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LIÇÃO 1: HIRAGANA

Pode­se dizer que o sistema de escrita japonesa possui quatro meios de expressão: Hiragana,
Katakana (que conjuntamente formam o “Kana”), Kanji e Roomaji. Por hora, nesta primeira lição
aprenderemos o Hiragana, o silabário básico.
1.1. POR QUE COMEÇAR PELA ESCRITA?

A fim de aprender japonês, o melhor caminho é começar a partir dos caracteres. Talvez algumas
pessoas não concordem com isso, porque se pensarmos na maneira como os bebês começam a
aprender a sua língua materna, eles primeiramente pronunciam palavras, então só depois
começam a aprender a escrita. Mas para os que aprendem japonês como língua estrangeira, este
método é um pouco difícil.

Em primeiro lugar, por que para um não­nativo é muito difícil encontrar toneladas de vocábulos
em seu cotidiano como acontece com os bebês japoneses, a menos que viva no Japão ou tenha
muitos amigos japoneses "conversadores".

Em segundo lugar, por que uma vez que aprendemos a nossa língua materna, torna­se quase
impossível memorizar palavras estrangeiras com sons apenas. Por esta razão, usar todos os cinco
sentidos tanto quanto possível é a forma mais eficaz de obter o que se deseja. Então, por favor,
não use apenas seus ouvidos. Use seus olhos para ver os caracteres. Treine sua boca para
pronunciá­los. Estimule o seu cérebro para imaginá­los mesmo quando você não estiver
estudando. Na rua, no trabalho, enfim, onde quer que seja. Mova sua mão para sentir os
caracteres.

Em terceiro lugar, por que saber os caracteres japoneses (especialmente o Kana), é a mesma
coisa que aprender a pronunciação da língua japonesa.

1.2. A HISTÓRIA DA ESCRITA NA LÍNGUA JAPONESA

Para compreendermos a origem do Hiragana e do Katakana (conhecidos conjuntamente como


“Kana”), precisamos voltar no tempo e entendermos o que são Kanjis. Os Kanjis são um meio de
representar diferentes conceitos materiais e abstratos através de figuras. Tal método de
escrita não é incomum na história humana; basta olhar para os hieróglifos egípcios e você
perceberá que o chinês não é um caso isolado.

Existem várias teorias sobre a forma como os Kanjis foram desenvolvidos, mas nenhuma é dada
como certa. Uma dessas teorias nos diz que há cerca de 5000 a 6000 anos, um historiador chinês
chamado Ts'ang Chieh teve a ideia de criar um modo de expressar graficamente as coisas,
inspirado pelas pegadas de aves em um campo de neve. Outra teoria diz que os Kanjis foram
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criados quando Fu Hsi, um dos três imperadores da época, substituiu o até então existente
“método das cordas” pelo “método de caracteres”. Ambas as teorias, entretanto, podem ser
consideradas mais mitos do que fatos históricos confiáveis. O fato confiável é que os caracteres
mais antigos são os que foram introduzidos durante os dias do vigésimo segundo imperador da
Dinastia Shang (Yin) (1700 a.C.­ 1100 a.C.) e tratavam­se de inscrições em ossos de animais e
carapaças de tartaruga.

Obviamente, a forma dos ideogramas sofreu alterações ao longo do tempo. No início eram figuras
mais ou menos realistas e com seu uso foram sendo simplificadas. Foi então durante a Dinastia
Han (206 a.C – 211 d.C) que ocorreu a “padronização" dos ideogramas, fato que deu ao conjunto
de caracteres o nome da dinastia vigente. A escrita chinesa passou então a ser conhecida como a
“letra da Dinastia Han” (“Han zi” em chinês). Observe o quadro abaixo que demonstra a evolução
dos ideogramas:

Obviamente, os Kanjis não se limitavam a representar conceitos graficamente, mas também a


eles eram atribuídas a pronúncia da respectiva palavra que representava o
significado proposto pelo caractere. Então, podemos dizer que o sistema de Kanjis une
representação gráfica e som de um conceito. Veja a figura abaixo:
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Até o século IV, o japonês era um idioma apenas falado e não possuía qualquer forma de
expressão escrita. Então, aquele sistema de ideogramas que fora padronizado pouco antes na
China, foi introduzido no Japão por meio de escritos trazidos por monges budistas através da
península coreana, ficando conhecido como “Kanji”. No começo, somente algumas pessoas cultas
eram capazes de ler aqueles ideogramas e tudo o que liam se restringia a tratados do budismo e
da filosofia. Pouco depois, devido à forte relação comercial existente entre os dois países, um
conselho chamado “Fuhito” foi criado pela monarquia japonesa com a tarefa de aprender a
língua chinesa para que pudessem ler os documentos chineses. Somente no século VI, com o
incentivo à difusão do budismo pelo príncipe Shotoku, filho da Imperatriz Suiko, o conhecimento
do Kanji se espalhou pelo país. O sábio coreano Wang I ensinou o Kanji pelo Japão.

NOTA: alguns pesquisadores defendem a ideia de que já existia um "proto­alfabeto", antes da


adoção dos caracteres chineses, como por exemplo, o “Kamiyo­Moji” (Escrita herdada dos
deuses).

Pode­se dizer que o primeiro sistema de escrita japonesa foi o “kanbun”, que consistia na
realidade em técnicas para adaptar as sentenças chinesas à gramática japonesa através do uso de
sinais diacríticos juntamente com os Kanjis. Isso permitia que os falantes japoneses
interpretassem essas sentenças. Tomemos como exemplo a oração em chinês “Um homem de
Chu estava vendendo escudos e lanças.”:

Já que tanto no chinês como no português tem­se o padrão gramatical [sujeito­verbo­objeto],


mesmo com uma tradução literal, a frase é compreensível, com exceção da partícula final “zhe
者 ” (aquele que, o que), que é um nominalizador que marca uma pausa após um sintagma
nominal.

NOTA: se você ficou em dúvida quanto à definição de “sintagrama”, acesse este link:
http://www.mundoeducacao.com/gramatica/classificacoes­sintagma.htm.
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Em japonês, entretanto, seria necessário alterar a disposição dos termos para que a sentença se
encaixe dentro dos padrões da gramática japonesa. Vejamos um exemplo apenas para que você
tenha uma noção básica:

Ou, se usássemos números, teríamos:


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O uso de sinais em escritos chineses foi bom já que a sintaxe chinesa é extremamente
diferente da japonesa. Posteriormente, o Kanji passou a ser usado para escrever
palavras japonesas, dando origem ao sistema que mais tarde será chamado de “Man’yougana”
e data provavelmente do início do século V. O nome Man'yougana vem de “Man'youshuu” (万葉
集 ), a mais antiga coleção de poemas japoneses, compilada durante o Período Nara (710­794).
Acredita­se que os caracteres que compunham o Man'yougana foram colhidos nesses poemas.

A principal característica do Man'yougana é que ele utilizava um Kanji por seu valor
fonético, em vez de por seu significado, isto é, Kanjis eram escolhidos de acordo apenas
com sua pronúncia para representar determinado som da língua japonesa. Sendo
assim, praticamente formava­se um silabário (Kana) com os Kanjis. Um mesmo som podia ser
representado por numerosos Kanjis, e, na prática, os escritores elegiam aquele com significado
mais adequado. O exemplo mais antigo de Man’yougana é a “espada Inariyama”, que é uma
espada de aço escavada em 1968 no Inariayama Kofun, um túmulo antigo localizado em Gyouda,
Saitama. Acredita­se que esta espada foi confeccionada por volta do ano 471.

Com o decorrer do tempo, o Man'yougana foi evoluindo e dando origem aos dois silabários,
Katakana e o Hiragana. As formas do Hiragana originam­se do estilo cursivo da caligrafia
chinesa (daí o nome “Hiragana”, isto é, “silabário da palma da mão”). A figura abaixo mostra a
origem do Hiragana a partir do estilo cursivo do Man’yougana. Observe:
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A parte de cima mostra o caractere em seu formato regular, a do meio (em vermelho) mostra a
forma cursiva e a parte de baixo mostra o respectivo Hiragana. Note também que as formas de
escrita cursiva não são estritamente limitadas àquelas da ilustração.

Dado que, como mencionamos, vários Kanjis podiam ter o mesmo som, houve casos em que um
caractere Man'yougana originou um fonema do Hiragana, mas o seu equivalente Katakana
evoluiu de um Kanji Man'yougana diferente. Por exemplo, o Hiragana 「る」 (ru) se desenvolveu
a partir do Man'yougana 「留」, a medida que o Katakana 「ル」 (ru) procede do Man'yougana
「流」.

Algumas teorias apontam que o Kana foi inventado por um monge budista chamado Kuukai no
século IX. Kuukai certamente introduziu a escrita Siddham em seu retorno da China em 806, e o
seu interesse nos aspectos sagrados da fala e da escrita levou­o a concluir que a língua japonesa
seria melhor representada através de um alfabeto fonético em vez dos Kanji utilizados até então.
O atual Kanamoji (conjunto de Kanas) foi codificado em 1900 e as regras para o uso, em 1946.

NOTA: Na atualidade, o Man'yougana continua sendo empregado em certos nomes regionais,


especialmente em Kyushu.

Quando o Hiragana foi desenvolvido, em um primeiro momento, não foi aceito por todos, pois
muitos consideravam que a língua culta ainda se restringia ao chinês. Historicamente, no Japão,
a forma regular de escrita dos caracteres (kaisho) era usada pelos homens e chamada de otokode
(男手), literalmente “mãos masculinas”, enquanto que o estilo cursivo (sousho) era usado pelas
mulheres. Por esta razão, o Hiragana se popularizou primeiro entre as mulheres, haja vista que a
elas geralmente não era permitido ter acesso aos mesmos níveis de educação que os homens.
Disso veio a alternativa que ficou conhecida como “onnade” ( 女 手 ), literalmente “mãos
femininas”. Por exemplo, em “O Conto de Genji” e outros romances mais recentes à época cujos
autores eram do sexo feminino, o Hiragana foi usado extensivamente ou exclusivamente.
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Autores do sexo masculino chegaram a escrever literatura com Hiragana, que por algum tempo
foi usado para a escrita não­oficial, tais como cartas pessoais, enquanto o Katakana e chinês
foram usados para documentos oficiais. Nos tempos modernos, o uso do Hiragana se misturou
com a escrita Katakana, que agora está restrito a usos especiais, tais como palavras recentemente
emprestadas (ou seja, desde o século XIX), nomes de transliteração, os nomes dos animais, em
telegramas, e para dar ênfase (mais detalhes na lição 2).

Originalmente, todas as sílabas eram escritas com mais de um fonema do Hiragana. Em 1900, o
sistema foi simplificado de modo que cada sílaba só tivesse um. O “outro” sistema Hiragana é
conhecido como Hentaigana (変体仮名).

1.3. CONHECENDO OS FONEMAS

O Hiragana é o alfabeto básico da língua japonesa e representa todos os seus sons. Portanto,
teoricamente, você pode escrever tudo em Hiragana. No entanto, como a escrita japonesa é feita
sem nenhum espaço entre as palavras, isto irá criar praticamente um texto indecifrável. Abaixo,
segue uma ilustração com os fonemas e os respectivos sons transcritos em Roomaji. Note que
diferentemente da língua portuguesa, a ordem das vogais em japonês se dá no padrão ­A, ­I,­ U,
­E, ­ O.

A tabela deve ser lida de cima para baixo e da direita para a esquerda, já que a escrita
tradicional japonesa segue esse padrão. Por isso, consideram­se linhas 「ぎょう」 as colunas
verticais, e colunas 「だん」 as linhas horizontais. Tenha em mente também que cada linha e
coluna são nomeadas de acordo com o primeiro fonema nela disposto. Assim, por exemplo:

­ a linha na qual estão dispostos os fonemas あ, い, う, え e お é chamada あぎょう (linha A),


pois o fonema que a inicia é あ;

­ a coluna na qual estão dispostos os fonemas い, き, し, ち, に, ひ, み e り é chamada いだん


(coluna I), pois o fonema que a inicia é い;

­ os fonemas que compõem かぎょう são: か, き, く, け e こ;


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­ os fonemas que compõem えだん são: え, け, せ, て, ね, へ, め e れ.

Guarde estes conceitos, pois serão amplamente utilizados quando tratarmos de verbos (lição 12).

A fim de facilitar o entendimento da pronúncia, dispusemos a tabela de modo que, exceto pelo
「し」、「ち」、「つ」、e 「ん」、o som de cada fonema pode ser compreendido
combinando­se a consoante da linha de cima com a vogal na lateral direita. Por exemplo, 「き」
será (K) + (I) = / ki /, e 「ゆ」 será (Y) + (U) = / yu /, e assim por diante. Entretanto, não são
todos os sons que funcionam com o sistema de combinação das consoantes. Como escrito na
tabela, 「ち」 é pronunciado "chi" (semelhante a “tia”) e 「つ」 é pronunciado "tsu". Para ficar
mais claro, assista ao vídeo abaixo:
FONTE: programa “Let’s Learn Japanese”
Agora, vamos fazer algumas considerações:

I. Preste atenção na diferença dos sons / tsu / e / su /;

II. O som “H” do japonês tem um som aspirado como nas palavras em Inglês “house” e “help”. O
som “R” do japonês tem som do “R” do português parecido ao das palavras “ouro” e “aura”;

III. O caractere 「ん」 é um caractere especial porque é raramente usado sozinho e não tem um
som vogal. Ele é anexado com outro caractere para adicionar um som nasal / n /. Por exemplo,
「かん」 seria 'kan' em vez de 'ka'; 「まん」 seria 'man' em vez de 'ma', e assim por diante;

IV. Por razões históricas que serão expostas na lição 3, o fonema 「を」não é pronunciado “wo”,
mas sim “o” e é usado somente como partícula.

A disposição moderna do Kana reflete aquela da escrita Siddham, e é também usada para fins de
ordem alfabética, isto é, 「あ、い、う、え、お、か、き、く...」 e assim por diante. Entretanto,
nem sempre foi assim: até as reformas da era Meiji no século 19, a disposição dos fonemas seguia
a ordem do “Iroha”, poema japonês escrito durante a era Heian (794–1179) e famoso por ser um
pangrama perfeito, contendo cada caractere do silabário japonês sem repetições (com exceção do
「 ん 」 , que foi adicionado ao silabário mais tarde). Por isso, era também usado como ordem
alfabética do silabário. Vejamos:
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O iroha é encontrado ainda ocasionalmente no Japão moderno. Por exemplo, é usado para
numerar assentos em teatros. Na música, o termo “iroha” é usado para nomear as notas
musicais, sendo escrito em Katakana:

Apesar de ser o estilo de escrita tradicional, a escrita vertical (たてがき) aos poucos vem caindo
em desuso no dia­a­dia do mundo japonês. Esse fato se deve à influência ocidental e o advento da
tecnologia, com computadores, celulares e etc. Hoje em dia, é mais comum ver este estilo de
escrita em alguns poucos livros, poesias, pensamentos e trabalhos mais literários. Devido à
tecnologia e a influência ocidental, o ministério da educação japonês adotou o estilo de escrita
horizontal ( お う ぶ ん ) como padrão em livros técnicos ou livros mais voltados para o ramo
educacional.

O Hiragana não é tão difícil de dominar ou de ensinar e, como resultado, há uma variedade de
web sites e programas grátis que já estão disponíveis na rede. Recomendamos que você procure
por esses websites a fim de ouvir a pronúncia de cada caractere e fazer uma comparação entre a
sua pronúncia e os sons para ter certeza que você está aprendendo corretamente.

1.4. A ENTONAÇÃO

Pode­se afirmar que cada som no Hiragana (e o equivalente em Katakana) corresponde a uma
[vogal] ou [consoante + vogal], com exceção dos fonemas 「 ん」 e 「 ン 」 (no Katakana) e é
pronunciado com igual duração em relação aos outros. Este sistema de som faz com que a
pronúncia dos fonemas seja clara e sem nenhuma ambiguidade. No entanto, a simplicidade dos
sons individualmente não significa que a pronúncia de palavras seja simples. Isso por que na
língua japonesa há o que é conhecido como “acento tonal” (kootei akusento), ou seja, cada
silaba de uma palavra pode ser pronunciada com um tom alto ou baixo.

Apesar de variar muito dependendo do contexto ou do dialeto, existem quatro padrões básicos de
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entonação no japonês padrão:

I. ATAMADAKA­GATA (\_): o som começa alto, cai de repente, e então continua descendo.
Como exemplo, vejamos a entonação das palavras 「うみ」 e 「いのち」 que significam “mar” e
“vida” respectivamente:

II. NAKADAKA­GATA (/\): o som agudo não está nem na primeira nem na última sílaba.
Ele sobe, atinge o máximo, então cai de repente. Se for uma palavra com duas sílabas, ele cairá
na próxima. Como exemplo, vejamos a entonação das palavras 「あつい」 e 「くだもの」 que
significam “quente” e “fruta” respectivamente:

III. ODAKA­GATA ( /  ̄ ­ \ ­): o som agudo não está na primeira sílaba, mas está nas
seguintes. É alto até atingir um elemento fixo, tal como uma partícula e desce. Como exemplo,
vejamos a entonação das palavras 「 は な 」 e 「 お と こ 」 que significam “flor” e “homem”
respectivamente, juntamente com as partículas 「は」 e 「が」:

IV. HEIBAN­GATA (/ ̄ ̄): literalmente plano. Se a palavra não tem um acento tônico, a
tonicidade sobe do começo ao fim. Como exemplo, vejamos a entonação das palavras 「むずかし
い」 e 「あらう」 que significam “difícil” e “lavar” respectivamente:

­­­­

Estudantes estrangeiros de japonês muitas vezes não são ensinados a pronunciar o acento tonal,
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embora isso seja certamente um aspecto crucial na fala japonesa, porque palavras com o mesmo
Kana podem ser distinguidas pelos acentos tonais diferentes. Vejamos o quadro abaixo que
ilustra tal situação:

No japonês padrão, substantivos nativos não­compostos são acentuados cerca de 30% das vezes.
Em sua maioria, o acento tônico cai sobre a antepenúltima sílaba, ou sobre a primeira, em
palavras mais curtas. Um número menor de substantivos é acentuado em outras sílabas. Os
Keiyoushi (lição 18) são normalmente acentuados, e sempre na penúltima sílaba.

Seguir um padrão de entonação, especialmente o do japonês padrão, é considerado essencial em


trabalhos como o de radiodifusão. O padrão atual de entonação está presente em dicionários
especiais para falantes nativos, tais como o “Shin Meikai Nihongo Akusento Jiten” e o “NHK
Nihongo Hatsuon Akusento Jiten”, e âncoras de telejornais e outros profissionais que usam a
oratória devem segui­lo.

1.5. O TRAÇADO

Agora que conhecemos os 46 fonemas que compreendem o Hiragana, é essencial que saibamos
como escrevê­los, pois há uma ordem e direção no traçado que devem ser seguidos. Atentar­se a
isso é importante, especialmente para os Kanjis (que veremos na lição 4). Você entenderá isso
quando se deparar com recados apressados de outras pessoas, que com certeza não parecerão
outra coisa, se não um monte de rabiscos. A única coisa que irá ajudá­lo é que todos escrevem na
mesma ordem, e o “fluxo” dos caracteres é consideravelmente consistente. Portanto,
recomendamos que você preste bastante atenção na ordem e direção dos traços desde o começo
para não adquirir maus hábitos.

Primeiramente, é importante memorizar a ordem correta de traçado, isto é, a sequência correta


para se escrever os traços individuais de cada caractere. A regra geral é: deve­se traçar da
esquerda para a direita [→] e de cima para baixo [↓]
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Outro ponto importante é saber que existem três maneiras de se finalizar um traço:

I. Tome (significa “parada”): você deve trazer o lápis para um fim completo e erguê­lo do
papel no final do traço. Nos exemplos a seguir, o tome é indicado por um ponto colocado perto
do último traço:

II. Hane (significa “pulo”): o traço é finalizado com algo parecido com uma cauda curvada.
Nos exemplos abaixo, o hane está indicado por um √:

III. Harai (significa “varredura”): é feito levantando­se o lápis gradualmente no final do


traço enquanto sua mão ainda está em movimento. Nos exemplos a seguir, o harai está indicado
por uma seta pontilhada:

NOTA: perceba que alguns traços não têm indicadores de finalização. Nestes casos, tanto tome
ou hane podem ser usados.

A tabela seguinte mostra o método para a escrita de cada caracter hiragana. Os números e as
setas indicam a ordem dos traços e o sentido respectivamente:

Se preferir, assista ao vídeo abaixo:Já que estamos falando de traçado, há vários estilos de
caligrafia no Japão, mas vamos abordar aqui os três estilos básicos. Vejamos:
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1. Kaisho: literalmente significa "escrita correta". Em outras palavras, este é o estilo em que
cada um dos traços é feito de um modo deliberado e claro, sendo muito semelhante à versão
impressa do caractere que se pode ver num jornal. Esta é a forma que os estudantes de caligrafia
aprendem primeiro, uma vez que está perto dos caracteres cotidianos escritos com os quais já
estão familiarizados;

2. Gyousho: literalmente significa "escrita de viagem" e se refere ao estilo semi­cursivo da


caligrafia japonesa. Como a escrita cursiva em português, este é o estilo que a maioria das
pessoas costuma usar para escrever quando tomam notas, por exemplo. Além disso, as pessoas
de mais idade costumam usar este estilo em seu dia a dia. Tem menos formalidade e os
caracteres possuem uma aparência mais suave, mais arredondada, com os traços individuais
fluindo juntos. Um texto escrito neste estilo geralmente pode ser lido pela maioria dos japoneses
que estudaram;

3. Sousho: é o menos formal dos estilos e significa "escrita da grama", nome que, de acordo com
o mestre calígrafo Eri Takase, refere­se ao domínio de fortes traços verticais que se assemelham à
grama. O objetivo deste estilo é totalmente artístico e altamente abstrato, permitindo que o
calígrafo alcance uma expressão artística completa. Devido a isso, os japoneses não usam esse
estilo para escrever no dia a dia. Na verdade, é tão abstrato que só pode ser lido geralmente por
pessoas treinadas em caligrafia. Aqui, quem escreve raramente permite que o pincel saia do
papel, resultando em uma forma graciosa e arrebatadora.

Agora vejamos um quadro comparativo:

Há ainda os estilos Mincho e Ming, que são os estilos normais de imprensa, o Kaku­gótico, que é
utilizado em sinais, publicidade, títulos, etc., o Reisho, que era usado principalmente por
escravos e as pessoas com educação limitada e hoje continua em títulos de jornais e como uma
forma de escultura em pedra, o estilo Koin, que é usado na escrita religiosa e o Tensho, usado nos
carimbos pessoais, de organizações, de empresas, etc. Vejamos:

1.6. OS SONS MODIFICADOS


Uma vez que você memorizou todos os caracteres do Hiragana, você acabou de aprender o
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alfabeto, mas não todos os sons. Há mais cinco sons consonantais que são possíveis de se obter
de dois modos:

I. Colocando­se duas linhas pequenas parecidas com as aspas no canto superior direito de alguns
fonemas. Tais linhas são chamadas de 「だくてん」;

II. Colocando­se um pequeno circulo no canto superior direito de alguns fonemas. Tal sinal é
chamado de 「はんだくてん」.

Isto essencialmente cria um som modificado da consoante – tecnicamente chamada uma


consoante sonora ou 「にごり」, que literalmente significa “tornar­se lamacento”.

Todas as possíveis combinações dos sons modificados são dadas na tabela abaixo:

NOTAS:

1. Os caracteres 「ぢ」 e 「づ」 têm a mesma pronúncia que 「じ」 e 「ず」, respectivamente.
Porém, 「じ」 e 「ず」 são usados com maior frequência;

2. Na transcrição para o Roomaji, 「づ」 é escrito /dzu/ e não /zu/. Com relação aos caracteres
「ぢ」 e 「じ」, a escrita permanece a mesma, ou seja, /ji/.

1.7. OS 「や」、「ゆ」 E 「よ」 PEQUENOS


É possível também combinar alguns fonemas de いだん com um som / ya / yu / yo / colocando
do seu lado direito um pequeno 「や」、「ゆ」、ou 「よ」. Tal fenômeno é chamado 「ようお
ん」:
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NOTAS:

1. A tabela acima é a mesma que as anteriores. Combine as consoantes de cima com o som da
vogal da direita. Ex: きゃ = kya;

2. Em alguns métodos é possível que se encontre combinações como 「ぢゃ」、「ぢゅ」 e 「ぢ


ょ」. Porém, não são nunca usadas; no lugar é sempre usado 「じゃ」、「じゅ」、e 「じょ」;

3. Note que como 「じ」 é pronunciado / ji /, todos os pequenos sons 「や」、「ゆ」、「よ」


são também baseados nisso; em outras palavras ficarão / jya / jyu / jyo /;

4. O mesmo se aplica para o 「ち」 que se torna / cha / chu / cho / e 「し」 que se torna / sha /
shu / sho /.

1.8. O 「つ」 PEQUENO


O fonema 「つ」 nem sempre deve ser lido como /tsu/; em certas palavras ele aparece entre dois
caracteres e menor do que eles. Nestes casos, é chamado de 「 そ く お ん 」 , literalmente “som
oclusivo”.

Mas qual a sua finalidade? Observe o exemplo abaixo:

さっか = escritor

Note que 「つ」 aparece entre os fonemas 「さ」 e 「か」, mas em tamanho menor. Quando
isso ocorrer, ele não deve ser pronunciado. O 「 つ 」 pequeno tem como principal finalidade
representar uma pausa antes da pronuncia do fonema que o sucede. Na pratica, é basicamente a
pausa que se faz “já com a língua no céu da boca” antes de seguir para uma nova sílaba.

Dividiremos pronúncia de 「さっか」 em tempos para que você entenda melhor como funciona
essa pequena pausa:

「さ」– 1º tempo;

「っ」– 2º tempo: “comece” a pronunciar o próximo fonema e então faça uma pequena pausa
“já com a língua no céu da boca”;

「か」– 3º tempo: “termine” de pronunciar o fonema que segue o 「つ」 pequeno.

Na transcrição para o Roomaji, o 「そくおん」 é representado pela duplicação da consoante da


sílaba que o precede – por isso também é conhecido como “consoante germinada”. Observe
alguns exemplos:

「 さ っ か 」 – deve ser romanizado “SAKKA” e não “satsuka” ou “saka”, pois o fonema que
precede o 「そくおん」 é “KA”, logo, a consoante “K” será duplicada;
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「 は っ ぱ 」 – deve ser romanizado “HAPPA” e não “hatsupa” ou “hapa”, pois o fonema que
precede o 「そくおん」 é “PA”, logo, a consoante “P” será duplicada;

NOTAS

1. Preste atenção na pronúncia de palavras nas quais o 「 そ く お ん 」 está presente, pois isto
pode alterar o significado de palavras aparentemente iguais. Por exemplo,「もと」 e 「もっと」
possuem significados diferentes;

2. Certifique­se que você está fazendo esta parada com a consoante certa (a consoante do
segundo caractere);

3. O 「そくおん」 indica também que uma sentença termina abruptamente, funcionando como
um ponto de exclamação. Por exemplo, 「だまれっ」 (cale a boca!).

1.9. O SOM PROLONGADO


Ufa! Estamos quase terminando. Nesta última parte, veremos o “som prolongado”, que consiste
no prolongamento da duração do som de um caractere. Para tanto, basta colocar 「あ」、「い」
ou 「う」 dependendo da coluna 「だん」 a que o caractere pertença. Observe a tabela a seguir:

Como exemplo, vamos criar o som prolongado de 「 か 」 . Para tanto, primeiramente devemos
saber a qual coluna 「か」 pertence:

Agora, sabemos que 「か」 pertence à あだん, portanto, de acordo com a regra, o fonema que
usaremos para estender seu som é 「あ」.

A razão disto é bem simples: tente dizer 「 か 」 e 「 あ 」 separadamente. Então fale


sucessivamente e o mais rápido possível. Você logo perceberá que estará estendendo o / ka / por
uma duração mais longa que dizer somente / ka /. Você pode tentar este exercício com as outras
vogais. Tente lembrar, que na verdade, você está pronunciando dois caracteres com seus limites
embaçados. Na verdade, você pode nem estar pensando conscientemente sobre vogais longas e
simplesmente pronunciar as letras juntas rapidamente para conseguir o som correto. Em
particular, enquanto que / ei / pode ser considerado som vogal prolongado, eu acho que a
pronúncia sai bem melhor simplesmente pronunciando / e / e / i /.

NOTAS:

1. Há um número pequeno de palavras em que o prolongamento de fonemas de え だ ん se dá


através da adição de 「え」 e não 「い」→ おねえさん (irmã mais velha);

2. Por razões históricas, há também um pequeno número de palavras em que o prolongamento


de fonemas de おだん se dá pela adição de 「お」 e não 「う」→ とお (dez).
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É importante você se certificar que a vogal é prolongada o suficiente porque você pode estar
dizendo coisas como “aqui” (ここ) em vez de “Ensino Médio” (こうこう) ou “mulher de
meia­idade” (おばさん) em vez de “avó” (おばあさん) se você não esticar corretamente!

Fontes:
Imabi: http://www.imabijapaneselearningcenter.com/

Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Main_Page

Otaku Project: http://op.xisde.org/

Digitoshi: www.digitoshi.xpg.com.br

Guide to Japanese (Tae Kim): http://www.guidetojapanese.org/learn/grammar

sci.lang.japan Frequently Asked Questions: http://www.sljfaq.org/afaq/afaq.html

Kei Sensei: https://sites.google.com/a/keisensei.com/kei­sensei/

Let's Learn Hiragana: First Book of Basic Japanese Writing, Yasuko Kosaka Mitamura

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