Você está na página 1de 14

INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES DA AMAZÔNIA

ENGENHARIA ELÉTRICA

ALVARO CASTRO DOS SANTOS


CLEDSON OLIVEIRA DA SILVA

ANÁLISE DE ENSAIOS ELÉTRICOS DE ISOLAMENTO EM AC, EM


DIFERENTES METODOLOGIAS, EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA
DE ALTA TENSÃO.

Artigo apresentado ao curso de Graduação em


ENGENHARIA ELÉTRICA como requisito parcial
para a obtenção do Título de ENGENHEIRO
ELETRICISTA.

Orientador: Prof. Msc. Rildo Arrifano

BELÉM – PA
2013
INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES DA AMAZÔNIA
ENGENHARIA ELÉTRICA

ALVARO CASTRO DOS SANTOS


CLEDSON OLIVEIRA DA SILVA

ANÁLISE DE ENSAIOS ELÉTRICOS DE ISOLAMENTO EM AC, EM


DIFERENTES METODOLOGIAS, EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA
DE ALTA TENSÃO.

Este Artigo foi julgado adequado para a obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia Elétrica, e aprovado na
sua forma final pelo Instituto de Estudos Superiores da Amazônia.

Data: 24/06/2013

Nota: __________

_______________________________________________
Prof. Msc. Rildo Arrifano
Orientador – IESAM

_______________________________________
Prof. Msc. Fábio Correa dos Santos
Avaliador - IESAM

BELÉM - PA
2013
Autorização para Publicação Eletrônica de Trabalhos Acadêmicos

Na qualidade de titular dos direitos autorais do trabalho citado, em consonância com a Lei nº 9610/98, autorizo o
Instituto de Estudos Superiores da Amazônia a disponibilizar gratuitamente em sua Biblioteca Digital, e por meios eletrônicos,
em particular pela Internet, extrair cópia sem ressarcimento dos direitos autorais, o referido documento de minha autoria, para
leitura, impressão e/ou download, conforme permissão concedida.
Análise de Ensaios Elétricos de Isolamento em AC,
em diferentes Metodologias, em Transformadores de
Potência de Alta Tensão.
A.C. Santos & C. O. Silva

Resumo  O presente trabalho tem como principal objetivo Esta falta de manutenção e o envelhecimento destes
mostrar os resultados e a eficácia da utilização dos Instrumentos equipamentos propiciam mais frequentemente desligamentos,
em Medições de Isolamento de Transformadores e seus que antes com muita raridade se via. Empresas geradoras,
componentes, possibilitando assim um acompanhamento preciso e transmissoras e concessionárias, buscam meios de diminuição
confiável da equipe de manutenção para a eliminação de possíveis
de falhas, tendo suas inspeções o tempo muito reduzido.
falhas do equipamento que acarretam grandes perdas materiais e
financeiras, e consequentemente proporcionar para seus clientes o
Então, se faz necessário a aquisição de instrumentos de
fornecimento confiável de energia com qualidade e ainda manter ensaios mais modernos e mais confiáveis, que realizem os
os índices de qualidade de energia e de fornecimento dentro dos testes de modo rápido e prático.
padrões aceitáveis. O trabalho inicialmente apresenta o O equipamento a ser estudado, será o Transformador de
funcionamento dos transformadores, componentes e principais Potência, peça chave nos sistemas de transmissão e
tipos. Apresenta métodos de ensaios realizados no transformador distribuição de energia elétrica, pois é responsável pela
para garantir seu perfeito funcionamento. Apresenta a evolução conversão de grandes blocos de energia. É o elemento central
para realização de ensaios de isolamento, assim como exemplos das subestações de energia e em geral é o elemento mais
práticos para validação deste trabalho. São apresentados ensaios
caro. Avaria em Transformadores, com sua retirada de
realizados em transformadores de 230 KV e autotransformadores
da subestação do Guamá. Os resultados obtidos comprovam o
operação, representa um enorme problema, pois pode
grande avanço e confiabilidade alcançada pelos Instrumentos de provocar grandes desligamentos, eventualmente de grande
Ensaio de Isolação, DOBLE, CPC-100, DIRANA em ensaios de duração. Além disso, os custos associados à sua manutenção
isolamento. corretiva são em geral elevados.
Os aspectos construtivos de transformadores de potência
Palavras Chaves  Transformadores de Potência, Ensaios são dimensionados de forma a garantir uma proteção com
Elétricos, Fator de Potência de Isolação, Ensaios em relação às condições de operação em subestação, e com isso
Equipamentos Elétricos, Doble, CPC-100, Dirana, Ponte sua parte ativa (núcleo e enrolamentos) fica protegida por um
Schering. tanque metálico de alta resistência, o que dificulta os
processos de manutenção. Nesse contexto, as técnicas de
Abstract  The present work has as main objective to show the
results and effective use of instruments for measurement of
manutenção preditiva baseadas em medições indiretas são de
insulation in transformers and its components, thus enabling grande interesse.
accurate and reliable monitoring of the maintenance team to Assim, o trabalho nos mostra, a evolução dos ensaios
eliminate potential equipment failure that causes large financial elétricos efetuados, mais precisamente nos Transformadores
and material losses, and hence to provide their customers with de Potência em Alta Tensão, onde devido a falta de
reliable power supply quality and still maintain quality indexes equipamento reserva, fica cada vez mais difícil a interrupção
and energy supply within acceptable standards. The initial work destes. O foco será a execução dos ensaios de Fator de
shows the operation of power transformers, components and Potência de Isolação, Fator de Dissipação e Capacitância.
major types. Presents methods of testing carried out on the
Realizar-se-á um estudo teórico do equipamento e dos
transformer to ensure perfect operation. Shows the trend for
performing insulation tests, as well as practical examples to
métodos de ensaios, onde condicionará a verificação da
validate this work. Are presented tests on transformers and principal causa de falhas, que é o surgimento da
autotransformers of 230 KV Substation Guama. The results “UMIDADE” no interior do equipamento.
demonstrate the reliability and breakthrough achieved by
insulation test instruments, DOBLE, CPC-100, DIRANA in II. O TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA
isolation tests.
O transformador forma a base de todo o sistema de geração,
I. INTRODUÇÃO transmissão e distribuição de energia em corrente alternada.
Ele proporciona utilizar diferentes níveis de tensão ao longo
A TUALMENTE, o setor elétrico encontra-se na situação
que não se pode pensar um só minuto o consumidor sem
energia elétrica, nas casas, indústrias, comércios e etc. Isto
do sistema. Desta forma pode-se optar pela tensão mais
viável técnica e economicamente. Os transformadores são
tem um preço, e uma das condições exigidas, é a necessidade empregados para as mais variadas aplicações, desde simples
dos equipamentos ficarem disponíveis o tempo que possível alterações na amplitude da tensão até a complexa regulação
sem manutenção, devido a multas elevadíssimas em do ângulo de fase.
eventuais interrupção.

A. C. Santos, Instituto de Estudos Superiores da Amazônia (IESAM),


Belém, Pará, Brasil, acastro@eln.gov.br
C. O. da Silva, Instituto de Estudos Superiores da Amazônia (IESAM),
Belém, Pará, Brasil, cledson.silva@eletronorte.gov.br
A. Elementos Estruturais de um transformador de R2 – Resistência elétrica representando as perdas por
Potência. absorção; e,
Na construção de um transformador de potência verifica- U – Diferença de potencial aplicada.
se a existência de elementos estruturais responsáveis por
garantir a rigidez mecânica do conjunto em funcionamento e
de componentes responsáveis por promover isolação elétrica
e resfriamento [1].
As partes principais são: Tanque principal; Tanque de
expansão; Radiadores + ventilação forçada; Núcleo;
Enrolamentos; Estrutura isolante madeira papel [1].

Figura. 2. Propriedades de um isolamento

Conhecendo-se a DDP entre duas placas e também a


distância entre as mesmas, o campo elétrico pode ser suposto
uniforme e dado por:

(1)
Onde,
Ec – rigidez dielétrica em KV/mm ou KV/pol.
Uc – tensão de ruptura em KV
Dc – distância entre dois pontos de aplicação de tensão (eletrodos).
Figura 1. Identificação da parte ativa de um transformador de potência. Conservando-se a distância dc constante e aumentando-se o
valor de Uc, o campo cresce. Para um determinado valor de
Buchas
tensão, se o campo elétrico (Ec) for suficientemente grande
Para que se possa ter acesso aos terminais dos enrolamentos
para romper o dielétrico, então uma descarga no mesmo se
de um transformador é necessária a utilização de
manifestará. Este valor de campo elétrico é denominado
componentes capazes de realizar o contato elétrico mantendo
rigidez dielétrica. O valor de Uc, que proporciona
o isolamento do tanque do transformador ao mesmo tempo
rompimento do dielétrico, é chamado de tensão de ruptura
em que mantém a isolação elétrica. A esses componentes de
[3]. A Tabela IV mostra alguns valores de dielétricos.
transformadores denominam-se buchas. Basicamente existem
dois tipos de buchas de transformadores: as de alta e as de TABELA IV
baixa tensão. Seus detalhes construtivos variam de forma a se RIGIDEZ DIELÉTRICA DE ALGUNS MATERIAIS.
adaptar ao nível de tensão de trabalho. Sua construção é mais
simplificada, sendo composta de uma barra condutora, que Dielétrico Rigidez(kV/mm)
conecta os terminais dos enrolamentos ao meio externo, e um Ar 30
corpo isolante (porcelana, vidro, ou material polimérico). Sua Baquelite 250
superfície externa é construída com abas em formato de cone Mica 2000
para que haja um aumento da superfície exposta (caminho
Papel 400
superficial), diminuindo o risco de ruptura, ao mesmo tempo
em que dificulta a formação de filetes de água da chuva. Vidro, Óleo
Isolante, Porcelana 300
A bucha de alta tensão contém óleo isolante ao longo de
toda a sua extensão, em geral o mesmo tipo de óleo utilizado D. Constante Dielétrica Relativa (Er)
no tanque principal. Devido a seus aspectos construtivos, as Material isolante entre as placas de um capacitor, sua
buchas de alta tensão são também conhecidas como buchas capacidade aumenta de um fator maior que a unidade
capacitivas [1].
denominada Constante Dielétrica Relativa ou Índice
Dielétrico ER [5].
B. Acessórios de proteção de um transformador
São equipamentos que auxiliam em possíveis falhas nos E. Absorção Dielétrica
transformadores. São acessórios de Proteção de É um fenômeno intimamente ligado à polarização do meio
transformador: Relé de Gás (BUCHHOLZ), Indicador de
que compõe o dielétrico [5].
Nível de Óleo, Válvula de Alívio de Pressão, Termômetro
Indicador de Temperatura do Óleo [1].
F. Perdas Dielétricas

C. Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento de um Em termos de corrente contínua entende-se por perdas
transformador de potência. dielétricas aquelas que são provocadas pela corrente de
Ao se aplicar tensão nos enrolamentos, o isolamento ficará condução ou de fuga (If). Em termos de corrente alternada
submetido a uma diferença de potencial originando um entende-se por perdas dielétricas aquelas provocadas pela
campo elétrico, (figura 2). corrente de fuga e pela componente ativa da corrente de
R1 – Resistência elétrica à corrente de fuga; absorção [5]. Ao se aplicar corrente contínua no dielétrico,
C – Capacitância do dielétrico; a corrente que se estabelece é composta por três parcelas
básicas, que são:
- Corrente de Deslocamento ou de Carga Capacitiva – menor que 90 graus (fig. 5) , sendo denominado de . Sendo
surge no instante inicial da energização e possui a mesma que  = 90 - , e é chamado de ângulo de perdas [12].
função que uma corrente de carga de um capacitor (corrente
“inrush”), dependendo do tratamento e forma do material
isolante [3].
- A corrente de absorção - responsável pela polarização dos
dipólos elétricos que constituem a massa do dielétrico [5,15].
- A corrente de dispersão ou de fuga - através do dielétrico
flui pela superfície e pelo interior da massa do dielétrico e é
de caráter irreversível. Tal corrente não varia com o tempo de
aplicação de tensão e, nestas condições, se houver alguma
elevação de seu nível é indicativo que o isolamento pode vir a
falhar. A quantificação da dificuldade de circulação da
corrente de fuga é chamada de "Resistência de Isolamento"
[5,15]. Figura 4. Circuito simplificado do isolamento.

G. Determinação da Umidade no Isolamento

A umidade no isolamento do papel causa três perigosos


efeitos: diminui a rigidez dielétrica, aumento do
envelhecimento da celulose e provoca a emissão de bolhas
em altas temperaturas [5].
A figura 3 mostra a representação do isolamento em um
enrolamento em um transformador com os espaços
preenchidos com óleo isolante. Aplicando-se uma tensão de
teste no enrolamento de Alta Tensão, a corrente flui pelo
isolamento principal para o enrolamento de baixa e volta para
o instrumento de teste onde ela é medida. A ordem de
grandeza dessa corrente chega a nano ou pico amperes [5].

Figura 5. Definição de tgδ e diagrama vetorial, ângulo de perdas.

A. Método Ponte Schering- CPC100

Em 1919 foi idealizado a Ponte Schering e em 1924 houve


a primeira aplicação para verificação do fator de potência de
isolação, com o seu esquema. Na figura 6, C1 e R1 conectados
em série representam as perdas do objeto em teste, e C 2
representa perdas livres do capacitor de referência [13].

Figura 3. Representação do isolamento de um enrolamento de transformador

A condutividade do papel e do óleo, além do efeito de


polarização interfacial são medidas. A polarização e a
condutividade são afetadas pela geometria do isolamento e
sua composição [5]. Figura 6. Esquema Ponte Schering e determinação da tangente delta.

III. MÉTODOS DE ENSAIO DE ISOLAÇÃO A figura 7, mostra o diagrama de circuito paralelo que pode
ser transferido como equivalência direta para dentro do
Um sistema de isolação ideal comporta-se como um diagrama série em frequencias específicas. O sistema de
capacitor sem perdas, que ligado a uma fonte de corrente ensaio utiliza um método similar àquele da ponte Schering. A
alternada será percorrido por uma corrente “Ic”, chamada principal diferença é que o sistema descrito na figura 6 não
corrente de carga, adiantada de 90 em relação à tensão necessita de ajustes para medição de capacitância e do fator
aplicada (fig. 4). Em uma isolação real, aparece uma corrente de potência. A fig. 8 mostra o cálculo da Correlação entre
de fuga “Ir” em fase com a tensão aplicada, originando uma Fator de Dissipação (FD) e Fator de Potência (FP) [13].
fuga de potência ativa (perdas Watts) muito pequena através
da isolação, que se manifesta produzindo aquecimento devido
ao efeito Joule. Devido a essa corrente, surge um ângulo
Officce, com o objetivo de facilitar o armazenamento dos
ensaios.
A planilha em Excel (Ver Anexo A), com os valores dos
ensaios realizados, mostra os parâmetros que são importantes
para análise do teste, são eles:

Vmeas - Tensão Medida (Volts); Cp – Capacitância (Farad); Imeas –


Corrente Medida (A); PF – Fator de Potência (%); Pt – Potência (W); Qt –
Potência Reativa (Var); St – Potência Aparente (VA); Rp – Resist.Ohms –
(Ω)

B. Metodologia de Ensaio Através do Método Double –


Metodologia Antiga
Figura 7. Esquema CPC-100 / CPTD1 O ensaio com o instrumento de medição de fator de potência
da DOBLE, pioneiro em ensaios de fator de potência, o qual
utiliza Ponte de Impedâncias, fabricado em 1983, tipo M2H,
totalmente analógico, tendo a necessidade de anotação em
folha de ensaio e resultados obtidos através de cálculos com
os dados medidos [14]. Os Resultados obtidos através deste
método são anotados através de uma planilha padrão (Anexo
B).

C. Análise de Resposta do Dielétrico – Método DIRANA

A resposta dielétrica de isolamento pode ser registrada no


domínio do tempo ou no domínio da frequência. No domínio
do tempo têm-se o registro da medida de carga e descarga das
correntes de isolamento. Este procedimento é conhecido
Figura 8. Correlação entre Fator de Dissipação (FD) e Fator de Potência como Corrente de Polarização e Despolarização (Polarization
(FP). and Despolarization Currents – PDC). As medidas no
domínio da frequência são obtidas através das medições de
Identifica-se IRp como corrente ativa Ia e a corrente tangente delta, com a faixa de frequência maior,
capacitiva como Ic, então: especialmente em baixas frequências, já este procedimento é
chamado de Espectroscopia no domínio da Frequência
tg   I a ou, em termos percentuais tg  %  I a
 100 . (Frequency Domain Esctrocopy) [6].
I c I c
O instrumento utilizado neste trabalho aquisita dados no
Sendo o ângulo entre a tensão e a corrente total, domínio da frequência na Escala de 01 Hz a 5 KHz e no
define-se o cos como fator de potência do isolamento. domínio do tempo de 0,1 Hz a 100µHz, para uma avaliação
Embora o fator de potência seja definido da mesma forma mais profunda dos dados. Os valores no domínio do tempo
que a de um circuito de corrente alternada, os conceitos não são transformados para o domínio da frequência [8]. A figura
devem ser confundidos. É interessante que o fator de potência 9 mostra a combinação das medidas no domínio da
de carga assuma altos valores, enquanto que, no caso dos frequência e no domínio do tempo.
dielétricos, ele deve ser o menor possível. Naturalmente, o
cosnão é constante, dependendo da frequência e da
temperatura. Em função do exposto, verifica-se que surgem
perdas no dielétrico, quando este é submetido a um campo
elétrico produzido pela tensão aplicada, as quais se traduzem
em seu aquecimento [13].
Por fim os métodos analisarão estas perdas, um utilizando
watt por volt-ampére com a frequência de 60Hz e o outro
através dos valores de tgou cosobtidos com a ponte
Schering com frequências de 17 a 400Hz [13].

Este dispositivo possui um Processador Digital de Sinal


(DSP) que gera sinais senoidais de até 12kV numa faixa de
frequencia de 15 a 400Hz alimentado através de um
amplificador de potência. Um transformador de saída
combina a impedância interna do amplificador com a
impedância do objeto sob teste. Por utilizar a frequência de Figura 9. Combinação de medidas no domínio do tempo e no domínio da
teste diferente da frequência de linha e seus harmônicos, frequência.
junto com medições usando técnicas de filtragem seletiva, o
equipamento de teste pode ser operado em campo, até em D. Análise da Interpretação no Domínio da Frequência.
subestações com altos distúrbios eletromagnéticos [13].
Com a utilização de um software, os dados obtidos são Como foi visto a umidade tem grande influência nas
transportados automaticamente para uma planilha Excel do propriedades dielétricas do isolamento, como a corrente de
polarização e despolarização, capacitância e fator de
dissipação. A resposta do teste de dissipação com a variação  Desconectar barramentos ou cabos de seus
da frequência tem como formato típico um “S”. Com o enrolamentos, ou seja, desconectar os terminais de
aumento do teor de umidade, da temperatura ou com o todas as buchas condensivas, até as de neutro;
envelhecimento, a curva aumenta para frequências mais  Curto-circuitar todos os enrolamentos, ou seja,
elevadas [3]. início e fim de bobina; e
A umidade influencia em toda faixa de frequência. A parte  Verificar o bom estado de aterramento do
central da curva com o gradiente elevado (grande variação de Transformador.
valores) mostra a condutividade do óleo, essa é a parte que o B. Condições preliminares do instrumento de ensaio:
fator de dissipação decai rapidamente, tendo o formato de
uma rampa. Antes do decaimento contínuo, são registradas as  Montagem do instrumento de acordo com o manual;
condições de geometria do isolamento. Essas condições  Verificação do bom estado de aterramento do
determinam uma elevação à esquerda do registro da instrumento;
condutividade do óleo [3,6].  Verificação das condições dos cabos do instrumento
A parte da curva relativa aos menores valores de frequência utilizados para realização dos ensaios; e
é onde se determina as propriedades do isolamento sólido,
 Estar em mãos com as planilhas de resultados
conforme a figura 10.
anteriores
C. Condições do Engenheiro ou Técnico Eletricista
operador de ensaio:

 Estar bem treinado em ensaios de isolamento (teoria


e prática);
 Estar treinado e experiente com a operação do
instrumento de teste;
 Estar treinado e aplicando regras das normas de
segurança do trabalho.

D. Ensaios Padrões

Para realização dos ensaios para este tipo de equipamento,


são necessários 10 (dez) testes, sendo 6 (seis) para medir
Figura 10. Esquema da interpretação de uma curva do fator de dissipação. enrolamentos e 4 (quatro) para verificação das buchas
condensivas. São eles:
A figura 3.11 demonstra as curvas características do papel,
ENSAIO 1: H – X (lê-se H contra X, ou seja, PRIMÁRIO
óleo e da polarização interfacial, quando da condição de teste contra SECUNDÁRIO) a capacitância lida será CH-X.
do Transformador. ENSAIO 2: H – Y (lê-se H contra Y, ou seja, PRIMÁRIO
contra TERCIÁRIO) a capacitância lida será CH-Y.
ENSAIO 3: H – G (lê-se H contra G, ou seja, PRIMÁRIO
Hz contra TERRA) a capacitância lida será C H-G.
ENSAIO 4: X - Y (lê-se X contra Y, ou seja, SECUNDÁRIO
contra TERCIÁRIO) a capacitância lida será CX-Y.
ENSAIO 5: X - G (lê-se X contra G, ou seja, SECUNDÁRIO
contra TERRA) a capacitância lida será CX-G.
ENSAIO 6: Y - G (lê-se Y contra G, ou seja, TERCIÁRIO
contra TERRA) a capacitância lida será CY-G.

E. Tipos de Ligações utilizados nos testes

O trabalho se baseia nos testes de enrolamentos, no qual para


obter-se a real medição dos mesmos, é necessário saber como
os mesmos são ligados, bem como se deve saber as
identificações de suas siglas onde são usadas.
 UST – Ungrounded Specimen Test, quer dizer, teste
Figura 11. Superposição fenômeno dielétrico em um Transformador. do espécime DESATERRADO. Leitura apenas do
objeto sob teste. As fugas em direção a terra NÃO
serão lidas.
IV. ENSAIOS REALIZADOS EM CAMPO.  GST – Grounded Specimen Test, quer dizer, teste do
Os ensaios para verificação do estado do isolamento de espécime ATERRADO. Leitura das fugas em direção
transformadores são padronizados, então qualquer a terra.
instrumento realizará da mesma forma e condições do  GSTg – Grounded Specimen Test (guard), quer dizer,
equipamento. guarda-se as fugas em direção ao espécime e executa-
se leitura das fugas em direção a terra.
A. Condições preliminares do Transformador de Potência  HV – Cabo de Alta Tensão.
para o ensaio:  LV – Cabo de Baixa Tensão (informação de retorno).
 A – Cabo LV Vermelho.
 Estar desenergizado;  B – Cabo LV Azul.
F. Ensaios realizados

Então o Transformador está desligado e curto-circuitado,


pronto para realização dos ensaios de isolamento. Seguem as
sequências de cada teste a ser feito:

ENSAIO Nº 1 - instrumento na posição USTA, será obtido


leitura do isolamento CH-X, PRIMÁRIO contra
SECUNDÁRIO (fig. 12).

Figura 15. Esquema de Ligação Ensaio Nº4.

ENSAIO Nº 5, instrumentos na posição GSTgA+B, será obtido


leitura do isolamento CX-G , SECUNDÁRIO contra TERRA
(Fig.16).

Figura 12. Esquema do Transformador, Ensaio de Nº 1.

ENSAIO Nº 2 - instrumento na posição USTB, será obtido


leitura do isolamento CH-Y, PRIMÁRIO contra TERCIÁRIO
(Fig. 13).

Figura 16. Esquema de Ligação Ensaio Nº5.

ENSAIO N° 6 - Para o ensaio seguinte, mudam-se cabos nos


enrolamentos. O instrumento na posição GSTgA+B, será
obtido leitura do isolamento CY-G , TERCIÁRIO contra
TERRA (Fig. 17).

Figura 13. Esquema do Ensaio Nº 2.

ENSAIO Nº 3 - instrumento na posição GSTgA+B, será obtido


leitura do isolamento C H-G , PRIMÁRIO contra TERRA (Fig.
14).

Figura 17. Esquema de Ligação Ensaio Nº6

G. Ensaios em Buchas

Os ensaios seguintes identifica-se o isolamento das buchas.


Na figura 18, mostra-se o modelo interno de uma bucha
condensiva.

Figura 14. Esquema do Ensaio Nº 3.

ENSAIO Nº 4 - Para o ensaio Nº 4, há necessidade de


mudança dos cabos do instrumento nos enrolamentos.
O instrumento deve estar na posição USTB, onde é obtida
leitura do isolamento CX-Y, SECUNDÁRIO contra
TERCIÁRIO (Fig. 15).
Figura 18. Modelos Buchas Condensivas e suas Capacitâncias C1 e C2.
ENSAIO N° 7 - instrumento na posição USTA, é obtido
leitura do isolamento C1 da bucha H1(cabo A (verm.) no Com base nos dados mostrados na Tabela II, pode-se
TAP), o HV no topo da bucha e o B (azul) nos outros comparar os valores obtidos do Fator de Potência, entre os
enrolamentos ligando os mesmos à terra, como mostra na Instrumentos DOBLE (na frequência de 60Hz, e o
figura 19. Instrumento CPC100, com a variação da frequência no
intervalo de 40 a 100Hz), conforme figura 21.

Figura 19. Esquema de ensaio para medição de C1 na bucha H1.


Figura 21. Comparação valore do Fator de Potência entre DOBLE e
CPC100.
ENSAIO N° 8 - para o ensaio de Nº 8 mudam-se os cabos do
instrumento aos enrolamentos. Também se modifica a Na figura 22, mostra a curva encontrada no ensaio realizado
posição de leitura para GSTgA+B, onde será obtida a leitura do do Enrolamento de Alta para Baixa Tensão.
isolamento C2 da bucha H1, o cabo A (verm.) no Topo da
bucha), o HV no Tap da bucha e o B (azul) nos outros
enrolamentos, como mostra a figura 20.

Figura 22. Gráfico do Ensaio N° 1, com a DIRANA.


Figura 20. Esquema de ensaio para medição de C2 na bucha H1.
A. Comparação entre os três instrumentos
Para os ensaios 9 e 10, C1 e C2 da bucha do enrolamento
secundário X1 respectivamente, segue mesma orientação dos A fim de comparar os valores dos três ensaios realizados
ensaios 7 e 8, vale lembrar os cuidados conquanto ao tem-se a sobreposição dos ensaios. Na figura 23, mostra os
posicionamento dos cabos. Os ensaios de 1 a 7 e 9 aplica-se valores em um único gráfico.
10KV, já os ensaios 8 e 10 aplica-se no máximo 2kV, devido
a tensão de isolação suportável.

V. ANÁLISE DOS DADOS DE ENSAIO

As planilhas de testes, referentes aos ensaios realizados


utilizando os três instrumentos estão em anexos, conforme a
sequência DOBLE (ANEXO A), CPC100 (ANEXO B) e
DIRANA (ANEXO C).
Na Tabela II, mostra uma comparação dos principais
parâmetros, comparando os três equipamentos de estudo.

TABELA II
RESUMO DOS VALORES DOS PRINCIPAIS PARÂMETROS ENCONTRADOS Figura 23. Curvas encontradas sobrepostas dos três equipamentos.

Comparando resultados sobrepostos, identifica-se grande


DOBLE CPC100 DIRANA proximidade dos valores nos dois métodos que aplicam 10kV
CORRENTE (µA) 9,29 9,329 - e uma imagem destes valores no método da DIRANA quando
TENSÃO (V) 10000 10000 200
aplica 200V.
O gráfico “Tempo versus Tensão de Aplicação” da figura
POTÊNCIA ATIVA (W) 0,196 0,1982 - 24 mostra que durante alguns anos ensaios medidos abaixo de
FATOR DE POTÊNCIA 0,2109 0,2117 0,002129 10000 Vca possivelmente não informarão a real situação do
CAPACITÂNCIA (PF) 2461,8 2465,26 2468,8
isolamento do equipamento. Isto se deve a estudos que, em
campo para verificação de fator de potência com frequências
FREQUÊNCIA (HZ) 60 60 60 que permitem valores elevados de tensão, tenha necessidade
de provocar esta corrente de fuga para verificação da
resistência a condutividade. VI. CONCLUSÃO
O grande desafio para o mantenedor é reconhecer as
anormalidades do sistema sob sua responsabilidade de forma
a fornecer informações exatas para uma tomada de decisão.
Testar, checar e obter resultados, são atividades rotineiras e
este trabalho apresentado contribui no sentido de iniciação a
execução de ensaios de isolação de equipamentos de potência
e envolvimento na compreensão das unidades e também uma
compreensão mais profunda nas várias formulas que são
utilizadas nestes ensaios.
Foi constatado que os três métodos de ensaios mostrados
nesse artigo, são confiáveis para manutenção preventiva e
preditiva e que a nítida evolução dos testes de isolamento é
muito importante para que se obtenha uma maior eficiência e
eficácia na rapidez dos resultados.
Há de destacar também que os resultados obtidos nos testes
realizados em campo, mostraram a confiabilidade do
equipamento ensaiado, pois os seus resultados foram
Figura 24. Gráfico Tensão de Aplicação versus Idade do Equipamento compatíveis com aqueles obtidos em comissionamento, bem
como aos ensaios realizados em fábrica.
A certeza de validação destes instrumentos já comprovada REFERÊNCIAS
pelos fabricantes, agora confirmados nestes ensaios
realizados por equipe de manutenção em campo. [1] J. Mamede Filho, “Manual de Equipamentos Elétricos”. LTC – Livros
Técnicos e Científicos Editora, 3ª edição. Rio de Janeiro, 2005.
O Instrumento da DOBLE, mesmo mais antigo, obteve
[2] J. A. Edminister, "Electromagnetics", McGraw-Hill, São Paulo, 1979.
resultado satisfatório. [3] J. C. Oliveira, J. R. Cogo, J. P. G. Abreu, “Transformadores: Teoria e
Identificou-se que os métodos modernos, como por Ensaios”, Edgar Blücher, São Paulo, 1984.
exemplo, a CPC-100/CPTD1, fornecem resultados em várias [4] I. L. Kosow, “Máquinas Elétricas e Transformadores”, Globo, São Paulo,
frequências, possibilitando assim, a construção de uma curva, 1977.
[5] M. E. C. Paulino, V. C. V. M. Beltrão, “Diagnóstico em Campo de
que é conhecida como Curva Identidade do Equipamento. Umidade no Isolamento de Transformadores de Potência e Buchas de Alta
Esta curva para equipamentos como transformadores de Tensão” in IEEE/PES T&D2010 Latin America, São Paulo, SP, 2010
potência, buchas condensivas, divisores capacitivos e outros [6] M. E. C. Paulino, V. C. V. M. Beltrão, “Aplicações de Análise Resposta
com capacitâncias identificadas, possibilita ao mantenedor, em Frequência e Impedância Terminal para Diagnóstico em
Transformadores” in XIII ERIAC – Décimo Tercer Encuentro.
analisar resultados junto às curvas-padrão, oferecendo [7] M. Koch, S. Tenbuhlen: “The Breakdown Voltage of Insulation Oil under
confiabilidade no equipamento. the influence of Humidity, Acidity. Particles and Pressure” International
Verificou-se a necessidade de compreensão teórica em Conference on Advances in Processing. Testing and Application of Dieletric
Materials APTADM, 26. – 28.09.2017, Wroclaw.
ensaios de isolação, em equipamentos elétricos de grande
[8] DIRANA, Application Guide “Measuring and Analyzing Power
potência e em instrumentos de ensaios de fator de potência Transformers”, Fevereiro 2010.
(cos), fator de dissipação (tan) e capacitância. [9] M. Milasch, “Manutenção de Transformadores em Líquido Isolante”,
Observou-se a necessidade de experiência do mantenedor, Edgar Blücher, São Paulo, 1984.
[10] J. Mamede Filho, “Instalações Elétricas Industriais”. LTC – Livros
quando: Técnicos e Científicos Editora, 8ª edição. Rio de Janeiro, 2012.
 Comparam-se ensaios com dados de placas do [11] J. Mamede Filho, D. R. Mamede, “Proteção de Sistemas Elétricos de
fabricante do equipamento ou com resultados Potência”. LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora, Rio de Janeiro,
anteriores ou com equipamento idêntico; 2011.
[12] C. K. Alexander, “Fundamentos de Circuitos Elétricos”, Bookman, São
 Revisa-se não só o cos ou a tan, mas também a Paulo, 2003.
corrente, a potência ativa, a potência reativa, a [13] Manual CPC-100/CPTD1, Artigo Número: VESD0606 Manual
potência aparente, a capacitância, etc.; Version: CPC100TD1.AE.5. OMICRON 2010.
[14] Manual de Teorias e Testes do Equipamento Doble, 1997.
 Identifica-se que um resultado muito baixo é tão
inaceitável quanto um resultado muito alto; [15] R.Robert, E. L. Kowalski, D. M. Gomes, “Artigos Gerais”, Rev. Bras.
Ensino Física. vol.30 n.º 3 São Paulo Julho/Setembro. 2008.
 Variação no valor da corrente ou capacitância de 5%
ou mais, deve ser investigado;
 O resultado for questionável examinam-se todos os
cabos para verificação de um bom contato metal a Alvaro Castro dos Santos é graduado em Matemática
pela Universidade Federal da Pará (UFPA), Belém, Pará,
metal; Brasil, em 2001. Atualmente é técnico especialista em
 Usando a cuba vazia para teste de amostras de óleo, ensaios elétricos em equipamentos de alta potência na
faz-se um ensaio a 5 kV na posição UST. Deve-se empresa ELETROBRÁS/ELETRONORTE e graduando
do Curso de Engenharia Elétrica no Instituto Estudos
medir em torno de 400 A e 0.002 watts, na menor Superiores da Amazônia (IESAM).
escala de Watts e com capacitância entre 106-110
pF. Cledson Oliveira da Silva é Técnico em Eletrotécnica
formado pela Escola Técnica Federal do Pará (ETFPA),
Deve-se ressaltar que os Ensaios de Isolamento não são Belém, Pará, Brasil, em 2001. Atualmente é técnico
especialista em ensaios elétricos em equipamentos de alta
destrutivos e que não se deve usar uma tensão além da potência na empresa ELETROBRÁS/ELETRONORTE e
capacidade limite do equipamento sob ensaio. Na graduando do Curso de Engenharia Elétrica no Instituto
determinação da capacidade limite do isolamento, leva-se em Estudos Superiores da Amazônia (IESAM).
conta a capacidade limite do neutro e NUNCA se fazer
ensaio num transformador sob vácuo.
ANEXO A: ENSAIO 1 COM O INSTRUMENTO “DOBLE”.
ANEXO B: ENSAIO 1 COM O INSTRUMENTO “CPC-100”.
ANEXO C: ENSAIO 1 COM O INSTRUMENTO “DIRANA”.

Você também pode gostar