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Tim LaHaye

Traduzido por Rubens Castilho


Dedicatória

A todos aqueles que crêem que o Jesus de Nazaré histórico


foi realmente o Filho de Deus em forma humana, que morreu
na cruz e ressurgiu três dias depois — e a todos os que
desejam encontrar razões lógicas e convincentes para crer.
Sumário

INTRODUÇÃO: Quase Um Cético ........................................... 9

PARTE I: Quem É Jesus?....................................................... 15


1. A Pessoa Mais Extraordinária Que Já Viveu ......................... 17
2. O Que Há com os Céticos? .................................................. 31
3. A Credibilidade das Narrativas do Evangelho........................ 47
4. Várias Opiniões Sobre Jesus de Nazaré................................. 71
5. Quem Jesus Disse Que Era ................................................. 83

PARTE II: A Evidência das Testemunhas Oculares.................... 97


6. O Testemunho de João Batista............................................. 99
7. O Testemunho do Apóstolo Pedro........................................ 111
8. O Testemunho do Apóstolo João .......................................... 123
9. O Testemunho do Apóstolo Paulo......................................... 131
10. O Testemunho do Próprio Deus ........................................... 147
PARTE III: O Que Suas Obras Provam Sobre Ele...................... 157
11. Seus Milagres Como Testemunhos de Sua Identidade ........... 159
12. Jesus Recebeu Adoração..................................................... 179
13. Somente Deus Pode Perdoar................................................ 191
14. O Testemunho do Cumprimento das Profecias - Parte I
Profecias sobre a Descendência, Nascimento, Vida
e Ministério de Jesus........................................................... 201
15. O Testemunho do Cumprimento das Profecias - Parte II
Profecias sobre a Paixão, Morte, Sepultamento
e Ressurreição de Jesus ...................................................... 223

PARTE IV: Evidência de Sua Ressurreição................................. 253


16. A Ressurreição de Jesus: O Restante da História................... 255
17. A Ressurreição de Jesus Pode Ser Provada?.......................... 281
81. Algumas Teorias Falsas Sobre a Ressurreição de Jesus ......... 311

PARTE V : Quem Ele É Para Você?........................................... 333


19. Evidência Que Requer Uma Decisão..................................... 335
INTRODUÇÃO

Quase Um Cético

Por pouco não me tornei um cético na escola dominical.


Talvez ao superar a minha crise, adquiri a capacidade de
ser mais compreensivo e paciente com aqueles que guardam
perguntas não respondidas e dúvidas filosóficas honestas
sobre Deus, a Bíblia e Jesus Cristo.
Meu professor da escola dominical era um bom homem.
Tenho certeza de que ele era bem-intencionado, mas tinha uma
formação deficiente e quase nenhum tempo para preparar
adequadamente sua lição. Ele era faxineiro no turno da
noite na montadora da Ford em Dearborn, Michigan, perto de
Detroit. Nossa classe de meninos reunia-se na galeria — no
setor destinado ao coro — de uma igreja situada na avenida
Williamson.
Infelizmente para nós, o professor possuía um
conhecimento escasso da Bíblia e mal sabia ensinar. Quase
todos os domingos ele se colocava diante de nós e
nervosamente fazia da revista trimestral das lições um canudo,
apertando-a e torcendo-a, sempre dizendo a mesma coisa: "Não
tive tempo para estudar
minha lição esta semana, rapazes, mas vamos ver o que
Deus tem para nós". Devo confessar que, qualquer que fosse a
mensagem que Deus tinha para nós, o professor falhava em nos
transmitir. No entanto, de um modo ou de outro, esse homem foi
nosso professor por dois anos nas classes de treze e de
quatorze anos.
Para piorar as coisas, meu professor de biologia no primeiro
grau foi um ardoroso evolucionista e um propagador do ateísmo.
Ele nos dizia repetidas vezes que Deus não existia, que não
havia vida após a morte e que milagres eram impossíveis. O
Sr. Babel (acredite ou não, este era seu nome verdadeiro) tinha
obtido seu mestrado em ciência na Universidade de Michigan.
Ele sempre vinha para a aula preparado e era muito
convincente.
Não me considero um intelectual ou pensador profundo, mas
sou abençoado (ou, como alguns de meus amigos diriam,
"amaldiçoado") com uma mente muito ocupada e inquiridora.
Tenho dificuldade de aceitar qualquer coisa que não esteja
sustentada por razões lógicas. Não importa o que seja dito, se
eu não tiver assimilado, posso preliminarmente fazer uma
pergunta para me certificar de sua validade.
Um dia, espremi meu bem-intencionado professor da escola
dominical além de seus limites, por meio de uma infindável
lista de perguntas. "Por que Jesus fez aquilo?" "Podemos
provar isso?" "Como saber se é verdade?" Finalmente,
exasperado, ele vociferou: "Tim LaHaye, se você não parar com
todas essas perguntas, vou expulsá-lo desta classe!" E então
acrescentou algo que eu não podia aceitar: "Por que você
simplesmente não crê?"
Com toda honestidade, considerei aquilo intolerável.
Apenas crer? Isto era tudo o que o cristianismo lógico podia
conter? A fé era como uma infecção virótica que algumas
pessoas "pegavam" e outras não? Muito embora eu tivesse
aceitado Jesus como meu Senhor e Salvador no quarto ano
primário, estava passando por um momento crítico. Tinha
dificuldade para crer
que tudo o que aprendera era verdadeiro. Queria saber tudo
sobre Jesus, suas afirmações sobre si mesmo e sobre os
testemunhos de outros. Mesmo estando na oitava série, eu
tinha uma boa base sobre o cristianismo para identificar Jesus
Cristo como sua figura central. Se suas afirmações não
pudessem ser sustentadas, se as coisas que a Bíblia ensinava
sobre Ele não pudessem ser verificadas, então Ele não era o
que dizia ser. E, como um castelo de cartas, o cristianismo se
desmantelaria.
Poucas semanas depois, nosso fiel pastor disse algo que
nunca esqueci. "Se alguns dentre vocês têm dúvidas a respeito
do cristianismo, e particularmente sobre Cristo", "não tenham
receio de admitir isso diante de Deus e procurar as respostas
na Bíblia. Deus não espera que creiamos cegamente. Pelo
contrário, Ele espera que usemos nossas mentes." Então
citou em Hebreus o que o profeta Isaías havia escrito —
“’Vinde, pois, e arrazoemos’ diz o Senhor”1. Pela primeira
vez, entendi que eu estava tendo permissão, e até mesmo
incentivo, para ter uma mente inquiridora. Vi que o próprio
Deus nos desafiou a usar a razão para determinar aquilo em
que acreditamos.
Aquele momento marcou o início de uma busca da verdade,
resultando na descoberta de muitas razões lógicas e históricas
de minha fé. Finalmente, encontrei razões mais do que
adequadas para crer que Jesus Cristo, a figura central do
cristianismo, é quem Ele mesmo disse que era: "o Filho de
Deus" que "veio buscar e salvar o perdido"2.
Hoje posso dizer honestamente que minhas dúvidas e
indagações têm sido mais do que respondidas. As respostas
que encontrei devem desafiar qualquer cético sincero a
examinar a imperiosa evidência da real identidade de Jesus
de Nazaré. Creio que há muito mais evidência para acreditar nas
afirmações

1. Isaías 1.18, itálicos do autor


2. Lucas 19.10
de Cristo do que para rejeitá-las, mais perguntas respondidas
do que não respondidas. Na verdade, estou convencido de que,
quando aprofundamos nossas questões e examinamos
inteiramente nossa evidência, concluímos que Jesus de
Nazaré foi uma pessoa única. Vamos também descobrir que
é extremamente difícil apresentar razões críveis para seu
poderoso impacto na história humana... insuficiente para
reconhecer que Ele foi, sem dúvida, uma deidade em forma
humana.
Este livro será bastante útil a todos aqueles que são sinceros
em suas dúvidas — sejam eles cristãos que abrigam perguntas
sem respostas, descrentes ou céticos sinceros. Tenho visto
muitos cristãos aumentarem seu amor e dedicação a Jesus
Cristo ao se tornarem mais convencidos sobre quem Ele
realmente é. À medida que suas dúvidas impertinentes e
perguntas persistentes foram enterradas, a fé de tais pessoas se
fortaleceu. Tenho visto, ainda, uma mudança nas atitudes de
descrentes e céticos ao compreenderem, conforme as palavras
do apóstolo Pedro, que não seguimos "fábulas engenhosamente
inventadas"3. Afinal, nossa crença e aceitação da pessoa e
divindade do Jesus Cristo histórico é intelectualmente idônea e
logicamente racional. Portanto, quando tais pessoas percebem
que somos pessoas lógicas, elas também abraçam a fé.

A Necessidade Deste Livro


Dewey Bertolini é um pastor amigo meu que tem dado
palestras para jovens secundaristas e universitários por mais de
vinte e dois anos. Dewey tem falado a mais de quinhentos
grupos de adolescentes de hoje. Ele afirma que os jovens
atualmente estão se desenvolvendo com pouco ou nenhum
conhecimento de Jesus Cristo. A menção do nome do Senhor
em qualquer coisa, exceto pelo lado profano, tem sido proibida
ou evitada tanto

3. 2 Pedro 1.16
na educação pública como na televisão; conseqüentemente, a
menos que os pais levem seus filhos e filhas regularmente à
igreja, muitos não terão um indício sequer de quem é
realmente o Filho de Deus.
Para ilustrar este triste fato, Dewey relatou como lhe foi dada
uma oportunidade de dar aula a uma classe do segundo grau a
apenas um mês antes de sua graduação. Ele apresentou o
nome de Jesus Cristo e ficou pasmo diante do absoluto
desconhecimento da classe. Curioso sobre aquele analfabetismo
espiritual, ele dividiu a classe em grupos para discutir o tema e
deu aos estudantes vinte minutos para formularem uma
definição de Jesus. Finalmente os grupos reuniram suas
descobertas e trouxeram a seguinte conclusão, que
representava o pensamento de toda a classe: "Jesus Cristo é
algum cara religioso que viveu há uns duzentos anos." Dewey
acrescentou: "Eles achavam que Jesus Cristo tinha sido
contemporâneo de George Washington, primeiro presidente
dos Estados Unidos."
Dewey falou, em seguida, de uma caminhada que fez pelos
corredores de uma das maiores escolas secundárias da cidade,
quando observou um estudante bater acidentalmente uma porta
sobre a mão de um colega. O estudante machucado começou a
blasfemar usando o nome de Jesus Cristo. Em vez de
desconsiderar a explosão de raiva e dor, Dewey aproximou-se
do jovem, expressou seu sentimento pelo acontecido e, então,
perguntou: "Você se importa se eu lhe perguntar por que
usou o nome de meu amigo dessa forma?"
"Nome de quem?" disse o estudante confuso.
"Jesus Cristo", respondeu Dewey.
"Quem é ele?" perguntou o jovem.
Acredite ou não, aquele jovem nada sabia a respeito daquele
"nome que está acima de todo nome"4, e usava-o como um termo
profano quando as coisas não iam bem.

4. Filipenses 2.9
Sei que esses jovens mal informados não representam o
consenso da juventude norte-americana, mas quem pode negar
que eles representam a crescente ignorância e falta de respeito
pela pessoa mais importante que já viveu neste mundo? É minha
oração que este livro não somente elucide quem Ele é, mas
que o comprove de maneira compreensível para todos.
Um Homem Chamado Jesus é a culminância de toda uma vida
de investigação. O livro não contém todas as respostas que
encontramos, mas inclui as melhores. Presumo que você vai
achar essas respostas convincentes. É minha esperança que
você as compartilhe com outros que, como o antigo Tim
LaHaye, estão carregados de perguntas e dúvidas.
Os céticos sinceros não duvidam porque não há respostas a
suas perguntas sobre a identidade de Jesus; eles duvidam
porque não lhes foram fornecidas tais respostas. O apóstolo
Pedro desafiou os cristãos de todas as partes "para responder
a todo aquele que vos pedir RAZÃO da esperança que há em
vós..."5.
Este livro irá não apenas estimular os cristãos e fornecer-
lhes respostas claras para as dúvidas que surgirem em seu
caminho, mas espero que possa também responder àqueles
que foram vítimas dos Srs. Babéis deste mundo. Aprendam
com um "ex-Tomé incrédulo" da escola dominical: a caminhada
ao longo da estrada do conhecimento vale mais do que a própria
viagem.

5. 1 Pedro 3.15, ênfase do autor


Parte I:
Quem É Jesus?
A Pessoa Mais Extraordinária
Que Já Viveu

Ele era conhecido em sua época como Jesus de Nazaré.


Trabalhou como carpinteiro a maior parte de sua vida adulta.
Entretanto, Ele foi tão extraordinário pela forma como viveu e
pela influência que exerceu sobre a humanidade que a palavra
"extraordinário" não consegue caracterizá-lo.
Ninguém mais — nem reis, ditadores, cientistas,
educadores ou líderes militares — deu uma contribuição maior
que a de Jesus à história do mundo. Pelo menos doze bilhões de
pessoas passaram por este planeta, mas até hoje, quase dois
mil anos depois de sua morte, ninguém chegou sequer perto de
ocupar a posição singular que Ele ocupou na história.
Nunca faltaram a este mundo grandes homens e mulheres.
A história está repleta de nomes como Salomão, Davi,
Hamurabi, Ciro, Alexandre o Grande, César, Gêngis Khan,
Joana d'Arc, Napoleão Bonaparte, George Washington, Isaac
Newton, Florence Nightingale... a lista continua infinitamente.
Mas ninguém se aproxima de Jesus Cristo em sua influência
sobre a humanidade.
0 próprio H. G. Wells, romancista e historiador inglês, autor
de cinco volumes sobre a história do mundo, presentes nas
prateleiras de quase todas as bibliotecas de faculdades e
universidades, acabou dando mais espaço a Jesus Cristo do
que a qualquer outro. E Wells não foi nenhum amigo da fé! Na
realidade, seus biógrafos retratam-no como um cético ou,
possivelmente, um ateu. No entanto, como um verdadeiro
historiador, ele não pôde desconsiderar a maior de todas as
personalidades que já viveram.

Inigualável em Sua Vida e Ensinamentos


Acima de qualquer dúvida, Jesus Cristo é a pessoa mais
estudada, discutida e analisada que já viveu. Mesmo depois de
vinte séculos, Ele tem mais defensores e oponentes do que
qualquer outra figura isoladamente. Enquanto existem
literalmente milhares de acadêmicos renomados que de boa
vontade o confessam como Senhor, há também outros
milhares que, se pudessem, destruiriam sua credibilidade.
Desde o início Ele teve tanto seguidores como caluniadores, e
temos sido advertidos de que esta situação perdurará até o
final dos tempos.
No próximo capítulo vamos comentar ligeiramente sobre o
tão falado Seminário Jesus, um grupo de setenta e dois
estudiosos liberais que se encontram duas vezes por ano em um
esforço de redesenhar a vida e o caráter de Jesus.
Remodelando-o como um simples "sábio ou cínico", eles
tentam despojá-lo de sua singularidade. Entretanto, a despeito
de seu fácil acesso à mídia popular, incluindo Newsweek, Time
e U.S. News and World Report, não tiveram êxito na conquista
de muitos adeptos. Na verdade, seu maior sucesso foi fazer
com que muitos estudiosos, escritores e teólogos — homens
brilhantes que examinaram a evidência da singularidade de
Jesus — publicassem suas
razões sólidas e dignas de crédito para crerem que Jesus Cristo
foi de fato aquele que os evangelhos retratam, a mais
extraordinária e influente pessoa que já passou pela Terra.
Os eruditos do Seminário Jesus, assim como outros como
eles, têm dificuldades para explicar como um simples sábio
ou cínico poderia ter influenciado o mundo de forma tão
fantástica como Jesus. A grande pergunta resume-se nisto:
Quem foi Jesus de Nazaré? Se Ele foi apenas um notável
carpinteiro nascido em um país obscuro, mesmo as mentes
céticas mais aguçadas têm dificuldade de explicar por que, de
todas as pessoas brilhantes que já existiram, Jesus permanece
em uma categoria própria.
Isaac Newton é considerado por muitos especialistas o mais
brilhante cientista que já existiu. Entretanto, esse homem
jamais tentou comparar-se a Jesus Cristo; pelo contrário,
sabemos que ele foi um crente ardoroso e seguidor fiel do
Nazareno. Blaise Pascal é considerado um dos maiores filósofos
do mundo e, no entanto, como Newton, nunca tentou usurpar
o lugar de Jesus Cristo. Pascal creu durante toda sua vida no
Salvador, até sua morte dolorosa. O mesmo pode ser dito de
Willian Gladstone, Louis Pasteur e de milhares de eruditos,
cientistas juristas e escritores brilhantes, bem como de milhões
de pessoas comuns. Todos eles estudaram sua vida e seus
ensinos, exa minaram ambos os lados das evidências e vieram a
crer mais d que nunca que Jesus é o Filho de Deus —
incomparável entre todos os que existiram.

Inigualável por Seu Impacto


Para colocarmos a influência de Jesus em perspectiva,
consideremos vários aspectos proeminentes de sua
singularidade. Jesus de Nazaré é incomparável como
influência moral. Sua vida e seus ensinos continuam
insuperáveis em sua
capacidade de guiar culturas, tribos e pessoas, tirando-as de
sua confusão moral.
Jesus de Nazaré é incomparável como influência artística.
Ele tem servido de inspiração na arte e na música do mundo
mais do que qualquer outra pessoa. Alguns dos maiores
oratórios e hinos da história foram escritos a respeito dele ou
para Ele. Jesus é o tema central de mais livros e música do que
qualquer outro indivíduo. A Biblioteca do Congresso norte-
americano, considerada a mais completa biblioteca do mundo,
registra mais obras sobre Jesus do que sobre qualquer outra
pessoa.
Jesus de Nazaré é incomparável como influência
humanitária. Mais hospitais, orfanatos, casas de repouso e
missões de salvamento têm sido dedicados a Ele do que a
todos os líderes religiosos reunidos. Mais esforços para ajudar
pessoas têm sido realizados, financiados e perpetuados por
seus seguidores do que todos os outros juntos.
Jesus de Nazaré é incomparável em sua capacidade de
inspirar devoção. Nenhum outro indivíduo nos últimos dois mil
anos atraiu maior dedicação entre seus seguidores. Embora
Jesus nunca tenha levantado um exército durante seus três
anos e meio de ministério, milhões e milhões de seus
seguidores espalharam-se pelas partes mais remotas do
planeta para levar sua mensagem — não por dinheiro, terras
ou recompensas materiais, mas por pura devoção a Ele.
Jesus de Nazaré é incomparável como influência escolástica.
Embora nunca tenha fundado uma faculdade, seus
ensinamentos e seus seguidores contribuíram mais para as
instituições de alfabetização e matérias educativas — de
todos os níveis, desde o jardim da infância até as universidades
— do que todos os outros reunidos. Somente nos Estados
Unidos, uma nação de instituições educativas, 128 faculdades
foram estabelecidas nos primeiros cem anos da história do país
— fundadas por uma igreja, denominação, ou grupo
religioso. Harvard,
Princeton e Yale, que foram os centros da educação norte-
americana durante duzentos anos, foram criadas para preparar
ministros, missionários e líderes cristãos. Além disso,
numerosas faculdades cristãs foram fundadas em honra do
Mestre.
Antes que o evangelho chegasse à América, foram os
seguidores de Jesus Cristo que proveram educação às crianças
de famílias comuns. Antes de Martinho Lutero na Alemanha e
João Calvino na França e na Suíça, somente os ricos, os
membros da realeza ou gênios do mundo eram considerados
aptos para a educação. Porém esses grandes reformadores
viram a educação como meio de ensinar a Bíblia a todas as
gerações, as quais, pela primeira vez, puderam ler as
Escrituras em suas línguas maternas. Os colonizadores
implantaram esse modelo no Novo Mundo. Não foi por mero
acaso que esse direcionamento para a educação das crianças
entre os séculos dezesseis e dezoito lançou as bases para o
crescimento explosivo da Revolução Industrial do século
dezenove.
Em flagrante contraste, as culturas seculares do mundo
pouco fizeram para alfabetizar milhares de tribos indígenas
que (em um determinado estágio) não possuíam uma
linguagem escrita. Enquanto isso, os seguidores de Jesus
traduziam a Bíblia em incontáveis línguas e ensinavam
milhões a ler. A intenção desses desbravadores era prover a
alfabetização e levar a Bíblia a todas as tribos do mundo na
virada do próximo milênio. A razão para isso? Dedicação a
Jesus Cristo.
Jesus de Nazaré é incomparável em seu impacto sobre as
mulheres. Ninguém fez tanto para elevar a dignidade da mulher
em geral e da maternidade do que Jesus Cristo. Ele veio a este
mundo quando as mulheres eram consideradas apenas um
pouco acima dos animais. Muitas eram negociadas como gado e
poucas desfrutavam direitos pessoais perante a lei e o
casamento. Nos lugares atingidos pela mensagem de Cristo, as
mulheres se viram enobrecidas e respeitadas como seres
humanos feitos à
imagem de Deus. Os seguidores de Cristo legaram às
mulheres o direito ao voto através de movimentos em toda a
Europa, Inglaterra e Estados Unidos. E seus discípulos
constituem hoje a legião daqueles que se posicionam em
defesa dos bebês não-nascidos. As mulheres não cristãs do
Ocidente podem não compreender a dívida que têm para com
Jesus Cristo e seus ensinos, mas é ao Nazareno e aos seus
discípulos que elas devem agradecer pela posição elevada
que usufruem hoje.
Jesus de Nazaré é incomparável em sua influência sobre a
liberdade e a justiça. Ninguém promoveu tão profundamente a
liberdade e a justiça pessoal do que os seguidores de Jesus,
armados com o padrão de sua lei. A lei inglesa e norte-
americana, considerada como modelo para todo o mundo, deve
sua existência basicamente aos ingleses John Locke, William
Gladstone, William Wilberforce, William Blackstone e aos
americanos James Witherspoon, John Adams, James
Madison e John Marshall. Todos foram seguidores devotados
de Cristo, que conheciam e aplicavam seus princípios e
ensinos para a preservação dos direitos e liberdade individuais
sob a lei. Todos esses homens influentes admitiram livremente
que deviam sua grandeza a Ele.
0 clímax dessa dedicação à liberdade individual veio com a
Declaração da Independência dos Estados Unidos da América,
cujas palavras — "Todos os homens foram criados iguais" —
tornaram-se a pedra angular da nação mais livre da história
universal. A América do Norte foi fundada para preservar a
liberdade religiosa: "Vida, liberdade e busca da felicidade"
para todos.
Como se pode ver, a evidência é impressionante. Não
importa que esfera salutar da atividade humana se
considere, a influência de Jesus Cristo sobre a civilização
ocidental avulta e prepondera sobre todas as demais. A história
mostra que vidas têm sido transformadas nos lugares onde a
mensagem de Jesus foi colocada em prática, resultando em
ganhos expressivos para a educação, a lei, a sociedade e a
cultura.
Inigualável em Sua Vida Pessoal
Não é por acaso que o homem que mais influenciou
positivamente a civilização foi o que viveu a vida mais
extraordinária da história.
Considere seu nascimento. Em cada Natal bilhões de
cristãos e não-cristãos celebram seu nascimento e relembram a
característica incomum de sua vinda ao mundo: sua mãe era
uma virgem.
A vida santificada de Jesus também o torna diferente de
qualquer outro ser humano, pois, como vamos provar mais
adiante neste livro, mesmo seus inimigos não puderam
encontrar qualquer falta nele. Em toda a história humana,
somente um homem que se declarou perfeito foi levado a sério
tanto por seus amigos como por seus inimigos. Jesus nunca
teve de se desculpar ou pedir perdão. Ele é inigualável pelo
fato de nunca ter pecado.
Os magníficos ensinos desse humilde carpinteiro da Galiléia
também o elevaram a uma categoria ímpar. A maioria dos
historiadores e filósofos ocidentais, assim como muitos de outras
tradições, reconhecem-no como o maior de todos os mestres.
Considere sua regra de "Amai os vossos inimigos"1 ou "orai
pelos que vos caluniam"2 ou "dai, e dar-se-vos-á"3. Quase
todos os historiadores concordam que este mundo seria um
lugar muito melhor, se todos seguissem os ensinos do
Nazareno.
Os milagres de Jesus o colocam igualmente em posição in-
comparável. Como veremos adiante, eles realmente
aconteceram e são ainda incontestáveis. Sua capacidade de
curar enfermidades e sanar deformidades tidas como
irreversíveis demonstra que Ele tinha o poder de Deus no seu
interior como ninguém mais.

1. Mateus 5.44
2. Lucas 6.28
3. Lucas 6.38
Finalmente, para coroar sua trajetória gloriosa neste mundo,
Ele deu sua própria vida sacrificialmente pelos pecados do
mundo e em seguida realizou o maior de todos os seus
milagres: ressuscitou dentre os mortos. Esse acontecimento,
comemorado a cada ano como uma das duas datas mais
sagradas do calendário cristão, confere-lhe a supremacia como
a pessoa mais extraordinária que já viveu.

Os Títulos Inigualáveis Atribuídos a Jesus


Nenhuma pessoa além de Jesus tem sido identificada por meio
dos títulos a seguir, porque nenhum outro foi qualificado para
usá-los. Alguns desses títulos lhe foram dados por anjos, outros
por seus discípulos ou seguidores ou mesmo pelos profetas
hebreus. Nenhum desses títulos o caracteriza plenamente.
Para compreender quem Ele realmente foi e como será em sua
segunda vinda, todos devem ser considerados em conjunto.
Uma coisa é certa: nenhum outro ser faz jus ao mérito de
ostentar sequer um desses títulos.

Todo-poderoso
Deus forte
A palavra era Deus
Senhor meu e Deus meu
O grande Deus
Nosso salvador Jesus Cristo
Maravilhoso
Conselheiro
Pai da eternidade
Príncipe da paz
Alfa e Ômega
Primeiro e Último
Deus bendito para sempre
O Cristo
Filho de Deus
Jeová
O princípio e o fim
O Senhor
Salvador
O Santo
Senhor de todos
Emanuel
O caminho, a verdade e a vida
Rei dos reis
Senhor dos senhores

Na história do mundo, ninguém jamais saiu de uma oficina de


carpinteiro para ostentar títulos tão sublimes. Sua vida somente
pode ser explicada pelo fato de ter sido Ele, realmente, "o Filho
de Deus" em um sentido único.

No fim de semana em que escrevia estas palavras, Deus


mostrou-me um exemplo perfeito disto. Fiz o discurso de
colação de grau da vigésima quinta turma da Christian
Heritage College, em San Diego, Califórnia (faculdade fundada
pelos doutores Henry Morris, Arthur Peters e por mim). Um
dos alunos deu um incrível testemunho.
0 homem — 1 metro e 95 centímetros de altura, 110 quilos
de peso — contou uma longa história passada dentro e fora da
prisão. Na última vez em que fora jogado em uma cela, a primeira
coisa que fez foi expulsar um dos presos do beliche mais
cobiçado do local, dizendo: "A partir de agora esta cama é
minha — vai dizer alguma coisa?" Com isso, ele se enfiou no
beliche para ter um bom sono. Mas, em vez disso, notou uma
protuberância em seu colchão, uma Bíblia, a primeira que tinha
visto. Começou a ler e não parou mais até terminar o evangelho de
João —
momento em que suplicou a Cristo que perdoasse seus
pecados, aceitando-o como Senhor e Salvador. Sete anos mais
tarde ele era não somente um homem transformado, sem mais
qualquer pendência com a lei, mas estava se formando em uma
faculdade cristã a fim de ingressar em um seminário para se
preparar para o ministério. A influência do Nazareno se fez
sentir novamente, mudando a natureza decaída e a direção
da vida desse homem.
Posso dizer sem reserva que ninguém jamais exerceu uma
influência tão positiva sobre as pessoas do que Jesus de Nazaré!

A Razão de Sua Singularidade


0 simples fato de Jesus de Nazaré ter influenciado este mundo
mais do que qualquer outra pessoa deve ser suficiente para
estabelecer seu lugar ímpar na história humana. Mas, quando
decompomos as muitas outras facetas singulares de sua vida,
ficamos estarrecidos diante de um dilema incrivelmente
difícil. Como explicar a contribuição de toda sua vida, resumida
a apenas três anos e meio? Quando um homem é colocado no
pedestal supremo, muito acima de todos os outros na história
humana, certamente deve ser por alguma razão. Qual seria?
Não foi por sua descendência familiar próxima, porque sua
mãe foi uma simples mulher judia e seu pai, um humilde aldeão
carpinteiro.
Não foi por suas posses materiais, porque Ele não tinha
dinheiro algum, nem mesmo um lugar "onde reclinar a
cabeça"4. Ele foi acusado diante de um tribunal vestindo uma
túnica emprestada e seu corpo foi colocado em um túmulo
também emprestado.
Não foi sua educação, pois não há nenhum registro de que
Ele tenha freqüentado uma escola. No entanto, com a idade de

4. Mateus 8.20
apenas doze anos, Ele confundiu os doutores de teologia no
templo de Jerusalém.
Não foi por suas viagens pelo mundo, pois, com exceção de
uma breve estada no Egito quando era ainda bebê, Ele nunca
viajou mais do que 150 quilômetros para fora da cidade em
que foi criado.
Não foi porque viveu e ministrou em um país influente, pois
Ele passou toda sua vida na obscura e pequenina terra de
Israel, tendo sido criado em uma cidade que gerava a seguinte
pergunta: "De Nazaré pode sair alguma coisa boa?"5
Não foi porque teve amigos influentes, pois somente
pescadores, cobradores de impostos e outros homens sem
representatividade alguma o seguiram.
Não foi porque todas as pessoas gostavam dele, pois os
líderes religiosos e políticos elitistas várias vezes tentaram
apedrejá-lo e finalmente o crucificaram.
Não foi porque teve uma vida longa e bem-sucedida, pois Ele
estava com apenas trinta e três anos quando sacrificou sua vida
por outros.
Não foi porque teve um longo e extenso ministério, pois seu
ministério durou apenas três anos e meio. Pelos padrões
humanos, Ele teve uma morte ignominiosa em uma cruz tosca.
Não foi porque estabeleceu muitas organizações para
perpetuar sua memória, pois Ele fundou somente uma — sua
Igreja — e ela somente teve início depois de sua morte.
Assim sendo, a que atribuir a posição única de Jesus Cristo?
Tenho lido as insinuações daqueles que rejeitam a afirmação de
Jesus ser Deus em forma humana e observado suas
inconsistências. As opiniões de tais pessoas são mais difíceis
de aceitar do que os simples relatos do evangelho. Como
pôde esse homem influenciar mais vidas e afetar a história
humana mais profundamente

5. João 1.46
do que todos os outros? Em toda a história, ninguém pode
comparar-se a Ele. E, no entanto, Ele fez tudo isso em apenas
três anos e meio! Todos os incrédulos sinceros devem
responder à pergunta: "como Ele conseguiu isso?"
À medida que Jesus Cristo caminha ao longo das páginas da
história humana, Ele é elevado a uma categoria sem similar por
sua peculiaridade. Por um lado, os descrentes não podem
deixar de reconhecê-lo, tamanhas foram suas contribuições
em favor da humanidade; nem podem eles explicar sua
existência sem admitir sua divindade. Albert Schweitzer,
vítima de uma onda de ceticismo no começo deste século, teve
de admitir que o Jesus histórico é um enigma e um estranho
para o nosso tempo. Como o Dr. Carl E H. Henry, um dos
últimos estudiosos verdadeiramente conservadores da Bíblia
na geração passada, escreveu: "Muitos estudiosos que
rejeitam que Jesus é Deus verdadeiro e homem verdadeiro,
vendo-o apenas sob uma única faceta, distinguem-no, apesar
disso, da totalidade da raça humana. Os tributos prestados a
Jesus, mesmo por estudiosos que repudiam os credos
cristológicos históricos, não somente reverenciam o Nazareno
acima de seus contemporâneos, mas elevam-no bem acima de
todos os seres antigos e modernos. Essas avaliações de Jesus
Cristo acabam por exaurir habituais categorias antropológicas
ao tentar explicá-lo." Ele então conclui: "Aqueles que não
começam com a suposição cristã fundamental de que 'o Verbo
se fez carne' (Jo 1.14), mas procuram mostrar como um
homem completo, como supõem que Cristo foi, estava unido (de
alguma forma) a Deus, não podem senão terminar em pontos de
vista confusos e contraditórios"6.
Na realidade, todas as descrições de Jesus que conflitam
com aquelas apresentadas nos quatro evangelhos são "não-
históricas". Jesus é quem Ele disse que era: Deus em forma
humana.
6. Henry, Dr. Carl F.H. The Identity of Jesus of Nazareth, Nashville: Broadman
Press, 1992, p. 20.
Não há qualquer explanação meramente humana sobre o
porquê de um simples, embora brilhante, homem — que
deveria ter sido esquecido há muito tempo por todo este
mundo — ser ainda a pessoa mais amada que já viveu, quase
dois mil anos após sua morte. As explicações humanas não
conseguem explicar a influência que Ele ainda exerce sobre
este planeta. Apenas um fato explica a singularidade de Jesus
Cristo: Ele foi verdadeiramente o Filho de Deus que veio sob
forma humana, exatamente como Ele se declarava.
Veja você que atribuir somente humanidade a Jesus não é
suficiente. Para cumprir o que Ele fez, tanto em sua vida como
em seus ensinamentos, precisava ser tanto Deus como
homem, operando juntos em uma pessoa única. Essa pessoa é
Jesus de Nazaré.
0 propósito deste livro é demonstrar essa convicção de
maneira lógica e razoável. Para começar nossa investigação,
vamos considerar o ceticismo de alguns daqueles que
rejeitam a condição única de Jesus como Deus-Homem.
Veremos que, enquanto nenhuma boa evidência dá apoio a esse
ceticismo, montanhas de evidência comprovam a prerrogativa
de que Jesus é o único Filho de Deus, o Senhor da Glória em
forma humana.
O Que Há com os Céticos?

Por mais de mil e seiscentos anos a divindade pessoal de


Jesus Cristo raramente foi colocada em dúvida. A maioria das
pessoas aceitava prontamente os relatos das testemunhas
oculares de sua vida, contidos nos evangelhos, onde é evidente
que Jesus devia ser realmente Deus em forma humana. As
pessoas de sua época muitas vezes faziam exclamações
como esta: "Ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se
Deus não estiver com ele"1.
0 mesmo podia ser dito de seus ensinos, pois Ele falava
como quem tem autoridade. Nem mesmo o maior profeta do
Velho Testamento ousou dizer algo como: "Ouvistes que foi
dito aos antigos: 'Não matarás'... Eu, porém vos digo..."2
colocando-se no mesmo nível de Deus. O impacto de Jesus sobre
a civilização, reconhecido universalmente, fez com que os
homens o aceitassem como Deus, pois nenhum outro teve
tanto impacto

1. Veja João 3.2; 9.33


2. Mateus 5.21-22
sobre as nações como Ele, ou realizou tantas coisas em tão
pouco tempo.
Porém, mesmo quando Jesus andou por este mundo, nem
todos o aceitaram como Filho de Deus. Nem todos os que
ouviram sua palavra, viram seus milagres e puderam
comprovar quem Ele realmente era, acreditaram nele. Muitos
dos judeus de sua época o rejeitaram, porque Ele não
correspondia à imagem que eles faziam de um Messias.
No entanto, desde o princípio aqueles que o aceitaram como
Messias também aceitaram sua natureza divina. As igrejas que
surgiram depois disso seguiram essa mesma doutrina. A
história registra poucas vozes que se ergueram para formular
razões contrárias à divindade de Jesus Cristo. E assim foi até
cerca de quatrocentos anos atrás.

A Crença em Deus É Ameaçada


A partir do século dezesseis, com o filósofo René Descartes,
muitas pessoas foram influenciadas pela idéia de que não
podiam acreditar naquilo que não podiam ver. E como não
podiam ver Deus, recusaram-se a crer em sua existência.
Isto, representou um rompimento com a crença da época.
Durante milênios, a maior parte da humanidade aceitou o fato
de a criação ter sido obra de um Criador. No entanto, Descartes
e seus seguidores rejeitaram toda a noção de Deus.
Foi, portanto, natural para os céticos franceses do século
dezessete e para os racionalistas alemães do século dezoito
questionar a divindade de Jesus. Eles já haviam rejeitado a
crença em Deus e proposto uma filosofia de vida independente
dele; o passo seguinte foi aplicar esse ceticismo a Jesus.
Um princípio básico da lógica é que, se você começa com
uma premissa errada, acaba chegando inevitavelmente a uma
conclusão errada. Na questão da divindade de Cristo, a partir do
momento em que a pessoa rejeita Deus, ela deve repudiar
também
a crença no sobrenatural. Este preconceito vai impedi-la de
enxergar com clareza, não permitindo uma avaliação imparcial
de qualquer alegação que se refira à divindade de Jesus. Um
cético simplesmente não pode admitir a possibilidade de que
Jesus é Deus. Se ele admitisse isso, estaria negando a própria
essência de sua crença — "Não há Deus". Portanto, ele
rejeita arbitrariamente as afirmações da divindade de Cristo; já
que Deus não existe, Jesus não pode afirmar que é divino. Desta
forma, muito antes de começar uma avaliação da vida de Cristo,
os céticos concluem que Jesus não era nada mais do que um
simples homem.
A maioria das pessoas que rejeitam Deus e a divindade de
Jesus são como o ateu Tom Paine, que escreveu um livro de
grande influência, A Idade da Razão, sem nunca ter lido a
Bíblia! Muitos concluíram que Jesus é menos do que o "Filho
de Deus" (um direito que Ele alegou repetidas vezes
possuir) sem ao menos examinar sua vida. Em muitos casos,
apenas repetiram o que outros tinham escrito sobre o
assunto...
Alguns céticos, embora admitindo o incrível impacto da vida
de Jesus sobre o mundo, insistem no ponto de que Ele nunca
alegou ser Deus ou possuir os atributos de Deus. Eles querem
nos fazer acreditar que Jesus foi um homem bom, mas não
divino.
Isto é exatamente o que acontece com os ilustres
participantes do Seminário Jesus, que nos últimos anos tem
recebido tanta atenção da mídia.

O Seminário Jesus: Quem São e o Que Fazem Seus


Participantes?
Em 1985, Robert Funk convidou várias pessoas, em sua maioria
estudiosos liberais, para verificarem a identidade de Jesus e a
autenticidade dos registros do evangelho. Cerca de duzentos
acadêmicos estiveram na primeira sessão; mas desde então
esse numero tem diminuído, agrupando atualmente de setenta
a setenta e cinco pessoas. Trinta e dois dos "participantes"
ou ensinam ou possuem títulos de docentes de três das
instituições teológicas mais liberais dos Estados Unidos
(Harvard, Claremont e Vanderbilt). Esses estudiosos se
reúnem para julgar os registros do Novo Testamento e
submetê-los a seus próprios testes de exatidão.
O objetivo principal do seminário tem sido sempre atrair
a maior publicidade possível às suas "descobertas". Logo no
início ficou decidido que a votação seria feita por meio de
bolinhas coloridas — pois chamam mais a atenção. Um
membro do seminário explicou o significado das cores que
codificam as palavras de Jesus: "Vermelha — isto é Jesus!
Rosa — isto parece ser Jesus. Cinza — talvez seja Jesus. E
preta — houve algum erro!"3 O seminário percorreu
detalhadamente cada evangelho e votou sobre a
autenticidade de cada afirmação atribuída a Jesus.
A objetividade do grupo pode ser vista em suas
conclusões.

De acordo com o Seminário Jesus, a maior parte do evangelho


de João é uma farsa [apesar de os estudiosos bíblicos
considerarem-no mais autêntico que os demais evangelhos]; ele
recebeu uma marca rosa, algumas cinza e nenhuma vermelha.
A passagem marcada com a cor rosa, João 4.44, é traduzida
assim: "Um profeta não consegue nenhum respeito em seu
próprio território ". No evangelho de Marcos apenas uma
expressão recebeu a cor vermelha — "Dai a César o que é de
César, e a Deus o que é de Deus " (Mc 12.17). Ao todo, 82% das
palavras de Jesus em Mateus, Marcos, Lucas e joão não são
consideradas julgadas autênticas. Apenas 15 frases de Jesus
são marcadas em vermelho, sendo todas expressões curtas e
pungentes.4

3. Funk, Robert e Hoover, Roy. The Five Gospels Search for Authentic Jesus, Nova
York: MacMillin Publishing Co., 1993, p. 37
4. Groothuis, Douglas. Jesus in an Age of Controversy, Eugene: Harvest House,
1996, p. 21.
Este ataque nada sutil ao Jesus histórico e sua contribuição
produziu o seguinte comentário do conservador Douglas
Groothuis: "Quase nada resta de autêntico depois dessas
análises"5.
0 objetivo deles era exatamente esse e tudo foi premeditado
desde o início; nenhuma "erudição" foi envolvida, nem foram
feitas quaisquer novas descobertas. Na realidade, sem a
publicidade veiculada em revistas como Time, Newsweek, U.S.
News and World Report, Life, e em grandes jornais como Los
Angeles Times e New York Times, as opiniões do seminário
teriam sido esquecidas rapidamente.
É importante lembrar que o seminário não fez qualquer nova
descoberta que conduzisse a esses pontos de vista injuriosos.
De fato, ele teve início com a premissa de que o sobrenatural é
impossível. Todos os membros líderes do seminário negaram as
doutrinas básicas da fé cristã histórica, incluindo o nascimento
virginal de Cristo, sua divindade, a expiação viçaria, sua
ressurreição dentre os mortos e ascensão ao céu. Portanto, não
seria surpresa que o seminário rotulasse como "não-
autênticos" quaisquer fatos que dessem apoio a essas
doutrinas.
Além disso, a mídia nunca divulgou que tanto a metodologia
como as conclusões do Seminário Jesus foram atacadas por
crentes conservadores e estudiosos bíblicos do mundo inteiro.
Até mesmo os estudiosos que não proclamam fidelidade ao
Cristo vivo — tendência dominante tanto nos Estados Unidos
como na Europa — denunciaram as falhas do seminário.
0 primeiro livro a ser publicado pelo seminário, Os Cinco
evangelhos: A Busca do Jesus Autêntico, revela as verdadeiras
intenções do grupo. Este trabalho de 1993 procura elevar o
evangelho de Tome ao mesmo nível de autoridade concedido
pela igreja aos quatro evangelhos canônicos. Na verdade, o
seminário

5. Groothuis, p. 20.
freqüentemente julga Tome superior aos respeitados
evangelistas, apesar de a igreja primitiva não fazer qualquer
menção de Tome por trezentos anos após a morte de Cristo. Por
que essa fascinação por Tomé? Pode-se apenas inferir que é
pelo fato de o seminário preferir o gnosticismo de Tome à
ortodoxia bíblica.
Quando este "evangelho" foi descoberto, logo depois da
Segunda Guerra Mundial, os estudiosos céticos saudaram-no
como um novo conceito dogmático para destruir o Jesus
autêntico. Porém, como todas as outras tentativas dos últimos
trezentos ou quatrocentos anos, a teoria que coloca Jesus como
"sábio" ou "cínico" (baseada substancialmente em Tome) é mais
difícil de ser aceita do que a imagem de Jesus como "Filho de
Deus" revelado nos evangelhos tradicionais — especialmente
quando nos lembramos que esses homens estão mais de
dezenove séculos distantes dos eventos, armados apenas com
seus Ph.Ds. e suas tendências céticas. É a opinião deles contra
os registros escritos de homens que passaram três anos e
meio com Jesus de Nazaré e que foram "testemunhas oculares
da sua majestade"6.
Embora o Seminário Jesus continue a reunir-se — está
estudando atualmente o que Jesus realmente fez quando
esteve na Terra e quais livros devem ser incluídos no cânon
bíblico —, ele nada mais fez do que levantar questões
perturbadoras sobre sua objetividade, metodologia e valor
escolástico. Nem ao menos conseguiu mostrar por que alguém
deve abandonar a confiança nos registros dos evangelhos e,
em seu lugar, passar a confiar em seus próprios vôos
imaginários.7

6. 2 Pedro 1.16
7. Para estudo complementar sobre o Seminário de Jesus, leia os seguintes
livros (todos estes autores estão bem qualificados para participar do
Seminário Jesus, mas não tem sido convidados):
Wilkins, Michael J. e Moreland F. P. Jesus Under Fire, Grand Rapids:
Zondervan Publishing House, 1995.
Boyd, Gregory A. Cynic, Sage or Son of God, Wheaton: Victor Books, 1995.
Witherington III, Ben. The Jesus Quest, Downer Grove: Inter Varsity Press,
1995. Groothuis, Douglas. Jesus in an Age of Controversy, Eugene: Harvest
House, 1996.
Os céticos que conheço são geralmente mais eficientes em
levantar objeções do que em responder à simples pergunta:
"Como você explica o cristianismo sem o sobrenatural?"
Notamos esta tendência nas teorias superficiais e tolas
desenvolvidas por eles, onde geralmente se criam mais
problemas do que soluções. E interessante observar que eles
não parecem desenvolver nada realmente novo. Várias obras
que utilizei em minha pesquisa para a publicação deste livro
foram escritas há mais de cem anos, e descobri que as
perguntas a que estamos respondendo hoje são basicamente
as mesmas levantadas naqueles períodos.
Em resumo, os céticos modernos não têm nada de novo a
oferecer. Eles apenas retomam as idéias elaboradas pelos
céticos franceses e racionalistas germânicos de dois ou três
séculos atrás. Mesmo os participantes do Seminário Jesus não
têm proposto nenhuma novidade (apesar da publicidade
obtida). Até aqui o melhor que eles podem oferecer são
algumas novas interpretações das antigas teorias de Voltaire,
Rousseau, Hegel e outros. Se suas teorias fossem, ainda que
parcialmente, corretas, já poderiam ter obtido evidências
arqueológicas suficientes para derrubar a credibilidade da
origem divina de Jesus e da ressurreição (ou ao menos
colocar em dúvida os registros dos evangelhos). Ao invés
disso, as escavações dos arqueólogos têm servido para
confirmar os registros nos evangelhos sobre a vida de Jesus.

Como Nascem os Céticos


É interessante notar que muitos dos que duvidam da divindade
de Jesus ou de sua ressurreição física nunca leram os
evangelhos, ou os relatos das testemunhas oculares dos
acontecimentos da vida de Cristo. Voltaire, o célebre
descrente do século dezoito, rejeitou a divindade e a
ressurreição de Jesus, assim como a Bíblia. Como ele se tornou
tão cético? Talvez por ter sido tão brilhante? De modo algum.
Quando seus pais, que eram católicos
devotos, notaram que seu filho tinha a inteligência de um gênio,
contrataram um ex-sacerdote como seu professor particular na
tentativa de oferecer-lhe uma educação de qualidade.
Infelizmente, eles não verificaram por que o professor era
um ex-sacerdote. 0 homem tinha sido expulso da igreja
católica por seu ceticismo; por sua vez, ele inoculou doses
maciças de ceticismo na mente de seu jovem e brilhante aluno.
A objetividade nada tinha a ver com o ceticismo de Voltaire. A
doutrinação cética fez de Voltaire um cético!
Na realidade, tenho observado que a maioria dos céticos foi
influenciada por algum livro ou professor que transmitiu-lhes
seu próprio ceticismo. A partir do momento em que o cético se
convence de suas posições, seu orgulho pessoal não lhe
permite mudar de opinião, não importando quantos fatos
contrários possam desafiá-lo.
Isto é particularmente verdadeiro em relação a muitos
acadêmicos. Estes homens e mulheres apreciam passar
adiante seu ceticismo, atingindo as mentes jovens e
impressionáveis — muito embora não tenham os fatos a seu
favor. Talvez seja por isso que o maior número de céticos é
encontrado nas universidades, onde uns poucos professores
agnósticos podem minar a fé das gerações futuras.
Sob a capa de "liberdade acadêmica", os céticos ateus em
nossas faculdades e universidades (e algumas vezes em nossas
escolas secundárias) questionam todas as coisas da fé cristã,
desde a criação até a ressurreição, recusando-se a considerar
os argumentos cristãos.
Qualquer um que analise somente um dos lados de um
argumento está inclinado a adotar esse ponto de vista
(particularmente os jovens). As universidades de hoje estão
fabricando céticos, não porque os cristãos sejam falhos em
evidenciar a divindade e ressurreição do corpo de Cristo, mas
por falta da exposição dessa evidência. Estou convencido de
que a evidência da divindade e ressurreição de Jesus Cristo é
tão clara que
qualquer pessoa objetiva que examine ambos os lados de um
argumento concluirá que a fé cristã está baseada em fatos
históricos consistentes.

O Caso do Ateu Não-Científico


Quando eu era pastor, poucos ateus freqüentavam minha igreja.
Por isso fiquei realmente surpreso quando um jovem e
inteligente engenheiro apertou minha mão em um domingo
após o culto e anunciou: "Sou um ateu não-científico. Acabo
de concluir meu mestrado na Universidade Stanford e desejo
freqüentar sua igreja. Estou trabalhando por um ano em uma
empresa aqui em San Diego a fim de ganhar o suficiente para
freqüentar a Universidade Brandeis no próximo outono, visando
ao doutorado." E então explicou: "Um ateu não-científico é
aquele que examinou somente um lado da evidência antes de
chegar a uma conclusão. Durante os meus estudos, fui instruído
a examinar os dois lados de uma argumentação antes de chegar
a uma conclusão. Descobri, então, que toda minha
argumentação partia de uma perspectiva cética ou ateia. Por
isso, durante estes nove meses em que não tenho atividade
acadêmica pesada, resolvi freqüentar sua igreja para que
possa conhecer e examinar o ponto de vista cristão."
Então ele me pediu algo que poucas pessoas me haviam
pedido: "0 senhor estaria disposto a separar uma hora por
semana comigo para me ajudar na orientação da pesquisa?" "É
claro que sim", respondi. Mas primeiro fi-lo prometer que leria
pelo menos um capítulo da Bíblia diariamente, à medida que eu
lhe fosse indicando.
Stan concordou e passamos a nos encontrar todas as
quartas-feiras à noite, antes do culto. Ele era um acadêmico
disciplinado. Lia a Bíblia diariamente, como prometeu, bem
como todos os livros e executava as tarefas que eu lhe dava.
Começamos com o nascimento virginal de Jesus e sua
origem divina, mas logo descobri que ele estava tão
interessado e aplicado que isso
exigiria mais tempo do que tínhamos disponível. Por isso, eu o
desafiei a pular diretamente para a ressurreição, porque, disse-
lhe, "se a ressurreição é válida, então a divindade de Cristo e
seu nascimento virginal também são válidos". Trabalhamos
arduamente durante os nove meses restantes e, por minha
sugestão, ele começou a preparar duas listas: uma a favor e
outra contra a ressurreição. Naquela época, Josh McDowell
ainda não havia escrito sua obra clássica sobre Jesus, por isso
tive de fazer uma porção de pesquisas por minha conta. Hoje a
tarefa seria muito mais fácil (e mais convincente!).
Fiquei extremamente desapontado quando, no final de
setembro, Stan me disse que aquele seria nosso último
encontro, pois partiria no dia seguinte para a Universidade
Brandeis. Tentei fazer com que ele tomasse uma decisão
apoiada em sua pesquisa, onde havia duas vezes mais
evidências em favor da ressurreição do que contra — mas
como ele "não estava preparado", achei melhor não forçá-lo.
Stan prometeu dedicar mais algum tempo a sua pesquisa, na
tentativa de "chegar a alguma conclusão até o feriado do dia
de Ação de Graças.
Sinceramente, achei que o tinha perdido. Afinal de contas,
naquela época, toda a Universidade Brandeis era judaica e 98%
de seus estudantes eram judeus ou ateus.
Não tive mais notícias de Stan até o Natal, quando ele me
pediu uma entrevista. Fiquei grandemente surpreso quando
ele me disse que planejava ir à igreja no próximo domingo e
declarar, na frente de todos, que queria se tornar um cristão.
Fiquei muito feliz com isso e, então, ele me contou como
chegou a esta conclusão.
Ele manteve sua promessa e dedicou um bom tempo nas
bibliotecas daquela área reunindo dados pró e contra a
ressurreição. Sua conclusão? "Houve cinco vezes mais
evidência PRÓ ressurreição de Jesus do que contra. Depois
que cheguei a esta conclusão, foi fácil ajoelhar-me à beira de
minha cama (no alojamento de Brandeis) e convidar Jesus, o
Cristo vivo, a entrar em
minha vida. A pesquisa havia finalmente terminado e uma paz
maravilhosa desceu sobre mim!"
Em seguida, algo bastante raro aconteceu. Ele desceu as
escadas e encontrou cinco colegas da universidade —
comentando exatamente como era inacreditável o fato de os
cristãos aceitarem algo tão ultrajante como a ressurreição
de Jesus. Stan, uma pessoa de espírito manso e introvertido,
agüentou até onde pôde. De repente, ele se viu entrando na
conversa e compartilhando algumas das evidências que havia
encontrado, para a grande surpresa de todos. Pois, como a
maioria dos descrentes, eles concluíram erroneamente que
nada havia em favor da ressurreição, já que nunca tinham
ouvido nada sobre isso.
Quando perguntei a Stan por que ele ainda não se
considerava um cristão,mesmo depois de éter convidado
Cristo a entrar em sua vida, ele me explicou que o Senhor
esperava dele um testemunho público de sua fé. Ele estava
certo sobre isso, mas tinha uma idéia equivocada a respeito do
que era um testemunho público, achando que precisava ir à
frente após um sermão para testemunhar sua fé.
Expliquei-lhe que ele já tinha dado seu primeiro testemunho
público; isto aconteceu no dia seguinte ao da celebração do dia
de Ação de Graças, no seu alojamento, quando falou em defesa
da ressurreição de seu novo Salvador. E isto foi feito diante de
cinco testemunhas — seus colegas judeus! Isso provou que ele
estava salvo. Stan evidentemente estava pensando no texto
que promete: "Se com a tua boca confessares a Jesus como
Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre
os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça,
e com a boca se confessa a respeito da salvação"8.
Fiel à sua palavra, Stan foi à igreja no domingo de manhã e
caminhou até a frente, confessando perante a igreja o que ele já
tinha confessado diante dos homens, que o Cristo que ressurgiu

8. Romanos 10.9-10
da morte após sua crucificação era, sem sombra de dúvida,
seu Senhor e Salvador pessoal.
Deve ter sido uma experiência genuína, porque aquele
"ex-ateu não-científico" tem sido um cristão firme por mais
de trinta anos. A última vez que ouvi falar de Stan, ele era
professor em uma faculdade cristã. Este caso serve como
uma evidência adicional de que o ceticismo geralmente não
pode se expor à esmagadora evidência da ressurreição de
Jesus, desde que o cético esteja disposto a ser objetivo e
examinar ambos os lados da evidência.

O Ceticismo Não é Intelectualmente Honesto


Os cristãos nada têm a temer diante dos argumentos dos
céticos. Quando avaliamos as evidências, torna-se claro que
a crença no Cristo ressurreto faz mais sentido do que a
crença em qualquer sistema alternativo.
Por outro lado, os cristãos precisam saber que a arma
preferida dos céticos nunca foi o argumento racional
baseado na melhor evidência disponível; os céticos
perceberam há muito tempo que o ridículo e o sarcasmo
servem muito melhor aos seus propósitos. Muitos céticos se
apegam à sua descrença não com base em uma evidência
irrebatível, mas simplesmente porque decidiram descrer.
Eles não são intelectualmente honestos. Josh McDowell nos
conta alguns fatos interessantes ocorridos em conferências
que deu para alunos de filosofia.

O professor era também o diretor do departamento.


Depois que apresentei a evidência literária e histórica
da divindade de Cristo, o professor começou a me
importunar com perguntas e acusações sobre a
ressurreição. Após uns dez minutos, um estudante
interrompeu e fez ao professor uma pergunta muito
interessante:
"0 que o senhor acha que aconteceu na primeira páscoa?"
O professor olhou para mim e em seguida para o estudante.
"Não sei o que aconteceu " disse ele. "Mas não foi a
ressurreição!"
"Sua resposta é o resultado do exame da evidência? "
A resposta foi a seguinte: "Não! É por causa de minha
perspectiva filosófica. "
Em outra importante universidade, vários estudantes
levaram meu primeiro livro, Evidence That Demands
a Verdict (Evidência Que Requer um Veredito), ao
presidente do departamento de história para que ele o
avaliasse. Após vários meses, um dos alunos visitou o
presidente e perguntou sua opinião sobre o livro.
"Ele contém historicamente alguns dos argumentos
mais convincentes sobre o cristianismo que já li",
respondeu o professor.
O estudante ficou todo excitado. Então o diretor do
departamento acrescentou: "Mas não chegarei à
mesma conclusão do Sr.McDowell."
"Por que?"perguntou o estudante, confuso.
"Por causa da minha perspectiva filosófica", foi a resposta.
Não havia falta de evidência. Mas, apesar disso, ele
se negou a aceitá-la.9

Uma Questão de Vontade


Um poeta disse sabiamente: "Uma mente convencida
contra sua vontade é ainda a mesma mente." Algumas
pessoas simplesmente se recusam a crer, mesmo quando
confrontadas com fatos irrefutáveis. Outros podem ficar
sem respostas, mas ainda se recusam a dobrar os joelhos
diante de Jesus. Neste caso, a rejeição de Cristo e de sua
ressurreição não é mais uma questão de razão e lógica; é
uma rebelião contra Deus.
9. Nickell, Amy e Stonciu, Tony. Rutherford, Rutherford Institute, Vol.
5, No. 12, dezembro de 1996.
Aconteceram vários casos na igreja que pastoreei em San
Diego, Califórnia. Um engenheiro aeroespacial, de inteligência
privilegiada, vinha à igreja regularmente acompanhado de sua
esposa e filha, mas confessava que não era um crente. Ele se
dizia abertamente um ateu, ou, na melhor das hipóteses, um
cético. Não sei bem o que ele realmente era. Don,
diferentemente da maioria dos maridos descrentes,
desfrutava da companhia de alguns homens de nossa igreja,
chegando até a praticar esqui aquático com alguns deles aos
sábados à tarde.
Em uma manhã de domingo, cinco anos mais tarde, Don
estava profundamente emotivo. Procurou-me após o culto
dizendo que tinha duas perguntas sérias que gostaria de me
fazer há algum tempo e que, se eu pudesse responder a elas,
ele se tornaria um cristão. Eu me senti exultante e perguntei
quando ele queria conversar. Ele respondeu que o dia
seguinte seria bom, porque ele estaria de férias toda aquela
semana.
Cheguei à sua casa às duas horas e ele me expôs dois pontos
críticos sobre o cristianismo. Acredite ou não, eu havia
estudado ambos os pontos nos últimos dez dias!
Conversamos por duas horas e meia. No final, perguntei-lhe
se tinha mais perguntas a fazer, e ele disse que não, e que
estava satisfeito com as respostas dadas.
"Don", perguntei, "você está preparado para dobrar os
joelhos comigo e convidar Cristo para entrar em seu coração?"
Para minha surpresa, ele disse: "Bem, não quero ser
precipitado e fazer as coisas correndo". Saí de lá triste, na
certeza de que a salvação é mais uma questão da vontade do
que da mente.
Felizmente, Don continuou indo à igreja com sua esposa.
Mais tarde, eles se mudaram da cidade e, dois anos depois de
instalar sua família no norte do país, ele finalmente tomou a
decisão que deveria ter tomado naquela segunda-feira à
tarde, quase dez anos antes.
Permaneça Aberto à Verdade
Um dos versos clássicos de Shakespeare diz: "Sê verdadeiro
para ti mesmo". Durante toda a leitura deste livro, irei desafiá-
lo a permanecer aberto à verdade, à evidência e à lógica. Tome
cuidado para não se deixar influenciar por aqueles que se
recusam a crer. A fonte básica da evidência da vida de
Jesus de Nazaré são os quatro evangelhos, sendo que três
deles foram testemunhas oculares. Como você verá no
próximo capítulo, estes registros históricos da vida de Jesus
são os documentos mais confiáveis da antigüidade.
3

A Credibilidade das
Narrativas do Evangelho

Todos os fatos essenciais que conhecemos sobre Jesus vêm


dos evangelhos; assim sendo, tudo o que há no cristianismo
está baseado na credibilidade das narrativas destes quatro
evangelhos.
É fácil, portanto, perceber por que os céticos modernos, que
viveram pelo menos mil e setecentos anos depois de Cristo,
insistem em afirmar que longos períodos de tempo
transcorreram entre a vida de Jesus e o registro dos evangelhos.
Isto lhes permite alegar que os evangelhos foram escritos por
homens que não tiveram informações de primeira mão sobre
os acontecimentos ocorridos. Argumentam eles que os
evangelhos dizem pouco sobre o "Jesus histórico" e muito
sobre o que a igreja inventou muitas décadas depois de sua
morte. Em outras palavras, eles diminuem o valor dos
evangelhos como narrativas confiáveis da vida de Jesus.
Embora admitam que os evangelhos oferece narrativas
interessantes daquilo que a igreja primitiva ensinou sobre o
Messias, não acreditam que o evangelho de
João e os sinópticos contêm muitas (se algumas)
informações precisas a respeito da vida e morte de Jesus,
que viveu na Palestina do primeiro século.
Se esses críticos estão certos, então não podemos esperar
conhecer muita coisa de valor sobre a vida de Jesus, e a fé
cristã histórica irá se desintegrar e virar pó. Por outro lado,
se eles estão errados e podemos então com certeza confiar
no registro preciso dos evangelhos sobre a vida de Jesus —
algo que esperamos mostrar com clareza neste capítulo —,
então dispomos de uma sólida base sobre a qual construir
nossas esperanças, nossa fé e nossas próprias vidas.

A Importância dos Evangelhos


Os relatos da vida de Jesus contidos nos evangelhos são de
extrema importância. Henry H. Halley fez o seguinte
comentário:

Os quatro evangelhos são, em todos os aspectos, aparte


mais importante da Bíblia: mais importante do que todo
o restante da Bíblia junto. Mais importante do que
todos os livros do mundo reunidos, porque podemos
perfeitamente ficar sem o conhecimento de todas as
outras coisas, mas não sem o conhecimento de Cristo.
Os livros da Bíblia que os precedem são antecipações e
os que vêm a seguir são explanações sobre o herói dos
quatro evangelhos.1

É verdade que Josefo, Tácito e outros escritores


contemporâneos se referem ao "Jesus da história", mas não
acrescentam quaisquer informações sobre Ele que já não
estejam mencionadas nos evangelhos. Conseqüentemente, é
de suprema importância que estabeleçamos a credibilidade
dos evangelhos.
1. Halley, Henry H. Halley 's Bible Handbook, Grand Rapids:
Zondervan Publishers, 1981, p. 414.
Vamos agora considerar a confiabilidade dos quatro
evangelhos. Consideremos brevemente João, assim como os
três evangelhos sinópticos — assim chamados porque, quando
colocados lado a lado, demonstram um tratamento semelhante
ou paralelo da vida e morte de Jesus de Nazaré.

O Evangelho de João
0 evangelho de João é geralmente colocado à parte dos outros,
porque ele não procurou escrever um relato cronológico da vida
de Jesus. Ao escrever seu evangelho no final do primeiro
século, João procurou apresentar o aspecto sobrenatural de
Jesus, de modo que seus leitores fossem levados à fé. Isto fica
evidente no clássico comentário quase no final do livro: "Estes
[sinais], porém, foram registrados para que creiais que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em
seu nome"2. Nenhum outro evangelho tem sido tão
duramente atacado pelos céticos, agnósticos e descrentes do
que o evangelho de João — não porque qualquer evidência do
primeiro século questione sua autoridade, mas porque ele
apresenta de maneira inequívoca a divindade de Jesus.
Tendo sobrevivido a todos os outros apóstolos, João pôde
observar a tendência de muitas pessoas enxergarem a
divindade de Jesus em termos semelhantes aos encontrados
na mitologia grega (por exemplo, como deuses que tomavam a
forma de homem ou de animais). João pretendia deixar claro
que Jesus tinha vindo em forma humana, que Ele era humano
em todos os mínimos aspectos (porém sem pecado) £ era Deus
também nos mínimos aspectos. Eis a razão por que ele
enfatizou os milagres de Jesus — para mostrar que, embora o
Salvador fosse verdadeiramente homem, de modo que podia
morrer pelos pecados da humanidade, Ele era também Deus e
podia, portanto, realizar
2. João 20.31
milagres como nenhum outro jamais realizara. João
apresentou Jesus como o "Logos", ou "Palavra", significando
que Ele era a expressão exata de Deus. Se você quer
realmente conhecer Deus e compreender como Ele reage
em qualquer situação, estude a vida de Jesus, pois Ele revela
o Pai.
Os leigos em geral consideram o evangelho de João de
mais fácil compreensão do que os outros evangelhos. Ele foi
escrito por um pastor já idoso (da igreja de Éfeso),
companheiro íntimo de Pedro e de outros líderes da igreja. E,
certamente, João foi testemunha ocular de todos os eventos que
mencionou. E interessante observar que vários dos lugares
específicos mencionados por João — tais como, o poço de Jacó
em Sicar, o tanque de Siloé, a Calçada de Pedra ou Pavimento
(em hebraico Gabatá), onde Jesus foi julgado diante de
Pilatos e outros — foram descobertos pela moderna
arqueologia, fazendo silenciar muitas das objeções dos
céticos.
João provavelmente teve acesso aos evangelhos sinópticos,
escritos cerca de trinta anos antes do seu. Ele queria que seu
registro fosse único; por isso revelou vários milagres e muitos
ensinos de Jesus que não estão citados nos outros evangelhos.
Quis também apresentar Jesus como o Criador de todas as
coisas — "No princípio...” (1.1-3). Além disso, ele o
apresenta como juiz, igual a Deus, restaurador e galardoador,
redentor e revelador.
A confiabilidade do evangelho de João é atestada por mais
manuscritos e artigos (desde o final do primeiro século) do que
qualquer outra obra literária da antigüidade, o que incomoda
bastante os céticos. E preciso lembrar que manuscritos
antigos são raros, principalmente por não serem escritos em
papel como conhecemos hoje, mas normalmente em papiro,
um material extremamente vulnerável ao tempo, umidade,
mofo e deterioração (o pergaminho somente foi inventado por
volta do quarto século). No entanto, muitas peças em papiro
daquele
período foram descobertas, o que confere validade à Bíblia (e
especialmente ao evangelho de João) mais do que qualquer
outro documento antigo.
Em 1885, no Egito central, onde o ar é seco, muitos
documentos antigos foram encontrados, cobertos durante
séculos por areias protetoras. Nos dez anos seguintes,
descobertas arqueológicas revelaram muitos fragmentos das
Escrituras, respondendo a muitas perguntas dos céticos. Em
1920, um fragmento de papiro do evangelho de João também
foi encontrado, medindo oito centímetros e nove milímetros
por seis centímetros e quatro milímetros, contendo João 18.31-
33 de um lado e 18.37-39 de outro.
Os estudiosos atribuíram-no à primeira metade do segundo
século. É o mais antigo manuscrito da Bíblia encontrado — uma
evidência de que o evangelho de João existia e estava em
circulação no Egito, nos anos que se seguiram imediatamente à
morte de João3.
Este importante fragmento está sob uma redoma de vidro na
Coleção Chester Beatty, da Biblioteca Rylands, em
Manchester, Inglaterra4, e é considerado um dos mais
importantes manuscritos da história (embora já não seja o texto
bíblico mais antigo). Este documento comprova a veracidade
do evangelho de João bem como confirma sua autoria.
Além desse célebre fragmento do manuscrito de John
Rylands, existe outra evidência da antigüidade do evangelho de
João:

A veracidade do evangelho de João é comprovada


também pelo Egerton Papiro 2, com data anterior ao ano
150. Foi também usado por Tatian em seu Diatessaron....
João foi também conhecido e usado em alguns círculos
heréticos gnósticos — por

3. Halley, p. 752.
4. Unger, Merril F. Unger's Bible Dictionary, Chicago: Moody Press, 1957, p. 598.
exemplo, por Ptolorneu, um discípulo de Valentino, pelo
evangelho de Pedro (cerca de 150), e (provavelmente) pelo
autor do evangelho da Verdade, de Valentino.5

Uma, evidência adicional da autenticidade deste importante


evangelho é o fato de ele ter sido aceito imediatamente por
todos os líderes da igreja primitiva. Por exemplo, Inácio, em
suas Sete Cartas, escritas por volta de 110 d.C, faz citações dos
quatro evangelhos. Papias, que viveu em 70-155 d.C, foi
discípulo de João e citou seus escritos, juntamente com os
outros evangelhos, em seu livro Uma Explanação dos
Pronunciamentos do Senhor. Citações semelhantes podem ser
encontradas nos escritos de Irineu (130-200 d.C), um aluno de
Policarpo (tendo sido ele mesmo, por sua vez, um aluno de
João), bem como nos de Justino Mártir e outros pais da igreja.
Apesar de apenas parte de seus escritos ter sido preservada,
aqueles que restaram confirmam a existência e imediata
aceitação, na época, do evangelho de João (assim como de
outros livros do Novo Testamento).
A Bíblia é, com certeza, o livro mais lido e amado no mundo,
e dos livros do Novo Testamento, o preferido é o evangelho de
João.
Sua mensagem tem sido usada ao longo dos séculos para
alcançar multidões para a salvação através da fé no Senhor
Jesus Cristo, e esta é talvez a maior prova de sua autenticidade
e inspiração divina6.

Os Três Autores dos Sinópticos


Todos os três escritores dos evangelhos sinópticos ou foram
testemunhas oculares dos eventos da vida de Jesus ou
tiveram acesso àqueles que foram. Para uma avaliação correta
dos sinópticos,
5. Marshall, I. Howard, "John, Gospel of" in The New Bible Dictionary, (Second
Edition), Wheaton: Tyndale House Publishers, 1982, p. 610.
6. Morris, Henry M. The Defenders Study Bible, Grand Rapids: World Publishing,
1995, p. 1130.
é preciso esclarecer que os autores se preocuparam mais
com o tema e as pessoas a quem eles se dirigiam do que com
a seqüência cronológica dos fatos.
0 evangelho de Mateus é considerado como escrito
fundamentalmente para os judeus, pois continuamente
enfatiza o cumprimento das profecias do Velho Testamento a
respeito de Jesus, provando que Ele era realmente o Messias.
Desde o início do cristianismo, Mateus foi considerado o
autor do evangelho que leva seu nome. Mateus é mencionado
em ambas as listas de discípulos7, confirmando ter sido uma
testemunha ocular dos acontecimentos. Ele admitiu ser um
"publicano" ou cobrador de impostos que deixou tudo para
seguir Jesus.
E quando foi escrito o evangelho de Mateus? Os céticos nos
fariam crer que ele data de pelo menos uma ou duas gerações
após os eventos ali registrados. Isto, porém, é impossível. Sob
uma redoma de vidro na biblioteca do Magdalen College, em
Oxford, Inglaterra, se encontra o que atualmente é considerado
como o mais antigo fragmento de papiro do Novo Testamento.
Ele não apenas confirma a exatidão do texto de Mateus ali
preservado, como prova que os fatos ali narrados faziam parte
do cotidiano da testemunha ocular que os descreve —
exatamente como a igreja tem acreditado por dois milênios.
Na véspera do Natal de 1994, um estudioso alemão, Dr.
Carsten Peter Theide, diretor do Instituto para Pesquisa
Epistemológica Básica, publicou uma evidência científica que
datava este fragmento do evangelho de Mateus como anterior
ao ano 70 d.C, e talvez até anterior a 30 d.C. Em 1996, em seu
livro Testemunha Ocular de Jesus, escrito juntamente com o
estudioso britânico Matthew D'Ancona, ambas as pesquisas
atuais parecem indicar que o evangelho atribuído a Mateus
existia também naquela época [30 a 60 d.C] em forma de
folhas, o que
7. Marcos 3.13-19; Lucas 6.12-16
tornaria possível a sua leitura por uma testemunha ocular da
crucificação8.
Em um artigo publicado em uma revista no final de
1996, o Dr. Theide fez esta importante declaração com base
em suas descobertas científicas:

"Os fragmentos de papiro indicam que os primeiros


registros completos dos evangelhos eram cópias que
foram distribuídas durante as primeiras décadas da era
apostólica, bem próximo da época em que as testemunhas
oculares haviam presenciados os fatos. Portanto, o
Jesus histórico não foi algo inventado. Pode-se
eventualmente contestar certos detalhes, mas não o
fato básico de sua existência e tudo que fez. "9

Este estudioso acredita que o evangelho de Mateus e,


provavelmente, os outros dois sinópticos foram escritos e
distribuídos entre 30 e 60 d.C, quando muitas outras
testemunhas oculares ainda estavam vivas para julgar sua
exatidão.
Esta data remota do primeiro evangelho significa que
Mateus resistiu ao exame minucioso das únicas pessoas
qualificadas para julgá-lo — não os "estudiosos" mil e
novecentos anos distantes dos eventos, inclinados a
desaprovar a Bíblia e os atributos de Cristo — mas as
próprias testemunhas oculares dos acontecimentos. Desse
modo, não é de estranhar que a igreja primitiva tenha
aceitado imediatamente os relatos do evangelho e dado a
eles a posição de "outras escrituras", estudando-os e
discutindo-os juntamente com o Velho Testamento em seus
cultos de adoração!
Marcos, considerado tradicionalmente o autor do
segundo evangelho, foi provavelmente o primeiro a
compilar os fatos da
8. Theide, Dr. Carsten Peter e D'Ancona, Matthew. Eyewitness to Jesus, Nova York:
Doubleday, 1996. p. 163.
9. Boyd, Gregory A. Cynic, Sage or Son of God, Wheaton: Victor Books, 1995, p. 239.
vida de Cristo para a igreja primitiva em constante
expansão. Marcos não foi um dos apóstolos, mas conhecia
bem tanto Pedro quanto Paulo, tendo feito várias viagens
com eles. Marcos ligou-se mais especialmente a Pedro,
estando com o apóstolo em "Babilônia", quando este
escreveu sua primeira epístola (veja 1 Pedro 5.13). Marcos
tinha ouvido muitas vezes as pregações de Pedro e de
Paulo, tendo conhecimento de todos os eventos
transcorridos na vida de Jesus. O fato de os discípulos se
reunirem na casa de sua mãe, em Jerusalém, faz com que
possamos presumir que em sua juventude ele tenha ouvido
pessoalmente as palavras do Salvador.
Atualmente os estudiosos admitem que o evangelho de
Marcos tenha sido escrito cerca de 50 ou 54 d.C. Gregory
A. Boyd, respondendo aos céticos do Seminário Jesus,
chama a atenção para o fato de vários fatores internos
indicarem uma data antiga para o evangelho de Marcos.
Por exemplo:

Em Marcos 15.21 encontramos referência a um certo "Simão


Cireneu que passava, vindo do campo, pai de Alexandre e de
Rufo", o qual foi forçado a ajudar Jesus a carregar a cruz. A
afirmação é totalmente inexplicável, a não ser admitindo-se a
possibilidade de os leitores de Marcos estarem bem
familiarizados com Alexandre e Rufo. Mateus e Lucas,
estranhamente, não fazem referência a eles.

Isto não somente fixa o acontecimento na história, mas o


localiza na memória dos leitores, os quais poderiam guardar
esses nomes na memória por muito mais de dez ou vinte
anos, talvez até uma geração. Se não fosse assim, tais
nomes seriam esquecidos.
Boyd continua:

Marcos menciona Pilatos sem a preocupação de explicar a seus


leitores quem era ele (Mateus e Lucas afirmam que ele era
"governador”);
por outro lado, refere-se ao "sumo sacerdote" sem mencionar
seu nome (ao passo que Mateus e Lucas o identificam
corretamente como Caifás; Mc 14.53-54; 15.1). A explicação
mais lógica para isso é que os leitores de Marcos não
precisavam da referência à posição de Pilatos ou quem
era o "sumo sacerdote "quando Jesus foi crucificado. Tendo
em vista que Pilatos deixou de ser governador no ano 36
d. C, e Caifás deixou sua posição em 37d.C, quanto mais
distante destas datas procurarmos datar o evangelho de
Marcos, menos compreensíveis se tornam suas informações.10

A conclusão de Boyd é apropriada, pois a evidência


indica uma data anterior, sendo o relato feito por alguém
muito familiarizado com os fatos e as pessoas envolvidas.
Devo acrescentar que descobertas arqueológicas recentes
atestaram que Pilatos era o governador em Jerusalém
naquela época, o que confirma a confiabilidade dos relatos
do evangelho. Procure imaginar o que aconteceria se
alguma descoberta arqueológica recente colocasse Pilatos
vinte anos antes ou depois da crucificação. Os céticos
imediatamente ergueriam sua voz para atestar sobre a falta
de credibilidade das Escrituras. Entretanto, somente um
silêncio abafado de tais associações acolheu as recentes
descobertas que confirmam as datas, as pessoas e a exatidão
histórica dos registros.
De fato, a arqueologia não tem sido benevolente com os
céticos durante os últimos cem anos ou mais. Em vez de
confirmar seu ceticismo provando que a Bíblia está "cheia
de falsidades", como alguns costumam proclamar,
numerosas descobertas arqueológicas têm, na realidade,
confirmado a exatidão dos registros.

10. Ibid., pp.239 e 240


Há fortes evidências de que Marcos não somente escreveu
o evangelho, mas contou com a ajuda de uma testemunha
ocular. A antiga tradição admite que o apóstolo Pedro foi a
força motora por trás do evangelho de Marcos. Alguns até vão
mais longe a ponto de dizer que este é o evangelho segundo
Pedro (por meio de Marcos). O mais importante, porém, é que o
evangelho de Marcos foi escrito por alguém que se relacionou
diretamente com os eventos, sendo aceito pela igreja logo
depois de ter sido escrito.
Papias, um discípulo do apóstolo João que viveu entre 70 e
155 d.C, escreveu em sua Explanação dos Pronunciamentos do
Senhor que havia se dedicado à tarefa de inquirir os anciãos
[presbíteros] e seus seguidores e que um deles narrou o
seguinte: "Marcos, tendo se tornado o intérprete de Pedro,
anotou com exatidão tudo aquilo que este último recordava —
das palavras e atos de Cristo — não, porém, em ordem. Pois
nem ele ouviu o Senhor, nem foi seu seguidor, mas, logo
depois, ele se apegou a Pedro, adaptando suas instruções
conforme a necessidade. Marcos não ensinou como se
estivesse compondo um relato unificado dos oráculos do
Senhor, portanto, não cometeu nenhum erro ao assim anotar
algumas coisas que ele (Pedro) lembrava. Pois tinha em mente
uma só coisa — nada omitir do que tinha ouvido e não fazer
quaisquer afirmações falsas"11.
Lucas, "o médico amado"12, autor do terceiro evangelho,
possuía as qualidades de um bom escritor e historiador. Até
mesmo os céticos, que difamam os registros do evangelho,
admitem a qualidade do seu estilo literário. Lucas era um
médico grego que fez várias viagens com o apóstolo Paulo na
propagação do evangelho. Supõe-se que seu livro tenha sido
escrito cerca de 58-60 d.C, na época em que vivia na cidade de
Cesaréia,

11. Halley, p. 458


12. Colossenses 4.14
quando de prisão de Paulo ali durante dois anos. Alguns
estudiosos acreditam que Lucas tinha lido o evangelho de
Marcos antes de escrever o seu, pois nos cerca de 1150
versículos de seu evangelho aparecem quase trezentas
citações de Marcos [ed. de Almeida].
Como grego, Lucas tendia a escrever à maneira grega, o
que dá ao seu evangelho uma aceitação universal maior que o
de Mateus. Ele enfatiza a humanidade de Jesus mais do que os
outros, razão pela qual o filme "Jesus" (produzido e distribuído
por Campus Crusade for Christ não precisa de muita revisão e
adaptação quando traduzido para outras línguas — o evangelho
de Lucas por si só proporciona a ação dramática. O filme já foi
traduzido para mais de setenta e cinco idiomas, tendo se
revelado um excelente instrumento para levar milhões de
pessoas a se decidirem por Cristo.
Lucas não foi testemunha ocular dos acontecimentos que
relata em seu evangelho, mas compensa essa deficiência com
a vantagem de ter entrevistado aqueles que estiveram com
Jesus, produzindo, assim, um registro de grande exatidão e
credibilidade. Nenhuma pessoa poderia conhecer tão bem os
detalhes encontrados no evangelho de Lucas, senão através de
entrevistas com as testemunhas oculares; assim sendo, o
bom médico Lucas deixou-nos um relato muito convincente da
vida, ministério e morte de Jesus. Pelo fato de se referir a tantos
lugares geográficos específicos em seus escritos, Lucas se
tornou sensível e preciso em suas investigações,
relacionando com exatidão 53 localizações geográficas. Sua
precisão nas informações é tão surpreendente que vários
arqueólogos, como W. F. Albright, tiveram sua fé restaurada
ou fortalecida e muitos passaram da infidelidade à aceitação da
fé ao constatarem a exatidão das informações do Dr. Lucas.
Uma dessas conversões foi experimentada por um dos
maiores arqueólogos e geógrafos que já existiu, Sir William
M. Ramsay.
Treinado na escola alemã de história, Ramsay não foi
inicialmente receptivo à fé. Ele achava que a Bíblia o tornaria
suscetível a influências não confiáveis, por conter muitas
citações de lugares, acontecimentos e pessoas. Como muitos
outros, sua tentativa de desacreditar o Novo Testamento
converteu-o à fé. Ramsay de início não admitia que o livro de
Atos dos Apóstolos havia sido escrito por Lucas, o companheiro
de Paulo. Para provar sua hipótese, ele fez uma viagem pela
Ásia Menor, durante a qual ficou tão impressionado com a
exatidão mostrada no livro em relação às localizações
geográficas e históricas que reviu seu parecer, afirmando que o
texto de Lucas é de uma fidelidade insuperável13. Mais tarde ele
escreveu em um livro que Lucas deveria ser incluído entre os
maiores historiadores14.
Um outro testemunho sobre a precisão científica dos
escritos de Lucas, de autoria do Dr. Wilbur Smith — um famoso
pesquisador da atualidade e um de meus amados professores —
citou uma fonte imparcial, o Dr. James T. Shotwell. Em seu
livro, The History of History, Shotwell escreveu: "Lucas, como
mostra o livro de Atos dos Apóstolos, era um homem instruído
que recorreu a várias fontes para redigir sua história. Suas
citações geográficas são precisas e exatas, e sua obra pode ser
comparada às melhores histórias pagas de seu tempo"15.
Lucas certamente aplicou esse mesmo método ao escrever
o evangelho que tem seu nome.
Todos os quatro evangelhos são igualmente importantes e,
para obter uma imagem completa da vida de Jesus, você deve
estudar os quatro. Cada um deles ressalta uma faceta diferente
do caráter do Mestre. Mateus, escrevendo para os judeus,
apresenta-o como rei. Marcos apresenta-o como um servo,
13. Ramsay, Sir William. St.Paul: The Traveler and the Roman Citizen, Grand
Rapids: Backer Book House, 1962, p. 69.
14. Ramsay, Sir William M. The Bearing of Recent Discovery on the Trustworthiness of
The New Testament, Londres: Hodder & Stoughton, 1935, p. 222.
15. Smith, Dr. Wilbur. The Supernaturalness o/Christ, Boston: W. A. Wilde Co.,
1954, p.55.
enquanto Lucas o apresenta como o homem perfeito. O
último, João, apresenta-o como Deus em forma humana.
Todos os quatro são imagens fiéis de Jesus de Nazaré e nos
ajudam a compreender o Senhor de maneira completa.

Os Escritos Anteriores aos Evangelhos


Atualmente vários estudiosos da Bíblia admitem que
Marcos, considerado o primeiro dos autores do evangelho,
teve acesso a outros documentos concernentes à vida de
Jesus, os quais usou para escrever seu próprio evangelho. Se
você considera isto herético, lembre-se de que foi Lucas
quem disse:

Visto que muitos houve que empreenderam uma narração


coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos
transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas
oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu
bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem,
dar-te por escrito... uma exposição em ordem. (Lc 1.1-3)

A menos que apenas dois escritores (Marcos e Mateus)


sejam considerados "muitos", Lucas tinha em mente outros
relatos da vida, época e morte de Jesus que Deus não
considerou necessários incluir no cânon das Escrituras.
Esses "outros documentos" se perderam com o passar do
tempo. Provavelmente alguns ouvintes anotaram os sermões
e ensinamentos de Jesus e transmitiram suas anotações
pormenorizadas sobre horas ou dias de seus
pronunciamentos a um autor desconhecido. Outros podem
ter sido testemunhas oculares dos milagres e de outros
acontecimentos de sua vida. Marcos pode muito bem ter
mantido esses escritos não utilizados à disposição de Lucas.
Ninguém sabe ao certo. Há também boa probabilidade de
que os três autores dos evangelhos sinópticos tenham
recebido anotações ou relatos, ou mesmo documentos
inteiros, dos quais puderam extrair suas informações.
Pelo menos um desses documentos parece ter sido
completo, e alguns especialistas acreditam que ele foi
incorporado aos evangelhos. Como aponta o Dr. Smith:
"Sabemos que antes de qualquer coisa ter sido escrita, a
igreja possuía registros sobre Jesus; entretanto, nunca
poderemos saber como esses documentos surgiram ou
quais eram suas características originais"16. Os estudiosos
deram a esses escritos que antecedem aos evangelhos o
título de "Q" [quelle], originado de uma palavra alemã que
significa fonte. Há razões para acreditar que sua existência
é explicada pela semelhança entre vários versículos nos
três relatos.
0 resumo a seguir contém algumas sugestões úteis:

"Q" foi um guia para a vida e a conduta cristã, escrito


especialmente para atender às necessidades da igreja de
Antioquia em épocas de crise. Foi uma espécie de manual
evangélico para uma igreja gentílica. Evidentemente ele não
contém todo o ensino de Jesus, mas somente o que se
considerava necessário para resolver problemas e
circunstâncias inusitadas de uma igreja especial em uma fase
especial de sua história. Foi escrito provavelmente antes do
Concilio Apostólico (50 d. C.) ou até mesmo antes da
primeira viagem missionária de Barnabé e Paulo, isto é,
cerca de 47 d.C. O Prof. Streeter chega a afirmar que "Q "foi
provavelmente escrito vinte anos antes de Marcos. De acordo
com o comentário do Prof. Robertson, "Q " foi escrito durante a
vida de Jesus, razão pela qual não inclui a semana da paixão.
Dificilmente vamos saber qual foi o conteúdo de "Q", uma vez
que ninguém viu tal documento, nem os antigos pais da igreja
afirmaram tê-lo visto.17

Embora a existência de um recurso precioso como "Q"


não possa ser comprovada, ele é certamente plausível.
Sabemos que
16. Ibid., p. 36.
17. Ibid., p.42.

Lucas baseou seu evangelho em ampla pesquisa e provavelmente


não limitou suas fontes apenas aos relatos orais. Seria natural
que muitos registrassem o testemunho de uma cura ou algum dos
sermões de Jesus. Com toda probabilidade, cada um dos
escritores do evangelho teve acesso a muitas partes desse
material. É bem possível que Mateus tenha feito suas próprias
anotações e mais tarde acrescentado alguma coisa do recurso
material existente ao escrever seu evangelho. Se isto é
verdadeiro, o tempo se reduz ainda mais entre os eventos reais
na vida de Cristo e a época em que foram registrados nos
evangelhos.

Todos os Sinópticos Foram Escritos Antes de 70 d. C.


0 intervalo entre os acontecimentos da vida de Jesus e a
redação dos evangelhos, como os conhecemos hoje, poderia ser
somente de mais ou menos trinta e cinco anos. Os céticos do
século dezessete tentaram provar que os evangelhos foram
escritos depois do primeiro século ou, talvez, ainda mais tarde.
O objetivo era claro: queriam atribuir os relatos sobre a vida de
Jesus a uma época posterior à morte de todos os discípulos, o
que permitiria a eles rejeitar toda a história como falsa, uma vez
que os evangelhos são atribuídos a homens que viveram na
época em que os eventos se realizaram. Um evangelho que não
contivesse o testemunho de pelo menos uma testemunha ocular
não poderia ser considerado um registro autêntico.
Este argumento, porém, não resistiu, como a maior parte dos
ataques céticos sobre a autenticidade das Escrituras.
Os três escritores dos sinópticos incluem o discurso
profético do Monte das Oliveiras, apenas horas antes de Jesus
ser crucificado. Em todos eles menciona-se que Jesus previu a
destruição do templo em Jerusalém, uma profecia que foi
cumprida em 70 d.C. — entretanto, nenhum deles menciona
que a catástrofe já tivesse ocorrido na época em que os registros
foram escritos. Isto confere credibilidade a Mateus e Marcos,
ambos judeus nacionalistas, que teriam falhado em registrar um
fato tão importante,
como a ocupação de sua cidade e a destruição do templo,
se de fato isso tivesse ocorrido na época em que
escreveram. Portanto, muito provavelmente, esses
evangelhos foram escritos antes daquela data; e uma vez
que é bastante improvável que todos os três escreveram
no mesmo ano, pelo menos um deles poderia ter escrito
entre dois a dez anos antes desse terrível acontecimento
descrito minuciosamente por Josefo. Portanto, estamos
ainda dentro dos trinta a trinta e sete anos distantes dos
eventos em questão — bem dentro do espaço requerido
pela confiabilidade.

O Apoio de um Cético Francês


Se os evangelhos não tivessem registrado fielmente a vida
de Jesus, de onde eles teriam tirado essa imagem? Qual é a
probabilidade de os autores dos evangelhos terem
simplesmente "combinado" entre si escrever a história da
vida e caráter de Jesus? Observe a opinião de um famoso
cético francês, Jean-Jacques Rousseau:

Seria a história do evangelho obra da imaginação? Amigo,


não é assim que se inventa; os fatos sobre Sócrates, dos quais
ninguém duvida, não são tão bem atestados como aqueles
sobre Jesus Cristo. Na melhor das hipóteses, você está apenas
se afastando do problema, sem ficar livre dele. Seria mais
inacreditável que quatro homens fizessem um acordo para
fabricar este livro do que um único homem ter fornecido o
assunto para ele. Nem os judeus poderiam ter feito isso. O
evangelho contém notas de realidade tão grandes e
admiráveis, que seu inventor seria uma pessoa mais
surpreendente do que seu herói.18

Qualquer pessoa familiarizada com Rousseau sabe que


ele não foi nenhum defensor da fé. Rousseau foi um
racionalista

18. Ibid., p.61.


radical que exerceu grande influência sobre a Revolução
Francesa e na introdução do humanismo nas Américas.
Entretanto, Rousseau acreditava que a Bíblia possuía tanta
credibilidade como qualquer outro livro antigo. Sua opinião
ainda tem um grande peso.

A História Favorece a Confiabilidade da Bíblia


Por que alguns estudiosos não submetem outras obras antigas
aos mesmos padrões irracionais que aplicam aos evangelhos?
Há muito mais evidência para se confiar na Bíblia do que em
qualquer outro livro antigo.
Consideremos apenas alguns poucos exemplos da
antigüidade. Aristóteles, um filósofo grego freqüentemente
citado, viveu entre 384 e 322 a.C. O documento mais antigo
de suas obras foi descoberto cerca de 1.400 anos depois de ele
ter escrito os originais. Platão viveu entre 427 e 347 a.C, e os
documentos mais antigos que temos de seus trabalhos datam
de pelo menos 1.100 anos depois que os originais foram
escritos. No entanto, quase ninguém nega a autenticidade dos
escritos desses dois autores.
Agora, comparemos isso com a situação dos evangelhos
sinópticos. Cópias completas dos evangelhos datadas entre
duzentos e trezentos anos de sua composição estão expostos
em museus de várias partes do mundo e existem fragmentos
dos evangelhos ainda mais antigos. No entanto, os mesmos
"estudiosos" que aceitam Aristóteles e Platão geralmente
parecem chocados com Jesus. Isto não seria preconceito?
Além disso, todo o Novo Testamento pode ser reproduzido a
partir de livros escritos pelos primeiros cristãos dentro dos 150
anos dos eventos! No entanto, os mesmos céticos que têm
dificuldade em aceitar a Bíblia raramente hesitam em aceitar
seus amigos filósofos da Grécia. Por quê? Não é certamente
porque eles têm mais evidência; o mais provável é que esses
estudiosos
têm sérias divergências filosóficas com a Bíblia. Portanto,
a questão não é a evidência, mas a filosofia!
Muitos estudiosos têm se empenhado arduamente em
tentar provar a validade do gnóstico evangelho de Tome,
quando se sabe com certeza que sua data é posterior aos
evangelhos canônicos, dos quais inclusive depende.
Geralmente um documento antigo é aceito por aquilo que
ele alega ser, a menos que o historiador possa provar outra
coisa. Isto coloca o fardo da prova sobre aqueles que não
acreditam no documento. Até aqui os opositores da
confiabilidade histórica dos relatos do evangelho falharam
em suprir esta evidência. Já é tempo de os céticos
aceitarem como autênticos os evangelhos canônicos, ou
então que consigam provar de uma vez por todas que eles
datam de um período muito posterior ao que tem sido
sustentado tradicionalmente.
A verdade é que nenhum livro antigo se aproxima do
número de cópias ou de partes integrais de manuscritos
que possuímos do Novo Testamento. Josh McDowell
escreve:

Quando terminei minha pesquisa sobre a confiabilidade da


Bíblia e publiquei Evidence That Demands a Verdict, em
1973, fui capaz de documentar quatorze mil manuscritos
somente do Novo Testamento. Em 1980 reeditei e atualizei
esta obra em razão da grande quantidade de novos
materiais de pesquisa disponíveis. Atualmente, sou capaz de
documentar 24.633 manuscritos somente do Novo
Testamento. A importância do número de manuscritos que
documentam o Novo Testamento é ainda maior quando se
constata que o segundo livro na história que mais possui
manuscritos qualificados é a Ilíada, de Homero, que tem
apenas 643 manuscritos. O grande número de manuscritos que
dão autenticidade ao Novo Testamento motivou Sir Frederick
Kenyon, uma das maiores autoridades na questão da
confiabilidade dos antigos manuscritos, a escrever: "O
intervalo, entre as datas da escrita original e a
evidência mais antiga descoberta é tão pequeno que chega a
ser desprezível, o que torna praticamente impossível qualquer
possibilidade de as Escrituras terem sido escritas mais
recentemente. Tanto a autenticidade como a integridade
geral dos livros do Novo Testamento podem ser consideradas
como definitivamente estabelecidas ".19

De qualquer maneira, o fardo da prova repousa sobre os


céticos. Eles têm, portanto, de prover qualquer evidência
sólida de que os registros do evangelho sobre a vida de
Jesus não são confiáveis. Se colocarmos de lado o
antagonismo filosófico deles em relação a qualquer coisa
sobrenatural, seus argumentos se desfazem como a neblina
diante do calor do sol. A história, a geografia e a lógica
asseveram que Deus, realmente, deixou-nos um registro
confiável da vida de seu Filho, Jesus de Nazaré. E esse
registro é encontrado nos evangelhos.
Anos atrás minhas dúvidas de principiante eram
aumentadas pelos céticos, que ridicularizavam a fé na
Bíblia porque muitos de seus detalhes não podiam ser
verificados por fontes extra bíblicas. Por exemplo, a Bíblia
mencionava 44 reis pelo nome e, no entanto, nenhuma
história "secular" confirmava sua existência. O Dr. Harry
Rimmer, um defensor da exatidão da Bíblia, chamou a
atenção para o fato de, nos últimos cem anos de escavações
arqueológicas, os nomes de quarenta daqueles reis terem
sido descobertos. Ele costumava dizer em suas
conferências que não era preciso muita fé para confiar na
exatidão da Bíblia apesar de faltarem quatro reis! Certa vez
a Bíblia foi ridicularizada por mencionar a grande "nação
hitita", muito embora fontes não-bíblicas disponíveis nunca
tivessem mencionado esse povo. Hoje, graças às
escavações dos arqueólogos, todos aceitam a historicidade
dos hititas — um povo que a Bíblia mencionou há 2.500
anos.
19. McDowell, Josh. The Resurrection Factor, Nashville: Thomas Nelson Publishers,
1981, pp. 25-26.
O Prof. Edward Meyer, um racionalista, honestamente
declarou: "Não há absolutamente nenhuma razão para
recusar-se a aceitar aquelas velhas tradições como
historicamente dignas de confiança em todos os seus
pontos essenciais e em sua disposição cronológica da
história".20
Nos últimos anos, foram encontrados tantos fragmentos
de manuscritos e tanta evidência do primeiro século que
mesmo alguns dos cientistas e estudiosos mais céticos
tiveram de rever as datas posteriores que haviam dado aos
evangelhos, chegando finalmente a datas mais próximas
daquelas que a tradição havia alegado para eles. Theide e
D'Ancona concordam que a ciência e os eruditos terão de
"redatar" suas ultrapassadas estimativas à medida que nos
aproximamos do novo milênio. Eles concluem:

Há boas razões para se supor que o evangelho segundo Mateus,


com seus relatos detalhados do sermão do monte e da grande
comissão, foi escrito não muito depois da crucificação e
certamente antes da destruição do templo em 70 d. C; que o
evangelho segundo Marcos foi divulgado cedo o suficiente para
poder alcançar Qumrã antes de sua destruição (anterior a 70
d. C); que o evangelho segundo Lucas pertenceu a essa mesma
geração de manuscritos cristãos.21

Freqüentemente, nos últimos duzentos anos, a ciência


tem sido hostil à fé. Porém, mais recentemente, talvez para
ser academicamente honesta, a ciência começou a dar apoio
àquilo que os cristãos sempre acreditaram: que os
evangelhos foram escritos por testemunhas oculares dos
eventos que apresentam e são, portanto, relatos confiáveis
da história.
Afinal de contas meu dedicado professor estava certo:

20. Meyer, Edward. Origin and Beginning of Christianity, p. 178.


21. Theide e D'Ancona, p. 169.
O evangelho tem produzido mais força em direção ao bem do
que quaisquer outros documentos já escritos pelos homens.
Com base no testemunho de seus registros, a igreja cristã tem
permanecido firme por dezenove séculos. Milhares de grandes
estudiosos em várias épocas têm alegremente testificado que
após estudarem detidamente os evangelhos foram compelidos a
aceitar suas palavras como sendo historicamente dignas de
confiança. Através da pregação daqueles primeiros discípulos,
o mundo todo foi transformado e para melhor. Pela contínua
pregação da verdade desses evangelhos milhões de vidas têm
sido transformadas em cada geração.22

Nenhum livro do mundo antigo tem sido mais


insistentemente atacado do que a Bíblia, e, apesar disso,
saiu ileso aos ataques da crítica das distorções e dos
preconceitos. A Bíblia é ainda o livro mais vendido e
certamente o mais amado do mundo. Foi o primeiro livro a
ser impresso logo após a invenção da prensa gráfica,
exatamente porque era "o primeiro livro". Isto aconteceu há
mais de quinhentos anos, e ele continua sendo "o primeiro
livro" até hoje.
Nenhum outro livro tem sido tão copiado, citado ou
servido de inspiração para melhorar o caráter das pessoas.
Ele é, de longe, o livro mais inspirador e motivador do
mundo. A Bíblia contém muita da sabedoria de Deus e é o
melhor manual sobre o comportamento humano já escrito.
Aqueles que criaram as filosofias discordantes da Bíblia
foram acusados por seus próprios erros com o passar do
tempo, enquanto que aqueles que traçaram o curso de suas
vidas de acordo com os princípios contidos na Bíblia gozam
da "paz com Deus", impossível de ser obtida de qualquer
outra forma. Nas épocas de necessidade, busca de
orientação ou bênção, mais pessoas ainda procuram a ajuda
da Bíblia do que de qualquer outra fonte.

22. Smith,p. 148.


Jesus Garantiu a Exatidão de Seu Registro
O cristão não precisa preocupar-se com a confiabilidade dos
registros ou com a exatidão das mensagens de nosso Senhor aos
seus seguidores, contidas no evangelho. Ele tomou grande
cuidado para que elas fossem infalíveis. Isto faz sentido, pois,
se Ele percorreu um caminho tão difícil para salvar a
humanidade, não deixaria de assegurar a exatidão da narrativa
dessa caminhada. Não é surpresa para Ele que o cristianismo
permaneça por dois milênios, dependendo todo o tempo da
proclamação de sua história por meio dos evangelhos. Nem
mesmo os movimentos racionalista alemão e cético francês o
apanharam de surpresa. Ele havia tomado mais do que
precauções adequadas. Foi João quem registrou a promessa: "o
Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu
nome, esse vos ensinará todas as coisas E vos fará lembrar de tudo
o que vos tenho dito".23 O Espírito Santo, a quem Jesus também
chamava "o Espírito da Verdade,,, tinha sobre si a tarefa de
assegurar a exatidão dos registros do evangelho e sua inclusão
no cânon do Novo Testamento. Já vimos que existem outros
escritos cristãos, mas nenhum sobreviveu até os nossos dias.
Por quê? Evidentemente eles não estavam à altura do padrão de
excelência que o Espírito Santo requeria ao compor o Novo
Testamento.
Podemos com toda certeza ler os evangelhos e outros livros
do Novo Testamento com a confiança de que estamos lendo
relatos verdadeiros daquilo que Jesus de Nazaré realmente fez
e disse. Eis a razão por que podemos basear neles nossa
salvação e destino eternos. Se desejamos saber quem Jesus de
Nazaré realmente foi, não precisamos esperar pelas
declarações mais recentes dos estudiosos céticos, tais como
aqueles do Seminário Jesus. A melhor estratégia é ler
atentamente o que os evangelhos e os demais livros do Novo
Testamento têm a dizer sobre Ele. Somente ali você estará em
segurança .

23. João 14.26, ênfase do autor


4
Várias Opiniões Sobre

Jesus de Nazaré

Quase todas as pessoas que ouviram falar de Jesus formaram


uma opinião sobre Ele. Isto é natural, pois Ele não somente é a
pessoa mais famosa da história universal, mas também a que
tem causado mais controvérsias. As opiniões populares sobre
Jesus podem ser reduzidas a apenas duas: ou Ele foi Deus em
forma humana ou foi simplesmente um homem bom. Uma
delas não pode ser verdadeira. É impossível vê-lo como um
homem bom, se Ele não for o Filho de Deus, pois foi isso
precisamente que Ele alegou ser (veja o Capítulo Cinco). Se Ele
não era Deus, mas alegou ser, então não pode ser bom; Ele
seria ou louco ou um grande mentiroso.
Em razão de seu caráter reto e seus atos caridosos,
dificilmente alguém consideraria Jesus sob uma ótica negativa.
Mesmo aqueles que se irritavam ao ouvir seu nome —
Hegel, Voltaire, Stalin, Mao Tsé-Tung e Marx, para citar alguns
— não foram capazes de ignorá-lo. Alguns foram até mesmo
respeitosos para com Ele. Apesar disso, eles sabiam que suas
teorias
eram opostas ao ensino de Jesus, por isso não poupavam
esforços em uma fútil tentativa de anular sua influência.
Tudo se resume desta forma: Se Jesus é realmente Deus em
forma humana, então Ele deve ser adorado. Se Ele não é, deve
ser esquecido e rotulado como impostor ou lunático.
Nesses dois mil anos passados, bilhões de pessoas o têm
adorado, enquanto que outros bilhões nunca ouviram falar dele
ou não tiveram acesso a evidência de quem Ele realmente é.
Neste último grupo muitos têm formulado suas opiniões sobre
Jesus baseados nas afirmações de outras pessoas, mas isto é
perigoso, pois uma visão prejudicial pode levar a conclusões
erradas.
De acordo com a Bíblia, no eterno plano de Deus para o
homem, a decisão mais difícil que toda pessoa enfrenta está
relacionada com a identidade de Jesus de Nazaré. "Quem é
Jesus?" torna-se desse modo a mais importante pergunta a
que uma pessoa possa responder.

A Opinião dos Descrentes


De todos os pontos de vista sobre Jesus de Nazaré, nenhum é
tão insensato como o que afirma que Ele nunca viveu realmente.
Tal pressuposição desafia tanto a razão como a história, pois as
pegadas do Nazareno estão irrevogavelmente estampadas em
todo o Oriente Médio, na era romana e na civilização ocidental.
Muitos judeus em Israel rejeitaram sua origem divina, mas não
puderam e nem podem negar sua existência histórica. Muitos
deles hoje concordam que Jesus é o maior dos hebreus surgido
desde o fim do Velho Testamento.
Em 1995 liderei uma viagem turística a Israel em dois
ônibus lotados de cristãos. Nosso guia, um major da reserva
do exército, tinha também mestrado em história pela
Universidade Hebraica. Ele foi muito respeitoso em relação ao
homem Jesus — mas admitiu que não podia aceitá-lo como
Messias, muito
embora reconhecesse nele "muitas semelhanças". Quando
perguntei se muitos judeus acreditavam que Jesus realmente
viveu, ele respondeu: "Sim, certamente!" Então perguntei
quem eles achavam que foi Jesus, e ele respondeu: "O judeu
mais famoso em toda a história." Boa parte da economia de
Israel baseia-se hoje nos turistas cristãos que visitam a Terra
Santa para prestar homenagem a Jesus. Cada ônibus de
turismo relembra aos habitantes locais que o Nazareno viveu
ali e foi um deles, porém muitos negam-se a considerá-lo
como Messias.
Mesmo aqueles que não aceitam a condição de Jesus como
Deus admitem que Ele deixou uma marca indelével sobre a
humanidade. J. Oswald Sanders, um respeitado escritor e
ministro inglês, colecionou afirmações tanto de descrentes
como de crentes sobre a pessoa de Jesus:

Descrentes. Parece que os descrentes e mesmo os infiéis


tentaram suplantar uns aos outros nos elogios ao caráter de
Cristo e, em um tribunal, o parecer favorável de uma
testemunha em relação ao lado oposto tem grande peso.
Seguem-se, então, alguns tributos de descrentes e de inimigos
do cristianismo à pessoa de Jesus.

Ernest Renan, o infiel francês, escreveu: "Repousa agora


em tua glória, nobre Fundador. Tua obra está terminada! Tua
divindade está estabelecida... Entre ti e Deus não haverá
mais qualquer distinção... Sejam quais forem as surpresas do
futuro, Jesus nunca será ultrapassado."

W. Lecky, de Dublin (Irlanda), o historiador do racionalismo,


diz: "Cristo exerceu influência tão profunda que podemos
afirmar que o simples registro de três curtos anos de vida ativa
fez mais para regenerar e suavizar o ser humano do que
todas as indagações dos filósofos e todas as exortações dos
moralistas."
Lord Byron, um poeta devasso, afirmou: "Se alguma vez o
homem foi Deus, ou Deus foi homem, Jesus foi ambos."

Spinoza, apóstata judeu: "Jesus Cristo foi o Templo; nele


Deus teve a mais plena revelação de si mesmo."

J. J. Rousseau, ateu imoral: "Se Sócrates viveu e morreu


como sábio, Jesus viveu e morreu como Deus."

James Martineau, famoso unitarista(*): "Jesus Cristo deve


ser chamado de o regenerador da raça humana."

Robert Ingersoll, conferencista ateu: "Pelo homem Cristo...


tenho a mais alta admiração e respeito. Tivesse eu vivido em
seu tempo, teria sido seu amigo."

Pecaut, outro célebre infiel francês: "O caráter moral de


Cristo elevou-se incomparavelmente acima do de qualquer
outro grande homem da antigüidade. Nenhum outro foi tão
meigo, tão humilde e tão bondoso como Ele. Em Espírito Ele
viveu na casa de seu Pai celestial. Sua vida moral está
totalmente impregnada de Deus."

E surpreendente como esses homens foram longe e apesar


disso, não se renderam aos argumentos do Filho de Deus, pois
a admiração não salva1.

O Testemunho de Napoleão Bonaparte


Pouco se fala entre os historiadores modernos sobre a vida
espiritual do suposto ditador da Europa, após seu exílio em
Elba.

(*) N.T.: adepto do unitarismo, seita protestante do sec. XVI que negava o
dogma da Trindade, reconhecendo em Deus uma só pessoa.

1. Sanders, J. Oswald. Christ Incomparable, Christian Literature Crusade,


1952, pp. 89-90.
Conta-se que, para aliviar as horas passadas na prisão
(quase vinte anos, com exceção de uma tentativa abortada
de reconquistar seu império), ele fez um estudo profundo
da vida e pessoa de Jesus Cristo. Sua conclusão interessa
a você.

Do começo ao fim Jesus é o mesmo; majestoso e simples,


infinitamente severo e infinitamente meigo. Durante toda sua vida
pública, Ele nunca foi apanhado em falta. A sua conduta
desperta nossa admiração por unir força e suavidade. Quer na
palavra ou na ação, Ele é sábio, firme e calmo. A
sublimidade é considerada um atributo da divindade: que
nome, pois, darei a Ele, em cujo caráter estava presente cada
elemento do sublime?
Conheço os homens; e digo a você que Jesus não é um
simples homem. Tudo nele me impressiona. Seu espírito
ultrapassa o meu e sua vontade me confunde. A comparação
entre Ele e qualquer outra pessoa é impossível. Ele é
verdadeiramente um ser por si mesmo. Suas idéias e
sentimentos; a verdade que anuncia; sua maneira de
convencer; todos estes atributos estão além da humanidade e
da ordem natural das coisas.
Seu nascimento e a história de sua vida; a profundidade
de sua doutrina, que tudo soluciona e que elimina todas as
dificuldades; seu evangelho; a singularidade de seu ser
misterioso; sua aparência; seu império; seu progresso através
dos séculos e dos reinos; tudo isto é para mim um prodígio, um
mistério insondável
Nada vejo aqui de um simples homem. Por mais que possa
aproximar-me, por mais profundamente que o examine, tudo
permanece acima de minha compreensão—com uma
grandeza que me esmaga. É em vão que reflito — tudo
permanece inexplicável! Desafio você a citar outra vida
como a de Cristo.2

2. Geikie, John Cunningham. The Life and Words of Christ, Nova York: D.
Appleton &Co., 1893, pp. 13 e l4.
A Evidência da Blasfêmia
Na introdução deste livro contei a história de um aluno do curso
secundário que nunca tinha ouvido o nome de Jesus Cristo
usado em qualquer coisa que não fosse profanação. Ele não está
sozinho; existem muitos como ele, graças ao vazio dos ensinos
sobre o Jesus histórico na educação pública e pela aceitação do
uso de seu nome em termos desrespeitosos. Infelizmente,
esta prática não está limitada aos jovens; ela está presente na
mídia e no comércio de diversões. O uso do nome de Jesus em
blasfêmias é um costume tão arraigado que as pessoas
parecem não se dar conta disso ao usá-lo.
Tome a TV como exemplo. Parece-me que, enquanto o
pessoal da mídia fica constrangido toda vez que o nome de
Jesus é usado respeitosamente, essa mesma mídia raramente
parece notar quando ele é usado de maneira profana. Tenho
observado que os entrevistadores esportivos ficam confusos
quando ao conversar com o herói de um determinado evento
este espontaneamente atribui "todo o crédito ao Senhor e
Salvador Jesus Cristo", como vários atletas de fama têm feito.
Os anunciadores rapidamente mudam de assunto, como se
tivessem receio de que sua rede ou emissora possa ser usada
para sugerir que Jesus é alguém especial, alguém que deve ser
adorado e cultuado. Esses mesmos indivíduos, porém,
parecem não se preocupar quando o nome de Jesus é usado
para blasfemar.
Mas, por que precisamente o nome dele? Se, como alguns
céticos admitem, Jesus é meramente um "mestre religioso" ou
um "filósofo" ou uma "grande pessoa da história" por que então
os nomes de outros mestres famosos ou filósofos ou grandes
heróis da história não são usados do mesmo modo? Você já
ouviu alguém esmagar o dedo com um martelo e amaldiçoar
sua sorte em nome de Buda, Sócrates ou Maomé?
Provavelmente não. Por que sempre o nome de Jesus é o
escolhido? A única exceção
é quando é usado o nome do próprio Deus. Por que estes dois
nomes são usados em blasfêmias e outros não? É muito simples.
A razão é que não há nomes maiores que esses para serem
usados quando uma pessoa "amaldiçoa" alguma coisa ou
condena verbalmente alguém ao inferno. Desatentas à
advertência dos Dez Mandamentos no sentido de que "o Senhor
não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão"3, as
pessoas continuam a citar o nome de Jesus como se fosse nada
mais do que uma forma original de dizer "Oh!" Por ironia do
destino, o cético ou ateu que usa o nome de Jesus profanamente
não está somente invocando a ira do Deus todo-poderoso sobre
si, mas está na realidade reconhecendo a supremacia do Pai e do
Filho acima de todos os seres humanos.

A Opinião dos Crentes


É fácil encontrar testemunhos daqueles que crêem na
divindade de Jesus, pois seu número é grande. Nos capítulos a
seguir vamos considerar o testemunho daqueles que foram
testemunhas oculares da vida de Jesus. Iremos reproduzir
alguns testemunhos dados por crentes da era pós-bíblica que
confessaram Jesus como Senhor. Observe que a crença na
divindade de Jesus não surgiu com o passar dos séculos, como
ocorre no caso das tradições populares. Os crentes
reconheceram a divindade de Cristo já a partir do primeiro
século. Veja os seguintes testemunhos:

Policarpo (69-155 d.C): Bispo de Esmirna, foi discípulo do


apóstolo João. Policarpo escreveu: "Possa agora o Deus e Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo e o próprio Sumo Sacerdote, o [Filho
de] Deus, Jesus Cristo, edificar-vos na fé..."4.
3. Êxodo 20.7
4. Lightfoot, J.B. "Epistle of Polycarp to the Church at Philippi" in The
Apostolic Fathers, Part II, Vol.2, No. 3. Nova York: MacMillan and Co.,
1889, p. 476.
Justino Mártir (110-166 d.C): Um apologista que defendeu
a fé de maneira bastante erudita, Justino Mártir reconheceu:
"nosso Cristo conversou com Moisés sob a aparência de fogo da
sarça." Não foi o Pai do universo quem assim falou a Moisés,
mas "Jesus, o Cristo", "o Anjo e Apóstolo", "que é também
Deus", sim "o Deus de Abraão, Isaque e Jacó", "o EU SOU o que
SOU"10.

0 testemunho da fé na divindade de Cristo é abundante,


iniciando com a primeira declaração feita por Pedro, atribuída
pelo Senhor atribuiu à revelação divina: "Tu és o Cristo, o
Filho do Deus Vivo."11

O Credo Apostólico, cuja data é incerta mas cujos dogmas


podem ser encontrados em fórmulas teológicas correntes por
volta de 100 d.C, afirma: "Creio em Deus Pai, todo-poderoso,
Criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, nosso Senhor."

O Credo Niceno (325 d.C), formulado para corrigir alguns


erros que tinham surgido na Igreja, é até mais explícito:
"Creio... no Senhor Jesus Cristo, o primogênito Filho de Deus...
sendo um com o Pai."

Outros credos e confissões são igualmente inequívocos


quanto à divindade de Jesus de Nazaré. Um deles contém a
sabedoria refinada de todos os credos anteriores. A Confissão
de Westminster, escrita há mais de três séculos, afirma: "o
Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, sendo
verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do Pai e igual
a Ele, quando chegou o cumprimento do tempo, tomou sobre si
a natureza humana..."12
10. First Apology, 1xii; 1xii
11. Mateus 16.16
12. Sanders, pp. 90 e 91.
Outros Testemunhos
Além dos credos, muitos escritores famosos, pensadores e
líderes da história testemunharam sua crença na divindade de
Jesus. Vejamos os seguintes:

Shakespeare: "Jesus Cristo, meu Salvador."

Milton: "Filho unigênito, semelhança divina."

Daniel Webster: "Creio que Jesus Cristo é o Filho de


Deus."

Thomas B. Macaulay: "Divindade incorporada em forma


humana."

W. E. Gladstone: "A razão para o meu viver é baseada na


divindade de Cristo."

A. J. Balfour: "Cristo é um judeu raro, mas os homens não


conhecem seu valor... Nenhuma mente pode captar
plenamente sua glória."

John Paul Richter: "O mais santo entre os poderosos e o


mais poderoso entre os santos, levantou impérios arrasados
com suas mãos traspassadas, desviou de seu leito a corrente da
civilização e ainda governa as eras."

Alexander Whyte (famoso clérigo britânico do século


passado): "Quanto mais vivo mais firme é minha fé na divindade
de meu Redentor. Ninguém menor que o Filho de Deus pode
satisfazer minhas necessidades. Preciso de alguém que seja
capaz de salvar-me plenamente".13
13. Ibid., p.90.
Os testemunhos de pessoas de diferentes épocas e
posições na vida são incontáveis.
Como é evidente pelos testemunhos acima, a divindade
de Cristo tem sido plenamente aceita e divulgada de forma
imutável por aqueles que o conheceram e o serviram ao
longo das épocas. Ela também foi sustentada por vários
dos mais conhecidos e amados líderes do Ocidente.
Grandes homens e mulheres têm sido crentes humildes em
Jesus, o Cristo, o Filho de Deus.
Um dos mais belos tributos prestados ao Nazareno
permanece até hoje como uma das peças prediletas da
literatura:

Uma Vida Solitária


Ele nasceu em uma aldeia obscura, filho de uma jovem
camponesa. Cresceu em outra aldeia obscura, onde
trabalhou em uma carpintaria até os trinta anos.
Então, por três anos, foi um pregador itinerante. Nunca
teve uma família nem possuiu uma casa. Nunca pôs os pés em
uma cidade grande. Nunca viajou mais de trezentos
quilômetros do lugar onde nasceu. Nunca escreveu um livro ou
exerceu um cargo. Ele não fez nenhuma das coisas que
geralmente acompanham a fama.
Quando ainda era jovem, a opinião pública voltou-se
contra Ele. Seus amigos o abandonaram. Foi acusado por seus
inimigos e suportou a humilhação de um julgamento. Foi
pregado em uma cruz entre dois ladrões.Enquanto estava
morrendo, seus executores disputavam em um jogo aposse da
única peça de roupa que Ele tinha—uma túnica. Quando Ele
morreu, foi descido da cruz e colocado em um túmulo
emprestado.
Dezenove séculos se passaram e hoje Ele é afigura central
para grande parte da raça humana. Todos os exércitos que já
marcharam, e todos os navios que atravessaram os mares, e
todos os parlamentos que já se reuniram, e todos os reis que
já reinaram, colocados juntos, não afetaram tão
poderosamente a vida dos homens como esta "Vida Solitária".
(Anônimo)
Quem É Este Homem?
No tempo de Jesus, diferentemente do nosso, era comum as
pessoas aceitarem a existência de Deus. Conseqüentemente,
as alegações de Jesus sobre sua divindade foram ou recebidas
ou rejeitadas. Como veremos, nem todos os que o ouviram falar,
viram seus milagres e foram expostos à evidência que Ele
demonstrou acreditaram nele. Muitos dos judeus de sua época
o rejeitaram porque Ele não correspondia à idéia que eles
tinham de como deveria ser o Messias.
Atualmente alguns céticos, embora admitindo o incrível
impacto da vida de Jesus sobre o mundo, insistem em afirmar
que Ele nunca alegou ser Deus ou possuir os atributos divinos.
Eles querem nos fazer crer que Jesus foi apenas um homem
bom, mas não divino. Podemos pensar se eles alguma vez
leram os quatro evangelhos, pois, como veremos, neles são
encontradas abundantes provas de sua natureza divina.
5
Quem Jesus Disse Que Era

O início da vida humana de Jesus pode ser traçado em poucas


palavras — Ele teve uma vida humilde e trabalhou em uma
carpintaria na obscura aldeia de Nazaré. Entretanto, apesar
dessa origem humilde, em nenhum momento Ele teve
dúvidas sobre sua pessoa ou propósito. Assim que iniciou seu
ministério público, Ele passou a ensinar e demonstrar a todos
que era mais do que humano, que de fato Ele era Deus vindo em
forma humana. Quando seus inimigos perceberam a
importância de suas afirmações, pegaram em pedras para
matá-lo1.
Finalmente, milhares de seus amigos e seguidores creram
nele, confessando que "jamais alguém falou como este
homem"2. Eles nunca tinham ouvido alguém exclamar que
"aqui está quem é maior do que Jonas" ou "aqui está quem é
maior do que Salomão" ou "a principal pedra" está aqui ou o
supremo "EU SOU" está aqui3! Jesus fez cada uma dessas
afirmações, e outras
1. João 8.59; 10.31
2. João 7.46
3. Mateus 12.41; 12.42; Lucas 20.17; João 8.58
mais. Ele sabia exatamente quem era: o divino Filho de Deus,
a segunda pessoa da trindade.

Afirmações Corajosas Que Requerem Resposta


Meu amigo e colega de muitos anos, o Dr. Henry Morris II,
um dos três maiores estudiosos que já conheci, fez o seguinte
comentário sobre as afirmações de Jesus como divindade:

Tais afirmações devem ser estudadas cuidadosamente e com


extrema seriedade. Elas foram feitas realmente pelo próprio
Cristo e, de acordo com as regras da razão e da lógica, devem
ser aceitas como verdade absoluta. Elas equivalem in toto a
uma afirmação absoluta e dogmática: que Jesus Cristo é Ele
mesmo o Deus eterno! Sendo assim, se uma pessoa
desconsiderar ou rejeitar este fato, isto lhe custará a perda
trágica e eterna de sua própria alma.

As alegações são muitas e variadas, mas todas resultam,


tanto individual como coletivamente, na afirmação do
caráter singular de Jesus como o eterno Filho de Deus. Uma
amostragem disso é dada abaixo, sem qualquer comentário
(porque nenhum é necessário):

'Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai


senão por mim. "(Jo 14.6)

"O Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar


pecados." (Mt 9.6)

"Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens,


também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus."
(Mt 10.32)
"Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho
senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a
quem o Filho o quiser revelar." (Mt 11.27)

"Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que


morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá,
eternamente. " (Jo 11.25,26)

"O Filho do homem é senhor também do sábado." (Mc 2.28)

"Quem perder a vida por minha causa, esse a salvará."


(Lc 9.24)

"Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas


trevas, pelo contrário terá a luz da vida." (Jo 8.12)

"Quando vier o Filho do homem, achará porventura fé na


terra?" (Lc 18.8)

"O Filho do homem... veio para dar a sua vida em resgate por
muitos." (Mc 10.45)

"Aquele... que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá
sede." (Jo 4.14)

"O Pai... ao Filho confiou todo o julgamento." (Jo 5.22)

"Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados,


e eu vos aliviarei." (Mt 11.28)

"Os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem,


viverão." (Jo 5.25)
"Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão."
(Lc 21.33)

'Antes que Abraão existisse, EU SOU." (Jo 8.58)

"Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não


prevalecerão contra ela." (Mt 16.18)

"Eu sou aporta das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim são
ladrões e salteadores." (Jo 10.7,8)

"Eu e o Pai somos um. "(Jo 10.30)

"Eu sou o pão da vida; o que vem a mim, jamais terá fome." (Jo 6.35)

Afirmações como essas poderiam ser acrescentadas em


grande número. Lembre-se de que Ele, por não ter pecado,
jamais o enganaria e que, sendo o mais sábio dos mestres,
não poderia estar enganado. As reivindicações são
verdadeiras, e as promessas, confiáveis. Frente a essa
evidência incontestável, podemos apenas dizer, como o ex-
cético Tome: "Senhor meu e Deus meu!" (Jo 20.28)4.

Uma Evidência Inquestionável


Os que alegam que Jesus estava confuso sobre sua
identidade não devem ter lido os registros do evangelho.
Não pode haver dúvida de que Jesus sabia que Ele era o
Messias, como prova um incidente registrado em João 4.
Um dia Jesus encontrou uma mulher samaritana no
famoso poço de Jacó. Jesus, que nunca havia encontrado
antes aquela
4. Morris II, Dr. Henry. Many Infallible Proofs, El Cajón, CA: Master Books,
1974, pp.75 e 76.
mulher, mostrou sua natureza divina dizendo-lhe (para sua
enorme surpresa) que ela tivera cinco maridos e estava
naquele momento vivendo com um homem, sem ser casada
com ele. Imediatamente ela reconheceu que Ele era "um
profeta" (versículo 19).
Após ter conversado com Jesus, ela fez uma declaração que
indica que o conhecimento da vinda de um Messias estava
bastante difundido, mesmo em Samaria. Esta mulher pecadora
disse: "Eu sei... que há de vir o Messias, chamado Cristo;
quando Ele vier nos anunciará todas as coisas." Observe o
que Jesus respondeu: "Disse-lhe Jesus: 'Eu o sou, eu que falo
contigo'" (versículos 25-26).
Nunca é demais enfatizar a importância dessa conversão,
pois ela prova que mesmo as pessoas leigas naqueles dias
sabiam sobre a vinda do Messias. E também uma aceitação
clara e direta da parte de Jesus de que Ele era o Messias pelo
qual as pessoas estavam esperando. Este texto deixa claro
que Jesus não estava confuso sobre quem Ele era.

Seis Afirmações Específicas da Divindade


0 capítulo cinco de João contém a mais clara das afirmações de
Jesus sobre sua divindade encontrada no Novo Testamento.
Existem outras passagens abordando esse mesmo assunto,
como já vimos acima, mas só nesse capítulo são encontradas
seis citações. João, uma testemunha ocular dos eventos da vida
de Jesus, em um único dia ouviu-o relacionar estas seis
características de sua divindade. Tomadas em conjunto, elas
provam que Jesus acreditava ser mais do que um homem, que
de fato era Deus em forma humana.
Estas seis afirmações da divindade foram feitas a um grupo
de líderes judeus que objetaram quando, em um sábado, Jesus
curou um inválido.
Jesus tinha ido a Jerusalém para a festa da páscoa, como
os homens israelitas deviam fazer três vezes por ano.
Enquanto estava lá, Jesus foi visitar o tanque de Betesda,
onde havia "uma multidão de enfermos, cegos, coxos,
paralíticos [esperando que se movesse a água...]". João, uma
testemunha ocular, relata a história:

Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Jesus,


vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito
tempo, perguntou-lhe:"Queres ser curado?" Respondeu-lhe o
enfermo: "Senhor, não tenho ninguém que me ponha no
tanque, quando a água é agitada; pois, enquanto eu vou,
desce outro antes de mim."
Então lhe disse Jesus: "Levanta-te, toma o teu leito e
anda. "Imediatamente o homem se viu curado e, tomando o
leito, pôs-se a andar. E aquele dia era sábado. Por isso
disseram os judeus ao que fora curado: "Hoje é sábado e não te
é lícito carregar o leito. "Ao que ele lhes respondeu: "O
mesmo que me curou me disse: “Toma o teu leito e anda”.
Perguntaram-lhe eles: "Quem é o homem que te disse: 'Toma o
teu leito e anda ? "Mas o que fora curado não sabia quem era;
porque Jesus se havia retirado, por haver muita gente naquele
lugar.
Mais tarde Jesus o encontrou no templo e lhe disse: "Olha
que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda
coisa pior." O homem retirou-se e disse aos judeus que fora
Jesus quem o havia curado. E os judeus perseguiam a Jesus,
porque fazia estas coisas no sábado (Jo 5.5-16).

O ensino decorrente desse acontecimento foi motivado


pela exagerada devoção dos judeus à guarda do sábado, em
obediência ao quarto mandamento. Eles desconsideraram o
fato de que Deus já havia permitido algumas exceções a este
mandamento,
no Velho Testamento, para emergências e atos de bondade5.
Alguns ficaram tão transtornados com esse milagre realizado no
dia de sábado que procuraram matar Jesus, muito embora isto
significasse uma violação do sexto mandamento. Para eles,
Jesus tinha cometido um pecado imperdoável: tinha se
considerado "igual a Deus". Jesus justificou suas ações fazendo
seis afirmações clássicas de sua divindade.
Embora esses atributos legítimos de sua divindade não
abrangessem todas as características desta natureza
demonstradas durante sua vida, eles provam que logo depois
de deixar sua oficina de carpinteiro em Nazaré, Jesus proclamou,
sem deixar dúvida, quem Ele era: Deus em forma humana. E
Ele nunca desmentiu isso.

1. Jesus afirmou ser Deus encarnado


Ele respondeu aos fariseus: "Meu Pai trabalha até agora, e eu
trabalho também/' Portanto os judeus procuravam mais ainda
matá-lo, porque Ele não somente desrespeitou o sábado, "mas
também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a
Deus" (Jo 5.17-18).
Para defender seu trabalho no sábado, Jesus citou o exemplo
do próprio Deus Pai, que trabalhou no dia de sábado, mesmo
depois da criação. Na verdade, Deus "descansou" no sentido
de que nenhuma ação criadora foi realizada no sétimo dia, mas
Ele sustentou sua criação naquele primeiro sábado e em cada
sábado desde então. Quando Jesus argumentou que estava
"trabalhando" (ou fazendo o bem) no dia de sábado, Ele estava
defendendo a prática de ações semelhantes àquelas de "meu
Pai". Os judeus imediatamente perceberam o que Ele estava
querendo dizer — que era o Filho de Deus e, portanto, igual a
Deus. Foi por isso que eles "ainda mais procuravam matá-lo,
porque não somente violava o sábado, mas também dizia que
Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus".
5. Veja Números 28.9-10; 1 Samuel 21.1-6; Mateus 12.11-12
A mensagem de Jesus não podia ser mais clara. Ele se
considerou "igual a Deus".
No versículo 19 Ele amplia essa afirmação, sustentando que
estava tão unido ao Pai que "o Filho" fazia coisas da mesma
forma que o Pai. Jesus não hesitou em personalizar seu
relacionamento com Deus de um modo impossível para os
judeus. Abraão, Isaque e Jacó, seus respeitáveis
antepassados, jamais tinham dito "Deus é meu Pai", porém
Jesus não vacilou em fazê-lo. Por quê? Porque Ele era "o Filho
de Deus" em forma humana! Ele nunca recuou no uso deste
título. E nunca se considerou apenas "uni Filho de Deus", mas
sempre "o Filho de Deus". Para os judeus isto era uma
terrível blasfêmia; para Ele era a confirmação de um fato.

2. Jesus afirmou seu poder de ressuscitar os mortos


"Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim
também o Filho vivifica aqueles a quem quer" (Jo 5.21).
"Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos
os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que
tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que
tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo" (Jo 5.28-
29).
Os judeus do tempo de Jesus (com exceção da pequena
seita dos saduceus) acreditavam na ressurreição e na vida
depois da morte. Por esta razão Marta pôde dizer a Jesus de seu
falecido irmão Lázaro: "Eu sei... que ele há de ressurgir na
ressurreição, no último dia"6. Como todos os judeus, ela tinha
aprendido esta doutrina desde a infância. Mas os judeus
acreditavam que somente Deus podia ressuscitar os mortos.
Nesta passagem, Jesus alega que Ele é quem ressuscita os
mortos.
Permita-me fazer-lhe uma pergunta: alguma vez você
tentou ressuscitar os mortos? Certamente que não. Nós,
humanos,

6. João 11.24
nunca admitimos tal autoridade e poder. Muitas vezes como
ministro do evangelho desejei ter poder para ressuscitar
algumas pessoas como aquele jovem pai que deixou esposa
e três filhas... ou aquele lindo bebê... ou aquele jovem levado
no auge de sua vida. Mas, francamente, embora eu pudesse
ansiar por esse poder, nunca fui sequer tentado a praticar esta
ação. Por que não? Porque somente Deus pode ressuscitar os
mortos! E este é o ensino de Jesus.
As Escrituras relatam quatro casos de ressurreição de
mortos realizados por dois profetas (Elias e Eliseu) e por dois
apóstolos (Paulo e Pedro). Mas em cada ocasião eles
esclareceram que foi Deus quem os usou para realizar o
milagre. Jesus ressuscitou um homem por seu próprio poder e
foi o único que ressuscitou alguém morto há quatro dias. O que
também não deve passar desapercebido é que Jesus não
somente ressuscitou três pessoas, mas garantiu que
ressuscitaria tanto os justos como os injustos no dia do juízo.
Seus ouvintes estavam perfeitamente familiarizados com a
profecia de Daniel de que haveria dois tipos de ressurreição no
final dos tempos: "Muitos dos que dormem no pó da terra
ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e
horror eterno"7. Em João 5.29, Jesus está nitidamente
afirmando ser aquele que realiza essas ressurreições. Tal
afirmação podia ser feita somente por Deus ou por alguém
desequilibrado mental. E uma vez que sua vida, ensinos e
ministério não indicam nenhum distúrbio mental, e sim,
como veremos, manifestam muitas características divinas,
somos forçados a concluir que Ele era realmente o unigênito
"Filho de Deus" em forma humana.
0 fato de Jesus ter demonstrado poder para ressuscitar três
pessoas mortas durante seu ministério (fez isso quando esteve
em funerais) e levantar-se de seu túmulo ao terceiro dia,

7. Daniel 12.2
lançando os fundamentos da religião que leva seu nome, coloca
diante de toda a humanidade uma pergunta essencial:
"Quem possui vida em si mesmo e poder para ressuscitar os
mortos?" Resposta: "Somente Deus!"

3. Jesus afirmou ser o futuro juiz de todos os homens


"E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o
julgamento" (Jo 5.22).
Os seres humanos sabem intuitivamente que algum dia
serão julgados por Deus, de acordo com aquilo que fizeram na
terra. Muitos que semearam o mal adotam o ateísmo, temerosos
da justiça de Deus. Tentam com isso rejeitar tanto Cristo
como Deus, e por conseguinte o dia do juízo. Se, por alguma
razão, eles rejeitam a existência de Deus, podem também
lançar dúvidas sobre o encontro final com Ele no dia do juízo —
pelo menos até o momento da morte, quando tais fantasias
desaparecem. Nesta encruzilhada, alguns — como o cético
francês Voltaire ou o moderno humanista francês Sartre —
entram na eternidade sem Cristo, gemendo de pavor e
desesperança.
Para nossos propósitos aqui, é importante notar que Jesus
Cristo afirmou publicamente que nenhuma pessoa, em sã
consciência, jamais pensaria de si mesma: "Eu sou o Deus
soberano que irá julgar todos os homens." Esta é uma
prerrogativa impossível a qualquer pessoa — exceto,
naturalmente, se Ele for verdadeiramente Deus. Jesus de
Nazaré fez exatamente esta afirmação. Portanto, Ele se
considerava divino e ensinou abertamente que um dia todos os
seres humanos comparecerão diante dele para serem
julgados.
Jesus ensinou claramente que haverá um julgamento final e
sabemos por outras passagens bíblicas que tal veredito será
eterno. Se você nunca aceitou Cristo como seu salvador, alguma
vez já parou para considerar que, quando estiver sendo julgado
diante do "grande trono branco"8, você irá enfrentar a mesma
pessoa da trindade que morreu na cruz por seus pecados como
um substituto voluntário? Naquele momento você terá de
admitir que o rejeitou. Se você acredita que Deus passará por
cima de seus pecados e de sua rejeição a Cristo, sua crença não
pode ser baseada na Bíblia, pois ela ensina claramente que
Jesus é o único caminho para a salvação9. E todos que o rejeitam
prestarão conta disso.
"De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado
digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o
sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito
da graça? Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim
pertence a vingança; eu o retribuirei/ E outra vez: 'O Senhor
julgará o seu povo/ Horrível coisa é cair nas mãos do Deus
vivo" (Hb 10.29-31).

4. Jesus afirmou ser tão digno de honra quanto Deus


"...a fim de que todos honrem o Filho, do modo por que honram o
Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou"
(Jo 5.23).
Quando Jesus disse que, assim como os homens honravam e
adoravam a Deus, deveriam igualmente honrá-lo e adorá-lo,
Ele estava novamente afirmando não possuir uma natureza
simplesmente humana. A prova de que os judeus
consideraram a afirmação uma grande blasfêmia é observada
em sua tentativa subseqüente de matá-lo. Honra e adoração a
Deus eram partes integrantes da fé judaica há vários séculos.
A reverência a Deus era tão grande que eles nem mesmo
pronunciavam seu nome em voz alta. Entretanto, Jesus
afirmava abertamente ser tão digno de honra quanto o Pai, pois
era igual a Ele.
8. Apocalipse 20.11
9. João 14.6; Atos 4.12
Quase cinqüenta anos depois, o apóstolo João escreveu que
uma das condições essenciais para a salvação era honrar o Filho
do mesmo modo como honramos o Pai10. Não ofendemos a Deus
por honrar igualmente o Pai e seu Filho; pelo contrário,
recebemos a bênção de Deus todas as vezes em que honramos a
ambos.

5. Jesus afirmou a autoridade de conceder vida eterna


"Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha
palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não
entra em juízo, mas passou da morte para a vida" (Jo 5.24).
Outro desejo universal encontrado em cada coração humano
é o de viver para sempre. As religiões do mundo anunciam a
vida após a morte como sendo um paraíso [algo como um
eldorado terrestre], "nirvana" [paz ou quietude perpétua] ou
qualquer outra coisa que identificam como "céu".
Somente os doutrinados no ateísmo podem dizer com
alguma convicção: "Quando você morre, está tudo acabado". E
mesmo alguns deles têm mudado de opinião com a
aproximação da morte.
Todas as religiões do mundo falham ao ensinar como as
pessoas podem ter garantia de salvação eterna.
Invariavelmente, elas prescrevem um sistema baseado em
boas obras ou esforço próprio. No cristianismo não é assim.
Jesus afirmou de maneira incontestável que tinha autoridade
para proporcionar a salvação eterna e concedê-la a todo aquele
que "ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou"11.
A chave é crer que Jesus foi enviado por Deus e pode dar vida
àqueles que crerem nele (isto é, depositam sua fé nele). Ele
afirmou ser o próprio objeto da fé, capaz de outorgar a salvação.
Isto, naturalmente, seria um absurdo se Jesus fosse apenas
homem.

10. 1 João 2.23; 4.15; 5.10-12


11. João 5.24
Mas, se Ele é Deus, como afirmou, então certamente tem a
capacidade de conceder a vida eterna. E é isto que Deus faz!

6. Jesus afirmou ser a fonte da vida


"Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também
concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. E lhe deu autoridade
para julgar, porque é o Filho do homem" (Jo 5.26-27).
Jesus declarou corajosamente que partilhava sua natureza
com Deus, tornando-se assim a fonte da vida. Os judeus tinham
uma expressão para esta característica divina, usada pelo
próprio Deus quando falou a Moisés na sarça ardente.
Quando o povo perguntasse a Moisés: "Quem o enviou?", ele
foi instruído a dizer: "EU SOU me enviou"12. Esta é a expressão
suprema de Deus. Ela significa essencialmente que Deus é "o
princípio de todas as coisas".
Quando Jesus afirmou que tinha "vida em si mesmo",
exatamente como o Pai, isso equivalia a identificar-se com
"EU SOU", a causa não causada de todas as coisas. Não é
surpresa, pois, encontrá-lo em João 8.58 usando este mesmo
título para se identificar. Ele anunciou aos judeus: "antes que
Abraão existisse, EU SOU." Ao longo de seu ministério Ele
desenvolveu este título, afirmando-o uma vez ou outra: "Eu Sou a
luz do mundo... Eu Sou o caminho... Eu Sou a verdade... Eu Sou o
Messias... Eu Sou a porta das ovelhas... Eu Sou o bom pastor... Eu
Sou o Filho de Deus"13. Nenhuma afirmação mais forte da
divindade podia ser feita por outra pessoa. Os judeus
entenderam isto perfeitamente — razão por que tentaram
apedrejá-lo. "Sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo" (Jo
10.33), disseram eles enfurecidos.

12. Êxodo 3.13-14


13. Veja João 4.26; 8.12; 10.7, 11, 36; 14.6
Após a leitura desta lista de seis afirmações, não podemos
deixar de concluir que Jesus se considerava mais do que um
simples ser humano. Ele sabia que era o Filho de Deus, que todo
poder e autoridade residiam nele. Esta é a razão por que, na
grande comissão após sua ressurreição, Ele lembrou a seus
discípulos: "Toda a autoridade me foi dada"14.
A lista apresentada acima, por si só, prova que Jesus
afirmava ser Deus em forma humana. Ele disse estas coisas
publicamente, para que os outros pudessem chegar à mesma
conclusão. Aqueles que aceitaram suas afirmações tornaram-
se seus ardorosos seguidores; outros as rejeitaram e
seguiram seus próprios caminhos. A salvação é sempre assim;
Deus nos deu liberdade para crer nele ou rejeitá-lo, de acordo
com nossa vontade. A escolha é sempre deixada para nós.

14. Mateus 28.18


Parte II :
A Evidência das
Testemunhas Oculares
6
O Testemunho de João
Batista

Outro é o que testifica a meu respeito, e sei que é


verdadeiro o testemunho que ele dá de mim.
Mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho
da verdade. Eu, porém, não aceito humano
testemunho; digo-vos, entretanto, estas coisas para
que sejais salvos. Ele era a lâmpada que ardia e
alumiava, e vós quisestes por algum tempo alegrar-
vos com a sua luz. (Jo 5.32-35)

A qualidade de uma testemunha no tribunal é geralmente


tão importante quanto o próprio testemunho. Se um
advogado puder contestar o caráter da testemunha, ele
destrói a eficácia do que ela disse. Em uma sessão do júri,
transmitida para todo o país, no julgamento de um astro da
National Football League [nos Estados Unidos], o
testemunho de um detetive foi invalidado pelo júri quando
se descobriu que ele havia mentido sob juramento. Jesus
Cristo não podia ter escolhido ninguém melhor para ser a
primeira testemunha de sua divindade do que João Batista.
Em certa ocasião, Ele mesmo falou a respeito
de João: "Entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu
maior do que João Batista"1. No evangelho de Lucas, Jesus
é citado como tendo dito que não havia nenhum profeta
maior do que João Batista. Como os judeus consideravam
os profetas os mais santos dos homens, isto fazia de João
uma testemunha da identidade perfeita de Jesus (naquela
época ou em qualquer outra).
Citando o profeta hebreu Malaquias, Jesus disse que João
era "mais do que um profeta"; era um mensageiro especial
de Deus que "preparará o caminho diante de mim"2. Arthur
W. Pink diz a respeito de João: "Ele foi o tema de uma
profecia do Velho Testamento (Isaías 40), seu nascimento
foi decorrência de uma intervenção direta e miraculosa de
Deus (Lucas 1.7,13); ele foi cheio do Espírito Santo desde o
ventre materno (Lucas 1.15); ele foi um homem enviado por
Deus (João 1.6); ele foi enviado para preparar o caminho do
Senhor (Mateus 3.3)"3.

Concebido Sobrenaturalmente
Embora João Batista não tenha nascido de uma virgem,
como Jesus, ele foi concebido de uma forma especial. Como
Isaque, que viveu muito antes dele, João nasceu de pais
idosos através da intervenção miraculosa de Deus. Pode ser
mais do que coincidência o fato de o autor do evangelho
que inclui os detalhes da concepção miraculosa de João ter
sido um médico. O pai de João, Zacarias (um sacerdote), e
sua mãe eram pessoas piedosas, pois o Dr. Lucas nos diz:

Ambos eram justos diante de Deus, vivendo


irrepreensivelmente em todos os preceitos e
mandamentos do Senhor. E não tinham filho, porque
Isabel era estéril, sendo eles avançados em

1. Mateus 11.11
2. Malaquias 3.1
3. Pink, Arthur W. Exposition of the Gospel of John, Grand Rapids, MI:
Zondervan Publishing House, 1945, p. 50.
dias. Ora, aconteceu que, exercendo ele diante de Deus o
sacerdócio na ordem do seu turno, coube-lhe por sorte,
segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário do
Senhor para queimar o incenso. (Lucas 1.6-9)

Enquanto ele estava exercendo o sacerdócio diante do


Senhor, o anjo Gabriel veio a ele e profetizou que ele e
Isabel teriam um filho, que deveria receber o nome de João.
A possibilidade de dar à luz uma criança na idade deles era
tão remota que Zacarias questionou a promessa do anjo. Por
causa de sua falta de fé, ele ficou sem voz durante os nove
meses da gravidez de Isabel; e a voz não voltou até o dia em
que a criança recebeu o nome. Quando Isabel estava com
seis meses de gravidez, Maria, sua sobrinha também
recebeu a visita do anjo Gabriel. Foi-lhe dito que ela, uma
virgem, daria à luz o Messias. Quando Maria visitou seus
tios e relatou sua visão, "a criança [João Batista] lhe
estremeceu no ventre [de Isabel]; e Isabel ficou possuída do
Espírito Santo"4. Após o nascimento de João, a Bíblia nos
diz: "E a mão do Senhor estava com ele. Zacarias, seu pai,
cheio do Espírito Santo, profetizou, dizendo... [de João] Tu,
menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque
precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar
ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos
seus pecados... para alumiar os que jazem nas trevas e na
sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da
paz/ O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu
nos desertos até ao dia em que havia de manifestar-se a
Israel"5.
Não há dúvida de que João Batista foi concebido e
ungido especialmente para uma missão. Embora seu
ministério tenha sido de pouca duração (foi decapitado por
ordem do rei Herodes), este porta-voz de Deus e símbolo
do reavivamento

4. Lucas 1.41
5. Lucas 1.66-80
espiritual em Israel não nos desapontou ao dar testemunho da
identidade de Jesus.

João Compreendeu Quem Ele Era


Pelo testemunho de João fica evidente que ele não tinha dúvidas
sobre a identidade de Jesus. Muitos dos que esperavam a vinda
do Messias na época apontavam para João como o "prometido".
De fato, quando os "judeus lhe enviaram de Jerusalém
sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: 'Quem és tu?' Ele
confessou... 'Eu não sou o Cristo [Messias]’ Também não
era ele Elias, acrescentando: "Eu sou a voz do que clama no
deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta
Isaías"6. Ao citar o profeta Isaías, João deixou claro que seu papel
era o de arauto da vinda do Messias e não ele próprio o
Messias. Esse papel satisfazia-o plenamente, pois ele não
pretendia ofuscar Cristo. O evangelista João disse
francamente a respeito dele: "Convém que ele cresça e que eu
diminua"7. João teve ao mesmo tempo um nascimento notável
e um caráter impecável.
A humildade é sempre uma qualidade especialmente
apreciada por Deus e um verdadeiro sinal de grandeza. João
demonstrou essa humildade quando estava no auge de sua
carreira — quando as pessoas acorriam a ele aos milhares para
ouvi-lo pregar e serem batizados por ele — submetendo-se ao
Messias que viria, dizendo: "...no meio de vós está quem vós
não conheceis, o qual vem após mim [Jesus era seis meses
mais novo do que João], do qual não sou digno de desatar-lhe
as correias das sandálias"8.
João não poderia ser mais claro! Ele humildemente
identificou-se como o precursor do Cristo e prontamente
cumpriu seu chamado apressando a vinda do Messias, que tinha
primazia sobre ele.
6. João 1.19-23
7. João 3.30
8. João 1.26-27
João Foi Enviado por Deus para Ser uma Luz
O apóstolo João, cinqüenta anos mais tarde, escreveu: "Houve
um homem enviado por Deus, cujo nome era João. Este veio
como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim
de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a luz,
mas veio para que testificasse da luz, a saber: a verdadeira luz
que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem"9.
Na perspectiva de Deus, João Batista tinha um alto
propósito para viver — ser uma testemunha da "luz do
mundo", Jesus, o Messias. 0 papel mais importante de João não
foi o de "profeta", muito embora ele tivesse sido o primeiro a
chegar a Israel em quinhentos anos. Nem foi também como "a
voz do que clama no deserto" ou pelo cumprimento da profecia
(embora todas estas coisas fossem verdadeiras). Sua
característica maior foi identificada pelo apóstolo João: ele
"foi um homem enviado por Deus"!

Os Sete Testemunhos de João Sobre Jesus


Agora que já observamos o caráter impecável de João Batista e
vimos que ele era a testemunha com maior credibilidade de seu
tempo para identificar Jesus como o Messias, nós devemos
abordar seu testemunho. Uma coisa é certa: declarações não
podem ser ignoradas ou abandonadas.

1. A preexistência de Jesus
"João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem
eu disse: O que vem depois de mim tem, contudo, a primazia,
porquanto já existia antes de mim"10.
É importante notar que Jesus Cristo não começou a existir
quando "o ente santo" [ou coisa santa, na versão King Jones, em
inglês]11, o óvulo fertilizado da encarnação, foi colocado no
ventre

9. João 1.6-9
10. João 1.15
11. Lucas 1.35
da virgem Maria. Ele já existia antes da fundação do mundo.
Jesus foi "o Verbo" que "estava no princípio com Deus". Na
verdade, esse "Verbo era Deus"12. João Batista afirmou que,
embora seu nascimento antecedesse seis meses o de Jesus,
entretanto "[Ele, Jesus] já existia antes de mim". Em outras
palavras, João confessou que Jesus existia antes de sua própria
concepção.

2. O senhorio de Jesus
João disse às multidões que o seguiam que seu propósito era
"endireitar o caminho do Senhor" (João 1.23), em cumprimento
da profecia de Isaías. Ao dizer isso, ele estava testificando que
Jesus era Deus (ou Senhor) do Velho Testamento, confirmando
o que o próprio Jesus diria mais tarde: "Eu e o Pai somos um."
Isto explica por que Jesus nunca repreendeu os que queriam
adorá-lo, muito embora Ele soubesse que somente Deus deve
ser adorado. Jesus não considerou uma blasfêmia permitir tal
adoração, o que pode ser explicado quando entendemos quem
Ele realmente era: "O Senhor", ou Deus em forma humana.

3. A vida absolutamente santa de Jesus


"Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galiléia para o Jordão, a
fim de que João o batizasse. Ele, porém, o dissuadia, dizendo:
'Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?' "13
Para compreendermos o significado deste fato, precisamos
visualizar a cena no rio Jordão. João, o primeiro profeta em
Israel depois de quase quinhentos anos, estava pregando contra
os pecados do povo e dos líderes religiosos. Um espírito de
reavivamento irrompeu, pessoas de todas as partes se
arrependiam, e eram batizadas por João. Cobradores de impostos,
prostitutas, alguns sacerdotes e rabinos, e milhares de pessoas
comuns

12.João 1.1
13. Mateus 3.13-14
vinham para serem batizadas por João no rio Jordão. João
batizava a todos que vinham verdadeiramente arrependidos.
Então, um dia aconteceu um fato assombroso. Um homem se
aproximou das margens do rio para ser batizado; João olhou para
ele e espontaneamente declarou: "Não posso batizar-te; eu é
que preciso ser batizado por ti!" Uma antiga tradução coloca
nestes termos a resposta de João: "Não sou digno de batizar-te."
Agora, preste atenção nisso. João conhecia bem Jesus.
Provavelmente se conheceram quando crianças, pois eram
parentes e moravam bastante próximos. João estava dando um
testemunho subconsciente e espontâneo de que Jesus não
precisava de batismo. Nunca antes ou depois João isentou
qualquer outra pessoa do seu batismo — somente Jesus. Não
perca o raciocínio. João queria que todos compreendessem que
seu parente, que ele conhecia bem, tinha vivido uma vida sem
pecado e, assim, não precisava procurar arrependimento. Um
testemunho tão poderoso é considerado irrefutável em
qualquer corte do mundo, mesmo em um júri popular.

4. Jesus identificado como "o Cordeiro de Deus"


"No dia seguinte, viu João a Jesus que vinha para ele, e disse:
'Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!"14
João Batista foi educado de acordo com o ensino dos profetas
do Velho Testamento, conhecendo bem os requisitos para um
sacrifício especial pelos pecados — um cordeiro branco e puro,
"sem defeito e sem mácula"15. Deveria ser perfeito. João estava
afirmando que Jesus era sem pecado e, portanto, qualificado
para ser "o Cordeiro de Deus", entregue em sacrifício pelos
pecados de todo o mundo. Jesus, que havia iniciado seu ministério
público naqueles dias, ainda não havia emitido uma única palavra
para indicar que morreria na cruz como sacrifício pelo pecado.
14. João 1.29,36
15. 1 Pedro 1.19
Esse sacrifício foi mencionado pelos profetas, mas nem os
discípulos nem os líderes religiosos da época esperavam que o
Messias viesse para morrer pelos pecados do povo.
Efetivamente, os judeus mais tarde rejeitaram Jesus, não por
Ele ter falhado ao cumprir todos os requisitos dos profetas, mas
porque Ele tinha vindo para morrer como sacrifício pelo pecado.
Apesar das claras profecias de Isaías e de outros profetas
hebreus, eles esperavam que o Messias assumisse o papel de
um rei que os governasse, libertando-os do jugo dos romanos.
As multidões podiam certamente aceitá-lo como um soberano
— mas não estavam dispostas a receber quem quer que fosse
como um Messias sofredor. João, entretanto, soube
instantaneamente que Jesus era "o Cordeiro de Deus".
Esta é a primeira vez nos evangelhos em que Jesus é
chamado de o Cordeiro de Deus. O apóstolo Filipe usou esse
título quando expôs o evangelho ao eunuco etíope, em Atos
8, mas ele estava citando Isaías 53.7-8, onde o profeta havia
escrito: "...como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como
ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua
boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem
quem dela cogitou? porquanto foi cortado da terra dos
viventes."
No restante do Novo Testamento, o apóstolo Paulo chama
Jesus de "nosso Cordeiro pascal", em 1 Coríntios 5.7, enquanto
o apóstolo Pedro chama-o de "cordeiro sem defeito e sem
mácula", em 1 Pedro 1.19. Mas o maior número de citações
aparece no livro do Apocalipse, que usa o termo "cordeiro"
para caracterizar Jesus não menos do que trinta e uma vezes!
Reconhecemos hoje que Jesus foi inegavelmente o
"Cordeiro de Deus" que morreu sobre a cruz, não por seus
pecados, mas "pelos pecados de todo o mundo". Este
reconhecimento, porém, veio após o fato. Como João sabia disto
ao chamá-lo desde o início por este título? Somente por inspiração
divina! Mais do que o testemunho de João Batista é o
testemunho do próprio Deus!
5. Jesus é identificado como o Messias
Quando o povo perguntou a João se ele era "o Cristo" (ou
Messias; Jo 1.25), ele respondeu "Não", e disse-lhes que
ele, João, batizava somente com água. Porém Deus o
havia instruído sobre como identificar o Messias:

E João testemunhou dizendo: "Vi o Espírito descer do céu


como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia;
aquele, porém, que me enviou a batizar com água, me
disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o
Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. 'Pois
eu de fato vi, e tenho testificado que ele é o Filho de
Deus". (Jo 1.32-34)

João reconheceu a superioridade espiritual de seu parente


quando afirmou: "Não sou digno de batizar-te, tu és quem
deve batizar-me." Ele, porém, não estava ciente naquele
momento de que Jesus era o Messias. Certamente, João
estava certo de que o Messias estaria vivendo em sua
época, pois ele mesmo seria seu precursor, mas não sabia,
até então, quem seria o Messias. 0 Espírito Santo, porém,
havia lhe mostrado como identificar o Messias. "Aquele
sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que
batiza com o Espírito Santo" (versículo 33). Assim, quando
João foi persuadido por Jesus a batizá-lo (para que este
cumprisse toda a justiça), pôde então testemunhar dizendo:
'Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre
ele. Este é o que batiza com o Espírito Santo'". Deste
modo, João identificou claramente Jesus como o Messias
de Deus, "o Cordeiro de Deus e o Filho de Deus".
Para ilustrar a importância deste acontecimento notável,
contraste com a seguinte situação: suponha que o Espírito
Santo tivesse descido e pousado sobre o ombro de Pedro ou
de um dos outros apóstolos. João Batista poderia ter sido
fustificado ao protestar dizendo: "Oh! não, ele não! Ele é
apenas um pescador
sem cultura! O que ele sabe?" Ou podia ter dito: "Tenho
discípulos mais bem qualificados do que esse!" Mas ele não fez
isso. Ao contrário, quando o Espírito cumpriu o sinal já previsto
pelo Pai — descendo em forma de uma pomba sobre Jesus "e
permanecendo sobre Ele" —João prontamente percebeu e
testemunhou que Ele era o Filho de Deus, aquele que batizaria
com o Espírito Santo.

6. Jesus declarou ter o direito divino de batizar com o


Espírito Santo
"Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o
que batiza com o Espírito Santo" (Jo 1.33).
João sabia que seu batismo era um símbolo de fé e
arrependimento, representando um compromisso da pessoa com
Deus— não o batismo da salvação. Nosso batismo hoje assinala
que fomos "nascidos do Espírito" no momento em que "nascemos
de novo".
O batismo do Messias era muito diferente. Ele batizaria com
o Espírito Santo, o que tem sido feito por intermédio de seus
discípulos milhões de vezes nesses quase dois mil anos.
Portanto, João testificou que Jesus tinha o direito de conceder
salvação através do batismo do Espírito Santo, disponível a todo
aquele que crer que Jesus morreu na cruz sacrificialmente por
seus pecados (como o Cordeiro de Deus), foi sepultado e
ressuscitou no terceiro dia.

7. Jesus era o "Filho de Deus"


"Pois eu de fato vi, e tenho testificado que ele é o Filho de Deus"
(Jo 1.34).
Considerando tudo o que ele sabia sobre seu parente, Jesus
de Nazaré — os relatos de seu nascimento virginal; sua vida sem
pecado (quando criança, na adolescência e na fase adulta); as
profecias que Jesus cumpriu como Messias; mas, acima de tudo,
porque o Espírito Santo "desceu sobre ele como uma pomba, e
permaneceu sobre ele" —João prestou a Jesus o mais alto tributo
que alguém podia expressar. "Este é o Filho de Deus", disse ele
a respeito de Jesus. Ele não omitiu o artigo definido, como se
Jesus fosse apenas "um" filho de Deus, mas disse claramente
que Ele era "o Filho de Deus". Assim fazendo, João atribuiu-
lhe a identidade única de filiação ao Ser Supremo. Este título,
usado quarenta vezes nos evangelhos, é exclusivo de Jesus.

Deus em Forma Humana


Se João tivesse de comparecer hoje a um tribunal e ser
questionado sobre a identidade de Jesus, ele sem dúvida
alguma proclamaria: "Ele é o Senhor preexistente que viveu
sem pecado, o Cordeiro de Deus que foi ungido pelo Espírito
Santo e que batiza com o Espírito Santo. Eu vi e testifico que
este é o Filho de Deus."
João Batista, que conheceu Jesus por mais tempo do que
qualquer um de seus discípulos, foi extremamente claro ao
afirmar que Jesus de Nazaré era o Filho de Deus enquanto
esteve na terra, Deus em forma humana.
Todavia, João é apenas uma testemunha. O que disseram
outras testemunhas oculares sobre Jesus? O que as pessoas
disseram quando chegaram mais perto dele? Já é tempo de
trazê-las à cena.
7

O Testemunho do Apóstolo
Pedro

[Jesus ] então lhes perguntou: "Mas vós, quem dizeis que eu


sou?" Respondendo, Pedro lhe disse: "Tu és o Cristo." (Mc
829)

Nenhum advogado de defesa já teve uma testemunha tão


digna de confiança sobre a vida, caráter, atividades e
identidade de seu cliente do que os cristãos atualmente têm,
sobre ávida de Jesus de Nazaré na pessoa do apóstolo Pedro. Ele
é sem dúvida o personagem mais marcante nos evangelhos
(exceto o próprio Cristo). Como podemos ver pelos registros,
ele falou mais do que todos os outros discípulos juntos, fez
parte do "círculo íntimo" (juntamente com Tiago e João), e
esteve com Jesus nos principais eventos de sua passagem na
terra, incluindo sua morte e seus aparecimentos depois da
ressurreição.
0 próprio Pedro apresentou suas qualificações como
testemunha, dizendo: "Porque não vos demos a conhecer o poder e
a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas
engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos
testemunhas oculares da
sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e
glória, quando pela Glória Excelsa, lhe foi enviada a seguinte voz:
Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo"1.
O testemunho de Pedro teria validade em qualquer tribunal
de nossos dias. Ele foi um homem íntegro, líder e porta-voz da
igreja primitiva e o mais influente dos discípulos. Foi respeitado
pela igreja até morrer, cerca de trinta e cinco anos depois da
morte de seu Senhor. A influência do apóstolo Paulo era quase
inexistente naqueles primeiros anos; coube a Pedro ser o líder
e a força humana propulsora da igreja primitiva.
Conseqüentemente, seu testemunho a respeito de Jesus de
Nazaré é de suprema importância.
Felizmente, não temos dúvida em relação às crenças de
Pedro. Suas convicções sobre Jesus estão contidas nos sermões
que pregou em Atos, nas duas epístolas que escreveu e, quase
inquestionavelmente, no evangelho de Marcos (o qual, como
vimos, poderia muito bem ser chamado de "o evangelho
segundo Pedro conforme foi transmitido a Marcos").

O Testemunho de Pedro em Marcos


Como já mencionamos, muitos estudiosos acreditam que
Marcos foi o primeiro dos quatro evangelhos a ser escrito. E
como esse evangelho não menciona o nascimento e a infância
de Jesus, mas trata diretamente de sua vida e ministério,
começando com o batismo, ele atesta a natureza sobrenatural
de Jesus em todos os aspectos.
Examinemos os seguintes tópicos do evangelho de Marcos:

Sobre a identidade de Jesus: "Jesus] então lhes perguntou:


'Mas vós, quem dizeis que eu sou? 'Respondendo, Pedro lhe
disse: 'Tu és o Cristo.'" (8.29).

1. 2 Pedro 1.16-17
Sobre a morte e ressurreição de Jesus: "Então começou ele
Jesus] a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem
sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos
principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que
depois de três dias ressuscitasse. E isto ele expunha
claramente. Mas Pedro, chamando-o aparte, começou a
reprová-lo. Jesus, porém, voltou-se e, fitando os seus discípulos,
repreendeu a Pedro, e disse: Arreda! Satanás, porque não
cogitas das coisas de Deus, e, sim, das dos homens.'"
(8.31-33).

Este é, certamente, um testemunho interessante, uma vez


que não apenas registra uma das predições de Jesus sobre
sua paixão, mas também que Pedro não esperava que tal
coisa acontecesse!

Sobre a transfiguração de Jesus: 'Então Pedro, tomando a


palavra, disse: 'Mestre, bom é estarmos aqui e que façamos três
tendas; uma será tua, outra para Moisés e outra para Elias.'
Pois não sabia o que dizer, por estarem eles aterrados." (9.5-6).

Outro testemunho interessante, não somente pelo


testemunho de Pedro sobre a transfiguração, mas por sua
óbvia surpresa diante do acontecimento.

Sobre a promessa de Jesus do galardão eterno: "Então Pedro


começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos e te seguimos.'
Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha
deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou
campos, por amor de mim e por amor do evangelho, que não
receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs,
mães, filhos e campos, com perseguições; e no mundo por vir
a vida eterna:" (10.28-30).
Sobre a exatidão e poder da palavra profética de Jesus: "No
dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. E, vendo de
longe uma figueira com folhas, foi ver se nela, porventura,
acharia alguma coisa. Aproximando-se dela nada achou
senão folhas; porque não era tempo de figos. Então lhe disse
Jesus: 'Nunca jamais coma alguém fruto de ti. 'Eseus
discípulos ouviram isto. ...E, passando eles pela manhã,
viram que a figueira secara desde a raiz. Então Pedro,
lembrando-se, falou: 'Mestre, eis que a figueira, que
amaldiçoaste, secou'" (11.12-14,20-21).

Sobre a capacidade de Jesus de prever o futuro: "No Monte


das Oliveiras, defronte do templo, achava-se Jesus assentado,
quando Pedro, Tiago, João e André lhe perguntaram em
particular: Dize-nos quando sucederão estas coisas, e que sinal
haverá quando todas elas estiverem para cumprir-se.'" (13.3-
4).

Sobre a capacidade de Jesus de prever o comportamento das


pessoas: "Disse-lhe Pedro: "Ainda que todos se escandalizem,
eu jamais!' Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje,
nesta noite, antes que duas vezes cante o galo, tu me negar ás
três vezes. 'Mas ele insistia com mais veemência: Ainda que me
seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei.'...
E logo cantou o galo pela segunda vez. Então Pedro se lembrou
da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que duas vezes cante o
galo, tu me negarás três vezes. 'E, caindo em si, desatou a
chorar." (14.29-31,72).

Novamente, um testemunho interessante, porque ressalta


a capacidade sobrenatural do Senhor em face da conduta de
Pedro.
O Testemunho de Pedro em Atos
A Bíblia ensina que o Espírito Santo desceu sobre as
pessoas no dia de Pentecoste, cumprindo a profecia de Joel
2.28-30. Os sermões de Pedro e de outros que falaram
naquele dia eram bem conhecidos pelos membros da igreja
primitiva, tendo sido escritos nos trinta anos que se
seguiram a esses acontecimentos, quando muitas
testemunhas oculares desses eventos ainda viviam.
Se Lucas tivesse cometido erros em seu relato, você
pode estar certo de que muitas testemunhas oculares teriam
reclamado. No entanto, em toda a história da igreja,
nenhuma objeção foi encontrada. Lucas foi extremamente
cuidadoso ao registrar com precisão o que as testemunhas
oculares lhe transmitiram.
No primeiro sermão pregado por Pedro no dia de
Pentecoste (Atos 2.14-40), podemos observar as
referências aos seguintes acontecimentos na vida de Jesus
de Nazaré:

"Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós,


com milagres, prodígios e sinais." (versículo 22)

"Vós o matastes, crucificando-opor mãos de iníquos."


(versículo 23)

"Ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da


morte." (versículo 24)

"Deus lhe havia jurado [a Davi] que um dos seus descendentes se


assentaria no seu trono." (versículo 30)

"Referiu-se [Davi] à ressurreição de Cristo." (versículo 31)

"A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos


testemunhas. " (versículo 32)
"Exaltado, pois, à destra de Deus." (versículo 33)

"A este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo."
(versículo 36)

"Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus


Cristo para remissão dos vossos pecados." (versículo 38)

Ao longo do livro de Atos Pedro dá um forte testemunho


sobre a identidade, missão e ações de Jesus Cristo. Observe
especialmente os seguintes textos que esclarecem as
convicções do apóstolo sobre quem era Jesus:

"Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!" (3.6)

"De um salto se pôs em pé, passou a andar... saltando e louvando


a Deus." (3.8)

"O Deus de nossos pais glorificou a seu Servo Jesus [pela


ressurreição]." (3.13)

"Vós, porém, negastes o Santo e o Justo [Jesus]." (3.14)

"Matastes o Autor da vida." (3.15)

"A quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos


testemunhas. "(3.15)

"Pela fé em o nome de Jesus, esse mesmo nome fortaleceu a este


homem." (3.16)

"Deus... anunciara por boca de todos os profetas que o seu Cristo


havia de padecer." (3.18)
"E que envie ele [Deus] o Cristo,,, ao qual é necessário que o céu
receba até aos tempos da restauração." (3.2,21)

"Disse, na verdade, Moisés: 'O Senhor Deus vos suscitará


dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele
ouvireis em tudo quanto vos disser,"' (3.22)

"Tendo Deus ressuscitado ao seu Servo, enviou-o


primeiramente a vós outros para vos abençoar." (3.26)

"Todo o povo de Israel... em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a


quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os
mortos." (4.10)

"Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se


tornou a pedra angular." (4.11)

"E não há salvação em nenhum outro." (4.12)

"Abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os


homens, pelo qual importa que sejamos salvos." (4.12)

"Com grande poder os apóstolos [incluindo Pedro] davam o


testemunho da ressurreição do Senhor Jesus." (4.33)

"O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós


matastes, pendurando-o em um madeiro." (5.30)

"Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a Príncipe e


Salvador." (5.31)

"...afim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de


pecados." (5.31)
"Nós somos testemunhas destes fatos." (5.32)

"E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de


ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo." (5.42)

"Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos." (10.36)

"Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, o


qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os
oprimidos do diabo, porque Deus era com ele." (10.38)

"[Os judeus] tiraram a vida [de Jesus], pendurando-o no


madeiro. A este ressuscitou Deus no terceiro dia, e concedeu
que fosse manifesto." (10.39-40)

"[Manifesto]... às testemunhas... escolhidas por Deus... a nós


que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os
mortos." (10.41)

"Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu


nome, todo o que nele crê recebe remissão de pecados." (10.43)

Lembre-se de que todas as referências acima sobre Jesus


vieram espontaneamente de Pedro. Ele não planejou essas
palavras de testemunho com antecedência; o que ele disse
foi por meio da fé nas doutrinas centrais da crença cristã,
incluindo a vida sem pecado, o poderoso ministério de cura,
o cumprimento das profecias, a ressurreição física, a
capacidade de perdoar pecados e conceder vida eterna —
todos atributos característicos de Jesus.
Qualquer pessoa com olhos para ver deve convencer-se
de que Pedro, falando publicamente aos seguidores de Jesus
no momento histórico em que a igreja se formava,
acreditava ser Jesus
o Filho de Deus vindo em forma humana. Ele também
reconheceu que Jesus foi crucificado e que Deus o
ressuscitou fisicamente como um testemunho de sua
aprovação divina.

0 Testemunho Escrito de Pedro


Os escritos de um homem resultam geralmente de uma
reflexão mais deliberada sobre suas crenças e não uma
expressão pública espontânea, como um sermão, discurso
ou testemunho. Com isto em mente, examinemos os dois
livros que têm a autoria de Pedro, a fim de verificarmos
quais eram suas crenças a respeito de Jesus, trinta anos
depois da ressurreição. Na primeira epístola de Pedro,
Jesus é apresentado de diversas formas...

Um membro da Trindade (observe que os três membros são


mencionados no mesmo versículo): "...eleitos, segundo a
presciência de Deus Pai, em santificação do Espírita para a
obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo." (1.2)

"Uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo


dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem
mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros."
(1.3-4)

Na "revelação de Jesus Cristo " (1.7, uma referência à segunda


vinda), Ele recompensará todo aquele que crê.

Os profetas "indagaram e inquiriram " "a respeito desta


salvação "; o Espírito de Cristo estava neles indicando "os
sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias que os
seguiriam." (1.10,11)

"Fostes resgatados... pelo precioso sangue, como de cordeiro


sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo." (1.18-19)
"Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória."
(121)

"Chegando-vos para ele [Jesus], a pedra que vive... veio a será


principal pedra, angular." (2.4, 7)

"Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo." (2.21)

"O qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua
boca." (2.22)

"Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje, quando


maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele
[Deus] que julga retamente." (2.23)

"Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os


nossos pecados... por suas chagas fostes sarados." (2.24)

"O Pastor e Bispo das vossas almas." (2.25)

"Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o


justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na
carne, mas vivificado no espírito." (3.18)

"...uma boa consciência para com Deus, por meio da


ressurreição de Jesus Cristo; o qual, depois de ir para o céu, está
à destra de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e
potestades, e poderes." (3.21-22)

"Tendo Cristo sofrido na carne... [por vivos e mortos]... para


que... vivam no espírito segundo Deus. "(4.1,6)

"Eu [sou também] testemunha dos sofrimentos de Cristo, e


ainda co-participante da glória que há de ser revelada." (5.1)
"O Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua
eterna glória. "(5.10)

A segunda epístola de Pedro foi escrita já no final da


vida de Pedro, quando ele sabia que seu tempo sobre a
terra estava se escoando. Muito antes o Senhor havia
predito que Pedro seria martirizado (veja João 21.18-19), e
o apóstolo compreendia que esse tempo estava chegando.
Se quisesse uma oportunidade para renegar suas crenças e
salvar sua pele, esse era o momento. Mas vemos que suas
convicções permaneceram firmes como nunca sobre a
identidade de Jesus de Nazaré.

"Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento


de Deus e de Jesus nosso Senhor." (1.2)

"Desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada


no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." (1.11)

"Certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como


efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou." (1.14)

"Nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade."


(1.16, uma referência à transfiguração)

"Ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando


pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: 'Este é o
meu Filho amado, em quem me comprazo. '"(1.17)

"Não retarda o Senhor a sua promessa... virá, entretanto, como


ladrão, odiado Senhor. "(3.9-10)

"Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto


agora como no dia eterno." (3.18)
É evidente que a compreensão teológica de Pedro tinha
amadurecido durante os trinta e poucos anos em que ele
cresceu na fé, pois em seu segundo livro revela algumas
verdades que não são encontradas em nenhum outro lugar.
Porém, uma coisa permanece imutável: Cristo recebeu a
primazia, sendo retratado como uma pessoa viva e sem
pecado, realizando milagres e sinais para glorificar a Deus e
fazendo com que o povo soubesse realmente quem Ele era.
Pedro é incisivo em seus escritos ao afirmar que foi uma
testemunha de que Cristo ressuscitou depois de sofrer por
nossos pecados. Não há nenhum indício de vacilação em seu
testemunho, embora ele confesse que sabia de sua morte
iminente como mártir.

Um Testemunho Imutável
Pedro viveu e morreu testemunhando com seus lábios (e com
sua pena) que Jesus era o sobrenatural Filho de Deus que
morreu por nossos pecados e ressuscitou no terceiro dia —
exatamente como os profetas disseram que seria! Do
Pentecoste em diante Pedro nunca vacilou em suas
convicções. Felizmente para nós, ele não estava sozinho.
8
O Testemunho do Apóstolo
João

"Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros


sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém,
foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o
Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome." (Jo 20.30-31)

É geralmente aceito que João foi o discípulo mais íntimo


de Jesus. Ele se refere a si mesmo, com boa razão, como "o
discípulo que Jesus amava"1. Aparentemente, ele era
bastante jovem durante o ministério do Senhor, e a tradição
mais confiável diz que ele sobreviveu a todos os outros
discípulos. Como tal ele foi a última testemunha ocular
apostólica da ressurreição de Cristo. João foi um
companheiro íntimo de Pedro nos primeiros dias da igreja,
geralmente submetendo-se à liderança do mais velho. João
se destacou principalmente como presbítero superior na
igreja de Éfeso, e também por sua enorme contribuição ao
1. Veja João 13.23; 19.26; 20.2; 21.7, 20
cristianismo através dos cinco livros que escreveu. Todos os
cinco livros tiveram aceitação imediata na igreja. Presume-se
que João exerceu seu ministério em Jerusalém e nos arredores
da cidade por muitos anos, viajando para Éfeso na ocasião em
que o imperador Tito destruiu a Cidade Santa no ano 70 d.C.
O evangelho de João é quase universalmente reconhecido
como o último dentre os quatro evangelhos a ser escrito talvez
por volta de 90 d.C. Diferentemente dos outros evangelistas,
João não procurou escrever um relato cronológico da vida e
ministério de Jesus. Provavelmente ele havia lido os outros
evangelhos e seu propósito ao escrever era outro .
Alguns imaginam que uma heresia estava se insinuando na
igreja, a qual afirmava que Jesus tinha vindo como um "ser
espiritual". Ninguém tentou negar a existência real de Jesus,
pois eles estavam muito próximos dos acontecimentos de sua
vida para negá-lo como figura histórica. Mas, em lugar de
aceitar a realidade de Cristo ter vindo em forma humana, os
falsos mestres satanicamente inspirados inventaram algum
tipo de "ser espiritual". Eis por que tanto o evangelho de João
como sua primeira epístola deixam claro que Jesus tinha
realmente "vindo em carne".
João insistiu neste ponto, isto é, aquilo que escreveu foi
baseado no seu contato pessoal com Jesus. Ele escreveu: "O que
era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com
os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas
mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida..." (1 Jo 1.1).
Não poderia haver melhor testemunha do que aquela que tinha
viajado com Jesus, vivido e comido com ele, e realmente
tocado nele. Invariavelmente, aqueles que têm visões
heréticas de Jesus — quer sejam os hereges do primeiro século
ou os céticos modernos — nunca se encontraram nem falaram
com Jesus na carne, quer antes ou depois de sua ressurreição.
O Testemunho do Evangelho de João
O propósito por trás do evangelho de João2 parece ter sido
deixar a igreja com um retrato convincente sobre a vida de
Jesus, feito por uma testemunha ocular, provando que Ele veio
não apenas "em carne", mas que demonstrou por meio de sinais,
prodígios e curas milagrosas que era também "o Filho de
Deus". Por esta razão, João não quis escrever apenas uma outra
biografia da vida de Jesus; os sinópticos já tinham feito isto.
Em vez disso, encontramos em João dez milagres que
somente poderiam ter sido realizados por meio do poder
divino. Observe-os à medida que vão surgindo neste
extraordinário relato sobre Jesus:

1. Transformou a água contida em seis talhas de pedra em


delicioso vinho (2.1-12)
2. Curou à distância o filho de um oficial do rei (4.46-54)
3. Curou um homem inválido que tinha sofrido trinta e oito anos
com horríveis aflições (5.1-15)
4. Alimentou cinco mil pessoas com somente dois pães e cinco
peixes (6.1-14)
5. Andou sobre a água no mar da Galiléia (6.15-21)
6. Curou um homem cego em Jerusalém (9.1-38)
7. Ressuscitou Lázaro quatro dias depois de sua morte
(11.1-45)
8. Ergueu-se do túmulo fisicamente após três dias (capítulos
20-21)
9. Orientou os discípulos em uma pesca milagrosa —
precisando de dois barcos para carregar os peixes — após
passarem a noite sem pescar nada (21.1-12)
10. Apareceu cinco vezes a pessoas ou grupos depois de sua
ressurreição (capítulos 20-21)

2. Isto é, além de sua explícita missão evangelística; veja João 20.31.


Nenhum dos milagres relacionados acima podia ser
realizado por um simples ser humano! Individualmente eles
atestam o poder de Deus operando em Jesus; coletivamente
eles evidenciam claramente que Jesus era mais do que um
homem, podendo, portanto, ser Deus em forma humana.
Nenhum homem, na verdade, poderia fazer tudo o que Ele fez
— cumprir as profecias, viver uma vida sem pecado, ter os
ensinamentos mais profundos do mundo, fazer todos os
milagres atribuídos a Ele, morrer voluntária e sacrificialmente
em uma cruz, ressuscitar dentre os mortos, reaparecer muitas
vezes a tantas pessoas (como a quinhentas de uma vez só) e,
assim, provar que estava vivo depois da morte — sendo
apenas homem. A única explicação, como disse João, é que
Ele é verdadeiramente "Deus conosco"!

Ensinos de Jesus Mencionados Apenas em João


Por ter escrito seu evangelho depois dos outros três, João evitou
repetir aquilo que eles já haviam registrado. Seu evangelho é
uma rica fonte de doutrina não encontrada nos outros três
evangelhos canônicos. Entre os textos mais importantes estão
os seguintes:

1. Cristo, o Criador
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas
foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito
se fez. A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens. A luz
resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra
ela (Jo 1.1-5).
Estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas
o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não
o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o
poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que crêem
no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da
vontade
da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo
se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade,
e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai (Jo 1.10-14).

João, ao escrever em 90 d.C, não deixou dúvidas sobre sua


crença naquele Jesus com quem tinha andado e falado e a quem
tinha seguido. Ele não o considera apenas "Deus em forma
humana", como tenho várias vezes citado neste livro. Ele diz
que Jesus era o "Verbo" (a Palavra) ou a expressão de Deus;
Ele já estava no princípio (antes da criação) com Deus; Ele criou
todas as coisas; Ele é a luz dos homens. Nem mesmo o melhor
ser humano que já passou pela Terra pode aproximar-se ou
comparar-se ao seu padrão! Verdadeiramente, como disse
João, Ele é o "unigênito do Pai".

2. Você deve nascer de novo


"Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de
Deus"... Respondeu Jesus: "Em verdade, em verdade te
digo: Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no
reino de Deus... O vento sopra onde quer, ouves a sua voz,
mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o
que é nascido do Espírito." (Jo 3.3, 5,8)

A expressão "nascer de novo" usada por Jesus surge


exclusivamente no evangelho de João. Até onde sabemos, Jesus
usou esta expressão somente duas vezes. Entretanto, muitos
cristãos atualmente a utilizam por ela ser a que melhor define a
experiência única de passar do estado de morte espiritual para
a vida espiritual através da fé em Jesus. Comparando esse
"novo nascimento" espiritual à experiência do nascimento
físico, Jesus deixou claro que assim como é preciso nascer
fisicamente para poder viver neste mundo, deve-se nascer
espiritualmente para poder receber a vida eterna.
3. Um resumo do evangelho da salvação
E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto,
assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que
todo o que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou ao
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que
julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado,
porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus (Jo
3.14-18).

Esta passagem é considerada o ensino mais conhecido sobre


a salvação em toda a Bíblia (e com boa razão, porque este é, em
suma, o propósito da Palavra de Deus). Ela contém "o
evangelho sintetizado,\ O versículo 16 é inquestionavelmente
o mais amado de toda a Escritura. E incontável o número de
indivíduos que têm professado a fé em Cristo e sido aceitos por
Ele para a salvação, estimulados e orientados somente por
esta curta mensagem. Por meio dela "nasceram de novo" e
obtiveram a certeza de sua salvação.
Por que a história de Nicodemos, na qual este versículo é
encontrado, não é mencionada em outros evangelhos? Talvez
pelo fato de João ter sido o único discípulo a acompanhar Jesus
nesse encontro com Nicodemos, onde se deu essa conversa.
Seja qual for o caso, devemos a João a inclusão destas sublimes
palavras vindas dos lábios do "Filho unigênito de Deus".

4. A prova válida de que Jesus é o Cristo


O melhor capítulo isolado da Bíblia sobre a divindade de Jesus é
João 5. Ele contém o testemunho do próprio Jesus sobre quem
Ele era, o testemunho de João Batista, os milagres ou "obras" de
Jesus como provas, a voz do Pai e o testemunho das Escrituras
(particularmente o cumprimento das profecias messiânicas).
Neste único capítulo encontramos evidências impressionantes
da divindade pessoal de Jesus.

5. Os últimos ensinamentos de Jesus


Tradicionalmente considera-se que as últimas palavras de um
homem que está à beira da morte são as mais significativas.
Este foi o caso de Jacó, Moisés e muitos outros. De acordo com
esta tradição, os capítulos de João, de 14 a 17, são da mais alta
relevância, porque nos apresentam os últimos ensinos de Jesus
antes de sua crucificação.
Estes importantes ensinos abordam: céu; Jesus "a verdade";
oração; apegar-se a Ele como os ramos à videira; o ministério da
Palavra e o Espírito Santo; e muitas outras coisas. Em qualquer
lista dos dez capítulos bíblicos mais importantes, dignos de ser
lidos e absorvidos, estes quatro devem ser necessariamente
incluídos. Eles expõem os pontos essenciais da vida cristã e
devem ser lidos e meditados em conjunto regularmente.

Cristo e a Ressurreição
0 já idoso apóstolo João não deixou dúvida de que, embora
passados mais de cinqüenta anos desde a ascensão de Jesus ao
céu e todos os outros discípulos terem morrido, ele ainda
acreditava que Jesus era o Cristo. Ele confessou Jesus como o
Prometido, aquele que veio de Deus, ressuscitou dentre os
mortos e retornou a Deus, esperando sua segunda vinda.
João dedicou dois capítulos inteiros relatando fatos após a
crucificação, enfatizando o túmulo vazio e os vários
aparecimentos de Jesus antes de sua ascensão aos céus.
João sabia que a única mensagem que poderia mudar o
ensino religioso para sempre seria o fato da ressurreição de
Cristo. Ele sabia que a ressurreição era um fato real e quis
deixar um registro escrito dela, de maneira que o mundo
inteiro soubesse que a última testemunha apostólica viva
considerava-a um acontecimento
inegável. Não há dúvida de que, para João, Jesus era Deus e
tinha provado isso levantando-se dentre os mortos. O desejo
de João era que outros viessem a crer como ele. Portanto,
revelou abertamente seu propósito ao escrever:

Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros


sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. (Jo
20.30-31)

Se mesmo depois de ler este capítulo, você ainda tem


dúvidas sobre a verdadeira identidade de Jesus, sugiro que
leia o relato da vida de Cristo escrito por alguém que o
conheceu bem: o evangelho de João. Ele certamente pode
mudar sua vida, do mesmo modo como já mudou as vidas de
incontáveis pessoas ao longo dos séculos.
9
O Testemunho do Apóstolo
Paulo

Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o


nome que está acima de todo nome, para que ao nome de
Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da
terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor,
para glória de Deus Pai. (Fp 2.9-11)

A dramática conversão do apóstolo Paulo constitui-se em


um sério problema para os céticos determinados a destruir
o cristianismo. Como explicar a transformação na vida
deste homem extraordinário?
Quando um estudioso brilhante, membro do Sinédrio,
um "fariseu dos fariseus" zeloso de sua fé israelita, que
perseguiu a igreja nascente e convictamente consentiu na
morte de seu primeiro mártir, ele mesmo se converte de um
modo miraculoso, resultando em completa mudança de seu
estilo de vida — deve haver uma forte razão.
Especialmente quando esse homem se transforma em
destacado porta-voz da igreja que perseguiu!
Nenhum estudioso sério, mesmo os mais críticos, nega a
espantosa reviravolta na vida do apóstolo Paulo. A não ser
pela intervenção sobrenatural do próprio Jesus ressurreto,
não há nenhuma explicação satisfatória para a mudança
radical de direção na vida de Paulo.

Uma Importante Reviravolta


Para começar, refresque sua mente com relação aos detalhes
da conversão de Paulo:

Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos


do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote, e lhe pediu cartas para
as sinagogas de Damasco, afim de que, caso achasse alguns
que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os
levasse presos para Jerusalém. Seguindo ele estrada fora, ao
aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou
ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia:
Saulo, Saulo, porque me persegues? Ele perguntou: Quem és
tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues;
mas, levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém
fazer. Os seus companheiros de viagem, pararam emudecidos,
ouvindo a voz, não vendo, contudo, ninguém. Então se
levantou Saulo da terra e, abrindo os olhos, nada podia ver. E,
guiando-o pela mão, levaram-no para Damasco. Esteve três
dias sem ver, durante os quais nada comeu nem bebeu. (Atos
9.1-9)

Assim teve início a transformação na vida de Paulo, que


só pode ser explicada pela intervenção do sobrenatural. 0
cristianismo tem uma explicação simples para a dramática
metamorfose de Paulo: ele foi salvo, como ele mesmo disse,
através de uma experiência pessoal com o Cristo ressurreto,
recebendo então o Espírito Santo de Deus e sendo revestido
de poder e
dons para realizar milagres, ensinar, pregar, edificar a igreja e
escrever cartas. Não existe nenhuma outra explicação para a
mudança repentina e completa desse forte opositor do
evangelho em um homem que acabou escrevendo treze dos
vinte e sete livros do Novo Testamento.
A conversão de Paulo permanece até hoje como um dos
maiores testemunhos da divindade de Cristo e da verdade do
cristianismo. J. Gresham Machen, um dos maiores defensores
da ortodoxia da atualidade, considera a conversão de Paulo a
segunda maior prova da fé, ofuscada somente pela própria
ressurreição de Cristo. Algo extraordinário aconteceu na
estrada de Damasco há quase dois mil anos. O cristianismo tem
uma explicação para isto; os céticos ainda estão procurando
por uma.

Paulo, a Testemunha Idônea


Paulo nunca tinha visto Jesus durante sua vida aqui na terra.
Ele nunca presenciou um milagre nem ouviu seu ensino e não
o viu depois da ressurreição até encontrá-lo miraculosamente
na estrada de Damasco. No entanto, os escritos de Paulo
mostram que ele estava perfeitamente familiarizado com a
vida de Jesus de Nazaré muitos anos antes que os evangelhos
fossem escritos! A pergunta natural que surge é: onde Paulo
obteve essas informações?
Uma resposta óbvia é que havia o conhecimento comum [a
tradição oral] em toda a igreja na época de sua conversão (o que
aconteceu de um a três anos depois dos eventos registrados
nos evangelhos). Pretendo mostrar neste capítulo que, no
período de quinze a vinte anos após a ressurreição de Jesus, o
apóstolo Paulo escreveu um registro dos acontecimentos
básicos contidos nos evangelhos, permitindo que seus leitores
ficassem familiarizados com a história. Não havia tempo para
"criar mitos" ou "enfeitar a história da ressurreição". Tais
fantasias
exigiriam pelo menos uma ou, talvez, duas gerações — um
espaço de tempo simplesmente impossível.

Por Que Paulo Foi Escolhido?


Há muito tempo venho meditando sobre a razão pela qual Deus
permitiu a Paulo, um apóstolo "nascido fora do tempo"1, tornar-
se o primeiro autor de um livro do Novo Testamento. Tenho
indagado também sobre o porquê de seu colega grego, o
médico Lucas (que também nunca esteve com Jesus), tornar-se
o autor de um dos Evangelhos e de uma história completa da
igreja do primeiro século.
Finalmente consegui enxergar uma possível razão por trás
da estratégia de Deus. Observe bem: quando esses "intrusos"
escreveram sobre Jesus, o Cristo, e sobre todos os elementos
sobrenaturais de sua vida, eles estavam refletindo as crenças
comumente aceitas pela igreja nascente naquele período. Se seus
escritos fossem conflitantes com as visões aceitas pela igreja,
eles teriam sido atacados e rejeitados imediatamente, o que
nunca aconteceu.
As cartas de Paulo foram escritas sobre tiras de papiro,
sendo examinadas e comparadas com os evangelhos de
Marcos e Mateus, assim que estes últimos trabalhos surgiram.
Além disso, não conseguimos encontrar casos de contradição
entre Paulo e os escritores dos evangelhos. Isto significa que
os ensinos e escritos de Paulo foram compatíveis com as
crenças essenciais do cristianismo nascente. Embora Lucas
possivelmente tivesse lido o evangelho de Marcos antes de
escrever seu próprio evangelho, é evidente que ele
entrevistou muitas pessoas, cujas histórias não aparecem em
Marcos.

1. 1 Coríntios 15.8
O importante a assinalar é a ampla aceitação, pela igreja
primitiva, da vida, pessoa e ressurreição de Jesus — a pedra
angular de nossa fé. Nos escritos de Paulo encontramos os
detalhes essenciais daquilo que a igreja primitiva acreditava e
ensinava sobre Jesus de Nazaré.

Paulo, a Testemunha Pioneira


Nem sempre é possível determinar exatamente quando os
livros da Bíblia foram escritos. A maioria dos estudiosos
concorda que, ou Tiago ou a primeira carta aos tessalonicenses,
foram escritos primeiro. Cremos que a epístola 1
Tessalonicenses foi escrita por Paulo em Corinto, durante
sua segunda viagem missionária, após uma breve visita de
três semanas a Tessalônica, onde fundou uma igreja e foi então
expulso da cidade por judeus hostis. Através deste e de outros
detalhes é possível determinar que a carta foi escrita entre 49 e
51 d.C, o que significa que ela surgiu de um a quatro anos
antes de ser completado o evangelho de Marcos.
Paulo escreveu esta carta porque tinha ensinado àquela
jovem igreja algumas profecias, particularmente a respeito
da vinda do Senhor. Após a morte de alguns de seus novos
convertidos, esses crentes ficaram profundamente preocupados
quanto ao que aconteceria aos seus amados quando o Senhor
retornasse para encontrar seus santos "nos ares". Paulo
escreveu esta epístola para responder às suas perguntas.
Depois disso os tessalonicenses receberam outra carta,
geralmente chamada "a carta espúria [ou não legítima]". Nada
sabemos sobre isso, além do fato de ela ter causado muita
aflição aos tessalonicenses. Foi então necessário que o
apóstolo enviasse uma segunda carta para corrigir alguns dos
falsos ensinos da carta espúria. Se por um lado sou tentado a
mostrar o quanto Paulo havia ensinado a esses novos cristãos
sobre a segunda
vinda e os eventos a ela relacionados, reconheço que este
não é o propósito deste livro. Precisamos observar aqui tudo
o que Paulo ensinou sobre a vida, pessoa, morte e
ressurreição de nosso Senhor e o quanto esses conceitos
foram divulgados, embora a apenas tão pouco tempo da
ascensão de Jesus. Lembre-se de que Paulo estava
escrevendo para gregos que não tinham a base do Velho
Testamento ou o conhecimento da vida e da época de Jesus.
Eventualmente tudo o que Paulo escreveu foi examinado
pelos líderes da igreja em Jerusalém, e já que estes nunca
fizeram objeções à mensagem dessas cartas, sabemos que o
que ele escreveu refletia a mensagem comumente pregada
pela igreja primitiva.
Vamos agora dedicar algum tempo para examinar,
diretamente dos escritos de Paulo, as doutrinas essenciais
que ele compartilhou com essa jovem igreja.

1 Tessalonicenses
Observe a obra do trio:

Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em Deus


Pai e no Senhor Jesus Cristo: Graça e paz a vós outros. (1.1-2)

Observe a obra de Jesus na salvação, o fato de o


evangelho ser chamado "evangelho de Deus" e que "Deus
ressuscitou Jesus":

Pois eles mesmos... proclamam... como, deixando os ídolos, vos


convertestes a Deus para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e
para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou
dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura....
Tivemos ousada confiança em nosso Deus, para vos
anunciar o evangelho de Deus... estávamos prontos a oferecer-
vos, não somente o evangelho de Deus, mas, igualmente, a
nossa própria vida... vos proclamamos o evangelho de Deus.
(1.9,10; 22,8,9)
Observe os detalhes em relação aqueles que mataram
Jesus e como isto desagradou a Deus:

Outra razão ainda temos nós para incessantemente dar


graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de
nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de
homens, e, sim, como, em verdade é, a palavra de Deus, a
qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que
credes. Tanto é assim, irmãos, que vos tornastes imitadores
das igrejas de Deus existentes na Judéia em Cristo Jesus;
porque também padecestes, da parte dos vossos patrícios, as
mesmas coisas que eles por sua vez sofreram dos judeus, os
quais, não somente mataram o Senhor Jesus e os profetas,
como também nos perseguiram, e não agradam a Deus, e são
adversários de todos os homens. (2.13-15)

Observe que a segunda vinda de Cristo é a esperança da


igreja:

Pois, quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que


exultamos, na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda?
Não sois vós? Sim, vós sois realmente a nossa glória e a nossa
alegria! (2.19-20)

Observe que "o evangelho de Deus" e "o evangelho de


Cristo" são intercambiáveis, e que o pregador desse
evangelho é chamado de "ministro de Deus":

E enviamos nosso irmão Timóteo, ministro de Deus no


evangelho de Cristo, para, em benefício da vossa fé,
confirmar-vos e exortar-vos. (3.2)
Observe que tanto Deus Pai como o Senhor Jesus dirigem
os caminhos dos cristãos:

Ora, o nosso mesmo Deus e Pai com Jesus, nosso Senhor,


dirijam-nos o caminho até vós. (3.11)

Observe que a santificação da igreja depende da segunda


vinda:

Afim de que sejam os vossos corações confirmados em


santidade, isentos de culpa, na presença de nosso Deus e Pai,
na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos.
(3.13)

Observe que é a vontade de Deus que os cristãos


obedeçam aos mandamentos de Jesus:

Finalmente, irmãos, nós vos rogamos e exortamos no Senhor


Jesus que, como de nós recebestes, quanto à maneira por
que deveis viver e agradar a Deus, e efetivamente estais
fazendo, continueis, progredindo cada vez mais; porque
estais inteirados de quantas instruções vos demos da parte do
Senhor Jesus. Pois esta é a vontade de Deus, a vossa
santificação: que vos abstenhais da prostituição. (4.1-3)

Observe que para participar do arrebatamento é


necessário crer na morte e ressurreição de Jesus:

Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também


Deus, mediante Jesus, trará juntamente em sua companhia os
que dormem. Ora, ainda vos declaramos, por palavra do
Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até a vinda do
Senhor, de modo algum precederemos os que dormem.
Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem,
ouvida a voz do arcanjo,
e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos
em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, os que
ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre
nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos
para sempre com o Senhor. (4.14-17)

Observe que a salvação é por meio de nosso Senhor


Jesus Cristo:

Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a
salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo. (5.9)

Observe que a vontade de Deus é por meio de Cristo:

Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo


Jesus para convosco. (5.18)

Observe ainda outra referência à segunda vinda de


Jesus:

O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito,


alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. (5.23)

2 Tessalonicenses
Observe que Jesus é apresentado como sendo igual a
Deus Pai:

Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus


nosso Pai e no Senhor Jesus Cristo: Graça e paz a vós outros da
parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. (1.1-2)

Observe que as primeiras igrejas cristãs foram


conhecidas como as igrejas de Deus:
A tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de
Deus, à vista da vossa constância e fé, em todas as vossas
perseguições e nas tributações que suportais. (1.4)

Observe outra referência à segunda vinda de Jesus, que


Ele é chamado de "Senhor" e que os cristãos são chamados
de "seus santos":

Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da


face do Senhor e da glória do seu poder, quando vier para ser
glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que
creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso
testemunho). (1.9-10)

Observe que a graça é concedida igualmente por Deus e


Jesus:

Por isso também não cessamos de orar por vós, para que o
nosso Deus vos torne dignos da sua vocação, e cumpra com
poder todo propósito de bondade e obra de fé; afim de que o
nome de nosso Senhor Jesus Cristo seja glorificado em vós, e
vós nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus
Cristo. (1.11-12)

Observe que em sua segunda vinda Jesus destruirá o


anticristo:

Com efeito o ministério da iniqüidade já opera e aguarda


somente que seja afastado aquele que agora o detém; então
será de fato revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará
com o sopro de sua boca, e o destruirá, pela manifestação de
sua vinda. (2.7-8)
Observe que o castigo por recusar-se a crer no
evangelho de Cristo é a condenação:

Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás,


com todo poder, e sinais e prodígios da mentira, e com todo
engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram
o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois,
que Deus lhes manda a operação do erro, para darem
crédito à mentira, afim de serem julgados todos quantos não
deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se
com a injustiça. (2.9-12)

Observe que é igualmente obra de Jesus e do Deus Pai


confortar e confirmar os crentes:

Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo, e Deus nosso Pai que nos
amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça,
console os vossos corações e os confirme em toda boa obra e boa
palavra. (2.16,17)

Observe que Jesus é o doador tanto da paz como da


graça, e que sua presença é prometida aos crentes:

Ora, o Senhor da paz, ele mesmo, vos dê continuamente a paz


em todas as circunstâncias. O Senhor seja com todos vós. A
saudação é de próprio punho: Paulo. Este é o sinal em cada
epístola; assim é que eu assino. A graça de nosso Senhor Jesus
Cristo seja com todos vós. (3.16-18)

Estes textos mostram que, quinze a dezessete anos depois


da ascensão de Jesus, Paulo estava tratando de várias
doutrinas que eram de conhecimento comum das igrejas.
Observe que boa parte destas doutrinas era absolutamente
contrária ao ensino tradicional dos judeus naquela época.
Paulo, por exemplo:
• Iguala "Deus Pai"ao "Senhor Jesus Cristo"
• Usa o "evangelho de Deus "e o "evangelho de Cristo ", como
sinônimos, pois eram um só evangelho
• Instrui os crentes a esperar o retorno de Jesus
• Insiste em que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos
• Diz que Jesus nos livra da ira vindoura; Ele é a fonte de
salvação
• Diz que Jesus sofreu a oposição dos judeus
• Diz que Timóteo é um "ministro de Deus "pregando o evangelho
de Cristo
• Diz que tanto "Deus Pai" como "o Filho Jesus" orientamos
crentes
• Sustenta que os verdadeiros crentes tomarão parte na segunda
vinda
• Diz que Deus nos destinou à salvação mediante Jesus Cristo,
nosso Senhor
• Ensina que os santos serão santificados "completamente" na
vinda de Cristo
• Diz que tanto Deus Pai como Jesus Cristo concedem "graça "

A lista acima contém alguns pontos essências da doutrina


cristã, e todos refletem a compreensão básica da igreja
primitiva. Mesmo que algumas dessas doutrinas
(especificamente a respeito da segunda vinda) tenham sido
reveladas através de Paulo2, elas receberam o apoio da
igreja, pois essas cartas chegaram até nós sem qualquer
restrição ao seu conteúdo. Parece certo que tais ensinos
tinham raízes na igreja primitiva e eram aceitos e
entendidos como doutrina comum.
Certamente Paulo sabia que algum dia suas jovens
igrejas (inclusive a dos tessalonicenses) seriam visitadas
pelos líderes da igreja e seus escritos examinados. Portanto
ele não ousou,

2. Veja Gálatas 1.11-12,15-22; 2.1-2; Efésios 3.2-5


como um apóstolo "nascido fora do tempo", ensinar qualquer
coisa que não fosse a fé comum "uma vez entregue aos santos".
É interessante que ele nunca foi acusado de fazer isso!
Não sabemos claramente quanto da doutrina de Paulo ele
aprendeu com os líderes mais antigos da igreja em Jerusalém e
quanto ele recebeu como revelação direta de Deus. O que está
claro é que seu ensino foi aceito, endossado e apoiado pela
igreja-mãe. Perto do final de sua vida, o próprio Pedro
escreveria: "nosso irmão Paulo vos escreveu, segundo a
sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos,
como de fato costuma fazer em todas as suas epístolas, nas
quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes
e instáveis deturpam, como também deturpam as demais
Escrituras, para a própria destruição deles"3. Considere
estes pontos:

• Pedro chama Paulo de "nosso amado irmão "


• Pedro diz que Deus "deu"a Paulo uma sabedoria "especial"
• Pedro diz que alguns ensinos de Paulo são "difíceis de
compreender"
• Pedro diz que "deturpar" as palavras de Paulo conduz à
"destruição"
• Pedro inclui as epístolas de Paulo entre "as demais
Escrituras"

Quando relacionamos o entusiástico apoio de Pedro em favor


de Paulo com o conteúdo das primeiras cartas de Paulo, só
podemos concluir que essas doutrinas representavam o ensino
comum de todas as igrejas, começando logo depois da
ressurreição, ascensão e descida do Espírito Santo. Isto não
deve nos surpreender, porque era exatamente o que tinha
sido pregado no dia do Pentecoste.

3. 2 Pedro 3.15-16
A Teologia Posterior de Paulo
O testemunho de Paulo não se restringe apenas às epístolas
aos tessalonicenses, mas é também encontrado em outras
epístolas. Em lugar algum ele contradiz os escritores dos
evangelhos. Na verdade, Paulo endossa em várias passagens
algumas das histórias e ensinos encontrados posteriormente
nos evangelhos. Em dois expressivos exemplos encontrados
nas epístolas aos colossenses e aos filipenses, podemos
constatar sua exaltação e louvor à plena divindade de
Cristo:

Ele [Deus] nos libertou do império das trevas e nos transportou


para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a
remissão dos pecados. Ele é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação; pois nele foram criadas todas as
coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam
tronos, sejam soberanias, quer principados, quer
potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é
antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do
corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os
mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque
aprouve a Deus que nele residisse toda a plenitude, e que,
havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a
terra, quer nos céus. E a vós outros também que outrora éreis
estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras
malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne,
mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele
santos, inculpáveis e irrepreensíveis. (Cl 1.13-22)

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo


Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como
usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de
homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se
humilhou,
tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Pelo que
também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está
acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua
confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Fp
2.5-11)4

O Testemunho Persistente de Paulo


O apóstolo Paulo passou o resto de sua vida até a morte
proclamando a divindade de Jesus Cristo, incluindo sua
vida sem pecado, sua morte sacrificial, sua ressurreição
corpórea, sua oferta de redenção do pecado e salvação
eterna... e muito mais.
0 encontro de Paulo com o Cristo vivo na estrada de
Damasco, que transformou sua vida, é por si mesmo um
testemunho poderoso da divindade de Jesus. Oferece
também uma poderosa confirmação de seu testemunho
sobre a identidade do Salvador, um testemunho que não
tem sido contestado por quase dois mil anos.

4. Compare a última parte desta passagem com Isaías 45.23, em que Deus
diz: "Por mim mesmo tenho jurado... Diante de mim se dobrará todo joelho,
e jurará toda língua." Paulo tem claramente este texto em mente à medida
que escreve, igualando assim uma vez mais Jesus a Deus.
10

O Testemunho do Próprio
Deus

"Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo." Esta voz,


vinda do céu, nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte
santo. (2Pe 1.17b-18)

Da mesma forma que um advogado já provou que seu caso


está acima de qualquer dúvida, nosso Senhor acrescenta o
testemunho audível do Deus Pai à impressionante evidência
acumulada de quem Ele realmente é. Por três vezes durante a
vida de Cristo, o próprio Deus falou do céu para comprovar a
identidade de seu Filho.
Várias vezes no Velho Testamento, Deus tinha se
comunicado com os israelitas para instruí-los ou reafirmar-
lhes sua presença entre eles. A ocasião mais famosa foi
quando Deus deu os Dez Mandamentos a Moisés, escrevendo-
os em seguida em tábuas de pedra. Antes disso, Ele havia
falado com Moisés através da sarça ardente e, mais tarde,
falou ao Faraó pela boca de seu servo Moisés. Em cada uma
dessas ocasiões,
Deus usou seu testemunho audível em fases extremamente
importantes na vida de Israel.
Do mesmo modo, em três ocasiões durante a vida de
nosso Senhor, a voz do Deus Pai foi ouvida nitidamente do
céu. Vamos examinar cada uma delas, em seqüência, pois
elas também ocorreram em ocasiões importantes,
proclamando em cada uma delas que Jesus era o "Filho de
Deus".

A Voz de Deus no Batismo de Jesus

Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os


céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre
ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: "Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo " (Mt 3.16-17; veja também Mc
1.9-11 e Lc 3.21-22).

Já havíamos examinado anteriormente o batismo de


Jesus por João Batista, chamando especial atenção sobre a
descida do Espírito Santo em forma de uma pomba que
pousou no ombro de Jesus, identificando-o como "o Filho de
Deus". Não enfatizamos então o fato significativo da
presença simultânea da trindade naquele evento: Cristo, que
foi batizado; Deus Espírito Santo, que identificou Jesus de
Nazaré como o Messias; e Deus Pai, cuja voz foi ouvida
desde o céu. Esse acontecimento foi tão significativo que foi
registrado pelos quatro evangelhos. Mateus e João foram
testemunhas oculares, Marcos talvez tenha sido e Lucas
relatou aquilo que tinha ouvido de testemunhas ocularesl.
Observe que os três escritores dos evangelhos sinópticos
usaram a mesma expressão básica: "E eis uma voz dos céus,
que dizia: 'Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo'." Jesus é identificado não somente pelo Espírito
Santo em forma

1. Lucas 3.21-22
de pomba, mas também pela voz solene do próprio Deus,
reconhecendo Jesus de Nazaré como seu único Filho e
acrescentando: "em quem me comprazo." Este fato representa a
confirmação do testemunho sobre a santidade de Jesus, desde
o nascimento até o momento deste evento, que Lucas diz ter
ocorrido quando Jesus tinha trinta anos2.
Quem realmente ouviu este testemunho? Não sabemos.
Certamente João Batista, junto com os discípulos e alguns
outros crentes. Multidões de pessoas se aglomeravam junto ao
rio Jordão esperando para serem batizadas por João, e muitas
se tornaram crentes sinceros. Entretanto, sabemos pelas
perguntas que se seguiram que alguns não creram.
Evidentemente, eles não ouviram a voz, não a compreenderam
ou, então, não a reconheceram como vinda de Deus.
Apesar disso, as Escrituras afirmam que Deus Pai falou do
céu para identificar seu filho diante de muitas testemunhas.
Várias dessas testemunhas confirmaram esse fato no relato
do evangelho.

A Voz de Deus na Transfiguração


Passados seis dias, Jesus levou Pedro, Tiago e seu irmão João a
um alto monte, transfigurando-se diante de seus olhos. Seu rosto
brilhou como o sol, e suas roupas tornaram-se brancas como a luz.
E eis que de repente surgiram Moisés e Elias, falando com
Jesus. Então Pedro disse: "Senhor, bom é estarmos aqui; se
queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés,
outra para Elias/' Enquanto ele ainda estava falando, eis que
uma nuvem luminosa os envolveu; e repentinamente uma voz
veio da nuvem dizendo: "Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo; a Ele ouvi." E quando a ouviram os
discípulos, caíram de bruços tomados de grande medo.

Lucas 3.23
Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: "Erguei-vos,
e não temais!"Então eles, levantando os olhos, a ninguém
viram senão só a Jesus. (Mt 17.1-8)

A transfiguração foi um dos acontecimentos mais


importantes da vida de Cristo, sendo a única vez em que Ele se
manifestou fisicamente dessa maneira diante de
testemunhas. Seus três discípulos mais íntimos, Pedro,
Tiago e João, tiveram a oportunidade única de testemunhar
sua natureza divina brilhando em seu corpo carnal. Durante
sua vida, Jesus foi plenamente homem e plenamente Deus,
visto e conhecido por seus discípulos. Nesta ocasião especial
Ele foi visto sob uma luz peculiar: Deus em forma humana —
sua natureza divina brilhando sobre sua pele humana.
Tanto Lucas como Marcos também incluíram este episódio
em seus evangelhos, enfatizando sua importância. Lucas
acrescenta: "a aparência do seu rosto se transfigurou e suas
vestes resplandeceram de brancura"3, refletindo o caráter
sobrenatural do evento. Os três autores nos dizem que
Moisés e Elias apareceram ao lado de Jesus naquele lugar
glorioso, atualmente conhecido como o Monte da
Transfiguração. Somente Lucas acrescenta que eles falaram
"da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém"4.
Séculos atrás ambos, Moisés e Elias, preanunciaram que o
Messias vindouro sofreria pelos pecados do povo, cumprindo
todos os requisitos sacrificiais pelos pecados do mundo
inteiro.
Entretanto, os discípulos não estavam preparados para
considerar a idéia de que Jesus logo iria ser crucificado em
cumprimento do plano redentor de Deus. Pedro havia
demonstrado isto pouco tempo antes, quando reprovou Jesus
por afirmar "que lhe era necessário seguir para Jerusalém e
sofrer muitas coisas dos

3. Lucas 9.29
4. Lucas 9.31
anciãos, sacerdotes e escribas, ser morto e ressuscitado no
terceiro dia"5. Pedro não foi capaz de entender essa afirmação
de Jesus, e este lhe responde rapidamente: "Arreda! Satanás; tu
és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas
de Deus, e, sim, das dos homens"6.
Agora, porém, naquele "monte santo", Pedro, Tiago e João
evidentemente ouviram Jesus conversando sobre sua morte
com Moisés e Elias. Talvez eles não tenham compreendido o
plano divino para Jesus, mas de algum modo reconheceram
Moisés e Elias, pois Pedro fez aquela ridícula sugestão: "Se
queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés,
outra para Elias."
Para compreender o significado real deste evento, é preciso
lembrar que Moisés e Elias eram as duas grandes figuras da
história de Israel. Eles foram grandes servos de Deus que se
destacaram não apenas pelos seus ministérios junto ao povo
mas também pelos registros escritos que deixaram. Naqueles
dias, quando um israelita se referia a "Moisés e Elias", estava
não apenas se referindo aos acontecimentos das vidas desses
dois homens, mas (no caso de Moisés) aos primeiros livros da
Bíblia, e (no caso de Elias) aos profetas que escreveram no
"espírito de Elias". Jesus reconheceu isto em Lucas 16,
quando disse ao homem rico que não enviaria Lázaro à casa
paterna do morto para alertar seus irmãos a fugirem do futuro
dos não salvos, pois "eles têm Moisés e os profetas; ouçam-
nos"7.
Apesar de esses profetas terem sido grandes homens, o
texto deixa claro que eles foram ofuscados pela magnitude do
Filho de Deus. Lemos que uma "nuvem luminosa os
envolveu" (semelhante a muitas nuvens do Velho Testamento
que escondiam

5. Mateus 16.21
6. Mateus 16.23
7. Lucas 16.2
a presença do próprio Deus) e, então, saiu uma voz da
nuvem dizendo: "Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo; a ele ouvi." Não admira, pois, que os discípulos
quando ouviram a voz "caíram de bruços, tomados de
grande medo". Eles simplesmente ouviram e reconheceram
a voz do Deus todo-poderoso! E embora essa voz não
tivesse mencionado os nomes de Moisés e Elias, ela exaltou
o homem que eles conheciam como Jesus de Nazaré.
No Monte da Transfiguração, assim como no rio Jordão,
Deus identificou Jesus como seu Filho e expressou seu
prazer diante dele. Ele estava dizendo aos discípulos e a
todos os crentes futuros que ouvissem Jesus. Isto
significava que, embora as palavras de Moisés e Elias (que
então representavam 39 livros do Velho Testamento)
fossem dignas de todo respeito, o povo deveria colocar as
palavras de Jesus acima de tudo.
Pedro nunca esqueceu esse encontro sublime.
Observamos no capítulo seis que, já velho e prestes a ser
martirizado, o apóstolo usou seu tempo para relatar esse
maravilhoso acontecimento aos novos crentes sob seu
cuidado. Vale a pena repetir seu testemunho:

Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso


Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas engenhosamente
inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da
sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e
glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a
seguinte voz: "Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo." Ora, esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando
estávamos com ele no monte santo. (2 Pe 1.16-18)

Poderia alguma coisa ser mais evidente? Pedro ouviu a


voz de Deus, deu testemunho de sua mensagem e, assim,
ressaltou a divindade de Jesus, o Cristo.
A Voz de Deus Quatro Dias Antes da Crucificação

"Pai, glorifica o teu nome. "Então veio uma voz do céu: "Eu já o
glorifiquei, e ainda o glorificarei "A multidão, pois, que ali
estava, tendo ouvido a voz, dizia ter havido um trovão.
Outros diziam: "Foi um anjo que lhe falou. "Então explicou
Jesus: "Não foi por mim que veio esta voz, e, sim, por vossa
causa. Chegou o momento de ser julgado este mundo, e
agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for
levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. "Isto dizia,
significando de que gênero de morte estava para morrer. (Jo
12.28-33)

A voz de Deus foi ouvida do céu pela terceira vez depois


que Jesus se apresentou à nação de Israel no dia conhecido
como Domingo de Ramos. Depois de ter sido rejeitado
pelos judeus, Ele sabia que sua morte na cruz estava
próxima.
Naquela semana alguns gregos pediram a Filipe que lhes
apresentasse Jesus. Sem dúvida alguma, a multidão era
composta na maioria de judeus, mas alguns estudiosos
bíblicos admitem que esses gregos estavam presentes
porque Deus estava preparando os gentios para
reconhecerem que seu Filho estava perto de morrer
sacrificialmente, não somente pelos pecados de Israel, mas
pelos pecados do mundo todo.
0 apóstolo João é o único a registrar este incidente8. Ao
pensar na proximidade de sua morte, Jesus confessa:
"Minha alma está angustiada." Isto foi ilustrado dois dias
depois, quando, no Jardim do Getsêmani, "seu suor se
tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra"9. Porém,
embora, sua alma estivesse "angustiada", Ele não recuou
diante da morte indigna que estava para sofrer. Em vez de
se desesperar, Ele declarou: "Precisamente com este
propósito vim para esta hora"10.
8. João 12.20-33
9. Lucas 22.44
10. João 12.27
Então Jesus orou: "Pai, glorifica o teu nome", e a voz de Deus
respondeu: "Eu já o glorifiquei, e ainda o glorificarei"11 —
confirmando, assim, que já havia falado antes e que
novamente o glorificaria por meio da ressurreição após sua
aparente derrota na cruz. O povo, tanto os crentes como os
descrentes, reconheceu que a voz era sobrenatural. Jesus
identificou a fonte daquela voz e declarou que tinha vindo para o
bem deles. Por que para o bem deles?
Naqueles dias os principais da sinagoga e os fariseus
estavam clamando contra Ele e acusando-o de ser um impostor.
Ele sabia que seria insultado e depois crucificado e que
muitos se afastariam desiludidos durante os três dias que
permaneceria no túmulo. A voz de Deus o glorificou para que
os representantes de toda a nação cressem nele. Jesus afirmou:
"E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim
mesmo"12, indicando, assim, o tipo de morte que ia sofrer.
Por fim, Jesus apelou ao povo: "Ainda por um pouco a luz está
convosco. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não
vos apanhem... Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que
vos torneis filhos da luz"13. Eleja havia se apresentado como "a
luz do mundo" e agora os conclamava a se tornarem crentes
antes que a crucificação afligisse as almas dos crentes e dos
descrentes.
Qual a reação da multidão? "E, embora tivesse feito tantos
sinais na sua presença, não creram nele"14. Esta trágica
observação prova que os descrentes estavam presentes naquela
ocasião. Eles ouviram a voz de Deus, testemunharam os
milagres de Jesus e, apesar disso, se recusaram a crer.
Felizmente, nem todos agiram assim.
Atualmente, podemos fazer essa mesma escolha: crer ou
descrer. A evidência hoje é exatamente a mesma daquela
época.
11.João l2.28
12. João l2.32
13. João 12.35-
36
As pessoas — tanto hoje como há dois mil anos — não têm
desculpa, pois têm o testemunho da voz do próprio Deus
confirmando seu Filho.

Uma Categoria Própria


A voz de Deus ressoou no batismo de seu Filho. Os discípulos a
ouviram no "monte santo" da transfiguração. E finalmente essa
mesma voz ecoou nos ouvidos do público pouco antes da
crucificação de Jesus.
Deus não apenas identificou audivelmente, por três vezes,
Jesus como seu Filho, mas também elevou seus ensinamentos a
uma categoria própria. O autor de Hebreus escreveu: "Havendo
Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos
pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a
quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também
fez o universo"15.
Jesus ocupa, indiscutivelmente, uma categoria própria!

15. Hebreus 1.1-2


Parte III: O
Que Suas Obras
Provam Sobre Ele
11

Seus Milagres Como


Testemunhos de Sua
Identidade

Se um homem viesse ao mundo curando leprosos,


restaurando paraplégicos, reconstruindo braços ou pernas
aleijadas, restaurando a vista aos cegos, nós imediatamente o
consideraríamos como alguém mais do que um simples homem.
Poderíamos até mesmo considerá-lo um deus em forma
humana.
Se um homem andasse sobre a água, acalmasse as
tempestades e alimentasse mais de cinco mil pessoas de uma
só vez, usando apenas o lanche de um menino, suspeitaríamos
que ele fosse mais do que humano.
Se um homem interrompesse um funeral e fizesse voltar à
vida o único filho de uma pobre viúva, devolvendo-o à sua mãe
— tudo isso diante de muitas testemunhas —, seguramente o
aclamaríamos como um deus. Pois na história do mundo,
nenhum ser humano jamais realizou apenas um desses
milagres por seu próprio poder, muito menos todos esses
juntos.
Foi isto o que Jesus quis dizer quando se dirigiu aos judeus
que faziam objeção à sua alegação de ser o Filho de Deus: "Mas
eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras
que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu
faço, testemunham a meu respeito, de que o Pai me enviou"1.
No capítulo seis vimos que João foi, sem dúvida, uma forte
testemunha da divindade de Cristo. Agora, porém, Jesus
apresenta um conjunto muito maior de testemunhas: suas
obras miraculosas.

Conhecido por Suas Obras


Sempre que a história de Jesus é contada, seus maravilhosos
milagres a acompanham, pois qualquer pessoa que examine
cuidadosamente sua vida descobre que seria impossível
separá-lo de seus milagres. Os feitos miraculosos
(particularmente aqueles de cura física) levaram milhares de
pessoas a ajuntar-se para ouvir seu ensino incomparável. E
foram esses milagres que deram credibilidade ao seu ensino no
meio do povo. Como disse uma das testemunhas de alguns
desses milagres, "ninguém pode fazer estes sinais que tu
fazes, se Deus não estiver com ele"2. Muito provavelmente
Jesus não teria atraído tantos ouvintes, se não fosse capaz de
curar os enfermos e ressuscitar os mortos. Quase vinte
séculos mais tarde, se não fosse por seus milagres
sobrenaturais, raramente alguém teria ouvido falar de Jesus
Cristo. Foram eles certamente que estabeleceram sua
autenticidade divina.
Poucas tentativas têm sido feitas ao longo da história para
eliminar os milagres de sua vida. Uns poucos céticos tentaram
justificá-los e alguns racionalistas tentaram transformá-los em
mitos (tais como o agnóstico David Hume, cujo ataque aos
milagres de Jesus no século dezoito apresenta uma frágil
argumentação contra eles), porém suas "explanações"
geralmente requerem mais fé do que os próprios milagres.
1. João 5.36
2. João 3.2
Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos,
tentou banir do cristianismo os milagres de Cristo, simplesmente
removendo-os da Bíblia com uma tesoura. Tudo o que ele
conseguiu foi criar um angu literário. Sua versão jamais foi
entendida porque torna A Maior História Já Contada um
contra-senso ilegível. Essa versão retira a maior evidência do
caráter sobrenatural do Filho de Deus pela simples eliminação
dessa evidência. Dizer apenas: "Não acredito no sobrenatural"
— como fizeram Hume, Jefferson e os céticos modernos —
não resolve nada. Qualquer pessoa descrente em Deus terá
uma visão inadequada do sobrenatural, pretextando serem os
milagres impossíveis. E naturalmente ninguém ainda
apresentou uma prova convincente de que Deus não existe.
Se uma pessoa começa por excluir a possibilidade de que
existe um Deus sobrenatural, ela rejeitará a possibilidade de
milagres. Certamente, nenhuma prova sustenta tal convicção;
o cético está simplesmente alardeando sua descrença, o que
não é suficiente para desmentir os milagres de Jesus. A
evidência histórica pesa esmagadoramente em favor dos
milagres como parte integrante da vida do Nazareno. Sem
eles, Jesus teria sido rapidamente esquecido, desaparecendo
com o passar dos séculos.

Os Milagres Foram Importantes Para Jesus


Jesus de Nazaré ministrou publicamente por apenas três anos e
meio, um tempo curto para afirmar a si mesmo como "o Filho de
Deus" e fundar uma religião que resistisse ao tempo. Portanto,
foi importante para Ele estabelecer sua credibilidade pessoal
logo no início do ministério, de modo que sua obra pudesse ser
continuada por seus seguidores.
A importância que ele dava aos milagres é visível na
resposta que deu aos discípulos de João Batista, quando estes
vieram perguntar-lhe se Ele era o Messias prometido... ou se
eles deviam
esperar por outro. A pergunta foi feita algum tempo depois de
João ter identificado publicamente Jesus como "o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo". Observe a resposta do
Senhor: "Ide, e anunciai a João o que vistes e ouvistes: os cegos
vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos
ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres anuncia-se-
lhes o evangelho"3. Jesus sabia que João estava na prisão,
devendo ser logo executado por ter confrontado o rei Herodes
por causa de seu adultério. João precisava de alguma coisa para
fortalecer sua crença em Jesus como o Messias, por isso
Cristo usou seus milagres como prova.
Jesus aponta para os milagres como "grandes testemunhas"
de sua divindade quando disse: "As obras que o Pai me confiou
para que eu as realizasse, essas que eu faço, testemunham a
meu respeito, de que o Pai me enviou"4. Ele claramente afirma
que suas "obras", outro termo usado no lugar de "milagres",
identificam-no como Deus em forma humana. Ele disse: "As
obras que eu faço em nome de meu Pai testificam a meu
respeito"5. Mais tarde, referindo-se aos seus milagres, Ele faz
uma alegação que até hoje não foi contestada: "Se eu não
tivesse feito entre eles tais obras, quais nenhum outro fez..."6.
Jesus ocupa uma posição única pelos milagres que realizou.

As Conseqüências de Rejeitar Seus Milagres


Uma das mais terríveis condenações na Bíblia foi reservada
para o povo de duas cidades em que Jesus realizou muitos
milagres. Os judeus daquelas cidades rejeitaram-no,
particularmente quando Ele afirmou sua divindade. "Ai de ti,
Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom
se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há
muito que elas

3. Lucas 7.22
4. João 5.36
5. João 10.25
6. João 15.24
se teriam arrependido com pano de saco e cinza. E contudo
vos digo: no dia do juízo haverá menos rigor para Tiro e
Sidom, do que para vós outros"7.
Os milagres tinham o propósito de convencer as pessoas
de que Jesus estava agindo no poder e em nome de Deus.
Quando os judeus rejeitaram essa reivindicação, estavam
também rejeitando uma poderosa testemunha de sua
divindade e, assim, não tiveram desculpa. Para captar a
importância disso, Jesus comparou as duas cidades a
Sodoma e Gomorra, nas quais imperava a
homossexualidade. Estas cidades ímpias, porém, não viram
Jesus realizar milagres nem o ouviram pregar seus ensinos
incomparáveis. Se isso tivesse acontecido, elas poderiam
ter "se arrependido", e, portanto, não sofreriam tanto no dia
do juízo. Ao menos não teriam a culpa de rejeitar a
evidência esmagadora de sua identidade pessoal.
Os milagres são, pois, um testemunho público e
poderoso da identidade de Jesus. As pessoas que os
rejeitam correm sérios riscos. O falecido Dr. Wilbur M.
Smith escreveu:

Não conhecemos qualquer razão apropriada pela qual os


primeiros discípulos incluíram essas histórias relativas aos
milagres nos registros do evangelho, a menos que estivessem
baseadas em fatos históricos reais. Na verdade, se o
testemunho dos evangelhos a respeito dos milagres de Cristo é
falso, então essa falsidade é, com certeza, um milagre maior do
que os milagres que eles relatam.8

Não foram os ensinos de Cristo que levaram Pedro e os


outros discípulos a "deixar suas redes e segui-lo"; foi o
milagre da rede cheia de peixes que os convenceu9. Eles
pescaram a noite toda

7. Mateus 11.21 e 22
8. Smith, Dr. Wilbur M. The Supernaturalness of Christ, Boston: W. A. Wilde
Co., 1954, p. 148.
9. Lucas 5.1-11
e nada apanharam, mas Jesus, depois de falar à multidão, entrou
em um dos barcos e, afastando-se um pouco da praia, estimulou
os cansados pescadores (que já tinham lavado suas redes) a
lançarem as redes mais ao largo. Quando eles obedeceram
hesitantes a essa ordem estranha, apanharam tanto peixe que
precisaram da ajuda de outro barco — e ambos os barcos
começaram a afundar sob o peso da carga. Tal milagre
convenceu Pedro de que aquele homem, Jesus, era diferente de
qualquer outro de quem já tinham ouvido falar. Até os peixes
do mar lhe obedeciam!

Cinco Categorias de Milagres


Durante seu breve ministério público, Jesus realizou centenas
de milagres, sendo cerca de trinta e nove relatados nos
evangelhos. Muitos outros não foram registrados em detalhes,
mas foram resumidos em expressões como "Ele curava a
todos"10. Como a fama de seus milagres se espalhava pelas
cidades vizinhas, "trouxeram-lhe todos os enfermos"11. Os
milagres de Jesus foram tão numerosos que seus inimigos
nunca tentaram negar seu poder sobrenatural. Como podemos
ver, eles cometeram um erro fatal ao atribuí-lo ao Diabo. Mas,
mesmo sendo tão hostis, tiveram de reconhecer que seus
milagres eram reais, porque transformavam as vidas das
pessoas.
Embora não seja intenção deste livro examinar todos os
milagres feitos por Jesus, é possível dividi-los em cinco
categorias ou divisões: natureza, curas físicas, expulsão de
demônios, multiplicação e ressurreição de mortos.
Examinaremos um pouco de cada categoria para demonstrar a
espantosa evidência que eles proporcionam para conhecermos
melhor a identidade de Jesus de Nazaré.
10. Lucas 6.19
11. Mateus 14.35
1. Milagres da natureza
Jesus muitas vezes manipulou a natureza, demonstrando que
tinha poder sobre as leis naturais.
0 primeiro milagre de Jesus foi realizado nas bodas em Cana
da Galiléia (João 2). É uma bonita história. Jesus, com
aproximadamente trinta anos na época, estava presente
porque Ele e seus discípulos tinham sido convidados. Tão logo
a família anfitriã notou que o vinho se acabara, Maria chegou-se
a seu Filho e informou-lhe: "Eles não têm mais vinho." Podemos
quase sentir o desespero em sua voz. Alguns têm sugerido que
era uma grave quebra do costume não se preparar para tal
eventualidade e Maria, como amiga da família, sentia-se
impelida a ajudá-los a servir seus hóspedes.
Jesus atendeu instruindo os criados a encherem seis
grandes potes (cada um com a capacidade de 75 a 110 litros)
com água. Ele então transformou a água no mais delicioso
vinho que os convidados tinham provado durante todo o dia.
Como é comum em todos os seus milagres, este resolveu o
problema de muitas pessoas.
Outro milagre da natureza ocorreu quando Jesus acalmou
uma forte tempestade que aterrorizava até mesmo pescadores
veteranos, como os discípulos, os quais tinham pescado durante
toda sua vida no mar da Galiléia e conheciam bem suas águas
traiçoeiras. Contudo, a tempestade não podia competir com
Jesus, muito embora o evangelho de Marcos relate: "Levantou-
se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam
contra o barco, de modo que o mesmo já estava a encher-se de
água"12. Mateus expõe o incidente nestes termos: "O barco era
varrido pelas ondas"13. Jesus, que estava dormindo naquele
momento, "despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar:
'Acalma-te, emudece!' O vento se aquietou e fez-se grande
bonança"14. De
12. Marcos 4.37
13. Mateus 8.24
14. Marcos 4.39
repente os discípulos ficaram espantados ao ver seu poder
sobre a natureza, pois eles cogitavam em voz alta: "Quem é
este que até o vento e o mar lhe obedecem?"15 Podemos nos
identificar com a reação deles, pois meros seres humanos não
possuem tamanho poder.
Tive o privilégio recentemente de viajar pelo mar da
Galiléia e recontar esta história a bordo de um navio para cem
turistas que nos acompanharam na viajem. Nosso guia judeu
observou que, até hoje, tempestades violentas podem surgir ali
repentinamente. Não foi difícil imaginar tanto a cena como a
reação dos discípulos. Quem, com certeza, pode comandar até
o vento e as ondas? Somente o Filho de Deus!
Em duas ocasiões Cristo realizou pescas miraculosas —
uma nos primeiros dias do seu ministério (Lucas 5) e a outra
após sua ressurreição (João 21). Em ambos os casos, como em
todos os milagres, Ele desejava aumentar a fé dos discípulos
em sua divindade.
Podemos incluir ainda dois outros milagres da natureza:
Pedro encontrando a moeda na boca de um peixe16, exatamente
como Jesus havia dito, e o relato da figueira que secou17 no
mesmo instante em que o Senhor a amaldiçoou.
Meu milagre da natureza predileto é Jesus caminhando
sobre a água18. Isso é tão humanamente impossível que, quando
os céticos se referem a um egoísta, dizem com escárnio: "Ele
pensa que pode andar sobre a água." Por dois mil anos,
somente uma pessoa caminhou sobre as ondas por seu
próprio poder. Que outra pessoa Ele podia ser senão Deus em
forma humana?

2. Milagres de cura física


Talvez os milagres mais marcantes de Jesus sejam os de cura
física. Quem já não olhou para um deficiente físico ou um
doente
15. Marcos 4.41
16. Mateus 17.27
17. Mateus 21.18-22
18. Mateus 14.22-32
terminal e desejou ter o poder de curar tal pessoa? Pelo menos
dezessete vezes, durante sua breve passagem pela vida
terrena, Jesus se deteve para curar pessoas, a maioria delas
fora do alcance de qualquer ajuda. Lucas relacionou nove
dessas curas, observando que multidões de doentes e
incapazes físicos iam a Jesus para serem curados, e "Ele
curava a todos". Possivelmente, milhares foram curados
durante seu ministério.
Ao examinarmos de perto esses milagres, descobrimos que
não há dois deles iguais em natureza ou intensidade. Muitos
foram realizados através de simples palavras, à distância, como
o caso do criado do centurião19, ou ordenando aos dez leprosos —
"Ide e mostrai-vos ao sacerdote"20. Em alguns casos Jesus tocava
a pessoa, e em um deles uma mulher tocou apenas nas suas
roupas21.
Meu milagre de cura favorito é o que permitiu ao cego
restaurar a visão, em João 9, provocando nos fariseus uma
grande controvérsia. Depois de falar ao homem, Jesus
inclinou-se, pegou um pouco de terra na mão, cuspiu sobre
ela fazendo um pouco de lama, passou-a nos olhos do cego e
disse-lhe para ir se e lavar no tanque de Betesda22. O homem
seguiu as instruções de Jesus e retornou "vendo". Não havia
como negar o fato de aquele homem estar verdadeiramente
curado, mas os líderes religiosos ficaram perturbados pelo
fato de Jesus ter feito esta ação em um sábado.
Não é de admirar que, quando Nicodemos foi ter com Jesus à
noite, ele tenha afirmado: "Ninguém pode fazer estes sinais
19. Mateus 8.5-13
20. Lucas 17.11-19
21. Lucas 8.43-48
22. Ninguém sabe porque Jesus misturou saliva com terra e "ungiu" os olhos do
homem mas temos uma teoria. É possível que o homem não possuísse os globos
oculares, por isso o Criador modelou o órgão necessário para visão. Mas,
podemos argumentar, barro misturado com saliva é compatível com o corpo
humano? Não há nenhum problema nisso, pois Jesus é aquele que fez o homem
no início da criação (João 1.3; Colossenses 1.16 e 17), de modo que moldar os
globos oculares seria uma tarefa simples. E se duvidarmos ainda, Gêneses 1
declara que o homem foi criado "do pó da terra", portanto pó ou barro seria
perfeitamente compatível com o tecido humano.
que tu fazes, se Deus não estiver com ele"23. Fatos miraculosos
convencem-nos de que Jesus foi mais do que homem e que "nele
habita corporalmente toda a plenitude da divindade"24. A
propósito, isto nos dá uma grande compreensão do coração de
Deus, pois, quando Jesus via as multidões, Ele ficava "movido de
compaixão"25 e curava a todos, pois Ele se compadecia das
aflições humanas. Não é isto exatamente que se deve esperar
de alguém que era Deus em forma humana?

3. Curando os endemoninhados
A possessão demoníaca tem torturado o gênero humano desde
o princípio da história. Embora algumas regiões tenham sido
mais atingidas do que outras, ninguém tem escapado. Tanto no
passado como nos dias de hoje, temos dificuldade para
distinguir entre a insanidade e a possessão demoníaca. Mesmo
com o avanço da psiquiatria atual, numerosos casos são difíceis
de avaliar. Pessoas diagnosticadas como "esquizofrênicas" ou
de "personalidades mistas" podem agir normalmente em um
momento e de repente gritar ou falar com voz estranha, como se
um espírito estivesse usando seu corpo, para depois
"despertar" e não ter lembrança alguma do que aconteceu.
Alguns emitem afirmações maldosas ou blasfemas que não
condizem com suas crenças originais, e, a seguir, quando
voltam ao normal negam que tenham dito tais coisas. A
psiquiatria pode fornecer uma explicação "científica" para
certos casos (tais como "demência"), mas esses indivíduos
podem mais tarde passar por um exorcismo em nome de Jesus
Cristo e nunca mais sofrer outra experiência semelhante. Sem
dúvida, algumas pessoas têm sofrido de possessão
demoníaca.
Na época em que Jesus viveu, a possessão demoníaca era
bastante comum. Isto não nos surpreende, se considerarmos o
23. João 3.2
24. Colossenses 2.9
25. Veja Mateus 9.36; 14.14; 15.32; 20.34 Marcos 1.41; 6.34; 8.2
propósito de sua vinda à terra e a ousadia de Satanás na
tentação de Cristo, mencionada em três dos evangelhos. Em
pelo menos seis ocasiões durante seu ministério, Jesus foi
confrontado com indivíduos possuídos pelo demônio. Em
cada caso Ele demonstrava seu poder sobre os demônios
expulsando-os milagrosamente.
Os três evangelhos sinópticos narram uma das ocorrências
mais incríveis que ilustra o poder de Jesus sobre demônios.
De acordo com o relato de Lucas:

Então rumaram para a terra dos gerasenos, fronteira da


Galiléia. Logo ao desembarcar, veio da cidade ao seu encontro
um homem possesso de demônios que, havia muito, não se
vestia, nem habitava em casa alguma, porém vivia nos
sepulcros. E quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele,
exclamando, e disse em alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus,
Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes.
Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do
homem, pois muitas vezes se apoderara dele. E embora
procurassem conservá-lo preso com cadeias e grilhões, tudo
despedaçava e era impelido pelo demônio para o deserto.
Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele:
Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios.
Rogavam-lhe que não os mandasse sair para o abismo. Ora,
andava ali, pastando no monte, uma grande manada de
porcos; rogaram-lhe que lhes permitisse entrar naqueles
porcos. E Jesus o permitiu. Tendo os demônios saído do
homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-se
despenhadeiro abaixo, para dentro do lago, e se afogou.
Os porqueiros, vendo o que acontecera, fugiram e foram
anunciá-lo na cidade e pelos campos. Então saiu o povo para
ver o que se passara, e foram ter com Jesus. De fato acharam o
homem de quem saíram os demônios vestido, em perfeito juízo,
assentado aos pés de Jesus; e ficaram dominados de terror. E
algumas pessoas que tinham presenciado os fatos contaram-
lhes também como fora salvo o endemoninhado. Todo o
povo da circunvizinhança dos gerasenos rogou-lhe que se
retirasse deles, pois estavam possuídos de grande medo. E Jesus,
tomando de novo o barco, voltou. O homem de quem tinham
saído os demônios rogou-lhe que o deixasse estar com ele; Jesus,
porém, o despediu, dizendo: 'Volta para casa e conta aos teus
tudo o que Deus fez por ti." (Lc 8.26-39)

A extensão da possessão desse homem aparece na


palavra "legião" — uma multidão de demônios que podia
deixá-lo tão fora de controle que as pessoas tentavam
prendê-lo com correntes. Marcos acrescenta que durante
alguns de seus acessos, quando entrava nu no cemitério, ele
se cortava nas pedras. Marcos também observa que "havia
cerca de dois mil porcos" que correram para o precipício e
se afogaram no mar, mostrando o poder dos demônios que
tinham habitado nele. Não nos surpreende que ele tenha
enlouquecido!
Entretanto, depois de Jesus exorcizar os demônios, o
homem foi encontrado sentado, vestido e em perfeita
sanidade mental. Quem senão Jesus podia manifestar tal
poder? Os próprios demônios, falando pela voz do homem,
identificaram Jesus, dizendo: "Que tenho eu contigo, Jesus,
Filho do Deus Altíssimo?" Tal reconhecimento não era
incomum, e mesmo hoje os missionários contam histórias
semelhantes — demônios encolhendo-se de medo à simples
menção do seu nome.

4. Os milagres da multiplicação
Duas vezes durante seu ministério Jesus satisfez a fome das
multidões, alimentando-as milagrosamente. Em uma das
vezes Ele multiplicou o alimento disponível até ele se tornar
suficiente para alimentar cinco mil pessoas; na segunda
ocasião, quatro mil pessoas foram alimentadas. A
alimentação de cinco mil pessoas
é o único milagre (além da ressurreição) mencionado pelos
quatro evangelhos, o que demonstra a importância que os
autores deram a esse acontecimento. Jesus aceitou o lanche de
um menino — que consistia de cinco pães e dois peixes —
abençoando-o e distribuindo-o pelas mãos dos discípulos,
ordenando-lhes que alimentassem as multidões. Para
surpresa deles, os pães e os peixes alimentaram todo o
povo... e sobraram ainda doze cestas cheias!
Em toda a história do mundo, nunca houve um milagre de
multiplicação semelhante a esse realizado diante de tantas
pessoas. Este milagre provocou algumas reações imediatas.
Os discípulos tornaram-se ainda mais convencidos de que
Jesus era um ser sobrenatural e o povo seguiu-o para fazê-lo
seu rei. Quiseram promovê-lo da oficina de carpintaria ao palácio
— mas não foi para isso que Ele veio (e esta é provavelmente
a razão para Ele ter repetido esse milagre somente uma vez).

5. Seu poder de ressuscitar os mortos


Sem dúvida alguma, os milagres mais extraordinários de Jesus
se relacionam com seu poder de restaurar a vida aos mortos.
Três vezes durante seu ministério Jesus fez exatamente isso.
Na primeira vez, ele interrompeu o funeral do filho de uma
viúva de Naim e devolveu à vida o menino, entregando-o de
volta à mãe (Lucas 7.11-17). Na segunda, Ele ressuscitou a
filha de Jairo (Mateus 9.18-26; Marcos 5.21-43; Lucas 8.40-
56). E por fim o mais espantoso de todos; Lázaro foi chamado
para sair do sepulcro quatro dias depois de sua morte (João
11). Jesus ressuscitou Lázaro com o claro propósito de
demonstrar a seus discípulos que Ele possuía poder sobre a vida
e a morte. Depois de se encontrar com as irmãs de Lázaro e
associar-se à sua dor, Jesus ordenou que a pedra que fechava o
sepulcro fosse removida. Marta a princípio chamou sua
atenção: "Senhor, já cheira mal, porque já é de quatro dias/'
Em seguida, nas palavras do apóstolo João:
Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu que se creres verás a glória
de Deus? Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos
para o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu
sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da
multidão presente, para que creiam que tu me enviaste. E tendo
dito isto, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora. Saiu
aquele que estiver a morto, tendo os pés e as mãos ligados com
ataduras, e o rosto envolto em um lenço. Então lhes ordenou
Jesus: Desatai-o, e deixai-o ir. Muitos, pois, dentre os judeus
que tinham vindo visitar Maria, vendo o que fizera Jesus,
creram nele. (versículos 40-45)

Como as pessoas que testemunharam o incidente


reagiram a este assombroso milagre? Muitos "creram nele".
Cristo desejou provar sua identidade tanto àqueles que lá se
encontravam como a nós hoje, confirmando sua última
afirmação: "Toda a autoridade me foi dada no céu e na
terra"26. Infelizmente, esta não foi a única reação. Alguns se
apressaram em contar o fato aos líderes religiosos. Daquele
momento em diante, teve início uma trama visando matar a
Jesus.
Podemos nos questionar por que dois grupos de pessoas
viram esse acontecimento extraordinário realizar-se e
tiveram interpretações diferentes do fato, mas hoje
enfrentamos o mesmo problema: é sempre uma questão de
vontade. Como disse o próprio Jesus: "Enquanto tendes a
luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz." João
acrescenta: "Eles tinham visto Jesus fazer todos esses
milagres, mas não criam nele"27. Os que tinham a mente e o
coração fechados o rejeitaram.
Contudo — e é essencial que tenhamos isso em mente —
eles não negaram que Jesus tinha ressuscitado os mortos,
alimentado as multidões, expulsado demônios, curado os
enfermos

26. Mateus 28.18


27. João 12.36 e 37
e caminhado sobre a água. É de importância vital observar que
mesmo seus inimigos não puderam negar seu extraordinário
poder! A evidência era simplesmente esmagadora.

A Ciência é Grande, Mas Jesus E Maior


Os milagres de Jesus comprovam inequivocamente sua
divindade. Mesmo hoje, dois mil anos depois, seu poder e
simplicidade ainda nos deixam abismados. Apesar do avanço da
ciência e da tecnologia, seus milagres ainda nos
impressionam.
Embora a ciência moderna seja capaz de rastrear a rota de
um furacão, nomeá-lo e predizer com certa exatidão quando ele
vai atingir uma cidade ou região, ainda assim não é possível
controlar essa terrível tempestade e acalmá-la com uma
simples expressão: "Acalme-se, fique quieta." Mas Jesus fez
isso!
Embora os agricultores sejam capazes de prever uma
colheita de até uma tonelada de trigo, quando anteriormente
conseguiram calcular apenas um terço desse volume, nunca
ouvimos dizer que alimentaram milhares de pessoas famintas
com cinco pães e dois peixes. Mas Jesus fez isso!
Embora a ciência moderna tenha feito muito progresso na
cura das doenças mentais, reabilitando muitas pessoas e
devolvendo-as à vida normal, nenhum psiquiatra jamais se voltou
para um homem e ordenou que os demônios que o possuíam
saíssem dele, transformando-o em uma pessoa normal e em
"perfeito juízo". Mas Jesus fez isso!
Embora a ciência moderna tenha realizado grandes curas por
meio de remédios, cirurgias ou outras formas avançadas de
tratamento, ela nunca retornou a visão àqueles que nasceram
cegos, nem curou membros mirrados com um simples toque,
ou purificou um leproso apenas pela palavra (muito menos dez
de uma só vez). Mas Jesus fez isso!
Embora os médicos sejam capazes de prolongar a vida,
melhorar sua qualidade, e em alguns casos até permitir uma
morte
indolor, cada médico normalmente perde pacientes levados pela
morte. Nunca ouvimos falar de médicos que souberam do
sepultamento de uma pessoa conhecida e em seguida, quatro
dias depois, a chamaram de volta à vida. Mas Jesus fez isso!
Os milagres que Jesus realizou proclamam através dos
séculos que "Jesus é o Filho de Deus!"

Podemos Ainda Acreditamos Milagres?


O Novo Testamento ensina claramente que Jesus realizou
milagres. Todavia, será que nós, pessoas modernas, vivendo
no alvorecer do vigésimo primeiro século, podemos
acreditar de maneira lógica e racional naqueles milagres? Se
podemos, eles se tornam uma poderosa prova para a alegação
de que Jesus foi "o Filho de Deus" em forma humana. Ele
mesmo nos desafia a usar esses milagres para determinar sua
identidade. "Se vocês não crêem em mim, então creiam pelo
menos nas obras que eu faço. E isso para que fiquem sabendo
de uma vez por todas que o Pai vive em mim e que eu vivo
no Pai"28.
Se os milagres de Jesus foram genuínos, nossa decisão é
óbvia. Mas vivemos quase dois mil anos depois desses
acontecimentos. Como podemos crer racionalmente nas
histórias das testemunhas oculares que afirmam que Jesus
Cristo realizou muitos milagres contrariando as leis da
natureza?
Alguns céticos têm afirmado que os relatos dos milagres nos
evangelhos sofreram alterações e acréscimos ao longo dos
anos. Entretanto, qualquer um que esteja familiarizado com a
mitologia grega ou com os relatos religiosos do período
posterior a Cristo perceberá imediatamente uma diferença
marcante entre eles e as narrativas dos evangelhos. Nenhum
animal com asas ou figuras metade homem, metade cavalo
povoam os evangelhos. Em lugar disso, encontramos Jesus
tratando com homens, mulheres e crianças reais. Pessoas
humildes que sofriam
28. João 10.38
com doenças ou defeitos de nascimento e repentinamente
ficavam livres de seus sofrimentos. Não há inclusão de
detalhes fantasiosos, como os que aparecem nos evangelhos
apócrifos e em outros escritos do período. Em vez disso,
encontramos um relato acurado dos atos de uma pessoa
extraordinária.
Há muitos anos o Dr. Wilbur M. Smith afirmou que, em
vez de as histórias terem sido enfeitadas ou acrescidas com
o tempo, os escritores do evangelho, ao contrário,
diminuíram o número de milagres relatados à medida que o
tempo foi passando, preferindo antes enfatizar os ensinos
de Jesus. Muitos estudiosos concordam que Marcos foi o
primeiro a escrever seu evangelho, por volta de 60 d.C; o
apóstolo João escreveu seu trabalho depois, em torno de 90
d.C. e Mateus e Lucas escreveram em torno de 70 d.C.
Argumenta o Dr. Smith:

Embora dedicando apenas doze capítulos para a história


completa da vida de Jesus, incluindo o último discurso na
semana da Paixão, o evangelho de Marcos registra dezoito
milagres realizados por Cristo, enquanto que o evangelho
de Mateus, escrito posteriormente, relata vinte milagres,
embora utilize dezessete capítulos para narrar esse mesmo
período de seu ministério publico. O evangelho de Lucas,
escrito ainda mais tarde, menciona não mais que vinte e um
milagres e o evangelho de João, o último a ser escrito,
registra apenas oito milagres. Em outras palavras, os
primeiros onze capítulos do evangelho mais antigo, Marcos,
registram mais milagres do que quaisquer outros onze
capítulos sucessivos dos evangelhos posteriores. E evidente,
pois, que este aspecto particular do ministério de Jesus não
resulta de um posterior acréscimo mitológico.29

29. Smith, Wilbur M. The Supernaturalness of Christ, Boston: W. A. Wilde Co., 1954,
p. 118.
Assim sendo, os relatos do evangelho são completamente
dignos de confiança e inteiramente idôneos — mesmo para os
modernos. Podemos estar seguros de que os milagres
atribuídos a Jesus nos evangelhos refletem a história verdadeira
e não alguma criação literária posterior. Desta forma, se são
verdadeiros, se de fato aconteceram, eles requerem uma
resposta pessoal de cada um de nós. Precisamos tomar uma
decisão sobre nossa crença a respeito deste operador de
milagres, Jesus de Nazaré.

Os Milagres de Jesus Provam Que Ele Era o Filho de


Deus
Jesus curou uma mulher que sofria de hemorragia. Você acha que
foi difícil para ela acreditar que Jesus era o Filho de Deus, depois
de doze anos consultando médicos sem nenhum resultado?
A esposa de Jairo e a viúva de Naim tiveram,
respectivamente, uma filha e um filho mortos que foram
devolvidos vivos e sãos. Tiveram elas de lutar para crer que
Jesus era Deus em forma humana? D. L. Moody, um dos
grandes evangelistas do século dezenove, lembrou-nos:
"Você não encontra no Novo Testamento orientações sobre
como conduzir uma cerimônia fúnebre, porque Jesus acabou
com todos os funerais aos quais esteve presente."
Quatro amigos de um homem aleijado foram forçados a descê-
lo através de um buraco aberto no telhado para poderem colocá-
lo diante de Jesus, por causa da grande multidão que bloqueava
seu caminho. Quando Jesus com uma palavra o curou, você acha
que eles duvidaram que Ele era o verdadeiro Filho de Deus?
Multidões que o seguiam por toda parte, viram-no curar
vários tipos de doenças e até ressuscitar os mortos. Você acha
que eles duvidaram que o seu poder vinha de Deus?
Aqueles que eram íntimos de Jesus e que testemunharam
pessoalmente a transformação nas vidas das pessoas, de tal
modo creram nesse homem que se dispuseram a abandonar suas
profissões e tudo mais para segui-lo até o fim de seu ministério,
viajando por todo o mundo conhecido para contar sua história.
Com exceção de Judas Iscariotes, que o traiu, nenhum dos
discípulos jamais renegou seu compromisso com a causa de
Cristo. Mesmo o "incrédulo Tome", que se convenceu no encontro
com o Jesus ressurreto, serviu a Ele fielmente até ser
martirizado na índia muitos anos depois.
Em vista de tudo isso, começamos a compreender o que
Jesus quis dizer com estas palavras: "As obras que eu faço dão
testemunho de mim." Elas provam sua declaração de ser Ele
mesmo o unigênito Filho de Deus. Não esperaríamos menos.
Poderíamos nos basear apenas nos milagres de Jesus de
Nazaré para termos certeza de sua divindade pessoal, mas o
próprio Jesus não o faria. Há muito mais evidência pela frente.
12

Jesus Recebeu Adoração

O mundo judaico em que Jesus nasceu era intensamente


monoteísta. Os judeus de dois milênios atrás consideravam a
mais grave das heresias um ser humano colocar-se em lugar
de Deus e ser adorado como tal. No entanto, Jesus de
Nazaré fez exatamente isso — razão por que os judeus de seus
dias pegaram em pedras para matá-lo. O Velho Testamento
condenava à morte os acusados de blasfêmia, e os judeus
achavam que Jesus era mais do que merecedor de tal punição,
já que alegou ser Deus, não uma, mas muitas vezes.
Já vimos que Jesus sabia que era Deus, ensinou que era Deus
e realizou milagres (incluindo sua própria ressurreição)
destinados a confirmar sua afirmação de ser Deus. O que falta
ainda é comprovar que, pelo menos dez vezes durante sua
vida, Jesus permitiu que outros o adorassem. Isto era mais do
que um crime no julgamento da austera cultura judaica
monoteísta: era algo imperdoável. A não ser, é claro, que fosse
verdade.
Dez Exemplos de Adoração
Jesus conhecia muito bem a lei. Afinal de contas, foi Ele quem
repreendeu Satanás quando este lhe pediu que se inclinasse
diante dele e o adorasse. "Está escrito", respondeu Jesus, "ao
Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto"1. Jesus
conhecia os Dez Mandamentos; Ele os citou várias vezes.
Entretanto, Ele proclamava que era "igual a Deus"2. Apesar de
ensinar várias vezes que a adoração é devida somente a Deus,
Jesus geralmente permitia que os indivíduos o adorassem.
Não perca a importância disto. Jesus sabia que Deus era o
único ser digno de nossa adoração; Ele próprio muitas vezes
ensinou este princípio. Todavia, por mais incrível que pareça,
Jesus se permitiu ser adorados pelo menos dez vezes — e
em nenhum momento repreendeu as pessoas que o fizeram!

1. Em seu nascimento
Há uma justificativa razoável para Jesus nessa primeira vez que
Ele foi adorado. Afinal de contas, Ele era uma criancinha quando
os sábios do Oriente vieram para "adorá-lo". A pergunta
específica é: receberia Ele tal adoração durante seu ministério
adulto? Fazer isso seria no mínimo um crime... a menos que Ele
verdadeiramente fosse Deus! Considere os seguintes
exemplos:

2. A cura de um cego em Jerusalém


Já examinamos anteriormente este caso da cura de um homem
cego de nascença realizada por Jesus, um milagre que
enraiveceu os líderes religiosos de Jerusalém, porque o ato
ocorreu em um sábado. Os líderes convocaram o homem
curado e lhe fizeram perguntas, incitando-o a negar que Jesus
o havia curado. Mas ele não fez isso: "Nisto é de estranhar
que vós não saibais donde ele é, e contudo me abriu os olhos.
Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas, pelo
contrário, se alguém teme a
1. Mateus 4.10
2. João 5.18
Deus e pratica a sua vontade, a este atende. Desde que há
mundo, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um
cego de nascença. Se este homem não fosse de Deus, nada
poderia ter feito"3.
Pouco depois de haver sido expulso do templo, ele encontrou
Jesus. O Senhor então lhe perguntou: "Crês no Filho do homem?"
Ele respondeu: "Quem é, Senhor, para que eu nele creia?" E Jesus
lhe disse: "Já o tens visto e é o que fala contigo." Então afirmou
ele: "Creio, Senhor." E João acrescenta: "e o adorou"4.
Observe que Jesus não repreendeu o homem nem obrigou-
o a se levantar, como certamente o faria se Ele fosse apenas
um homem comum que casualmente fazia milagres. É
interessante notar que é João quem registra este incidente,
porque o apóstolo sabia o que era ser repreendido por
adorar alguém que não fosse Deus. No Apocalipse ele registra
uma privilegiada visão sobre os eventos do futuro, revelados
pelo Espírito Santo. Por duas vezes, João ficou tão assombrado
diante do poderoso anjo que lhe mostrou essas visões que se
ajoelhou para adorá-lo. E como reagiu o anjo? "Então ele me
disse: 'Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus
irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste
livro. Adora a Deus'" (Ap 22.9; veja também 19.10).
Qualquer pessoa sabe que os anjos são mais poderosos do
que os homens. E natural que os homens adorem seres
superiores quando na presença deles, mas João foi proibido de
fazer isso. A razão é simples: somente Deus deve ser
adorado. Mas este mesmo João não hesitou em nos falar da
ocasião em que um homem adorou Jesus!

3. Tomé, o que duvidou


João também registra a resposta de Tome — o discípulo que
duvidara — quando ficou face a face com o Cristo ressurreto.
Tomé
3. João 9.30-33
4. João 9.35-38
não tinha estado presente quando Jesus se apresentou a
primeira vez aos outros dez discípulos, mas uma semana
depois Tome estava com eles quando Jesus apareceu pela
segunda vez. Sua famosa reação: "Senhor meu e Deus meu!"5
foi um ato de pura adoração. E Jesus não fez nenhum sinal de
reprovação.

4. Pedro e os peixes
Lucas narra um acontecimento semelhante na vida de Pedro.
Depois de ouvir Jesus ensinar e vê-lo realizar o milagre de
encher duas redes de peixe (depois de nada terem pescado à
noite), Pedro caiu de joelhos diante de Jesus e rogou: "Senhor,
retira-te de mim, porque sou pecador"6. Este foi um outro ato
de adoração. E observe novamente que não houve nenhuma
reprovação de Jesus.

5. O chefe angustiado
Em outra ocasião, "um chefe, aproximando-se, o adorou, e
disse: 'Milha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe a tua
mão sobre ela, e viverá'"7. Jesus não somente se recusou a
repreender o homem, mas atendeu ao seu pedido
ressuscitando a menina.

6. Homens em um barco
Vários milagres foram feitos no mar da Galiléia ou nas
proximidades. Foi ali que Jesus alimentou cinco mil pessoas. Foi
ali que, em meio a águas revoltosas, Ele caminhou sobre a água
e finalmente subiu ao barco dos discípulos. Foi ali em outra
ocasião que Ele com uma palavra acalmou o mar — após o que
"os que estavam no barco o adoraram, dizendo:
'Verdadeiramente és Filho de Deus!'"8 A mensagem é clara:
todos os discípulos, juntos, adoraram Jesus e ainda aqui não
houve nenhuma reprovação.
5. João 20.28
6. Lucas 5.8
7. Mateus 9.18
8. Mateus 14.33
7. A transfiguração
Quando Pedro, Tiago e João testemunharam a
transfiguração de Jesus sobre o "monte santo", eles ficaram
assustados ao ouvir a voz do Pai celestial dizendo: "Este é o
meu Filho amado, em quem me comprazo: a ele ouvi"9. A
cena deixou-os amedrontados e eles caíram aos pés de Jesus.
Somente o próprio Jesus podia levantá-los — mas, de novo,
não houve nenhuma repreensão.

8. A mãe de Tiago e João


Mateus conta da mãe dos filhos de Zebedeu (Tiago e João)
chegando a Jesus para pedir-lhe privilégios especiais para
seus filhos quando eles estivessem no seu reino. Primeiro,
porém, ela "adorando-o, pediu-lhe um favor"10. Embora o
Salvador não tenha concedido o pedido egoísta da mulher,
Ele não a repreendeu por ajoelhar-se diante dele
publicamente. E lembre-se: na cultura judaica, ajoelhar-se
diante de alguém era uma clara atitude de adoração.

9. Após a ressurreição
Após a ressurreição, as mulheres que foram ao sepulcro
correram para anunciar aos discípulos, quando "Jesus veio
ao encontro delas, e disse: 'Salve!' E elas, aproximando-se,
abraçaram-lhe os pés, e o adoraram"11. Nenhuma palavra de
repreensão.

10. Na ascensão
Ao final de sua presença na terra, Jesus encontrou-se com
seus discípulos no "monte que Jesus lhes designara. E,
quando o viram, o adoraram"12. E uma vez mais não houve
nenhuma repreensão.

9. Mateus 17.5
10. Mateus 20.20
11. Mateus 28.9
12. Mateus 28.17
Estes dez incidentes provam não somente que as pessoas
eram impelidas a adorar Jesus, mas que o próprio Jesus aceitava
essa adoração. Isto significa apenas uma coisa: Jesus é Deus em
forma humana.

Confirmação da Seita das Testemunhas de Jeová


Como você provavelmente sabe, a seita das testemunhas de
Jeová rejeita a divindade de Jesus, baseada em algumas
interpretações radicais das Escrituras. Há vários anos,
quando eu era pastor em San Diego, Califórnia, recebi uma
série de folhetos pelo correio. Um dos folhetos inspirou-me a
escrever um artigo em resposta, chamando a atenção para a
divindade essencial de Jesus, de conformidade com o ensino do
Novo Testamento. Nele desenvolvi o argumento segundo o
qual, embora por dez vezes nos Evangelhos Jesus tenha sido
objeto de adoração, em nenhuma das ocorrências Ele
repreendeu seus adoradores. Então desafiei os leitores sobre a
incoerência da própria Bíblia das testemunhas de Jeová, a New
World Translation (Tradução Novo Mundo). Os publicadores
dessa obra excessivamente preconceituosa orgulhavam-se na
página 9 de haver traduzido cada palavra importante do grego
para uma única equivalente em inglês. Mas chamei sua atenção
para o fato de toda vez que traduziam a palavra grega
proskuneo em relação a Deus, eles traduziam para "adorar", o
que é correto. Mas toda vez que traduziam a mesma palavra
proskuneo quando usada em relação a Jesus Cristo, eles
traduziam "reverenciar".
Acho isto muito interessante, já que não existe nenhuma
razão gramatical ou exegética para fazê-lo — apenas a
posição doutrinária da seita negando a divindade de Jesus. Por
isso, em meu artigo, perguntei por que as testemunhas não se
dispõem a "honrar o Filho, do modo por que honram o Pai"13,
da forma como Jesus nos instruiu a fazer. Esse artigo foi
enviado por correio
13.João 5.23
a todas as igrejas da seita e distribuído gratuitamente a mais
de 250 mil pessoas. Até hoje não tive nenhum retorno de
qualquer pessoa da organização Testemunhas de Jeová. Não
estou ansioso pela resposta, pois o que eles teriam a dizer?
Proskuneo significa somente uma coisa — adoração — e
adoração é devida somente a Deus, incluindo seu Filho,
Jesus Cristo.

A Testemunha de Jeová que Encontrou Cristo


Vários anos depois de escrever meu artigo, recebi uma carta
de um jovem operário na construção agradecendo-me o tê-
lo escrito. Nem ele nem sua esposa eram cristãos quando
uma testemunha de Jeová bateu à sua porta. Eles se
reuniram com ele regularmente durante várias semanas e
estavam quase prontos para aderirem à seita, porém, como o
próprio autor da carta me disse,

''Nós simplesmente não nos sentíamos seguros a respeito disso.


Certa manhã, pouco antes de eu sair para o trabalho,
estávamos muito perturbados, e então, apoiados na mesa da
cozinha, oramos pedindo a orientação de Deus. Naquela
tarde, depois de uma terrível tempestade, eu estava saindo
do meu carro quando encontrei um folheto azul com as
palavras em destaque: JESUS: Quem é Ele? [o antecessor deste
livro]. Ele estava ensopado, mas peguei-o e trouxe-o para casa,
onde minha esposa o secou no calor do forno. Lemos juntos e nos
convencemos de que estávamos sendo iludidos, de que Jesus era
realmente o Filho de Deus que morreu por nossos pecados e
ressuscitou no terceiro dia, exatamente como ensina a Bíblia.
Por isso, oramos para receber Cristo e temos desfrutado da
maravilhosa 'paz com Deus' desde aquele dia."

Não devemos nos esquecer das palavras que Jesus disse:


"Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a
respeito da
doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo"14.
Aquele casal é um perfeito exemplo disto. No caso deles,
Deus enviou meu folheto de uma maneira peculiar para
cumprir seus misericordiosos propósitos: ele flutuou sob
uma chuva pesada, sendo levado pela enxurrada até parar
junto à sarjeta perto da caminhonete daquele jovem.

Jesus é Digno de ser Adorado


Jesus não somente ensinou que Ele era Deus, mas
demonstrou essa afirmação através de seus milagres e de
sua vida sem pecado. Ele também demonstrou que aceitava
essa situação recebendo a adoração de uma ou mais pessoas
em dez ocasiões diferentes. Em nenhum momento Ele
repreendeu as pessoas por adorá-lo, um descuido [para os
judeus] que teria sido considerado uma grave heresia, a
menos, naturalmente, que Ele fosse realmente Deus.
Michael Green, em seu excelente folheto Who is This
Jesus?, escreveu:

Jesus aceitava tranqüilamente a adoração... Os judeus não


adoravam nenhum homem ou estátua: somente o próprio
Deus. As implicações dessa atitude de Jesus são óbvias. Ele
sabia que era digno de adoração. Embora humilde como
era, pronto a servir a todos, Jesus sabia quem Ele era e qual sua
origem. "Ele viera de Deus e voltava para Deus ", como afirmou
o apóstolo João em seu evangelho (13.3). E por algumas vezes,
Ele aceitou a adoração devida somente a Deus. Era o prelúdio
da adoração universal que se seguiria.15

É curioso notar que todas as vezes que as pessoas vinham


até Jesus para aceitá-lo como seu Senhor, a primeira coisa
que

14. João 7.17


15. Green, Michael. Who ls This Jesus?, Nashville: Thomas Nelson
Publishers, 1990, p. 53.
desejavam fazer era adorá-lo. Em um grande número de casos,
as pessoas queriam imediatamente pôr-se de joelhos e orar.
Tenho orado com centenas de pessoas, e acredite: a maioria
prefere ajoelhar-se.
Em um panfleto sobre o evangelho, meu amigo Bill Bright
conta a história de Lew Wallace, um famoso general e escritor,
que foi também um ateu declarado. O Sr. Wallace pesquisou
durante dois anos nas principais bibliotecas da Europa e dos
Estados Unidos, procurando informações para escrever um
livro que arruinaria para sempre o cristianismo. Enquanto
escrevia o segundo capítulo desse livro, ele de repente se
ajoelhou clamando a Jesus: "Meu Senhor e meu Deus!"
Por causa das sólidas e inquestionáveis evidências da
divindade de Jesus, Wallace não mais podia negar que Jesus
Cristo era o Filho de Deus. Mais tarde, em lugar de escrever
um livro para destruir a fé em Jesus, ele escreveu Ben-Hur, um
dos maiores romances já escritos sobre a época de Cristo. Mais
tarde, o livro se transformou em filme, tornando-se uma das
mais belas produções da história de Hollywood. A última cena
refletia a fé que Lew Wallace possuía. Jesus foi mostrado sobre a
cruz. O céu escureceu, trovões e raios cortavam o céu e a
chuva caiu sobre o corpo do Salvador. Aquela chuva misturou-
se com seu sangue e caiu sobre o solo, transformando-se em um
riacho e em seguida em um rio, que corria para os oceanos e
para um mundo necessitado de sua purificação.
Bright continuou:

De modo semelhante, o falecido C. S. Lewis, professor na


Universidade de Oxford, foi um agnóstico que negou a
divindade de Cristo durante anos. Mas ele também, por sua
honestidade intelectual, submeteu-se a Jesus como seu Deus e
Salvador depois de estudar a esmagadora evidência de sua
divindade.

Em seu famoso livro Cristianismo Puro e Simples, Lewis faz


a seguinte afirmação:
Alguém que fosse um simples homem e dissesse o tipo de coisa
que Jesus dizia não seria um grande professor de moral Ou Ele
seria um lunático—ou então seria o próprio Diabo. Você
precisa fazer sua escolha. Ou Ele era, e é,o Filho de Deus; ou
então um louco ou coisa pior. Você pode considerá-lo um
louco... ou cair aos seus pés e chamá-lo Senhor e Deus. Mas
não vamos usar esses argumentos absurdos a respeito de ele ser
um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa
possibilidade16.

Bright conclui seu folheto perguntando:

Quem é Jesus de Nazaré para você? Sua vida hoje e durante


toda a eternidade dependem de sua resposta a esta pergunta. Se
retirarmos Buda do Budismo, Maomé do Islamismo e
fizermos o mesmo com os fundadores de várias outras
religiões, pouca coisa mudaria. Mas se tirarmos Jesus Cristo
do cristianismo, não sobrará nada, porque o cristianismo não
é uma filosofia ou uma ética, mas uma relação pessoal com
um Salvador vivo, ressuscitado.

Os cristãos não adoram estátuas de um Cristo morto, eles


adoram seu Senhor vivo e ressuscitado e desfrutam de um
relacionamento pessoal com Ele. Você o adora? Se não,
sugiro que você faça isto ainda hoje. Ele nos convida agora a
adorá-lo voluntária e alegremente. Todavia, se recusarmos
fazer isso, Ele garante que um dia nós o adoraremos de
qualquer maneira, mas com espanto, medo e tremor.
Porque, como Paulo nos lembra, o dia logo virá quando "se
dobre todo joelho... e toda língua confesse que Jesus Cristo é
Senhor, para glória de Deus Pai"17.
A escolha não é entre adorar Jesus ou recusar-se a adorá-
lo. A única escolha é quando começaremos a adorá-lo e
como o faremos.

16. Lewis, CS. Mere Christianity, Nova York: Macmillam, 1960, p. 56.
17. Filipenses 2.10-11
Jesus é o Senhor, e é plenamente digno de nossa adoração.
Quanto a mim e à minha casa, nós o adoraremos livremente e
com alegria. E quanto a você?
13
Somente Deus Pode Perdoar

Um aspecto da vida de Jesus de Nazaré que o torna diferente


de qualquer outra pessoa é que Ele nunca fez qualquer coisa
moralmente errada. Em trinta e três anos de vida, Ele nunca
teve de pedir perdão, nem a Deus nem aos homens. Ele nunca
precisou dizer: "Sinto muito por aquilo que fiz", nunca se
desculpou, nunca se arrependeu de uma ação praticada. As
únicas pessoas que se sentiram ofendidas pelos seus atos
foram os líderes religiosos da época, que estavam fazendo a
pior coisa que um ser humano pode fazer a outro — enganar
as pessoas sobre os padrões de Deus para ganhar a salvação
eterna. Quando eles se consideravam ofendidos por Jesus ou
por suas ações, era porque Ele havia dito alguma coisa que
violava seus ensinos religiosos — doutrinas que iam de
encontro aos ensinos divinos revelados na Bíblia. Eram essas
falsas doutrinas que estavam erradas, não Jesus.
Entretanto, Jesus, que nunca teve de ser perdoado,
perdoou mais pessoas do que qualquer outro que já viveu. Na
verdade, Ele estabeleceu um modelo para o perdão pessoal
que
nunca foi igualado, muito embora em sua época
prevalecesse a filosofia romana que ensinava que o "poder
faz o direito" e os judeus defendessem o padrão "olho por
olho e dente por dente". Naquele meio hostil Ele ensinou:
"Amem seus inimigos, façam o bem àqueles que os
odeiam... perdoem aqueles que pecam contra vocês"1.
Jesus não somente elevou o padrão de amar o próximo e
perdoar os inimigos em todo o tempo, mas Ele próprio
demonstrou perdão em sua vida pessoal. Ele perdoou os
pecados de outros e ensinou seus seguidores a fazerem o
mesmo. Quando se tratava de perdão, Jesus era mais do que
um homem — Ele era Deus. E para demonstrar este fato,
Ele não perdoou pecados apenas como um homem, Ele
perdoou como Deus. E foi isto exatamente que lhe trouxe
problemas.

Quem Pode Perdoar Pecados Senão Deus?


Jesus nunca hesitou em perdoar pecados. Foi isto,
certamente, que o levou a entrar em conflito com os líderes
religiosos de seu tempo. Eles sabiam que somente Deus
Jeová podia perdoar pecados e rejeitaram totalmente a
possibilidade de ele ser aquele mesmo Jeová em forma
humana. Entretanto, os três escritores dos evangelhos
sinópticos incluíram uma dramática história com o
propósito de demonstrar que Jesus, como Deus, tinha o
direito e a autoridade para perdoar pecados. Marcos narra a
história resumidamente:

Dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu


que ele estava em casa. Muitos afluíram para ali tantos que
nem mesmo junto aporta eles achavam lugar; e anunciava-
lhes a palavra.
Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico, levado
por quatro homens. E, não podendo aproximar-se dele, por

1. Lucas 6.27, 28, 37


causa da multidão, descobriram o e irado no ponto
correspondente ao em que ele estava e, fazendo uma abertura,
baixaram o leito em que jazia o doente. Vendo-lhes a fé, Jesus
disse ao paralítico: "Filho, os teus pecados estão perdoados."
Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e
arrazoavam em seus corações: "Por que fala ele deste modo? Isto
é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é
Deus?"E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim
arrazoavam, disse-lhes: "Porque arrazoais sobre estas coisas em
vossos corações? Qual é mais fácil, dizer ao paralítico: 'Estão
perdoados os teus pecados', ou dizer: 'Levanta-te, toma o teu
leito, e anda?' Ora, para que saibais que o Filho do homem
tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados "—disse
ao paralítico: "Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito, e
vai para tua casa." (Mc 2.1-11)

Jesus usou este dramático incidente para ensinar as


pessoas de sua época que Ele tinha o poder de perdoar
pecados. Nenhuma testemunha pode verificar o perdão de
pecados, mas pode identificar a mão sobrenatural de Deus
para curar um paralítico. Neste episódio Jesus associou
ambas as virtudes. Este milagre é, pois, um eloqüente sinal
da divindade de Jesus. As pessoas sabiam desde o início
que Jesus tinha o poder de fazer milagres; até seus inimigos
sabiam disso. O que Jesus queria que compreendessem é
que Ele estava mais interessado no relacionamento
espiritual deles com Deus, e ter os pecados perdoados era
parte essencial da restauração desse relacionamento. Ele
era, naturalmente, a chave, pois somente por meio dele eles
podiam obter a remissão de seus pecados.
Muitos que ouviram suas palavras creram nele e tiveram
seus pecados perdoados, porém a maioria dos líderes
religiosos fez dura oposição a Ele, atribuindo seu poder ao
Diabo. Não obstante, mesmo contra sua vontade, eles
tiveram de admitir que Jesus
tinha um poder sobrenatural. 0 que eles rejeitavam era o
fato de seu poder incluir a remoção do pecado, resultando
em perdão. Muitas pessoas ainda tropeçam nesta verdade.
Rejeitam Jesus porque não conseguem aceitar que Ele seja
o único meio de se chegar a Deus e a única esperança de ter
seus pecados perdoados. Tropeçam na "pedra de tropeço",
exatamente como muitos o fizeram há dois mil anos.

"Quem É Este Que Até Perdoa Pecados?"


Algum tempo depois de curar o paralítico, Jesus
demonstrou de forma também dramática sua autoridade de
perdoar pecados. Lucas conta a história:

Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele,


Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa. E eis
que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele
estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro
com ungüento;e, estando por detrás, aos seus pés, chorando,
regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios
cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o ungüento.
Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo:
"Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe
tocou, porque é pecadora. "Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe
disse: "Simão, uma coisa tenho a dizer-te. "Ele respondeu:
"Dize-a, Mestre."
"Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia
quinhentos denários, e o outro cinqüenta. Não tendo nenhum
dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles,
portanto, o amará mais?"Respondeu-lhe Simão: "Suponho
que aquele a quem mais perdoou." Replicou-lhe Jesus:
"Julgaste bem."
E, voltando-separa a mulher, disse a Simão: "Vês esta
mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés;
esta,
porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus
cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei
não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo,
mas esta com bálsamo ungiu os meus pés. Por isso te digo:
Perdoados lhe são os setes muitos pecados, porque ela muito
amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama."
Então disse à mulher: "Perdoados são os teus pecados." Os
que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: "Quem
é este que até perdoa pecados?>f Mas Jesus disse à mulher: 'A
tua fé te salvou; vai-te em paz." (Lc 7:36-50)

Esta história está repleta de ironia. O fariseu que tinha


convidado Jesus à sua casa pensou que a conduta de Jesus
provava que Ele não era profeta, pois como uma pessoa santa
permitiria ser tocada por uma pessoa que ele sabia ser pecadora?
Entretanto, Lucas esclarece que Jesus agiu desta forma
precisamente porque conhecia a extensão dos pecados da
mulher... tanto quanto seu coração arrependido. Enquanto o
fariseu condenava Jesus por ter imaginado falsamente que o
Salvador desconhecia o verdadeiro caráter da mulher, de fato
ele mesmo se condenou porquanto ele é quem desconhecia
seu próprio caráter ruim.
Não sabemos se o fariseu chegou a perceber a ironia daquele
episódio, mas sabemos que todos os presentes reconheceram o
poder de Jesus de perdoar pecados. O Salvador não somente
anunciou o perdão à mulher no versículo 47, mas reiterou essa
concessão no versículo 48. Sua ação provocou a indignada
pergunta: "Quem é este que até perdoa pecados?" Jesus
ouviu a pergunta, mas não lhe deu atenção. Em vez disso,
continuou a dirigir-se à mulher, assegurando-lhe tanto a
salvação como a paz — estas também qualidades exclusivas
de Deus.
O ponto-chave a observar neste capítulo é que, embora os
convidados questionassem o direito de Jesus perdoar pecados,
eles nunca duvidaram do fato de Jesus ter feito tal afirmação.
O Exemplo Maior do Poder de Perdoar de Jesus
Embora os dois incidentes anteriores tenham mostrado
claramente que Jesus atribuiu a si a autoridade de perdoar
pecados, talvez a evidência mais forte disto é encontrada no
calvário. Enquanto esteve pregado à cruz para resgatar pelo
perdão toda a humanidade, Jesus por duas vezes teve
oportunidade de perdoar pessoas específicas.
Um caso em particular traz grande conforto àqueles que
esperam até o último momento para fazer as pazes com Deus.
A conversão com o ladrão crucificado ao lado de Jesus prova
que nunca é tarde demais para receber o perdão, mesmo
quando a chama da vida esteja se apagando.
Aquele homem era um "malfeitor", um grande pecador que
admitiu ser "ladrão e salteador". No início de sua execução ele
e seu companheiro ladrão se juntaram à multidão hostil
zombando e escarnecendo de Jesus2. Entretanto, depois de
contemplar Jesus por algum tempo, algo aconteceu no coração
daquele homem. Embora seu companheiro ladrão continuasse a
"blasfemar" (no grego, eblasphemei, uma palavra que
normalmente significa a injúria contra Deus) contra Jesus, esse
homem foi repreendido por seu parceiro e afirmou a inocência
de Jesus. "Recebemos o castigo que os nossos atos merecem",
disse ele, "mas este nenhum mal fez." Então dirigiu-se a
Jesus: "Senhor, lembra-te de mim quando vieres no teu
reino." E como Jesus respondeu? "Em verdade te digo que hoje
estarás comigo no paraíso" (Lc 23.43).
A dupla natureza de Jesus é exemplificada neste ato. Ele
era plenamente homem pelo fato de poder morrer por nossos
pecados e era plenamente Deus porque podia perdoar aquele
ladrão moribundo dos pecados que cometera.

2. Mateus 27.44; Marcos 15.32


O segundo exemplo da prática do perdão oferecido por Jesus
no Calvário não é menos impressionante. Ele fez o que ninguém
teria feito ao sofrer uma morte injusta e dolorosa. Muitas pessoas
imaginam a crucificação de nosso Senhor da maneira como
ela é representada em alguns quadros famosos. A verdade é
que Ele sofreu ferimentos até ficar praticamente
irreconhecível. 0 profeta já dissera: "Como pasmaram muitos à
vista dele, pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do
que o de outro qualquer, e a sua aparência mais do que a dos
outros filhos dos homens"3. Os soldados romanos bateram
nele, colocaram uma coroa de espinhos em sua cabeça e
feriram seu rosto, deixando-o desfigurado.
No entanto, apesar dessa trágica condição, mesmo
escarnecido pelos líderes religiosos e pelos soldados que o
haviam crucificado, Jesus orou: "Pai, perdoa-lhes, porque não
sabem o que fazem"4. Algum tempo antes, diante do sepulcro de
Lázaro, Jesus tinha orado: "Pai, graças te dou porque me
ouviste"5, e Deus o ouviu novamente. Sem dúvida, sua oração
no momento em que estava pendurado na cruz salvou as
vidas daqueles que o crucificaram! Em vez de liquidar aquelas
pessoas rebeldes que estavam assassinando seu único Filho,
Deus Pai as perdoou. A oração de Jesus pode ter salvo muitas
almas naquele dia.
Estou inclinado a crer que muitos daqueles judeus e
romanos que clamavam pela morte de Jesus, faziam parte
daquela multidão que cinqüenta dias mais tarde, no
Pentecoste, se arrependeram e foram perdoados de todos os
seus pecados — incluindo o de ter crucificado Jesus!
O milagre da salvação de alguns ou de todos aqueles que
exigiram a morte de Jesus sobre a cruz é o ápice de todos os
milagres. O fato de Deus Pai e seu Filho Jesus permitirem a
salvação

3. Isaías 52.14
4. Lucas 23.34
5. João 11.41
das próprias pessoas que causaram sua crucificação está
além da compreensão humana. Eu creio nisso, mas admito que
não consigo entender isso a não ser à luz da oração de Jesus:
"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." Eles sabiam
que estavam crucificando um homem bom, mas não sabiam que
estavam crucificando o Filho de Deus — isto é, até depois de
sua ressurreição e do sermão de Pedro no Pentecoste.
Quantas dessas pessoas receberam o perdão dos pecados e
a salvação pela fé em Jesus, nunca saberemos até o dia de nos
encontrarmos com elas no céu. Uma coisa é certa: todas elas
podem ter sido perdoadas! Nenhuma delas foi condenada por
ter participado da crucificação do Messias — porque Jesus, em
essência, orou para que "esse pecado não lhes fosse
imputado... pois eles não sabiam o que estavam fazendo". Não
tinham idéia de que estavam matando o Rei da Glória. Não
sabiam o quanto eram afortunadas por viverem no apogeu da
história, quando o Cordeiro sacrificial de Deus tinha vindo a
este mundo. A oração de Jesus poupou-os das conseqüências
de seu terrível pecado. Se elas não receberam a salvação no
primeiro dia do Pentecoste, foi porque se recusaram a
receber o perdão por outros pecados cometidos.
O pecado mais terrível de todos os tempos foi certamente
a morte deliberada do "Cordeiro de Deus". No entanto,
aqueles que participaram deste crime infame estão sem culpa
porque Jesus orou: "Pai, perdoa-lhes." Assim fazendo, Ele
nos deixou o maior exemplo de perdão da história universal.
Somente Deus pode perdoar dessa maneira! Além disso, Ele
deixou-nos a certeza de que também nós podemos ser
perdoados de nossos pecados.

Seus Pecados Foram Perdoados?


Jesus veio a este mundo para trazer a salvação para os pecados
de toda a humanidade. Esse propósito se cumpriu em você?
Seus pecados foram perdoados, apagados? Isso tudo depende
de sua disposição de pedir a Ele que o perdoe. Se você ainda
não fez isso (ou tem dúvidas se o fez), insisto que o faça antes de
terminar a leitura deste livro. Uma vez que Ele pagou o eterno
débito de seu pecado sobre a cruz, três coisas apenas restaram
para você fazer:

1. Admitir que foi por você e por seus pecados que Jesus
morreu.
2. Crer que Ele ressuscitou dentre os mortos.
3. Rogar-lhe que perdoe seus pecados e salve sua alma.

Se você fizer estas três coisas, Jesus lhe assegura que você
estará com Ele na eternidade, exatamente como o ladrão
arrependido na cruz está agora com Ele. Mas, depois de passar
por essas três coisas, você terá feito mais do que assegurar um
lugar no céu. Isso o capacitará também a seguir o exemplo de
Jesus de perdoar àqueles que o ofenderem ou lhe fizerem
algum mal. Este é uma dos maiores milagres da salvação.

Uma Nova Motivação Para Perdoar


É extraordinário ver como as pessoas que experimentaram o
perdão de Deus através de Jesus se sentem motivados a
perdoar. Lembro-me de ter orado com um homem irascível,
cheio de ódio e que se relacionava muito mal com toda sua família
ou com qualquer um que se aproximasse dele. Após um longo
período, tive o privilégio de transmitir-lhe o evangelho de
Cristo, e um dia ele dobrou seus joelhos e recebeu Cristo em
seu coração. Após alguns momentos sentindo a emoção da
"paz com Deus", muito comum àqueles que param de lutar
contra Ele, repentinamente o homem empertigou-se e disse:
"Ó Deus, vou perdoar meu pai." Então ele me contou como,
durante toda sua vida, fora rejeitado e maltratado por seu pai.
Durante anos meu amigo tinha insistentemente odiado o pai...
e como a maioria dos que nutrem esse sentimento, este mesmo
ódio envenenou suas emoções e arruinou seus relacionamentos
com aqueles que deveriam ser o objeto de seu afeto. Depois de
assegurar-lhe que ele deveria efetivamente perdoar seu pai —
não porque seu pai o merecesse, mas porque Jesus lhe
ordenava — também lhe mostrei que Cristo, seu novo Mestre, o
tornaria capaz de fazê-lo. Oramos juntos novamente e em
seguida ele fez uma oração simples e sincera em que
reconheceu que, após todos aqueles anos, seria difícil perdoar
um homem que tinha pecado tão gravemente contra ele —
mas ele humildemente pediu a ajuda de Deus para ser capaz
de perdoar e esquecer o passado. Orei para que ele
aprendesse a amar seu pai.
A princípio ele estava relutante, mas foi para casa contar à
esposa sobre sua nova fé. Ele telefonou no dia seguinte para
dizer-me: "Tive ontem a melhor noite de sono depois de
muitos anos", e acrescentou que tinha se desculpado com sua
esposa por todas as mágoas que tinha lhe causado. Logo depois,
ele me disse que iria visitar seu pai no próximo sábado para
pedir-lhe perdão pela ira de muitos anos contra ele.
Não foi fácil, mas ele prosseguiu em seu intento. Mais tarde
ele me contou que, durante sua visita, seu pai chorou e nada
pôde dizer. Decorridos seis meses, esse meu amigo levou seu
pai a Cristo e hoje procuram desenvolver uma amizade. Toda
sua família acha que este homem é um milagre ambulante.
Como disse um de seus filhos adolescentes — "Meu pai está tão
diferente que até o cachorro gosta dele agora!"
Este é o poder do perdão em ação, diferente de qualquer
outra experiência sobre a terra! Isto só é possível, entretanto,
por meio de Jesus de Nazaré — o Cristo ressurreto. Jesus
ainda está empenhado em perdoar pecados e em nos ajudar a
perdoarmos os outros.
Isto não é apenas espantoso — é divino. Exatamente o que
Jesus é.
14
O Testemunho do
Cumprimento das Profecias -
Parte I
Profecias sobre a Descendência,
Nascimento, Vida e Ministério de Jesus

Chegamos agora à evidência mais convincente de todas em


relação à identidade de Jesus de Nazaré: o grande número de
profecias cumpridas por Ele durante sua existência terrena. Os
profetas hebreus providenciaram meios para que os judeus
pudessem identificar o Messias prometido. Mais de cem
profecias messiânicas estão distribuídas por todo o Velho
Testamento, algumas de mil e quinhentos anos antes de seu
nascimento. A validade do uso das Escrituras para identificar
o Messias pode ser observada na vida de Simeão e Ana, dois
antigos estudiosos da Bíblia que viveram na época do
nascimento de Jesus. 0 evangelho de Lucas1 narra que eles
previram que presenciariam a vinda do Messias, de forma que
foram ao templo logo após o nascimento de Jesus para
aguardar sua chegada. Eles não haviam se enganado, pois
viram realmente (Simeão até segurou-o nos braços!) o Cristo
recém-nascido.
1. Lucas 2.25-38
Infelizmente, os líderes judeus perderam tal privilégio.
Por quê? Eles não estavam esperando um Messias sofredor,
mas um Messias poderoso. Consciente ou
subconscientemente, eles rejeitaram as profecias de um
Salvador sofredor. Infelizmente, a maioria dos judeus da
época de Jesus não tinha conhecimento das Escrituras,
apegando-se a tradições seculares, muitas das quais em
discordância com as Escrituras hebraicas. (Um problema
semelhante afeta muitos descrentes hoje; eles não têm
conhecimento bíblico suficiente para fazer julgamentos
válidos a respeito da real identidade de Jesus.)
Na verdade, existem muitas evidências indicando que a
identidade de Jesus pode ser encontrada em muitas
profecias do Velho Testamento, todas elas escritas de
seiscentos a mil e quinhentos anos antes do nascimento de
Jesus. Algumas são tão convincentes que um rabino
moderno (que vamos conhecer adiante) admitiu que Jesus
era, inegavelmente, o Messias — "para os gentios"! Ele
espera que o "Messias judeu" venha mais tarde. Isto, sem
dúvida, salienta o valor dessas evidências.

Jesus Afirmou Ser o Cumprimento da Profecia


Jesus nunca teve dúvidas sobre quem Ele era. Logo no
início de seu ministério, antes de ter sido tentado pelo
próprio Satanás no deserto, Lucas registra:

Indo para Nazaré, onde fora criado, [Jesus] entrou, em um


sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se
para ler Então lhe deram o livro do profeta Isaías, e, abrindo o
livro, achou o lugar onde estava escrito:
"O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu
para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar
libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para
por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do
Senhor "
Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se;
e todos na sinagoga tinham os olhos fitos nele. Então passou
Jesus a dizer-lhes: "Hoje se cumpriu a Escritura que acabais
de ouvir." (Lc 4.16-21)

É quase impossível exagerar a importância deste


acontecimento. Neste texto, Jesus está se apresentando aos
habitantes de Nazaré como o cumprimento da profecia de
Isaías2. Após relacionar as coisas que o Messias faria quando
viesse — atividades que Jesus já estava realizando ("pregar o
evangelho... curar os sofredores... anunciar a libertação aos
cativos... pôr em liberdade os oprimidos [até os possuídos por
demônio]... restaurar a vista aos cegos... apregoar o ano
aceitável do Senhor" [isto é, a era da graça ou da igreja atual]
— Ele em seguida personalizou o texto esclarecendo que Ele
era o objeto dessa profecia: "Hoje se cumpriu a Escritura que
acabais de ouvir." Eis por que tentaram matá-lo.
Se os judeus de sua época tivessem compreendido esta e
outras profecias do Velho Testamento, teriam reconhecido
Jesus como o Messias. Mas, como Ele disse, "não tendes a sua
palavra permanente em vós", assim nem em Jerusalém nem
em Nazaré eles o reconheceram3.
Uma confirmação adicional de que os profetas do Velho
Testamento falaram abertamente sobre Jesus pode ser vista no
encontro dele com Cleopas e mais um discípulo, quando
retornavam de Jerusalém, caminhando pela estrada de Emaús,
logo depois de sua ressurreição. Lucas diz que "os seus olhos
estavam como que impedidos de o reconhecer". Quando Jesus
perguntou a causa de sua tristeza,

2. Isaías 61.1-3
3. João 5.38
Um, porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo: "Es o
único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras
as ocorrências destes últimos dias?" Ele lhes perguntou:
"Quais?"
E explicaram: "O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que
era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de
Deus e de todo o povo, e como os principais sacerdotes e as
nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte,
e o crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem
havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o
terceiro dia desde que tais coisas sucederam. É verdade
também que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos
surpreenderam, tendo ido de madrugada ao túmulo; e, não
achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem tido uma
visão de anjos, os quais afirmam que ele vive. De fato alguns
dos nossos foram ao sepulcro e verificaram a exatidão do que
disseram as mulheres; mas a ele não viram."
Então lhes disse Jesus: "O néscios e tardos de coração para
crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha
que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?" E,
começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas,
expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as
Escrituras. (Lc 24.18-27)

O efeito sobre eles foi instantâneo e emocionante. Eles


comentaram: "Porventura não nos ardia o coração, quando
ele pelo caminho nos falava, quando nos expunha as
Escrituras"?4 As únicas Escrituras que eles tinham eram os
livros do Velho Testamento escritos por Moisés e pelos
profetas hebreus. Usando-os como base, Jesus fez-lhes uma
exposição detalhada sobre "o que a seu respeito constava".
Estas duas passagens por si só não deixam nenhuma dúvida
de que Jesus se considerava o cumprimento das profecias do
Velho Testamento.
4. Lucas 24.32
109 Profecias Messiânicas
O falecido Alfred Edersheim, um mestre especializado na
Septuaginta, escreveu um livro clássico entitulado A Vida e a
época de Jesus, o Messias. Neste livro Edersheim afirmou
existirem 456 passagens messiânicas, "apoiadas por mais de
558 referências dos antigos escritos rabínicos... uma leitura
cuidadosa das Escrituras mostra que as principais citações do
Novo Testamento concernentes ao Messias são amplamente
sustentadas por afirmações rabínicas"5.
Muitas destas 456 profecias messiânicas são repetitivas e
algumas são totalmente confusas. Mas os estudiosos
concordam que há pelo menos 109 diferentes profecias para o
Messias cumprir. O cumprimento delas por um único
indivíduo requer uma pessoa tão incomum que todos os outros
candidatos, e certamente todas as outras pessoas que já
viveram, serão eliminados — exceto um!6

Respondendo a uma Possível Objeção

Antes de tratar de algumas das principais profecias cumpridas


por Jesus durante sua existência terrena, gostaria de expor um
dos problemas que ocuparam minha mente e me levaram a
questionamentos quando jovem. Meus estudos posteriores me
fizeram ver que eu não estava sozinho. Muitos tinham a mesma
pergunta: "Como saber se essas profecias não foram escritas
depois da passagem de Jesus pela Terra?"
Nos tempos antigos, escrever sobre papiros era uma tarefa
difícil e muitos documentos não sobreviveram à passagem do
tempo. Pode-se imaginar então que foi montado um esquema

5. Edersheim, Alfred. The Life and Times of Jesus the Messiah, Vol 1, Hendrickson
Publ. Inc., pp. 163-164
6. Pollock, Dennis. "Messiah Has Come" in Lamplighter Journal, no. 12,
Dezembro de 1997, p. 8.
para fazer a vida de Jesus parecer profética, criando-se
posteriormente tais "profecias". Estudiosos modernos
estabeleceram que isso é simplesmente impossível. Os
últimos textos do Velho Testamento foram provavelmente
escritos duzentos a trezentos anos antes do nascimento de
Jesus, pois foi nessa época que a Septuaginta (a tradução
grega das Escrituras hebraicas) foi escrita. Muitos
especialistas admitem que o original hebraico é entre
cinqüenta e cento e cinqüenta anos anterior à Septuaginta.
Isto significa que todas as 109 profecias sobre a vida e
morte de Jesus tiveram de ser escritas pelo menos duzentos
e cinqüenta a quatrocentos anos antes de seu nascimento!
Conseqüentemente, essas profecias são mais do que
suficientes para evidenciar a singularidade de Jesus.
E isto torna-se ainda pior para os céticos. Um artigo
recente da revista Time admitiu que as descobertas da
arqueologia moderna têm "fornecido às afirmações bíblicas
exatidão histórica,, e comprovado sua composição antiga.
Depois de apresentar a descoberta de vários objetos e de
cidades há muito tempo perdidos, o autor referiu-se a dois
pequenos rolos de prata encontrados dentro de uma
sepultura:

Eles foram datados de cerca de 600 a. C, pouco tempo antes da


destruição do templo de Salomão e do exílio israelita na
Babilônia. Quando os cientistas abriram cuidadosamente os
rolos no Israel Museum, encontraram um trecho do livro de
Números, escrito por Moisés, gravado na superfície. A
descoberta deixou claro que partes do Velho Testamento
estavam sendo copiadas muito antes do que alguns céticos
acreditavam que elas tinham sido escritas/

Como alguém admitiu —'"Somente uma tendência

7. Lemonick. Michael D. "Are the Bible's Stories True?", in Time, 18 de Dezembro


de 1995, p. 67, ênfase do autor.
preconceituosa contra a própria profecia sobrenatural (tais como
aquelas que se originam de uma visão racionalista) ou contra as
profecias referentes à pessoa de Jesus, pode impedir que
alguém aceite as Escrituras" como profecia messiânica
escrita com antecedência.
Considere a matemática envolvida no cumprimento
dessas profecias. A probabilidade de que apenas 20 das 109
profecias pudessem ser cumpridas em um homem ao acaso
se ria menor que uma em um quatrilhão, cento e vinte e
cinco trilhões. A maioria das pessoas não pode sequer
imaginar tal número. Se pudesse, ele seria assim em
algarismos: 1 em 1.125.000.000.000.000.
Este capítulo sobre o cumprimento das profecias
messiânicas foi escrito para mostrar que muitas profecias
cumpridas por Jesus durante sua existência terrena o
identificam — e somente a Ele — como o Messias prometido.
Como elas foram escritas centenas de anos antes do
nascimento de Jesus, devemos concluir que Ele era mais do
que um simples homem. Jesus era de fato o Messias e o
Salvador do mundo. Veremos a seguir algumas dessas
evidências.

O Endereço Como Meio de Identificação


Onde estaríamos todos nós sem um endereço? Por exemplo,
meu endereço é: Tim LaHaye, P. O. Box 2700, Washington,
D.C. 20013-2700, U.S.A. Sou a única pessoa no planeta Terra
que tem exatamente este endereço; por essa razão, entre seis
bilhões de pessoas no mundo, sou o único que recebe
correspondência enviada a esse endereço.
No entanto, apenas cinco dados caracterizam meu endereço.
"U.S.A" distingue meu país de quase duzentos outros.
"Washington, D.C." separa minha cidade de cinqüenta estados
e de centenas de cidades de meu país. O código de
endereçamento postal (CEP) restringe minha residência a um
determinado lugar
de minha cidade e o número de minha caixa postal é diferente
de milhares de outras caixas. Por fim, meu nome na carta me
distingue de outros que se utilizam dessa mesma caixa postal
(minha esposa, meus filhos e dois empregados). Deste
modo, apenas cinco dados me identificam entre seis bilhões de
seres humanos.
Da mesma maneira, cinco meios de identificação (neste caso,
profeciais escritas sobre ocorrências futuras) podem facilmente
identificar Jesus. Mas sua identificação não se limita a cinco
dados específicos; como dissemos, há mais de cem deles. Eis por
que Jesus insistia que os judeus de Jerusalém deviam tê-lo
reconhecido como o Messias. Naquela fase de sua vida, Ele já
havia cumprido inúmeras profecias referentes ao Messias.
Não pretendemos aqui examinar todas as profecias
messiânicas que Jesus cumpriu em sua existência terrena.
Examinaremos, porém, a quantidade suficiente para provar sua
verdadeira identidade. Até que ponto? O suficiente para
convencer até mesmo aqueles judeus que se dispõem a examinar
tal evidência.
Um rabino moderno, que rejeitou Jesus, foi honesto o
suficiente para admitir que o Messias deveria ser "exatamente
como Jesus de Nazaré, exceto por sua morte absurda". Outro
rabino apareceu em um debate promovido por um programa de
televisão onde foi apresentado como um dos únicos rabinos no
mundo que também estuda o Novo Testamento. Esse rabino
concluiu, pelos seus estudos, que Jesus havia cumprido todas as
profecias messiânicas — incluindo sua morte e ressurreição —
e que ele foi realmente o Messias — mas apenas para os
gentios!
Isto já é um progresso, mas realça a dificuldade que temos
em convencer os judeus de hoje sobre a identidade de Jesus.
Este rabino rejeitou Jesus como o Messias dos judeus, não
porque Jesus tenha falhado em cumprir quaisquer das
profecias, mas porque Ele teria de vir outra vez para cumpri-
las de novo. A razão para isso está na conclusão deste rabino:
"Quando o
Messias vier, Ele vai resolver todos os problemas do mundo.
Ainda vejo guerras, morte, doença, pobreza, etc; portanto,
ainda estamos esperando nosso Messias."
0 que este homem não compreendeu é que o Messias tinha
de sofrer primeiramente8 pelos pecados do mundo. Então, nos
últimos dias, Ele voltaria para cumprir todas as profecias a
respeito de sua segunda vinda.

Vinte e Oito Profecias Cumpridas


Embora não tenhamos espaço para examinar todas as 109
profecias messiânicas que Jesus cumpriu, podemos examinar
28 das mais específicas. Muitas delas responderam às
dúvidas e perguntas que tive em minha idade adulta. Neste
capítulo vamos considerar as doze primeiras dessas 28
profecias, que tratam de seu nascimento, linhagem, vida e
ministério. No capítulo seguinte vamos considerar as dezesseis
profecias restantes, referentes à sua morte, sepultamento e
ressurreição.

I. Profecias Sobre Seu Nascimento e Linhagem

1. O Messias deveria vir da semente da mulher9


Este versículo tem sido aceito ao longo dos tempos pelos rabinos
e estudiosos de Israel como a primeira qualificação do Messias.
Diferentemente de outros homens, que resultam da semente
de seu pai, o Messias deve se originar da "semente da mulher".
Como sabemos hoje, as mulheres não têm "semente". Elas
provêem o "óvulo" na concepção, mas precisam ser
fertilizadas pela semente de um homem para que engravidem.
O Novo Testamento indica com clareza que José não foi o pai
de Jesus, assim como nenhum outro homem. Aquela "coisa
santa" ou semente foi plantada no útero de Maria e, pela
primeira vez na
8. Isaías 53
9. Gênesis 3.15
história humana, uma virgem concebeu e deu à luz um filho. 0
cumprimento dessa profecia através do nascimento virginal de
Jesus tornou-o imediatamente diferente de todos os homens.

2. Seu nascimento virginal foi um sinal revelador10


Pelo menos setecentos anos antes do nascimento de Jesus, um
dos maiores profetas hebreus antecipou: "Portanto o Senhor
mesmo vos dará sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz
um filho, e lhe chamará Emanuel." Esta profecia foi cumprida pela
miraculosa intervenção de Deus e confirmada por um anjo11,
pelos pais de Jesus, por Mateus, Lucas e outros. Hoje, um dos
fatos mais conhecidos da vida de Jesus é que Ele, diferente de
qualquer outro que já tenha vivido, nasceu de uma virgem. 0
cumprimento desta conhecida profecia faz dele um ser único.

3-5. O Messias descende de uma linhagem especial


Ao longo da história Deus revelou uma lista restrita de pessoas
de quem o Messias descenderia. Com o dilúvio, dois terços da
raça humana foram eliminados e Deus revelou então que seria
por meio da linhagem de Sem que o Messias habitaria com os
homens12. Anos mais tarde, Deus separou um grupo étnico
especial conhecido como hebreus afirmando em Gênesis13
que dele sairia o Messias. Pouco tempo depois limitou a
linhagem a Isaque14. Isaque e sua esposa tiveram dois filhos, e
Deus escolheu um deles, Jacó, para dar seqüência à
linhagem messiânica15. Jacó, por sua vez, teve doze filhos e o
Senhor escolheu somente Judá para dar continuidade à linhagem
do Messias. "O

10. Isaías7.14
11. Mateus 1.20-25
12. Gênesis 11.10-32
13. Gênesis 12.3
14. Gênesis 17.19
15. Gênesis 28.13 e 14
cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus
pés, até que venha Silo; e a ele obedecerão os povos"16.

6. O Messias é o Herdeiro do trono de Davi

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo


está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso,
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da
Paz;para que se aumente o seu governo e venha paz sem fim
sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o
firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O
zelo do Senhor dos Exércitos fará isto. (Is 9.6- 7)

Esta profecia fez com que muitos judeus rejeitassem


Jesus como o Messias. Isto porque, embora Ele cumprisse
a primeira parte da profecia, que diz: "Um menino nos
nasceu... um filho se nos deu", faltava ainda cumprir o
restante. Ele precisava ainda reinar sobre o trono de Davi
como Senhor dos senhores.
Os quatro evangelhos concordam que Jesus veio
primeiramente como um servo humilde para sacrificar-se
pelos pecados, cumprindo a profecia de Isaías 53. Mas os
judeus do tempo de Jesus não queriam um salvador
sofredor que os salvasse de seus pecados; eles queriam um
rei que tomasse o poder e governasse sobre as nações. Eles
não perceberam que precisavam primeiramente de um
sacrifício pelos pecados (assim como o mundo inteiro).
Somente mais tarde, quando Jesus voltasse com poder e
glória, seria cumprido o restante da profecia.
16. Gênesis 49.10. Observe cuidadosamente como esta profecia foi cumprida.
Os judeus desfrutavam um período de autogoverno, mesmo após o
cativeiro babilônico, que terminou exatamente antes do início do ministério
de Cristo, por volta de 30 d.C. A partir daí, como sabemos pela história, eles
foram dominados pelos romanos, que retiraram deles a capacidade de
condenar à morte aqueles que fossem culpados de pecados religiosos. Isto
pode ser observado no relato da crucificação de Jesus, pois o Sinédrio não
tinha autoridade para condenar Jesus à morte, razão por que levaram-no a
Pilatos. Somente quando Pilatos deu sua autorização eles puderam
crucificá-lo.
0 versículo 7 afirma que o Messias seria da linhagem do rei
Davi, reinando em seu lugar. Portanto, não é surpresa que
Mateus trace a linhagem de Jesus a partir de Abraão, Isaque,
Jacó, seguindo a família de Jessé até chegar ao próprio Davi.
Isto se torna especialmente importante quando se sabe que
nenhuma comprovação dessa linhagem poderia ser feita hoje.
Todos os registros genealógicos dos judeus foram destruídos na
Diáspora (a "dispersão", quando os judeus foram retirados de
suas casas e espalhados por todo o mundo), sendo assim
impossível atualmente identificar o Messias pelo histórico
familiar. Mas como a linha do nascimento de Jesus Cristo
estava disponível naquele primeiro século, as credenciais de
Jesus desta forma estão claramente estabelecidas.

7. O Messias deve nascer em Belém


Uma das profeciais mais conhecidas sobre o nascimento de
Jesus está em Miquéias 5.2: "E tu, Belém Efrata, pequena
demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me
sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade."
Por que Belém? Porque esta era a cidade de Davi. Ainda hoje
a única razão para a fama desta pequena cidade é que ela foi o
berço de nascimento de Jesus Cristo. Israel tinha numerosas
cidades e aldeias, porém Deus escolheu Belém porque tinha
sido a cidade de Jessé e Davi17. Ainda hoje, judeus ortodoxos
esperam que seu Messias nasça ali. É provável que menos de
mil pessoas vivessem ali na época em que Jesus nasceu, e
mesmo hoje ela é uma cidade bem pequena (exceto na época
em que milhares de turistas surgem de todas as partes do
mundo para celebrar o nascimento de seu mais famoso
cidadão).
Embora tenha nascido em Belém, Jesus não foi criado lá.
Seus pais viviam em Nazaré e foram a Belém somente para

17. Isaías 11.1


pagar os tributos exigidos pela lei. Lá chegando, Maria deu
à luz o Messias, na mesma cidade em que os profetas
haviam dito que Ele nasceria. 0 fato de Maria, já com a
gestação avançada, conseguir viajar vários quilômetros no
lombo de um jumento sem que o menino nascesse pelo
caminho, antes de chegar a Belém, é em si, um pequeno
milagre.

8. Quando criança, Ele seria chamado do Egito


"Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o
meu filho"18. Uma das partes mais tristes da história do
Natal é o terrível decreto do rei Herodes para matar todos
os meninos de Belém de até dois anos de idade em uma
tentativa de eliminar quaisquer ameaças futuras ao seu
trono. Ao ler o relato de Mateus sobre esses eventos,
observe como Jesus não tinha nenhum controle sobre ser
enviado ao Egito:

Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei


Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E
perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus?
porque vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para adorá-
lo. Tendo ouvido isto, alarmou-se o rei Herodes e, com ele, toda
Jerusalém; então, convocando todos os principais sacerdotes
e escribas do povo, indagava deles onde o Cristo deveria
nascer.
Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim está
escrito por intermédio do profeta: E tu, Belém terra de Judá,
não és de modo algum a menor entre as principais de Judá;
porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo,
Israel.'
Com isto Herodes, tendo chamado secretamente os magos,
inquiriu deles com precisão quanto ao tempo em que a estrela
aparecera. E, enviando-os a Belém, disse-lhes: "Ide informar-
vos cuidadosamente a respeito do menino; e, quando o tiverdes
encontrado, avisai-me, para eu também ir adorá-lo." (Mt
2.1-8)
18. Oséias 11.1
As instruções de Herodes, naturalmente, tinham um
propósito maligno. Se Deus não tivesse enviado um anjo
para alertar José e Maria das verdadeiras intenções do rei, o
menino Jesus poderia ter morrido.

Tendo eles partido, eis que aparece um anjo do Senhor a José em


sonho, e diz: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o
Egito, e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de
procurar o menino para o matar. Dispondo-se ele, tomou de
noite o menino e sua mãe, e partiu para o Egito; e lá ficou até a
morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo
Senhor por intermédio do profeta: "Do Egito chamei o meu
Filho."
Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes
grandemente, e mandou matar todos os meninos de Belém e de
todos os seus arredores, de dois anos para baixo, conforme o
tempo do qual com precisão se informara dos magos. Então se
cumpriu o que fora dito por intermédio do profeta Jeremias:
"Ouviu-se um clamor em Rama, pranto, [choro] e grande
lamento; era Raquel chorando por seus filhos e inconsolável
porque não mais existem." (versículos 13-18)

Pelo menos três profecias foram cumpridas neste relato


do nascimento de Cristo. Ele tinha nascido em Belém; Ele
seria chamado do Egito; e haveria dor e lamento em toda a
terra por causa da morte das crianças. Isto não é apenas
mera coincidência!

II. Profecias a Respeito de Sua Vida e Ministério

9. Ele deveria ser um profeta como Moisés

O Senhor teu Deus te suscitará um profeta do meio de ti, de teus


irmãos, semelhante a mim: a ele ouvirás... Suscitar-lhes-ei um
profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca
porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhes
ordenar. (Dt 18.15,18)

Mil e quatrocentos anos antes de Jesus nascer, Deus


prometeu a Moisés e ao povo de Israel que Ele suscitaria
"um profeta [no singular]" como Moisés. Israel teve muitos
grandes profetas — Elias, Jeremias e até mesmo Daniel —
mas nenhum deles conseguiu ser tão grande quanto Moisés
e nem realizar os milagres que ele fez... isto é, até Jesus.
John Ankerberg comenta isto:

Até a época de Jesus, os judeus comprovadamente não tinham


reconhecido ninguém como "o Profeta " que havia de vir. Os
líderes de Israel chegaram a perguntar a João Batista: "És tu
o profeta?" (Jo 1.21), mas ele negou. Porém, quando as pessoas
viram os milagres de Jesus, disseram: "Certamente este é o
Profeta que devia vir ao mundo " e "Certamente este homem é o
Profeta " e "Encontramos aquele sobre quem Moisés falou "...

Qual foi a evidência que persuadiu o povo na época de Jesus


que Ele era o único "profeta como Moisés "? Podia alguém,
além do Messias, ser digno de ser comparado a Moisés? A
seguir, vamos apresentar paralelos entre Moisés e Jesus,
provando que Jesus era "como Moisés " Mas vamos também
provar que Jesus era maior do que Moisés. Somente Jesus
cumpriu totalmente as profecias e foi além do ministério
profético de Moisés. Ele foi o único que Deus prometeu que
viria.

A. Um grande fundador de religião


Moisés entregou a revelação da lei de Deus ao povo e
fundou a religião de Israel. Mas Jesus trouxe a completa
revelação divina da graça e da verdade (Jo 1.17), cumpriu
toda a lei (Mt 5.17), e tornou-se o fundador e Salvador da
religião cristã (1 Tm 2.5,6).
B. Um grande revelador de Deus
Moisés revelou Deus escrevendo a Torá [Pentateuco,
primeiros cinco livros da Bíblia]. Moisés não chamou a atenção
do povo para si mesmo, mas escreveu fielmente sobre Deus
e sobre aquele que Deus lhe revelou que viria. Mas Jesus
afirmou: "Porque se de fato crêsseis em Moisés, também
creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se,
porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas
palavras?" (Jo 5.46, 47). Contudo, Jesus não falou
simplesmente a respeito de Deus; Ele declarou ser Ele o
próprio Deus (Jo 5.18; 10.30).

C. Um grande legislador
Moisés foi a única pessoa autorizada por Deus para entregar as
leis a Israel. Mas foi Jesus quem deu plena compreensão à lei de
Deus e forneceu "novas" leis a Israel. Ele citou a lei quando
disse: "Ouvistes o que foi dito..." mas acrescentou o que
nenhum outro profeta tinha jamais ousado falar: "Eu, porém,
vos digo..." (Mt 5.21,22). Eis por que, "quando Jesus acabou de
proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da
sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem
autoridade, e não como os escribas" (Mt 7.28, 29).

D. Um grande operador de milagres


Moisés foi um grande operador de milagres (as dez pragas
contra o Egito; a abertura do mar Vermelho, etc.) (Êx 7-14;
Dt 34.10-12). Jesus, porém, fez milagres ainda maiores que os
de Moisés. Disse Ele: "Se eu não tivesse feito entre eles tais
obras [milagres], quais nenhum outro fez, pecado não
teriam" (Jo 15.24).

De fato, ninguém podia negar seus milagres porque eles


tinham sido testemunhados por milhares de pessoas:
"Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o
Nazareno, varão
aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e
sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele
entre vós, como vós mesmos sabeis..." (At 2.22).

E. Um grande redentor
Moisés resgatou Israel do cativeiro e da escravidão do Egito
(Êx 3-4; At 7.20-39), mas Cristo resgatou o mundo do cativeiro
e da escravidão do pecado (Mt 20.28; Ef 2.1-8; Rm 3.28-4.6).

E Um grande mediador
Moisés foi o mediador entre Deus e Israel. Mas Jesus é agora o
mediador entre Deus e toda a humanidade. 1 Timóteo 2.5,6 diz:
"Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em
resgate por todos."

G. Um grande intercessor
Moisés foi o grande intercessor perante Deus em favor de
Israel, evitando que Deus destruísse seu povo
completamente, quando ele prestou adoração ao bezerro de
ouro (Êx 32.7-14; Nm 14.11-20). Mas Jesus é o maior
intercessor. Ele agora intercede por toda a humanidade (Jo 3.16;
Hb 7.25; observe Nm 21.4-9eJo3.14).

H. Um grande profeta, juiz e rei


Moisés foi um grande profeta, juiz e rei (Êx 18.13; Dt 33.5). Mas
Jesus foi um profeta, juiz e rei ainda maior (Jo 1.19-21,29-43,45;
Mt 2.2; Jo 5.26-29; Hb 7.17).

I. Moisés era como o Messias


Mas Jesus foi Ele mesmo o Messias. Ele disse isso às pessoas
simples e à várias autoridades, tais como o sumo sacerdote
judeu.
"Eu sei", respondeu a mulher, "que há de vir o Messias,
chamado Cristo; quando ele vier nos anunciará todas as coisas."
Disse-lhe Jesus: "Eu o sou, eu que falo contigo" (Jo 4.25,26). 0
sumo sacerdote perguntou a Jesus: "És tu o Cristo, o Filho do
Deus Bendito?" Jesus respondeu: "Eu sou" (Mc 14.61, 62)19.
Certamente nenhum profeta na história de Israel cumpriu a
promessa divina de ser um profeta "como Moisés"— exceto
Jesus de Nazaré. Como veremos no próximo capítulo, Jesus
fez maiores milagres do que Moisés. Ele não hesitou em elevar
os padrões da lei de Moisés apelando para sua própria
autoridade: "Ouvistes que foi dito [na lei de Moisés]... Eu,
porém, vos digo..." Verdadeiramente, Ele foi maior do que
Moisés!

10. O Messias deve ser um "Renovo justo"

Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um


Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e
executará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será
salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que
será chamado: Senhor Justiça Nossa. (Jr 23.5-6)

Muitos estudiosos bíblicos, tanto cristãos como judeus,


reconhecem que a palavra "Renovo" aqui (e em outras três
profecias em que é também usada; veja Isaías 4.2; Jeremias
33.15; Zacarias 3.8; 6.12-13) se refere ao Messias. No versículo
5, acima, o Messias ou o "Renovo" é chamado "Renovo justo",
enquanto no versículo 6 Ele é mencionado como "Senhor Justiça
Nossa". Na história do mundo, quem poderia ser chamado tanto
de "justo" como de "Senhor" [Jeová]? Somente Jesus de Nazaré!
Somente Ele podia dizer — sem receber qualquer
contestação — "Quem dentre vós me convence de pecado?"
(Jo 8.46).
19. Ankerberg, John e Weldan, John. Bible Commentary; The Facts of Jesus
the Messiah. Eugene, OR: Harvest House Publ., 1993, pp. 17-19.
O estudioso luterano Dr. Theodore Laetsch, em seu
comentário sobre o livro de Jeremias, apresenta
sucintamente o cumprimento desta profecia em Jesus
Cristo:

Ao esmagar a cabeça de Satanás, a Semente de Davi, que é a


Semente da Mulher encontrada em Gênesis 3.15, conquistou
a justiça para o gênero humano. Como o Servo do Senhor, Ele
levou sobre si os pecados do homem (Is 53.11), que o Senhor
fez cair sobre Ele (versículo 6), que nunca cometeu injustiça
(versículo 9) e que sofreu todos os castigos que o homem
merecia (versículos 5-6). Pelo seu sofrimento vicário, Ele
cumpriu em nosso lugar todos os requisitos exigidos pela justiça
de Deus e se tornou 'justiça nossa ", estabelecendo essa justiça
como norma a ser seguida em seu Reino. Sendo essa
justiça obtida e estabelecida por Ele, a quem Deus chama
de "Senhor Jeová] justiça nossa ", ela não só é aquela que foi
prometida no Velho Testamento mas também é eterna como o
próprio Deus, abrangendo também as coisas passadas. (Hb
9.15)20

Deve-se notar que ninguém na história, quer no Velho


ou no Novo Testamento ou nos dias de hoje, consegue
sequer aproximar-se do cumprimento desta profecia —
exceto Jesus Cristo.

11. O ministério de Jesus cumpriu o ministério


profetizado para o Messias

Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do


Senhor nasce sobre ti. Porque eis que as trevas cobrem a terra, e
a escuridão os povos; mas sobre ti aparece resplendente o
Senhor, e a sua glória se vê sobre ti As nações [gentias]se
encaminham para a tua luz, e os reis para o resplendor que te
nasceu. (Is 60.1 -3)

20. Laetsch, Dr. Theodore. Jeremiah, St Louis, MO: Concórdia, 1965, pp. 191 e 192.
Esta é uma descrição tão detalhada de qual seria a missão
do Messias que deve ser incluída aqui. Ao examinar as
profecias relacionadas abaixo, observe seu cumprimento
detalhado na vida de Jesus, como está documentado nos
quatro evangelhos.

1. "o Espírito do Senhor está sobre mim... me ungiu";


2. "a pregar boas-novas aos pobres";
3. "proclamar libertação aos cativos";
4. "abertura de prisão àqueles que estão em cadeias";
5. "a apregoar o ano aceitável do Senhor";
6. "e o dia da vingança do nosso Deus (citado no discurso
do monte das Oliveiras em Mateus 24-25, repetido em
Marcos 13 e Lucas 21);
7. "a consolar todos os que choram" (este versículo se
aplica à sua segunda vinda, quando Ele estabelecer seu
Reino).

12. O Messias deve ser precedido por um precursor

Voz do que clama no deserto: "Preparai o caminho do Senhor;


endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo vale será
aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; o que é
tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados. A
glória do Senhor se manifestará, e toda a carne a verá, pois a
boca do Senhor o disse." (Is 40.3-5, veja também Ml 3.1)

Já vimos que esta profecia foi cumprida por João Batista,


portanto vamos agora apenas observar o cumprimento da
profecia:

Ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando o


batismo de arrependimento para remissão de pecados,
conforme está escrito no livro das palavras do profeta Isaías:

Voz do que clama no deserto: "Preparai o caminho do Senhor,


endireitai as suas veredas. Todo vale será aterrado, e nivelados
todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos serão
retificados, e os escabrosos, aplainados; e toda a carne verá a
salvação de Deus." (Lc 3.3-6)

A Evidência Aumenta
Estas doze profecias por si só devem fazer com que até os
céticos mais intransigentes reconsiderem seu ceticismo.
Entretanto, ainda não terminamos! No próximo capítulo
vamos considerar outras dezesseis profecias, desta vez
mostrando como as Escrituras anunciaram antecipadamente
a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus. Como
veremos, esses pontos constituem os mais marcantes — e
decisivos — indicadores da identidade de Jesus.
15
O Testemunho do
Cumprimento das Profecias -
Parte II
Profecias sobre a Paixão, Morte,
Sepultamento e Ressurreição de Jesus

A paixão, morte, sepultamento e ressurreição de Jesus


Cristo não foram acidentais, mas sim o cumprimento de um
plano premeditado de Deus antes da fundação do mundo — um
plano ao qual Jesus se sujeitou livremente. Por que Ele disse:
"Ninguém a tira de mim [minha vida]; pelo contrário, eu
espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e
também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai"1.
Em nenhum momento as multidões, os principais da
sinagoga, os judeus, ou mesmo os romanos tiveram poder
sobre Jesus para tirar-lhe a vida. Ao contrário, Ele se deu
voluntariamente por todos os pecadores do mundo; qualquer
um que esteja disposto a aceitar esse sacrifício pode receber o
perdão divino. Jesus deixou isso claro no jardim do Getsêmani,
depois de Pedro ter cortado a orelha do servo do sumo
sacerdote:

1. João 10.18
Então Jesus lhe disse: "Embainha a tua espada; pois todos os
que lançam mão da espada, à espada perecerão. Acaso pensas
que não posso rogara meu Pai, e ele me mandaria neste
momento mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se
cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve
suceder?" (Mt 26.52-54)

Séculos antes do nascimento de Jesus, as Escrituras


expuseram vários detalhes específicos com referência à sua
morte. Jesus conhecia bem essas passagens e sabia desde o
começo que estava destinado a cumprir todas elas.

III. Profecias Referentes à Sua Morte

A morte de Jesus foi planejada antecipadamente, sendo o


fato mais mencionado pelos profetas hebreus. As profecias
messiânicas a seguir se relacionam com sua prisão,
julgamento e crucificação. Nenhum desses acontecimentos
poderia ter sido forjado.

13. O Messias, "o Ungido", a ser morto "pelos pecados


do povo" 483 anos mais tarde
Cerca de quinhentos ou seiscentos anos antes do nascimento
de Jesus o profeta Daniel escreveu o seguinte:

Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a


tua santa cidade para fazer cessar a transgressão, para dar
fim aos pecados, para expiara iniqüidade, para trazer a
justiça eterna, para selara visão e a profecia, e para ungir o
Santo dos Santos.
Sabe, e entende: desde a saída da ordem para restaurar e
para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete
semanas e sessenta e duas semanas: as praças e as
circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
Depois das sessenta
e duas semanas será morto o Ungido, e já não estará; e o povo
de um príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário,
e o seu fim será em um dilúvio, e até o fim haverá guerra;
desolações são determinadas.
Ele fará firme aliança com muitos por uma semana;
na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de
manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até
que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele.
(Dn 9.24-27)

Por mais incrível que possa parecer, esta profecia de


Daniel foi cumprida por Jesus na semana que antecedeu a
crucificação, quando Ele formalmente se apresentou à
nação hebréia como seu Messias. Pode-se estabelecer que,
exatamente 483 anos depois da "saída da ordem para
edificar Jerusalém", o Messias foi morto e rejeitado por seu
povo.
Mas, primeiramente, vejamos o contexto desta
passagem. Deus enviou o anjo Gabriel em resposta à
oração de Daniel, que era um cativo como milhares de
outros judeus que tinham sido levados para a Babilônia
quase setenta anos antes. Daniel havia estudado as
profecias de Jeremias e percebeu que o tempo para o
livramento da nação estava próximo. Jerusalém —
incluindo o templo e suas muralhas — permaneceu em
ruínas por quase setenta anos. Gabriel então profetizou a
restauração de todas essas coisas e a vinda do Messias no
período de 483 anos.
Jeremias havia predito: "Toda esta terra virá a ser um
deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei de
Babilônia setenta anos" (Jr 25.11). No fim desse período, o
Senhor disse: "Logo que se cumprirem para Babilônia
setenta anos atentarei para vós outros e cumprirei para
convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para
este lugar" (Jr 29.10). Daniel estava entre os primeiros
deportados para a Babilônia, em 605 a.C, quando
Nabucodonosor, rei da Babilônia, invadiu a Palestina.
Agora, em 538 a.C. (67 anos mais tarde), Daniel entendeu
pela profecia de Jeremias que os setenta anos de cativeiro
estavam prestes a se cumprir2.
John Ankerberg pesquisou detalhadamente esta
passagem e nos esclareceu sobre este assunto:

Como sabemos que a mensagem de Gabriel a Daniel nesta


profecia é sobre o Messias? Porque a palavra hebraica
usada é Mashiach deve ser traduzida por "Messias" ou ('o
Ungido". Como o grande estudioso de Princeton, Prof. R. D.
Wilson (que era fluente em 45 línguas e dialetos), afirma,
"Daniel 9.25,26 é uma das duas passagens [hebraicas] em que
o esperado Salvador de Israel é chamado de Messias."
Entretanto, alguns têm feito objeção a esta interpretação,
alegando que, em lugar de estar falando do "Messias", "o
Ungido ", Daniel está se referindo a Ciro, mas isto não se
justifica, porque, como veremos, os versículos 25 e 26
declaram que o "Messias " não chegará até cerca de
quatrocentos anos depois de Ciro. Deforma semelhante, ela não
pode ser aplicada ao governador sírio Antíoco Epifânio, já que
ele morreu em 164 a. C. Como veremos, a profecia fala sobre a
vinda do "Messias "a Jerusalém quase duzentos anos depois
disso. Portanto, este que é chamado Mashiach Nagid—
Messias, o Príncipe — não pode referir-se quer a Ciro quer a
Antíoco Epifânio. Como disse o Prof.E.J. Young, "a
interpretação não-messiânica é totalmente inadequada".
Quem, pois, é o Messias que virá? Seja quem for o Messias,
ele vai aparecer em cena depois da reconstrução de Jerusalém
(Dn 9.25,26) e será morto antes que Jerusalém e seu templo
sejam novamente destruídos.3

2. Ankerberg, John e Weldan, John. Bible Commentary; The Facts of Jesus


the Messiah, Eugene, OR: Harvest House Publ., 1993, p. 36.
3. Ibid.,p.37.
A chave para a compreensão do tempo desta profecia é a
frase "setenta semanas são determinadas sobre o teu povo,
e sobre a tua santa cidade". A palavra "semanas" em
hebraico significa literalmente "sete unidades", seja de dias
ou de anos4. Neste caso, o contexto leva-nos a concluir que
o termo se refere a anos; setenta vezes sete (anos) somam
490 anos determinados sobre o povo de Daniel. Ankerberg
expõe como isso foi cumprido em detalhes:

De acordo com esta profecia, o Messias apareceria no final de


69 semanas [as sete semanas (49 anos) mais 69 semanas (434
anos)] ou um total de 483 anos. Depois de 69 semanas (483
anos) ocorreria a destruição da cidade e do templo. [Sabemos
pela história que isto aconteceu em 70 d. C. quando o imperador
Tito e suas legiões romanas destruíram Jerusalém.]
Mas, a partir de que ano e de que decreto [o decreto de
"restaurar e reconstruir Jerusalém "] nós devemos começar a
contar o número de anos até o Messias?

A profecia não pode se referir ao decreto de Ciro [539


a.C], Tarrenai [519-18 a.C] ou Artaxerxes [457 a.C],
porque todos estes se referem apenas à reconstrução do
templo, e não da cidade de Jerusalém, como a profecia
requer. Somente o decreto de Artaxerxes a Neemias em
444 a.C. envolve uma ordem para a reconstrução de
Jerusalém (Neemias 2.1-8); cf. Hoehner, 126-128).
Podemos agora determinar a data do decreto de
Artaxerxes [444 a.C] até após a sexagésima nona semana
[483 anos mais
4. Vejamos um exemplo disso. Suponha que eu dissesse que "setenta dúzias
de anos estão determinados para os Estados Unidos". Eu estaria indicando
setenta vezes doze ou 840 anos. ou poderia disser "setenta grosas (doze
dúzias) estão determinadas", e então teríamos 70 vezes 144, ou 10.080. O
contexto deixa claro que Gabriel quis dizer "setes" (ou semanas) de anos;
portanto sete vezes setenta, ou 490 anos.
tarde], quando Gabriel anunciou que o Messias seria morto
em Jerusalém. Usando o ano lunar de 360 dias, chegaremos
a 33 d.C, a época exata em que Jesus Cristo viveu e foi
crucificado em Jerusalém!
O ponto importante nesta passagem profética é que o
Messias tinha de vir no fim da sexagésima nona semana —
483 anos depois da publicação do decreto. Acentuamos
mais uma vez que o tempo transcorrido entre o decreto que
autorizava a reconstrução de Jerusalém [versículo 25 — 444
a.C] e a vinda do Messias devia ser 69 "setes" ou 483 anos
[7+62 unidades = 69 x 7 anos]. Esta é a época exata em que
Jesus Cristo estava vivendo e exercendo seu ministério.
Como a profecia limita o aparecimento do Messias a este
período, não há simplesmente nenhum outro candidato
lógico para ser o Messias. Repetimos: esta profecia prova
que Jesus Cristo é o único candidato possível para ser o
Messias judaico5.
Uma pergunta razoável sobre esta importante passagem
é: "Os estudiosos judaicos anteriores à época de Cristo
aceitaram isto como uma profecia messiânica?" Ankerberg
admite que sim:

Considerando que este texto fala explicitamente do Messias,


seria difícil a qualquer rabino judaico negá-lo. Todavia,
como esta profecia predizia que o Messias seria morto, alguns
negaram que ela estivesse se referindo ao Messias.
Mas, em favor da verdade, muitos rabinos afirmaram
corajosamente que esta passagem prediz de maneira tão exata
o tempo específico da chegada do Messias que é impossível
negá-la. Por exemplo, o rabino Nehumias, que viveu cerca
de cinqüenta anos antes de Cristo, é citado por Grotius como
tendo afirmado que o tempo fixado por Daniel para o
aparecimento do Messias não iria além dos próximos cinqüenta
anos. Isso nos leva a concluir que se Cristo não foi o Messias
prometido, então

5. Ankerberg, p. 38.
Israel não teve um Messias. Repetindo: se o Messias deveria vir,
teria de ser exatamente na mesma época em que Cristo viveu.
O Talmud adverte: "Daniel nos anuncia o fim do Messias
[isto é, 'o tempo de sua chegada e de sua morte'—Rabino
Jarchi]. "Esta profecia foi tão convincente que o Talmud
registra que por volta da época de Tito [70 d. C] acreditava-se
que o Messias já tinha vindo, mas que seu aparecimento tinha
sido ocultado aos judeus até que eles se mostrassem mais
merecedores desse acontecimento.6

Sir Robert Anderson, estadista britânico do século


passado, escreveu um excelente livro intitulado O Príncipe
Que Virá, no qual expõe em detalhes todos os
acontecimentos históricos e prova que, quando Jesus
montou o jumentinho ao entrar em Jerusalém, Ele estava se
apresentando a Israel como o Messias. Este episódio
cumpre a profecia de Zacarias 9.9: "Alegra-te muito, ó
filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o
teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento,
em um jumentinho, cria de jumenta." E quando isto
ocorreu? Exatamente 483 anos contados a partir do dia em
que os ponteiros proféticos do relógio de Deus começaram
a se mover.
Embora a passagem de Zacarias esteja mencionada em
Marcos 11.7-9 e seja uma profecia cumprida de forma
inequívoca, eu não a incluí como tal porque se trata de uma
das raras profecias messiânicas que supostamente podia ter
sido encenada por Jesus e seus discípulos. O que não
poderia ter sido encenado é a época em que esse fato
ocorreu; Jesus nasceu e estava exercendo seu ministério
naquele exato momento da história, revelando-se a Israel
exatamente no ano previsto por esta profecia. Isso não
podia ter sido encenado — a não ser pelo próprio Deus! E
este é o ponto-chave de todo este capítulo. Estas profecias

6. Ibid.,p.39.
foram todas cumpridas pelo próprio Deus através de seu
Filho, como uma maneira de identificar Jesus perante todo o
mundo.

14. O capítulo messiânico, Isaías 53


Mais de setecentos anos antes do nascimento de Jesus, Isaías
fez uma exposição detalhada dos futuros sofrimentos do
Messias. Podemos acrescentar à nossa lista onze outras
profecias cumpridas somente deste capítulo, mas a evidência
já é de tal modo considerável que preferi juntá-las e
considerá-las como uma só.
Este capítulo pode realmente ser considerado uma
profecia messiânica, pois em muitas sinagogas judaicas,
onde um trecho do livro de Isaías é lido em voz alta a cada
sábado, o capítulo 53 é habitualmente omitido. Por quê?
Porque os paralelos nesta profecia são tão coincidentes com
alguns acontecimentos da vida de Jesus Cristo que se torna
difícil para eles explicar a razão de terem rejeitado a Jesus.
Conseqüentemente, eles julgam ser mais prudente passar por
cima deste capítulo. Depois de examinar os onze paralelos
entre esse capítulo e a vida de Jesus narrada no Novo
Testamento, você vai compreender as razões deles.

Texto de Isaías 53 Cumprimento no Novo


Testamento

1. Ele é desprezado e rejeitado Veio para os seus, mas os seus não o


pelos homens (versículo 3). receberam (Jo 1.11, e as muitas
vezes que os judeus pegaram em
pedras para matá-lo).
2. Certamente ele tomou sobre si Ele mesmo tomou as nossas
as nossas enfermidades, e as enfermidades e carregou com as
nossas
nossas dores levou sobre si doenças (Mt 8.17).
(versículo 4).
3. Mas ele foi traspassado pelas Mas um dos soldados lhe abriu o
nossas transgressões lado com uma lança (Jo 19.34).
(versículo 5).
4. [Ele foi] moído pelas nossas Carregando ele mesmo em seu
iniqüidades;... e pelas suas corpo, sobre o madeiro... por suas

pisaduras fomos sarados chagas fostes sarados (1 Pe 2.24).


(versículo 5).

5. Todos nós andávamos Pois também Cristo morreu, uma


desgarrados
como ovelhas; cada um única vez, pelos pecados, o justo
se desviava pelo caminho, mas pelos injustos, para conduzir-vos a
o Senhor fez cair sobre ele a Deus (1 Pe 3.18).
iniqüidade de nós todos
(versículo 6). Porque estáveis desgarrados como
ovelhas (1 Pe 2.25).

6. Por juízo opressor foi [Jesus disse:] "Como, pois, se


arrebatado
(versículo 8). cumpririam as Escrituras,
segundo as
quais assim deve suceder?" Naquele
momento disse Jesus às
multidões:
"Saístes com espadas e cacetes
para prender-me, como a um
salteador? Todos os dias, no
templo, eu
me assentava [convosco]
ensinando,
e não me prendestes. Tudo isto,
porém, aconteceu para que se
cumprissem as Escrituras dos
profetas." Então os discípulos todos,
deixando-o, fugiram. E os que
prenderam
a Jesus o levaram à casa de
Caifás, o sumo sacerdote (Mt
26.54-57).
7 Porquanto foi cortado da terra Vós, porém, negastes o Santo e o
dos viventes; por causa da Justo, e... matastes o Autor da vida...
transgressão do meu povo foi ele Tendo Deus ressuscitado ao seu
ferido (versículo 8). Servo, enviou-o primeiramente a
vós outros (At 3.14,15,26).
Porque Cristo, quando nós ainda
éramos fracos, morreu a seu tempo
pelos ímpios... Deus prova o seu
próprio amor para conosco, pelo fato
de ter Cristo morrido por nós, sendo
nós ainda pecadores (Rm 5.6,8).

8 Designaram-lhe a sepultura E foram crucificados com ele dois


com os perversos (versículo ladrões (Mt 27.38).
9). Posto que nunca fez injustiça,
nem dolo algum se achou em
sua boca (versículo 9).
9 Todavia, ao Senhor agradou Aquele que não conheceu pecado,
moê-lo,... quando der ele a sua ele o fez pecado por nós; para que
alma como oferta pelo pecado nele fôssemos feitos justiça de
(versículo 10). Deus (2 Co 5.21).
10 Porquanto derramou a sua alma E foram crucificados com ele dois
na morte; foi contado com os ladrões, um à sua direita e outro à
sua
transgressores (versículo 12). esquerda (Mt 27.38).
11 [Ele] levou sobre si o pecado de Pai, perdoa-lhes, porque não sabem
muitos, e pelos transgressores o que fazem (Lc 23.34).
intercedeu (versículo 12). [Jesus] foi entregue por causa das
nossas transgressões, e
ressuscitou por causa da nossa
justificação (Rm 4.25).
Provavelmente esse capítulo é o que apresenta maior
dificuldade em toda a Bíblia para os estudiosos hebraicos
que desejam ser fiéis ao texto e, ao mesmo tempo, evitam a
conclusão de que Jesus é o Messias, pois Ele cumpriu
todos os aspectos desta grande profecia. John Ankerberg
escreve:

É possível explicar os paralelos acima em bases puramente


racionais? Como argumentou o exegeta e teólogo escocês Paton
J. Gloag, ex-professor de crítica bíblica na Universidade
de Aberdeen:
Não conseguimos entender como alguém pode ler esta
extraordinária profecia sem ficar impressionado com a
semelhança, com o caráter, sofrimentos e morte do Senhor
Jesus. O retrato é completo; a semelhança é impressionante e
indiscutível Certamente, parece mais uma história do
passado do que uma predição do futuro... Em nenhuma
parte da Escritura, mesmo nos trechos mais evangelísticos do
Novo Testamento, a doutrina da expiação, essa grande
característica do cristianismo, é tão claramente afirmada... E,
até agora, nada é mais incontestável do que essas palavras que
foram expressas séculos antes de nosso Senhor ter vindo a este
mundo.7

Esta passagem tem sido reconhecida como messiânica há


muito tempo. Na verdade, os antigos rabinos ensinavam,
baseados nessa passagem, que haveria dois Messias. Eles
não puderam reconciliar as afirmações bíblicas que falam
claramente de um Messias, sofredor com outras passagens
que falam com igual clareza de um Messias eternamente
triunfante e vitorioso. Até hoje, eles reconhecem duas
maneiras de enxergar o Messias — o Messias sofredor e
agonizante, chamado "Messias ben José", e o Messias
vitorioso e conquistador, chamado "Messias ben Davi".
7. In Ankeberg, p. 32. Delitzsch e Gloag. The Messiahship, Livro 2, pp. 286 e 287.
O Dr. Raphael Patai, ex-professor da Universidade de
Jerusalém, autor de vinte livros sobre assuntos relacionados
com as crenças religiosas judaicas, observou: "Quando a
morte do Messias tornou-se um dogma estabelecido na
época do Talmude, isto foi considerado irreconciliável com
a crença de um Messias Redentor que anunciaria o bem-
aventurado milênio da era messiânica. O dilema foi
solucionado pela divisão da pessoa do Messias em duas..."8
Assim, baseado em Isaías 53, o Talmude Babilônico
ousadamente prediz: "0 Messias ben José será
assassinado..."9
As diferentes interpretações que os rabinos ortodoxos
deram a esta passagem ao longo da história podem ser
encontradas no livro Rays of Messiahs Glory. Rabinos
famosos, tais como o grande Maimonides e Rabbi Crispin,
não concordaram com a aplicação de Isaías 53 à nação de
Israel, como é comumente feito no comentário judaico
atual. Eles achavam, no lugar disso, que esta passagem se
refere claramente ao Messias de Deus:

O peso da autoridade judaica prevalece em favor da


interpretação messiânica deste capítulo... Até os tempos recentes
esta profecia tinha sido quase universalmente aceita pelos
judeus como referente ao Messias, o que é evidente pelo Targum
[J]onathon, que apresenta o Messias pelo nome no capítulo
LII.13; do Talmude ("Sinédrio",fls. 98,b);e do Zohar... Na
verdade, até Rashi [Rabino Solomon Izaaki, 1040-1105 d.G,
considerado o criador da moderna escola judaica de
interpretação], que aplicou essa profecia à nação judaica,
a interpretação messiânica deste capítulo foi quase
universalmente adotada pelos judeus.10

8. In Ankeberg, p. 32. Dr. Rapahel Patai. The Messiah Tests, Nova York:
Avin, 1979, p. 166.
9. Ibid.,p. 167.
10. In Ankeberg, p. 33. Baron, Rays, pp. 225-229.
O "pai" do hebraico moderno, Wilhelm Gesenius, também
escreveu: "Foi só recentemente que os judeus abandonaram
esta interpretação [messiânica] de Isaías 53, sem dúvida em
conseqüência de suas controvérsias com os cristãos"11.
Hoje, muitos judeus ortodoxos ainda esperam um messias
político, o Messias ben Davi, que conquistará e governará para
sempre. Curiosamente, alguns judeus aceitam Jesus Cristo
como o "outro" Messias (Messias ben José), embora neguem
sua divindade.12
Em um debate com o Dr. Walter Kaiser no "John Ankerberg
Show", o Dr. Pinchas Lapide afirmou: "Concordo plenamente
com o Dr. Kaiser que Isaías 53 exibe muitas semelhanças
espantosas com a vida, ministério e morte de Jesus de
Nazaré"13.
Surpreendentemente, o Dr. Lapide até mesmo acredita que
Jesus ressuscitou fisicamente depois de sua crucificação, em
razão dos muitos fatos históricos favoráveis a essa crença14.
Entretanto, ele conclui que Jesus é o Messias dos gentios e não
dos judeus.
Temos apenas uma pergunta: se Jesus Cristo não é o servo
sofredor de Deus mencionado em Isaías 53, então quem é?15
As próximas treze profecias relacionadas à morte de Jesus
são de tal modo evidentes que não precisam de explicação. Vou
simplesmente reproduzir a profecia do Velho Testamento ao
lado do seu cumprimento no Novo Testamento.

11. In Ankeberg, p. 33. Delitzsch e Gloag, p. 295.


12. In Ankeberg, p. 32. Blisheim, Ben , "Messianic Judaism - An Alternative"
(manuscrito). p. 6.
13. In Ankeberg, p. 33.Do The Messianic Prophecies, Eugene, OR: Harvest House
Publ., 1993, p. 21.
14. In Ankeberg, p. 33 Lapide, Dr. Pinchas. The Resurrection of Jesus: A Jewish
Perspective. Minneapolis: Ausburg, 1983, pp. 7,126-131,137-150.
15. Ankerberg, pp. 32 e 33.
15. Traído por um amigo íntimo
Até o meu amigo íntimo, em quem Falava ele ainda, quando chegou
eu confiava, que comia do meu pão, uma multidão; e um dos doze, o chamado
levantou contra mim o calcanhar (Sl Judas, que vinha à frente deles,
41.9). aproximou-se de Jesus para o
beijar. Jesus, porém, lhe disse:
"Judas, com um beijo trais o Filho do
Homem?" (Lc 22.47-48).

16. Traído por trinta moedas de

prata
Eu lhes disse: "Se vos parece bem, Então um dos doze, chamado Judas
dai-me o meu salário; e se não, Iscariotes, indo ter com os principais
deixai-o." Pesaram, pois, por meu sacerdotes, propôs: "Que me
salário trinta moedas de prata (Zc Quereis dar, e eu vo-lo entregarei?"
11.12). E pagaram-lhe trinta moedas de
prata (Mt 26.14-15).

17. Silêncio diante das acusações

Ele foi oprimido e humilhado, mas E, sendo acusado pelos principais


não abriu a sua boca; como cordeiro sacerdotes e pelos anciãos, nada
foi levado ao matadouro; e, como respondeu. Então lhe perguntou
ovelha, muda perante os seus Pilatos: "Não ouves quantas acusações
tosquiadores, ele não abriu a sua boca te fazem?" (Mt 26.12-14).
(Is 53.7).

18. Cuspido e esmurrado

Ofereci as costas aos que me feriam, Então uns cuspiram-lhe no rosto e


e as faces aos que me arrancavam lhe davam murros, e outros o
os cabelos; não escondi o meu rosto esbofeteavam(Mt 26.67).
dos que me afrontavam e me cuspiam
(Is 50.6).
19. Odiado sem motivo
Não se alegrem de mim os meus Se eu não tivesse feito entre eles
inimigos gratuitos; não pisquem os tais obras, quais nenhum outro fez,
olhos os que sem causa me odeiam pecado não teriam; mas agora não
(Sl 35.19) somente têm eles visto, mas também
odiado, tanto a mim, como a
meu Pai. Isto, porém é para que se
cumpra a palavra escrita na sua lei:
"Odiaram-me sem motivo" (Jo
15.24-25).
20. Traspassaram-lhe as mãos e os pés

E sobre a casa de Davi, e sobre os E logo disse a Tomé: "Põe aqui o teu
habitantes de Jerusalém, derramarei dedo e vê as minhas mãos; chega
o espírito de graça e de súplicas; também a tua mão e põe-na no meu
olharão para mim, a quem traspassaram; lado; não sejas incrédulo, mas crente”
prantea-lo-ão como quem (Jo 20.27).
pranteia por um unigênito, e chorarão
por ele, como se chora amargamente
pelo primogênito (Zc 12.10).
21. Escarnecido
Todos os que me vêem zombam de O povo estava ali e a tudo observava.
mim; afrouxam os lábios e meneiam Também as autoridades zombavam
a cabeça: "Confiou no Senhor! Livre-o e diziam: "Salvou os outros; a si
ele, salve-o, pois nele tem mesmo se salve, se é de fato o Cristo
prazer (Sl 22.7-8). de Deus, o escolhido" (Lc 23.35).

22. Orou por seus inimigos

Em paga do meu amor me hostilizam: Contudo Jesus dizia: "Pai, perdoa-


eu, porém, orava (Sl 109.4). lhes, porque não sabem o que
fazem." Então, repartindo as vestes
dele, lançaram sortes (Lc 23.34).
23. Os soldados tiram sorte
para disputar suas vestes
Posso contar todos os meus ossos; Depois de o crucificarem, repartiram
eles me estão olhando e encarando entre si as suas vestes, tirando
em mim. Repartem entre si as minhas a sorte. E, assentados ali, o guardavam
vestes e sobre a minha túnica (Mt 27.35-36).
deitam sortes (Sl 22.17-18).

24. Desamparado por Deus

Deus meu, Deus meu, por que me Por volta da hora nona, clamou Jesus
desamparaste? Por que se acham em alta voz, dizendo: "Eli, Eli lema
longe de meu salvamento as palavras sabactâni", que quer dizer: Deus
de meu bramido? (Sl 22.1). meu, Deus meu, por que me
desamparaste?" (Mt 27.46).
25. Nenhum osso foi quebrado
Preserva-lhe todos os ossos, nem Os soldados foram e quebraram as
um deles sequer será quebrado (Sl pernas ao primeiro e ao outro que
34.20). com ele tinha sido crucificado;
chegando-se, porém, a Jesus, como
vissem que já estava morto, não lhe
quebraram as pernas... E isto
aconteceu para se cumprir a Escritura:
"Nenhum dos seus ossos será
quebrado (Jo 19.32-33,36).
26. Seu lado foi perfurado
E sobre a casa Davi, e sobre os habitantes Mas um dos soldados lhe abriu o
de Jerusalém, derramarei o lado com uma lança, e logo saiu sangue
espírito de graça e de súplica; olharão e água (Jo 19.34).
para mim, a quem traspassaram;
prantea-lo-ão como quem pranteia
por um unigênito, e chorarão por
ele, como se chora amargamente
pelo primogênito (Zc 12.10).
27. Sepultado com o rico
Designaram-lhe a sepultura com os Caindo a tarde, veio um homem rico
perversos, mas com o rico esteve de Arimatéia, chamado José, que
na sua morte, posto que nunca fez era também discípulo de Jesus.
injustiça, nem dolo algum se achou Este foi ter com Pilatos e lhe
em sua boca (Is 53.9). pediu o corpo de Jesus. Então
Pilatos mandou que lho fosse entregue.
E José, tomando o corpo, envolveu-o
em um pano limpo de linho, e
o depositou no seu túmulo novo, que
fizera abrir na rocha; e, rolando uma
grande pedra para a entrada do
sepulcro, se retirou (Mt 27.57-60).

Observando Atentamente os Detalhes


0 simples fato de que Deus amou o mundo e enviou seu
único Filho para morrer pelos pecados dos homens é um
extraordinário milagre. Mas nas doze profecias referentes à
morte de Jesus (e outras que também poderiam ser
relacionadas), encontramos outro milagre que deveria nos
convencer a aceitar Jesus como o Messias de Deus. Seu
cumprimento literal garante sua veracidade e proclama que
somente um homem na história poderia ter morrido da
forma como Jesus morreu. Na verdade, embora outros
também tenham morrido crucificados, nenhum deles
morreu como Jesus. Seria útil considerarmos com um
pouco mais de profundidade os seguinte detalhes
específicos de sua morte, pois feito esse exame, torna-se
impossível não identificar a Jesus como o Messias sofredor.

A. Ele devia sofrer uma morte expiatória, em favor dos


homens

Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões, e moído


pelas nossas iniqüidades, o castigo que nos traz a paz estava
sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós
andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava
pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de
nós todos. (Is 53.5-6)

Esta profecia, escrita mais de setecentos anos antes do


nascimento de Cristo, falou do sacrifício de Jesus como o
perfeito cordeiro pascal, citado em Êxodo 12. A primeira Páscoa
foi celebrada pelos hebreus no Egito, quando marcaram os
batentes das portas com sangue de cordeiro ou cabrito, o que
lhes permitiu escapar do julgamento de Deus. Esse ato
ordenado por Deus tornou-se um memorial, sendo praticado
pelos judeus ortodoxos até os dias de hoje. O bode emissário de
Levítico 16 foi uma figura de Cristo levando nossos pecados
para longe enquanto que o novilho mencionado no mesmo
capítulo era, como Cristo, um sacrifício que representava um
Salvador inocente carregando o peso de nossos pecados. E em
todas as ocasiões foi necessário derramamento de sangue
inocente.
Muitos versículos do Novo Testamento mostram que Cristo
foi considerado inocente por todos os juizes, exceto pelos
judeus, que não puderam encontrar nele qualquer falta, exceto
o fato de "Ele fazer-se igual a Deus" e por realizar milagres
no dia de sábado. Mas nenhuma dessas duas acusações é
pecaminosa se:

• você é Deus (nenhum pecado podia ser atribuído a Ele);


• não é errado fazer o bem no sábado; além disso, Jesus (como
Deus) considerava-se "Senhor do sábado", portanto Ele
estava acima do sábado e não o sábado acima dele.
Conseqüentemente, Pilatos estava certo quando disse:
"Este homem [Jesus] nada fez digno de morte."

Jesus foi o "Cordeiro de Deus" perfeito que cumpriu todas


as exigências de sacrifício oferecido a Deus para os pecados
dos homens. O apóstolo Paulo viu isto claramente quando
escreveu: "Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi
imolado"16.
Ele afirmou isto em termos mais teológicos quando
escreveu: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado
por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus"17. O
apóstolo Pedro também o viu desta forma quando escreveu:
"Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata
ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento
que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como
de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo"18. Em
uma outra passagem, o apóstolo Paulo definiu o evangelho nestas
palavras: "Antes de tudo vos entreguei o que também recebi;
que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia,
segundo as Escrituras"19.
Submeter um homem inocente às crueldades da morte pela
crucificação quando Ele nada fez de errado, pelo contrário curou
enfermos, consolou corações aflitos e deixou os maiores
ensinamentos já oferecidos aos homens, não faz nenhum
sentido—a menos que isto tenha sido feito com o propósito
específico de tornar-se um sacrifício divino pelos pecados.
Considerando que a morte de Jesus cumpriu muitas profecias
que Deus havia anunciado a seu povo centenas de anos antes,
é perfeitamente lógico que aceitemos o fato histórico de que
Jesus de Nazaré foi o sacrifício determinado por Deus pelos
pecados dos homens. Somente assim podemos dar
verdadeiro sentido à vida, ministério e morte de Jesus. Como
veremos mais adiante, tudo isto foi selado com a sua
ressurreição.

16. 1 Coríntios 5.7


17. 2. Coríntios 5.1
18. 1 Pedro 1.18-19
19. 1 Coríntios 15.3-4
B. O Messias-Salvador devia ser pendurado em uma cruz
Muitas profecias sobre a morte do Messias prometido,
quando consideradas em conjunto, só poderiam ser
cumpridas com a crucificação. Moisés advertiu os filhos de
Israel:

Se alguém houver pecado, passível da pena de morte, e tenha


sido morto, e o pendurares em um madeiro, o seu cadáver não
permanecerá no madeiro durante a noite, mas certamente o
enterrarás no mesmo dia: porquanto o que for pendurado no
madeiro é maldito de Deus: assim não contaminarás a tua
terra, que o Senhor teu Deus te dá em herança. (Dt 21.22-23)

A morte de uma pessoa na cruz atraía para a vítima uma


"maldição" especial. Conseqüentemente, Jesus foi pregado
em uma cruz romana, algo impossível de acontecer em
Israel até poucos anos antes da vida de Jesus.
Historicamente, os judeus nunca crucificaram pessoas; eles
apedrejavam até matar. No entanto, Jesus nunca foi
apedrejado, muito embora os judeus tentassem mais de um
vez pegar em pedras contra ele. Por que foram eles
incapazes de apedrejá-lo? Porque os profetas nunca
disseram que o Messias seria apedrejado. Em vez disso, Ele
foi pendurado em uma cruz de madeira.
O apóstolo Paulo fala sobre esta maldição em Gálatas
3.13, onde escreve:

Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio


maldição em nosso lugar, porque está escrito: "Maldito todo
aquele que for pendurado em madeiro."

Zacarias, outro respeitado profeta hebreu, acrescentou


outro requisito para a morte do Messias. Ele escreveu que o
Messias teria feridas em suas mãos (o que não era comum
nesse tipo de morte):
Se alguém lhe disser: "Que feridas são essas nos teus braços?"
responderá ele: "São as feridas com que fui ferido na casa dos
meus amigos." (Zc 13.6)

Novamente, não como resultado de apedrejamento. O


salmista acrescenta estes detalhes:

Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia;


traspassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os meus
ossos; eles me estão olhando e encarando em mim. Repartem
entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica deitam
sortes. (SI 22.16-18)

Se este não é o retrato perfeito da morte por


crucificação, não sei o que é. Jesus estava "pendurado",
mas não por uma corda. Ele estava pregado a uma cruz
romana e tinha "suas mãos e seus pés" traspassados. Ele foi
exposto para que todos o vissem, e era possível "contar os
seus ossos" já que a crucificação distende os ossos da
vítima. Terá sido mera coincidência Ele ter nascido durante
o cativeiro romano, quando a crucificação era o costume, e
não o apedrejamento? A explicação mais fácil é que sua
morte ocorreu de acordo com o plano e o propósito de
Deus.

C. Nenhum osso do Messias-Salvador devia ser quebrado


Já vimos que o cordeiro pascal era uma figura de Cristo.
Não mencionei que as qualificações específicas atribuídas
àquele cordeiro seriam tais que ele deveria ser "sem defeito
e sem mácula"20. Esta preocupação com o sacrifício
perfeito era observada em cada Páscoa, quando o cordeiro
era comido de tal forma que nenhum de seus ossos fosse
quebrado. A Escritura ordenava:

20. 1 Pedro 1.19


"O cordeiro há de ser comido em uma só casa; da sua carne não
levareis fora da casa, nem lhe quebrareis osso nenhum"21.

Isto foi confirmado mais adiante pelo salmista quando


falou do servo sofredor de Deus: "Preserva-lhe todos os
ossos, nem um deles sequer será quebrado"22. Muito
embora o "Cordeiro de Deus" (ou o cordeiro da páscoa)
devesse sofrer terrivelmente, nenhum de seus ossos deveria
ser quebrado. Quando lemos o relato do apóstolo João sobre
a morte de Jesus, podemos ver a mão poderosa de Deus
"guardando" os ossos do Salvador contra o que poderia ter
sido um ataque do próprio Satanás:

Então os judeus, para que no sábado não ficassem os corpos na


cruz, visto como era a preparação; pois era grande o dia
daquele sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as
pernas, e fossem tirados. Os soldados foram e quebraram as
pernas ao primeiro e ao outro que com ele tinha sido
crucificado; chegando-se, porém, a Jesus, como vissem que já
estava morto, não lhe quebraram as pernas. Mas um dos
soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue
e água. (Jo 19.31-34)

A miraculosa preservação dos ossos do Senhor não


escapou à observação de João, uma testemunha ocular
desses acontecimentos. Ele escreveu: "Aquele que isto viu,
testificou, sendo verdadeiro o seu testemunho; e ele sabe
que diz a verdade, para que também vós creiais. E isto
aconteceu para se cumprir a Escritura: 'Nenhum dos seus
ossos será quebrado”. E outra vez diz a Escritura: 'Eles
verão aquele a quem traspassaram'23.

21. Êxodo 12.46


22. Salmos 34.20
23. João 19.35-37
O próprio Deus estava "guardando os ossos" do Salvador e,
assim, cumprindo literalmente a profecia de que "nenhum de
seus ossos seria quebrado"!
Além disso, quando Jesus estava pendurado na cruz, Ele
pediu que lhe dessem algo para aplacar sua sede, e deram-lhe
"vinagre", em cumprimento à profecia do Salmo 22.15 e
69.21 (textos que não incluímos em nossa lista de 28 profecias
cumpridas). Então disse Jesus: "Está consumado!" — isto é, o
caminho da salvação através do derramamento de seu próprio
sangue sobre a cruz estava "terminado", de modo que agora
todos os homens podiam ser salvos. Então "inclinando a
cabeça, rendeu o espírito"24.
Observe: Jesus tinha tal controle sobre os acontecimentos
que, mesmo ao morrer, Ele dirigia seu destino. Quando seu
sacrifício estava completo, Ele simplesmente "rendeu o
espírito".

D. O Messias-Salvador devia ser "traspassado"


Depois que Jesus já estava morto, um soldado romano "lhe
abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. Isto não
foi acidental; foi de acordo com a profecia. Zacarias tinha dito do
Messias — "olharão para mim, a quem traspassaram"25.
E improvável que os judeus traspassassem o corpo de Jesus
com uma lança, pois isso era totalmente fora de seus costumes.
Se considerarmos ainda que eles tinham conhecimento dessa
profecia, aquela seria então a última coisa que fariam. Deste
modo, o Senhor usou o soldado romano para cumprir a profecia!

E. O Messias deve ser traído pelo preço de um escravo


Mais de seiscentos anos antes de Jesus ser crucificado,
Zacarias escreveu sobre o preço que um certo homem receberia
por seu salário, trinta peças de prata, que era o preço de um

24. João 19.30


25. Zacarias 12.10
escravo. Isto irritou o Senhor, que ordenou que o dinheiro
fosse atirado ao chão do templo. Observe atentamente as
palavras de Zacarias:

Eu lhes disse: "Se vos parece bem, dai-me o meu salário; e se


não, deixai-o. "Pesaram, pois, por meu salário trinta moedas de
prata. Então o Senhor me disse: "Arroja isso ao oleiro, esse
magnífico preço em que [foste] avaliado por eles." Tomei as
trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do
Senhor. (Zc 11.12-13)

O cumprimento desta profecia é tão conhecido que


mesmo aqueles que nada sabem sobre a Bíblia conhecem a
identidade de Judas Iscariotes. Na verdade, esse nome se
tornou tão desprezível que ninguém o põe em um filho
(embora cachorros às vezes recebam esse nome). Na melhor
das hipóteses, Judas é uma figura trágica dentro da maior
das histórias já contadas. Ele aproveitou a oportunidade
surgida e se deixou dominar pela ganância. Depois de
acompanhar Jesus como um dos discípulos de confiança
(servindo como o tesoureiro do grupo), voltou as costas ao
Salvador e o traiu por "trinta peças de prata", exatamente o
valor mencionado pelo profeta. Mas a história ainda não
chegou ao fim. Leia o relato de Mateus, uma das
testemunhas oculares:

Ao romper o dia, todos os principais sacerdotes e os anciãos do


povo entraram em conselho contra Jesus, para o matarem; e,
agarrando-o, levaram-no e o entregaram ao governador
Pilatos.
Então Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado,
tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos
principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: "Pequei, traindo
sangue inocente. "Eles, porém, responderam: "Que nos
importa?
Isso é contigo. "Então Judas, atirando para o santuário as
moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se.
E os principais sacerdotes, tomando as moedas, disseram:
"Não é lícito deitá-las no cofre das ofertas, porque é preço de
sangue. "E, tendo deliberado, compraram com elas o campo do
oleiro, para cemitério de forasteiros. Por isso aquele campo tem
sido chamado até o dia de hoje Campo de Sangue.
Então se cumpriu o que foi dito por intermédio do profeta
Jeremias: "Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que
foi estimado aquele a quem alguns dos filhos de Israel
avaliaram; e as deram pelo campo do oleiro, assim como me
ordenou o Senhor."(Mt 27.1-10)

Procure refletir por um momento em todos os detalhes


proféticos cumpridos nesta trágica vida de Judas:

A) O Servo especial de Deus devia ser traído


B) Ele seria traído pelo seu próprio povo ("um amigo
íntimo")
C) O preço da traição deveria ser trinta peças de prata
D) Prata, não ouro, era o câmbio na época
E) As trinta peças de prata deveriam ser arremessadas, não
colocadas
F) Seriam atiradas na casa do Senhor
G) O dinheiro deveria ser usado para comprar um campo de
oleiro

Isto ultrapassa toda a capacidade de crer que estes sete


detalhes, escritos setecentos anos antes, foram cumpridos
apenas "coincidentemente" na morte de Jesus. Somente
Deus conhece o futuro e escreveu-o com antecedência para
que pudéssemos identificar o Messias quando Ele viesse.
Dois outros fatos são importantes neste evento. Primeiro,
Jesus de Nazaré não podia de modo algum ter conduzido os
acontecimentos; tudo foi planejado pelos seus inimigos e
por seu
desleal seguidor, que conspiraram para matá-lo. Segundo,
esses fatos se cumpriram nas últimas horas de vida de Jesus
e, quando considerados à luz de todas as outras profecias
que estudamos neste capítulo, somente uma pessoa poderia
cumpri-lo: Jesus Cristo. A evidência é esmagadoramente
convincente para qualquer observador objetivo.

IV. Profecias Sobre a Ressurreição

A fé cristã está apoiada na ressurreição de Cristo. Sem


esse acontecimento sobrenatural — a despeito de todas as
profecias mencionadas anteriormente — ninguém jamais
teria ouvido falar de Jesus de Nazaré. Se ele não
ressuscitasse da morte, seria apenas mais um de uma longa
lista de supostos messias. Entretanto, se Ele realmente
ressuscitou (como será provado nos capítulos 16 a 18), tudo
muda. Este acontecimento singular — um homem
ressurgindo da morte, provando ser indiscutivelmente o
Messias prometido — também foi predito pelos profetas
hebreus.

28. O Messias devia ressuscitar


Pois não deixarás a minha alma na Porque a respeito dele diz Davi:
morte, nem permitirás que o teu "Diante de mim via sempre o Senhor,
Santo veja corrupção (Sl 16.10). porque está à minha direita,
para que eu não seja abalado. Por
isso se alegrou o meu coração e a
minha língua exultou; além disto
também a minha própria carne
repousará em esperança, porque não
deixarás a minha alma na morte,
nem permitirás que o teu Santo veja
corrupção. Fizeste-me conhecer os
caminhos da vida, encher-me-ás de
alegria na tua presença." Irmãos,
seja-me permitido dizer-vos
claramente, a respeito do patriarca Davi,
que ele morreu e foi sepultado e o
seu túmulo permanece entre nós
até hoje. Sendo, pois, profeta, e
sabendo que Deus lhe havia jurado
que um dos seus descendentes se
assentaria no seu trono; prevendo
isto, referiu- se à ressurreição de
Cristo, que nem foi deixado na morte,
nem o seu corpo experimentou
corrupção. A este Jesus Deus
ressuscitou, do que todos nós somos
testemunhas (At 2.25-32).
Mas Deus remirá a minha alma do Mas o anjo, dirigindo-se às mulheres,
poder da morte, pois ele me tomará disse: "Não temais: porque sei
para si (Sl 49.15). que buscais a Jesus, que foi crucificado.
Ele não está aqui: ressuscitou,
como havia dito. Vinde ver onde ele
Jazia.. Ide, pois, depressa, e dizei aos
seus discípulos que ele ressuscitou
dos mortos, e vai adiante de vós
para a Galiléia; ali o vereis. É como
vos digo!" (Mt 28.5-7).
Ele verá o fruto do penoso trabalho Mas Deus prova o seu próprio amor
de sua alma, e ficará satisfeito; o para conosco, pelo fato de ter Cristo
meu Servo, o Justo, com o seu morrido por nós, sendo nós ainda
conhecimento, justificará a muitos, pecadores. Logo, muito mais agora,
porque as iniqüidades deles levará sendo justificados pelo seu sangue,
sobre si (Is 53.11). seremos por ele salvos da ira. ...
sabedores que havendo Cristo
ressuscitado dentre os mortos, já não
morre: a morte já não tem domínio
sobre ele (Rm 5.8-10; 6.9).
Muito antes de se desenrolarem esses assombrosos
acontecimentos, Jesus repetidas vezes disse a seus
discípulos que seria crucificado e que no terceiro dia
ressurgiria dentre os mortos26. Todavia, ou eles não creram
em suas palavras ou não as compreenderam — o que
provocou uma reação nos anjos que apareceram às mulheres
diante do túmulo vazio no domingo da ressurreição.
Podemos quase ouvir a irritação nas vozes desses dois anjos
mensageiros:

"Porque buscais entre os mortos ao que vive?Ele não está aqui


mas ressuscitou. Lembrai-vos de como vos preveniu, estando
ainda na Galiléia, quando disse: Importa que o Filho do
homem seja entregue nas mãos de pecadores e seja crucificado
e ressuscite no terceiro dia. '"Então se lembraram das suas
palavras (Lc 24.5-8, ênfase do autor).

Sem a ressurreição, todas as outras coisas perderiam o


valor. Mas, com a ressurreição... ah, a história é diferente!
Vale a pena aprofundar-nos ainda mais, o que faremos nos
próximos três capítulos.

A Evidência é marcante
Estas vinte e oito profecias foram escolhidas porque são
de tal forma específicas que dificilmente poderiam ser
ignoradas. Mesmo que algum cético exclua cinco ou seis
delas, a evidência representada pelo número restante é ainda
surpreendente.
É impossível ilustrar adequadamente a probabilidade de
uma pessoa comum cumprir todas as vinte e oito dessas
profecias. Alguém sugeriu que, se tomássemos apenas dez
dessas profecias, a possibilidade de uma pessoa cumprir
todas elas seria como cobrir todo o Texas com uma camada
de trinta centímetros de moedas de prata, depois sobrevoar a
região em um
26. Veja Mateus 16.21; 17.22-23; 20.18 e 19; Lucas 9.22; 18.31-33
helicóptero e, com os olhos vendados, pegar a única moeda
diferente das demais.
Você diz — "É impossível!" — e eu concordo. É impossível
para qualquer ser humano — que não seja Jesus — no passado
ou no futuro, conseguir cumprir sequer dez dessas profecias.
Portanto, se dez são impossíveis, tente imaginar como seria
inconcebível que uma pessoa cumprisse as vinte e oito
relacionadas acima, mais as seis sobre sua morte citadas em
Isaías 53, e todas as demais. Não é de admirar que Jesus
tivesse censurado os judeus em João 5 por não reconhecerem-
no como o Messias — a evidência estava toda ali, nas
Escrituras, que eles afirmavam aceitar e estudar, pois, como
Ele disse, "são elas mesmas que testificam de mim". Eles não
tinham desculpa.
E o mesmo acontece conosco, se nos recusamos a aceitar
essa esmagadora evidência.
Parte IV:
Evidência de Sua
Ressurreição
16

A Ressurreição de Jesus: O
Restante da História

Um famoso pastor estava caminhando pelas ruas de Los


Angeles na semana da Páscoa quando viu um menino
olhando uma vitrine. 0 garoto estava tomado de horror e
compaixão diante de um quadro clássico da crucificação de
Cristo. Calculando que ele tivesse uns doze anos de idade, o
pastor apontou para o quadro e perguntou: "Quem É ele?" "Esse
foi Jesus Cristo", respondeu o menino. "Os líderes religiosos
do seu tempo o crucificaram — mas Ele não tinha feito
qualquer coisa errada. Ele morreu pelos pecados de todo o
mundo." Em seguida ele narrou emocionado alguns detalhes
da vida e morte de Cristo. Depois que ele terminou de falar,
ambos caminharam em direções opostas.
Antes que o pastor andasse duas quadras, ele ouviu o
menino chamar por ele e correr em sua direção: "Ei, senhor,
eu me esqueci de dizer o resto da história. Três dias depois
Ele ressuscitou dentre os mortos!"
Na verdade, a ressurreição corpórea de Jesus, a doutrina
fundamental da igreja, não é apenas "o resto da história", mas a
melhor parte da história! A execução de Cristo em si mesma
pode ser considerada uma trágica conduta ilegal da justiça.
Entretanto, quando incluímos a ressurreição, a mensagem da
cruz é transformada em gloriosa vitória. Sem ela, o
cristianismo seria nada mais do que uma religião fictícia sem
mensagem e sem esperança, impotente para salvar uma alma
perdida (e muito menos oferecer salvação a todo o mundo).
0 próprio Napoleão Bonaparte compreendeu seu significado.
A bordo de um navio em direção ao Norte da África em
campanha militar, ele entabulou uma conversa com um de seus
generais enquanto olhavam os pálidos reflexos da lua nas
águas do mar. "General, o que o senhor vai fazer quando esta
guerra terminar e voltarmos para casa?" O general respondeu:
"Excelência, acho que vou fundar uma nova religião." Ao que
Napoleão respondeu: "Isso deve ser fácil — tudo o que o senhor
tem a fazer é morrer em uma cruz e ressuscitar no terceiro
dia!"
Napoleão estava certo. Não basta ter um nascimento
virginal, cumprir mais de cem profecias do Velho Testamento,
viver uma vida sem pecado, e morrer de morte sacrificial e
dolorosa, mesmo sendo totalmente inocente. Para fundar uma
religião diferente de todas as outras religiões, você deve
ressurgir dentre os mortos; isto é o que garante a
autenticidade de todo o resto.

De Simples Mártir a Salvador Divino

A vida e a história de Jesus são incompletas sem a cruz, pois é


esta que o transforma de perfeito mártir em Salvador do mundo.
A ressurreição de Jesus é que dá poder à cruz e prova a
confiabilidade do cristianismo. E ela também que garante às
pessoas o perdão dos pecados, desfrutar a paz com Deus e ter
a certeza
da vida eterna. Sem isto, o cristianismo é uma fraude, uma
farsa ou, na melhor das hipóteses, uma desilusão.
Este fato não escapou ao apóstolo Paulo, que colocou a
ressurreição como base para toda a sua doutrina. Ele
escreveu:

Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os


mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há
ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos,
então Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã
a nossa pregação e vã a nossa fé; e somos tidos por falsas
testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus
que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é
certo que os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não
ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não
ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos
pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram.
Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida,
somos os mais infelizes de todos os homens. (1 Co 15.12-
19)

Em seguida ele acrescenta as palavras mais importantes:


"Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos"
(versículo 20).
Esta é toda a verdade! O cristianismo depende
inteiramente da ressurreição, porque ela confirma todo o
restante do grande plano da salvação. Se a ressurreição
pode ser provada, conseqüentemente os evangelhos que
contam a vida de Jesus são exatos. Podemos então confiar
na Bíblia e no "poder da cruz" enfrentando a morte e a
eternidade com confiança. Mas, se a ressurreição é uma
fraude, então não há esperança! A humanidade continua
perdida.
O Dr. Wilbur Smith resume a importância da
ressurreição para o cristianismo, mostrando como ele
depende totalmente deste único acontecimento:
Seja qual for a convicção que se tenha a respeito da
ressurreição de nosso Senhor, todos admitem que se tal
acontecimento for eliminado dos textos do Novo Testamento,
todo o registro se torna extremamente confuso.
Isto seria não somente negar certas palavras de nosso
Senhor em seus ensinamentos, mas também repudiar muitas
acusações feitas contra Ele por seus inimigos; seria fazer do
final da vida de nosso Senhor uma simples tragédia. Seria
deixar inexplicável e sem razão a formação de nossa igreja
cristã. Seria deixar-nos sem registros confiáveis das mensagens
apostólicas do primeiro século. Seria fazer da conversão e
convicção do apóstolo Paulo o maior enigma da humanidade.
Sem a ressurreição, não temos idéia de como terminou a
vida de Jesus na terra; não sabemos por que os apóstolos
começaram a pregar; não entendemos como o apóstolo Paulo foi
convencido desse fato; não sabemos por que aguarda do
sábado foi transferida para o domingo; não sabemos como
a igreja cristã se formou.
Se admitirmos a ressurreição, os temas admiráveis do
Novo Testamento se tornam razoáveis, e as narrativas, lógicas.
Sem a ressurreição não temos nada além de argumentos e de
uma ética sem fundamento. E permaneceremos os mais
miseráveis de todos os homens. Qualquer que seja a nossa
opinião sobre esse fato, devemos ao menos admitir que ele é
parte intrínseca do Novo Testamento, à espera de nossa
cuidadosa investigação.1

Os Céticos Compreendem a Importância da ressurreição

No começo deste século, um dos mais destacados


racionalistas do mundo escreveu um livro sobre Jesus,
incluído na famosa série

1. Smith, Dr. Wilbur M The Supernaturalness of Christ, Boston: W. A. Wilde Co.,


1940. pp. 193-194.
História da Civilização, publicada em inglês em 1935. O
Dr. Charles Guignebert foi professor de História do
cristianismo na Sorbonne (considerada pelo Dr. Wilbur
Smith "a escola mais importante de toda a França"), e
também membro da "Associação da Imprensa Racionalista
da Grã-Bretanha", que incluía John Dewey, Julian Huxley,
Bertrand Russell e H. G. Wells. Ninguém ali era defensor
do cristianismo!
Guignebert rejeitava totalmente a idéia da ressurreição
de Cristo, e também todos os milagres do Novo
Testamento. Mas no final de seu livro ele sentiu-se forçado
a fazer a seguinte confissão:

Não haveria cristianismo se a crença na ressurreição não


tivesse sido estabelecida e sistematizada... toda a
soteriologia [doutrina da salvação] assim como as doutrinas
essenciais do cristianismo repousam sobre a crença na
ressurreição. Na primeira página de qualquer comentário sobre
esse dogma cristão poderia ser usado como lema a
declaração de Paulo: "E, se Cristo não ressuscitou, é vã a
nossa pregação e vã a vossa fé..." (1 Co 15.14). Do ponto de
vista estritamente histórico, a importância da crença na
ressurreição não é provavelmente menor... Através dessa
crença, a fé em Jesus e em sua missão tornou-se o elemento
fundamental de uma nova religião que, depois de separar-se
do judaísmo, tornou-se seu ferrenho opositor e partiu para
conquistar o mundo.2

David Strauss foi outro cético feroz que admitiu ser a


ressurreição a "pedra de toque não somente da vida de
Jesus, mas do próprio cristianismo, sendo decisiva para a
compreensão total do cristianismo"5.

2. Smith, p. 189 e 190.


3. Smith, p. 190.
Qualquer pessoa que conheça um pouco do cristianismo
sabe que ele depende da aceitação da ressurreição como um
fato verdadeiro. Se os céticos, racionalistas e ateus
pudessem destruir a crença na ressurreição, poderiam
destruir o cristianismo. Eis por que tantos "estudiosos"
racionalistas se dispuseram a atacá-la. Entretanto, seus
ataques geralmente provam ser uma bênção para aqueles
que buscam a verdade, pois forçam os pensadores cristãos a
responder aos seus argumentos e obter provas de que Jesus
certamente ressuscitou dentre os mortos.
Um dos maiores dilemas dos céticos é a necessidade de
explicar o cristianismo negando a divindade e a ressurreição
de Jesus. Simplesmente não há como apresentar o
argumento de que um simples carpinteiro judeu surgiu em
cena há dois mil anos e acendeu a chama espiritual que
transformou as vidas de bilhões de pessoas, sem o toque
sobrenatural tanto de sua vida como de sua ressurreição. Até
aqui, suas tentativas são tão patéticas que é mais difícil
aceitar suas sugestões do que a história real.
Um estudioso da Bíblia que escreveu um livro em
resposta às conclusões do Seminário Jesus viu-se diante
deste dilema:

Mesmo o crítico mais cético deve demonstrar que algum


misterioso X promove a ação. Mas que X é este? A pessoa, a
vida, a morte e a ressurreição do corpo fazem com que X não
somente faça o cristianismo avançar, mas o mantém vivo por
dois mil anos. A ressurreição de Jesus é, portanto, a
explicação mais plausível para a origem do cristianismo.4

Eu acrescentaria ainda que é a única explicação — e


digna de toda confiança.

4. Craig. William Lane. Jesus Under Fire, Grand Rapids: Zondervan


Publishing House, 1995, p. 160.
A Evidência E Esmagadora

A evidenciada ressurreição de Cristo tem um poder


esmagador. Não temos de "apenas crer". Podemos olhar
para esta importante doutrina através dos olhos da
Escritura, da razão e da lógica, e ainda assim concluir que
Jesus de Nazaré, uma conhecida figura da história, não
somente morreu na cruz, mas também ressuscitou,
provando ser Ele indubitavelmente o Messias e Salvador
do mundo.
Esta evidência é tão forte que estou convencido de que,
a menos que você simplesmente "não queira crer"
(seguindo o exemplo de alguns dos judeus da época de
Jesus) ou tenha preconceito contra Ele (como os
racionalistas, céticos e ateus), você aceitará o fato de que
Jesus Cristo realmente ressuscitou. Depois de muitos anos
de pesquisa, fiquei convencido de que a evidência é tão
conclusiva que somente um preconceito arraigado, um
espírito rebelde ou falta de conhecimento da verdade
impedem que homens e mulheres creiam.
Aqueles que querem destruir nossa fé na ressurreição
estão diante de problemas insuperáveis. Primeiro, não
podem contradizer a esmagadora evidência em favor da
ressurreição. Segundo, não podem explicar a existência do
cristianismo ou a permanência da mensagem de Cristo até
hoje sem ela.
A ironia é que muitas dessas "objeções clássicas" (que
vamos examinar nos dois capítulos seguintes) são
facilmente contestadas, enquanto que as alternativas que
oferecem são comparativamente ridículas. Os céticos ainda
precisam provar suas teorias, pois nenhuma até agora
conseguiu explicar a força e o poder do cristianismo, que
continua avançando quase dois mil anos depois de sua
fundação.
O Corpo Ressurreto de Cristo, Realmente de Carne e
Osso

É preciso esclarecer que quando falamos sobre o Cristo


ressurreto, temos em mente um corpo real. Alguns céticos,
incapazes de contradizer a ressurreição, alegam que se
tratou apenas de uma "ressurreição espiritual". Ou, como um
pastor bastante liberal me disse (tirando a idéia dos céticos
racionalistas): "É claro que creio na ressurreição de Cristo! Eu
creio que Ele ressurgiu em espírito." Isto não é apenas falso, é
uma blasfêmia!
Jesus ressuscitou fisicamente, como prometera. Uma
ressurreição espiritual não teria deixado ninguém
impressionado. Um espírito não pode andar, falar e comer
como Jesus fez com os dois discípulos na estrada de Emaús.
Nem dizer ao incrédulo Tome: "Põe aqui o teu dedo e vê as
minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado;
não sejas incrédulo, mas crente"5. Não sabemos se Tome tocou
o corpo de Cristo, mas você pode estar seguro de que um
Jesus "em espírito" não o teria inspirado a crer
instantaneamente; mas um Cristo fisicamente ressurreto teria.
E certamente foi este encontro com o Cristo de carne e osso
que inspirou Tomé a ir diretamente à Índia para pregar o
evangelho de seu Senhor ressurreto e mais tarde se
transformar em um mártir. Nenhum Cristo em espírito teria
inspirado tal motivação ou sacrifício.
Foi um Cristo fisicamente ressurreto que preparou o peixe
para os discípulos, comendo com eles. Somente um Cristo
fisicamente ressurreto podia dizer aos seus desconfiados
discípulos: "Por que estais perturbados? e por que sobem
dúvidas aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus
pés, que sou

5. João 20.27
eu mesmo: apalpai-me e verificai, porque um espírito não
tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho"6. Como
o Dr. Smith sabiamente escreveu:

Não é possível existir uma "ressurreição em espírito "


Ressurreição significa ser levantado novamente. O espírito
nunca tem de ser levantado outra vez da sepultura, porque ele
nunca entra na sepultura; um espírito não conhece a
ressurreição dentre os mortos, porque um espírito nunca
morre! O Novo Testamento insiste continuamente que um
CORPO foi colocado no sepulcro, portanto foi um corpo que
saiu do sepulcro... é um absoluto contra-senso crer em uma
ressurreição ESPIRITUAL de Cristo. Não existe tal coisa. Se
fosse um espírito que tivesse ressuscitado, não haveria qualquer
sentido em insistir no terceiro dia. Um espírito pode
manifestar-se a qualquer momento após a morte.7

Que Espécie de Corpo Era o Dele?

0 corpo ressurreto de Cristo era, certamente, diferente do


que Ele possuía antes de morrer. O anterior era um corpo
humano comum, de sorte que Ele "provasse a morte por
todo homem"8. 0 corpo após a ressurreição era obviamente
diverso, pois apresentava características distintas; mas era
ainda um corpo físico. Antes da crucificação não temos
nenhuma referência sobre sua capacidade de atravessar
portas fechadas ou paredes para ir de um lugar a outro.
Depois da ressurreição, contudo, Ele podia fazer essas
coisas. Embora seu corpo ressureto fosse capaz de
"manejar" e "tocar", era sobrenatural o bastante para não se
sujeitar

6. Lucas 24.38-39
7. Smith, p. 194-195
8. Hebreus 2.9
às limitações de tempo ou espaço. Era semelhante ao corpo
que todos os cristãos terão na ressurreição, como o apóstolo
Paulo escreveu:

Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? e em que corpo


vêm? Insensatos! o que semeias não nasce, se primeiro não
morrer; e quando semeias, não semeias o corpo que há de ser,
mas o simples grão, como de trigo, ou de qualquer outra
semente. Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar, e a
cada uma das sementes o seu corpo apropriado.
Nem toda carne é a mesma; porém uma é a carne dos
homens, outra a dos animais, outra a das aves e outra a dos
peixes. Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem
dúvida, uma é a glória dos celestiais e outra a dos terrestres...
Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o
corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção...
Isto afirmo, irmãos, que carne e sangue não podem herdar
o reino de Deus, nem a corrupção herdara incorrupção. Eis que
vos digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas
transformados seremos todos, em um momento, em um abrir
e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta
soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível
se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista
da imortalidade. E quando este corpo corruptível se
revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de
imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita
"Tragada foi a morte pela vitória." (1 Co 15.35-40,42,50-
54)

0 corpo do Cristo crucificado foi sepultado no túmulo


novo de José de Arimatéia, cumprindo a profecia do Velho
Testamento. Ele ressuscitou no terceiro dia em um "corpo
incorruptível"
que era sobrenaturalmente físico. É por isso que os discípulos
podiam falar, caminhar e comer com Ele. E foi por aquele Cristo
ressurreto que todos eles deram suas vidas.

0 Último Sinal de Sua Divindade

No transcurso de sua vida na terra Jesus foi importunado por


indivíduos que diziam: "Mestre, queremos ver um dos teus
sinais." Jesus tinha realizado muitos sinais e milagres, mas,
no decorrer desses três anos, eles ficaram condicionados
pelos seus milagres; esperavam por eles e se baseavam
neles para crer em seu poder divino. Não admira que Ele os
tenha acusado de "geração adúltera e perversa" por pedirem
um "sinal" incontestável para que se apagassem de uma vez
por todas as dúvidas sobre sua verdadeira identidade.
Depois de repreender o ceticismo dessas pessoas, Ele lhes
respondeu: "Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas
nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas. Porque,
assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do
grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três
noites no coração da terra"9. Jesus escolheu aqui um dos
milagres mais incríveis do Velho Testamento, bem conhecido
dos seus ouvintes. Todos conheciam a história de Jonas, o
profeta rebelde que foi engolido por um grande monstro
marinho e vomitado à beira-mar depois de três dias. O fato de
um peixe gigantesco engolir um homem não era propriamente
um milagre; isto tem acontecido várias vezes ao longo da
história. O milagre está no fato de o profeta ter sobrevivido no
interior do monstro. De certo modo, Jonas foi ressuscitado
para cumprir a missão que Deus tinha dado a ele. Jesus usou
uma verdade conhecida (a experiência de Jonas) para ilustrar
um acontecimento futuro (que Ele seria sepultado e
ressurgiria no terceiro dia), de maneira
9. Mateus 12.39-40
que quando isso acontecesse, eles se lembrassem de suas
palavras.
A ressurreição não é apenas o maior de todos os sinais da
divindade de Jesus; é o último sinal de sua vida na terra,
suficiente para convencer-nos de que Jesus é
verdadeiramente o Filho de Deus. Se Jesus não tivesse
ressuscitado corporalmente, esta seria uma profecia falsa.
Somente a ressurreição de Jesus, mencionada em todos os
evangelhos, pode resolver este dilema. O apóstolo Paulo
reconheceu a importância da ressurreição corpórea de Jesus
ao escrever:

Com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da


descendência de Davi, e foi designado Filho de Deus com poder,
segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos,
a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor. (Rm 1.3,4)

Esse acontecimento foi tão poderoso que constitui o


próprio fundamento do evangelho e a essência da fé
salvadora.

Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo


morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi
sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
(1 Co 15.3-4)

A morte, sepultamento e ressurreição de Cristo são


essenciais ao evangelho. Através da crença e da confissão
desses fatos é que obtemos a salvação: "Se com a tua boca
confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres
que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
Porque com o coração se crê para justiça, e com a boca se
confessa a respeito da salvação"10.
10. Romanos 10.9-10
Podemos dizer que o mínimo necessário para tornar-se um
verdadeiro cristão é crer na "morte de Cristo pelos nossos
pecados, no sepultamento de seu corpo em um sepulcro, e em
sua ressurreição corpórea. O apóstolo Paulo também
considerou essa crença fundamental para sermos incluídos na
segunda vinda de Cristo, quando Ele vier para sua igreja —
'Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também
Deus, mediante Jesus, trará juntamente em sua companhia os
que dormem [os que morrerem em Cristo]'"11. A salvação não
exige que a pessoa obedeça ou creia nas tradições da igreja, ou
mesmo nos milagres de Jesus (importantes como são). Mas é
preciso, sim, que creiamos na ressurreição. Podemos afirmar
com toda certeza que nenhuma pessoa que se recusa a crer
na ressurreição de Cristo pode ser salva.

A Importância da ressurreição

É praticamente impossível exagerar a importância da


ressurreição de Jesus Cristo. Vamos examinar a seguir
algumas das razões para isso.

1. Ela cumpre as profecias sobre Jesus


0 Velho Testamento ensina que, se um profeta anunciasse uma
profecia que não se realizasse, ele seria considerado um falso
profeta, devendo ser apedrejado até.12 (É uma tranqüilidade
para os profetas de hoje que essa prática não mais se aplique.)
Jesus mencionou tantas vezes durante seu ministério que iria
ressuscitar, que seria um grande impostor se isso não
acontecesse, como prometera, três dias após seu
sepultamento. Observe cuidadosamente as seguintes
previsões feitas por Jesus de que ressuscitaria:

11. l Tessalonicenses 4.14


12. Veja Deuteronômio 18.20-22
A. Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no
ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três
dias e
13
três noites no coração da terra.

B. Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será


entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles o
condenarão à morte. E o entregarão aos gentios para ser
escarneci
do, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressurgirá.14

C. É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas, seja


rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos
escribas; seja morto e no terceiro dia ressuscite.15

D. Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a


reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu
espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e
também
para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai.16

E. "Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei.


Replicaram os judeus: "Em quarenta e seis anos foi edificado
este
santuário, e tu, em três dias, o levantarás?"Ele, porém, se
referia ao santuário do seu corpo. Quando, pois, Jesus
ressuscitou
dentre os mortos, lembraram-se os seus discípulos de que ele
dissera isto; e creram na Escritura e na palavra de Jesus.17

F. Então advertiu os discípulos de que a ninguém dissessem ser


ele o Cristo. Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrara
seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e

13. Mateus 12.40


14. Mateus 20.18-19
15. Lucas 9.22
16. João 10.17-18
17. João 2.19-22
sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e
dos escribas, ser morto, e ressuscitado no terceiro dia.18

G. Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vós para a


Galiléia.19

Estas sete profecias deixam claro que Jesus não


ressuscitou no último minuto, para escapar de uma
situação difícil; este era o seu plano desde o início. Na
verdade, Ele fez desse acontecimento a prova número um
de sua identidade divina. Não foi a crucificação que abriu
os olhos dos discípulos, foi sua ressurreição.
Estas profecias feitas por Jesus sobre sua morte e
ressurreição iminentes oferecem uma prova convincente de
que Ele não era um falso profeta. Até o anjo reconheceu
isto quando, no domingo da ressurreição, encontrou as
mulheres que retornavam do sepulcro aonde tinham ido
para embalsamar o corpo de Jesus: "Ele não está aqui:
ressuscitou, como havia dito"
A ressurreição é um acontecimento amplamente
comprovado na vida de Cristo, sendo essencial para
explicar a existência do cristianismo hoje. Jesus não
somente ressuscitou; Ele fez exatamente "como havia
dito".

2. O Velho Testamento prenunciou que o Messias


se levantaria dentre os mortos
Muitas profecias do Velho Testamento relativas ao
sofrimento do Messias-Salvador também falam sobre o que
aconteceria com Ele no futuro (p.ex., Isaías 53). Estes
textos não mencionam expressamente a ressurreição, mas
sem ela não seria possível o cumprimento das ocorrências
futuras que predisseram. Um dos salmos de Davi trata deste
importante acontecimento:

18. Mateus 16.20-21


19. Mateus 26.32
"Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta; até o
meu corpo repousará seguro. Pois não deixarás a minha alma na
morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção"20. A
quem se refere esta profecia? Em vista do seu passado
adúltero, dificilmente Davi se referiria a si mesmo como "teu
Santo". Ele devia ter em mente por certo alguém muito
superior a si mesmo.
Pedro esclareceu-nos sobre essa passagem quando citou-a
em seu vigoroso sermão no dia de Pentecoste, inspirado pelo
Espírito Santo. Ele disse claramente que Davi não estava
falando de si mesmo, mas de Jesus, a quem "Deus
ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas"21. Pedro
disse aos seus ouvintes judeus que eles tinham crucificado o
Messias, mas eles podiam ter esperança, pois Deus havia
ressuscitado seu Filho dentre os mortos. Então, "Ouvindo eles
estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a
Pedro e aos demais apóstolos: 'Que faremos, irmãos?"' O
apóstolo explicou que eles deveriam arrepender-se
individualmente "e cada um de vós seja batizado em nome
de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e
recebereis o dom do Espírito Santo"22. Três mil almas
aceitaram esta oferta de salvação e foram acrescentadas à
igreja naquele dia.
A mensagem central de Pedro foi que Jesus, o Messias, tinha
sido crucificado pelos pecados de todos eles, de acordo com os
profetas do Velho Testamento, mas que "Deus o ressuscitou
dentre os mortos". Novamente somos confrontados com a
importância da ressurreição, pois ela não somente cumpre a
profecia do Velho Testamento, mas representa o próprio
fundamento do evangelho e da igreja.

20. Salmo 16.9-10


21. Atos 2.32
22. Atos 2.38
3. A ressurreição de Jesus era a mensagem central do
evangelho pregado pela igreja primitiva e continua sendo
a doutrina fundamental da Bíblia para a igreja atual
Os membros da igreja primitiva acreditavam que seu
principal objetivo era proclamar a ressurreição do Salvador.
Atos 1 relata que, depois que o traidor Judas Iscariotes se
enforcou, aqueles primeiros cristãos foram guiados pelo
Espírito Santo para escolher alguém para substituí-lo. O
escolhido deveria ser alguém que acompanhou o ministério
de Jesus e testemunhou sua ressurreição. Observe que a
Escritura nos diz quais são os requisitos para o substituto de
Judas: "E necessário, pois, que, dos homens que nos
acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre
nós, começando no batismo de João, até o dia em que dentre
nós foi elevado às alturas, um destes se torne testemunha
conosco da sua ressurreição"23. Os candidatos deveriam ter
um conhecimento pessoal da vida de Jesus, de seus ensinos,
ministério e ressurreição. Pedro considerava que o
testemunho da ressurreição era a mais importante tarefa da
igreja primitiva.
0 segundo sermão de Pedro depois do dia de Pentecoste é
tão instrutivo como o primeiro. A caminho do templo para orar,
Pedro e João curaram um aleijado em nome do Jesus Cristo
ressurreto. Pedro, aproveitando a oportunidade de falar à
grande multidão que acorreu para constatar o milagre, lembrou-
lhes que Moisés tinha predito que Deus enviaria um profeta
como ele, Moisés, e que Jesus tinha sido esse profeta — mas
eles o crucificaram. Ele concluiu dizendo: "Tendo Deus
ressuscitado ao seu Servo, enviou-o primeiramente a vós
outros para vos abençoar, no sentido de que cada um se aparte
das suas perversidades"24. Novamente a ressurreição é o ponto
central de sua mensagem.
23. Atos 1.21-22
24. Atos 3.26
Este fato não sensibilizou os líderes religiosos. Eles odiavam
os discípulos por pregarem a ressurreição de Cristo. Atos 4 nos
diz que o sumo sacerdote e outros líderes religiosos reuniram
os discípulos e perguntaram: "Com que poder, ou em nome de
quem fizestes isto?" Ao que Pedro respondeu: "Em nome de
Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem
Deus ressuscitou dentre os mortos." E em seguida o identificou
como "a pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se
tornou a pedra angular... e não há salvação em nenhum
outro"25.
E assim ocorre em todo o livro de Atos. Quer se refira à
primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé, ou à segunda
viagem de Paulo e Silas, o tema é sempre o mesmo: a
ressurreição de Jesus Cristo, o ponto central de toda pregação.
Mais tarde, pregando no Areópago em Atenas, na Grécia — o
centro da cultura secular na época —, Paulo também anunciou
a ressurreição de Jesus.
É interessante que os atenienses, precursores dos raciona-
listas do século dezessete, zombaram de Paulo quando ele
mencionou a ressurreição. Não porque ela não fosse
verdadeira, nem tampouco porque tinham constatado sua
evidência. Eles rejeitaram a ressurreição por causa de seu
preconceito em aceitar a existência de um Deus pessoal que
realizasse milagres. E a ressurreição é certamente um
milagre!
Uma coisa é certa: a ressurreição corpórea de Jesus era a
mensagem central da igreja do primeiro século. Ela foi também
o que deu alento aos corações dos crentes durante os dois
primeiros séculos, mesmo depois da morte das testemunhas
oculares. O resultado? O cristianismo tornou-se a religião
predominante no império romano em 312 d.C. A crença na
ressurreição permaneceu tanto no ramo oriental como no
ocidental da igreja a partir de então. Ela foi a doutrina
essencial dos reformadores

25. Atos 4.7-12


protestantes e é a mensagem central das igrejas que hoje
pregam a Bíblia.
Atualmente, a ocorrência de um fenômeno incomum ilustra o
poder da ressurreição. Durante as cinco últimas décadas,
apesar do avanço da filosofia humanista em nossas escolas e
universidades, temos assistido a um crescimento
inacreditável das igrejas, tanto em tamanho como em número.
Há cinqüenta anos, uma igreja com mil membros era
considerada enorme. Hoje muitas igrejas possuem três, dez e
até mesmo vinte mil membros. E isto não se limita a uma
única denominação. As super-igrejas existem entre batistas,
presbiterianos, luteranos, metodistas, independentes,
carismáticos, e outros. O que elas têm em comum? Uma
crença intensa na ressurreição física de Jesus Cristo,
exatamente como os nossos antepassados de dois mil anos
atrás, começando pelas testemunhas oculares do Cristo
ressurreto.
Céticos e descrentes são confrontados pelo grande número
de testemunhas, favoráveis ou não, do fato histórico da
ressurreição de Jesus, além de todas aquelas pessoas que
morreram por acreditarem na mensagem dos evangelhos. Se a
consistência do testemunho significa alguma coisa, toda a
evidência favorece a crença na ressurreição.

4. Todas as principais doutrinas da fé cristã dependem da


ressurreição corpórea de Jesus
Se fosse possível remover da fé cristã a pedra fundamental da
ressurreição, toda a igreja afundaria na areia movediça do
esquecimento, pois as doutrinas cristãs básicas dependem da
ressurreição. Não temos tempo nem espaço para examinar
todas elas, mas usaremos a seguir seis importantes doutrinas
como exemplo.

A. A salvação pela fé depende da ressurreição


Em 1 Coríntios 15.3-4, o apóstolo Paulo baseou a mensagem do
evangelho no fato da ressurreição. No versículo 14 ele diz
que "se Cristo não ressuscitou, é vã [fútil] a nossa
pregação". No versículo 17 ele afirma: "E, se Cristo não
ressuscitou, é vã a vossa fé.. .e ainda permaneceis nos
vossos pecados!1' (ênfase do autor).

B. A doutrina que diz que temos um advogado, um


intercessor diante do Pai, dia e noite, depende da
ressurreição

Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número, porque


são impedidos pela morte de continuar; este, no entanto, porque
continua para sempre, tem o seu sacerdócio imutável Por isso
também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a
Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Com efeito nos
convinha um sumo sacerdote, assim como este, santo,
inculpável, sem mácula, separado dos pecadores, efeito mais
alto do que os céus, que não tem necessidade, como os sumos
sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro por
seus próprios pecados, depois pelos do povo; porque fez isto
uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu. (Hb 7.23-
27)

Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis.
Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus
Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados, e
não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo
inteiro, (1 Jo 2.1-2)

Os cristãos não são perfeitos. Mesmo depois de salvos


pela fé pecamos ocasionalmente. Em tais circunstâncias
precisamos de um intercessor ou advogado que se coloque
diante de Deus em nosso lugar. A razão de termos alguém
operando em nosso favor é que Ele é o "Cristo vivo" — e
isto só se tornou possível por meio da ressurreição.
C. Nossa justificação perante Deus e o gozo da "paz com
Deus'9 são dependentes da ressurreição
O apóstolo Paulo usou Abraão como exemplo de fé. Por causa
da fé do patriarca, o Senhor lhe atribuiu a "justiça de Deus",
"e não somente por causa dele... mas também por nossa
causa". Esta justiça também será imputada [atribuída] "a nós
que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a
Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por causa das nossas
transgressões, e ressuscitou por causa da nossa justificação.
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio
de nosso Senhor Jesus Cristo"26.
A necessidade de "justificação perante Deus" para prover-
nos a "justiça de Deus", que produz a "paz com Deus" que todo
crente tanto deseja, baseia-se no fato de que Deus "ressuscitou
dentre os mortos a Jesus Cristo nosso Senhor"27. Paulo deixou
muito claro que estas preciosas doutrinas são dependentes da
ressurreição corpórea de Jesus.

D. A promessa da segunda vinda é predita com base na


ressurreição.
Leia esses dois versículos sobre a segunda vinda:

Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos


o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso
corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória,
segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si
todas as coisas. (Fp 3.20-21)

Observe que é o Cristo vivo quem vai retornar para sua


igreja. Um Cristo morto, cujo corpo repousasse em alguma
sepultura escondida em Jerusalém ou perto dali, não salvaria

26. Romanos 4.24-5.1


27. Romanos 4.24
ninguém. Ele seria impotente para voltar da glória e nos levar
para estarmos com Ele "na casa de meu Pai". Mas, e um
Cristo ressurreto? Bem, isso é outra coisa! Considerando que
Ele vive para sempre, Ele é mais do que capaz de retornar e
levar-nos consigo.

E. O julgamento final depende da ressurreição


Em seu grande sermão no Areópago, Paulo ligou
intencionalmente o julgamento à ressurreição. Agora Deus
"notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam;
porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo
com justiça por meio de um varão que destinou e acreditou
diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos"28.
A ressurreição de Cristo garante o julgamento futuro para
todos os homens. Creio que é este fato que leva muitos céticos
a tentar destruir a crença na ressurreição. Eles geralmente
parecem impelidos mais pelo medo do que pelas evidências.
Francamente, não os censuro. A realidade de enfrentar o Cristo
vivo no dia do julgamento — sabendo que você recusou-se a
acreditar em sua ressurreição — deixaria em pânico qualquer
pessoa normal.

E A "bendita esperança " da igreja de que Cristo nos


ressuscitará e também a nossos entes queridos depende da
ressurreição física dele
Se Cristo não ressuscitou, não somente nossa fé é em vão, mas
"os que dormiram em Cristo pereceram"29. Quando o
evangelista Billy Graham pregou no funeral do ex-presidente
Richard Nixon para uma platéia de mais de 250 milhões de
pessoas que o assistiam através de uma rede internacional de
televisão, ele citou "a bendita esperança" da fé cristã
mencionada nesta passagem

28. Atos 17.30-31


29. I Coríntios 15.18
da Escritura. Por quê? Por que ele não citou algum poeta, filósofo
ou místico da moda? Porque ele sabia que eles nada têm a
oferecer sobre a vida após o túmulo. A verdadeira razão de
Billy Graham ter usado este texto é que ele representa a única
esperança do mundo com respeito à vida depois da morte.
Em meus trinta e três anos de ministério dirigi centenas de
funerais. Em todos eles usei esta promessa e outras similares
na Bíblia sobre a ressurreição final do corpo. Por quê? Porque
ela é verdadeira, porque ela está baseada na ressurreição de
Jesus! Não existe alternativa para isso. Nada sequer se
aproxima disto.
Há alguns anos participei de um debate com um famoso
professor de filosofia da Universidade da Califórnia - Los
Angeles, que era também membro da American Humanist
Association. O debate aconteceu em uma das convenções
anuais daquele grupo. Durante o intervalo, esse professor disse-
me que sua maior alegria era conseguir mudar as convicções
dos estudantes em suas aulas. Ele se orgulhava ao contar a
respeito de um jovem que se matriculou na UCLA com a
intenção de ir para o Seminário Teológico de Dallas a fim de se
preparar para o ministério. O professor atacou tanto as crenças
bíblicas daquele estudante que ele acabou mudando de idéia.
Quando me preparava para o debate, li um artigo assinado
por esse professor na revista Humanist, em que comentava
sobre a morte prematura de seu neto. Honestamente, fiquei
pesaroso ao perceber a falta de esperança daquele homem ao
relatar que, ao lado do berço da criança morta, dizia: "Meu filho,
você viverá tanto quanto eu viver, porque você viverá em
minha mente." Ali estava um homem brilhante, autor de
vários livros, que no momento da morte não tinha nenhuma
palavra de esperança para sua família, além da lembrança do
neto até que ele próprio morresse.
Isso é esperança? Não, isso é tragédia! Ninguém usa
palavras como essas em um funeral, onde as pessoas presentes
precisam
desesperadamente de esperança. Mas para os humanistas,
céticos ou "ateus esclarecidos" não há esperança além desta
vida. Meu amigo humanista que proferiu essas palavras tão
trágicas não podia dizer nada melhor. Porque o Manifesto
Humanista que ele havia assinado diz claramente que
"quando você está morto, você está morto".
Fico feliz ao afirmar que a fé cristã continua defendendo o
princípio de que "porque Ele vive, vós vivereis". O poder da
ressurreição futura não depende de nós, ele depende
totalmente de Deus. Paulo deixou isto claro quando escreveu:
"Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus
dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus
dentre os mortos, vivificará também os vossos corpos mortais,
por meio do seu Espírito que em vós habita"30. A ressurreição
de nossos corpos humanos não depende de nós, ela é
inteiramente dependente de Deus. E podemos ter plena
certeza de que isso irá acontecer, porque Ele ressuscitou seu
Filho unigênito dentre os mortos.

5. Os rituais da Ceia do Senhor e do batismo são baseadas


na ressurreição
Muitas igrejas evangélicas têm somente dois rituais: o batismo
(que se realiza uma vez) e a Ceia do Senhor (que é observada
periodicamente). Ambos dependem da ressurreição.
O próprio Cristo instituiu a Ceia do Senhor, que nos lembra a
morte com a qual Ele nos salvou dos nossos pecados. Quando o
Espírito de Deus inspirou o apóstolo Paulo a instruir a igreja de
Corinto sobre o propósito da comunhão, ele escreveu: "Porque
todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice,
anunciais [testificais] a morte do Senhor, até que ele venha"31.
30. Romanos 8.11
31.1 Coríntios 11.26, ênfase do autor
Obviamente, sua vinda, que testificamos na ceia, depende
da ressurreição. Sem ressurreição não há comunhão.
O outro ritual, o batismo, é intimamente ligado à
ressurreição. Ele também é um testemunho de nossa
crença na morte, sepultamento e ressurreição de nosso
Salvador. Paulo de novo instrui a igreja:

Ou, porventura, ignorais que todos os que fomos batizados em


Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois,
sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como
Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai,
assim também andemos nós em novidade de vida. Porque, se
fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o
seremos também na semelhança da sua ressurreição; sabendo
isto, que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para
que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado
como escravos... Ora, seja morremos com Cristo, cremos que
também com ele viveremos; sabedores que havendo Cristo
ressuscitado dentre os mortos, já não morre: a morte já não
tem domínio sobre ele. (Rm 6.3-6,8-9)

0 batismo, naturalmente, não salva o crente, mas o


identifica publicamente com a morte, sepultamento e
ressurreição de Cristo. Como o apóstolo disse à igreja de
Colossos, somos "sepultados juntamente com ele no
batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante
a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os
mortos"32.
A ressurreição celebrada nesses rituais é que dá aos
cristãos a certeza de dormir em paz cada noite, sabendo que
seus pecados estão perdoados e sua ressurreição está
garantida, pois seu advogado é Jesus Cristo, com quem
viverão para sempre quando Ele retornar. O que poderia ser
mais importante para o crente e para a igreja?
32. Colossenses 2.12
Meio Evangelho Não É Evangelho

D. L. Moody, o grande evangelista do século dezenove e


fundador do Instituto Bíblico Moody (uma das mais antigas e
fiéis escolas de preparação cristã nos Estados Unidos),
designou alguns estudantes que se preparavam para o
ministério, para dirigir reuniões evangelísticas por toda a
cidade de Chicago. Os estudantes foram pregar sermões à
noite como um meio de ganhar almas para Cristo e praticar
suas pregações. Certa noite o Dr. Moody apareceu sem se
anunciar em uma das reuniões para ouvir um de seus jovens
pastores estreantes pregar o evangelho. O jovem pregador
saiu-se bastante bem ao falar sobre a morte de Cristo na cruz
pelos pecados do mundo. No final do sermão, ele anunciou
que todos deveriam retornar ao local na noite seguinte,
quando, então, ele "pregaria sobre a ressurreição de Cristo".
Depois da saída dos ouvintes, Moody disse: "Jovem, você
não voltará amanhã à noite! Não foi o evangelho que você
pregou esta noite, mas apenas a metade dele. Muitas destas
pessoas não voltarão amanhã à noite e conseqüentemente
ouviram somente metade do evangelho!" Então ele definiu o
evangelho nas palavras de Paulo: "que Cristo morreu pelos
nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras"33.
As igrejas que deixam a ressurreição fora de sua mensagem
não pregam o evangelho. A ressurreição de nosso Senhor não é
uma doutrina ocasional que pode ser apresentada durante a
Páscoa, e depois esquecida pelo resto do ano. Ela deve sempre
ser a mensagem da igreja, porque ela é a única esperança para
este mundo assolado pelo pecado.

33. 1 Coríntios 15.3-4


17
A Ressurreição de Jesus Pode
Ser Provada?

Josh McDowell é atualmente um dos mais capacitados


defensores da fé cristã, particularmente no que diz respeito à
ressurreição física de Jesus de Nazaré. Josh, porém, não foi
sempre um cristão; na verdade, enquanto freqüentava a
faculdade, ele era um cético que se divertia fazendo de tolo
qualquer cristão que ousasse fazer perguntas "erradas" na sala
de aula. Ele foi um aluno brilhante, terminando seus estudos
com todas as honras.
Josh nasceu para ser um debatedor, um polemista, e graças
ao ceticismo que predominou em sua formação e preparação,
ele não resistia ao desafio lançado por alguns estudantes
cristãos para que examinasse a validade do cristianismo. Ele
começou achando que tudo estava a seu favor; como ele disse
mais tarde, "eu não sabia que havia evidências que a pessoa
podia avaliar mentalmente" para poder comprovar a posição
cristã. "Como cético, aceitei o desafio para examinar
intelectualmente
as alegações de que Jesus Cristo era Filho de Deus, que Ele
tinha sido sepultado e ressuscitado três dias depois, e que
Ele pode ainda hoje mudar a vida de uma pessoa. Uma das
áreas cruciais de minha pesquisa para contestar o cristianismo
estava centrada na ressurreição... Surpreendentemente, não
pude refutar o cristianismo, porque não conseguia explicar
satisfatoriamente um acontecimento essencial na história — a
ressurreição de Jesus Cristo."
Certa vez um estudante da Universidade do Uruguai
perguntou-lhe: "Professor McDowell, por que o senhor não
pode contestar racionalmente o cristianismo?" Ele respondeu:
"Por uma razão muito simples. Não sou capaz de explicar
satisfatoriamente um acontecimento na história — a
ressurreição de Jesus Cristo"1.
Josh McDowell e eu somos amigos há uns vinte e cinco anos.
Participamos juntos de várias conferências ou convenções pelo
país e ele falou muitas vezes em minhas igrejas em San Diego
(ele morava a uns setenta quilômetros de distância). Em um
domingo de Páscoa, alugamos o centro de convenções da cidade
e convidamos nossas três igrejas e muitos outros que se
interessaram em participar, para ouvir este ex-cético
compartilhar algumas de suas fortes razões para crer na
ressurreição. Ele fez mais de 580 conferências em
universidades, escreveu vários livros de sucesso, incluindo
clássicos como Evidência Que Reclama um Veredito, Mais Que
um Carpinteiro, e O Fator ressurreição. Hoje ele dirige um
ministério internacional dedicado a alcançar jovens nas
universidades e escolas secundárias através da esmagadora
evidência da divindade de Cristo e de sua ressurreição. Aonde
quer que ele vá, lança também um desafio para se viver uma
vida sexualmente pura. Milhares de pessoas estão atendendo
ao seu apelo — tudo porque ele se

1. McDowell, Josh. The Resurrection Factor, Nashville: Thomas Nelson


Publishers, 1981, pp. 6, 8.
tornou pessoalmente convencido da realidade da ressurreição
corpórea de Jesus.

Razões para Crer na Ressurreição

A ressurreição de Jesus reúne mais evidências favoráveis do


que qualquer outro acontecimento da história antiga. Tenho
certeza de que você ficará convencido de que a evidência é tão
incisiva quanto convincente. Mas nenhuma das evidências
— exceto o retorno físico de Jesus à terra para nos mostrar as
cicatrizes em seu corpo — é absoluta. Isto faz parte do
plano de Deus, que exige de nós alguma dose de fé. Não a fé
cega! Devemos usar o cérebro que Deus nos deu para pesar as
evidências e depois então tomar uma decisão racional para
aceitar o registro bíblico como verdadeiro e válido. Avalie as
evidências abaixo e decida por si mesmo.

1. O túmulo vazio
Todos os túmulos famosos no mundo — a Abadia de
Westminster em Londres, o Túmulo de São Tome na índia, o
"Túmulo do Soldado Desconhecido", em Washington, ou os
muitos outros túmulos em Israel — são famosos pelos corpos
que contêm. Mas isto não acontece com o túmulo de Jesus. Ele
é o único no mundo famoso pelo que não contém. Ele estava
vazio na primeira manhã da Páscoa e continuou assim. O
túmulo vazio é um lembrete constante da mensagem do anjo
às mulheres: "Ele não está aqui: ressuscitou, como havia
dito."
0 significado do túmulo vazio não deve ser subestimado.
Este fato foi comprovado tanto por seus amigos como por seus
inimigos, sendo mencionado pelos quatro escritores dos
evangelhos e citado por Paulo, Pedro e por outros escritores do
Novo Testamento. Observe os acontecimentos narrados no
texto a seguir.
Caindo a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado
José, que era também discípulo de Jesus. Este foi ter com Pilatos
e lhe pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lho
fosse entregue. E José, tomando o corpo, envolveu-o em um
pano limpo de Unho, e o depositou no seu túmulo novo, que
fizera abrir na rocha; e, rolando uma grande pedra para a
entrada do sepulcro, se retirou. Achavam-se ali, sentadas em
frente da sepultura, Maria Madalena e a outra Maria. (Mt
27.57-61)

Teria sido impossível incentivar as pessoas a adorar um


Salvador "ressurreto" se o seu corpo ainda estivesse no
túmulo! Os discípulos podiam ter disfarçado a decepção por
algum tempo mudando-se para uma cidade centenas de
quilômetros distante do lugar em que tudo aconteceu. Mas
não foi o que eles fizeram. Eles começaram imediatamente
a pregar lá mesmo, em Jerusalém, que Jesus havia
ressuscitado. E usaram o túmulo vazio como "prova número
1", o primeiro documento da evidência.

Você Pode Acreditar no Relato dos Amigos de Jesus

Muitos dos que testemunharam o túmulo vazio eram amigos


de Jesus. Eles foram os primeiros a anunciar a sua
ressurreição. Todos eles encontraram o túmulo vazio, assim
como as duas Marias que chegaram ao túmulo e
encontraram a pedra removida. Observe o relato das
seguintes testemunhas oculares:

O ANJO: "Ele não está aqui: ressuscitou, como havia dito.


Vinde ver onde ele jazia. "2
MARIA MADALENA: "Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o
puseste, e eu o levarei."3

2. Mateus 28.6
3. João 20.15
PEDRO E JOÃO: Depois de Pedro e João ouvirem as
mulheres dizer: "Tiraram do sepulcro o Senhor e não sabemos
onde opuseram ", saíram ambos e foram ao sepulcro. "Ambos
corriam juntos, mas o outro discípulo João] correu mais
depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro; e,
abaixando-se, viu os lençóis de Unho; todavia não entrou. Então
Simão Pedro, seguindo-o, entrou no sepulcro. Ele também viu os
lençóis, e o lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus, e que não
estava com os lençóis, mas deixado em um lugar aparte."4

Você Pode Crer no Testemunho dos Inimigos de Jesus

Todos sabem que os líderes religiosos dos judeus eram


inimigos de Jesus. Foram eles que forçaram Pilatos a
crucificá-lo. Em conseqüência disso, depois que Jesus
ressuscitou,

... alguns da guarda foram à cidade e contaram aos principais


sacerdotes tudo o que sucedera. Reunindo-se eles em conselho
com os anciãos, deram grande soma de dinheiro aos soldados,
recomendando-lhes que dissessem: "Vieram de noite os
discípulos dele e o roubaram, enquanto dormíamos." Caso isto
chegue ao conhecimento do governador, nós o persuadiremos, e
vos poremos em segurança. Eles, recebendo o dinheiro,
fizeram como estavam instruídos. Esta versão divulgou-se
entre os judeus até ao dia de hoje. (Mt 28.11-15)

Cito esta passagem para mostrar como os soldados


romanos e os líderes judeus se defrontaram com o túmulo
vazio e o desaparecimento do corpo de Jesus. Os soldados
estavam aterrorizados — como não podiam deixar de estar,
pois era costume romano que, quando um guarda perdia
um prisioneiro, deveria tomar o lugar dele. Ser crucificado
e sepultado no túmulo de Jesus
4. João 20.3-7
não era nada desejável! Quando os líderes judeus foram
notificados do túmulo vazio e do desaparecimento do corpo de
Jesus, eles nada podiam fazer para substituí-lo! Você pode
estar certo de que eles teriam apresentado o corpo de Jesus, se
estivesse com eles. Como isso não era possível, então forjaram
esta mentira de que os discípulos levaram seu corpo. Eles
chegaram a recorrer a suborno e promessas de proteção para
tornar a história aceitável.
Esses homens fizeram um bom trabalho ao espalhar este
rumor, pois, como Mateus escreveu — "Esta versão divulgou-
se entre os judeus até o dia de hoje" (cerca de trinta anos
depois dos acontecimentos). Em outras palavras, depois de
trinta anos, eles ainda não tinham descoberto o corpo de
Jesus! O túmulo estava vazio porque tinha de estar vazio —
exatamente como você esperaria depois que uma pessoa
ressuscitasse dentre os mortos.

Se ao Menos Eles Tivessem o Corpo de Jesus!

Se os líderes tivessem o corpo de Jesus, eles o teriam exibido


muitas vezes durante os trinta anos após a crucificação. No dia
de Pentecoste, depois do sermão inspirado de Pedro, eles
viram milhares de judeus aceitando o Cristo ressurreto. Se
eles fossem capazes de mostrar o corpo de Jesus, todos esses
novos convertidos voltariam às suas sinagogas e o
cristianismo teria morrido ali mesmo. Por que isto não
aconteceu? Simplesmente porque eles não tinham o corpo!
Gamaliel foi um líder dos judeus admirado pelos cristãos
durante quase dois milênios por ter agido de maneira
equilibrada e racional. No calor da batalha pelas almas de
homens e mulheres, a pregação de Pedro inspirou milhares a se
converterem — mas inflamou o ódio dos inimigos de Jesus. Eles
ficaram tão furiosos que discutiam como matar Pedro e os
outros discípulos:
Mas, levantando-se no Sinédrio um fariseu, chamado
Gamaliel, mestre da lei, acatado por todo o povo, mandou
retirar os homens, por um pouco, e lhes disse: "Israelitas,
atentai bem no que ides fazer a estes homens. Porque antes destes
dias se levantou Teudas, insinuando ser ele alguma coisa, ao
que se agregaram cerca de quatrocentos homens; mas ele foi
morto, e todos quantos lhe prestavam obediência se
dispersaram e deram em nada." (At 5.34-36)

A seguir, esse mesmo fariseu mencionou outro caso que


resultou em total fracasso. E, por fim, acrescentou:

"Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, deixai-os; porque


se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é
de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais,
porventura, achados lutando contra Deus."5

Não sabemos se este fariseu imparcial chegou a tornar-se


um cristão, mas seu conselho naquelas circunstâncias foi
acertado. 0 crescimento imediato da igreja realmente
comprovou o fato da ressurreição. Mas a meu ver, nada
disso teria sido necessário se o corpo de Jesus pudesse ter
sido exibido. Isso, porém, era impossível, porque Jesus
"ressuscitou, como havia dito".
Josh McDowell acrescenta algumas interessantes
considerações sobre este ponto.

Justino Mártir em seu Diálogo com Trifo relata que as


autoridades de Jerusalém enviaram representantes especiais
por toda a região do mediterrâneo, afim de contradizerem a
história do túmulo vazio com a explicação de que seus
seguidores roubaram o corpo. Porque as autoridades
judaicas subornariam a

5. Atos 5.38-39
guarda romana e divulgariam a explicação do "corpo
roubado " se o túmulo estivesse ocupado? O historiador Ron
Sider concluiu que: "Se os cristãos e seus opositores judeus
concordavam que o túmulo estava vazio, temos pouca escolha
a não ser aceitar o túmulo vazio como fato histórico. "John
Warwick Montgomery, deão da Escola de Direito Simon
Greenleaf, em Anaheim, Califórnia, disse: "É difícil de
acreditar que os primeiros cristãos pudessem ter fabricado tal
história para então a divulgar entre aqueles que podiam
refutá-la com facilidade, simplesmente apresentando o corpo
de Jesus." 6

O Dr. Paul Althaus, da Universidade de Erlangen,


Alemanha, afirmou: "O relato da ressurreição poderia não
ter sido mantido em Jerusalém por um único dia, se o
túmulo vazio não fosse realmente um fato comprovado"7.
Tom Anderson, ex-presidente da Califórnia Trial
Lawyers Association e co-autor do Manual Básico de Advocacia
da Association of Trial Lawyers of America, afirma:

Admitamos que Cristo não ressuscitou. Admitamos que os


relatos escritos de seus aparecimentos a centenas de pessoas
sejam falsos. Quero formular uma questão. Com um
acontecimento tão bem divulgado, não seria razoável que um
historiador, uma testemunha ocular ou um antagonista
tivesse registrado que ele tinha visto o corpo de Cristo?
"Ouçam, eu vi aquele túmulo — ele não estava vazio! Olhe, eu
estive lá, Cristo não ressuscitou. Na verdade, eu vi o corpo de
Cristo." O silêncio da história é a maior prova quando se trata
do testemunho contra a ressurreição.8

6. McDowell, p. 66.
7. McDowell, p. 91.
8. McDowell, p. 66.
2. Quem removeu a pedra?
Poucos críticos (exceto aqueles radicais como Crossan e outros
do Seminário Jesus) negam que uma grande pedra foi colocada
na entrada do túmulo de Jesus, que o túmulo foi selado e que
uma guarda romana vigiava o local para impedir que seus
amigos roubassem o corpo. Nenhum deles parece negar que a
pedra foi removida, abrindo o túmulo, naquela manhã de
Páscoa. A grande pergunta é: quem removeu a pedra? Não
poderiam ter sido seus inimigos, pois, como vimos, eles
tomaram as devidas precauções para ocultar o fato de que ela
tinha sido afastada da entrada do túmulo e que o corpo de Jesus
não estava lá. Além da explicação encontrada nos evangelhos,
há somente duas possibilidades:

1. O próprio Jesus levantou-se e afastou a pedra;


2. As mulheres ou alguns outros amigos o fizeram.

Estas duas opções são uma versão da "teoria do desmaio" ou


da "teoria do ressuscitamento" (ambas são ridículas e serão
analisadas no próximo capítulo). A primeira imagina um Jesus
tão enfraquecido que não podia carregar sua própria cruz (como
resultado dos açoites sofridos) e que, depois de ficar pregado na
cruz por nove horas e ter sido considerado morto pelos soldados
romanos que eram especialistas em crucificação (um dos quais
cravou a ponta da lança em seu lado, de onde jorraram "sangue
e água"), de repente, miraculosamente, acordou. Apesar de
estar todo envolto em tiras de pano, ele desvencilhou-se delas
e, sem que os guardas percebessem, pôs-se a empurrar uma
pedra de duas toneladas. Isto teria sido um milagre ainda maior
do que a ressurreição!
A outra possibilidade é que as mulheres, apesar de terem se
perguntado ao chegar: "Quem nos removerá a pedra da entrada
do túmulo?" — apesar disso reuniram forças para abrir o
túmulo.
Mas, mesmo que elas conseguissem tal feito, isso não
explica como elas poderiam quebrar o selo romano e fazer
todo esse trabalho sem acordar os guardas sonolentos!
Visitei o jardim do túmulo em Jerusalém em seis
ocasiões. Embora não estivesse certo se aquele era
realmente o túmulo em que Jesus foi enterrado, ele atende
aos requisitos das escrituras: é um "jardim" perto do lugar
da caveira em que Jesus foi crucificado, "fora do muro" da
Velha Jerusalém. Mas, mesmo que não fosse exatamente
aquele túmulo, ele é típico daquele período. Um sulco de
dezoito a vinte e cinco centímetros era aberto no chão,
desde a colina até a entrada do túmulo e, então, uma pedra
era cortada da rocha, de modo que depois que o corpo fosse
colocado no interior, a pedra pudesse ser rolada de cima
para baixo pelo sulco até bloquear a entrada do túmulo.
Remover a pedra — cujo peso estimado era de uma e meia
a duas toneladas — de volta pelo sulco ascendente seria
uma tarefa impossível para vinte mulheres, quanto mais
para duas! Não, as mulheres não removeram a pedra. Então
quem foi?
Josh McDowell fez uma interessante descoberta a este
respeito:

No texto de Marcos 16.4 dos manuscritos Bezae, na Biblioteca


de Cambridge, Inglaterra, uma afirmação em parêntese foi
acrescentada: "E quando Ele foi colocado ali, ele (José) pôs
contra a [entrada] do túmulo uma pedra que vinte homens não
poderiam remover."
Mais tarde, eles me escreveram uma carta com os detalhes
técnicos, escrevendo suas conclusões no verso, em linguagem
simples.
Disseram que uma pedra daquele tamanho deveria pesar
no mínimo de uma e meia a duas toneladas. Não surpreende,
pois, que Mateus e Marcos tenham dito que a pedra era
extremamente grande.9

9. Ibid., pp. 53 e 54.


Portanto, quem moveu a pedra? A Bíblia tem uma resposta
simples: "E eis que houve um grande terremoto; porque um
anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e
assentou-se sobre ela"10. Todos sabemos que um anjo não teria
dificuldade de remover uma pedra desse tamanho — mas isto
introduz o elemento sobrenatural! E esta é exatamente a minha
posição. Tanto o túmulo vazio como a pedra removida requer a
inclusão do sobrenatural. Sem a ressurreição, não há explicação
razoável para os detalhes.

3. As testemunhas oculares do Cristo ressurreto


Por mais importantes que a pedra removida e o túmulo vazio
sejam para provar a ressurreição, temos evidência ainda maior:
mais de quinhentas testemunhas oculares, muitas das quais
conhecemos pelo nome. Sem subestimar os fatos acima — e
mesmo sendo um problema para os céticos—, a pedra removida
e o túmulo vazio não transformaram ninguém. Como veremos,
foi o encontro com o Cristo ressurreto que transformou as
vidas daqueles primeiros cristãos. Tome estava tão cético
sobre a ressurreição de Jesus que se recusou a crer, muito
embora muitos de seus amigos e todos os discípulos lhe
dissessem: "Vimos o Senhor". Foi somente depois de tê-lo visto
que Tome exclamou: "Senhor meu e Deus meu!"
Os testemunhos daqueles que viam o Senhor ressurreto nos
proporcionam uma evidência poderosa que não pode ser
desprezada: Jesus realmente viveu depois de ter sido
crucificado. A importância deste fato não passou despercebida
ao Dr. Lucas, o cuidadoso historiador do primeiro século que
disse a respeito dos discípulos: "A estes também, depois de
ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas
incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e
falando das coisas concernentes ao reino de Deus."11
10. Mateus 28.2
11. Atos 1.3
Estas "provas infalíveis" são, mais do que tudo, as cerca
de quinhentas pessoas que testemunharam o Cristo
ressurreto. Todas elas juntas constituem uma evidência
esmagadora em qualquer tribunal do mundo. Como
nenhuma das narrativas do evangelho inclui todos os relatos
das testemunhas oculares, não sabemos ao certo a ordem
em que esses aparecimentos ocorreram. A meu ver, a
melhor lista é a que se encontra logo abaixo:

É geralmente aceito que o Novo Testamento registra dez


aparecimentos de Jesus entre o momento de sita ressurreição,
na manhã da Páscoa até a ascensão quarenta dias depois,
além de seu aparecimento a Saulo, mais tarde, na estrada de
Damasco. Seria melhor para nós enumerar esses
aparecimentos para podermos constatar melhor seu
significado.

1. A algumas mulheres quando retornavam do sepulcro,


depois de terem visto o anjo que lhes disse que Cristo
tinha ressuscitado. (Mt 28.1-10)
2. A Maria Madalena perto do sepulcro, provavelmente em
sua segunda visita ao local naquela manhã (Jo 20.11-18;
Mc 16.9-11).
3. Ao apóstolo Pedro, antes do anoitecer do dia da
ressurreição, mas em circunstâncias de que não temos
detalhes (Lc 24.34; 1 Co 15.5).
4. Aos dois discípulos, Cleopas e um outro, a caminho de
Emaús, na tarde do domingo da Páscoa (Mc 16.12-13; Lc
24.13-35).
5. Aos dez apóstolos, estando Tome ausente, juntamente com
outros cujos nomes não são indicados, reunidos na noite do
domingo da Páscoa para tomarem a refeição (Mc 16.14-
18; Lc 24.36-40; Jo 20.19-23; 1 Co 15.5).
6. Uma semana mais tarde, a todos os onze apóstolos,
provavelmente no mesmo lugar do aparecimento
anterior (Jo 2026-28).
7. A vários discípulos no mar da Galiléia, enquanto estavam
pescando, sem indicação da hora exata (Jo 21.1-23).
8. Aos apóstolos, e a mais de quinhentos irmãos, de uma
única vez, na montanha indicada por Jesus na Galiléia
(Mt 28.16-20; 1 Co 15.6).
9. A Tiago, em circunstâncias das quais não temos nenhuma
informação (1 Co 15.7).
10. Aos apóstolos em Jerusalém, um pouco antes da ascensão
no monte das Oliveiras (Mc 16.19; Lc 24.50-52; At 1.3-8).

Muitas coisas devem ser observadas nesses aparecimentos.


Em primeiro lugar, há uma considerável variedade de
circunstâncias associadas a essas dez manifestações. Não foi
a somente uma pessoa, ou grupo de pessoas, que Ele se revelou
em diferentes ocasiões, nem ao mesmo tipo de pessoa. Foi para
algumas mulheres, para dois discípulos na estrada de
Emaús, para os apóstolos reunidos em um cenáculo e para
quinhentos irmãos que se encontravam juntos no mesmo
lugar. Foi para pessoas diferentes como Maria Madalena,
Pedro, Tiago, João e Tome! Até os sentimentos desses grupos
eram diferentes, no instante em que as manifestações foram
feitas a eles: as mulheres afastavam-se rapidamente do
sepulcro, com medo e grande alegria; Maria Madalena
chorava fora do sepulcro; os dois discípulos conversavam,
cheios de tristeza por todas as coisas que tinham acontecido;
os apóstolos estavam reunidos a portas fechadas com medo
dos judeus; os irmãos na Galiléia estavam reunidos em
obediência à ordem de Cristo; os sete discípulos voltaram à
velha ocupação como pescadores; os onze no monte das
Oliveiras alegravam-se na presença de seu Senhor com a
plena certeza de que era realmente Ele.12
12. Smith, Dr. Wilbur M. The Supernaturalness of Christ, Boston: W. A. Wilde
Co., 1940,pp.197-199.
Assim como todos os milagres de Jesus, estes
aparecimentos não foram encenações; eles ocorreram durante
as atividades diárias de cada um. Isto os torna mais
"infalíveis". Não houve duas manifestações exatamente
iguais. Uma foi pela manhã; outra, à tardinha. Em alguns
casos Ele comeu com eles; certa vez ele cozinhou uma
refeição para eles; de outra vez repetiu um milagre que tinha
realizado antes de ser crucificado (isto é, a "pesca
maravilhosa").
Também as reações não foram sempre as mesmas ao verem
o Cristo ressurreto. Algumas pessoas quiseram "adorá-lo";
outras choraram de alegria; e todas foram transformadas pelo
encontro. Alguns céticos, pelo menos mil e setecentos anos
depois desses acontecimentos, tentaram nos fazer crer que
todos esses aparecimentos podem ser explicados pela histeria
ou alucinações coletivas. Mas que tipo de alucinação seria essa?
Pessoas diferentes, por um período de quarenta dias e sob
diferentes circunstâncias relataram suas experiências
essencialmente da mesma forma.
Nenhum outro acontecimento do passado possui tanta
evidência para confirmá-lo. Como veremos no próximo
capítulo, o apóstolo Paulo, o primeiro escritor do Novo
Testamento, vinte anos após a ressurreição deu-nos uma lista
daqueles que viram o Cristo ressurreto. Depois de mencionar
"Cefas" (ou Pedro), ele escreveu: "Depois foi visto por mais
de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria
sobrevive até agora, porém alguns já dormem"13.
É importante notar que a maioria das pessoas que tinham
visto Cristo após a ressurreição estavam ainda vivas vinte e
cinco anos mais tarde, quando Paulo escreveu 1 Coríntios. Por
isso, quando as narrativas do evangelho começaram a se
propagar, elas teriam certamente objeções a fazer às histórias
da ressurreição de Jesus, se de fato elas não fossem
verdadeiras. Entretanto,

13.1 Coríntios 15.6, ênfase do autor


nenhuma objeção jamais se levantou a este respeito. Os que
primeiro negaram o túmulo vazio, a pedra removida e os
testemunhos dos que comprovaram a ressurreição apareceram
por volta de mil e setecentos anos depois dos acontecimentos
em questão.
Hoje, quase no vigésimo primeiro século da era cristã, nós
temos uma decisão a tomar. A qual relato devemos dar crédito
— ao das quinhentas testemunhas oculares que viveram
naqueles dias, ou ao dos céticos "eruditos" que viveram mil e
setecentos anos depois dos acontecimentos? Se nossa decisão
baseia-se na evidência e não meramente na aversão pelo
sobrenatural, há somente uma escolha: Jesus de fato ressuscitou
dentre os mortos.

4. O caráter de Jesus torna fácil acreditar nele quando


afirmou que ressurgiria após a morte
Dificilmente alguém nega que Jesus tenha vivido uma vida
santa, humilde e sacrificial. Mesmo entre aqueles que rejeitam
sua divindade muitos o consideram "um grande exemplo
moral", "um caráter excelente", "um modelo de vida a ser
seguido", ou outras expressões semelhantes. Ninguém lançou
difamações ao caráter moral de Jesus, mesmo quando o
cristianismo tornou-se uma ameaça a outras religiões. Na
verdade, os primeiros ataques ao seu caráter ocorreram no
século dezessete, quando um punhado de estudantes ateus
resolveram reescrever a história para fazer parecer que Jesus
tinha feito alguma coisa imoral. Isto teria ficado no
esquecimento há muito tempo se um produtor moralmente
pervertido de Hollywood não tivesse feito um filme blasfemo
(que, por sinal, foi um desastre de bilheteria, resultando em
um imenso déficit)14.
É extremamente difícil a qualquer um que tenha ódio de
Jesus obter algo contra sua moralidade, pois tão elevado é o
seu

14. 0 filme foi A Última Tentação de Cristo.


caráter, que é reconhecido por todos os historiadores
(mesmo aqueles como Thomas Jefferson, que rejeitava sua
divindade mas aceitava seu caráter moral como um modelo
para o comportamento moderno). Neste sentido, Jesus é
uma figura singular na história. Nenhuma outra pessoa se
aproxima da perfeição moral demonstrada por Ele.
John R. Rice, falecido evangelista e editor do semanário
Espada do Senhor, escreveu:

Quem há em toda a história humana como Cristo? Sua


personalidade, sua pureza moral, seu discernimento
espiritual, sua sabedoria infinita, fazem dele alguém
absolutamente único. Quando o comparamos com Sócrates,
Buda, Maomé, Gandhi, Lenin, Shakespeare, Napoleão,
Washington, Lincoln, ou Roosevelt, constatamos que não
há comparação. Os sábios, a intelligentsia, os mestres do
mundo são crianças perto de sua sabedoria. Seus códigos e
sistemas morais são fragmentários e inadequados
comparados aos ensinos de Jesus. Os heróis do mundo têm
suas falhas e suas fraquezas, mas Jesus Cristo não tem
nenhuma falha nem qualquer fragilidade. Ele podia
ousadamente desafiar seus críticos: "Quem dentre vós me
convence de pecado?" (Jo 8.46)15

J. Oswald Sanders escreveu: "Foi a partir da vida e


ensino de Jesus que a humildade foi exaltada como a
principal virtude"16. Com sua vida e ensinos Jesus
reescreveu as normas de conduta para o mundo inteiro no
que diz respeito ao caráter, moralidade, respeito pelos
outros, vida altruística e integridade. Ele exaltou a
dignidade da mulher, enalteceu a maternidade, estabeleceu a
necessidade de amar e proteger as crianças,

15. Rice, John R. Is Jesus God?, Wheaton: Sword of the Lord Publishers, 1945, p.
140.
16. Sanders, J. Oswald. Christ Incomparable, Ft. Washington: Christian
Literature Crusade, 1952, p. 203.
sem depreciar a posição do homem. O modelo de caráter e os
ensinamentos de Jesus enriquecem todos os seres humanos.
Por isso, quando uma pessoa assim dedica boa parte do seu
curto ministério anunciando que certamente ressurgiria após a
morte, sua palavra merece crédito. Talvez apenas isto não fosse
suficiente, mas quando somado a outras linhas de raciocínio
expostas neste capítulo, ele é mais um argumento em favor do
fato de que sustenta que "é necessário que o Cristo sofra e
ressuscite dentre os mortos no terceiro dia".
Na verdade, toda a história da ressurreição, tal como se
apresenta nos evangelhos, combina bem com o caráter de Deus
e de Cristo. Não é conflitante com os milagres de Jesus e
realmente proporcionaria um excelente clímax a seu
nascimento miraculoso, vida, ministério e morte. Se um
homem manifesta um caráter impecável, como fez Jesus,
depois realiza milagres em benefício das pessoas, transmite
ensinamentos insuperáveis, e por fim morre sacrificialmente
pelos pecados como "o cordeiro de Deus que tira os pecados do
mundo"— por que devemos ficar surpresos com sua
ressurreição no terceiro dia? Principalmente quando isto é
exatamente o que Ele disse que tinha vindo fazer? Além disso,
lembremo-nos de que o maior livro sagrado do mundo predisse
que Ele faria a mesma coisa, e o fez de forma tão clara que, se
Ele não fosse aquele que deveria cumprir as profecias,
teríamos de procurar alguém idêntico a Ele. Não há dúvida
de que a ressurreição é o clímax de toda a sua vida.

5. A ressurreição de Jesus mudou o dia de adoração


Os primeiros seguidores de Jesus eram judeus. Todos sabiam
que os judeus adoravam aos sábados — "o Sabbath", porque
assim estava ordenado no decálogo. O Sabbath era um
constante lembrete de que em seis dias Deus criou os céus, a
terra, o homem, e todos os seres viventes — e então
"descansou no sétimo
dia". Deus até prometeu abençoar seu povo por não fazer
qualquer trabalho no Sabbath, e dar-lhe prosperidade se o
guardasse como um dia de descanso e adoração. Na época em
que Jesus veio a este mundo, o Sabbath era o costume mais
defendido em Israel. Era um sinal de que a nação adorava
Jeová Deus. De fato, a causa de muitas divergências dos
judeus com Jesus era o hábito do Senhor de fazer boas obras
(como curar o enfermo e o aleijado) no dia de Sabbath.
Portanto, a pergunta que se levanta é: por que a igreja
primitiva — uma instituição exclusivamente judaica no seu
início — mudou o dia de adoração para "o primeiro dia da
semana", ou domingo? Há somente uma resposta: os primeiros
cristãos acreditavam que Jesus ressuscitou no primeiro dia da
semana. Passados quase dois mil anos, a adoração cristã é um
testemunho concreto de que a igreja sempre acreditou que
Jesus ressuscitou triunfalmente sobre a morte no primeiro dia
da semana.
Acho interessante que, embora Jesus não tivesse dado
qualquer instrução aos primeiros cristãos quanto à mudança do
dia de adoração, eles o adotaram assim mesmo. Eles pareciam
seguir o próprio exemplo de Jesus. Ele não somente
ressuscitou no primeiro dia, mas apareceu aos seus
discípulos nesse dia, como também no Sabbath seguinte,
quando Tome também estava presente. O apóstolo João chama-
o "Dia do Senhor" (Ap 1.10) e na ocasião em que Paulo fez
sua primeira viagem missionária, era costume dos cristãos se
reunirem no primeiro dia da semana para adoração e estudo
bíblico. Por essa razão Paulo achou fácil ir às sinagogas no
Sabbath para pregar aos judeus e depois encontrar-se com os
cristãos no Dia do Senhor. Já em seus dias este costume
estava arraigado!
Os céticos podem não gostar da idéia de que os primeiros
cristãos mudaram o dia de adoração do sábado para o domingo a
fim de comemorar a ressurreição de nosso Senhor no "primeiro
dia da semana", mas esta é a única explicação para esse
comportamento. Nenhuma outra alternativa é viável!

6. A conversão instantânea do apóstolo João


0 apóstolo João parece ter sido alguém muito especial. Ele
fazia parte do círculo íntimo de Jesus, juntamente com seu
irmão Tiago e com Pedro. Os três viram a transfiguração de
Jesus e foram convidados a acompanhá-lo para orar no
Getsêmani. Entre os doze discípulos, eles eram os que
estavam mais perto de Jesus. João sobreviveu a todos os
outros apóstolos e era provavelmente bastante jovem
quando foi chamado a seguir Jesus (alguns admitem que ele
tinha apenas dezessete anos). Sabemos que ele foi
extremamente fiel a Cristo durante toda sua vida e que
escreveu cinco livros do Novo Testamento: o evangelho
que leva seu nome; três pequenas cartas nas páginas finais
do Novo Testamento; e a incrível profecia do Apocalipse.
A conversão instantânea de João pode ter feito dele o
primeiro a crer verdadeiramente na ressurreição, a menos
que a honra caiba às duas Marias ou uma delas. Ele mesmo
narrou o acontecido, logo depois de Maria Madalena ter
estado no túmulo vazio e encontrado a pedra removida:

Então correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo
a quem Jesus amava, e disse-lhes: "Tiraram do sepulcro o
Senhor e não sabemos onde o puseram." Saiu, pois, Pedro e o
outro discípulo, e foram ao sepulcro. Ambos corriam juntos,
mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e
chegou primeiro ao sepulcro; e, abaixando-se, viu os lençóis
de Unho; todavia não entrou. Então Simão Pedro, seguindo-o,
chegou e entrou no sepulcro. Ele também viu os lençóis, e o
lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus, e que não estava
com os lençóis, mas deixado em um lugar à parte. Então
entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao
sepulcro, e viu e creu. (Jo 20.2-8)
O jovem João adiantou-se a Pedro, mas parou à entrada do
sepulcro. Pedro, o discípulo afoito, chegou depois mas entrou
primeiro no sepulcro. Em seguida João também entrou para ver
com seus próprios olhos e imediatamente se convenceu diante
do que viu. A perfeita ordem daquele túmulo vazio enviou uma
mensagem para sua mente analítica de que alguma coisa
sobrenatural tinha acabado de acontecer. Os panos que
envolviam Jesus estavam ali e em perfeita ordem, como se
estivessem envolvendo uma múmia — porém não havia
nenhum corpo dentro! Todas as coisas estavam ainda intactas.
Jesus não estava mais lá, mas deixou no túmulo os panos que
envolviam seu corpo. João percebeu instantaneamente que a
única coisa que podia causar tal milagre era a transformação do
corpo morto de Jesus em um corpo novo, ressurreto, não mais
sujeito ao tempo e espaço. Se o corpo de Jesus foi roubado
como alguns dizem, por que os panos que envolviam seu
corpo ainda estavam lá? Se isso tivesse acontecido, João, a
testemunha ocular, não teria visto nada de excepcional. Mas ele
não viu simplesmente uma fria laje de pedra, mas sim uma
mortalha intacta, perfeita. Ele viu até o lenço da face dobrado
e estendido no lugar em que repousava a cabeça do Senhor.
Em perfeita ordem! Não admira que João "viu e creu". Se nós
tivéssemos estado lá, também teríamos crido!

7. A transformação das testemunhas oculares


Os céticos querem nos fazer acreditar que tanto os discípulos
como aqueles que viram o Cristo ressurreto eram tipos
altamente sugestionáveis que podiam ser enganados por
alucinação coletiva. Os fatos indicam exatamente o contrário.
Marcos, o primeiro escritor dos evangelhos, conta uma história
bem diferente:

Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da


semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira
sete demônios. E, partindo ela, foi anunciá-lo àqueles que, tendo
sido companheiros de Jesus, se achavam tristes e choravam.
Estes, ouvindo que ele vivia e que fora visto por ela, não
acreditaram. Depois disto, manifestou-se em outra forma a
dois deles que estavam de caminho para o campo. E, indo, eles
o anunciaram aos demais, mas também a estes dois eles não
deram crédito. Finalmente apareceu Jesus aos onze, quando
estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de
coração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já
ressuscitado. (Mc 16.9-14)

Os seguidores de Jesus no início demoraram a crer.


Quando Maria disse aos discípulos que o Senhor "fora visto
por ela... não acreditaram". Os dois homens a quem Lucas
diz que Jesus apareceu no caminho para Emaús já tinham
ouvido relatos da ressurreição, mas estavam deixando
Jerusalém porque não acreditaram neles. Jesus finalmente
os censurou por sua descrença e mostrou-lhes nas
Escrituras como todas aquelas coisas deveriam acontecer.
Eles por sua vez foram aos discípulos e contaram toda sua
experiência, e, no entanto, diz Marcos que "também a estes
dois eles não deram crédito"17.
Depois disso, "apareceu Jesus aos onze, quando estavam
à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de
coração, porque não deram crédito aos que o tinham visto
já ressuscitado". Isto não sugere que eles eram homens
ingênuos e impressionáveis, ansiosos para crer! Lucas narra
como Jesus lhes disse: "Por que estais perturbados? e por
que sobem dúvidas aos vossos corações? Vede as minhas
mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e
verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos,
como vedes que eu tenho." Você com certeza acharia essa
prova mais do que suficiente — mas não, Ele teve ainda de
mostrar-lhes suas mãos e seus pés. E para reforçar ainda

17. Marcos 16.13


mais a prova, Jesus perguntou-lhes: "Tendes aqui alguma
coisa que comer?" E quando lhe deram algum alimento, Ele
comeu em sua presença18.
Evidentemente, esses homens não eram facilmente
persuadidos e nem tão ávidos em acreditar, como sugerem os
céticos. A notícia de sua ressurreição era boa demais para ser
verdadeira. Eles viam Jesus crucificado e achavam que estava
tudo acabado. Eram realmente "tardos de coração para crer",
mas finalmente chegaram à compreensão (depois de vê-lo
várias vezes após a ressurreição) de que era tudo verdade.
Essa verdade foi o motivo da transformação desses homens em
testemunhas zelosas e corajosas da ressurreição.
Convém repetir que, por mais poderosos que sejam os
argumentos do túmulo vazio e da pedra removida, estes fatos
não transformaram nem motivaram ninguém! Se os discípulos
não tivessem realmente se encontrado com o Cristo vivo, não
haveria nenhum cristianismo.
Aqueles encontros não somente convenceram os
seguidores de Jesus, mas transformaram-nos em testemunhas
oculares dinâmicas de sua ressurreição. O livro de Atos deixa
claro que a ressurreição tornou-se a pedra angular da fé cristã.
Ela foi pregada onde quer que o evangelho fosse anunciado e
produziu a mais poderosa força motivadora na história do
mundo. Em menos de trezentos anos, o testemunho dos
discípulos, os seguidores de Jesus, e a igreja primitiva "viraram
o mundo de ponta-cabeça". 0 pequeno grupo inicial de doze
pessoas cresceu para cento e vinte na ascensão de Jesus, e
para três mil e, em seguida, cinco mil "homens" no dia do
Pentecoste (podemos admitir um número semelhante de
mulheres e crianças). Por volta de 312 d.C, o imperador
Constantino declarou o cristianismo a religião oficial do estado
em todo o império romano. Se sua decisão

18. Lucas 24.38-42


foi por razões políticas ou religiosas, isso não faz
diferença. 0 fato importante é que em três curtos séculos o
cristianismo tornou-se tão forte que transformou o cenário
político e religioso. Isso não teria acontecido se aqueles
primeiros cristãos não tivessem sido fortalecidos por uma
crença inabalável na ressurreição de Cristo.
A história confirma que os primeiros cristãos foram
açoitados, presos, crucificados, mutilados, afogados,
atirados aos leões, mortos pela fome, fervidos em óleo,
enforcados e queimados. Provavelmente nenhum outro
grupo na história tenha sido mais maltratado e humilhado
pelos descrentes do que os cristãos, nem mesmo os judeus.
A aceitação voluntária do martírio por esses cristãos só
pode ser explicada por sua sólida crença no Cristo
ressurreto.

8. A conversão do apóstolo Paulo


No capítulo oito consideramos o testemunho do apóstolo
Paulo em relação à divindade de Cristo. Seu testemunho
sobre a ressurreição de Cristo é tão forte que faríamos bem
em abordá-lo novamente.
Recordemos que, antes de sua conversão, Paulo foi
durante anos extremamente cético em relação ao
cristianismo. Seu ódio aos cristãos fez com que ele se
dedicasse arduamente a combater o cristianismo
Porém algo extraordinário lhe aconteceu, mudando tudo
aquilo instantaneamente. Ele próprio diz como ocorreu sua
transformação ao encontrar-se com o Cristo vivo.
Acompanhemos seu próprio testemunho:

Quanto à minha vida, desde a mocidade, como decorreu desde


o princípio entre o meu povo e em Jerusalém, todos os judeus a
conhecem; pois na verdade eu era conhecido deles desde o
princípio, se assim o quiserem testemunhar, porque vivi
fariseu...
Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu
praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno; e assim procedi
em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais
sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, contra
estes, dava o meu voto, quando os matavam. Muitas vezes os
castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar.
E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades
estranhas os perseguia.
Com estes intuitos parti para Damasco, levando
autorização dos principais sacerdotes e por eles comissionado.
Ao meio-dia... indo eu caminho fora, vi uma luz no céu, mais
resplandecente que o sol, que brilhou ao redor de mim e dos que
iam comigo. E, caindo todos nós por terra, ouvi uma voz que
me falava em língua hebraica: "Saulo, Saulo, porque me
persegues?dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões.
"Então eu perguntei: "Quem és tu, Senhor? "Ao que o Senhor
respondeu: 'Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te
e firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci, para te
constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me
viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda, livrando-
te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio, para lhes
abrir os olhos e convertê-los das trevas para a luz e da
potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles
remissão de pecados e herança entre os que são santificados
pela fé em mim."
Pelo que... não fui desobediente à visão celestial, mas
anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por
toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e
se convertessem a Deus, praticando obras dignas de
arrependimento. Por causa disto alguns judeus me
prenderam, estando eu no templo, e tentaram matar-me.
Mas, alcançando socorro de Deus, permaneço até o dia de
hoje, dando testemunho, tanto a pequeno como a grande, nada
dizendo senão o que os profetas e Moisés disseram haver de
acontecer, isto é, que o Cristo devia
padecer, e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos,
anunciaria a luz ao povo e aos gentios. (At 26.4-5,9-23)

Este homem cheio de ódio, que se dedicou a eliminar o


cristianismo, foi de tal modo transformado por seu
encontro com o Cristo vivo que se tornou um dos mais
ardorosos evangelistas. Em lugar de perseguir a igreja, ele
se converteu em um fundador de igrejas. Sua extraordinária
transformação é algo que os céticos modernos não
conseguem explicar. Se rejeitarmos a explicação que o
próprio Paulo deu de sua conversão, a que podemos
atribuir essa tão rápida transformação? Estava ele
enlouquecido pela culpa? Os escritos de Paulo no Novo
Testamento desmentem essa teoria. Entretanto, essa parece
ser a única explicação possível. E o próprio Paulo comenta
esta teoria tola ao defender-se perante Festo!

Dizendo ele [Paulo] estas coisas em sua defesa, Festo o


interrompeu em alta voz: "Estás louco, Paulo; as muitas
letras te fazem delirar."
Paulo, porém, respondeu: "Não estou louco, ó excelentíssimo
Festo; pelo contrário, digo palavras de verdade e de bom senso;
porque tudo isto é do conhecimento do rei, a quem me dirijo com
franqueza, pois estou persuadido de que nenhuma destas
coisas lhe é oculta; porquanto nada se passou aí, nalgum
recanto. (At 26.24-26)

Não, Paulo não estava louco, nem por suas muitas letras
nem por sua terrível culpa. Até o dia de seu martírio, ele foi
uma das pessoas mais lúcidas que já andaram pela terra. E
verdade que ele nunca esqueceu seus dias como
perseguidor da igreja, mas nunca duvidou que tinha sido
perdoado pelo fundador dessa igreja. Essa é a razão de ele
ter voluntariamente dedicado sua vida para anunciar a
ressurreição de Cristo.
Eles Morreriam por uma Mentira?

A história não deixa dúvida de que os discípulos de Jesus, nos


primeiros trezentos anos depois da crucificação de seu Senhor,
sofreram as mais brutais perseguições e mortes. Não obstante,
dentre os "mais de quinhentos irmãos" que viram o Cristo
ressurreto, não temos conhecimento de casos de deserção ou
apostasia. Não temos qualquer relato de que alguém tenha
mudado sua maneira de pensar. Com certeza isso não
aconteceu com nenhum dos onze discípulos (não incluindo
obviamente o traidor, Judas Iscariotes, que não chegou a viver
para ver o Cristo ressurreto). A história nem sequer apresenta
indícios de que um deles alguma vez vacilou; e nenhum
negou a ressurreição de Jesus.
Entretanto, com exceção de João, todos os discípulos
morreram como mártires. A tradição diz que Pedro foi
crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, pois
considerava-se "indigno" de ser crucificado da mesma forma que
seu Senhor. Paulo, o apóstolo "nascido fora de tempo"19, depois
de várias e longas prisões, morreu em Roma como mártir.
Tome, que tinha sido um "cético" até ver o Cristo ressurreto,
levou a obra da grande comissão aos confins da índia, onde
exerceu o ministério por muitos anos, sendo finalmente
martirizado.
(Minha esposa e eu visitamos o túmulo de São Tome, na
índia, onde a tradição diz que seu corpo está enterrado.
Evidências concretas das atividades de Tome foram
encontradas no estado indiano de Kerala, onde ministramos
em muitas igrejas cristãs ou assembléias de "irmãos". A
igreja tradicional dali é conhecida como "a igreja Mar Tomé",
recebendo este nome em honra do discípulo Tome, que
acreditam foi o primeiro a levar-lhes o evangelho. Kerala é o
único estado cristão de toda a índia; o restante da nação é
totalmente hindu. A história diz que
19.1 Coríntios 15.8
quando os missionários portugueses viajaram à índia no século
quinze, eles aportaram em Kerala, mas encontraram o
cristianismo tão forte ali que se dirigiram a outros lugares.
Isto tudo indica que, embora Tome tenha iniciado sua vida de fé
com alguma dúvida, terminou-a extremamente bem.)
De acordo com os melhores registros, todos os discípulos,
exceto o apóstolo João, morreram por causa de sua fé. Não há o
menor indício de que alguém deles tenha negado sua fé. João, que
sobreviveu a todos os outros discípulos da época de Jesus,
pastoreou a grande igreja de Éfeso durante anos. A tradição diz
que ele foi torturado em óleo fervente, mas sobreviveu e,
quando estava com aproximadamente oitenta e cinco anos, foi
banido para a ilha de Patmos. Foi ali que, por volta de 96 d.C, ele
escreveu o último livro do Novo Testamento, o Apocalipse [a
Revelação de Jesus Cristo], onde confirma sua crença na
ressurreição de Jesus e em sua promessa de voltar para cumprir
as profecias do Velho e do Novo Testamento sobre o seu reino
futuro.
A questão é: estariam esses discípulos dispostos a sofrer e
morrer por uma mentira? Se de fato eles roubaram e destruíram
o corpo de Jesus e, a partir daí, contaram a todas as pessoas uma
mentira bem elaborada — com tanta habilidade e talento que
jamais foram descobertos — e seriam capazes de morrer por
causa de uma mentira que eles mesmos inventaram? Talvez
até poderíamos imaginar que um ou dois deles fizessem isso —
mas todos os onze? Quem consegue acreditar nisso?
Alguém poderia ainda dizer que não foram os discípulos que
roubaram o corpo, mas, sim que eles acreditaram em uma
mentira. Eles foram simplesmente enganados sobre a
ressurreição de Jesus. Acreditavam que Ele ressuscitou, mas
foram enganados. Tal teoria seria tão impossível quanto a
anterior.
Quando a ponta de uma espada é encostada em seu pescoço
e você é intimado a negar a ressurreição de Cristo ou morrer —
que tipo de evidência levaria você a escolher a morte? Você
poderia
escapar da morte com algumas simples palavras, como:
"Bem, eu realmente nunca o vi vivo. Você deve estar certo —
Ele não ressuscitou". De novo podemos achar que um ou
mesmo três discípulos enganados possam dispor-se a morrer
por uma crença enganosa na ressurreição de Jesus — mas
todos os onze? Não é razoável supor que pelo menos um deles
capitulasse e renegasse a fé quando ameaçado de morte? No
entanto, nenhum deles fez isso. A única explicação possível
é que, quando confrontados com a morte, os discípulos se
agarravam firmemente às suas profundas convicções a
respeito da ressurreição de Jesus. Se não fosse isso, o que
poderia evitar que pelo menos um ou dois renunciassem à fé?
No entanto, nenhum deles jamais fraquejou. Por que não?
Porque eles não somente acreditavam que Jesus tinha
ressuscitado, mas sabiam que isso tinha realmente
acontecido. Eles falaram com ele. Eles o viram. Eles
olharam enquanto Ele comia. Eles o tocaram. Eles sabiam.
Essa é a razão pela qual nenhum deles jamais negou sua fé,
mesmo diante do sofrimento e da morte. Não há nenhuma razão
para temer a morte quando você sabe que seu Salvador a
derrotou!

Meu Desafio a um Cético

Tempos atrás um cético, descrente da ressurreição, defendeu


o argumento que acabei de expor. Após admitir, por hipótese,
que dois ou três discípulos pudessem deliberadamente
espalhar tal mentira de forma convincente, perguntei-lhe: "Mas
eles morreriam por ela?"
"Possivelmente", disse ele, "se fossem de fato homens
corajosos."
"Mas doze deles (incluindo Paulo) morreriam por uma
mentira que eles mesmos espalharam, sabendo que ela é
contrária
à verdade? Porque a história mostra que todos se tornaram
mártires, com exceção de João."
Seu rosto se iluminou, como se ele tivesse descoberto algo
que seria fatal para o meu argumento. "Posso explicar isto:
Esprit de corps [lealdade jurada ou pactuada]. Eles se reuniram
em grupo, receberam força uns dos outros e morreram juntos!"
Ele estava orgulhoso de seu argumento!
"0 problema dessa teoria", repliquei, "é que nunca dois
discípulos morreram juntos!" Cada um deles selou seu
testemunho de que tinha visto o Cristo ressurreto com seu
próprio sangue — cada um por si. Nunca dois discípulos
morreram juntos! Alguns pereceram em Israel, outros na Síria,
alguns em Roma, outros na Itália e na índia. Alguns acham
que Pedro morreu na Babilônia, onde, já no fim de sua vida,
escreveu suas epístolas.
Meu amigo imediatamente percebeu o erro de sua teoria e
finalmente entregou sua própria vida ao Cristo vivo, ressurreto.
Amigo, podemos acreditar naquelas primeiras testemunhas
oculares que declararam ter visto o corpo glorificado de Jesus
três dias depois de sua crucificação, porque elas não somente
mantiveram sua fé viva através de seus testemunhos e suas
boas obras, mas selaram-na com seu próprio sangue. Nenhuma
outra religião no mundo conseguiu acumular tantas evidências
sobre a verdade de suas crenças essenciais.
Jesus realmente ressuscitou. Não há nenhuma outra
explicação plausível para o que aconteceu há dois mil anos.
18

Algumas Teorias Falsas


Sobre a Ressurreição de
Jesus

Os céticos tiveram bastante tempo para desenvolver seus


argumentos contra a ressurreição de Cristo — quase dois
mil anos. Tiveram séculos para formular, processar e
refinar suas próprias explicações sobre o que aconteceu ao
corpo de Cristo depois que Ele foi crucificado. E qual foi o
resultado?
As teorias vulneráveis, falhas, que vamos expor e
comentar a seguir são as melhores que os céticos têm a
oferecer depois de quase dois milênios de reflexão. Mas,
antes de falarmos deles, gostaria de citar meu orientador
neste trabalho, o Dr. Wilbur M. Smith, que fez uma
observação única a este respeito:

Ao considerar as várias, e geralmente fantásticas, teorias que


têm sido propostas de tempos em tempos para justificar
racionalmente o que o Novo Testamento apresenta como um
extraordinário milagre, a ressurreição de nosso Senhor, o autor
gostaria de fazer uma afirmação que não consta em nenhum
livro sobre a ressurreição. Ela refere-se ao fato de que durante
todo o
ministério de Jesus na terra e ao longo de todo o Novo
Testamento, a ressurreição de Cristo foi áspera e
continuamente combatida.
Quando os principais sacerdotes e os fariseus disseram a
Pilatos no sábado da Semana da Paixão: "Senhor, lembramo-
nos de que aquele embusteiro, enquanto vivia, disse: 'Depois
de três dias ressuscitarei.' Ordena, pois, que o sepulcro seja
guardado com segurança até o terceiro dia, para não suceder
que, vindo os discípulos, o roubem, e depois digam ao povo:
'Ressuscitou dos mortos'; e será o último embuste pior que o
primeiro " (Mt 27.63-64), eles não queriam que Jesus
ressuscitasse, tomando todas as medidas possíveis para que
isto não acontecesse. Este não é o modo de agir das pessoas
que buscam a verdade.
No domingo... quando o Sinédrio deu dinheiro aos soldados,
instruindo-os para que mentissem sobre o que aconteceu, eles
deram provas concretas de que, embora fossem líderes religiosos
do povo judeu, não estavam buscando a verdade. Eles não
queriam a verdade. Eles queriam apenas uma única coisa:
impedir que o povo acreditasse que Jesus tinha ressuscitado. A
igreja sempre teve controvérsias com pessoas como essas,
algumas delas de suas próprias fileiras, capazes de fazer
qualquer coisa para impedir que as pessoas conheçam a
verdade. Ainda no início da história da igreja, lemos que os
discípulos foram atacados pelos "sacerdotes, pelo capitão do
templo e pelos saduceus, ressentidos por ensinarem eles o povo
e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os mortos ",
manifestando o ódio deles à verdade, "recolhendo os discípulos
ao cárcere " (At 4.1-22)

1. Smith, Dr. Wilbur M. The Supernaturalness of Christ, Boston; W. A. Wilde


Co., 1940, pp. 206-207.
O Dr. Smith também chamou a atenção para o fato de
que o apóstolo Paulo, anos depois, quando estava em
Atenas, pregou sobre a pedra angular do evangelho: a
ressurreição de Jesus. Qual foi a reação daqueles filósofos
humanistas gregos? Ceticismo2. Alguns zombaram e alguns
disseram que o ouviriam em outra oportunidade3.
Posteriormente, quando se defendia em Jerusalém perante o
Sinédrio (do qual ele mesmo tinha sido membro antes de
sua dramática conversão e da transformação de sua vida),
Paulo disse: "no tocante à esperança e à ressurreição dos
mortos sou julgado,\ Os fariseus estavam dispostos a
admitir que Jesus poderia ter ressuscitado4, porque
acreditavam na vida após a morte. Mas os saduceus
atacaram o argumento, pois faziam parte do partido que se
opunha à ressurreição — não apenas a ressurreição de
Jesus, mas de qualquer pessoa. Esta é a razão por que eles
hostilizavam tanto a igreja primitiva e se recusavam a
aceitar as evidências. Eram piores do que o "cético" Tome,
pois não creriam, mesmo que vissem alguém que tivesse
ressuscitado.

Tanto nos evangelhos como no livro de Atos, todos aqueles que


atacaram deliberadamente a ressurreição de Cristo não
fizeram esforço algum para investigar as evidências desse
fato e nunca pediram aos discípulos que apresentassem
provas em apoio ao que eles estavam pregando, Quando
observamos a oposição à verdade da ressurreição de Cristo
relatada no Novo Testamento, verificamos que esse mesmo
antagonismo contra a verdade está presente até os dias de
hoje,5

Devemos lembrar novamente que as teorias que iremos


analisar adiante são as melhores que os céticos têm para

2. Atos 17.18
3. Atos 17.32
4. Atos 23.6
5. Smith, p. 207 e 208.
apresentar depois de quase dois mil anos de reflexão. Tenha
em mente também que essas teorias foram desenvolvidas
não por homens que buscaram sinceramente a verdade, mas
por pessoas determinadas a não acreditar na ressurreição de
Cristo. Julgue por si mesmo a força desses argumentos.

1. A teoria do desmaio
A velha teoria de que Jesus desmaiou temporariamente na
cruz foi inventada muito antes que a ciência médica
desenvolvesse uma compreensão das conseqüências
devastadoras provocadas por um trauma como o que Jesus
sofreu. Hoje qualquer pessoa de formação médica admitiria
que, se a crucificação não tivesse matado Jesus, os panos [a
mortalha] apertados contra seu corpo, o frio, a umidade, o
túmulo selado [sem ventilação] e três dias sem tratamento,
certamente o teriam matado. E, depois, ainda havia a
enorme pedra que ele precisaria remover, enfraquecido
como estava. Mas isto ainda não é o pior desta teoria.
Como um Cristo debilitado e pálido [por causa da perda
de sangue], que levaria semanas para se recuperar, pôde
inspirar seus discípulos a ir e proclamar sua vitoriosa
ressurreição? Esta idéia é tão ridícula que até mesmo o
famoso cético do século dezenove, David Strauss, escreveu:

É impossível que alguém semimorto, que acabou de sair do


túmulo, arrastando-se devido à fraqueza, necessitando de
tratamento médico, de bandagens, de medicamentos e de
cuidados rigorosos, pudesse dar aos discípulos a impressão
de ser Ele o vencedor sobre a morte e a sepultura — de ser
Ele o Príncipe da Vida lançando o alicerce de seu futuro
ministério, Uma ressurreição desse tipo poderia somente
enfraquecer a impressão que Ele tinha causado aos
discípulos em vida e na morte - ou no máximo poderia
tentar animá-los com uma
voz gemida — mas não poderia de modo algum
transformar o abatimento de seus discípulos em
entusiasmo, ou levá-los à adoração.6

Nenhum evangélico, incluindo eu mesmo, poderia


levantar argumento melhor contra essa teoria. No entanto, se
tal impossibilidade tivesse ocorrido, eu acrescentaria um
outro problema. Se Jesus tinha realmente aparecido vivo,
arrastando-se para fora do túmulo, por que então, quando os
judeus da época foram informados das notícias de sua
ressurreição, eles não vasculharam terra e mar para prendê-lo
e apresentá-lo como "prova número 1", destruindo assim
totalmente as notícias? A resposta é simples. Ele não estava
lá; Ele "ressuscitou, como havia dito"!

2. As pessoas procuraram por Jesus no túmulo errado


A idéia de que o corpo de Jesus foi colocado no túmulo errado,
ou que as mulheres dirigiram-se ao túmulo errado é ridícula.
As pessoas da época não eram tão idiotas para serem
facilmente convencidas de uma ressurreição, se ela de fato
não tivesse acontecido. Esse argumento faz de José de
Arimatéia um mentiroso vulgar, que teria tomado parte de uma
conspiração (embora John Dominic Crossan, do Seminário
Jesus, diga que até mesmo José era uma ficção, um
personagem inventado.De acordo com Crossan, apenas umas
poucas décadas após os eventos em questão, a igreja
simplesmente inventou uma figura importante ligada ao
Sinédrio — semelhante a alguém hoje que inventasse uma
Suprema Corte de Justiça de 1966 sem que ninguém percebesse
a fraude!). José de Arimatéia certamente teria levantado um
ruidoso protesto se circulasse a história de que ele tinha
permitido que o túmulo da família

6. Strauss, David. The Life of Jesus for the People, E. T, 2a ed. Londres: 1879, p.
412.
fosse usado para enterrar o corpo de Jesus crucificado, se na
realidade ele não tivesse permitido!
Além disso, eles com certeza vasculhariam todos os
túmulos, abrindo cada um deles até que o corpo de Jesus fosse
encontrado, ainda que isso significasse remover a pedra de
cada túmulo do jardim. No entanto, não há o menor indício na
história de que alguém alguma vez o procurou em qualquer
outro túmulo! Lembre-se de que os líderes religiosos nunca
negaram que o corpo de Jesus estava desaparecido. Por que
subornar os soldados romanos para que dissessem que seus
discípulos vieram e roubaram o corpo, se de fato o corpo
existisse? Até os judeus sabiam que o corpo de Jesus não
estava mais no túmulo, razão pela qual não procuraram por
ele.
De qualquer modo, como as mulheres poderiam ficar
confusas quanto à localização do corpo de Jesus? Mateus
relata que, quando José de Arimatéia desceu o corpo de
Jesus da cruz, colocou-o em seu "novo túmulo" (algumas
pessoas querem nos fazer acreditar que ele não sabia onde
era esse túmulo!), estando presentes Maria Madalena e a outra
Maria, sentadas de frente para o túmulo. São estas as
mulheres que foram ao túmulo no domingo seguinte pela
manhã — é possível acreditar que elas foram ao túmulo
errado? Isso seria inacreditável! Marcos nos diz que essas
duas mulheres observavam quando o corpo de Jesus foi
descido da cruz, ungiram-no temporariamente, revestiram-no
de tiras de pano para formar a mortalha, quando então [José, e
certamente outros ajudantes] "o depositou em um túmulo que
tinha sido aberto em uma rocha; e rolou uma pedra para a
entrada do túmulo". Então Marcos acrescenta: "Ora, Maria
Madalena e Maria, mãe de José, observaram onde ele foi
posto"7. E três dias depois não conseguiram localizar o
túmulo? Altamente improvável.

7. Marcos 15.47
Quando meu pai morreu eu estava dominado pela tristeza.
Ele foi enterrado em um cemitério com mais de quinhentas
sepulturas. Você acha que tive muita dificuldade de relembrar
qual delas era a sua, exatamente três dias depois do funeral?
De modo algum. Sua sepultura estava fixada em minha mente
para sempre — e eu tinha apenas nove anos! Posso encontrar
aquele túmulo até hoje, passados cinqüenta anos.
Não há como aceitar que as mulheres pudessem estar
"confusas" quanto ao túmulo. (Nem era provável que os anjos
estivessem confusos quanto à pedra que deveriam remover.)
Sim, não há dúvida de que era o túmulo certo — e ele estava
vazio!

3. Cães selvagens comeram seu corpo


Os céticos da atualidade, como John Dominic Crossan,
sugeriram que cães selvagens devoraram o corpo de Jesus.
Crossan rejeita os relatos do evangelho de que Jesus foi
colocado em um túmulo, achando mais provável que Ele
tenha sido enterrado em uma cova rasa, sendo em seguida
desenterrado e devorado pelos cães, de forma a consumir
com o corpo.
Há vários e imensos problemas com esta teoria. O primeiro
deles é que essa idéia só surgiu quase dois mil anos após os
acontecimentos em questão! Se esta tivesse sido uma
possibilidade real, seria provável que os inimigos de Jesus a
tivessem descartado? Segundo, por que os judeus teriam
alegado que os discípulos de Jesus roubaram o corpo de um
"túmulo", se eles suspeitassem que ele tinha sido enterrado
em uma cova rasa? Por que dariam apoio a essa teoria? A
história de que eles pagaram os soldados romanos para que
estes justificassem a falta do corpo não faz sentido — a
menos, naturalmente, que o corpo de Jesus realmente tivesse
sido colocado em um túmulo e agora não estivesse mais ali,
o que exigia uma explicação. A teoria dos "cães selvagens" é
nada mais do que uma busca desesperada de explicação.
É difícil entender como "estudiosos" brilhantes podem
sustentar suposições tão ridículas como esta. Há muitos
anos o professor C. H. Guignebert, também um cético,
lançou o fundamento para a teoria de Crossan quando
escreveu: "A verdade é que não sabemos, e provavelmente
nem os discípulos sabiam, onde o corpo de Jesus tinha sido
colocado depois de ser descido da cruz, provavelmente
pelos que o executaram. É mais provável que ele tenha sido
atirado em uma vala para os executados do que colocado
em um túmulo novo"8. O Dr. Wilbur M. Smith respondeu:

Esse tipo de relato histórico devia ser chamado de "minha


própria teologia". Quando um erudito como o professor
Guignebert... faz uma afirmação como esta, impossível de ser
fundamentada por qualquer documento do Novo Testamento
(nem por quaisquer outros documentos relacionados a isto),
ele apenas revela sua própria determinação de excluir da vida
de Cristo todos os elementos sobrenaturais, mesmo que para
isso tenha necessidade de fabricar conclusões completamente
desprovidas de apoio de qualquer testemunho... Uma teoria
que não conta com a evidência para dar-lhe suporte não deve
merecer qualquer consideração.9

É preciso ainda esclarecer que essas "explicações" sobre


a ausência do corpo de Jesus podiam somente ser feitas
séculos depois dos acontecimentos. Não encontramos
explicações anteriores à era moderna porque aqueles que
viveram próximos dos acontecimentos em questão teriam
ridicularizado quaisquer dessas sugestões irreais. E o
mesmo que tentar admitir que o primeiro presidente dos
Estados Unidos foi

8. Guignebert, Charles. Jesus, Nova York: 1935, p. 536.


9. Smith, p. 210.
Benedict Arnold e não George Washington; que a língua
falada é o francês, não o inglês; e que Valley Forge foi uma
fundição de ferro na planície, não a área do acampamento
do Exército Continental.

4. Pessoas desconhecidas roubaram o corpo de Jesus


Esta hipótese falsa, como as demais, não tem nenhuma
evidência para apoiá-la. Por boa razão ela não foi sequer
mencionada durante dois milênios. Se ela fosse verdadeira,
por que aqueles indivíduos desconhecidos que roubaram o
corpo não foram receber a generosa recompensa que as
autoridades sem dúvida lhes teriam oferecido pela
devolução do corpo? Em uma comunidade pequena como
aquela em que Jesus estava enterrado, logo surgiriam
rumores sobre onde seu corpo estaria — mas os judeus
nunca se preocuparam em procurar pelo corpo, porque eles
sabiam que ele não estava lá. Os rumores que surgiram
diziam respeito à ressurreição de Jesus!
0 Dr. Joseph Klausner, professor da Universidade
Hebraica, apresentou uma ligeira variação sobre esta teoria.
Ele sugere que José de Arimatéia julgou inadequado que
alguém morto em uma cruz fosse sepultado no túmulo de
sua família, por isso removeu o corpo secretamente, já perto
do Sabbath, e o enterrou em um túmulo desconhecido. Em
seu livro "A ressurreição de Jesus", o Dr. James Orr
respondeu a esta hipótese, com certa ironia:

Esta pequena fraude de José, tão apropriada a um homem


bom, foi descoberta recentemente, sendo divulgada em toda a
igreja cristã e juntamente aos aparecimentos imaginários de
Jesus, criou a fé na ressurreição!10

10. Orr, Dr. James. The Resurrection of Jesus, Nova York: 1908, p. 129.
Lembre-se de que José é citado como um "homem bom"
que deve ter tido um bom relacionamento com o alto conselho
judaico, do qual obteve permissão para descer o corpo de
Jesus da cruz. Alguns acreditam que ele também era um dos
membros do conselho. Seja como for, ele tinha permissão para
tirar o corpo de Jesus da cruz. Se ele próprio tivesse colocado
o corpo em outro túmulo, certamente ele teria sido a primeira
pessoa a ser consultada pelas autoridades, em seus esforços
para localizar o corpo. Se ele tivesse queimado o corpo ou feito
qualquer outra coisa com ele, teria divulgado a história em
toda Jerusalém. Nada parecido com isso aconteceu. Na
verdade, não consta que ele tenha sido procurado por
ninguém. Isto é coerente com o relato dos evangelhos, que
afirmam que os próprios soldados romanos contaram aos
líderes judaicos sobre a presença do anjo junto ao túmulo. Os
líderes sabiam que o corpo não estava lá, por isso não havia
necessidade de procurar por ele. A única coisa que podiam
fazer era espalhar falsos rumores sobre por que o corpo
sumiu. E foi o que fizeram.
Uma teoria semelhante é que os inimigos de Jesus
roubaram o corpo. Esta sugestão pode ser facilmente
desconsiderada, pois, se seus inimigos tivessem roubado o
corpo, eles certamente o teriam exibido para evitar a
propagação da nova fé baseada inteiramente em sua
ressurreição física! No entanto, nada disso aconteceu.

5. Os discípulos roubaram o corpo


A única teoria falsa com alguma possibilidade razoável de ser
aceita é a que foi divulgada pelos próprios líderes judeus em
Jerusalém. Como expõe Mateus:

Eis que alguns da guarda foram à cidade e contaram aos


principais sacerdotes tudo o que sucedera [a pedra foi
removida,
o corpo desapareceu e vários de seus seguidores tinham vindo
ao túmulo onde foram avisados por dois homens com vestes
brancas que "Ele havia ressuscitado"]. Reunindo-se eles em
conselho com os anciãos, deram grande soma de dinheiro
aos soldados, recomendando-lhes que dissessem: "Vieram de
noite os discípulos dele e o roubaram enquanto dormíamos.
"[como poderiam saber que foram os discípulos, se estavam
dormindo?]. "Caso isto chegue ao conhecimento do
governador, nós o persuadiremos, e vos poremos em
segurança. "Eles, recebendo o dinheiro, fizeram como
estavam instruídos. Esta versão divulgou-se entre os judeus
até o dia de hoje. (Mt 28.11-15)

Infelizmente para aqueles que propõem teorias capazes


de "explicar" a ressurreição, esta história escolheu os
ladrões de sepulturas errados. Qualquer um poderia ter feito
isso, mas nunca os discípulos! Lembre-se de que dez deles
morreram por essa "mentira". Esta história já não fazia
sentido naquela época e continua não fazendo hoje.
Poderiam os discípulos ter "virado o mundo de ponta-
cabeça"11 com suas falsas histórias sobre terem sido
testemunhas oculares do Cristo ressurreto, se de fato tudo
não passasse de uma grande mentira? Impossível. Isso
exigiria um milagre ainda maior do que a própria
ressurreição. A verdade é que a teoria de que os amigos de
Jesus roubaram seu corpo cria mais problemas do que
resolve.

6. A teoria da visão
A teoria da visão é talvez a explicação falsa mais
amplamente aceita para a ressurreição. Ela defende a
integridade dos discípulos, considerando-os homens
honestos e sinceros que foram emocionalmente perturbados
pela morte de seu líder. Esta

11. Atos 17.6


teoria alega que, uma vez que Jesus tinha predito sua
ressurreição, seria perfeitamente natural que seus
seguidores achassem que isso realmente tivesse acontecido.
Assim, eles o viram, conversaram com Ele e até
imaginaram que Ele tomou uma refeição com eles.
Joseph Ernest Renan, um crítico do século dezenove, é
um típico defensor dessa teoria. Os pontos de vista desse
cético francês podem ser assim resumidos:

Os assim chamados aparecimentos do Cristo ressurreto


resultaram de um estado de excitação da mente que os
discípulos experimentaram depois da morte de seu mestre.
Extenuados e mentalmente perturbados pelo choque de sua
morte e ansiosos por sua presença, eles tiveram visões de
Jesus. Mas estas foram puramente subjetivas —fantasmas
ou alucinações mentais. Eles ansiavam por vê-lo, mas tudo
não passava de alucinação.
Para pessoas em tal estado de excitação e expectativa, aliado
a um temperamento nervoso e altamente tenso, tais visões são
relativamente comuns na história religiosa e freqüentemente
contagiosas. Assim foi no caso dos aparecimentos de Jesus.
Eles começaram com as mulheres, provavelmente com Maria
Madalena, uma pessoa excitável e nervosa. Sua história de
que tinha visto o Senhor foi ansiosamente acolhida; a notícia
espalhou-se com a rapidez de um raio e com a força de uma
epidemia. O que ela acreditou ter visto os outros também
acreditaram que deviam ver e viram. As visões foram
produto de seu convívio afetuoso e íntimo com Jesus,
fazendo-os lembrar da personalidade de seu Mestre. Vencido
o choque inicial do desespero pela morte de Jesus, eles
passaram a sentir como se Ele tivesse sobrevivido à morte.12

12. Harris, Murray J. Three Crucial Questions About Jesus, Grand Rapids
Backer Publishing House, 1994, p. 42.
Renan queria que acreditássemos que a fé dos primeiros
cristãos na ressurreição foi resultante de alucinações
coletivas que atingiram treze pessoas (cujos nomes
conhecemos), e mais os "quinhentos de uma só vez".
Entretanto, todos eles morreram como mártires em vez de
renunciar à crença na ressurreição. O melhor que Renan
pode fazer é atribuir os encontros de todas essas pessoas
com o Cristo ressurreto a alucinações coletivas capazes de
transformá-los em zelosas testemunhas.
Na melhor das hipóteses, é preciso um grande esforço para
imaginar que onze homens e várias mulheres tiveram todos
as mesmas visões e que alguns anos depois Saulo de Tarso —
antes um impiedoso inimigo da nova igreja — teve essas
mesmas visões. (E no caso dos onze discípulos originais,
depois de quarenta dias as visões cessaram.)
Não sou autoridade em sonhos, mas nunca ouvi falar de
sonhos coletivos idênticos, nos quais todas as pessoas (e
nenhuma outra) que aparecem no sonho também têm o sonho
(enquanto ninguém mais tem). Isto põe à prova minha
credibilidade. Nunca posso sonhar a mesma coisa duas vezes e
nem posso prever o que vou sonhar. Minha esposa e eu,
quando passamos por fases de forte pressão emocional,
podemos algumas vezes sonhar sobre o mesmo assunto —
mas nossos sonhos nunca são iguais.
Além disso, pessoas saudáveis não têm a menor
dificuldade de distinguir entre um sonho ou visão e a
realidade. Uma visão pode levar um missionário como Paulo à
Macedônia13, mas nunca levará um grande grupo de
indivíduos a dar suas vidas pela ressurreição física de um
homem que eles na verdade nunca viram de outra maneira a
não ser em visões. As

13. Atos 16.9


visões podem suplementar a direção de Deus na vida de
uma pessoa, mas visões coletivas nunca mereceram
consideração nesses vinte séculos de cristianismo!

7. A teoria do telegrama
Esta é uma das teorias mais estranhas de que se tem notícia.
Um estudioso escreveu sobre ela:

Esta [teoria] reconhece que o Senhor ascendeu ao céu mas em


Espírito, não em seu corpo, e de lá TELEGRAFOU para a
terra imagens de si mesmo para as mentes dos apóstolos, de
uma forma tão real que eles foram levados a crer que tinham
realmente visto o Senhor ressurreto. Como alguém pode levar
em consideração uma teoria fantástica como esta, realmente
não sei.14

Levando em conta que esta teoria foi concebida há cerca


de cem anos, podemos dar a seu inventor uma nota dez por
sua previsão tecnológica, já que temos agora o fac-símile
(fax) que transmite fotos a cores. Mas ele recebe nota zero
em teologia. (Casualmente, o criador desta teoria foi um
líder liberal de uma igreja que nunca acreditou na
ressurreição corpórea de Jesus. Com certeza ele estava
tentando desesperadamente preservar seu liberalismo e as
tradições de sua igreja.)
Se você acha necessário avaliar essa teoria, sugiro a
leitura do relato de Lucas sobre o encontro entre o Cristo
ressurreto e os dois homens no caminho para Emaús (Lc
24.1-35). Em seguida, pergunte a si mesmo se tal encontro
poderia ser transmitido por um "fax mental" ou
"telegrafado". É mais difícil crer nisso do que na
ressurreição real de Jesus!
Além disso, tal teoria destrói a integridade moral de
Jesus Cristo. Ele prometeu a seus discípulos que
ressuscitaria. Falhar

14. Smith p.219.


em manter essa promessa — e apesar disso comissionar
seus discípulos a ir por todo o mundo e pregar o evangelho
apoiado na ressurreição física (não telegrafada) — seria
afrontosamente desonesto. Isso seria impossível para o
Santo Filho de Deus e certamente destoaria do modo como
Ele tratou todas as coisas.

A Opinião de um Ilustre Estudioso

O Dr. J. Gresham Machen sempre gozou de grande


prestígio entre os estudantes de Princeton. Ele foi um
ardoroso defensor da ressurreição e escreveu o comentário
a seguir que nos ajuda a compreender como Jesus era um
ser único — antes mesmo de ressurgir dentre os mortos:

Você e eu nunca vimos alguém que ressuscitou dentre os


mortos; mas você e eu nunca vimos também alguém como
Jesus. O que estamos tentando estabelecer não é a
ressurreição de um homem comum a respeito do qual nada
sabemos, mas sim a ressurreição de Jesus. Todos rejeitam a
idéia da ressurreição de um homem comum, mas quando
conhecemos realmente a Jesus como Ele é retratado nos
evangelhos, podemos dizer que enquanto é improvável que
qualquer homem comum possa ressuscitar dentre os mortos,
no caso de Jesus se dá exatamente o contrário. É improvável
que um homem comum ressuscite, mas é altamente
improvável que este homem [Jesus] não ressuscite; podemos
dizer a respeito deste homem que é impossível que Ele
permaneça na morte.15

O Dr. Machen está certo. A ressurreição, embora


sobrenatural, se adapta tão bem à vida e ao caráter de Jesus
que se

15. Machen, Dr. J. Gresham. The Christian Faith in the Modern World, Nova
York: 1936, pp. 214-215.
torna um fato natural — para Ele. Que foi um acontecimento
sobrenatural não é surpresa para nós; toda sua vida foi
sobrenatural. Mas sua ressurreição soluciona uma grande
questão: ela explica como a igreja surgiu e se estabeleceu.
Ninguém, especialmente os céticos, jamais conseguiu
oferecer uma explicação razoável para o extraordinário
crescimento da igreja no cenário mundial, se ela tivesse sido
construída sobre qualquer uma das teorias citadas. Há uma
resposta fácil — Jesus, o homem mais incomum deste mundo,
realmente ressuscitou dentre os mortos.
Contra as frágeis objeções sobre a ressurreição, como as
expostas nas teorias atrás citadas, levanta-se o maior de
todos os milagres. Um dos recentes defensores da fé,
combatendo o ceticismo do Seminário Jesus, escreveu em seu
livro: "Jesus Sob o Fogo".

O nascimento e o rápido crescimento da igreja cristã...


continuam sendo um enigma insolúvel para alguns
historiadores que se recusam a levar em conta a única
explicação apresentada pela própria igreja. A ressurreição
de Jesus é, portanto, a explicação mais plausível da origem do
modo de vida cristão16.

O Lado Bom das Falsas Teorias

A Bíblia nos diz que "até a ira humana há de louvar-te [a


Deus]"17. É isto que fazem as falsas teorias: elas tornam fácil
acreditar que o maior homem que já existiu teve a maior das
mortes de que se tem notícia seguida de uma ressurreição
única. As teorias expostas aqui são as melhores que os céticos
16. Graig, Dr. William Lane. Jesus Under Fire, Grand Rapids: Zondervan Publishing
House, 1994, p. 160.
17. Salmo 76.10
têm para apresentar — mas todas elas sofrem o mesmo
problema fatal. São mais difíceis de aceitar do que a
própria história real! Um estudioso escreveu:

Nenhuma dessas teorias foi totalmente aceita, mesmo entre


os críticos e racionalistas radicais. Aqueles que negam a
realidade da ressurreição de Cristo divergem entre si sobre
qual a teoria que melhor pode combater as evidências
apresentadas pelo Novo Testamento. Quando as colocamos
lado a lado, verificamos quão irracionais elas são, sem
fundamento concreto, divorciadas de toda evidência
comprovada, envolvendo falsidade, corrupção, embuste,
roubo, fraude, êxtases de experiências visionárias, etc. Se elas
contivessem alguma verdade, poderíamos estar convencidos
de que, se Cristo não ressuscitou dentre os mortos, ninguém
sabe coisa alguma sobre o fim de sua vida, e os documentos
do Novo Testamento provam ser inúteis. Na verdade, eles
são do maior valor histórico.
Além disso, se a ressurreição não aconteceu, não sabemos
como a igreja foi fundada. Se Cristo não ressuscitou no
terceiro dia, não sabemos como Ele terminou sua vida. E
pensar que esse homem, o maior que já viveu nesta terra,
entre a terrível experiência da cruz e o fim de sua vida,
teria sido enterrado em alguma aldeia desconhecida da
Palestina (onde seu nome tinha estado nos lábios de cada
pessoa viva) está simplesmente além de qualquer razão.
Minha sincera opinião é que o Espírito Santo guiou de tal
forma os escritores dos quatro evangelhos, registrando os
acontecimentos relacionados com a ressurreição de Cristo,
que eles foram capacitados a escrever uma história que,
embora contendo um estupendo milagre, é tão racional, tão
razoável, tão lógica, tão próxima dos fatos, que nunca
poderia ter sido inventada, nem seu testemunho poderia ser
destruído. Se,
após estes últimos cem anos de crítica corrosiva, amarga e
impiedosa (uma crítica terrivelmente mais severa a que
qualquer outro documento já se submeteu), a narrativa da
ressurreição permanece ainda inabalável intacta, ilesa, os
homens podem estar certos de que as coisas aqui faladas
estão de acordo com a verdade de Cristo.18

Não Deixe Que Seus Preconceitos Atrapalhem Seu


Caminho

A evidência da ressurreição de Jesus é tão forte que


qualquer um que a examine ficará convencido desse fato, a
não ser que seus preconceitos impeçam seu caminho. Há
basicamente dois empecilhos para se aceitar essa evidência.
0 primeiro é o ceticismo ou ateísmo. Embora alguns
ateus se tornem cristãos, muitos rejeitam a ressurreição
simplesmente porque não acreditam em Deus ou no
sobrenatural. E, obviamente, a ressurreição é um evento
sobrenatural. A maioria dos ateus simplesmente se recusa a
examinar a evidência objetivamente.
O segundo é mais sutil. Paulo advertiu que alguns
rejeitariam a verdade porque "deleitaram-se com a
injustiça"19. Todos sabemos, ou deveríamos saber, que o
cristianismo implica um modo de vida. "Vai e não peques
mais" não era somente um mandamento de Jesus para a
mulher de vida pecaminosa, mas para todos os seus
seguidores. Algumas pessoas, quando colocadas diante da
verdade da ressurreição, a rejeitam porque não aceitam se
submeter ao modo de vida cristão exigido pela ressurreição
de Jesus.

18. Smith, p. 220.


19. Tessalonicenses 2.12
Se você estiver livre desses dois preconceitos fatais,
a forte evidência da ressurreição tornará fácil
aceitá-la como fato histórico. Considere como é fácil
crer... SE você crê em Deus, ENTÃO é fácil
acreditar que Deus seria capaz de ressuscitar Jesus
dentre os mortos. SE você crê que Jesus é "o Filho de
Deus" em forma humana, ENTÃO é fácil aceitar sua
ressurreição. SE você crê que Jesus foi concebido
miraculosamente de uma virgem, ENTÃO não é
difícil aceitar sua ressurreição pelo mesmo poder
divino.
SE você pode aceitar que, como Deus em forma
humana, Jesus viveu uma vida sem pecado e por
isso podia morrer sacrificialmente, ENTÃO você não
terá dificuldade de aceitar a ressurreição.
SE você lê e aceita as profecias de que Ele iria
ressuscitar dentre os mortos, ENTÃO é fácil
perceber como a narrativa da ressurreição se adapta
a todas essas exigências. SE você crê que Jesus "é a
verdade", ENTÃO não é difícil acreditar que Ele
estava realmente vivo após a ressurreição.
SE você crê que os milagres foram evidências de sua
divindade, ENTÃO aceitar a ressurreição como um
milagre divino é mera conseqüência.
SE, entretanto, você não crê em nenhuma das
premissas acima, ENTÃO você vai encontrar
dificuldade para crer na ressurreição, não
importando a quantidade de evidências
apresentadas.
Seja como for, você está diante de uma sólida
parede de evidência que indica que Jesus ressuscitou
naquela primeira manhã de Páscoa. Uma montanha
de evidência aponta para a ressurreição e nada em
dois mil anos esteve perto de contestar esta
verdade.
O Poder da ressurreição
O apóstolo Paulo escreveu: "Pára [eu, Paulo] o conhecer e o
poder da sua ressurreição"20. As vidas transformadas das
pessoas proporcionam o teste supremo desse poder. Aqueles
que acreditam na ressurreição e recebem Cristo como seu
Senhor e Salvador experimentam "o poder da sua
ressurreição", que os capacita a viver a vida cristã. Pára muitos
isto significa uma mudança drástica. Por quê? Porque todo
aquele que se torna cristão é pecador. Alguns são piores que os
outros (como Paulo, que perseguiu a igreja); outros são
blasfemos; outros ainda são culpados de pecados mais
comuns. Entretanto, todos eles, após a conversão, recebem o
poder de viver como "novas criaturas em Cristo".
A seqüência deste livro terá como título "O Poder da Cruz",
um tema extraído de 1 Coríntios 1.18. Vou mostrar que o sinal
do poder de Deus nos seres humanos hoje é a vida
transformada dos crentes. Quando a pessoa dobra os joelhos
diante do Salvador e experimenta o poder do Cristo ressurreto,
ela pode superar todo pecado obsessivo que tem dominado
sua vida. Vamos narrar nesse livro histórias da vida real de
muitas pessoas que foram transformadas pelo poder do Senhor
ressurreto. Jesus tem curado e continua curando hoje os
viciados em drogas, álcool, prostituição, depressão, ira, ou
qualquer outra coisa. Vou relatar muitos casos daqueles que
estavam subjugados pelo pecado sem qualquer esperança...
até se encontrarem com o Cristo crucificado e ressurreto.
Em todos estes anos em que tenho visto homens e
mulheres se renderem à fé no Cristo ressurreto, não
encontrei uma só pessoa que tenha voltado atrás ou
lamentado sua decisão. Ao contrário, numerosas pessoas
ainda dão testemunho de que "Jesus mudou minha vida!"
Você pode estar certo de que elas

20. Filipenses 3.10


não estavam falando de um Jesus morto, sepultado no túmulo
de José de Arimatéia, mas de um Cristo ressurreto e vivo nos
dias de hoje.
0 desafio agora e sempre é "provar e ver que o Senhor é
bom". Em outras palavras, aceitá-lo como seu Senhor e
Salvador e experimentar por si mesmo "o poder de sua
ressurreição".
Parte V :
Quem Ele É Para Você?
19
Evidência Que Requer Uma
Decisão

Se um homem brilhante chegasse à sua cidade e começasse a


atrair enormes multidões para ouvi-lo falar, admirados com
seus ensinamentos e com sua sabedoria — embora Ele não
tivesse qualquer educação formal além do que aprendera em
uma carpintaria — você ficaria impressionado o bastante para
ir ouvi-lo espontaneamente?
E se esse homem começasse a curar todos os tipos de
doenças, os aleijados e até mesmo aqueles com possessão
demoníaca. E depois, se esse homem começasse a fazer
milagres extraordinários — milagres que desafiassem a
lógica humana, como, por exemplo, andar sobre a água,
alimentar multidões com o pequeno lanche de um menino e
transformar água no mais delicioso vinho que você já provou
— você se inclinaria a pensar que esse homem teria poderes
sobrenaturais?
E se esse mesmo homem tivesse ressuscitado pelo menos
três pessoas, na frente de muitas testemunhas idôneas, e se
o maior profeta de sua geração o chamasse de "Filho de Deus"
e posteriormente testemunhasse que Ele era o Messias
prometido — você acreditaria nisso? Estaria ao menos disposto
a investigar suas declarações mais a fundo?
E se durante suas investigações você descobrisse mais de
trinta profecias específicas — como época e local de seu
nascimento, detalhes sobre sua vida extraordinária e o modo
como deveria morrer — feitas centenas de anos antes de seu
nascimento e que foram perfeitamente cumpridas por Ele,
você concluiria que este homem, diferente de todos os outros
naquela época ou agora, veio de Deus?
E se você também ouvisse esse homem dizer coisas como
"Eu e o Pai somos um" [isto é, "Eu sou igual a Deus"], "Tenho
poder de ressuscitar os mortos", "Eu sou o Juiz diante de quem
todos os homens estarão na eternidade" e "Eu sou o Filho
unigênito de Deus que veio para buscar e salvar os perdidos"
— VOCÊ ACREDITARIA NELE?
Estas são as perguntas que as pessoas da época de Jesus
enfrentaram. Muitos, como os discípulos, "creram nele". Um
falou por todos eles quando disse a Jesus: "Tu tens as palavras
da vida eterna."1 Eles o aceitaram como Deus em forma
humana, vindo a este mundo para fazer o que nenhum outro
poderia: morrer pelos pecados de todos. Esses homens, e
milhares de outros como eles, morreram prematuramente
como mártires porque se recusaram a abandonar a crença na
divindade de Jesus de Nazaré. Eles alegremente entregaram
suas vidas para servi-lo e estavam dispostos a fazer isso até o
fim. Estavam tão convencidos de sua divindade e de sua
posição como o Messias-Salvador que oraram — "Senhor meu
e Deus meu!"

1. João 6.68
Por Que os Líderes Judeus o Rejeitaram?

Naturalmente, nem todos aceitaram Jesus, muito embora


admitissem que nenhum homem poderia fazer tais milagres ou
ministrar ensinos tão maravilhosos "se Deus não estiver com
ele"2. Alguns, quando se defrontaram com seu poder
miraculoso para curar todas as espécies de enfermidade,
diziam que Ele fazia essas coisas pelo poder de Satanás. Nisto
eles blasfemaram.
Podemos perguntar a nós mesmos: "Por que eles o
rejeitaram?" Jesus deu a resposta em João 5.40. Depois de
enfrentar seus opositores com as Escrituras (que Ele dizia "que
testificam de mim"), Ele lhes disse: "Não quereis vir a mim
para terdes vida." No original grego, a palavra "quereis" está
no tempo passado. Isto é, "não quisestes vir a mim". Eles não
rejeitaram Jesus como o Cristo com base na evidência ou na
lógica, pois não podiam usar as Escrituras para provar que
Ele não era o Messias encarnado, nem podiam apontar alguma
deficiência moral que o impedisse de ser o perfeito Filho de
Deus. Eles o rejeitaram, como Jesus mesmo disse, por causa
de sua vontade. O problema deles não estava relacionado à
mente, à razão, à evidência, ou aos fatos em si; relacionava-se à
"vontade". Eles se recusariam a aceitá-lo mesmo que um
homem saísse da sepultura e lhes dissesse que Jesus estava
dizendo a verdade.
Em uma análise final, tudo é sempre uma questão de
vontade. Se as pessoas teimosamente se recusam a acreditar,
apesar da força da evidência, elas viverão e morrerão na
descrença. Se as pessoas, porém, forem abertas, Deus lhes
proporcionará ampla evidência para apoiar sua crença. Jesus
disse: "O meu ensino não é meu, e sim daquele que me
enviou.

2. João 3.2
Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito
da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo"3.
Se qualquer indivíduo procura sinceramente a verdade, Jesus
promete que Deus lhe provera todas as informações e
evidências de que ele necessita para crer.
Meu amigo, Dr. John Hunter, da Inglaterra, é um bom
exemplo. Ele tem servido ao Senhor fielmente por mais de
cinqüenta anos. Porém John não foi sempre um cristão. Como
piloto de um bombardeiro da RAF (Força Aérea Real) durante
a Segunda Grande Guerra, ele passou por experiências
terríveis. Um dia, sabendo que podia morrer a qualquer hora,
ele fez esta simples oração: "Deus — se de fato existe —
espero que ouça minha oração e se revele a mim. Se o Senhor
o fizer, eu vou aceitá-lo e servi-lo." Em sua graça soberana,
Deus ouviu aquela oração sincera, colocando na vida de John
algumas pessoas que anunciaram o evangelho a ele.
Finalmente ele aprendeu o bastante sobre Jesus para tornar-se
crente. Ele convidou Jesus a entrar em sua vida e foi
maravilhosamente convertido.
Isto não aconteceu só com ele! Muitas pessoas têm feito
essa simples e sincera oração e Deus lhes tem respondido. O
eunuco etíope de Atos 8 é outro exemplo de uma busca sincera
de Deus (neste caso, ele tinha ido ao templo em Jerusalém em
busca de paz com Deus, mas não a havia encontrado). O
Senhor levou o evangelista Filipe até o deserto para encontrá-
lo e guiá-lo aos pés de Cristo. Como muitas outras pessoas,
após receber Cristo em seu coração, ele "foi seguindo o seu
caminho, cheio de júbilo"4.
Naturalmente as coisas nem sempre aconteceram assim,
pois os líderes judeus da época de Jesus "não quiseram ir a
Ele". Os ensinos de Jesus conflitavam com suas idéias
preconceituosas, que eram baseadas apenas nas tradições dos
3. João 7.16-17
4. Atos 8.39
homens e não na Escritura. Suas mentes já estavam
predispostas e suas vontades estabelecidas;
conseqüentemente eles rejeitaram a verdade que Jesus
ensinou. Para fazer isto eles tiveram de fechar os olhos para a
enorme quantidade de evidência a respeito da identidade de
Jesus, que Ele mesmo lhes havia provido.

A Importância da Vontade Humana

Dizem que duas coisas são certas na vida: a morte e os


impostos. Uma terceira poderia ser acrescentada a esta lista:
a escolha. Cada homem ou mulher, em algum momento de sua
vida, precisa fazer uma escolha, quer para aceitar ou rejeitar a
pessoa de Deus. Esta escolha começou no Jardim do Éden e
está em vigor até hoje, permanecendo ainda durante o
próximo milênio, quando Cristo retornar para estabelecer seu
reino de paz e justiça.
Mesmo antes de ter criado Eva, a Escritura diz que Deus
plantou um jardim chamado Éden5. Ali, junto a todas as
espécies de arvores, Deus colocou Adão, o primeiro homem.
Deus permitiu a Adão livre acesso a todas elas, com a única
exceção da "árvore do conhecimento do bem e do mal". Desta
árvore, Adão e sua esposa Eva foram proibidos de comer. Você
conhece a história: eles desobedeceram e comeram o fruto
daquela árvore... e a escolha universal de obedecer ou
desobedecer a Deus passou a fazer parte de toda a raça
humana. Em todas as eras homens e mulheres têm enfrentado
o problema de obedecer a Deus ou rejeitar sua vontade. Deus
deu a Adão e Eva uma vontade livre, que foi transmitida a
seus filhos e a todos os seres humanos a partir de então.
Caim e Abel são dois outros exemplos de indivíduos com a
vontade livre. Caim escolheu desobedecer a Deus e Abel
escolheu
5. Veja Gênesis 2
obedecer-lhe. Do mesmo modo, cada pessoa no mundo tem
enfrentado esta escolha.
O caminho de Deus é o caminho da justiça e retidão. O
caminho do homem é o de fazer sua própria vontade. Alguns
que escolhem seu próprio caminho escolhem uma vida vulgar
e ímpia; outros escolhem "fazer o que acham mais reto"6.
Porém, em todas as épocas, a escolha é deles. Infelizmente, a
maioria sempre deseja escolher seu próprio caminho.
Isto era verdade nos dias de Noé, quando o mundo se
tornou tão corrompido que Deus decidiu destruir todos os
homens, com exceção de apenas oito pessoas, e recomeçar a
raça humana. Mais tarde Ele criou a raça hebréia por meio de
Abraão e Sara. Em seguida, começou a dar normas ao seu povo,
para que as gerações futuras tivessem um registro mais
detalhado de sua vontade.
Novamente, muitos aceitaram sua vontade e seguiram seu
caminho, mas a maioria não aceitou. Foi então que Ele
começou a preparar o mundo para o Messias-Salvador, que
ofereceria um sacrifício permanente pelos pecados da
humanidade, sacrificando-se pelos pecados do mundo. As
profecias que temos estudado tinham o propósito de fazer
com que aqueles que vivessem na época da vinda do
Messias pudessem reconhecê-lo e aceitá-lo. Aqueles que
queriam fazer a vontade de Deus não tiveram dificuldade de
reconhecer e aceitar Jesus como sendo o Messias. Mas
aqueles que "não quiseram ir a Ele" rejeitaram-no, apesar de
toda a evidência.
O mesmo acontece nos dias de hoje!
Na realidade, a coisa mais importante neste mundo é como
cada indivíduo exercita livremente sua vontade. O destino
eterno de cada pessoa é determinado por sua decisão
pessoal. Pois, como disse o próprio Jesus: Em verdade, em
verdade

6. Juízes 21.25
vos digo: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da
morte para a vida"7. Esta não é apenas uma das muitas
declarações de Cristo que provam que Ele é o divino Filho de
Deus; é seu oferecimento de salvação eterna a todos os que
crerem. Diante de todas as evidências da divindade de Cristo
e das muitas razões para crer nele, somos forçados a tomar
uma decisão a respeito dele.

A Pergunta Mais Importante do Mundo: O


Que Você Pensa de Jesus?

Um dia, já no período final de seu ministério, Jesus estava


caminhando por uma estrada com seus discípulos e lhes fez
esta pergunta: "Quem diz o povo ser o Filho do Homem?" E
eles responderam: "Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e
outros: Jeremias, ou algum dos profetas"8. Todas essas
respostas merecem considerações, pois incluem alguns dos
grandes nomes da Bíblia. Muitos de nós ficaríamos lisonjeados
se alguém nos incluísse entre eles. Mas nunca Jesus! Ele
então voltou-se para os seus discípulos e perguntou
objetivamente: "Mas vós... quem dizeis que eu sou?"
Esta é a pergunta mais importante do mundo. Quem você
diz que é Jesus?
Observe cuidadosamente a resposta clássica de Pedro: "Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo." Jesus aprovou sua
resposta, pois disse: "Bem-aventurado és, Simão Barjonas,
porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai
que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e
sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do
reino dos céus: o
7. João 5.24
8. Mateus 16.13-14
que ligares na terra, terá sido ligado nos céus; e o que
desligares na terra, terá sido desligado nos céus"9.
É importante notar que não foi a inteligência humana de
Pedro que "revelou" isto a ele, embora ele tivesse
testemunhado os muitos acontecimentos na vida de Cristo
mencionados neste livro. Sua experiência o havia convencido
de que Jesus era efetivamente o Messias-Salvador de Israel.
Deus Pai revelou ao coração de Pedro a verdade clássica: "Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo." Esta afirmação, na
realidade uma mensagem de Deus dada por intermédio do
apóstolo Pedro, foi tão importante que Jesus disse que
"edificaria sua igreja" sobre esse testemunho. E isso
realmente aconteceu! Agora, dois milênios mais tarde, é
incontável o número de pessoas que aceitaram Jesus Cristo
como "o Filho do Deus vivo".
Observe também que, por causa deste testemunho, foram
dadas a Pedro "as chaves do reino do céu", isto é, ele seria a
primeira pessoa a pregar o evangelho e oferecer o perdão do
pecado e a salvação em nome de Jesus tanto aos judeus (Atos
2) como aos gentios (Atos 10). Foi Pedro quem abriu a porta do
"reino do céu" (ou a porta da salvação pela fé) a um mundo
perdido.
Pedro deu a resposta certa à pergunta vital do Mestre:
"Vós... quem dizeis que eu sou?" Esta mesma pergunta é
feita agora a você: Quem você diz que Ele é? Seu destino
eterno é determinado por sua resposta.

Jesus: O Único Perfeito Salvador do Mundo

A primeira vez que visitei um campo missionário foi no


México, entre os índios Chamula. Na maior aldeia daquela
tribo,

9. Mateus 16.16-19
visitamos uma grande e antiga igreja católica. Depois da
revolução ocorrida uns setenta anos antes, os índios
expulsaram a igreja católica de seu território e
estabeleceram sua própria forma de adorar. Quando caminhei
em direção ao altar no interior da igreja, fiquei surpreso ao
encontrar ali uma grande cruz — mas, em vez de uma réplica
de Cristo, havia uma imagem de índio Chamula.
Nosso guia missionário (que exercia o ministério entre
aqueles índios) explicou que, quando os índios estabeleceram
sua própria religião, os líderes "procuraram o melhor homem
em sua tribo e o crucificaram" na tentativa de proporcionar
um "salvador Chamula". Obviamente eles eram sinceros. Mas,
apesar de aquele homem ser considerado "o melhor em sua
tribo", ele tinha duas falhas fatais: ele não era divino e,
conseqüentemente, não poderia ser perfeito. Pára que pudesse
oferecer um sacrifício adequado pelos pecados da humanidade,
o "Salvador" devia ser mais do que um simples homem — ele
devia ser Deus em forma humana e precisava ser "um
cordeiro sem defeito e sem mácula".
Somente Jesus de Nazaré possui qualificação para isso.
Em 1994 realizou-se em Chicago um grande simpósio
sobre as religiões do mundo. Participaram dele mais de sete
mil representantes das religiões mais importantes do mundo.
Meu amigo Irwin Lutzer, pastor da Igreja Moody de Chicago,
participou daquele simpósio e contou depois sua experiência:

Circulei por toda a área de reunião à procura de um profeta/


mestre/Salvador. Perguntei a um Swami hindu se alguém dos
seus mestres alegava ser perfeito. "Não", disse ele,
aparentando irritação com minha pergunta, "se alguém
afirmar que é perfeito, ele não é um verdadeiro hindu!"
E quanto a Buda? Não, disseram-me, ele não alegava ser
perfeito. Buda apenas encontrou um grupo de ascetas e pregou
sermões a eles, ensinando que as coisas exteriores são
passageiras e estimulando-os a uma vida de disciplina e
contemplação. Ele procurava a iluminação e incentivava
seus seguidores afazerem o mesmo. Mas morreu
procurando a iluminação. Não existe nenhuma perfeição
nisso.
E com respeito a Baha ulllah? Ele declarou que tinha a
mais clara e completa revelação de Deus já apresentada.
Embora ele estivesse convencido da verdade de seus ensinos,
fez poucas reivindicações pessoais. Ele achava que seus
ensinos eram "mais perfeitos "do que os outros, mas nunca
alegou ser ele mesmo perfeito ou sem pecado. Quando cheguei
aos representantes da fé islâmica, já sabia que no Alcorão o
profeta Maomé admitia sua necessidade de perdão. Eles
concordaram, que "Há somente um Deus, Alá, e Maomé é o
seu profeta" (o credo básico muçulmano), entretanto,
reconheceram que Maomé não era perfeito. Novamente,
nenhuma perfeição aqui.
Porque eu estava procurando um Salvador perfeito?
Porque não quero ter de confiar em um Salvador que esteja
na mesma condição em que me encontro. Não posso confiar
minha alma eterna a alguém que ainda está lutando
contra suas próprias imperfeições. Já que sou pecador, preciso
de alguém que esteja em um nível mais alto.
Compreensivelmente, nenhum dos líderes religiosos com
quem falei admitia ter um Salvador. Seus profetas
mostravam o caminho mas não tinham nenhuma pretensão
de perdoar pecados ou colocar-se acima de qualquer ser
humano. Como os sinais de trânsito, eles indicavam as
direções mas não são capazes de levar-nos aonde precisamos
ir; se precisamos de salvação, teremos de consegui-la
sozinhos. A razão é clara: por mais sábios ou influentes que
fossem esses profetas, gurus e mestres, eles sabiam que eram
imperfeitos, exatamente como o resto de nós. Eles jamais se
julgaram capazes de
salvar os homens da escravidão do pecado nem de levar peca-
dores à presença de Deus.
Cristo foi completamente diferente deles!
"Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a
verdade, por que razão não me credes? " (Jo 8.46.) Ele
condenou a hipocrisia daqueles que o criticavam, mas
nenhum deles tentou fazer o mesmo com Ele.10

Somente a perfeição de Jesus seria suficiente para


satisfazer às exigências da morte pelos pecados do mundo.
E essa era a principal razão pela qual Jesus veio ao mundo.
O Dr. Lutzer acrescenta outro testemunho a respeito da vida
sem pecado de Jesus:

Judas, aparentemente um amigo que se transformou em


inimigo, disse: "Pequei, traindo sangue inocente" (Mt
27.4).
Pilatos, que desejou encontrar defeitos em Cristo,
confessou: "Não vejo neste homem crime algum " (Lc 23.4).
Pedro, que viveu com Ele por três anos, disse que Ele "não
cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca " (1 Pe
2.22).
O apóstolo Paulo disse que Deus Pai fez com que "Aquele
que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que
nele fôssemos feitos justiça de Deus " (2 Co 5.21).
Jesus ou foi um ser perfeito ou então foi o maior dos
pecadores por ter enganado tantas pessoas. Como afirma
C. E. Jefferson: "A melhor razão que temos para crer na vida
santa de Jesus é o fato de Ele ter permitido que muitos de seus
amigos pensassem que Ele era sem pecado."
Porque Cristo foi isento de pecado, tão comum a qualquer
ser humano? Se Ele, como nós, tivesse tido um pai humano,

10. Lutzer, Irwin. Christ Among Other Gods, Chicago: Moody Press, 1994, pp. 62-64.
teria tido também uma natureza pecaminosa. Se Ele
tivesse sido o filho de Adão de uma forma natural Ele
teria sido um pecador.
A concepção virginal de Jesus preservou-o do pecado.
Maria experimentou um milagre especial que garantiu a
perfeição de seu filho. Ele era como nós, mas com uma
diferença fundamental.11

Pecado: O Problema Universal

A partir dos dias de Adão e Eva no Éden, todos os indivíduos


têm sido contaminados pelo mesmo problema em relação a
Deus: pecado! Como diz a Bíblia: "Todos nós andávamos
desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo
caminho"12. E novamente: "Todos pecaram e carecem da glória
de Deus... Não há justo, nem sequer um"13. Somente Jesus de
Nazaré podia perguntar aos seus contemporâneos: "Quem
dentre vós me convence de pecado?"14 e não obter nenhuma
resposta. Qualquer pessoa ficaria envergonhada de fazer esta
pergunta, porque sabemos todos muito bem que somos
imperfeitos e pecadores.
Por isso Deus podia dizer por intermédio do profeta Isaías:
'"Vinde, pois, e arrazoemos', diz o Senhor; 'ainda que os
vossos pecados são como a escarlate, eles se tornarão
brancos como a neve"15. Essa é a razão pela qual Deus
enviou seu único Filho para ser nosso sacrifício pelo pecado,
para que por meio dele possamos alcançar perdão e "vida
sempiterna". Tal salvação somente pode ser obtida pela fé em
Jesus Cristo, que
11. Ibid.,p. 64.
12. Isaías 53.6
13. Romanos 3.23, p. 10.
14. João 8.46
15. Isaías 1.18
disse de si mesmo: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim."16

Outro Simpósio em Chicago

Há mais de cem anos (na primeira vez que a Feira Mundial


veio a Chicago), realizou-se outro grande simpósio sobre
religião em Chicago. Setecentas pessoas se amontoavam no
pavilhão para ouvir um dos mais brilhantes oradores hindus
do mundo, Swami Vivekananda. Ele fez uma brilhante
exposição das facetas filosóficas do hinduísmo, a religião de
sua pátria, terminando com estrondosos aplausos. 0 próximo
orador seria um famoso clérigo cristão que, por alguma razão,
preferiu não apresentar a filosofia do cristianismo.
Possivelmente ele temia que a história do Filho de Deus
morrendo pelos pecados dos homens fosse simples demais
para fazer frente aos belos ideais do hinduísmo.
Quando o presidente anunciou que o próximo orador
preferiu não falar, um pesado silêncio caiu sobre o pavilhão.
Desesperado, o presidente perguntou se alguém poderia falar
sobre o cristianismo em seu lugar. De repente, alguém
sentado no fundo, um professor de escola dominical, de
Chicago, chamado Joseph Cook, caminhou até a frente
dizendo que gostaria de contar uma história. Ele contou então
a história de Macbeth, de Shakespeare, dizendo como Lady
Macbeth e seu marido foram coniventes na morte do rei e
como sua culpa levou-a à beira da loucura. Finalmente, quando
ela não mais podia livrar suas mãos do sangue de seu pecado,
ela exclamou aquele famoso verso: "Fora! Fora, mancha
maldita!"
Dirigindo-se a Swami Vivekananda, Joseph Cook
perguntou: "Senhor, que alívio o hinduísmo tem a oferecer a
Lady

16. João 14.6


Macbeth para limpá-la de seu pecado?" 0 perturbado Swami
admitiu que o hinduísmo não tinha meios de perdoar pecado.
Joseph Cook então tirou do bolso seu Novo Testamento e
disse: "Gostaria de mostrar-lhes o remédio que o cristianismo
tem para o pecado." Ele leu: "Se... andarmos na luz, como ele
está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o
sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se
dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos
enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os
nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustiça"17. Em seguida ele explicou
como Cristo morreu sobre a cruz pelos pecados de todo o mundo
e convidou todos a receberem Jesus como seu salvador
pessoal.
Anos mais tarde, quando visitava um dos maiores templos
hindus na índia, vi um jovem ajoelhar-se à frente de uma
gravura esculpida em mármore no chão do templo.
Repentinamente ele começou a curvar-se e a bater sua testa
contra o emblema esculpido no mármore até que o sangue
escorresse sobre seu rosto. Quando perguntei a alguém por
que ele fez aquilo, me disseram que "ele estava tentando ser
perdoado de seus pecados". A cena lembrou-me aquela
história de Chicago e o fato de o hinduísmo ainda não ter
solução para o pecado. Porém nem o confucionismo, ou o
maometanismo, ou o taoísmo ou qualquer outra religião no
mundo oferecem tal solução. Somente o cristianismo pode
oferecer perdão de pecados por meio do sangue de Jesus
Cristo e vida eterna através da fé nele.
Como um homem poderia morrer pelos pecados do mundo
inteiro? A razão está em quem Ele era. Não era um simples
homem que estava pregado naquela cruz; era Deus em forma

17. 1 João 1.7-9


humana. Somente a morte do Filho de Deus podia salvar-nos
do pecado. E somente Jesus Cristo é o verdadeiro Filho de
Deus.

Uma Breve Revisão

Na minha juventude desejei ser um advogado para atuar nos


tribunais. Nenhuma outra área do direito me atraía; somente o
que me atraía era a oportunidade de apresentar evidência
factual perante os membros de um júri para convencê-los de
que meu cliente era ou inocente ou culpado. Este livro tem
alguma relação com aquele sonho há muito abandonado.
Começamos com o fato de que Jesus de Nazaré era mais do
que um simples carpinteiro de trinta e três anos. Nenhuma
outra pessoa na história exerceu tanta influência sobre a
humanidade em tão pouco tempo, gozando de estima e
respeito mais que qualquer outra pessoa. Quem mais poderia
dividir a história humana em dois períodos, antes de seu
nascimento e depois dele? Cada vez que datamos um
documento devemos lembrar-nos do nascimento de nosso
Senhor.
Sua importância por si só faz com que perguntemos: "Quem
É Este Homem?" Para responder a isso, devemos recorrer
aos mais confiáveis documentos do mundo antigo, os quatro
evangelhos. Eles nos dizem que Jesus proclamou-se o
Messias, o Filho de Deus, que Ele morreu pelos pecados da
humanidade e que ressuscitou para nossa justificação. Para a
evidência que encontramos ali acrescentamos o depoimento de
muitas testemunhas oculares, cuja reputação é ainda tão
respeitada que seus nomes permanecem entre os mais
populares ainda hoje (João, Pedro, Tiago, Paulo, Marcos,
Lucas, etc).
Fundamentamos nossos argumentos sobre quem Jesus disse
que era e sobre os milagres que Ele realizou — milagres que
nunca se repetiram em dois mil anos. Recorremos a João
Batista,
o homem mais santo em Israel desde Daniel (que viveu
quinhentos anos antes). João conhecia Jesus desde a infância
e testificou sobre Ele, identificando-o como "o Cordeiro de
Deus". A seguir, examinamos as três vezes em que o próprio
Deus chamou Jesus de "Meu Filho", enaltecendo-o acima de
Moisés e Elias.
Em seguida, examinamos vinte e oito das 109 profecias
que Jesus cumpriu em sua vida, todas elas identificando-o
claramente como o Messias prometido. Ele é, sem sombra de
dúvida, um ser único — tanto que um rabino se viu forçado a
admitir que Ele foi "o Messias — para os gentios!" Isso é
verdade, mas Ele é também o Messias para os judeus. Isso se
tornará claro quando Ele surgir na sua segunda vinda (talvez
qualquer dia desses!).
Em seguida, examinamos sua morte. Jesus de Nazaré não
morreu como um homem comum, mas como até o cético Renan
admitiu: "Ele morreu como um deus." Ele não precisava
morrer; Ele não tinha feito nada de errado, como Pilatos
mesmo afirmou: "Não vejo nenhuma falta neste homem
justo." Ninguém tirou sua vida; Ele a entregou de sua própria
vontade. Como Ele disse no horto do Getsêmani, quando a
escolta dos fariseus chegou para prendê-lo: "Acaso pensas que
não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento
mais de doze legiões de anjos"18? Ele deu sua vida livremente
em resgate de muitos. Como Ele disse: "Ninguém a tira de
mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou"19. Em um
sentido real, Jesus foi a única pessoa neste mundo que não
tinha de morrer. Isto, por si só, coloca-o em uma categoria
única.
A esta altura, as evidências sobre a divindade de Cristo
eram tantas que fui tentado a parar minha argumentação.
Entretanto, se eu tivesse parado ali, teria omitido a mais
convincente
18. Mateus 26.53
19. João 10.18
de todas: sua ressurreição corpórea três dias após sua
crucificação. Não quatro dias ou dois dias ou uma semana
depois, mas no terceiro dia — exatamente como Ele e os
profetas hebreus tinham predito!
A evidência de sua ressurreição é simplesmente
espantosa. Dez (onze, se incluirmos Paulo) que o conheceram
preferiram ser martirizados a negar que o tinham visto e
tocado durante os quarenta dias de aparecimentos pós-
ressurreição. Mas esse testemunho foi ainda confirmado por
quinhentas outras testemunhas.
Por fim, examinamos as seis teorias falsas mais populares
sobre sua ressurreição e desafiamos os incrédulos e céticos
com o seguinte dilema: se Jesus não ressuscitou, como você
explica a existência do cristianismo hoje? Um Cristo
crucificado não teria motivado ninguém. Sem sua
ressurreição, Jesus seria um personagem desconhecido na
história. Foi o Cristo ressurreto que desafiou seus discípulos:
ide por "todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura"
— "e eis que estou convosco todos os dias até a consumação
do século"20. Eles creram de tal forma que saíram pelo mundo
e o viraram de ponta-cabeça — do paganismo para o
cristianismo em apenas trezentos anos. Hoje, milhões de
pessoas têm abraçado a fé cristã, tudo por causa de sua
ressurreição. Sem ela, o cristianismo não existiria.

Encerro Minha Causa

Um bom advogado sabe quando deve finalmente encerrar sua


causa — não porque tenha apresentado toda a evidência
disponível, mas porque não há necessidade de mais provas.
Alcançamos esse ponto. Agora é hora de você avaliar a
evidência

20. Marcos 16.15; Mateus 28.19 e 20


aqui apresentada e, como bom jurado, tomar sua decisão.
Agora você precisa decidir se Jesus é "o Cristo, o Filho de
Deus", como Ele e seus seguidores afirmaram, ou é um
impostor ou um demente. Essas são suas opções.
Lembre-se apenas que sua decisão durará por toda a
eternidade portanto, tome-a cuidadosamente!
O centurião romano que observou a morte de Jesus na
cruz não esperou até a ressurreição para tomar sua decisão.
Ele estava tão convencido pelo que viu naquele dia que
declarou: "Verdadeiramente este homem era Filho de
Deus"21.
Qual é a sua decisão? Agora que você foi exposto à
evidência, está diante da mesma decisão que desafiou os
judeus da época de Jesus: Quem você acha que Jesus é? Se
você está convencido pela evidência demonstrada neste
livro, vai recebê-lo pessoalmente? Você poderá dizer como
muitos já disseram: "Sim, eu creio que Jesus é o Filho de
Deus, que Ele viveu uma vida sem pecado, que morreu uma
morte sacrificial e que ressuscitou dentre os mortos como
prometeu. Portanto, eu o convido a entrar em minha vida."
Ou poderá seguir o exemplo de muitos outros, que decidem
não crer a despeito de toda a evidência? A escolha é sua.
Se você gostaria de aceitá-lo como seu Senhor e
Salvador, simplesmente faça uma oração como esta:

Querido Pai celestial obrigado por enviar teu Filho Jesus ao


mundo para morrer por meus pecados. Admito que sou um
pecador e peço que Ele entre em minha vida, limpe meu
pecado e salve minha alma. Entrego-me agora a ti.
Agradeço-te em nome de teu Filho, Jesus, por salvar-me.
Amém.

Se você fez esta oração, saiba que a Bíblia garante que


"aquele que invocar o nome do Senhor será salvo"22. Meus
21. Marcos 15.39
22. Atos 2.21
parabéns! Você é agora um membro da família de Deus. E no
entanto deve compreender que a aventura não terminou; ela
está apenas começando. Você acaba de embarcar em uma
excitante viagem de fé. Com base na verdade e na lógica
encontradas neste livro, você achou razões suficientes para
orar para receber Cristo. Isto faz de você um bebê recém-
nascido em Cristo. Espiritualmente, você é uma criança que
precisa crescer para perceber seu pleno potencial em Cristo.
O melhor meio de alimentar sua nova fé é seguir o exemplo
dos primeiros cristãos no primeiro século, que perserveraram
na palavra e na doutrina dos apóstolos. Hoje, isto significa
várias coisas.
Primeiro, comece a ler regularmente a Palavra de Deus.
Procure obter uma versão moderna e comece a ler o
evangelho de João. Quando você tiver terminado esta leitura,
comece a ler o Novo Testamento do começo ao fim. Pense na
Bíblia como seu alimento espiritual. Toda a vez que a ler, ouça
seu ensino, estude ou memorize os textos; você estará
construindo sua nova vida espiritual. Você será beneficiado
nos primeiros dias de sua fé recém-descoberta, lendo outro
livro que escrevi, entitulado "Como Estudar a Bíblia
Sozinho".
Segundo, encontre uma igreja que estude a Bíblia, onde
você possa aprender mais sobre a Palavra de Deus. Procure
um lugar onde possa encontrar comunhão com outros cristãos.
A pessoa que guiou você à leitura desse livro provavelmente
poderá ajudá-lo a encontrar uma igreja forte em sua cidade,
capaz de fazê-lo crescer espiritualmente.
Terceiro, é importante que você ore regularmente.
Quando você recebeu a Cristo, tornou-se um filho de Deus;
portanto, você tem acesso direto a Deus através da oração.
Assim, você pode procurar a orientação do Pai em tudo o que
faz. Já que Jesus está vivo e no céu (onde a Bíblia diz que
Ele intercede
por nós diante do Pai)23, aprenda a falar com Ele contínua e
regularmente.
Por último. A Bíblia nos ensina que devemos confessar Cristo
perante outras pessoas. Minha sugestão é que você reveja
tudo que aprendeu sobre a pessoa de Jesus e fale sobre isso
com seus amigos. Muitos daqueles que não aceitaram Cristo
nunca tiveram a oportunidade de ouvir a lógica e a razão da
Palavra de Deus que produz a fé. Talvez muitos deles nunca
irão ouvi-la a menos que um amigo como você transmita o que
aprendeu. Não recomendo que você fale do evangelho para
mais de uma ou duas pessoas de cada vez. Ao contrário do
meu amigo Stan (aquele jovem que quis evangelizar cinco
estudantes judeus de uma só vez), muitas oportunidades de
testemunhar são melhores quando falamos com um ou dois
de cada vez. Não fique desanimado se algum de seus amigos
não mostrar interesse de imediato. Ele pode se interessar
mais tarde, à medida que você continua forte em sua fé
cristã.
Você vai descobrir, porém, que a identidade de Jesus de
Nazaré é sempre a chave para a fé cristã. Se uma pessoa não
tem fé, é geralmente porque nunca foi convencida de que
Jesus é o Filho de Deus encarnado, que morreu
sacrificialmente na cruz e ressuscitou dentre os mortos.
Livros como este são escritos para ajudar a enfrentar este
desafio. Como diz a Bíblia, a "fé vem pela pregação e a
pregação pela palavra de Cristo"24.
Lembre-se de que Deus não espera que "apenas
acreditemos". Ele deseja que procuremos buscar sua Palavra,
que a examinemos racionalmente e à luz de outras evidências
históricas e cheguemos a uma conclusão lógica. Estou
convicto de que a evidência apresentada neste livro é tão
esmagadora

23. Romanos 8.34; Hebreus 7.25


24. Romanos 10.17
que qualquer pessoa não preconceituosa ficará convencida
de que Jesus Cristo verdadeiramente é o Filho de Deus,
exatamente como Ele afirmou. E assim podemos dizer,
juntamente com o apóstolo João:

Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros


sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém,
foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o
Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome.25

25. João 20.30-31


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