São Paulo-SP Processo nº: 0100183-69.2019.8.26.9004
Registro: 2019.0000108986
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº
0100183-69.2019.8.26.9004, da Comarca de São Paulo, em que é agravante YARA DE DEUS BORGES OLIVEIRA, é agravada FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL.
ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 4ª Turma Recursal Cível -
Santo Amaro do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão:Deram provimento ao recurso, nos termos que constarão do acórdão. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Juizes ALEXANDRE DAVID MALFATTI
- SANTO AMARO (Presidente), ROGER BENITES PELLICANI - SANTO AMARO E FABIO COIMBRA JUNQUEIRA.
São Paulo, 23 de setembro de 2019
Alexandre David Malfatti - Santo Amaro
Relator Assinatura Eletrônica
Agravo de Instrumento nº 0100183-69.2019.8.26.9004
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Colégio Recursal - Santo Amaro São Paulo-SP Processo nº: 0100183-69.2019.8.26.9004
Proc. 0100183-69.2019.8.26.9004 - Fórum Regional de Santo Amaro
Agravante: Yara de Deus Borges Oliveira Agravado: Faculdades Metropolitanas Unidas Associação Educacional
Voto nº 239.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. LIMINAR. Autora impedida de
fazer a rematrícula. Inadimplemento. Curso Superior subsidiado pelo FIES. Presença dos requisitos legais. Obrigação de fazer. Determinação para que a ré proceda a rematrícula da autora e o aditamento do FIES. Decisão reformada. Liminar concedida. RECURSO DE AGRAVO PROVIDO.
Trata-se de agravo de instrumento interposto em face da r. decisão
de primeiro grau que indeferiu pedido de tutela para: (a) que a autora seja rematriculada na faculdade e (b) que seja realizado o aditamento do seu FIES neste semestre.
Irresignada, recorre a autora, alegando, em síntese, que está sendo
impedida pela instituição de ensino de se matricular no quarto semestre do curso em virtude de suposto inadimplemento, que só ocorreu por erro da ora agravada. Alega a impossibilidade de se aguardar o contraditório, porquanto a faculdade é de periodicidade semestral e esta perdendo as aulas.
Nas contrarrazões a ré impugnou a justiça gratuita e requereu que
seja mantida decisão de primeiro grau.
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É o breve relatório.
Rejeito a impugnação ao pedido de justiça gratuita. A ré não
trouxe qualquer indício ou prova de que a autora pudesse arcar com as custas judiciais e despesas do processo sem prejuízo da sua subsistência.
A decisão impugnada merece modificação.
Entendo presentes os requisitos legais à tutela antecipada, como
medida cautelar, que fica deferida.
Ao que tudo indica, foi a faculdade que enviou valor errado da
semestralidade para o portal do FIES. O valor correto seria de R$ 7.504,80, com cobertura de 95% pelo FIES e 5% custeado pela autora, ou seja R$ 62,50. Contudo, a agravada lançou no aditamento o valor total de R$ 4.941,27, como se a mensalidade coberta fosse de R$ 823,54 e os R$ 249,68 fossem custeados pela estudante, ora agravante (fl. 113).
A agravada, por sua vez, alegou que a alteração do valor foi
ocasionada devido à suspensão do desconto de 40% concedido à agravante nos primeiros semestres.
Em que pese a alegação da agravada, ressalto que não é razoável
imputar a aluna o ônus desse suposto inadimplemento, impedindo-a de cursar o semestre, enquanto não ficar devidamente esclarecido o que ocorreu.
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Nesse sentido, confira-se precedente do Egrégio Tribunal de
Justiça, 24ª Câmara de Direito Privado, Agravo de Instrumento n. 2096507-62.2018.8.26.0000, Relatora Desembargadora Jonize Sacchi de Oliveira, julgado em 27.09.2018, conforme ementa:
"AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER CUMULADA COM INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO – Análise da tutela de urgência diferida para a audiência de conciliação – Irresignação do autor – Risco de atraso na conclusão do curso, dividido em semestres - Probabilidade de direito – Instituição de ensino condiciona a rematrícula ao pagamento de mensalidades em aberto – Valores anteriormente constavam como abonados por força do FIES – Requerente que demonstrou ter buscado solucionar o caso junto ao Ministério da Educação e a faculdade – Aditamento do contrato de financiamento – Impossibilidade de obstar a matrícula do aluno por possível equívoco da instituição – Eventual débito em aberto poderá ser perseguido – Ausente o risco de irreversibilidade – Decisão reformada – Recurso provido para determinar a realização da matrícula do agravante junto à agravada." Negrito nosso.
Portanto, fica deferida a tutela para que a ré efetue a matricula
da autora YARA DE DEUS BORGES OLIVEIRA, CPF 442.473.288-67, no quarto semestre do curso de Direito e que encaminhe, para o portal do FIES, os dados para o aditamento de 2019, com o valor correto da semestralidade a ser coberto pelo financiamento, no prazo de 5 dias, sob pena de multa de R$ 500,00 por dia, não podendo ultrapassar 30 dias.
Ademais, a antecipação dos efeitos da tutela pretendida não
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acarretará danos à ré. A situação é plenamente reversível, pois, se
improcedente a ação, poderá ser pleiteado o suposto débito junto à autora.
CONCLUSÃO.
Ante o exposto, dá-se provimento ao recurso, para
reformar a decisão impugnada, recebendo-se o recurso em seu efeito legal. FICA DEFERIDA AINDA MEDIDA CAUTELAR NOS TERMOS ABAIXO EXPLICITADOS.
FICA RATIFICADA A TUTELA CAUTELAR DE URGÊNCIA
CONCEDIDA para que a ré efetue a matricula da autora YARA DE DEUS BORGES OLIVEIRA, CPF 442.473.288-67, no quarto semestre do curso de Direito e que encaminhe, para o portal do FIES, os dados para o aditamento de 2019, com o valor correto da semestralidade a ser coberto pelo financiamento, no prazo de 5 dias, sob pena de multa de R$ 500,00 por dia, não podendo ultrapassar 30 dias.
ALEXANDRE DAVID MALFATTI
Juiz Relator
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