Aula 03 – 06/02/2015

1. Vícios/defeitos de vontade

 Eles representam uma falha na exteriorização da vontade do declarante. A vontade

declarada não é livre e consciente.

 Consequência:
a) REGRA: anulabilidade – prazo para propor ação: 4 anos

 Vícios de consentimento: Erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão

 Vício social: Fraude contra credores
 Simulação é uma hipótese especial de nulidade = Art. 167

1.a) Erro (ignorância)

Definição: falsa percepção ou falsa ideia do declarante em relação a um aspecto

central do negócio, ou seja, o negócio realizado por erro possui uma vontade
distorcida.

ATENÇÃO: o erro somente permite a anulação do negócio quando atingir sua causa.

Causa: erro substancial – Art. 139, CC

É importante destacar que os erros de cálculo ou de mera indicação não permitem a

anulação do negócio jurídico. ENTÃO, nem todo erro permite anulação, SOMENTE
ERROS SUBSTANCIAIS

Observações importantes:
a) O CC prevê a possibilidade do erro de direito
b) A diferença entre o erro e a ignorância nada mais é do que algo relacionado a
intensidade da distorção

1.b) Dolo

Definição: intenção manifesta de prejudicar o declarante na realização de um negócio,

ou seja, a vontade do declarante é distorcida de forma proposital.

ATENÇÃO: apenas quando a conduta dolosa for a causa do negócio é possível a

anulação.

Dolo acidental: não tem anulação, apenas perdas e danos. Art. 146, CC

Classificação (doutrina):

a) Dolus bônus: não é tratado como um vício pela doutrina clássica do direito civil.
Porém, numa perspectiva moderna ele é enquadrado como uma conduta que viola
a boa-fé (prática abusiva).
b) Dolus malus: intenção de prejudicar. Sua consequência é a anulação do NJ.

1.c) Coação

Definição: pressão física ou psicológica exercida sobre o declarante capaz de incutir

temor de dano. Os objetos do temos de dano são a pessoa do declarante; pessoa da
família ou patrimônio.

ATENÇÃO: a coação deve ser avaliada de acordo com a circunstâncias concretas.

Exceções:

a) Exercício regular de direito: penhor, SPC.

b) Temor reverencial: Receio pela posição de uma posição.

1.d) Estado de perigo – Art. 156, CC

Causa - que é a necessidade de salvar (vida) + consequência - que é a obrigação

excessivamente onerosa.

1.e) Lesão – Art. 157, CC

Causa: inexperiência OU premente (urgente) necessidade.

Consequência: obrigação manifestamente desproporcional da prestação oposta.

ATENÇÃO: a lesão também é uma hipótese de anulação do negócio como nos demais
vícios. Porém, o parágrafo 2º do Art. 157 permite a revisão do negócio justamente
para evitar a anulação.

1.f) Fraude contra credores

Definição: um negócio realizado com o intuito de prejudicar ou impedir a satisfação do

crédito alheio.

Exemplo: Banco (credor) faz um financiamento para um cliente (devedor). O

financiamento é uma obrigação que tem que restituir, com juros remuneratórios.
Cliente para de pagar as parcelas de financiamento, ou seja, está insolvente. O
devedor tem dois imóveis e diante do inadimplemento, passa a casa por doação para o
irmão, e o outro imóvel que ele tinha fica resguardado pois é bem de família. Banco
entra com ação para anular a doação (AÇÃO PAULIANA).
Então, para caracterizar a fraude contra credor é necessário a INSOLVÊNCIA.

Requisitos:

a) Evento danoso ao crédito

b) Conluio fraudulento = participação de má-fé do terceiro.

Constatada a fraude contra credores, é possível a anulação do negócio pela AÇÃO

PAULIANA.
2. Eficácia/efeitos do negócio jurídico

Todos os negócios válidos produzem efeitos jurídicos.

ATENÇÃO: em alguns casos, é possível alterar apenas os efeitos com a introdução de

cláusulas especiais.
Estas cláusulas especiais são chamadas de elementos acidentais, que são:
a) Condição [futuro e incerto]
b) Termo [futuro e certo]
c) Encargo [ônus atribuído a uma das partes].