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SER HOMEM BASTA

INTRODUÇÃO – O QUE É SER HOMEM?

Durante a Segunda Guerra Mundial (1945), um menino japonês


parou em frente de uma pira de cremação e esperou pela sua
vez, para cremar o seu pequeno irmão morto. A pessoa que tirou
a fotografia disse em entrevista, que a criança mordia tão
fortemente os lábios para não chorar que lhe escorria sangue
pelo canto da boca. Foi então que o guarda pediu o corpo e
disse: "Dá-me a carga que trazes às costas " e a criança
respondeu: NÃO É CARGA, É MEU IRMÃO" entregou o corpo
virou-se e saiu... No Japão ainda hoje, esta imagem é usada
como símbolo de força.

Um fenômeno bastante interessante está ocorrendo já a


bastante tempo. A principal figura de autoridade que nossas
crianças conhecem, do nascimento até quase os vinte anos, é
delineada quase totalmente por mulheres. Vez por outra, a
figura masculina aparece nesse quadro, mas com presença
pouco marcante.

No hospital, são as enfermeiras que se encarregam de quase


todos os aspectos relativos ao cuidado do recém-nascido. Em casa, geralmente, a figura dominante é a mãe.
E 90% dos professores do curso primário são – todo mundo sabe – mulheres. Em alguns casos, o policial que
auxilia a criança na travessia da rua em frente à escola é uma mulher.

E há muitas outras situações como, por exemplo, supermercados, lojas, lanchonetes, escola dominical, em
que são mulheres que atendem, orientam e ensinam as crianças a respeito de Deus. (A exceção vem de
algumas igrejas, onde um homem prega para uma congregação constituída, na sua maioria, de mulheres.)

Quem instrui a criança sobre que roupa deve vestir, quem lhe inculca os primeiros bons hábitos, quem a
ajuda com os deveres de casa, quem faz as compras da família? Em suma, quem é que manda? Não é de se
admirar, portanto, que o rapaz de hoje esteja se esforçando ao máximo para demonstrar que é homem de
verdade – como a mamãe.

E é por isso que em nossos dias os homens aderiram ao uso de pulseiras, colares, e até de brincos. Têm
cabelo comprido, camisas justas desabotoadas em cima lembrando um “decote”. Ou então são “machões”,
que têm uma atitude irresponsável com a mulher e os filhos, ou que levam uma vida sexual desregrada e
vivem como bem querem. Em qualquer dos casos, o homem se acha “liberado”, ou pelo menos é o que lhe
dizem as feministas, cujo objetivo é minar sua posição como homem.

Por outro lado, as mulheres estão usando o cabelo bem curto, calças e blazers masculinos, e algumas, até
gravatas. No desejo de se “autoafirmar” ou “castigar seus opressores”, muitas vêm dando vazão a uma raiva
até então reprimida, e agindo de forma violenta contra os homens que elas acreditam serem os culpados de
tudo.

Enfim, os homens e mulheres de nossos dias não sabem exatamente como devem agir, desconhecem sua
função como homem ou mulher, e por causa disso sentem-se confusos e ansiosos.
SER HOMEM BASTA

A tendência da mentalidade prevalente hoje é anular as diferenças básicas entre homem e mulher, em
especial no que diz respeito às suas funções. De modo geral, os homens não assumem uma posição clara,
preferindo omitir- se. Simplesmente vão vivendo a vida sem assumir seu papel. E como o natural é que
quando alguém se omite, outro acabe preenchendo seu espaço, as mulheres estão sendo levadas a ocupar
as áreas que eles abandonam. O resultado de tudo isso são homens, mulheres e crianças frustrados,
irritados, e um número cada vez maior de indivíduos em “crise de identidade”.

E agora, em meio a toda essa “descaracterização”, surge a ressonante tese dessa reunião com o tema “Ser
homem basta”, que ressoa como um sonoro tapa numa crise de histeria, um grito de desafio aos homens,
ou um jato de água gelada na pele.

Este curso não se limita a uma simples discussão retórica: entra em confronto direto com as questões que
acabamos de levantar. Sem fazer concessões e sem pejo algum, é um curso dirigido aos homens.

Sabemos de muitas obras escritas sobre nós. Mas são muito raras as dirigidas a nós. Ele lembra a velha
“conversa de homem pra homem”, em que se discutiam questões como as virtudes masculinas; o
cavalheirismo, o respeito às mulheres e crianças, questões essas associadas ao que se entendia por “homem
feito”. Ele nos ajuda a descobrir todo o nosso potencial, para vivenciarmos ao máximo nossa condição de
homem. E chega em muito boa hora.

Com uma mensagem direta e penetrante, é um curso que chama às falas o homem moderno. É possível que
alguns presentes fiquem tão irritados com as afirmações aqui serão feitas que provavelmente irão querer ir
embora com raiva, e irão desistir. Outros terão vontade de mandar uma carta “malcriada” para nós, dizendo-
nos certas verdades “que ele precisará ouvir”.

Nossas vidas simplesmente não estão certinhas da forma que a cultura cristã parece achar que devem estar.
Espera-se que os homens cristãos, especialmente os da liderança, se sintam constantemente encorajados,
sejam apaixonados por sua visão e tenham muito poucos problemas. Homens amadurecidos não devem
lutar com pensamentos doidos, impulsos pecaminosos ou sentimentos de desespero. Entretanto, nós
lutamos. O conceito de masculinidade espiritual parece estar mais relacionado a alguém continuar
“funcionando”, a despeito das dificuldades, do que por sua vitória sobre elas. Cremos que o Espírito de Deus
está menos interessado em nos dizer como fazer nossas vidas funcionarem e mais interessado em despertar
em meio às incessantes dificuldades - a nossa paixão por Cristo. Ao invés de solucionar nossos problemas,
Ele, com maior frequência os usa para nos desequilibrar, para nos tornar menos seguros sobre como a vida
se desenvolve, para nos levar a fazer as perguntas difíceis que temos pavor de fazer, para trazer à tona as
dúvidas obstinadas e as exigências feias que nos mantêm longe de Cristo.

Não cremos que a Bíblia apresenta um plano para fazer a vida funcionar, como muitos pensam que deveria.
Achamos que ela oferece uma razão para continuarmos em frente mesmo quando a vida não vai tão bem.
Se pudéssemos encontrar fórmulas que realmente funcionassem - fórmulas para vencer a ira, produzir filhos
piedosos ou para nos sentirmos mais achegados às nossas esposas - nós as seguiríamos (ou não!). Mas não
cremos que elas existam. Em nosso modo de pensar, os verdadeiros homens admitem o medo da confusão,
mas não fogem dela na direção de uma confiança fácil ou um “plano de tantos passos”.

Atrai-nos mais o mistério da vida do que sua previsibilidade. Não porque gostemos especialmente de nos
sentirmos confusos e sem controle. É difícil sentir essas coisas. Às vezes, detestamos isso. Mas não achamos
que temos escolha; não, se enfrentarmos a vida com toda a honestidade.
SER HOMEM BASTA

Algumas partes da vida, é claro, são ordenadas e controláveis. Carros não funcionam sem combustível,
dentes limpos com fio dental desenvolvem menos problemas, famílias não se saem tão bem sem maridos e
pais envolvidos. As coisas que podem ser feitas, devem ser feitas. Naquilo que a vida pode ser controlada,
deve ser bem controlada.

Mas, as partes mais importantes da vida, aquelas partes que compõem tudo o que o Cristianismo deve ser,
nos parecem mais misteriosas do que controláveis, mais caóticas do que ordenadas.

O que você faz quando descobre que sua filha foi abusada sexualmente? Se seu filho assumir sua
homossexualidade? Como você lida com o ciúme inclemente que tem do amigo que ganha a mais do que
você? O que pode fazer com uma vida de fantasias imorais que simplesmente não vai embora? Como você
se aproxima de Deus quando tudo dentro de si parece morto? Como o Espírito de Deus nos leva ao lar do
Pai, onde a festa está ocorrendo?

Simplesmente não há nenhuma fórmula para seguir ao tratarmos com as coisas mais importantes para nós.
E achamos que Deus planejou para que fosse assim; não para frustrar ou desanimar, mas para evocar de
nosso interior algo que Ele já colocou em nós, algo que é liberado somente quando nos entregamos a Ele
no meio do mistério. A masculinidade espiritual envolve a coragem de continuarmos nos movendo - em
meio a uma confusão avassaladora - rumo aos relacionamentos. Pouca relação tem com entender
exatamente como funciona e depois fazê-lo.

Somos homens vivendo histórias inacabadas. Debatemo-nos com perguntas que ninguém responde.

Fracassamos diante de coisas que, a esta altura, achávamos que já tínhamos superado. Lutamos contra
desejos horríveis dentro de nós, inclusive o impulso de desistir quando a vida nos deixa combalidos. Lutamos
para viver em comunidade uns com os outros.

Mas, ainda, temos esperança. Talvez nossas vidas estejam se movendo rumo a um tipo de maturidade que
nos deixará boquiabertos e a Satanás mudo. Entretemos a esperança de que, embora estejamos confusos,
às vezes, desanimados e ocasionalmente, desesperados, ainda estamos nos movendo na direção de nossas
esposas, nossos filhos, nossos amigos e nosso Deus.

Nem sempre nos movemos com desenvoltura e, às vezes, paramos. Mas nunca como uma decisão
permanente. Esta é a nossa mensagem central: masculinidade significa mover-se nem sempre com sucesso,
ou mesmo em vitórias, mas, mover-se, com o tipo de movimento que somente uma fascinação por Cristo,
apaixonada, consumidora, dirigida pelo Espírito pode produzir. E essa é a verdadeira vitória.

Permitam que me apresente a vocês: sou um homem, com algumas histórias para contar - histórias de
tristeza, alegria, fracasso, sucesso, tédio, paixão, vingança e amor. Vamos juntos enquanto consideramos
descobrir o que significa ser homem e viver conforme Deus tencionou que os homens vivessem.

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