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FCH - PSICOLOGIA
Dourados
2022
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................4.
2 JUSTIFICATIVA.........................................................................................................6.
3 METODOLOGIA .......................................................................................................7.
4 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................8.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................9.
6 REFERÊNCIAS............................................................................................................10.
INTRODUÇÃO
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, houve uma reorganização no que tange a
economia e a sociedade. A globalização apresentou novos meios de trabalho, principalmente
urbano em fábricas, ocasionando em um grande êxodo rural em direção às cidades, que com a
falta de planejamento, essa massificação nos grandes centros gerou uma nova forma de
compreender a sociedade, junto a novos e diferentes problemas sociais. Com a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (1948), todos indivíduos passaram a ter garantia de direitos
fundamentais como acesso a: Saúde, educação, religião, que até então pertenciam apenas ao
campo teórico. A partir da formulação do documento da ONU, o Estado passou a ter a
obrigação de certificar o cumprimento desses direitos.
Dessa maneira as políticas públicas foram pensadas para assegurar que esses direitos
sejam alcançados por toda a população. O governo, junto aos servidores e profissionais da
área da saúde, tiveram como tarefa, identificar e planejar de maneira, universal, integral, e
também descentralizada, como atender as necessidades da população.
O CRAS, entra como um dispositivo de atendimento sócio-assistencial. Tem seus
espaços físicos distribuídos em sua maior parte nas periferias, onde comumente são locais em
que as demandas são mais altas. Agindo, portanto, como um instrumento importante dentro
da rede de proteção e promoção social no Brasil através da identificação das necessidades dos
indivíduos e das famílias de cada região, acolhendo-as e se necessário, encaminhando os
integrantes da família para outros atendimentos da rede SUS.
Ao final da leitura espera-se que o leitor entenda o modo de funcionamento do CRAS,
desde sua forma teórica, e aliado ao relato prático de duas entrevistas realizadas com duas
psicólogas, na qual uma compõem o CRAS Canaã 1 e o CRAS Jóquei Clube, duas
profissionais que atuam e vivenciam a realidade desses espaços, e que agem a fim de que os
direitos das pessoas possam ser assegurados, esperamos também, que se entenda como é
formada a equipe desses profissionais, como eles trabalham e a partir disso criam vínculos e
se relacionam com a comunidade.
JUSTIFICATIVA
No que diz respeito à justificativa sobre a realização da presente pesquisa, é evidente a
contribuição para a construção da ética social e senso comum das próximas gerações, e é
claro, para o reforço de conceitos em prol dos Centros de Referência da Assistência Social,
sobre o que ela é e quem ela atende. Expor a realidade social Brasil evita que o fato da
existência do preconceito em relação aos projetos de assistência social torne-se desprezado
com o passar dos anos.
Nesse sentido, a pesquisa tem como objetivo proporcionar mais uma afirmação sobre
como surgiu, porque surgiu e como existem atualmente as assistências sociais do nosso país
com um foco no CRAS (Centros de Referência da Assistência Social), e reforçar o
conhecimento sobre a existência do preconceito e desigualdades no campo social. Um reforço
de informações e conhecimentos sobre o CRAS é, sem dúvidas, algo importante o suficiente
para gerar esta e mais outras pesquisas acadêmicas futuras, visto que o combate à
desigualdade é um processo gradual e contínuo que não deve ser pausado até que os direitos
escritos tornem-se os direitos reais da população.
No que se refere a futura atuação do profissional em psicologia, torna-se indispensável
falar sobre assistência social, independente da área a seguir, motivo pelo qual este trabalho foi
realizado. Como o psicóloga(o) é um profissional que atua em contato direto com seus
pacientes, existe aqui uma necessidade de conhecer as assistências sociais e o motivo pelo
qual elas existem, tendo em vista que, poderá haver atendimentos com pessoas que usufruem
de alguma assistência social, nota-se então a importância de se conhecer as mesma pois este
conhecimento terá total relevância no processo de tratamento do paciente. Traça-se assim
evidente a relevância da realização deste trabalho, tanto para os futuros profissionais de
psicologia quanto para qualquer outro indivíduo da sociedade brasileira.
Deste modo, destaca-se o grande valor desta pesquisa como um fator contribuinte para
identificar, compreender e difundir a realidade vivenciada pelas comunidades de baixa renda
que utilizam as assistências sociais e como elas trabalham em prol dessas populações.
METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho, usamos como método de análise acerca do tema,
pesquisa bibliográfica para construir a parte escrita e também foram realizadas duas
entrevistas, uma remota, na qual houve dificuldade para marcar a entrevista por email e
ligação, sendo necessária ida de um dos integrantes na tentativa de marcar, e uma presencial
com profissionais de psicologia com o intuito de conhecer o CRAS e a atuação do
profissional de psicologia. Utilizando ferramentas como email, mensagens de texto, busca por
artigos acadêmicos, cartilhas e materiais online, conseguimos construir o conhecimento aqui
exposto. Primeiramente, o grupo focou na obtenção de conhecimento teórico sobre o CRAS,
além de formular quatorze questões para a entrevista. Foram feitas visitas ao local e a
descrição da entrevista remota e dos eventos que cercaram a produção do trabalho.
DESENVOLVIMENTO
A assistência social é parte do Sistema de Seguridade Social, somente a partir da
década de 1940 que ela se consolidou como organização institucional onde foi criada a
Legião Brasileira de Assistência (LBA), na qual se fornecia assistência médica, jurídica,
social, programas educacionais, desenvolvimento social e a distribuição de benefícios. A
assistência social foi apresentada pela Constituição Federal de 1988, onde ela passa a ser
acessível para toda a população, isso só foi possível devido a diversas lutas dos movimentos
sociais e revoltas populares, apesar dela estar presente no Brasil desde o período colonial,
uma vez que ela era ligada a valores e interesses morais, religiosos, práticas com interesses
eleitorais, etc. segundo Pereira (2007), ela não era acessível para toda a população.
A necessidade de se criar assistências sociais para a população vem do fato de se
existir uma grande desigualdade social por conta das grandes concentrações de terra e renda
desde o período colonial, sem contar todo o período de escravidão, já que o Brasil foi o
último país da América Latina a abolir a mesma, que gerou e mantém uma desigualdade
racial estruturada, essa desigualdade é salientada com o passar do tempo, principalmente em
1930 onde a industrialização ganhou força, com um maior desenvolvimento na região
Sudeste, se tem uma reprodução das desigualdades regionais sociais e econômicas.
Neste contexto de proteção social de incluir os injustiçados pela disparidade, em 2005
é criado o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), na qual se tem uma proposta análoga
ao Sistema Único de Saúde (SUS), neste modelo de gestão (SUAS) existe uma
operacionalização das ações de assistência social no Brasil, ele é um modelo de gestão
descentralizado e participativo, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(MDS) trabalha pelo fortalecimento do mesmo. O SUAS efetiva o conteúdo da Lei Orgânica
da Assistência Social (LOAS) onde o estado deverá promover os mínimos sociais com o
objetivo de garantir o atendimento às necessidades humanas, que foi promulgada durante o
governo de Itamar Franco, com o intuito de empregar direitos de cidadania e inclusão social e
ampliar os direitos já existentes. Foi através da Política Nacional de Assistência Social
(PNAS) que o LOAS pôde buscar materializar suas diretrizes, uma vez que o mesmo traduz
as determinações da IV Conferência Nacional da Assistência Social realizada em 2003, pois
apresentou como principal propósito a construção e implementação do SUAS (Sistema Único
de Assistência Social ).
Para Sposati (2006) “o SUAS não é produto do inesperado, da genialidade ou da
prepotência da equipe do governo federal. Ele resulta de quase 20 anos de luta na assistência
social e do aprendizado com a gestão da saúde, em particular com o SUS.”, sendo assim não
foi algo repentino e sim derivado de muitas lutas. Em 2004 o PNAS e a NOB/SUAS em
2005, tiveram suas regulações aprovadas e foram definidas as normas necessárias para que a
Assistência Social funcione como um sistema nacional. O CRAS é uma política pública que
tem o intuito de atuar com as famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco
social, ele atua como uma unidade de proteção social básica do SUAS, visando orientar e
realizar o convívio sociofamiliar e comunitário, sendo assim, ele desenvolve programas
socioassistenciais para promover a proteção e a socialização dos seus usuários.
De acordo com o site da Secretaria Nacional de Assistência Social, o número de
CRAS no Brasil é de 8.471 unidades (último valor levantado em 2021, pelo censo SUAS), em
Dourados, atualmente o número de CRAS são 7 unidades (Canaã 1, Parque do Lago 2,
Guaicurus, Cachoeirinha, Jóquei Clube, Vila Vargas e CRAS Indígena). O CRAS faz parte do
modelo de proteção básica, e tem como objetivo dar autonomia ao indivíduo e proporcionar
sustentação para as relações sociais, eles ficam nas regiões mais vulneráveis das cidades,
voltados a atendimentos socioassistenciais. Como foi explicado na matéria do site Portabilis
(2022), os serviços oferecidos pelo CRAS são: serviço de proteção e atendimento integral à
família (PAIF) onde a família tem a oportunidade de mudar sua realidade com alternativas
para intervir e retirar seus filhos do mundo das drogas, outras se realizam ao ver os mesmo
estudando, serviço de convivência e fortalecimento de vínculos (SCFV), serviço de proteção
social básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosos. A matéria também nos
relata que o trabalho do CRAS não se limita ao espaço físico, mas também são feitos
atendimentos à domicílio, e os debates propostos pelo CRAS são levados para diversos
espaços.
No que diz respeito à equipe de profissionais do CRAS, o número de integrantes da
equipe é determinado pela quantidade de famílias que são atendidas naquela região, o quadro
de profissionais é multidisciplinar, podendo contar com assistentes sociais, psicólogos,
técnicos de nível médio, dentre outros. O site Portabilis (2022) nos informa que, unidades de
CRAS de pequeno porte podem ser compostas por dois a três profissionais de nível superior
e, dois a três profissionais de nível médio. Já unidades de médio e grande porte atuam com
quatro profissionais de nível superior e quatro de nível médio, cabe a estes encaminhar a
população local para as demais políticas públicas e sociais, possibilitando ações intersetoriais.
Ao pesquisarmos sobre a atualidade do CRAS, não pudemos deixar de pensar sobre os
impactos da pandemia, considerando que todas as esferas da vida foram atingidas. Não se
pode negar os efeitos que o vigente governo teve na assistência social, considerando que esta
nunca foi uma real preocupação dos atuais governantes. Com a chegada inesperada da
pandemia e todas suas consequências, a população se viu fragilizada, vulnerável e vimos que
essa realidade dolorosa chegou à assistência social. Na verdade, sempre esteve ali, mas neste
momento em específico, cara a cara com uma doença devastadora. Com suas atividades
presenciais suspensas, os profissionais do CRAS precisaram se reinventar para que sua
comunidade de usuários não ficasse desamparada, como no caso do CRAS em Novo Xingu,
no Rio Grande do Sul, que confeccionou sacolas que possuíam atividades de leitura,
cognitivas, máscara e álcool em gel, e que foram distribuídas para seus usuários idosos.
Além de todos os desafios da pandemia, existem também os desafios financeiros
propostos pelo próprio governo. Com verbas sendo utilizadas quase que de acordo com
interesse próprio, o CRAS sofreu e ainda sofre com a falta de verba e suporte. Ao
adentrarmos uma pesquisa sobre esse quesito, nos deparamos com uma entrevista feita pelo
site Brasil de Fato (2022), contando com a entrevistada Priscilla Cordeiro, funcionária do
Sistema Único de Assistência Social e conselheira do Conselho Federal de Serviço Social.
Nesta entrevista impactante, se fala sobre o desdobramento do auxilio Brasil e da assistência
social, Priscilla nos diz que por não ter orientações claras, nem um planejamento em conjunto
com a assistência social, o auxilio Brasil proporciona consequências alarmantes para a mesma
como um todo, reflete sobre a falta de transparência do governo e afirma, “[...] a falta de
informação é um projeto político.” (Priscilla Cordeiro, 2022).
Ao não priorizar a fidelidade dos dados sobre os CRAS, ofertar um auxílio de forma
desorganizada, sucatear serviços e desvalorizar políticas públicas, o presente governo
demonstra como quer nutrir sua relação com a assistência social. Neste trabalho, nota-se o
movimento de enfrentar a realidade e explorá-la da melhor maneira possível. E então,
conclui-se que a atualidade do CRAS é dolorosa, seus profissionais e outras pessoas que
acreditam nos serviços estão diariamente batalhando pela sobrevivência do mesmo.
A população que está em foco nas políticas públicas do CRAS costuma ser de famílias
e pessoas em situação de pobreza ou de vulnerabilidade social; famílias beneficiárias dos
programas de transferências de renda, como auxilio brasil (antigo bolsa família), renda
cidadã, renda mínima, entre outros; Famílias em situação de vulnerabilidade em decorrência
de dificuldades que são vivenciadas por um ou mais membros da família, como pessoas com
deficiência, e/ou idosas que estão em situação de risco social. O CRAS atende as
populações que estão com os vínculos afetivos, familiares e comunitários enfraquecidos, mas
não rompidos completamente, exemplos de vínculos afetivos rompidos, são pessoas em
situação de uso contínuo de entorpecentes e que a família rompe o vínculo com ele,
expulsando-o de casa, ou também em situações de abuso e violência onde a pessoa precisa
romper esses vínculos para sair da situação em que ocorre o abuso.
O CRAS não seria o local recomendado de acolhimento, pois ele trabalha de maneira
preventiva, existem outros órgãos governamentais que realizam esse trabalho para pessoas
que estão sem um vínculo, por exemplo o Centro de Referência Especializado de Assistência
Social (CREAS). O objetivo do CRAS ao atender as necessidades das famílias mais
vulneráveis é garantir muitas vezes direitos básicos, como alimentação através de distribuição
de cestas básicas, por exemplo.
O atendimento no CRAS se inicia com a recepção dos indivíduos, geralmente apenas
um membro da família. Na instituição, o usuário preenche uma ficha de atendimento e se
necessário, é feito o Cadastro Único para continuar o atendimento. Iniciando a assistência, o
trabalho é feito em equipes multiprofissionais, a equipe de referência, que consta na NOB-RH
a quantidade e diversidade de profissionais que vão ser inseridos em cada município
O atendimento no CRAS se inicia com a recepção dos indivíduos, geralmente apenas
um membro da família. Na instituição, o usuário preenche uma ficha de atendimento e se
necessário, é feito o Cadastro Único para continuar o atendimento. Iniciando a assistência, o
trabalho é feito em equipes multiprofissionais, a Equipe de Referência, que consta na
NOB-RH a quantidade e diversidade necessária de profissionais que vão ser inseridos em
cada município, a distribuição de profissionais é baseada na divisão da NOB-RH, que
classifica o CRAS em Pequeno Porte I, Pequeno Porte II e Médio, Grande, Metrópole e DF.
Diversos serviços são ofertados no CRAS, o principal deles é o serviço de Proteção e
Atendimento Integral à Família (PAIF). O trabalho do CRAS visa fortalecer os vínculos
familiares e seu papel protetivo, a fim de prevenir rompimento de vínculos e promover o
acesso e disseminar informações de direitos garantidos por lei. Dessa forma, o CRAS busca
melhorar a qualidade de vida das famílias atendidas por meio do atendimento comum e o
acompanhamento psicossocial, providenciando o acesso aos benefícios, programas de
transferência de renda e serviços assistenciais. O CRAS também promove o encaminhamento
das famílias para outras políticas públicas, informando os usuários a respeito da ampla rede
de saúde que permeia o Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Como exemplo, algumas das estratégias utilizadas pelo CRAS do município de
Dourados-MS;
• Atendimento psicossocial às famílias do território do CRAS;
• Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência
e Idosas;
Sobre a população atendida pelo CRAS, as divisões são feitas conforme as demandas,
nos municípios de pequeno porte I (até 20.000 hab.) e II (de 20.001 a 50.000 hab.), o local de
atendimento costuma ficar nas regiões centrais, mas somente se esse significar a maior
acessibilidade das famílias tanto que estão localizadas nas áreas urbanas, quanto rurais. Os
critérios a serem observados na escolha de um ponto de atendimento são: a dispersão
territorial, características mais urbanas ou rurais, presença de população indígena, e outros
aspectos mais diversos que variam de município para município.
Esses, por sua vez, optam ou pela instalação mais centralizada, ou mais afastada nas
regiões periféricas, e quando se vê necessário podem decidir pela instalação de mais de uma
unidade a fim de atender da melhor maneira possível. Nos municípios maiores, de médio e
grande porte, e também as metrópoles, o CRAS deve se instalar nas regiões de maior
vulnerabilidade, como regiões periféricas, e se, por algum motivo nessa região a instalação
esteja impossibilitada por algum motivo, a unidade será alocada em um local próximo e que
consiga abranger a região vulnerável e que possa efetivar o referenciamento da população que
necessita do acesso à proteção social básica.
No caso dos territórios com baixa densidade demográfica onde há grande dispersão
populacional, como por exemplo as áreas rurais, comunidades indígenas, quilombolas,
assentamentos etc. Nesses casos o CRAS deverá ter sua instalação em um local de melhor
acesso para a população, podendo realizar a cobertura dessas áreas por meio de unidades
itinerantes ou equipes volantes responsáveis pelo deslocamento dos serviços. O serviço deve
ser planejado, continuado, monitorado e avaliado. Portanto, não se trata apenas de uma oferta
de atividades esporádicas.
A definição do número de famílias a serem referenciadas ao CRAS deve ser
relacionada ao porte do município, como é previsto no NOB-SUAS. No caso dos municípios
de médio e grande porte e metrópoles, é necessário analisar se todos os territórios têm 5 mil
famílias, ou se a organização urbana dentro do município nos territórios de vulnerabilidade,
acarretou na constituição de territórios menores por consequências de fronteiras geográficas,
por exemplo. E então nesses casos podem ser implantados CRAS que referenciam até 2.500
famílias. Ou seja, o número de famílias que vivem no território, é o que constitui o parâmetro
de capacidade de atendimento do CRAS.
As principais políticas públicas em foco no CRAS são: Serviço de Proteção e Atendimento
Integral à Família (Paif), Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), que
são serviços pertencentes a Proteção Social Básica (PSB). Também são realizados serviços,
como a inscrição no cadastro único para programas sociais do governo federal, por exemplo o
auxílio Brasil, bem como é realizada a orientação sobre os benefícios à assistência que
possuem direito. Além disso, o CRAS realiza o encaminhamento de alguns usuários para a
rede socioassistencial e demais órgãos públicos, e ainda fornece benefícios eventuais como
cesta básica.
O PAIF é o principal serviço da proteção social básica que elabora um trabalho social com
as famílias referenciadas ao CRAS no território que este está inserido. Foi reconhecido pelo
governo federal como um serviço continuado de proteção básica a partir do Decreto de
número 5.085 de 2004, passando a integrar a rede de serviços socioassistenciais do CRAS.
Ele concentra o maior número de serviços, incluindo trabalho social com famílias em
vulnerabilidade social, de forma contínua e com a finalidade de prevenir a ruptura das
relações comunitárias e familiares do sujeito, fortalecendo esses vínculos por meio de ações
protetivas e preventivas, capazes de superar as experiências vivenciadas em vulnerabilidade
social. Além de facilitar o acesso dos usuários a programas de transferência de renda,
benefícios, serviços de assistência social e outros serviços setoriais, também facilita o gozo de
direitos e a inserção das famílias nas redes de proteção social para a assistência social.
Os serviços oferecidos pelo PAIF incluem atendimento às famílias, visitas domiciliares,
orientações e encaminhamento a outros serviços e políticas do Governo Federal. O
acompanhamento familiar consiste em um conjunto de intervenções, desenvolvidas de forma
contínua, a partir do estabelecimento de um Plano de Acompanhamento Familiar com
objetivos individuais para cada família. As atividades que compõem o PAIF podem ser
individuais ou coletivas. os principais são o Acolhimento e Oficinas com Famílias. O
Acolhimento é o processo de primeiro contato do usuário com o PAIF e visa estabelecer o
vínculo necessário entre as famílias dos usuários e o PAIF para a continuidade do serviço
socioassistencial iniciado, em grande parte é realizada no momento em que o sujeito chega ao
CRAS. Consiste em conversar com os usuários mostrando os serviços ofertados que possui
direito, bem como explicar o que são políticas públicas e por fim direcionar para os
atendimentos da rede socioassistencial, caso haja necessidade.
Nessa direção, o PAIF encarna a existência e a responsabilidade do poder público e
reafirma a visão dos direitos sociais, constituindo-se em um dos principais serviços da rede de
proteção social da assistência social, que vem se consolidando e difundindo no país de forma
descentralizada. Essa descentralização, que seria a existência de uma multiplicidade de
serviços oferecidos no CRAS, bem como a inserção dos profissionais no campo, permite
combater a pobreza, a fome e a desigualdade, bem como reduzir a incidência de riscos e
vulnerabilidades sociais que afetam as famílias e seus membros.
O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) é um conjunto de
serviços realizados em grupos, de acordo com cada ciclo de vida, tendo em vista as
especificidades de cada etapa do desenvolvimento. Busca complementar o trabalho social
desenvolvido com famílias pelo PAIF, prevenindo a ocorrência de situações de risco social e
fortalecendo a convivência familiar e comunitária junto aos usuários. Se efetua na realização
de um trabalho de base com a comunidade no CRAS. Essas atividades integrativas em grupo
visam estabelecer o desenvolvimento do pensamento acerca da realidade social, como
também a criação de um vínculo afetivo com a comunidade, facilitando e auxiliando no
trabalho dos profissionais. O enfrentamento das situações de vulnerabilidade é realizado por
meio dessas atividades grupais com ações focalizadas no fortalecimento da autoestima, dos
laços de solidariedade e dos sentimentos de pertencimento e coletividade , sendo essa a maior
potência do CRAS.
ENTREVISTA REMOTA:
1- Qual seu nome e sua formação? (Opcional)
Joziane Vilela Rodrigues - Formada em Psicologia- Especialista em Terapia Cognitiva
Comportamental.
11- Qual suporte você tem em relação ao seu trabalho e quais você acha que deveria ter?
O funcionamento dos serviços do CRAS é administrado e conduzido pela Secretária
Municipal de Assistência Social, como estrutura, recursos, capacitação continuada. Penso que
deveria ser mantido regular e efetivo a disponibilidade deste suporte.
14- Quais os serviços mais usados? Há algum que você colocaria em destaque?
Os atendimentos de cadastro único para acesso aos serviços e benefícios sociais e de
transferência de renda, Atendimento técnico individualizados para orientações,
encaminhamentos e acompanhamento, para solicitação de Benefícios eventuais e
emergenciais e de transferência de renda. Projetos e Oficinas do Programa de Atendimento e
acompanhamento integral PAIF, Serviço de convivência e fortalecimento de Vínculos
familiares e comunitários –SCFV.
ENTREVISTA PRESENCIAL:
1- Qual seu nome e sua formação? (Opcional)
Meu nome é Vanessa Gonçalves, minha formação é em psicologia, pela Unigran, me
formei em 2011. E de lá para cá, eu trabalhei já na saúde, e aí em 2019 eu vim para
assistência social. Eu tenho percurso clínico, também, nesses dez anos, e sou pós graduada
em psicanálise, faço formação também em psicanálise, na escola do corpo freudiano, e estou
fazendo especialização agora em políticas públicas.
11- Qual suporte você tem em relação ao seu trabalho e quais você acha que deveria ter?
Toda a equipe se apoia, isso gera um suporte e um conforto em momentos difíceis,
trabalhar com políticas públicas é uma tarefa desafiadora, seria ótimo ter um suporte em
relação aos materiais básico e os que amparam as famílias, como as cestas básicas, e por fim,
um quadro de funcionários mais amplo para poder atender todas as famílias que nos
procuram.
14- Quais as políticas mais usadas? Há alguma que você colocaria em destaque?
Nós temos uma grande taxa de inscrição dos usuários no Cadúnico(Cadastro Único
para Programas Sociais) na qual se estende o acesso para os programas como auxílio Brasil
(antigo bolsa família), desconto na conta de energia, acesso a cestas básicas (quando
disponível), entre outros programas, o que mais se destaca creio que seja o auxílio Brasil
(antigo bolsa família) por conta da grande quantidade de mãe em situação de vulnerabilidade.
Dessa maneira, o CRAS além de seu viés protetivo, tem como função problematizar
as contradições que permeiam a população em vulnerabilidade e debatê-las de forma conjunta
aos usuários, a fim de informá-los que grande parte das adversidades presentes na vida dessas
pessoas não é culpa delas, através de uma leitura crítica da realidade. O CRAS possui um
grande poder político, e o desmanche progressivo dele é visto como um processo de
silenciamento e ocultação das disfunções políticas de nível regional ao federal.
Há uma demanda muito grande no que se diz respeito ao atendimento e suporte no CRAS,
a quantidade de profissionais na equipe referência dessas instituições não conseguem suprir a
necessidade da população em vulnerabilidade. No CRAS Jóquei Clube Dourados-MS, cada
técnico acompanha aproximadamente 30 famílias, e só não é maior esse número devido a
enorme sobrecarga dos técnicos, pois de acordo com a psicóloga do local, existem diversas
famílias que não são atendidas devido a falta de profissionais. O CRAS Jóquei Clube atende
48 bairros e conta com apenas três técnicos de nível superior, chegando a atender 100 pessoas
em 1 dia.
Além da equipe referência não ser suficiente para lidar com a demanda, outro
problema muito grave é exposto, não há programas de segurança alimentar como restaurantes
populares, e a quantidade de cestas básicas está longe de ser suficiente para suprir as
necessidades da população alvo (No CRAS Jóquei Clube, é recebido entre 50 a 100 cestas
básicas por mês, desde março estão sem receber sequer uma cesta, e não é enviado
retroativos).
Por lei, a população vulnerável deveria ter acesso à essas cestas básicas, é
extremamente complicado e delicado ter que lidar com a falta delas, explicar que não há
disponibilidade das cestas para um sujeito que foi até o local para solicitá-la e não conseguir
entregar por falta da mesma, é violar os direitos dessa pessoa, entretanto, a responsabilidade
está para além da equipe operante.
Problemas na estrutura do local também são empecilhos que dificultam o trabalho
dos profissionais e precarizam o atendimento, como: falta de água potável, materiais de
limpeza e higiene, também não são disponibilizados recursos para o desenvolvimento de
atividades em grupo, não há nada para oferecer de alimento nas atividades feitas no local por
exemplo.
Por mais que sejam feitas solicitações das demandas, nunca é resolvido, pelo
contrário, cada vez mais é observado o corte de verbas e o desmonte da rede SUAS.
Após a implementação do auxílio brasil, a solicitação desse auxílio passou a ser
feita de maneira online. Dessa forma, é visto dois problemas com essa mudança, nem todos
possuem acesso a internet e reduz o trabalho do CRAS a função de transferência de renda,
ignorando outras atribuições que a instituição possui, como permitir o direito de convivência,
segurança de acolhida, segurança de autonomia, acesso à informação, conhecimento das
políticas públicas (o que são, como funcionam, para quem e como utilizadas).
O Cras não consegue fazer um acompanhamento sistematizado das famílias, sendo que
essa ação é uma das finalidades do PAIF, por conta da falta de equipe e recursos. O cenário
ideal seriam quatro técnicos administrativos, um técnico de convivência, um orientador
social, três técnicos de referência e a coordenação.
Já no segundo, fomos muito bem recebidos, e foi uma escolha certeira, já que
precisávamos fazer outra visita e só conseguimos fazê-la faltando uma semana para
apresentar, e podemos dizer: ainda bem que conseguimos. Os profissionais foram muito
acolhedores, a entrevista foi muito mais fluída do que esperávamos, ao sair de lá percebemos
como aquela visita nos afetou. Conversamos muito sobre nossas expectativas, percepções,
inquietações e conquistas com esse trabalho.
OLIVEIRA, Patrícia Araújo de; KAHHALE, Edna Maria Severino Peters. Uma história do
Sistema Único de Assistência Social (SUAS), a participação do psicólogo e possibilidades de
atuação. Rev. psicol. polít., São Paulo , v. 20, n. 47, p. 119-131, abr. 2020 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2020000100010&l
ng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14 set. 2022.
TUDO sobre o CRAS: o que é, atribuições, estrutura e mais. Portabilis, 2022. Disponível
em: <https://blog.portabilis.com.br/cras-o-que-e/ >. Acesso em: 05 set. 2022.