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Um Homem Chamado Jesus
Um Homem Chamado Jesus
Quase Um Cético
3. 2 Pedro 1.16
na educação pública como na televisão; conseqüentemente, a
menos que os pais levem seus filhos e filhas regularmente à
igreja, muitos não terão um indício sequer de quem é
realmente o Filho de Deus.
Para ilustrar este triste fato, Dewey relatou como lhe foi dada
uma oportunidade de dar aula a uma classe do segundo grau a
apenas um mês antes de sua graduação. Ele apresentou o
nome de Jesus Cristo e ficou pasmo diante do absoluto
desconhecimento da classe. Curioso sobre aquele analfabetismo
espiritual, ele dividiu a classe em grupos para discutir o tema e
deu aos estudantes vinte minutos para formularem uma
definição de Jesus. Finalmente os grupos reuniram suas
descobertas e trouxeram a seguinte conclusão, que
representava o pensamento de toda a classe: "Jesus Cristo é
algum cara religioso que viveu há uns duzentos anos." Dewey
acrescentou: "Eles achavam que Jesus Cristo tinha sido
contemporâneo de George Washington, primeiro presidente
dos Estados Unidos."
Dewey falou, em seguida, de uma caminhada que fez pelos
corredores de uma das maiores escolas secundárias da cidade,
quando observou um estudante bater acidentalmente uma porta
sobre a mão de um colega. O estudante machucado começou a
blasfemar usando o nome de Jesus Cristo. Em vez de
desconsiderar a explosão de raiva e dor, Dewey aproximou-se
do jovem, expressou seu sentimento pelo acontecido e, então,
perguntou: "Você se importa se eu lhe perguntar por que
usou o nome de meu amigo dessa forma?"
"Nome de quem?" disse o estudante confuso.
"Jesus Cristo", respondeu Dewey.
"Quem é ele?" perguntou o jovem.
Acredite ou não, aquele jovem nada sabia a respeito daquele
"nome que está acima de todo nome"4, e usava-o como um termo
profano quando as coisas não iam bem.
4. Filipenses 2.9
Sei que esses jovens mal informados não representam o
consenso da juventude norte-americana, mas quem pode negar
que eles representam a crescente ignorância e falta de respeito
pela pessoa mais importante que já viveu neste mundo? É minha
oração que este livro não somente elucide quem Ele é, mas
que o comprove de maneira compreensível para todos.
Um Homem Chamado Jesus é a culminância de toda uma vida
de investigação. O livro não contém todas as respostas que
encontramos, mas inclui as melhores. Presumo que você vai
achar essas respostas convincentes. É minha esperança que
você as compartilhe com outros que, como o antigo Tim
LaHaye, estão carregados de perguntas e dúvidas.
Os céticos sinceros não duvidam porque não há respostas a
suas perguntas sobre a identidade de Jesus; eles duvidam
porque não lhes foram fornecidas tais respostas. O apóstolo
Pedro desafiou os cristãos de todas as partes "para responder
a todo aquele que vos pedir RAZÃO da esperança que há em
vós..."5.
Este livro irá não apenas estimular os cristãos e fornecer-
lhes respostas claras para as dúvidas que surgirem em seu
caminho, mas espero que possa também responder àqueles
que foram vítimas dos Srs. Babéis deste mundo. Aprendam
com um "ex-Tomé incrédulo" da escola dominical: a caminhada
ao longo da estrada do conhecimento vale mais do que a própria
viagem.
1. Mateus 5.44
2. Lucas 6.28
3. Lucas 6.38
Finalmente, para coroar sua trajetória gloriosa neste mundo,
Ele deu sua própria vida sacrificialmente pelos pecados do
mundo e em seguida realizou o maior de todos os seus
milagres: ressuscitou dentre os mortos. Esse acontecimento,
comemorado a cada ano como uma das duas datas mais
sagradas do calendário cristão, confere-lhe a supremacia como
a pessoa mais extraordinária que já viveu.
Todo-poderoso
Deus forte
A palavra era Deus
Senhor meu e Deus meu
O grande Deus
Nosso salvador Jesus Cristo
Maravilhoso
Conselheiro
Pai da eternidade
Príncipe da paz
Alfa e Ômega
Primeiro e Último
Deus bendito para sempre
O Cristo
Filho de Deus
Jeová
O princípio e o fim
O Senhor
Salvador
O Santo
Senhor de todos
Emanuel
O caminho, a verdade e a vida
Rei dos reis
Senhor dos senhores
4. Mateus 8.20
apenas doze anos, Ele confundiu os doutores de teologia no
templo de Jerusalém.
Não foi por suas viagens pelo mundo, pois, com exceção de
uma breve estada no Egito quando era ainda bebê, Ele nunca
viajou mais do que 150 quilômetros para fora da cidade em
que foi criado.
Não foi porque viveu e ministrou em um país influente, pois
Ele passou toda sua vida na obscura e pequenina terra de
Israel, tendo sido criado em uma cidade que gerava a seguinte
pergunta: "De Nazaré pode sair alguma coisa boa?"5
Não foi porque teve amigos influentes, pois somente
pescadores, cobradores de impostos e outros homens sem
representatividade alguma o seguiram.
Não foi porque todas as pessoas gostavam dele, pois os
líderes religiosos e políticos elitistas várias vezes tentaram
apedrejá-lo e finalmente o crucificaram.
Não foi porque teve uma vida longa e bem-sucedida, pois Ele
estava com apenas trinta e três anos quando sacrificou sua vida
por outros.
Não foi porque teve um longo e extenso ministério, pois seu
ministério durou apenas três anos e meio. Pelos padrões
humanos, Ele teve uma morte ignominiosa em uma cruz tosca.
Não foi porque estabeleceu muitas organizações para
perpetuar sua memória, pois Ele fundou somente uma — sua
Igreja — e ela somente teve início depois de sua morte.
Assim sendo, a que atribuir a posição única de Jesus Cristo?
Tenho lido as insinuações daqueles que rejeitam a afirmação de
Jesus ser Deus em forma humana e observado suas
inconsistências. As opiniões de tais pessoas são mais difíceis
de aceitar do que os simples relatos do evangelho. Como
pôde esse homem influenciar mais vidas e afetar a história
humana mais profundamente
5. João 1.46
do que todos os outros? Em toda a história, ninguém pode
comparar-se a Ele. E, no entanto, Ele fez tudo isso em apenas
três anos e meio! Todos os incrédulos sinceros devem
responder à pergunta: "como Ele conseguiu isso?"
À medida que Jesus Cristo caminha ao longo das páginas da
história humana, Ele é elevado a uma categoria sem similar por
sua peculiaridade. Por um lado, os descrentes não podem
deixar de reconhecê-lo, tamanhas foram suas contribuições
em favor da humanidade; nem podem eles explicar sua
existência sem admitir sua divindade. Albert Schweitzer,
vítima de uma onda de ceticismo no começo deste século, teve
de admitir que o Jesus histórico é um enigma e um estranho
para o nosso tempo. Como o Dr. Carl E H. Henry, um dos
últimos estudiosos verdadeiramente conservadores da Bíblia
na geração passada, escreveu: "Muitos estudiosos que
rejeitam que Jesus é Deus verdadeiro e homem verdadeiro,
vendo-o apenas sob uma única faceta, distinguem-no, apesar
disso, da totalidade da raça humana. Os tributos prestados a
Jesus, mesmo por estudiosos que repudiam os credos
cristológicos históricos, não somente reverenciam o Nazareno
acima de seus contemporâneos, mas elevam-no bem acima de
todos os seres antigos e modernos. Essas avaliações de Jesus
Cristo acabam por exaurir habituais categorias antropológicas
ao tentar explicá-lo." Ele então conclui: "Aqueles que não
começam com a suposição cristã fundamental de que 'o Verbo
se fez carne' (Jo 1.14), mas procuram mostrar como um
homem completo, como supõem que Cristo foi, estava unido (de
alguma forma) a Deus, não podem senão terminar em pontos de
vista confusos e contraditórios"6.
Na realidade, todas as descrições de Jesus que conflitam
com aquelas apresentadas nos quatro evangelhos são "não-
históricas". Jesus é quem Ele disse que era: Deus em forma
humana.
6. Henry, Dr. Carl F.H. The Identity of Jesus of Nazareth, Nashville: Broadman
Press, 1992, p. 20.
Não há qualquer explanação meramente humana sobre o
porquê de um simples, embora brilhante, homem — que
deveria ter sido esquecido há muito tempo por todo este
mundo — ser ainda a pessoa mais amada que já viveu, quase
dois mil anos após sua morte. As explicações humanas não
conseguem explicar a influência que Ele ainda exerce sobre
este planeta. Apenas um fato explica a singularidade de Jesus
Cristo: Ele foi verdadeiramente o Filho de Deus que veio sob
forma humana, exatamente como Ele se declarava.
Veja você que atribuir somente humanidade a Jesus não é
suficiente. Para cumprir o que Ele fez, tanto em sua vida como
em seus ensinamentos, precisava ser tanto Deus como
homem, operando juntos em uma pessoa única. Essa pessoa é
Jesus de Nazaré.
0 propósito deste livro é demonstrar essa convicção de
maneira lógica e razoável. Para começar nossa investigação,
vamos considerar o ceticismo de alguns daqueles que
rejeitam a condição única de Jesus como Deus-Homem.
Veremos que, enquanto nenhuma boa evidência dá apoio a esse
ceticismo, montanhas de evidência comprovam a prerrogativa
de que Jesus é o único Filho de Deus, o Senhor da Glória em
forma humana.
O Que Há com os Céticos?
3. Funk, Robert e Hoover, Roy. The Five Gospels Search for Authentic Jesus, Nova
York: MacMillin Publishing Co., 1993, p. 37
4. Groothuis, Douglas. Jesus in an Age of Controversy, Eugene: Harvest House,
1996, p. 21.
Este ataque nada sutil ao Jesus histórico e sua contribuição
produziu o seguinte comentário do conservador Douglas
Groothuis: "Quase nada resta de autêntico depois dessas
análises"5.
0 objetivo deles era exatamente esse e tudo foi premeditado
desde o início; nenhuma "erudição" foi envolvida, nem foram
feitas quaisquer novas descobertas. Na realidade, sem a
publicidade veiculada em revistas como Time, Newsweek, U.S.
News and World Report, Life, e em grandes jornais como Los
Angeles Times e New York Times, as opiniões do seminário
teriam sido esquecidas rapidamente.
É importante lembrar que o seminário não fez qualquer nova
descoberta que conduzisse a esses pontos de vista injuriosos.
De fato, ele teve início com a premissa de que o sobrenatural é
impossível. Todos os membros líderes do seminário negaram as
doutrinas básicas da fé cristã histórica, incluindo o nascimento
virginal de Cristo, sua divindade, a expiação viçaria, sua
ressurreição dentre os mortos e ascensão ao céu. Portanto, não
seria surpresa que o seminário rotulasse como "não-
autênticos" quaisquer fatos que dessem apoio a essas
doutrinas.
Além disso, a mídia nunca divulgou que tanto a metodologia
como as conclusões do Seminário Jesus foram atacadas por
crentes conservadores e estudiosos bíblicos do mundo inteiro.
Até mesmo os estudiosos que não proclamam fidelidade ao
Cristo vivo — tendência dominante tanto nos Estados Unidos
como na Europa — denunciaram as falhas do seminário.
0 primeiro livro a ser publicado pelo seminário, Os Cinco
evangelhos: A Busca do Jesus Autêntico, revela as verdadeiras
intenções do grupo. Este trabalho de 1993 procura elevar o
evangelho de Tome ao mesmo nível de autoridade concedido
pela igreja aos quatro evangelhos canônicos. Na verdade, o
seminário
5. Groothuis, p. 20.
freqüentemente julga Tome superior aos respeitados
evangelistas, apesar de a igreja primitiva não fazer qualquer
menção de Tome por trezentos anos após a morte de Cristo. Por
que essa fascinação por Tomé? Pode-se apenas inferir que é
pelo fato de o seminário preferir o gnosticismo de Tome à
ortodoxia bíblica.
Quando este "evangelho" foi descoberto, logo depois da
Segunda Guerra Mundial, os estudiosos céticos saudaram-no
como um novo conceito dogmático para destruir o Jesus
autêntico. Porém, como todas as outras tentativas dos últimos
trezentos ou quatrocentos anos, a teoria que coloca Jesus como
"sábio" ou "cínico" (baseada substancialmente em Tome) é mais
difícil de ser aceita do que a imagem de Jesus como "Filho de
Deus" revelado nos evangelhos tradicionais — especialmente
quando nos lembramos que esses homens estão mais de
dezenove séculos distantes dos eventos, armados apenas com
seus Ph.Ds. e suas tendências céticas. É a opinião deles contra
os registros escritos de homens que passaram três anos e
meio com Jesus de Nazaré e que foram "testemunhas oculares
da sua majestade"6.
Embora o Seminário Jesus continue a reunir-se — está
estudando atualmente o que Jesus realmente fez quando
esteve na Terra e quais livros devem ser incluídos no cânon
bíblico —, ele nada mais fez do que levantar questões
perturbadoras sobre sua objetividade, metodologia e valor
escolástico. Nem ao menos conseguiu mostrar por que alguém
deve abandonar a confiança nos registros dos evangelhos e,
em seu lugar, passar a confiar em seus próprios vôos
imaginários.7
6. 2 Pedro 1.16
7. Para estudo complementar sobre o Seminário de Jesus, leia os seguintes
livros (todos estes autores estão bem qualificados para participar do
Seminário Jesus, mas não tem sido convidados):
Wilkins, Michael J. e Moreland F. P. Jesus Under Fire, Grand Rapids:
Zondervan Publishing House, 1995.
Boyd, Gregory A. Cynic, Sage or Son of God, Wheaton: Victor Books, 1995.
Witherington III, Ben. The Jesus Quest, Downer Grove: Inter Varsity Press,
1995. Groothuis, Douglas. Jesus in an Age of Controversy, Eugene: Harvest
House, 1996.
Os céticos que conheço são geralmente mais eficientes em
levantar objeções do que em responder à simples pergunta:
"Como você explica o cristianismo sem o sobrenatural?"
Notamos esta tendência nas teorias superficiais e tolas
desenvolvidas por eles, onde geralmente se criam mais
problemas do que soluções. E interessante observar que eles
não parecem desenvolver nada realmente novo. Várias obras
que utilizei em minha pesquisa para a publicação deste livro
foram escritas há mais de cem anos, e descobri que as
perguntas a que estamos respondendo hoje são basicamente
as mesmas levantadas naqueles períodos.
Em resumo, os céticos modernos não têm nada de novo a
oferecer. Eles apenas retomam as idéias elaboradas pelos
céticos franceses e racionalistas germânicos de dois ou três
séculos atrás. Mesmo os participantes do Seminário Jesus não
têm proposto nenhuma novidade (apesar da publicidade
obtida). Até aqui o melhor que eles podem oferecer são
algumas novas interpretações das antigas teorias de Voltaire,
Rousseau, Hegel e outros. Se suas teorias fossem, ainda que
parcialmente, corretas, já poderiam ter obtido evidências
arqueológicas suficientes para derrubar a credibilidade da
origem divina de Jesus e da ressurreição (ou ao menos
colocar em dúvida os registros dos evangelhos). Ao invés
disso, as escavações dos arqueólogos têm servido para
confirmar os registros nos evangelhos sobre a vida de Jesus.
8. Romanos 10.9-10
da morte após sua crucificação era, sem sombra de dúvida,
seu Senhor e Salvador pessoal.
Deve ter sido uma experiência genuína, porque aquele
"ex-ateu não-científico" tem sido um cristão firme por mais
de trinta anos. A última vez que ouvi falar de Stan, ele era
professor em uma faculdade cristã. Este caso serve como
uma evidência adicional de que o ceticismo geralmente não
pode se expor à esmagadora evidência da ressurreição de
Jesus, desde que o cético esteja disposto a ser objetivo e
examinar ambos os lados da evidência.
A Credibilidade das
Narrativas do Evangelho
O Evangelho de João
0 evangelho de João é geralmente colocado à parte dos outros,
porque ele não procurou escrever um relato cronológico da vida
de Jesus. Ao escrever seu evangelho no final do primeiro
século, João procurou apresentar o aspecto sobrenatural de
Jesus, de modo que seus leitores fossem levados à fé. Isto fica
evidente no clássico comentário quase no final do livro: "Estes
[sinais], porém, foram registrados para que creiais que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em
seu nome"2. Nenhum outro evangelho tem sido tão
duramente atacado pelos céticos, agnósticos e descrentes do
que o evangelho de João — não porque qualquer evidência do
primeiro século questione sua autoridade, mas porque ele
apresenta de maneira inequívoca a divindade de Jesus.
Tendo sobrevivido a todos os outros apóstolos, João pôde
observar a tendência de muitas pessoas enxergarem a
divindade de Jesus em termos semelhantes aos encontrados
na mitologia grega (por exemplo, como deuses que tomavam a
forma de homem ou de animais). João pretendia deixar claro
que Jesus tinha vindo em forma humana, que Ele era humano
em todos os mínimos aspectos (porém sem pecado) £ era Deus
também nos mínimos aspectos. Eis a razão por que ele
enfatizou os milagres de Jesus — para mostrar que, embora o
Salvador fosse verdadeiramente homem, de modo que podia
morrer pelos pecados da humanidade, Ele era também Deus e
podia, portanto, realizar
2. João 20.31
milagres como nenhum outro jamais realizara. João
apresentou Jesus como o "Logos", ou "Palavra", significando
que Ele era a expressão exata de Deus. Se você quer
realmente conhecer Deus e compreender como Ele reage
em qualquer situação, estude a vida de Jesus, pois Ele revela
o Pai.
Os leigos em geral consideram o evangelho de João de
mais fácil compreensão do que os outros evangelhos. Ele foi
escrito por um pastor já idoso (da igreja de Éfeso),
companheiro íntimo de Pedro e de outros líderes da igreja. E,
certamente, João foi testemunha ocular de todos os eventos que
mencionou. E interessante observar que vários dos lugares
específicos mencionados por João — tais como, o poço de Jacó
em Sicar, o tanque de Siloé, a Calçada de Pedra ou Pavimento
(em hebraico Gabatá), onde Jesus foi julgado diante de
Pilatos e outros — foram descobertos pela moderna
arqueologia, fazendo silenciar muitas das objeções dos
céticos.
João provavelmente teve acesso aos evangelhos sinópticos,
escritos cerca de trinta anos antes do seu. Ele queria que seu
registro fosse único; por isso revelou vários milagres e muitos
ensinos de Jesus que não estão citados nos outros evangelhos.
Quis também apresentar Jesus como o Criador de todas as
coisas — "No princípio...” (1.1-3). Além disso, ele o
apresenta como juiz, igual a Deus, restaurador e galardoador,
redentor e revelador.
A confiabilidade do evangelho de João é atestada por mais
manuscritos e artigos (desde o final do primeiro século) do que
qualquer outra obra literária da antigüidade, o que incomoda
bastante os céticos. E preciso lembrar que manuscritos
antigos são raros, principalmente por não serem escritos em
papel como conhecemos hoje, mas normalmente em papiro,
um material extremamente vulnerável ao tempo, umidade,
mofo e deterioração (o pergaminho somente foi inventado por
volta do quarto século). No entanto, muitas peças em papiro
daquele
período foram descobertas, o que confere validade à Bíblia (e
especialmente ao evangelho de João) mais do que qualquer
outro documento antigo.
Em 1885, no Egito central, onde o ar é seco, muitos
documentos antigos foram encontrados, cobertos durante
séculos por areias protetoras. Nos dez anos seguintes,
descobertas arqueológicas revelaram muitos fragmentos das
Escrituras, respondendo a muitas perguntas dos céticos. Em
1920, um fragmento de papiro do evangelho de João também
foi encontrado, medindo oito centímetros e nove milímetros
por seis centímetros e quatro milímetros, contendo João 18.31-
33 de um lado e 18.37-39 de outro.
Os estudiosos atribuíram-no à primeira metade do segundo
século. É o mais antigo manuscrito da Bíblia encontrado — uma
evidência de que o evangelho de João existia e estava em
circulação no Egito, nos anos que se seguiram imediatamente à
morte de João3.
Este importante fragmento está sob uma redoma de vidro na
Coleção Chester Beatty, da Biblioteca Rylands, em
Manchester, Inglaterra4, e é considerado um dos mais
importantes manuscritos da história (embora já não seja o texto
bíblico mais antigo). Este documento comprova a veracidade
do evangelho de João bem como confirma sua autoria.
Além desse célebre fragmento do manuscrito de John
Rylands, existe outra evidência da antigüidade do evangelho de
João:
3. Halley, p. 752.
4. Unger, Merril F. Unger's Bible Dictionary, Chicago: Moody Press, 1957, p. 598.
exemplo, por Ptolorneu, um discípulo de Valentino, pelo
evangelho de Pedro (cerca de 150), e (provavelmente) pelo
autor do evangelho da Verdade, de Valentino.5
Jesus de Nazaré
(*) N.T.: adepto do unitarismo, seita protestante do sec. XVI que negava o
dogma da Trindade, reconhecendo em Deus uma só pessoa.
2. Geikie, John Cunningham. The Life and Words of Christ, Nova York: D.
Appleton &Co., 1893, pp. 13 e l4.
A Evidência da Blasfêmia
Na introdução deste livro contei a história de um aluno do curso
secundário que nunca tinha ouvido o nome de Jesus Cristo
usado em qualquer coisa que não fosse profanação. Ele não está
sozinho; existem muitos como ele, graças ao vazio dos ensinos
sobre o Jesus histórico na educação pública e pela aceitação do
uso de seu nome em termos desrespeitosos. Infelizmente,
esta prática não está limitada aos jovens; ela está presente na
mídia e no comércio de diversões. O uso do nome de Jesus em
blasfêmias é um costume tão arraigado que as pessoas
parecem não se dar conta disso ao usá-lo.
Tome a TV como exemplo. Parece-me que, enquanto o
pessoal da mídia fica constrangido toda vez que o nome de
Jesus é usado respeitosamente, essa mesma mídia raramente
parece notar quando ele é usado de maneira profana. Tenho
observado que os entrevistadores esportivos ficam confusos
quando ao conversar com o herói de um determinado evento
este espontaneamente atribui "todo o crédito ao Senhor e
Salvador Jesus Cristo", como vários atletas de fama têm feito.
Os anunciadores rapidamente mudam de assunto, como se
tivessem receio de que sua rede ou emissora possa ser usada
para sugerir que Jesus é alguém especial, alguém que deve ser
adorado e cultuado. Esses mesmos indivíduos, porém,
parecem não se preocupar quando o nome de Jesus é usado
para blasfemar.
Mas, por que precisamente o nome dele? Se, como alguns
céticos admitem, Jesus é meramente um "mestre religioso" ou
um "filósofo" ou uma "grande pessoa da história" por que então
os nomes de outros mestres famosos ou filósofos ou grandes
heróis da história não são usados do mesmo modo? Você já
ouviu alguém esmagar o dedo com um martelo e amaldiçoar
sua sorte em nome de Buda, Sócrates ou Maomé?
Provavelmente não. Por que sempre o nome de Jesus é o
escolhido? A única exceção
é quando é usado o nome do próprio Deus. Por que estes dois
nomes são usados em blasfêmias e outros não? É muito simples.
A razão é que não há nomes maiores que esses para serem
usados quando uma pessoa "amaldiçoa" alguma coisa ou
condena verbalmente alguém ao inferno. Desatentas à
advertência dos Dez Mandamentos no sentido de que "o Senhor
não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão"3, as
pessoas continuam a citar o nome de Jesus como se fosse nada
mais do que uma forma original de dizer "Oh!" Por ironia do
destino, o cético ou ateu que usa o nome de Jesus profanamente
não está somente invocando a ira do Deus todo-poderoso sobre
si, mas está na realidade reconhecendo a supremacia do Pai e do
Filho acima de todos os seres humanos.
"O Filho do homem... veio para dar a sua vida em resgate por
muitos." (Mc 10.45)
"Aquele... que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá
sede." (Jo 4.14)
"Eu sou aporta das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim são
ladrões e salteadores." (Jo 10.7,8)
"Eu sou o pão da vida; o que vem a mim, jamais terá fome." (Jo 6.35)
6. João 11.24
nunca admitimos tal autoridade e poder. Muitas vezes como
ministro do evangelho desejei ter poder para ressuscitar
algumas pessoas como aquele jovem pai que deixou esposa
e três filhas... ou aquele lindo bebê... ou aquele jovem levado
no auge de sua vida. Mas, francamente, embora eu pudesse
ansiar por esse poder, nunca fui sequer tentado a praticar esta
ação. Por que não? Porque somente Deus pode ressuscitar os
mortos! E este é o ensino de Jesus.
As Escrituras relatam quatro casos de ressurreição de
mortos realizados por dois profetas (Elias e Eliseu) e por dois
apóstolos (Paulo e Pedro). Mas em cada ocasião eles
esclareceram que foi Deus quem os usou para realizar o
milagre. Jesus ressuscitou um homem por seu próprio poder e
foi o único que ressuscitou alguém morto há quatro dias. O que
também não deve passar desapercebido é que Jesus não
somente ressuscitou três pessoas, mas garantiu que
ressuscitaria tanto os justos como os injustos no dia do juízo.
Seus ouvintes estavam perfeitamente familiarizados com a
profecia de Daniel de que haveria dois tipos de ressurreição no
final dos tempos: "Muitos dos que dormem no pó da terra
ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e
horror eterno"7. Em João 5.29, Jesus está nitidamente
afirmando ser aquele que realiza essas ressurreições. Tal
afirmação podia ser feita somente por Deus ou por alguém
desequilibrado mental. E uma vez que sua vida, ensinos e
ministério não indicam nenhum distúrbio mental, e sim,
como veremos, manifestam muitas características divinas,
somos forçados a concluir que Ele era realmente o unigênito
"Filho de Deus" em forma humana.
0 fato de Jesus ter demonstrado poder para ressuscitar três
pessoas mortas durante seu ministério (fez isso quando esteve
em funerais) e levantar-se de seu túmulo ao terceiro dia,
7. Daniel 12.2
lançando os fundamentos da religião que leva seu nome, coloca
diante de toda a humanidade uma pergunta essencial:
"Quem possui vida em si mesmo e poder para ressuscitar os
mortos?" Resposta: "Somente Deus!"
Concebido Sobrenaturalmente
Embora João Batista não tenha nascido de uma virgem,
como Jesus, ele foi concebido de uma forma especial. Como
Isaque, que viveu muito antes dele, João nasceu de pais
idosos através da intervenção miraculosa de Deus. Pode ser
mais do que coincidência o fato de o autor do evangelho
que inclui os detalhes da concepção miraculosa de João ter
sido um médico. O pai de João, Zacarias (um sacerdote), e
sua mãe eram pessoas piedosas, pois o Dr. Lucas nos diz:
1. Mateus 11.11
2. Malaquias 3.1
3. Pink, Arthur W. Exposition of the Gospel of John, Grand Rapids, MI:
Zondervan Publishing House, 1945, p. 50.
dias. Ora, aconteceu que, exercendo ele diante de Deus o
sacerdócio na ordem do seu turno, coube-lhe por sorte,
segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário do
Senhor para queimar o incenso. (Lucas 1.6-9)
4. Lucas 1.41
5. Lucas 1.66-80
espiritual em Israel não nos desapontou ao dar testemunho da
identidade de Jesus.
1. A preexistência de Jesus
"João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem
eu disse: O que vem depois de mim tem, contudo, a primazia,
porquanto já existia antes de mim"10.
É importante notar que Jesus Cristo não começou a existir
quando "o ente santo" [ou coisa santa, na versão King Jones, em
inglês]11, o óvulo fertilizado da encarnação, foi colocado no
ventre
9. João 1.6-9
10. João 1.15
11. Lucas 1.35
da virgem Maria. Ele já existia antes da fundação do mundo.
Jesus foi "o Verbo" que "estava no princípio com Deus". Na
verdade, esse "Verbo era Deus"12. João Batista afirmou que,
embora seu nascimento antecedesse seis meses o de Jesus,
entretanto "[Ele, Jesus] já existia antes de mim". Em outras
palavras, João confessou que Jesus existia antes de sua própria
concepção.
2. O senhorio de Jesus
João disse às multidões que o seguiam que seu propósito era
"endireitar o caminho do Senhor" (João 1.23), em cumprimento
da profecia de Isaías. Ao dizer isso, ele estava testificando que
Jesus era Deus (ou Senhor) do Velho Testamento, confirmando
o que o próprio Jesus diria mais tarde: "Eu e o Pai somos um."
Isto explica por que Jesus nunca repreendeu os que queriam
adorá-lo, muito embora Ele soubesse que somente Deus deve
ser adorado. Jesus não considerou uma blasfêmia permitir tal
adoração, o que pode ser explicado quando entendemos quem
Ele realmente era: "O Senhor", ou Deus em forma humana.
12.João 1.1
13. Mateus 3.13-14
vinham para serem batizadas por João no rio Jordão. João
batizava a todos que vinham verdadeiramente arrependidos.
Então, um dia aconteceu um fato assombroso. Um homem se
aproximou das margens do rio para ser batizado; João olhou para
ele e espontaneamente declarou: "Não posso batizar-te; eu é
que preciso ser batizado por ti!" Uma antiga tradução coloca
nestes termos a resposta de João: "Não sou digno de batizar-te."
Agora, preste atenção nisso. João conhecia bem Jesus.
Provavelmente se conheceram quando crianças, pois eram
parentes e moravam bastante próximos. João estava dando um
testemunho subconsciente e espontâneo de que Jesus não
precisava de batismo. Nunca antes ou depois João isentou
qualquer outra pessoa do seu batismo — somente Jesus. Não
perca o raciocínio. João queria que todos compreendessem que
seu parente, que ele conhecia bem, tinha vivido uma vida sem
pecado e, assim, não precisava procurar arrependimento. Um
testemunho tão poderoso é considerado irrefutável em
qualquer corte do mundo, mesmo em um júri popular.
O Testemunho do Apóstolo
Pedro
1. 2 Pedro 1.16-17
Sobre a morte e ressurreição de Jesus: "Então começou ele
Jesus] a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem
sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos
principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que
depois de três dias ressuscitasse. E isto ele expunha
claramente. Mas Pedro, chamando-o aparte, começou a
reprová-lo. Jesus, porém, voltou-se e, fitando os seus discípulos,
repreendeu a Pedro, e disse: Arreda! Satanás, porque não
cogitas das coisas de Deus, e, sim, das dos homens.'"
(8.31-33).
"A este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo."
(versículo 36)
"O qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua
boca." (2.22)
Um Testemunho Imutável
Pedro viveu e morreu testemunhando com seus lábios (e com
sua pena) que Jesus era o sobrenatural Filho de Deus que
morreu por nossos pecados e ressuscitou no terceiro dia —
exatamente como os profetas disseram que seria! Do
Pentecoste em diante Pedro nunca vacilou em suas
convicções. Felizmente para nós, ele não estava sozinho.
8
O Testemunho do Apóstolo
João
1. Cristo, o Criador
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas
foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito
se fez. A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens. A luz
resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra
ela (Jo 1.1-5).
Estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas
o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não
o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o
poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que crêem
no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da
vontade
da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo
se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade,
e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai (Jo 1.10-14).
Cristo e a Ressurreição
0 já idoso apóstolo João não deixou dúvida de que, embora
passados mais de cinqüenta anos desde a ascensão de Jesus ao
céu e todos os outros discípulos terem morrido, ele ainda
acreditava que Jesus era o Cristo. Ele confessou Jesus como o
Prometido, aquele que veio de Deus, ressuscitou dentre os
mortos e retornou a Deus, esperando sua segunda vinda.
João dedicou dois capítulos inteiros relatando fatos após a
crucificação, enfatizando o túmulo vazio e os vários
aparecimentos de Jesus antes de sua ascensão aos céus.
João sabia que a única mensagem que poderia mudar o
ensino religioso para sempre seria o fato da ressurreição de
Cristo. Ele sabia que a ressurreição era um fato real e quis
deixar um registro escrito dela, de maneira que o mundo
inteiro soubesse que a última testemunha apostólica viva
considerava-a um acontecimento
inegável. Não há dúvida de que, para João, Jesus era Deus e
tinha provado isso levantando-se dentre os mortos. O desejo
de João era que outros viessem a crer como ele. Portanto,
revelou abertamente seu propósito ao escrever:
1. 1 Coríntios 15.8
O importante a assinalar é a ampla aceitação, pela igreja
primitiva, da vida, pessoa e ressurreição de Jesus — a pedra
angular de nossa fé. Nos escritos de Paulo encontramos os
detalhes essenciais daquilo que a igreja primitiva acreditava e
ensinava sobre Jesus de Nazaré.
1 Tessalonicenses
Observe a obra do trio:
Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a
salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo. (5.9)
2 Tessalonicenses
Observe que Jesus é apresentado como sendo igual a
Deus Pai:
Por isso também não cessamos de orar por vós, para que o
nosso Deus vos torne dignos da sua vocação, e cumpra com
poder todo propósito de bondade e obra de fé; afim de que o
nome de nosso Senhor Jesus Cristo seja glorificado em vós, e
vós nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus
Cristo. (1.11-12)
Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo, e Deus nosso Pai que nos
amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça,
console os vossos corações e os confirme em toda boa obra e boa
palavra. (2.16,17)
3. 2 Pedro 3.15-16
A Teologia Posterior de Paulo
O testemunho de Paulo não se restringe apenas às epístolas
aos tessalonicenses, mas é também encontrado em outras
epístolas. Em lugar algum ele contradiz os escritores dos
evangelhos. Na verdade, Paulo endossa em várias passagens
algumas das histórias e ensinos encontrados posteriormente
nos evangelhos. Em dois expressivos exemplos encontrados
nas epístolas aos colossenses e aos filipenses, podemos
constatar sua exaltação e louvor à plena divindade de
Cristo:
4. Compare a última parte desta passagem com Isaías 45.23, em que Deus
diz: "Por mim mesmo tenho jurado... Diante de mim se dobrará todo joelho,
e jurará toda língua." Paulo tem claramente este texto em mente à medida
que escreve, igualando assim uma vez mais Jesus a Deus.
10
O Testemunho do Próprio
Deus
1. Lucas 3.21-22
de pomba, mas também pela voz solene do próprio Deus,
reconhecendo Jesus de Nazaré como seu único Filho e
acrescentando: "em quem me comprazo." Este fato representa a
confirmação do testemunho sobre a santidade de Jesus, desde
o nascimento até o momento deste evento, que Lucas diz ter
ocorrido quando Jesus tinha trinta anos2.
Quem realmente ouviu este testemunho? Não sabemos.
Certamente João Batista, junto com os discípulos e alguns
outros crentes. Multidões de pessoas se aglomeravam junto ao
rio Jordão esperando para serem batizadas por João, e muitas
se tornaram crentes sinceros. Entretanto, sabemos pelas
perguntas que se seguiram que alguns não creram.
Evidentemente, eles não ouviram a voz, não a compreenderam
ou, então, não a reconheceram como vinda de Deus.
Apesar disso, as Escrituras afirmam que Deus Pai falou do
céu para identificar seu filho diante de muitas testemunhas.
Várias dessas testemunhas confirmaram esse fato no relato
do evangelho.
Lucas 3.23
Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: "Erguei-vos,
e não temais!"Então eles, levantando os olhos, a ninguém
viram senão só a Jesus. (Mt 17.1-8)
3. Lucas 9.29
4. Lucas 9.31
anciãos, sacerdotes e escribas, ser morto e ressuscitado no
terceiro dia"5. Pedro não foi capaz de entender essa afirmação
de Jesus, e este lhe responde rapidamente: "Arreda! Satanás; tu
és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas
de Deus, e, sim, das dos homens"6.
Agora, porém, naquele "monte santo", Pedro, Tiago e João
evidentemente ouviram Jesus conversando sobre sua morte
com Moisés e Elias. Talvez eles não tenham compreendido o
plano divino para Jesus, mas de algum modo reconheceram
Moisés e Elias, pois Pedro fez aquela ridícula sugestão: "Se
queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés,
outra para Elias."
Para compreender o significado real deste evento, é preciso
lembrar que Moisés e Elias eram as duas grandes figuras da
história de Israel. Eles foram grandes servos de Deus que se
destacaram não apenas pelos seus ministérios junto ao povo
mas também pelos registros escritos que deixaram. Naqueles
dias, quando um israelita se referia a "Moisés e Elias", estava
não apenas se referindo aos acontecimentos das vidas desses
dois homens, mas (no caso de Moisés) aos primeiros livros da
Bíblia, e (no caso de Elias) aos profetas que escreveram no
"espírito de Elias". Jesus reconheceu isto em Lucas 16,
quando disse ao homem rico que não enviaria Lázaro à casa
paterna do morto para alertar seus irmãos a fugirem do futuro
dos não salvos, pois "eles têm Moisés e os profetas; ouçam-
nos"7.
Apesar de esses profetas terem sido grandes homens, o
texto deixa claro que eles foram ofuscados pela magnitude do
Filho de Deus. Lemos que uma "nuvem luminosa os
envolveu" (semelhante a muitas nuvens do Velho Testamento
que escondiam
5. Mateus 16.21
6. Mateus 16.23
7. Lucas 16.2
a presença do próprio Deus) e, então, saiu uma voz da
nuvem dizendo: "Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo; a ele ouvi." Não admira, pois, que os discípulos
quando ouviram a voz "caíram de bruços, tomados de
grande medo". Eles simplesmente ouviram e reconheceram
a voz do Deus todo-poderoso! E embora essa voz não
tivesse mencionado os nomes de Moisés e Elias, ela exaltou
o homem que eles conheciam como Jesus de Nazaré.
No Monte da Transfiguração, assim como no rio Jordão,
Deus identificou Jesus como seu Filho e expressou seu
prazer diante dele. Ele estava dizendo aos discípulos e a
todos os crentes futuros que ouvissem Jesus. Isto
significava que, embora as palavras de Moisés e Elias (que
então representavam 39 livros do Velho Testamento)
fossem dignas de todo respeito, o povo deveria colocar as
palavras de Jesus acima de tudo.
Pedro nunca esqueceu esse encontro sublime.
Observamos no capítulo seis que, já velho e prestes a ser
martirizado, o apóstolo usou seu tempo para relatar esse
maravilhoso acontecimento aos novos crentes sob seu
cuidado. Vale a pena repetir seu testemunho:
"Pai, glorifica o teu nome. "Então veio uma voz do céu: "Eu já o
glorifiquei, e ainda o glorificarei "A multidão, pois, que ali
estava, tendo ouvido a voz, dizia ter havido um trovão.
Outros diziam: "Foi um anjo que lhe falou. "Então explicou
Jesus: "Não foi por mim que veio esta voz, e, sim, por vossa
causa. Chegou o momento de ser julgado este mundo, e
agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for
levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. "Isto dizia,
significando de que gênero de morte estava para morrer. (Jo
12.28-33)
3. Lucas 7.22
4. João 5.36
5. João 10.25
6. João 15.24
se teriam arrependido com pano de saco e cinza. E contudo
vos digo: no dia do juízo haverá menos rigor para Tiro e
Sidom, do que para vós outros"7.
Os milagres tinham o propósito de convencer as pessoas
de que Jesus estava agindo no poder e em nome de Deus.
Quando os judeus rejeitaram essa reivindicação, estavam
também rejeitando uma poderosa testemunha de sua
divindade e, assim, não tiveram desculpa. Para captar a
importância disso, Jesus comparou as duas cidades a
Sodoma e Gomorra, nas quais imperava a
homossexualidade. Estas cidades ímpias, porém, não viram
Jesus realizar milagres nem o ouviram pregar seus ensinos
incomparáveis. Se isso tivesse acontecido, elas poderiam
ter "se arrependido", e, portanto, não sofreriam tanto no dia
do juízo. Ao menos não teriam a culpa de rejeitar a
evidência esmagadora de sua identidade pessoal.
Os milagres são, pois, um testemunho público e
poderoso da identidade de Jesus. As pessoas que os
rejeitam correm sérios riscos. O falecido Dr. Wilbur M.
Smith escreveu:
7. Mateus 11.21 e 22
8. Smith, Dr. Wilbur M. The Supernaturalness of Christ, Boston: W. A. Wilde
Co., 1954, p. 148.
9. Lucas 5.1-11
e nada apanharam, mas Jesus, depois de falar à multidão, entrou
em um dos barcos e, afastando-se um pouco da praia, estimulou
os cansados pescadores (que já tinham lavado suas redes) a
lançarem as redes mais ao largo. Quando eles obedeceram
hesitantes a essa ordem estranha, apanharam tanto peixe que
precisaram da ajuda de outro barco — e ambos os barcos
começaram a afundar sob o peso da carga. Tal milagre
convenceu Pedro de que aquele homem, Jesus, era diferente de
qualquer outro de quem já tinham ouvido falar. Até os peixes
do mar lhe obedeciam!
3. Curando os endemoninhados
A possessão demoníaca tem torturado o gênero humano desde
o princípio da história. Embora algumas regiões tenham sido
mais atingidas do que outras, ninguém tem escapado. Tanto no
passado como nos dias de hoje, temos dificuldade para
distinguir entre a insanidade e a possessão demoníaca. Mesmo
com o avanço da psiquiatria atual, numerosos casos são difíceis
de avaliar. Pessoas diagnosticadas como "esquizofrênicas" ou
de "personalidades mistas" podem agir normalmente em um
momento e de repente gritar ou falar com voz estranha, como se
um espírito estivesse usando seu corpo, para depois
"despertar" e não ter lembrança alguma do que aconteceu.
Alguns emitem afirmações maldosas ou blasfemas que não
condizem com suas crenças originais, e, a seguir, quando
voltam ao normal negam que tenham dito tais coisas. A
psiquiatria pode fornecer uma explicação "científica" para
certos casos (tais como "demência"), mas esses indivíduos
podem mais tarde passar por um exorcismo em nome de Jesus
Cristo e nunca mais sofrer outra experiência semelhante. Sem
dúvida, algumas pessoas têm sofrido de possessão
demoníaca.
Na época em que Jesus viveu, a possessão demoníaca era
bastante comum. Isto não nos surpreende, se considerarmos o
23. João 3.2
24. Colossenses 2.9
25. Veja Mateus 9.36; 14.14; 15.32; 20.34 Marcos 1.41; 6.34; 8.2
propósito de sua vinda à terra e a ousadia de Satanás na
tentação de Cristo, mencionada em três dos evangelhos. Em
pelo menos seis ocasiões durante seu ministério, Jesus foi
confrontado com indivíduos possuídos pelo demônio. Em
cada caso Ele demonstrava seu poder sobre os demônios
expulsando-os milagrosamente.
Os três evangelhos sinópticos narram uma das ocorrências
mais incríveis que ilustra o poder de Jesus sobre demônios.
De acordo com o relato de Lucas:
4. Os milagres da multiplicação
Duas vezes durante seu ministério Jesus satisfez a fome das
multidões, alimentando-as milagrosamente. Em uma das
vezes Ele multiplicou o alimento disponível até ele se tornar
suficiente para alimentar cinco mil pessoas; na segunda
ocasião, quatro mil pessoas foram alimentadas. A
alimentação de cinco mil pessoas
é o único milagre (além da ressurreição) mencionado pelos
quatro evangelhos, o que demonstra a importância que os
autores deram a esse acontecimento. Jesus aceitou o lanche de
um menino — que consistia de cinco pães e dois peixes —
abençoando-o e distribuindo-o pelas mãos dos discípulos,
ordenando-lhes que alimentassem as multidões. Para
surpresa deles, os pães e os peixes alimentaram todo o
povo... e sobraram ainda doze cestas cheias!
Em toda a história do mundo, nunca houve um milagre de
multiplicação semelhante a esse realizado diante de tantas
pessoas. Este milagre provocou algumas reações imediatas.
Os discípulos tornaram-se ainda mais convencidos de que
Jesus era um ser sobrenatural e o povo seguiu-o para fazê-lo
seu rei. Quiseram promovê-lo da oficina de carpintaria ao palácio
— mas não foi para isso que Ele veio (e esta é provavelmente
a razão para Ele ter repetido esse milagre somente uma vez).
29. Smith, Wilbur M. The Supernaturalness of Christ, Boston: W. A. Wilde Co., 1954,
p. 118.
Assim sendo, os relatos do evangelho são completamente
dignos de confiança e inteiramente idôneos — mesmo para os
modernos. Podemos estar seguros de que os milagres
atribuídos a Jesus nos evangelhos refletem a história verdadeira
e não alguma criação literária posterior. Desta forma, se são
verdadeiros, se de fato aconteceram, eles requerem uma
resposta pessoal de cada um de nós. Precisamos tomar uma
decisão sobre nossa crença a respeito deste operador de
milagres, Jesus de Nazaré.
1. Em seu nascimento
Há uma justificativa razoável para Jesus nessa primeira vez que
Ele foi adorado. Afinal de contas, Ele era uma criancinha quando
os sábios do Oriente vieram para "adorá-lo". A pergunta
específica é: receberia Ele tal adoração durante seu ministério
adulto? Fazer isso seria no mínimo um crime... a menos que Ele
verdadeiramente fosse Deus! Considere os seguintes
exemplos:
4. Pedro e os peixes
Lucas narra um acontecimento semelhante na vida de Pedro.
Depois de ouvir Jesus ensinar e vê-lo realizar o milagre de
encher duas redes de peixe (depois de nada terem pescado à
noite), Pedro caiu de joelhos diante de Jesus e rogou: "Senhor,
retira-te de mim, porque sou pecador"6. Este foi um outro ato
de adoração. E observe novamente que não houve nenhuma
reprovação de Jesus.
5. O chefe angustiado
Em outra ocasião, "um chefe, aproximando-se, o adorou, e
disse: 'Milha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe a tua
mão sobre ela, e viverá'"7. Jesus não somente se recusou a
repreender o homem, mas atendeu ao seu pedido
ressuscitando a menina.
6. Homens em um barco
Vários milagres foram feitos no mar da Galiléia ou nas
proximidades. Foi ali que Jesus alimentou cinco mil pessoas. Foi
ali que, em meio a águas revoltosas, Ele caminhou sobre a água
e finalmente subiu ao barco dos discípulos. Foi ali em outra
ocasião que Ele com uma palavra acalmou o mar — após o que
"os que estavam no barco o adoraram, dizendo:
'Verdadeiramente és Filho de Deus!'"8 A mensagem é clara:
todos os discípulos, juntos, adoraram Jesus e ainda aqui não
houve nenhuma reprovação.
5. João 20.28
6. Lucas 5.8
7. Mateus 9.18
8. Mateus 14.33
7. A transfiguração
Quando Pedro, Tiago e João testemunharam a
transfiguração de Jesus sobre o "monte santo", eles ficaram
assustados ao ouvir a voz do Pai celestial dizendo: "Este é o
meu Filho amado, em quem me comprazo: a ele ouvi"9. A
cena deixou-os amedrontados e eles caíram aos pés de Jesus.
Somente o próprio Jesus podia levantá-los — mas, de novo,
não houve nenhuma repreensão.
9. Após a ressurreição
Após a ressurreição, as mulheres que foram ao sepulcro
correram para anunciar aos discípulos, quando "Jesus veio
ao encontro delas, e disse: 'Salve!' E elas, aproximando-se,
abraçaram-lhe os pés, e o adoraram"11. Nenhuma palavra de
repreensão.
10. Na ascensão
Ao final de sua presença na terra, Jesus encontrou-se com
seus discípulos no "monte que Jesus lhes designara. E,
quando o viram, o adoraram"12. E uma vez mais não houve
nenhuma repreensão.
9. Mateus 17.5
10. Mateus 20.20
11. Mateus 28.9
12. Mateus 28.17
Estes dez incidentes provam não somente que as pessoas
eram impelidas a adorar Jesus, mas que o próprio Jesus aceitava
essa adoração. Isto significa apenas uma coisa: Jesus é Deus em
forma humana.
16. Lewis, CS. Mere Christianity, Nova York: Macmillam, 1960, p. 56.
17. Filipenses 2.10-11
Jesus é o Senhor, e é plenamente digno de nossa adoração.
Quanto a mim e à minha casa, nós o adoraremos livremente e
com alegria. E quanto a você?
13
Somente Deus Pode Perdoar
3. Isaías 52.14
4. Lucas 23.34
5. João 11.41
das próprias pessoas que causaram sua crucificação está
além da compreensão humana. Eu creio nisso, mas admito que
não consigo entender isso a não ser à luz da oração de Jesus:
"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." Eles sabiam
que estavam crucificando um homem bom, mas não sabiam que
estavam crucificando o Filho de Deus — isto é, até depois de
sua ressurreição e do sermão de Pedro no Pentecoste.
Quantas dessas pessoas receberam o perdão dos pecados e
a salvação pela fé em Jesus, nunca saberemos até o dia de nos
encontrarmos com elas no céu. Uma coisa é certa: todas elas
podem ter sido perdoadas! Nenhuma delas foi condenada por
ter participado da crucificação do Messias — porque Jesus, em
essência, orou para que "esse pecado não lhes fosse
imputado... pois eles não sabiam o que estavam fazendo". Não
tinham idéia de que estavam matando o Rei da Glória. Não
sabiam o quanto eram afortunadas por viverem no apogeu da
história, quando o Cordeiro sacrificial de Deus tinha vindo a
este mundo. A oração de Jesus poupou-os das conseqüências
de seu terrível pecado. Se elas não receberam a salvação no
primeiro dia do Pentecoste, foi porque se recusaram a
receber o perdão por outros pecados cometidos.
O pecado mais terrível de todos os tempos foi certamente
a morte deliberada do "Cordeiro de Deus". No entanto,
aqueles que participaram deste crime infame estão sem culpa
porque Jesus orou: "Pai, perdoa-lhes." Assim fazendo, Ele
nos deixou o maior exemplo de perdão da história universal.
Somente Deus pode perdoar dessa maneira! Além disso, Ele
deixou-nos a certeza de que também nós podemos ser
perdoados de nossos pecados.
1. Admitir que foi por você e por seus pecados que Jesus
morreu.
2. Crer que Ele ressuscitou dentre os mortos.
3. Rogar-lhe que perdoe seus pecados e salve sua alma.
Se você fizer estas três coisas, Jesus lhe assegura que você
estará com Ele na eternidade, exatamente como o ladrão
arrependido na cruz está agora com Ele. Mas, depois de passar
por essas três coisas, você terá feito mais do que assegurar um
lugar no céu. Isso o capacitará também a seguir o exemplo de
Jesus de perdoar àqueles que o ofenderem ou lhe fizerem
algum mal. Este é uma dos maiores milagres da salvação.
2. Isaías 61.1-3
3. João 5.38
Um, porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo: "Es o
único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras
as ocorrências destes últimos dias?" Ele lhes perguntou:
"Quais?"
E explicaram: "O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que
era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de
Deus e de todo o povo, e como os principais sacerdotes e as
nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte,
e o crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem
havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o
terceiro dia desde que tais coisas sucederam. É verdade
também que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos
surpreenderam, tendo ido de madrugada ao túmulo; e, não
achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem tido uma
visão de anjos, os quais afirmam que ele vive. De fato alguns
dos nossos foram ao sepulcro e verificaram a exatidão do que
disseram as mulheres; mas a ele não viram."
Então lhes disse Jesus: "O néscios e tardos de coração para
crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha
que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?" E,
começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas,
expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as
Escrituras. (Lc 24.18-27)
5. Edersheim, Alfred. The Life and Times of Jesus the Messiah, Vol 1, Hendrickson
Publ. Inc., pp. 163-164
6. Pollock, Dennis. "Messiah Has Come" in Lamplighter Journal, no. 12,
Dezembro de 1997, p. 8.
para fazer a vida de Jesus parecer profética, criando-se
posteriormente tais "profecias". Estudiosos modernos
estabeleceram que isso é simplesmente impossível. Os
últimos textos do Velho Testamento foram provavelmente
escritos duzentos a trezentos anos antes do nascimento de
Jesus, pois foi nessa época que a Septuaginta (a tradução
grega das Escrituras hebraicas) foi escrita. Muitos
especialistas admitem que o original hebraico é entre
cinqüenta e cento e cinqüenta anos anterior à Septuaginta.
Isto significa que todas as 109 profecias sobre a vida e
morte de Jesus tiveram de ser escritas pelo menos duzentos
e cinqüenta a quatrocentos anos antes de seu nascimento!
Conseqüentemente, essas profecias são mais do que
suficientes para evidenciar a singularidade de Jesus.
E isto torna-se ainda pior para os céticos. Um artigo
recente da revista Time admitiu que as descobertas da
arqueologia moderna têm "fornecido às afirmações bíblicas
exatidão histórica,, e comprovado sua composição antiga.
Depois de apresentar a descoberta de vários objetos e de
cidades há muito tempo perdidos, o autor referiu-se a dois
pequenos rolos de prata encontrados dentro de uma
sepultura:
10. Isaías7.14
11. Mateus 1.20-25
12. Gênesis 11.10-32
13. Gênesis 12.3
14. Gênesis 17.19
15. Gênesis 28.13 e 14
cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus
pés, até que venha Silo; e a ele obedecerão os povos"16.
C. Um grande legislador
Moisés foi a única pessoa autorizada por Deus para entregar as
leis a Israel. Mas foi Jesus quem deu plena compreensão à lei de
Deus e forneceu "novas" leis a Israel. Ele citou a lei quando
disse: "Ouvistes o que foi dito..." mas acrescentou o que
nenhum outro profeta tinha jamais ousado falar: "Eu, porém,
vos digo..." (Mt 5.21,22). Eis por que, "quando Jesus acabou de
proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da
sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem
autoridade, e não como os escribas" (Mt 7.28, 29).
E. Um grande redentor
Moisés resgatou Israel do cativeiro e da escravidão do Egito
(Êx 3-4; At 7.20-39), mas Cristo resgatou o mundo do cativeiro
e da escravidão do pecado (Mt 20.28; Ef 2.1-8; Rm 3.28-4.6).
E Um grande mediador
Moisés foi o mediador entre Deus e Israel. Mas Jesus é agora o
mediador entre Deus e toda a humanidade. 1 Timóteo 2.5,6 diz:
"Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em
resgate por todos."
G. Um grande intercessor
Moisés foi o grande intercessor perante Deus em favor de
Israel, evitando que Deus destruísse seu povo
completamente, quando ele prestou adoração ao bezerro de
ouro (Êx 32.7-14; Nm 14.11-20). Mas Jesus é o maior
intercessor. Ele agora intercede por toda a humanidade (Jo 3.16;
Hb 7.25; observe Nm 21.4-9eJo3.14).
20. Laetsch, Dr. Theodore. Jeremiah, St Louis, MO: Concórdia, 1965, pp. 191 e 192.
Esta é uma descrição tão detalhada de qual seria a missão
do Messias que deve ser incluída aqui. Ao examinar as
profecias relacionadas abaixo, observe seu cumprimento
detalhado na vida de Jesus, como está documentado nos
quatro evangelhos.
A Evidência Aumenta
Estas doze profecias por si só devem fazer com que até os
céticos mais intransigentes reconsiderem seu ceticismo.
Entretanto, ainda não terminamos! No próximo capítulo
vamos considerar outras dezesseis profecias, desta vez
mostrando como as Escrituras anunciaram antecipadamente
a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus. Como
veremos, esses pontos constituem os mais marcantes — e
decisivos — indicadores da identidade de Jesus.
15
O Testemunho do
Cumprimento das Profecias -
Parte II
Profecias sobre a Paixão, Morte,
Sepultamento e Ressurreição de Jesus
1. João 10.18
Então Jesus lhe disse: "Embainha a tua espada; pois todos os
que lançam mão da espada, à espada perecerão. Acaso pensas
que não posso rogara meu Pai, e ele me mandaria neste
momento mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se
cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve
suceder?" (Mt 26.52-54)
5. Ankerberg, p. 38.
Israel não teve um Messias. Repetindo: se o Messias deveria vir,
teria de ser exatamente na mesma época em que Cristo viveu.
O Talmud adverte: "Daniel nos anuncia o fim do Messias
[isto é, 'o tempo de sua chegada e de sua morte'—Rabino
Jarchi]. "Esta profecia foi tão convincente que o Talmud
registra que por volta da época de Tito [70 d. C] acreditava-se
que o Messias já tinha vindo, mas que seu aparecimento tinha
sido ocultado aos judeus até que eles se mostrassem mais
merecedores desse acontecimento.6
6. Ibid.,p.39.
foram todas cumpridas pelo próprio Deus através de seu
Filho, como uma maneira de identificar Jesus perante todo o
mundo.
8. In Ankeberg, p. 32. Dr. Rapahel Patai. The Messiah Tests, Nova York:
Avin, 1979, p. 166.
9. Ibid.,p. 167.
10. In Ankeberg, p. 33. Baron, Rays, pp. 225-229.
O "pai" do hebraico moderno, Wilhelm Gesenius, também
escreveu: "Foi só recentemente que os judeus abandonaram
esta interpretação [messiânica] de Isaías 53, sem dúvida em
conseqüência de suas controvérsias com os cristãos"11.
Hoje, muitos judeus ortodoxos ainda esperam um messias
político, o Messias ben Davi, que conquistará e governará para
sempre. Curiosamente, alguns judeus aceitam Jesus Cristo
como o "outro" Messias (Messias ben José), embora neguem
sua divindade.12
Em um debate com o Dr. Walter Kaiser no "John Ankerberg
Show", o Dr. Pinchas Lapide afirmou: "Concordo plenamente
com o Dr. Kaiser que Isaías 53 exibe muitas semelhanças
espantosas com a vida, ministério e morte de Jesus de
Nazaré"13.
Surpreendentemente, o Dr. Lapide até mesmo acredita que
Jesus ressuscitou fisicamente depois de sua crucificação, em
razão dos muitos fatos históricos favoráveis a essa crença14.
Entretanto, ele conclui que Jesus é o Messias dos gentios e não
dos judeus.
Temos apenas uma pergunta: se Jesus Cristo não é o servo
sofredor de Deus mencionado em Isaías 53, então quem é?15
As próximas treze profecias relacionadas à morte de Jesus
são de tal modo evidentes que não precisam de explicação. Vou
simplesmente reproduzir a profecia do Velho Testamento ao
lado do seu cumprimento no Novo Testamento.
prata
Eu lhes disse: "Se vos parece bem, Então um dos doze, chamado Judas
dai-me o meu salário; e se não, Iscariotes, indo ter com os principais
deixai-o." Pesaram, pois, por meu sacerdotes, propôs: "Que me
salário trinta moedas de prata (Zc Quereis dar, e eu vo-lo entregarei?"
11.12). E pagaram-lhe trinta moedas de
prata (Mt 26.14-15).
E sobre a casa de Davi, e sobre os E logo disse a Tomé: "Põe aqui o teu
habitantes de Jerusalém, derramarei dedo e vê as minhas mãos; chega
o espírito de graça e de súplicas; também a tua mão e põe-na no meu
olharão para mim, a quem traspassaram; lado; não sejas incrédulo, mas crente”
prantea-lo-ão como quem (Jo 20.27).
pranteia por um unigênito, e chorarão
por ele, como se chora amargamente
pelo primogênito (Zc 12.10).
21. Escarnecido
Todos os que me vêem zombam de O povo estava ali e a tudo observava.
mim; afrouxam os lábios e meneiam Também as autoridades zombavam
a cabeça: "Confiou no Senhor! Livre-o e diziam: "Salvou os outros; a si
ele, salve-o, pois nele tem mesmo se salve, se é de fato o Cristo
prazer (Sl 22.7-8). de Deus, o escolhido" (Lc 23.35).
Deus meu, Deus meu, por que me Por volta da hora nona, clamou Jesus
desamparaste? Por que se acham em alta voz, dizendo: "Eli, Eli lema
longe de meu salvamento as palavras sabactâni", que quer dizer: Deus
de meu bramido? (Sl 22.1). meu, Deus meu, por que me
desamparaste?" (Mt 27.46).
25. Nenhum osso foi quebrado
Preserva-lhe todos os ossos, nem Os soldados foram e quebraram as
um deles sequer será quebrado (Sl pernas ao primeiro e ao outro que
34.20). com ele tinha sido crucificado;
chegando-se, porém, a Jesus, como
vissem que já estava morto, não lhe
quebraram as pernas... E isto
aconteceu para se cumprir a Escritura:
"Nenhum dos seus ossos será
quebrado (Jo 19.32-33,36).
26. Seu lado foi perfurado
E sobre a casa Davi, e sobre os habitantes Mas um dos soldados lhe abriu o
de Jerusalém, derramarei o lado com uma lança, e logo saiu sangue
espírito de graça e de súplica; olharão e água (Jo 19.34).
para mim, a quem traspassaram;
prantea-lo-ão como quem pranteia
por um unigênito, e chorarão por
ele, como se chora amargamente
pelo primogênito (Zc 12.10).
27. Sepultado com o rico
Designaram-lhe a sepultura com os Caindo a tarde, veio um homem rico
perversos, mas com o rico esteve de Arimatéia, chamado José, que
na sua morte, posto que nunca fez era também discípulo de Jesus.
injustiça, nem dolo algum se achou Este foi ter com Pilatos e lhe
em sua boca (Is 53.9). pediu o corpo de Jesus. Então
Pilatos mandou que lho fosse entregue.
E José, tomando o corpo, envolveu-o
em um pano limpo de linho, e
o depositou no seu túmulo novo, que
fizera abrir na rocha; e, rolando uma
grande pedra para a entrada do
sepulcro, se retirou (Mt 27.57-60).
A Evidência é marcante
Estas vinte e oito profecias foram escolhidas porque são
de tal forma específicas que dificilmente poderiam ser
ignoradas. Mesmo que algum cético exclua cinco ou seis
delas, a evidência representada pelo número restante é ainda
surpreendente.
É impossível ilustrar adequadamente a probabilidade de
uma pessoa comum cumprir todas as vinte e oito dessas
profecias. Alguém sugeriu que, se tomássemos apenas dez
dessas profecias, a possibilidade de uma pessoa cumprir
todas elas seria como cobrir todo o Texas com uma camada
de trinta centímetros de moedas de prata, depois sobrevoar a
região em um
26. Veja Mateus 16.21; 17.22-23; 20.18 e 19; Lucas 9.22; 18.31-33
helicóptero e, com os olhos vendados, pegar a única moeda
diferente das demais.
Você diz — "É impossível!" — e eu concordo. É impossível
para qualquer ser humano — que não seja Jesus — no passado
ou no futuro, conseguir cumprir sequer dez dessas profecias.
Portanto, se dez são impossíveis, tente imaginar como seria
inconcebível que uma pessoa cumprisse as vinte e oito
relacionadas acima, mais as seis sobre sua morte citadas em
Isaías 53, e todas as demais. Não é de admirar que Jesus
tivesse censurado os judeus em João 5 por não reconhecerem-
no como o Messias — a evidência estava toda ali, nas
Escrituras, que eles afirmavam aceitar e estudar, pois, como
Ele disse, "são elas mesmas que testificam de mim". Eles não
tinham desculpa.
E o mesmo acontece conosco, se nos recusamos a aceitar
essa esmagadora evidência.
Parte IV:
Evidência de Sua
Ressurreição
16
A Ressurreição de Jesus: O
Restante da História
5. João 20.27
eu mesmo: apalpai-me e verificai, porque um espírito não
tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho"6. Como
o Dr. Smith sabiamente escreveu:
6. Lucas 24.38-39
7. Smith, p. 194-195
8. Hebreus 2.9
às limitações de tempo ou espaço. Era semelhante ao corpo
que todos os cristãos terão na ressurreição, como o apóstolo
Paulo escreveu:
A Importância da ressurreição
Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis.
Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus
Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados, e
não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo
inteiro, (1 Jo 2.1-2)
1. O túmulo vazio
Todos os túmulos famosos no mundo — a Abadia de
Westminster em Londres, o Túmulo de São Tome na índia, o
"Túmulo do Soldado Desconhecido", em Washington, ou os
muitos outros túmulos em Israel — são famosos pelos corpos
que contêm. Mas isto não acontece com o túmulo de Jesus. Ele
é o único no mundo famoso pelo que não contém. Ele estava
vazio na primeira manhã da Páscoa e continuou assim. O
túmulo vazio é um lembrete constante da mensagem do anjo
às mulheres: "Ele não está aqui: ressuscitou, como havia
dito."
0 significado do túmulo vazio não deve ser subestimado.
Este fato foi comprovado tanto por seus amigos como por seus
inimigos, sendo mencionado pelos quatro escritores dos
evangelhos e citado por Paulo, Pedro e por outros escritores do
Novo Testamento. Observe os acontecimentos narrados no
texto a seguir.
Caindo a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado
José, que era também discípulo de Jesus. Este foi ter com Pilatos
e lhe pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lho
fosse entregue. E José, tomando o corpo, envolveu-o em um
pano limpo de Unho, e o depositou no seu túmulo novo, que
fizera abrir na rocha; e, rolando uma grande pedra para a
entrada do sepulcro, se retirou. Achavam-se ali, sentadas em
frente da sepultura, Maria Madalena e a outra Maria. (Mt
27.57-61)
2. Mateus 28.6
3. João 20.15
PEDRO E JOÃO: Depois de Pedro e João ouvirem as
mulheres dizer: "Tiraram do sepulcro o Senhor e não sabemos
onde opuseram ", saíram ambos e foram ao sepulcro. "Ambos
corriam juntos, mas o outro discípulo João] correu mais
depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro; e,
abaixando-se, viu os lençóis de Unho; todavia não entrou. Então
Simão Pedro, seguindo-o, entrou no sepulcro. Ele também viu os
lençóis, e o lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus, e que não
estava com os lençóis, mas deixado em um lugar aparte."4
5. Atos 5.38-39
guarda romana e divulgariam a explicação do "corpo
roubado " se o túmulo estivesse ocupado? O historiador Ron
Sider concluiu que: "Se os cristãos e seus opositores judeus
concordavam que o túmulo estava vazio, temos pouca escolha
a não ser aceitar o túmulo vazio como fato histórico. "John
Warwick Montgomery, deão da Escola de Direito Simon
Greenleaf, em Anaheim, Califórnia, disse: "É difícil de
acreditar que os primeiros cristãos pudessem ter fabricado tal
história para então a divulgar entre aqueles que podiam
refutá-la com facilidade, simplesmente apresentando o corpo
de Jesus." 6
6. McDowell, p. 66.
7. McDowell, p. 91.
8. McDowell, p. 66.
2. Quem removeu a pedra?
Poucos críticos (exceto aqueles radicais como Crossan e outros
do Seminário Jesus) negam que uma grande pedra foi colocada
na entrada do túmulo de Jesus, que o túmulo foi selado e que
uma guarda romana vigiava o local para impedir que seus
amigos roubassem o corpo. Nenhum deles parece negar que a
pedra foi removida, abrindo o túmulo, naquela manhã de
Páscoa. A grande pergunta é: quem removeu a pedra? Não
poderiam ter sido seus inimigos, pois, como vimos, eles
tomaram as devidas precauções para ocultar o fato de que ela
tinha sido afastada da entrada do túmulo e que o corpo de Jesus
não estava lá. Além da explicação encontrada nos evangelhos,
há somente duas possibilidades:
15. Rice, John R. Is Jesus God?, Wheaton: Sword of the Lord Publishers, 1945, p.
140.
16. Sanders, J. Oswald. Christ Incomparable, Ft. Washington: Christian
Literature Crusade, 1952, p. 203.
sem depreciar a posição do homem. O modelo de caráter e os
ensinamentos de Jesus enriquecem todos os seres humanos.
Por isso, quando uma pessoa assim dedica boa parte do seu
curto ministério anunciando que certamente ressurgiria após a
morte, sua palavra merece crédito. Talvez apenas isto não fosse
suficiente, mas quando somado a outras linhas de raciocínio
expostas neste capítulo, ele é mais um argumento em favor do
fato de que sustenta que "é necessário que o Cristo sofra e
ressuscite dentre os mortos no terceiro dia".
Na verdade, toda a história da ressurreição, tal como se
apresenta nos evangelhos, combina bem com o caráter de Deus
e de Cristo. Não é conflitante com os milagres de Jesus e
realmente proporcionaria um excelente clímax a seu
nascimento miraculoso, vida, ministério e morte. Se um
homem manifesta um caráter impecável, como fez Jesus,
depois realiza milagres em benefício das pessoas, transmite
ensinamentos insuperáveis, e por fim morre sacrificialmente
pelos pecados como "o cordeiro de Deus que tira os pecados do
mundo"— por que devemos ficar surpresos com sua
ressurreição no terceiro dia? Principalmente quando isto é
exatamente o que Ele disse que tinha vindo fazer? Além disso,
lembremo-nos de que o maior livro sagrado do mundo predisse
que Ele faria a mesma coisa, e o fez de forma tão clara que, se
Ele não fosse aquele que deveria cumprir as profecias,
teríamos de procurar alguém idêntico a Ele. Não há dúvida
de que a ressurreição é o clímax de toda a sua vida.
Então correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo
a quem Jesus amava, e disse-lhes: "Tiraram do sepulcro o
Senhor e não sabemos onde o puseram." Saiu, pois, Pedro e o
outro discípulo, e foram ao sepulcro. Ambos corriam juntos,
mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e
chegou primeiro ao sepulcro; e, abaixando-se, viu os lençóis
de Unho; todavia não entrou. Então Simão Pedro, seguindo-o,
chegou e entrou no sepulcro. Ele também viu os lençóis, e o
lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus, e que não estava
com os lençóis, mas deixado em um lugar à parte. Então
entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao
sepulcro, e viu e creu. (Jo 20.2-8)
O jovem João adiantou-se a Pedro, mas parou à entrada do
sepulcro. Pedro, o discípulo afoito, chegou depois mas entrou
primeiro no sepulcro. Em seguida João também entrou para ver
com seus próprios olhos e imediatamente se convenceu diante
do que viu. A perfeita ordem daquele túmulo vazio enviou uma
mensagem para sua mente analítica de que alguma coisa
sobrenatural tinha acabado de acontecer. Os panos que
envolviam Jesus estavam ali e em perfeita ordem, como se
estivessem envolvendo uma múmia — porém não havia
nenhum corpo dentro! Todas as coisas estavam ainda intactas.
Jesus não estava mais lá, mas deixou no túmulo os panos que
envolviam seu corpo. João percebeu instantaneamente que a
única coisa que podia causar tal milagre era a transformação do
corpo morto de Jesus em um corpo novo, ressurreto, não mais
sujeito ao tempo e espaço. Se o corpo de Jesus foi roubado
como alguns dizem, por que os panos que envolviam seu
corpo ainda estavam lá? Se isso tivesse acontecido, João, a
testemunha ocular, não teria visto nada de excepcional. Mas ele
não viu simplesmente uma fria laje de pedra, mas sim uma
mortalha intacta, perfeita. Ele viu até o lenço da face dobrado
e estendido no lugar em que repousava a cabeça do Senhor.
Em perfeita ordem! Não admira que João "viu e creu". Se nós
tivéssemos estado lá, também teríamos crido!
Não, Paulo não estava louco, nem por suas muitas letras
nem por sua terrível culpa. Até o dia de seu martírio, ele foi
uma das pessoas mais lúcidas que já andaram pela terra. E
verdade que ele nunca esqueceu seus dias como
perseguidor da igreja, mas nunca duvidou que tinha sido
perdoado pelo fundador dessa igreja. Essa é a razão de ele
ter voluntariamente dedicado sua vida para anunciar a
ressurreição de Cristo.
Eles Morreriam por uma Mentira?
2. Atos 17.18
3. Atos 17.32
4. Atos 23.6
5. Smith, p. 207 e 208.
apresentar depois de quase dois mil anos de reflexão. Tenha
em mente também que essas teorias foram desenvolvidas
não por homens que buscaram sinceramente a verdade, mas
por pessoas determinadas a não acreditar na ressurreição de
Cristo. Julgue por si mesmo a força desses argumentos.
1. A teoria do desmaio
A velha teoria de que Jesus desmaiou temporariamente na
cruz foi inventada muito antes que a ciência médica
desenvolvesse uma compreensão das conseqüências
devastadoras provocadas por um trauma como o que Jesus
sofreu. Hoje qualquer pessoa de formação médica admitiria
que, se a crucificação não tivesse matado Jesus, os panos [a
mortalha] apertados contra seu corpo, o frio, a umidade, o
túmulo selado [sem ventilação] e três dias sem tratamento,
certamente o teriam matado. E, depois, ainda havia a
enorme pedra que ele precisaria remover, enfraquecido
como estava. Mas isto ainda não é o pior desta teoria.
Como um Cristo debilitado e pálido [por causa da perda
de sangue], que levaria semanas para se recuperar, pôde
inspirar seus discípulos a ir e proclamar sua vitoriosa
ressurreição? Esta idéia é tão ridícula que até mesmo o
famoso cético do século dezenove, David Strauss, escreveu:
6. Strauss, David. The Life of Jesus for the People, E. T, 2a ed. Londres: 1879, p.
412.
fosse usado para enterrar o corpo de Jesus crucificado, se na
realidade ele não tivesse permitido!
Além disso, eles com certeza vasculhariam todos os
túmulos, abrindo cada um deles até que o corpo de Jesus fosse
encontrado, ainda que isso significasse remover a pedra de
cada túmulo do jardim. No entanto, não há o menor indício na
história de que alguém alguma vez o procurou em qualquer
outro túmulo! Lembre-se de que os líderes religiosos nunca
negaram que o corpo de Jesus estava desaparecido. Por que
subornar os soldados romanos para que dissessem que seus
discípulos vieram e roubaram o corpo, se de fato o corpo
existisse? Até os judeus sabiam que o corpo de Jesus não
estava mais no túmulo, razão pela qual não procuraram por
ele.
De qualquer modo, como as mulheres poderiam ficar
confusas quanto à localização do corpo de Jesus? Mateus
relata que, quando José de Arimatéia desceu o corpo de
Jesus da cruz, colocou-o em seu "novo túmulo" (algumas
pessoas querem nos fazer acreditar que ele não sabia onde
era esse túmulo!), estando presentes Maria Madalena e a outra
Maria, sentadas de frente para o túmulo. São estas as
mulheres que foram ao túmulo no domingo seguinte pela
manhã — é possível acreditar que elas foram ao túmulo
errado? Isso seria inacreditável! Marcos nos diz que essas
duas mulheres observavam quando o corpo de Jesus foi
descido da cruz, ungiram-no temporariamente, revestiram-no
de tiras de pano para formar a mortalha, quando então [José, e
certamente outros ajudantes] "o depositou em um túmulo que
tinha sido aberto em uma rocha; e rolou uma pedra para a
entrada do túmulo". Então Marcos acrescenta: "Ora, Maria
Madalena e Maria, mãe de José, observaram onde ele foi
posto"7. E três dias depois não conseguiram localizar o
túmulo? Altamente improvável.
7. Marcos 15.47
Quando meu pai morreu eu estava dominado pela tristeza.
Ele foi enterrado em um cemitério com mais de quinhentas
sepulturas. Você acha que tive muita dificuldade de relembrar
qual delas era a sua, exatamente três dias depois do funeral?
De modo algum. Sua sepultura estava fixada em minha mente
para sempre — e eu tinha apenas nove anos! Posso encontrar
aquele túmulo até hoje, passados cinqüenta anos.
Não há como aceitar que as mulheres pudessem estar
"confusas" quanto ao túmulo. (Nem era provável que os anjos
estivessem confusos quanto à pedra que deveriam remover.)
Sim, não há dúvida de que era o túmulo certo — e ele estava
vazio!
10. Orr, Dr. James. The Resurrection of Jesus, Nova York: 1908, p. 129.
Lembre-se de que José é citado como um "homem bom"
que deve ter tido um bom relacionamento com o alto conselho
judaico, do qual obteve permissão para descer o corpo de
Jesus da cruz. Alguns acreditam que ele também era um dos
membros do conselho. Seja como for, ele tinha permissão para
tirar o corpo de Jesus da cruz. Se ele próprio tivesse colocado
o corpo em outro túmulo, certamente ele teria sido a primeira
pessoa a ser consultada pelas autoridades, em seus esforços
para localizar o corpo. Se ele tivesse queimado o corpo ou feito
qualquer outra coisa com ele, teria divulgado a história em
toda Jerusalém. Nada parecido com isso aconteceu. Na
verdade, não consta que ele tenha sido procurado por
ninguém. Isto é coerente com o relato dos evangelhos, que
afirmam que os próprios soldados romanos contaram aos
líderes judaicos sobre a presença do anjo junto ao túmulo. Os
líderes sabiam que o corpo não estava lá, por isso não havia
necessidade de procurar por ele. A única coisa que podiam
fazer era espalhar falsos rumores sobre por que o corpo
sumiu. E foi o que fizeram.
Uma teoria semelhante é que os inimigos de Jesus
roubaram o corpo. Esta sugestão pode ser facilmente
desconsiderada, pois, se seus inimigos tivessem roubado o
corpo, eles certamente o teriam exibido para evitar a
propagação da nova fé baseada inteiramente em sua
ressurreição física! No entanto, nada disso aconteceu.
6. A teoria da visão
A teoria da visão é talvez a explicação falsa mais
amplamente aceita para a ressurreição. Ela defende a
integridade dos discípulos, considerando-os homens
honestos e sinceros que foram emocionalmente perturbados
pela morte de seu líder. Esta
12. Harris, Murray J. Three Crucial Questions About Jesus, Grand Rapids
Backer Publishing House, 1994, p. 42.
Renan queria que acreditássemos que a fé dos primeiros
cristãos na ressurreição foi resultante de alucinações
coletivas que atingiram treze pessoas (cujos nomes
conhecemos), e mais os "quinhentos de uma só vez".
Entretanto, todos eles morreram como mártires em vez de
renunciar à crença na ressurreição. O melhor que Renan
pode fazer é atribuir os encontros de todas essas pessoas
com o Cristo ressurreto a alucinações coletivas capazes de
transformá-los em zelosas testemunhas.
Na melhor das hipóteses, é preciso um grande esforço para
imaginar que onze homens e várias mulheres tiveram todos
as mesmas visões e que alguns anos depois Saulo de Tarso —
antes um impiedoso inimigo da nova igreja — teve essas
mesmas visões. (E no caso dos onze discípulos originais,
depois de quarenta dias as visões cessaram.)
Não sou autoridade em sonhos, mas nunca ouvi falar de
sonhos coletivos idênticos, nos quais todas as pessoas (e
nenhuma outra) que aparecem no sonho também têm o sonho
(enquanto ninguém mais tem). Isto põe à prova minha
credibilidade. Nunca posso sonhar a mesma coisa duas vezes e
nem posso prever o que vou sonhar. Minha esposa e eu,
quando passamos por fases de forte pressão emocional,
podemos algumas vezes sonhar sobre o mesmo assunto —
mas nossos sonhos nunca são iguais.
Além disso, pessoas saudáveis não têm a menor
dificuldade de distinguir entre um sonho ou visão e a
realidade. Uma visão pode levar um missionário como Paulo à
Macedônia13, mas nunca levará um grande grupo de
indivíduos a dar suas vidas pela ressurreição física de um
homem que eles na verdade nunca viram de outra maneira a
não ser em visões. As
7. A teoria do telegrama
Esta é uma das teorias mais estranhas de que se tem notícia.
Um estudioso escreveu sobre ela:
15. Machen, Dr. J. Gresham. The Christian Faith in the Modern World, Nova
York: 1936, pp. 214-215.
torna um fato natural — para Ele. Que foi um acontecimento
sobrenatural não é surpresa para nós; toda sua vida foi
sobrenatural. Mas sua ressurreição soluciona uma grande
questão: ela explica como a igreja surgiu e se estabeleceu.
Ninguém, especialmente os céticos, jamais conseguiu
oferecer uma explicação razoável para o extraordinário
crescimento da igreja no cenário mundial, se ela tivesse sido
construída sobre qualquer uma das teorias citadas. Há uma
resposta fácil — Jesus, o homem mais incomum deste mundo,
realmente ressuscitou dentre os mortos.
Contra as frágeis objeções sobre a ressurreição, como as
expostas nas teorias atrás citadas, levanta-se o maior de
todos os milagres. Um dos recentes defensores da fé,
combatendo o ceticismo do Seminário Jesus, escreveu em seu
livro: "Jesus Sob o Fogo".
1. João 6.68
Por Que os Líderes Judeus o Rejeitaram?
2. João 3.2
Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito
da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo"3.
Se qualquer indivíduo procura sinceramente a verdade, Jesus
promete que Deus lhe provera todas as informações e
evidências de que ele necessita para crer.
Meu amigo, Dr. John Hunter, da Inglaterra, é um bom
exemplo. Ele tem servido ao Senhor fielmente por mais de
cinqüenta anos. Porém John não foi sempre um cristão. Como
piloto de um bombardeiro da RAF (Força Aérea Real) durante
a Segunda Grande Guerra, ele passou por experiências
terríveis. Um dia, sabendo que podia morrer a qualquer hora,
ele fez esta simples oração: "Deus — se de fato existe —
espero que ouça minha oração e se revele a mim. Se o Senhor
o fizer, eu vou aceitá-lo e servi-lo." Em sua graça soberana,
Deus ouviu aquela oração sincera, colocando na vida de John
algumas pessoas que anunciaram o evangelho a ele.
Finalmente ele aprendeu o bastante sobre Jesus para tornar-se
crente. Ele convidou Jesus a entrar em sua vida e foi
maravilhosamente convertido.
Isto não aconteceu só com ele! Muitas pessoas têm feito
essa simples e sincera oração e Deus lhes tem respondido. O
eunuco etíope de Atos 8 é outro exemplo de uma busca sincera
de Deus (neste caso, ele tinha ido ao templo em Jerusalém em
busca de paz com Deus, mas não a havia encontrado). O
Senhor levou o evangelista Filipe até o deserto para encontrá-
lo e guiá-lo aos pés de Cristo. Como muitas outras pessoas,
após receber Cristo em seu coração, ele "foi seguindo o seu
caminho, cheio de júbilo"4.
Naturalmente as coisas nem sempre aconteceram assim,
pois os líderes judeus da época de Jesus "não quiseram ir a
Ele". Os ensinos de Jesus conflitavam com suas idéias
preconceituosas, que eram baseadas apenas nas tradições dos
3. João 7.16-17
4. Atos 8.39
homens e não na Escritura. Suas mentes já estavam
predispostas e suas vontades estabelecidas;
conseqüentemente eles rejeitaram a verdade que Jesus
ensinou. Para fazer isto eles tiveram de fechar os olhos para a
enorme quantidade de evidência a respeito da identidade de
Jesus, que Ele mesmo lhes havia provido.
6. Juízes 21.25
vos digo: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da
morte para a vida"7. Esta não é apenas uma das muitas
declarações de Cristo que provam que Ele é o divino Filho de
Deus; é seu oferecimento de salvação eterna a todos os que
crerem. Diante de todas as evidências da divindade de Cristo
e das muitas razões para crer nele, somos forçados a tomar
uma decisão a respeito dele.
9. Mateus 16.16-19
visitamos uma grande e antiga igreja católica. Depois da
revolução ocorrida uns setenta anos antes, os índios
expulsaram a igreja católica de seu território e
estabeleceram sua própria forma de adorar. Quando caminhei
em direção ao altar no interior da igreja, fiquei surpreso ao
encontrar ali uma grande cruz — mas, em vez de uma réplica
de Cristo, havia uma imagem de índio Chamula.
Nosso guia missionário (que exercia o ministério entre
aqueles índios) explicou que, quando os índios estabeleceram
sua própria religião, os líderes "procuraram o melhor homem
em sua tribo e o crucificaram" na tentativa de proporcionar
um "salvador Chamula". Obviamente eles eram sinceros. Mas,
apesar de aquele homem ser considerado "o melhor em sua
tribo", ele tinha duas falhas fatais: ele não era divino e,
conseqüentemente, não poderia ser perfeito. Pára que pudesse
oferecer um sacrifício adequado pelos pecados da humanidade,
o "Salvador" devia ser mais do que um simples homem — ele
devia ser Deus em forma humana e precisava ser "um
cordeiro sem defeito e sem mácula".
Somente Jesus de Nazaré possui qualificação para isso.
Em 1994 realizou-se em Chicago um grande simpósio
sobre as religiões do mundo. Participaram dele mais de sete
mil representantes das religiões mais importantes do mundo.
Meu amigo Irwin Lutzer, pastor da Igreja Moody de Chicago,
participou daquele simpósio e contou depois sua experiência:
10. Lutzer, Irwin. Christ Among Other Gods, Chicago: Moody Press, 1994, pp. 62-64.
teria tido também uma natureza pecaminosa. Se Ele
tivesse sido o filho de Adão de uma forma natural Ele
teria sido um pecador.
A concepção virginal de Jesus preservou-o do pecado.
Maria experimentou um milagre especial que garantiu a
perfeição de seu filho. Ele era como nós, mas com uma
diferença fundamental.11