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SER HOMEM BASTA

DANDO NOME AOS BOIS


Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.
O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam. Provérbios 4:18,19
- Estou com um problema – disse-me a jovem com ar acanhado. Havíamos terminado uma reunião
de oração realizada no horário de almoço de uma grande organização evangélica. Eu dera um breve estudo
bíblico e encerrara a reunião, quando a moça se aproximou de mim pedindo que orasse por ela.
– Qual é o problema? Indaguei.
– Estou com um problema – repetiu ela meio sem jeito.
– É, repliquei – sem saber se ela me ouvira responder – E sobre o que deseja que eu ore?
Ela contraiu o semblante e seus olhos se encheram de lágrimas.
– Não sei ao certo – respondeu gaguejante e mordendo o lábio – Mas estou com um sério problema.
– Minha irmã – falei com firmeza, mas procurando não ser ríspido – nosso Deus lida com fatos
específicos e não com generalidades. Terei prazer em orar por você, mas preciso saber a natureza do seu
problema para fazer uma oração específica. Ninguém mais vai ficar sabendo; só eu e você.
– Bom, é que na verdade não sei bem qual é o problema – explicou ainda meio hesitante – Só sei que
meu marido afirma que tenho um problema.
– E o que seu marido aponta como sendo seu problema? – Indaguei fazendo nova tentativa.
– Diz que não o compreendo – explicou afinal, dando a impressão de estar agoniada.
– E o que é que você não compreende?
De repente a moça desandou num choro incontido, que parecia vir do fundo de seu ser.
– Ele tem uma porção de revistas no criado-mudo, falou entre soluços. A Playboy, a Penthouse, e
outras dessas com mulheres nuas. Disse que precisa olhar para elas antes de ter relações sexuais comigo;
precisa disso para se estimular sexualmente – explicou em voz sufocada, e com lágrimas a escorrer pelo
rosto – Eu falei que achava que ele não precisa delas, mas ele respondeu que eu não o compreendo, que se
eu o amasse entenderia por que ele precisa dessas revistas, e concordaria em que ele comprasse outras.
– Qual é a profissão de seu marido?
– É pastor; trabalha com jovens.
Fiquei parado, a olhá-la incrédulo, pensando no que acabara de dizer-me. Aquela irmã me dizia que
seu marido era pastor, trabalhava com jovens, e tinha uma pilha de publicações pornográficas no criado-
mudo.
– Seu marido pode ser pastor, respondi com calma, mas também é pornógrafo. Ela ergueu a cabeça
com um movimento brusco. Foi como se eu lhe tivesse dado um tapa no rosto. Nunca pensara que alguém
pudesse afirmar que seu marido fosse pornógrafo. E, no entanto, pela sua conduta, ele o era. Nesta nossa
era moderna não temos mais pecados, não. Temos problemas. Adotamos uma visão psicológica do
evangelho e nesse processo eliminamos a palavra pecado de nosso vocabulário.
Em 2Samuel, capítulo 11, lemos que era de tarde, quando Davi fez sua sesta, algo habitual nos países
orientais, ele se levantou do sofá e caminhou pelo terraço de seu palácio, que ficava no alto do Monte Sião
e dava para os pátios abertos das casas da cidade baixa.
SER HOMEM BASTA

Em uma delas, ele viu uma bela mulher tomando banho. Nos pátios das casas era comum ter uma
bacia de água, e o local provavelmente estava totalmente escondido de todos os outros pontos de
observação, porém não do telhado do palácio do rei, de onde não se esperava que viesse o mal. No Oriente
é considerado impróprio que um vizinho olhe por cima do muro de sua casa para o pátio interno da próxima
residência. Considerando o ciúme com que os orientais protegem as mulheres de sua família de intrusões,
foi um ato errado da parte do rei espiar o que se passava nos recônditos da casa vizinha.

A bela mulher era esposa de Urias, o hitita. --Seu nome aparece (2Samuel 23:39) na lista dos trinta
principais heróis de Davi, e toda a história o representa como um soldado corajoso e de espírito nobre.

A queda de David foi rápida e completa; mas podemos ver que houve uma preparação gradual para
isso. A primeira situação que favoreceu a queda de Davi foi, ele não fez o que devia fazer. Quando não se
faz o que se deve fazer, não se é o que se deve ser, outras coisas tomam e são o lugar. Davi se tornou ocioso
e negligente. A segunda situação que contribuiu para a queda, foi desprezar o perigo daquilo que parece
inócuo! A situação o fez tomar decisões errada em série. Davi sempre foi um homem de paixões fortes
(mãos cheias de sangue), e o grande harém que ele montou em Jerusalém, tão longe de satisfazê-lo, apenas
intensificou sua luxúria. Excesso de luxúria não se combate com mais luxúria, desejo desenfreado não se
combate com mais formas de alimentá-lo. Enquanto seu olho for escravo da imoralidade, você não
enxergará nada como realmente é, e sim como deseja que seja! E agora o rei que deveria governar com
justiça e equidade, inclina-se a roubar a honra de um de seus próprios oficiais. Quando ele enviou aqueles
mensageiros, que são aquelas pessoas vis que andam por aí, prontos para ministrar aos seus pecados, ele
estava preparando o caminho para a desgraça. Desde aquele dia, sua própria casa foi palco de crimes
horríveis, rixas, escândalos, e misérias de todo tipo; e o longo intervalo após seu arrependimento, entre o
nascimento de Salomão e a morte de Davi, é passado em sombrio silêncio. Nenhum ato do rei penitente
após sua restauração ao trono é considerado digno de registro. Ele foi perdoado, mas seu lugar de agora em
diante não era à luz do favor de Deus, mas na sombra e retiro.

Envie-me Urias. - David propôs, assim, encobrir seu crime. Não dando certo o plano de encobrir seu
pecado, enviou Urias com uma carta na qual a sua sentença de morte estava declarada. Joabe no entanto
não fez como Davi mandou, e por causa disso outros homens de Israel morreram junto com Urias,
tornando o pecado de Davi ainda mais sangrento!

“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que
atentar (OLHAR) numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. Portanto, se
o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um
dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar,
corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo
o teu corpo lançado no inferno”. Mateus 5:27-30.

“A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz;
se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas,
quão grandes serão tais trevas”! Mateus 6:22,23. O adultério segundo Jesus, não é apenas o ato, pois na lei
ele só se configurava se fosse pego no flagrante ou com evidências que o denunciasse. Jesus declarou que
tudo que conduz a luxuria sexual é pecado de adultério!
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Ou igreja aceita o popular evangelho da autoestima ou reconhece a terrível realidade do pecado


segundo a Bíblia.

Vivemos numa cultura que elevou o orgulho ao status de uma virtude. A sociedade atual nos
incentiva a buscar autoestima, sentimentos positivos e dignidade pessoal. Ao mesmo tempo, a
responsabilidade moral está sendo substituída pelo vitimismo, que ensina as pessoas a culparem outros
pelos seus fracassos e iniquidades pessoais. Na verdade, os ensinos bíblicos sobre a corrupção humana, o
pecado, a culpa, o arrependimento e a humildade não são compatíveis com quaisquer dessas ideias. Em
nenhuma outra área houve mais prejuízos do que no modo com que os cristãos professos lidam com o
próprio pecado. Rapidamente os cristãos estão perdendo a visão do pecado como a raiz de todos os males.
Explicitamente, muitos cristãos estão negando que seu próprio pecado seja a causa de suas angústias. Cada
vez mais estão tentando explicar o dilema humano em termos totalmente não-bíblicos: é o temperamento,
são os vícios, famílias desestruturadas, a criança interior, co-dependência e uma grande quantidade de
outros mecanismos irresponsáveis de fuga promovidos pela psicologia secular.

O impacto potencial de tal tendência é estarrecedor. Afaste a realidade do pecado e você eliminará
a possibilidade de arrependimento. Anule a doutrina da corrupção humana e você invalidará o plano da
salvação. Apague a noção da culpa pessoal e você eliminará a necessidade de um Salvador. Destrua a
consciência humana, e você levantará uma geração imoral e irredimível. A igreja não pode se juntar ao
mundo nesse empreendimento completamente satânico. Agir assim é destruir o verdadeiro evangelho que
fomos chamados a proclamar.

Atualmente não é nada incomum ouvir todo tipo de pessoas falando em aprender a perdoar a si
mesma. Mas a terminologia é ilusória. "Perdão" pressupõe um reconhecimento de culpa. O que aconteceu
com o Pecado? Hoje em dia a maioria das pessoas que falam explicitamente sobre perdoar a si mesmos
repudiam a culpa. Nossa cultura declarou guerra contra a culpa. O próprio conceito é considerado medieval,
obsoleto e inócuo. Geralmente, aqueles que têm problemas com sentimento de culpa recorrem a um
terapeuta, cuja tarefa é melhorar a autoimagem do paciente. Ninguém, afinal de contas, deve sentir-se
culpado. A culpa não conduz à dignidade e nem à autoestima. A sociedade encoraja o pecado, mas não
tolera a culpa produzida por ele.

Esse tipo de pensamento tirou do discurso público palavras como pecado, arrependimento,
contrição, expiação, restauração, redenção e mortificação. Se se presume que ninguém sente culpa, como
alguém poderia ser um pecador? A cultura moderna nos responde: as pessoas são vítimas. Vítimas não são
responsáveis pelo que fazem, elas são consequência do que lhes acontece. Sendo assim, toda falha humana
deve ser descrita nos termos de como o criminoso foi vitimado. Todos deveríamos ser suficientemente
"sensíveis" e "compassivos" para perceber que os próprios comportamentos que eram rotulados de
"pecado" são na verdade evidências da vitimização.

Talvez a justificativa mais comum para escaparmos do sentimento de culpa seja a de classificar cada
falha humana como uma espécie de doença. Alcoólatras e viciados em drogas recebem tratamentos clínicos
por causa de sua "dependência química". Crianças que geralmente afrontam as autoridades podem livrar-se
da reprovação sendo rotuladas de "hiperativas", ou por sofrerem de um desvio de atenção. Os glutões nunca
são considerados culpados, pois sofrem de "desequilíbrio alimentar". Até mesmo um homem que abandona
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a vida em família e gasta seu dinheiro com prostitutas deveria ser olhado com compaixão, pois é um "viciado
em sexo". Diagnósticos errados implicam que qualquer tratamento prescrito será totalmente inútil.

O verdadeiro e único remédio envolve genuíno arrependimento, confissão (reconhecimento de que


você merece a disciplina de Deus, porque apenas você é o responsável pelo seu pecado) então a restauração
e o crescimento por meio de uma disciplina espiritual: oração, jejum, estudo da Bíblia, comunhão com Deus
e com os irmãos e a dependência de Cristo. Em outras palavras, se o problema for espiritual, rotulá-lo como
clínico somente vai aumentar o problema e não libertar o homem do pecado.

Rejeitar a culpabilidade nunca nos libertará do sentimento de culpa. Pelo contrário, aqueles que se
recusam a reconhecer sua pecaminosidade, optam por servir a sua própria culpa.

"O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará
misericórdia" (Pv 28.13); "Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a
verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustiça" (lJo 1.8,9).

Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores! Ele disse que " ... Os sãos não precisam de médico, e
sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores" (Me 2.17). Quando não há o reconhecimento de
pecado e culpa, e quando a consciência é levada ao silêncio, não há possibilidade de salvação, de
santificação, e portanto, não há uma verdadeira emancipação do poder implacável do pecado.

ANOTAÇÕES:

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