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HISTORIA DA FILOSOFIA Idéias, Doutrinas sob a diregao de FRANGOIS CHATELET da Universidade de Paris Vil A FILOSOFIA E A HISTORIA De 1780 a 1880 ‘ por W. BANNOUR F. CHATELET \JrL,DALLEMAGNE L. GUILLERMIT ‘A. PHILONENKO. NN. POULANTZAS R. VERDENAL 7] aa) HEGEL 176 A Finosoria x 4 Hisronia © coresponsével. Os cinco artigos que af publica, nos Gnos 1802-1808, pretiguram os textos determinantes cons- {ituides pelo ‘Prejdcio 8 Fenomenologia do. Espirito: © principio fundamental que vai, doravante, conduzir a fritiea tedrica de Hegel esta af precisamente definido, fem sua forma e-em seu contelido. Trata-se de levar em ‘conta os resultados da critica kantiana: a antiga metaff Sica nfo mais pode pretender o titulo de ciencia; a Critica Ga Rasto Pura tornou manifestas a incerteza e a insutl Giénela dos sistemas tradieionals; mostrou, por outro lado, que a pretensio dos conhecimentos experimentais a to thar 0 lugar da metafisica, que se tornou caduca, 6 derri Soria, na medida em que estes ndo se podem constituir ‘como saber do que é em si, como saber do ser. Seri entao preciso reconhecer, com o criticismo, que nfo ha Saber do Absolute; que‘ Absoluto nao é da ordem do Saber; que sua Teallzagio ocorre alhures: no ato moral; ‘que, no que toa a0 bom uso da Razio, é somente no Gominio prétieo que se encontra em seu devido lugar. ‘A ligio salutar ¢, no entanto, excessivamente pobre, se se leva em conta, antes de mais nada, 0 fato de que ‘a anélise moral de Kant permanece singularmente abs- ‘trata, # bastante legitimo, consegitentemente, que, opon- dose ao “‘deserto especulativo” do pensamento critica, Se eonstruam doutrinas que visam ao Absoluto na. pré: pria ordem tedrica. Kant provou que exigéncia meta- fisica € irreprimivel; ela o 6, decididamente! Eis que, sob formas diversas, a espectlagio se reorganiza. Entretanto, ‘quaisquer que sejam a legitimidade histérica e a sutileza fedriea que essa empresa renovada mobiliza, ela nio con- segue mais convencer. A eritica ndo mais the permite desenvolver trangiillamente as demonstragGes que, de ra- tioeinio em Tacioeinio, conduzem a0 Absoluto, Por isso mesmo, esse Absoluto, ela dove administréo arbitraria- mente; colosi-lo como comeco e como fim. Bem depressa Fogel ‘separa‘se de seu. amigo Schelling — que se val tomar 0 set adversério confessado: censurara a Schelling por liberar 0 ADsoluto como “um tiro de pistola no co- Facdo"; colocara em questio o Tomantismo que, por de- ‘mais dvido de plenitude, nela se joga com tal enjusiasmo ‘due esquece a hecessidade de uma legitimacao discursiva. Contra essa avider compreensivel, fard valer a exigéncia a ciéncia, que, certamente, coloca prineipios, mas que G, W. F. Hoon, ” prova, no desenvolvimento rigoroso do sistema, sua Yalidade. Em suma, no momento em que empreende a redacio da Fenomenoiogia do Espirito, que ele acaba sob 0 troar Gos canhoes de Tena, Hegel propisse trés objetivos: re Conclliar a especulagéo e @ realidade; compreender vida Sontemporanes, em suas proprias contradigdes, como produto de um passado dramitico; reconhecer ¢ ultra: passar as conseqiignelas da critica kantiana, a fim de Polocar em se lugar empreendimentos quo, ‘de ora em Giante, se separam: a religifo, a politica, a histéria, a es peculagdo, as ciencias experimentais, as atividades’ artis. Ras; Fefutar concretamente, pela construcio de um dis- curso de alto nivel, as solugdes filosdficas que consistem Guer num hiperzantismo de aspecto metafisico — ¢ assim ue Hegel compreende a obra de Fichte —, quer na filo- Soria romantica que se instaura nos trabalhos de Schel Ting. Por que Hegel faz, entZo, a elipse de outras produ Coes que ihe so contemporineas e que conhece, a5 de {olderlin, do Athenaeum, de Novalis? Por que se s0o- moda to’ facilmente com passagem da tumultuosa Con- Yenoio & ordem termidoriana e & orgsnizagio bonapar- Usta? Deixemos essas questdes, por enguanto, sem res posta; @ finalldade ¢ reviver o que se segue, IL COMO A CONSCIENGIA SE FAZ ESPIRITO Hegel foi um pesquisador incansavel; até o fim da vida Porvsolieltar as informagses de que precisava, no. im- porta o dominio @ que remetiam, filosofico, artistico, Politico cientitica (ou paracientifico) ; e permanecet, Rompre serisivel 4 urgencia politica. Mas nio se trata para ele — herdeiro consciente dessa “Idade das Luzes” Gajo otimismo sabe multo bem quio derrisério ¢ — de Construir um novo enciclopedismo onde se ordenassem, ha linha unificada do progresso, as conguistas cumu: Tativas das cléncias, das técnicas eda moralidade, Em seu modo de ver, importa, sem diivida, “recuperar” as tor- eas, de anteontem, de'ontem e de hoje. Mas essa, ope- Tagio de. integragio, s6 pode compreendé-ta_ justifican Goa em face de uma tradicio de agora em diante bas ‘ante complexa.

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