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CURSO DE EXTENSÃO DE REDAÇÃO.

PROFESSORA: PATRÍCIA BORDONI.

TIPOS DE COERÊNCIA
Para que ao final de um texto ele seja considerado coerente, seus segmentos textuais
precisam estar encadeados logicamente, como pecinhas de um complicado quebra-
cabeças. Cada parte colabora para o resultado final, que pode ser satisfatório ou
desastroso, sobretudo se as peças estiverem em lugares inadequados. Essas peças,
quando o assunto é a coerência textual, são as ideias e os argumentos, que devem estar
harmonicamente organizados para que os sentidos do texto sejam apreendidos de
maneira satisfatória.

Podemos entender melhor a coerência compreendendo os seus três princípios básicos:

Princípio da Não Contradição: em um texto não se pode ter situações ou ideias que se
contradizem entre si, ou seja, que quebram a lógica.

Princípio da Não Tautologia: Tautologia é um vício de linguagem que consiste n a


repetição de alguma ideia, utilizando palavras diferentes. Um texto coerente precisa
transmitir alguma informação, mas quando há repetição excessiva de palavras ou
termos, o texto corre o risco de não conseguir transmitir a informação. Caso ele não
construa uma informação ou mensagem completa, então ele será incoerente

Princípio da Relevância: Fragmentos de textos que falam de assuntos diferentes, e que


não se relacionam entre si, acabam tornando o texto incoerente, mesmo que suas partes
contenham certa coerência individual. Sendo assim, a representação de ideias ou fatos
não relacionados entre si, fere o princípio da relevância, e trazem incoerência ao texto.

Conheça agora os diferentes tipos de coerência textual, imprescindíveis para a coerência


global de um texto:

 Coerência sintática: diz respeito à adequação entre os elementos que compõem


a frase, como a ordem como eles são dispostos, seleção lexical, coesão e regras
de concordância e de regência. Sua principal função é eliminar estruturas
ambíguas, assim como o uso inadequado dos conectivos, elementos
indispensáveis para a coesão textual.
Incoerência Sintática ocorre quando não utilizamos corretamente os meios
sintáticos para expressar a coerência semântica. Ou seja, quando empregamos
conectivos, pronomes… inadequadamente. Exemplo: “Pessoas ricas procuram o
ensino particular. Onde os métodos, equipamentos e professores são melhores.”
O conectivo “onde” refere-se a “lugar, local”. Para evitarmos a incoerência
sintática, a frase poderia ser escrita dessa forma: “Pessoas ricas procuram o
ensino particular, no qual os métodos, equipamentos e professores são
melhores.”

 Coerência semântica: é estabelecida entre os significados dos elementos do


texto. Quando as frases em sequência aparecem desprovidas de sentido, dizemos
que se trata de ideias contraditórias.
Incoerência semântica ocorre quando o significado das palavras não “batem”,
não se completam, dentro de um texto. “A televisão transmite lazer.” O verbo
transmitir significa “fazer passar de um lugar a outro, comunicar”. Nesse
sentido, o lazer não é algo que venha de um ponto para outro, mas algo que é
“proporcionado”.

 Coerência temática: Com exceção das inserções explicativas, como citações e


paráfrases, todos os enunciados de um texto precisam ser coerentes e relevantes
para o tema. Para que se consiga a coerência temática, frases que em nada
contribuem para a sequência lógica dos argumentos devem ser evitadas.

 Coerência pragmática: acontece quando as condições do contexto são


favoráveis aos atos de fala dos interlocutores. Por exemplo, quando fazemos
uma pergunta para um interlocutor, a coerência pragmática exige que ele
elabore uma resposta, dando sequência então aos atos de fala e à comunicação.
Se essas condições são ignoradas, o resultado é a incoerência pragmática.

Ocorre quando o sentido de uma sequência de atos de fala é quebrado. Por exemplo:

A: “Você estudou para a prova de hoje?”


B: “Lógico!”
A: “Achei difícil compreender o tópico dois do capítulo três.”
B: “O céu está maravilhoso com as nuvens escuras de chuva.”

 Coerência estilística: A coerência estilística exige que, ao longo de um texto,


um único tipo de linguagem seja mantido. Se a linguagem formal for
contemplada, ela deverá ser preservada até o final da composição, o mesmo
serve para a linguagem coloquial. A incoerência estilística não afeta o
entendimento de um texto, no entanto, o ideal é manter um padrão de linguagem
único, sobretudo que esteja adequado à situação linguística.
Incoerência Estilística não chega a perturbar a interpretação do texto. Ocorre
quando misturamos registros linguísticos. Observe a mudança “de tom” no
discurso que se segue:

“Venho diante de vossa Magnificência manifestar meu repúdio ao fato de uma


instituição pública querer subtrair da população um espaço de lazer.
Francamente, achei a maior sujeira, sacanagem, nada a ver.”

 Coerência genérica: A coerência genérica é a escolha adequada do gênero


textual de acordo com o conteúdo anunciado. A ruptura com esse padrão só é
admitida nos textos que adotam a linguagem literária, nos quais é comum
encontrar determinado gênero apresentando características próprias de outros
gêneros, fenômeno que chamamos de hibridismo linguístico.

Os seis tipos de coerência textual aqui apresentados contribuem para a construção de


enunciados aceitáveis, seja do ponto de vista semântico, sintático, estilístico, temático,
genérico ou pragmático. A coerência é fator indispensável nos atos de comunicação, nos
quais há um esforço conjunto entre emissor e receptor para que exista, de fato,
compreensão. Esse empenho pode ser identificado no texto através dos tipos de
coerência anteriormente apresentados.

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