônica
do feto e o nível elevado de cotinina pode contribuir para aborto espontâ-
neo ou parto prematuro.38,84
Os efeitos do tabaco podem, ainda, ser passados através das gerações de
forma inter ou transgeracional, aumentando o risco de asma. Além do con-
sumo de cigarros aumentar o risco de asma no bebê de uma gestante taba-
gista, o fumo da avó durante a gravidez da mãe é capaz de aumentar o risco
de asma no neto, independente da mãe ser fumante.85
O cigarro também pode gerar efeitos negativos sobre a saúde da mãe. Fumar du-
rante a gravidez pode aumentar a probabilidade de ter trombose venosa profun-
da, acidente vascular cerebral, embolia pulmonar, infarto do miocárdio, influen-
za/pneumonia, bronquite, asma, úlceras gastrointestinais e gravidez ectópica.86
Algumas gestantes podem omitir ou não fornecer informações verdadeiras a
respeito do tabagismo devido à pressão que sofrem decorrente do reconheci-
mento dos malefícios causados pelo tabaco.87 No entanto, as taxas de suces-
so dos programas de cessação são três vezes maiores no grupo de gestantes,
mostrando que as consultas durante a gestação podem ser uma ótima opor-
tunidade para intervenções relacionadas à interrupção do tabagismo.88,89
A nicotina apresenta meia vida curta no leite materno (aproximadamente de
uma hora e meia) e sua concentração não depende apenas da frequência do
fumo, mas do tempo entre o último cigarro fumado e o momento da ama-

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37 // 64

mentação. Mães fumantes devem aguardar cerca de duas horas após fumar
para amamentar.90

FERTILIDADE
Nas mulheres, o tabagismo ativo ou a exposição ao tabagismo passivo po-
dem aumentar o risco de infertilidade e menopausa antes dos 50 anos. Nos
homens, o tabagismo é associado a uma menor contagem de espermatozoi-
des e a um aumento no número de defeitos morfológicos dos mesmos.91,92,93
O tabagismo pode ser também um fator de risco para a disfunção erétil exis-
tindo uma relação dose-resposta: quanto maior a quantidade de cigarros
fumados e maior a duração do vício, maior o risco do desenvolvimento da
disfunção. A cessação do tabagismo pode levar à recuperação da função
erétil se a exposição ao fumo durante a vida tiver sido limitada.94
Foto: nd3000 - elements.envato.com

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38 // 64

TABAGISMO
PASSIVO
O tabagismo passivo é caracterizado pela inalação da fumaça de produtos
derivados do tabaco por terceiros.95 Dos adultos não fumantes, aproximada-
mente metade são expostos à fumaça do cigarro; dos jovens, cerca de um
terço.7,34
A fumaça inalada pelos fumantes passivos tem, em média, três vezes mais
nicotina e monóxido de carbono do que a inalada pelo fumante ativo e até
50 vezes mais substâncias cancerígenas.96
O tabagismo passivo domiciliar aumenta a probabilidade dos jovens resi-
dentes no domicílio também se tornarem fumantes, das crianças desenvol-
verem doenças das vias aéreas, de haver menor ganho de peso e estatura e
menor comprometimento nas atividades escolares.95,97,98

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39 // 64

Foto: arthurhidden - elements.envato.com

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40 // 64

COVID-19 E
TABAGISMO
COVID-19 é a doença causada pelo vírus de alta transmissibilidade SAR-
S-CoV-2 (Figura 12), capaz de provocar uma síndrome respiratória aguda.
A pandemia iniciou em Wuhan, na China, e rapidamente se espalhou pelo
mundo. Os fumantes tendem a ter pior evolução do quadro, resultados ad-
versos e maior índice de morte.99
O tabagismo é caracterizado pela inalação e movimentos repetitivos mão-
-boca, que são desaconselhados visando evitar a contaminação viral e a qua-
rentena pode aumentar a exposição dos familiares ao tabagismo passivo.99
Fatores de risco de gravidade do COVID-19 (como os distúrbios pulmonares,
cardiovasculares e diabetes) são mais frequentes em fumantes, o que refor-
ça, mais uma vez, a importância da cessação.100,101,102

Figura 12. SARS-CoV-2. Fonte: Revista Galileu.103

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41 // 64

Foto: elements.envato.com

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42 // 64

TIPOS DE
ABORDAGENS
DO TABAGISMO
A cessação do fumo traz diversos benefícios à saúde.10 (Figura 13) Ações de
promoção da saúde incluem também trabalhar com abordagens sobre os
fatores de risco ou de proteção simultâneos tanto para doenças da cavida-
de bucal quanto para outros agravos (diabetes mellitus, hipertensão arterial
sistêmica, obesidade, trauma e câncer). O controle de um número peque-
no de fatores de risco pode ter grande impacto em um número expressivo
de doenças, e a um custo menor que abordagens para doenças específicas.
Uma economia considerável pode ser feita por meio do trabalho coordena-
do e interprofissional.104,105
Com abordagens que podem variar desde a conversa sobre os malefícios cau-
sados pelo fumo e benefícios da cessação até o encaminhamento para os mé-
dicos – os únicos autorizados a prescrever as medicações do tratamento do
tabagismo, o dentista pode ajudar seus pacientes a pararem de fumar, evitar
que outros comecem e tratar os danos causados pelo tabaco à cavidade bucal.

Figura 13. Dia Mundial sem Tabaco. Fonte: Prefeitura de São Paulo.106

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43 // 64

Pacientes estressados, deprimidos e/ou ansiosos apresentam maior dificulda-


de para abandono do vício e as recaídas geralmente são mais frequentes.107
Parar de fumar em qualquer idade reduz a mortalidade pelas principais doenças
tabaco-relacionadas. Grande parte do excesso de risco pode ser evitado se uma
pessoa parar de fumar antes dos 40 anos e parar de fumar é muito mais eficaz do
que reduzir o número de cigarros.54
O diálogo com o paciente é a primeira etapa para a cessação do tabagismo.
A avaliação inicial é fundamental para uma melhor abordagem do pacien-
te e deve ser realizada de forma individual, na ausência de familiares e/ou
outros. Quando os pacientes necessitarem de abordagem intensiva, devem
ser encaminhados aos serviços de saúde com programas de cessação do ta-
bagismo. Os medicamentos recomendados nos protocolos desses progra-
mas, baseados em evidências científicas, incluem os nicotínicos (Terapia de
Reposição de Nicotina - TRN) ou não nicotínicos (bupropiona, vareniclina,
nortriptilina, clonidina). A terapêutica com melhor eficácia na cessação do
tabagismo é a farmacológica associada à abordagem psicossocial ou cogni-
tiva comportamental. 19,108,109,110,111 O novo protocolo de tratamento do INCA,
aprovado pela CONITEC/MS, recomenda que os programas de cessação do
tabagismo no Brasil utilizem a TRN de forma combinada (adesivos + goma
ou pastilha) ou associada, como por exemplo: adesivo + bupropiona ou ain-
da, bupropiona + goma ou pastilha de nicotina. 108, 112
A redução de 50% de nicotina pode gerar efeitos de abstinência como irrita-
bilidade, ansiedade, distúrbios do sono, aumento do apetite e fissura pelo
cigarro.19
No Brasil, as taxas de cessação do tabagismo variam entre 23,5% e 50,8%
pelo menos 6 meses após o início do tratamento.44,45,46
Para parar de fumar existem duas maneiras: a abrupta ou a gradual. Na para-
da abrupta o indivíduo pára completamente de fumar de uma vez; já na gradu-
al, o número de cigarros diários pode ir sendo diminuído até não fumar mais
nenhum (redução) ou o horário em que é fumado o primeiro cigarro pode ir
sendo adiado, começando a fumar sempre em um horário mais tarde que nos
dias anteriores, até parar completamente de fumar (adiamento).
A abordagem cognitiva comportamental é recomendada e consiste em utili-
zar técnicas para a reeducação do paciente, que modifiquem seu padrão de
comportamento, diminuindo as chances de recidivas.113
A associação do aconselhamento comportamental com a terapia farmacoló-
gica é mais efetiva na cessação do tabagismo quando comparada a alguma
destas abordagens isoladas. O tratamento do tabagismo é bastante custo-e-
fetivo e as taxas de abstinência sustentadas relatadas em estudos, ao longo
de 6 meses ou em 1 ano, dos pacientes que seguem o protocolo terapêutico,
variam na faixa entre 35% a 45%, o que representa um resultado de bastante
impacto em termos de saúde pública e qualidade de vida. 114 A oferta de um
programa para a cessação do tabagismo deve ser uma prioridade nos siste-
mas de saúde, visto que quando não há custo adicional para o paciente as
taxas de abstinência são maiores.115

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ACONSELHAMENTO BREVE NO TABAGISMO


Segundo as diretrizes do artigo 14 da Convenção-Quadro da OMS para o
Controle do Tabaco, todos os Profissionais de saúde devem ser treinados
para perguntar sobre o uso do tabaco, registrar as respostas nos prontuários
clínicos, dar breves conselhos sobre o abandono do tabaco e encaminhar os
fumantes para o tratamento mais adequado e eficaz disponível localmente.
A abordagem breve deve ser implementada como um componente essencial
do protocolo de atuação na saúde. 116
A abordagem breve/mínima (PAAP) consiste em perguntar, avaliar, aconse-
lhar e preparar o fumante para que deixe de fumar, sem, no entanto, acom-
panhá-lo neste processo. Pode ser feita por qualquer profissional de saúde
durante a consulta de rotina, sobretudo por aqueles que têm dificuldade de
fazer um acompanhamento deste tipo de paciente (por exemplo, profissio-
nais que atuam em pronto-socorro; pronto-atendimento; triagem etc.).
Esse tipo de abordagem pode ser realizado em 3 minutos durante o contato
com o paciente. Vale salientar que embora não se constitua na forma ideal
de atendimento, pode propiciar resultados positivos como instrumento de
cessação, pois permite que um grande número de fumantes seja beneficia-
do com baixo custo. 108
A abordagem básica (PAAPA) consiste em perguntar, avaliar, aconselhar, pre-
parar e acompanhar um fumante para que deixe de fumar. Também pode
ser feita por qualquer profissional de saúde durante a consulta de rotina,
com duração mínima de 3 minutos e máxima de 5 minutos em cada contato.
É indicada a todos os fumantes e mais recomendada que a anterior (PAAP),
porque prevê o retorno do paciente para acompanhamento na fase crítica
da abstinência, constituindo-se em uma importante estratégia em termos
de saúde pública. 108

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ABORDAGEM PAAPA OU 5AS

P: PERGUNTE SOBRE O USO DE TABACO;


A: AVALIE O GRAU DE MOTIVAÇÃO PARA DEIXAR DE FUMAR;

A: ACONSELHE TODOS OS FUMANTES A PARAR;

P: PREPARE PARA A CESSAÇÃO DO TABACO (AJUDE A FORMULAR UM PLANO);


A: ACOMPANHE QUEM TENTA PARAR, AVALIE A NECESSIDADE DE CONSELHO ADICIONAL E
ENCORAJAMENTO.

Quadro 1. Abordagem PAAPA ou 5As. 117

As perguntas sugeridas para o “PAAPA” podem ser assim resumidas:

PERGUNTAS & CONSELHOS SUGERIDOS


NA ABORDAGEM PAAPA
P: PERGUNTE SOBRE O USO DE TABACO, A CADA VISITA.
• Você já fumou cigarros comuns ou cigarros eletrônicos?
• Quantas vezes você fuma?
• Quantos cigarros você fumou ontem / semana passada / mês passado?
• Por que você acha que seria uma ideia boa / ruim parar de fumar?
• Você usa outras formas de tabaco (narguilé, tabaco mascado, palha)?

A: ACONSELHE TODOS OS PACIENTES A DEIXAREM DE FUMAR, PORQUE O TABACO CAUSA


DEPENDÊNCIA E PIORA A QUALIDADE DE VIDA.
• Você sabia que parar de fumar é (uma das) coisas mais importantes que você pode
fazer para proteger sua saúde e a saúde das pessoas ao seu redor?

A: AVALIE A PRONTIDÃO PARA DEIXAR DE FUMAR, AVALIANDO A VONTADE DE TENTAR


NOS PRÓXIMOS 30 DIAS (DETERMINADO); DENTRO DOS PRÓXIMOS 6 MESES
(CONTEMPLATIVO) E ALÉM DE 6 MESES (PRÉ-CONTEMPLATIVO).
• Você estaria pronto para parar de fumar nos próximos 30 dias? Nos próximos seis
meses?
• Você já tentou parar? O que você acha que fez você voltar a fumar?

P: PREPARE: AJUDE O PACIENTE A FORMULAR UMA ESTRATÉGIA PESSOAL PARA DEIXAR


DE FUMAR, ESTABELEÇA UMA DATA, DIRECIONE A MATERIAIS OU ENCAMINHE A
PROGRAMAS OU GRUPOS DE APOIO À CESSAÇÃO, ESPECIALMENTE SE REQUERER
FARMACOTERAPIA. ACONSELHE SOBRE OS RISCOS ASSOCIADOS A MACONHA OU
FORMAS ALTERNATIVAS DE TABACO.
• Quando você acha que seria uma boa hora / dia para você parar de fumar?
• Você tem amigos ou familiares que podem apoiá-lo quando as coisas ficam
difíceis?
• Você gostaria de ser encaminhado a um programa para ajudá-lo na cessação de
tabagismo?

A: ACOMPANHE NAS VISITAS ODONTOLÓGICAS, PARA REVISAR O PROGRESSO E


REAVALIAR O USO DE TABACO, ALÉM DE EVENTUAIS PROBLEMAS DA FARMACOTERAPIA,
CONFORME APROPRIADO, SE PORVENTURA O PACIENTE TIVER INICIADO TRATAMENTO
EM PROGRAMA DE CESSAÇÃO DO TABAGISMO.
• Quando podemos nos encontrar novamente para conversar sobre o seu progresso?

Quadro 2. Perguntas & Conselhos sugeridos na abordagem PAAPA.117

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O progresso e as dificuldades enfrentadas durante o tratamento devem ser


monitoradas durante as consultas ou por contato telefônico. As situações de
risco/gatilhos devem ser identificadas pelo paciente, que deve traçar estra-
tégias para contornar estas situações.113
Para avaliar a redução ou abandono do fumo, podem ser realizados exames
de dosagem de cotinina (no sangue, saliva ou urina) e a medição do monóxi-
do de carbono com auxílio de um aparelho específico.118
Alguns termos são de importante conhecimento durante a fase de tratamen-
to e abordagem do paciente:
• Recaída: quando o indivíduo após um tempo afastado da droga volta a
fazer uso do tabaco ou outra substância.
• Abstinência: privação do tabaco ou outra substância, pode gerar sinto-
mas desagradáveis (síndrome da abstinência), como ansiedade, irritabili-
dade, fissura, aumento do apetite...
• Fissura: desejo intenso e incontrolável de fumar (craving) que geralmente
passa em cerca de 2 minutos.
• Gatilho: são situações, lugares, hábitos, etc, que estimulam e se anteci-
pam ao uso do tabaco; geralmente remetem à memória do antigo hábito
de fumar.
• Lapso/Deslize: uso eventual do cigarro durante o tratamento que pode ou
não resultar na volta ao consumo habitual (recaída).

SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA À NICOTINA


Devido à dependência química à nicotina, alguns indivíduos após pararem
de fumar podem apresentar sintomas típicos da abstinência (Síndrome da
Abstinência).
Os sintomas mais comuns são a fissura, aumento da tensão ou ansieda-
de, tontura ou dificuldade de concentração (relacionada ao aumento de
oxigenação do cérebro após a cessação) e sensação de formigamento nos
braços e nas pernas (devido a melhora da circulação sanguínea). Estes sin-
tomas geralmente desaparecem em cerca de uma ou duas semanas.
Para combater o desejo, os fumantes podem ser orientados a utilizar substitutos
como uma gratificação oral (como ingestão de líquidos, balas/chicletes sem açú-
car, chupar gelo). Manter as mãos ocupadas (escrevendo, digitando, pintando,
costurando...) também pode ajudar.113

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CUSTOS
ATRIBUÍVEIS
AO
TABAGISMO
No Brasil, 82% dos casos de câncer de pulmão são atribuíveis
ao tabagismo. Em 2006, o tratamento desta, que é uma das principais
doenças relacionadas ao tabaco, teve um custo significativamente mais alto
para o tratamento em hospital público do que o custo para parar de fumar
do Programa de Tratamento do Tabagismo.119
No Brasil, estima-se 156.216 mortes anuais, ou seja, 428 mortes por dia são
atribuídas ao tabagismo, o que corresponde a 12,6% das mortes que ocor-
rem no país (Figura 14). Deste total, 34.999 mortes são por doenças cardí-
acas, 23.762 por câncer de pulmão e 10.812 por acidente vascular cerebral
(AVC). O tabagismo também é responsável por 59.509 casos de AVC, 73.500
novos diagnósticos de câncer e 378.594 pessoas adoecem devido à doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) anualmente (Figura 15). 120

Figura 14. Mortes atribuíveis ao tabagismo. 120 Figura 15. Adoecimentos atribuíveis ao tabagismo. 120

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A magnitude deste fator de risco é medida nos custos que ele gera para o
país e que somam 56,9 bilhões de reais ao ano, dos quais, 39,4 bilhões de
reais são referentes aos custos médicos e 17,5 bilhões de reais aos custos por
perda de produtividade. Este montante representa 1% do Produto Interno
Bruto (PIB) e a arrecadação de impostos sobre a venda de cigarros cobre
apenas 23% das perdas geradas pelo tabagismo para o país (Figura 16). 120

Figura 16. Custos atribuíveis ao tabagismo. 120

Além de ser um fardo econômico para o país, o tabagismo tem impacto na


saúde e no bolso do fumante. Estima-se que o fumante gaste entre 5 e 15%
de sua renda disponível com tabaco, sendo um fardo econômico também
para ele e sua família. Com a fórmula abaixo, é possível calcular o valor apro-
ximado gasto por um indivíduo ao longo dos anos que fumou (Figura 17). 121

VALOR GASTO COM CIGARROS

MAÇOS FUMADOS TEMPO DE CARGA MÉDIA DE PREÇO DE VALOR TOTAL GASTO


POR ANO X TABÁGICA X CADA MAÇO = AO LONGO DOS ANOS

X X = R$

CONVERSÃO DE MAÇOS POR DIA PARA MAÇOS POR ANO

1 MAÇO/DIA 1 ½ MAÇO/DIA 2 MAÇOS/DIA 2 ½ MAÇOS/DIA 3 MAÇOS/DIA

365 MAÇOS/ANO 548 MAÇOS/ANO 730 MAÇOS/ANO 913 MAÇOS/ANO 1095 MAÇOS/ANO

Figura 17. Fórmula para calcular valor gasto com cigarros. 121

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FICHA DE
ANAMNESE
A ficha de anamnese é um importante registro e fonte de informações a
respeito do histórico de saúde do paciente, como uso de medicamentos,
alergias, tratamentos médicos realizados e/ou em andamento, doenças pré-
-existentes, etc. Para pacientes tabagistas há perguntas importantes que
devem ser incluídas e não estão presentes na maioria dos prontuários utili-
zados nos consultórios. É fundamental coletar informações sobre a história
tabágica do paciente, que irão nortear a abordagem do profissional.
Na ficha complementar à anamnese do paciente tabagista deve conter da-
dos sobre tentativas anteriores para parar de fumar, métodos utilizados –
farmacológicos ou não, motivo do insucesso, entre outros. Com base nestas
informações e na avaliação geral do paciente, pode ser desenvolvido um
plano de ação que, na grande maioria dos casos, irá incluir o encaminha-
mento do paciente para o médico para um tratamento multiprofissional.122
Existem diversas formas para avaliar o grau de dependência à nicotina e
uma das mais utilizadas é o Teste (ou Escala) de Fagerström. Seis questões
compõem a Escala e a pontuação pode variar entre 0 e 10 pontos: quanto
maior a pontuação, maior o grau de dependência.123
Segue a proposta de um modelo complementar para a ficha de anamne-
se de pacientes tabagistas.

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FICHA DE AVALIAÇÃO DA HISTÓRIA TABÁGICA


NOME: DATA:

1 TEM VONTADE DE PARAR DE FUMAR? 2 QUAL FOI O MOTIVO DE COMEÇAR A FUMAR?

3 HÁ QUANTO TEMPO FUMA?

4 FAZ USO DE QUAL/QUAIS PRODUTOS DERIVADOS DE TABACO? 5 COM QUE FREQUÊNCIA?


REGULAR/DIÁRIA
IRREGULAR/OCASIONAL
6 EM MÉDIA, QUAL A QUANTIDADE QUE FUMA EM UM DIA? RECREACIONAL/GRUPO
RARAMENTE

7 JÁ TENTOU PARAR DE FUMAR ALGUMA VEZ? SIM NÃO


a QUANTAS VEZES TENTOU PARAR DE FUMAR? 1 VEZ 2 VEZES 3 VEZES OU MAIS

b HÁ QUANTO TEMPO FOI A ÚLTIMA TENTATIVA?

c TENTOU POR CONTA PRÓPRIA OU COM AJUDA DE ALGUM PROFISSIONAL DA ÁREA DA SAÚDE? QUAL?

d FEZ USO DE ALGUM MEDICAMENTO NESTA (S) TENTATIVA (S)?

e TEVE REAÇÃO À ALGUM MEDICAMENTO UTILIZADO?

f A FAMÍLIA TEVE CONHECIMENTO DESTA (S) TENTATIVA (S)? RECEBEU APOIO?

g QUANTO TEMPO CONSEGUIU FICAR SEM FUMAR?

h QUAL MOTIVO O (A) LEVOU À VOLTAR A FUMAR?

8 FUMA DENTRO DE CASA? SIM NÃO


9 OUTRAS PESSOAS TAMBÉM FUMAM NA SUA CASA? SIM NÃO

QUEM?

10 FUMA NO TRABALHO? SIM NÃO


11 OUTRAS PESSOAS FUMAM NO AMBIENTE DE TRABALHO? SIM NÃO

12 QUAL CONSIDERA O MAIOR OBSTÁCULO PARA PARAR DE FUMAR?

OBSERVAÇÕES:

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TESTE DE FAGERSTRÖM PARA AVALIAÇÃO


DA DEPENDÊNCIA À NICOTINA
PONTOS

EM ATÉ 5 MINUTOS 3

DE 6 A 30 MINUTOS 2
APÓS QUANTO TEMPO, LOGO DEPOIS DE ACORDAR, VOCÊ FUMA O 1º
CIGARRO?
DE 31 A 60 MINUTOS 1

APÓS 60 MINUTOS 0

SIM 1
ACHA DIFÍCIL ABSTER-SE DE FUMAR EM LOCAIS ONDE SÃO PROIBIDOS?
NÃO 0

O PRIMEIRO DA MANHÃ 1
QUAL DOS CIGARROS FUMADOS DURANTE O DIA LHE PROPORCIONA MAIS
PRAZER?
QUALQUER OUTRO 0

10 OU MENOS 0

DE 11 A 20 1
EM MÉDIA, QUANTOS CIGARROS VOCÊ FUMA POR DIA?
DE 21 A 30 2

MAIS DE 31 3

SIM 1
VOCÊ FUMA COM MAIOR FREQUÊNCIA NO PERÍODO DA MANHÃ?
NÃO 0

SIM 1
VOCÊ FUMA MESMO DOENTE, QUANDO PRECISA FICAR NA CAMA A MAIOR
PARTE DO DIA?
NÃO 0

TOTAL:

TOTAL DE PONTOS PARA AVALIAÇÃO DA DEPENDÊNCIA: 0-2 PONTOS: MUITO BAIXA


3-4 PONTOS: BAIXA
5 PONTOS: MÉDIA
6-7 PONTOS: ELEVADA
8-10 PONTOS: MUITO ELEVADA

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IMPORTÂNCIA
DO CIRURGIÃO
DENTISTA NA
PREVENÇÃO E
CONTROLE DO
TABAGISMO

O cirurgião-dentista, como profissional da saúde, deve atuar no controle do


tabagismo, exercendo um papel de clínico, educador e formador de opinião,
devendo servir de modelo para seus pacientes e abordando a dependência
à nicotina como padrão na prática do atendimento odontológico.121
As estratégias aplicadas pelos profissionais da saúde na cessação do ta-
bagismo são bastante efetivas e, uma vez que a população de tabagistas
frequenta mais o consultório odontológico que o consultório médico, os
dentistas têm papel importante no encorajamento, orientação e ajuda no
abandono deste hábito. 124,125,126
Ajudar os pacientes a abandonarem o cigarro deveria ser uma prática ro-
tineira nos serviços de saúde: uma abordagem de 3 a 5 minutos pode ser
viável, eficaz e eficiente.121
Infelizmente, este tipo de estratégia, denominada aconselhamento breve ao
tabagista, não faz parte da rotina da clínica odontológica, nem dos dentis-
tas. Falta tempo, treinamento específico e maior esclarecimento quanto às
formas de intervenções para cessação do tabagismo, para melhor orientar o
paciente. Quando o paciente tabagista requerer ajuda em grupo terapêutico
e/ou apoio farmacológico para a cessação, o dentista deve referir a seu mé-
dico assistente ou a algum serviço de saúde próximo que ofereça programas
para cessação do tabagismo. 126,127,128
É de grande importância então o conhecimento e atualização do cirurgião
dentista a respeito do tabagismo, pois a cessação influenciará na qualidade
de vida do indivíduo e em sua saúde oral e sistêmica.129,130
O dentista está em uma posição única para ajudar o paciente tabagista. Nos
países desenvolvidos, mais de 60% dos fumantes procuram anualmente o
consultório odontológico, sendo uma ótima oportunidade para o dentista:

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avaliar e tratar diversos danos causados pelo tabaco; atuar na prevenção da


iniciação e na abordagem breve do tabagismo, uma vez que alcançam indi-
víduos de todas as idades; alertar mulheres em idade fértil ou grávidas dos
malefícios causados pelo tabaco durante a gestação; aumentar o interesse do
paciente em parar de fumar, mostrando os efeitos do tabaco em sua boca.121
Pacientes que visitam regularmente o consultório dentário podem receber
mais informações sobre os malefícios do cigarro e maiores estímulos para o
abandonar.
O consultório odontológico deve ser um ambiente livre de tabaco: podem
ser colocados adesivos informando sobre esta política em áreas bem visí-
veis e deve ser disponibilizado material de leitura orientando sobres os ris-
cos de fumar e sobre as estratégias para cessação na sala de espera.121, 128
As estratégias utilizadas a respeito do tabagismo irão depender do nível de
dependência do usuário. No caso de pacientes que não fumam, deve haver
sempre elogios e incentivo para que nunca comecem. No caso de fuman-
tes, deve haver sempre o alerta sobre os malefícios causados na saúde geral
e bucal: fotos comparando fumantes e não fumantes e fotos mostrando a
melhora da saúde bucal após a cessação podem ser um ótimo artifício. Os
pacientes que ainda não estiverem prontos para abandonar o cigarro não
devem ser pressionados, mas encorajados e ajuda deve ser oferecida com
informações sobre os riscos de continuar fumando, tanto para os resultados
do seu tratamento odontológico quanto para a saúde em geral.121, 128
A cada consulta, os pacientes devem ser questionados sobre o presente sta-
tus do uso de tabaco para que o prontuário contenha sempre informações
atuais.121, 128
Os cirurgiões-dentistas devem limitar seu trabalho na cessação ao impor-
tante aconselhamento breve, que deve ser oferecido a todos os pacientes
fumantes. Os pacientes com quadros depressivos ou aqueles que relataram
maior dificuldade de interromperem o fumo com o aconselhamento breve,
exigem abordagens intensivas, devendo ser encaminhados ao médico assis-
tente ou a um serviço de saúde que ofereça grupos terapêuticos e tratamen-
to com medicamentos. 112, 121, 128

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