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ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL NA INDÚSTRIA

TRATAMENTO DE EFLUENTES

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA

Jar Test e Microbiologia de Lodos

Ana Alice Bilha


Cecilia Balsamo Etchelar
Loiva Zukovski
Luciano André Lemos

Profa. Mea. Daiana Maffesoni / Profa. Dra. Christa Korzenowski

Bento Gonçalves, outubro de 2019.


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1 INTRODUÇÃO

A composição dos efluentes das indústrias de lacticínios consiste, principalmente, de


quantidades variáveis de leite diluído, materiais sólidos flutuantes de uma variedade de fontes
como detergentes, desinfetantes, lubrificantes e esgoto doméstico. No processamento do leite,
as operações geradoras de despejos significativamente poluentes são: lavagem e desinfecção
de equipamentos (tanques, dornas, centrífugas, pasteurizador-homogeneizador, tubulações,
etc.) e quebra de embalagens contendo leite (HENARES, 2015).

Apesar de representarem uma importante atividade econômica, as indústrias de


laticínios são responsáveis pela geração de efluentes líquidos com alto potencial poluidor. Os
sistemas convencionais usados para o tratamento desses efluentes podem apresentar diversos
problemas que afetam diretamente sua eficiência, tais como baixa sedimentabilidade do lodo e
sensibilidade a choques de carga (ANDRADE, 2011).

A proposta de atividade deste relatório, se dá, através de experimento realizado no


laboratório da UERGS, onde uma amostra de efluente de lacticínio (1200 mL), foi fracionada
em quatro partes de 400 mL, cada fração passou por diferentes processos de tratamento
químico para observarmos qual seria o melhor resultado de coagulação e decantação dos
sólidos diluídos.

A coagulação consiste em introduzir na água um produto capaz de neutralizar a carga


dos coloides, geralmente elementos eletronegativos, através da formação de precipitados. Este
produto é conhecido como coagulante. Principais compostos coagulantes: sulfato de alumínio
(Al2(SO4)3), cloreto férrico (FeCl3) e sulfato férrico (Fe(SO4)3).
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2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

1. Adicionou-se 400 mL da amostra de água fornecida a cada um dos 4 Beckers;


2. Acrescentou-se 1,0 mL de sulfato de alumínio 1 % na primeira amostra;
3. Agitou-se a amostra vigorosamente durante 30 segundos;
4. Em seguida, agitou-se a amostra vagarosamente durante 2 minutos;
5. Parou-se a agitação e deixou-se decantar durante 15 minutos;
6. Realizou-se o mesmo procedimento descrito de 2. até 5. nas outras amostras,
acrescentando-se 2,0 mL de sulfato de alumínio na amostra 2; 3,0 mL na amostra 3
e 4,0 mL na amostra 4.
7. Adicionou-se 1,0 mL de solução de polieletrólito aniônico em todos os Beckers;
8. Os mesmos foram agitados novamente no jar test por aproximadamente 2 minutos;
9. Escolheu-se a dosagem que apresentou o melhor resultado, ou seja: menor turbidez
e menor consumo de sulfato de alumínio;
10. Observou-se no microscópio a microbiologia de um lodo proveniente do
tratamento de lodos ativados.
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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi realizado o teste com uma amostra de laticínio, com característica coloração
(leitosa), aparência gordurosa, odor de leite azedo.
Após a colocação do sulfato de alumínio, substância com função coagulante, e
agitação no jar test, verificou-se no primeiro Becker a presença de mais flocos, ou seja, a
coagulação foi mais eficiente do que nas outras dosagens. Na Foto 01 pode-se observar essa
situação experimental.

Foto 01 – Jar test com efluente de laticínio

A turbidez da solução ficou menor, ou seja, a solução ficou mais límpida. Também, o
tempo de decantação foi menor. Observou-se que quanto mais sulfato de alumínio foi
colocado, pior ficou o resultado. Assim, a proporção mais adequada foi a de 1,0 mL de sulfato
de alumínio 1 % para cada 400 mL.

Isso ocorreu, provavelmente, devido à diminuição do pH da solução, já que o sulfato


de alumínio faz o mesmo diminuir. O pH inicial do efluente estava em torno de 6,5. Após a
adição de sulfato, ficou em torno de 3,5. Para termos uma melhor eficiência, poderia ter sido
adicionado hidróxido de sódio para elevar o pH para valores em torno de 10,0. Assim, com o
incremento na alcalinidade, o sulfato de alumínio iria ter uma melhor eficiência.
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Depois da adição do polieletrólito, apurou-se que o mesmo promoveu maior


aglutinação dos flocos, fazendo com que a precipitação do lodo fosse mais rápida e a solução
mais límpida.

Verificou-se que houve flotação de uma parte da solução. Isso foi devido à
concentração de gordura da amostra.

Sugere-se testes com outros tipos de coagulantes, como taninos, lignina, policloreto de
alumínio, cloreto férrico e sulfato férrico. Também, como esse efluente provém de processo
orgânico, pode-se utilizar lodo ativado para degradação da matéria orgânica.

Na Foto 02, pode-se observar o uso de tanino. É um coagulante que tem que ser muito
bem dosado, pois em excesso deixa a solução amarelada e turva. No entanto, é orgânico e bem
interessante para uso em efluentes oriundos de processos orgânicos, pois o lodo será orgânico,
sem a presença adicional de metais.

Foto 02 – Jar test com sulfato de alumínio e tanino

Sobre a análise microbiológica:

Infelizmente, não foi possível visualizar os microrganismos no microscópio, pois os


mesmos já haviam morrido devido ao tempo que ficaram expostos à temperatura e meio
ambiente.
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Foi possível observar que o tratamento do efluente em tanque com aeração difusa foi
muito mais eficiente do que com aeração convencional. O efluente apresentava-se mais
clarificado e o lodo precipitava com mais facilidade.
4. CONCLUSÕES

A proporção mais adequada para a coagulação e precipitação dos sólidos dissolvidos


do efluente no laboratório, foi a de 1,0 mL de sulfato de alumínio 1 % para cada 400 mL.

E o tratamento do efluente em tanque com aeração difusa foi muito mais eficiente do
que com aeração convencional.
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5. REFERÊNCIAS

ANDRADE, L. H. (2011) Tratamento de efluente de indústria de laticínios por duas


configurações de biorreator com membranas e nano filtração visando o reuso.
Dissertação (Mestrado em Saneamento, Meio ambiente e Recursos Hídricos) Universidade
Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte – MG, Brazil.

HENARES, J. F. (2015), Caracterização do Efluente de Laticínio: análise e proposta de


tratamento, Trabalho de Conclusão de Graduação em Engenharia de Alimentos,
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão, PR.

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