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LIÇÃO 1: HIRAGANA

Pode­se dizer que o sistema de escrita japonesa possui quatro meios de expressão: Hiragana,
Katakana (que conjuntamente formam o “Kana”), Kanji e Roomaji. Por hora, nesta primeira lição
aprenderemos o Hiragana, o silabário básico.
1.1. POR QUE COMEÇAR PELA ESCRITA?

A fim de aprender japonês, o melhor caminho é começar a partir dos caracteres. Talvez algumas
pessoas  não  concordem  com  isso,  porque  se  pensarmos  na  maneira  como  os  bebês  começam  a
aprender  a  sua  língua  materna,  eles  primeiramente  pronunciam  palavras,  então  só  depois
começam a aprender a escrita. Mas para os que aprendem japonês como língua estrangeira, este
método é um pouco difícil.

Em primeiro lugar, por que para um não­nativo é muito difícil encontrar toneladas de vocábulos
em seu cotidiano como acontece com os bebês japoneses, a menos que viva no Japão ou tenha
muitos amigos japoneses "conversadores".

Em  segundo  lugar,  por  que  uma  vez  que  aprendemos  a  nossa  língua  materna,  torna­se  quase
impossível memorizar palavras estrangeiras com sons apenas. Por esta razão, usar todos os cinco
sentidos tanto quanto possível é a forma mais eficaz de obter o que se deseja. Então, por favor,
não  use  apenas  seus  ouvidos.  Use  seus  olhos  para  ver  os  caracteres.  Treine  sua  boca  para
pronunciá­los.  Estimule  o  seu  cérebro  para  imaginá­los  mesmo  quando  você  não  estiver
estudando.  Na  rua,  no  trabalho,  enfim,  onde  quer  que  seja.  Mova  sua  mão  para  sentir  os
caracteres.

Em  terceiro  lugar,  por  que  saber  os  caracteres  japoneses  (especialmente  o  Kana),  é  a  mesma
coisa que aprender a pronunciação da língua japonesa.

1.2. A HISTÓRIA DA ESCRITA NA LÍNGUA JAPONESA

Para  compreendermos  a  origem  do  Hiragana  e  do  Katakana  (conhecidos  conjuntamente  como
“Kana”), precisamos voltar no tempo e entendermos o que são Kanjis. Os Kanjis são um meio de
representar  diferentes  conceitos  materiais  e  abstratos  através  de  figuras.  Tal  método  de
escrita  não  é  incomum  na  história  humana;  basta  olhar  para  os  hieróglifos  egípcios  e  você
perceberá que o chinês não é um caso isolado.

Existem várias teorias sobre a forma como os Kanjis foram desenvolvidos, mas nenhuma é dada
como certa. Uma dessas teorias nos diz que há cerca de 5000 a 6000 anos, um historiador chinês
chamado  Ts'ang  Chieh  teve  a  ideia  de  criar  um  modo  de  expressar  graficamente  as  coisas,
inspirado  pelas  pegadas  de  aves  em  um  campo  de  neve.  Outra  teoria  diz  que  os  Kanjis  foram
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criados  quando  Fu  Hsi,  um  dos  três  imperadores  da  época,  substituiu  o  até  então  existente
“método  das  cordas”  pelo  “método  de  caracteres”.  Ambas  as  teorias,  entretanto,  podem  ser
consideradas mais mitos do que fatos históricos confiáveis  . O fato confiável é que os caracteres
mais antigos são os que foram introduzidos durante os dias do vigésimo segundo imperador da
Dinastia  Shang  (Yin)  (1700  a.C.­  1100  a.C.)  e  tratavam­se  de  inscrições  em  ossos  de  animais  e
carapaças de tartaruga.

Obviamente, a forma dos ideogramas sofreu alterações ao longo do tempo. No início eram figuras
mais ou menos realistas e com seu uso foram sendo simplificadas. Foi então durante a Dinastia
Han (206 a.C – 211 d.C) que ocorreu a “padronização" dos ideogramas, fato que deu ao conjunto
de caracteres o nome da dinastia vigente. A escrita chinesa passou então a ser conhecida como a
“letra da Dinastia Han” (“Han zi” em chinês). Observe o quadro abaixo que demonstra a evolução
dos ideogramas:

Obviamente,  os  Kanjis  não  se  limitavam  a  representar  conceitos  graficamente,  mas  também  a
eles  eram  atribuídas  a  pronúncia  da  respectiva  palavra  que  representava  o
significado  proposto  pelo  caractere.  Então,  podemos  dizer  que  o  sistema  de  Kanjis  une
representação gráfica e som de um conceito. Veja a figura abaixo:
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Até  o  século  IV,  o  japonês  era  um  idioma  apenas  falado  e  não  possuía  qualquer  forma  de
expressão  escrita.  Então,  aquele  sistema  de  ideogramas  que  fora  padronizado  pouco  antes  na
China,  foi  introduzido  no  Japão  por  meio  de  escritos  trazidos  por  monges  budistas  através  da
península coreana, ficando conhecido como “Kanji”. No começo, somente algumas pessoas cultas
eram capazes de ler aqueles ideogramas e tudo o que liam se restringia a tratados do budismo e
da  filosofia.  Pouco  depois,  devido  à  forte  relação  comercial  existente  entre  os  dois  países,  um
conselho  chamado  “Fuhito”  foi  criado  pela  monarquia  japonesa  com  a  tarefa  de  aprender  a
língua  chinesa  para  que  pudessem  ler  os  documentos  chineses.  Somente  no  século  VI,  com  o
incentivo à difusão do budismo pelo príncipe Shotoku, filho da Imperatriz Suiko, o conhecimento
do Kanji se espalhou pelo país. O sábio coreano Wang I ensinou o Kanji pelo Japão.

NOTA:  alguns  pesquisadores  defendem  a  ideia  de  que  já  existia  um  "proto­alfabeto",  antes  da
adoção  dos  caracteres  chineses,  como  por  exemplo,  o  “Kamiyo­Moji”  (Escrita  herdada  dos
deuses).

Pode­se  dizer  que  o  primeiro  sistema  de  escrita  japonesa  foi  o  “kanbun”,  que  consistia  na
realidade em técnicas para adaptar as sentenças chinesas à gramática japonesa através do uso de
sinais  diacríticos  juntamente  com  os  Kanjis.  Isso  permitia  que  os  falantes  japoneses
interpretassem essas sentenças. Tomemos como exemplo a oração em chinês “Um homem de
Chu estava vendendo escudos e lanças.”:

Já  que  tanto  no  chinês  como  no  português  tem­se  o  padrão  gramatical  [sujeito­verbo­objeto],
mesmo  com  uma  tradução  literal,  a  frase  é  compreensível,  com  exceção  da  partícula  final  “zhe
者 ”  (aquele  que,  o  que),  que  é  um  nominalizador  que  marca  uma  pausa  após  um  sintagma
nominal.

NOTA:  se  você  ficou  em  dúvida  quanto  à  definição  de  “sintagrama”,  acesse  este  link:
http://www.mundoeducacao.com/gramatica/classificacoes­sintagma.htm.
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Em japonês, entretanto, seria necessário alterar a disposição dos termos para que a sentença se
encaixe dentro dos padrões da gramática japonesa. Vejamos um exemplo apenas para que você
tenha uma noção básica:

Ou, se usássemos números, teríamos:
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O  uso  de  sinais  em  escritos  chineses  foi  bom  já  que  a  sintaxe  chinesa  é  extremamente
diferente  da  japonesa.  Posteriormente,  o  Kanji  passou  a  ser  usado   para  escrever
palavras japonesas, dando origem ao sistema que mais tarde será chamado de “Man’yougana”
e data provavelmente do início do século V. O nome Man'yougana vem de “Man'youshuu” (万葉
集 ),  a  mais  antiga  coleção  de  poemas  japoneses,  compilada  durante  o  Período  Nara  (710­794).
Acredita­se que os caracteres que compunham o Man'yougana foram colhidos nesses poemas.

A  principal  característica  do  Man'yougana  é  que  ele  utilizava  um  Kanji  por  seu  valor
fonético,  em  vez  de  por  seu  significado,  isto  é,  Kanjis  eram  escolhidos  de  acordo  apenas
com  sua  pronúncia  para  representar  determinado  som  da  língua  japonesa.  Sendo
assim,  praticamente  formava­se  um  silabário  (Kana)  com  os  Kanjis.  Um  mesmo  som  podia  ser
representado por numerosos Kanjis, e, na prática, os escritores elegiam aquele com significado
mais  adequado.  O  exemplo  mais  antigo  de  Man’yougana  é  a  “espada  Inariyama”,  que  é  uma
espada de aço escavada em 1968 no Inariayama Kofun, um túmulo antigo localizado em Gyouda,
Saitama. Acredita­se que esta espada foi confeccionada por volta do ano 471.

Com  o  decorrer  do  tempo,  o  Man'yougana  foi  evoluindo  e  dando  origem  aos  dois  silabários,
Katakana  e  o  Hiragana.  As  formas  do  Hiragana  originam­se  do  estilo  cursivo  da  caligrafia
chinesa (daí o nome “Hiragana”, isto é, “silabário da palma da mão”). A figura abaixo mostra a
origem do Hiragana a partir do estilo cursivo do Man’yougana. Observe:
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A parte de cima mostra o caractere em seu formato regular, a do meio (em vermelho) mostra a
forma cursiva e a parte de baixo mostra o respectivo Hiragana. Note também que as formas de
escrita cursiva não são estritamente limitadas àquelas da ilustração.

Dado que, como mencionamos, vários Kanjis podiam ter o mesmo som, houve casos em que um
caractere  Man'yougana  originou  um  fonema  do  Hiragana,  mas  o  seu  equivalente  Katakana
evoluiu de um Kanji Man'yougana diferente. Por exemplo, o Hiragana 「る」 (ru) se desenvolveu
a partir do Man'yougana 「留」, a medida que o Katakana 「ル」 (ru) procede do Man'yougana
「流」.

Algumas teorias apontam que o Kana foi inventado por um monge budista chamado Kuukai no
século IX. Kuukai certamente introduziu a escrita Siddham em seu retorno da China em 806, e o
seu interesse nos aspectos sagrados da fala e da escrita levou­o a concluir que a língua japonesa
seria melhor representada através de um alfabeto fonético em vez dos Kanji utilizados até então.
O atual Kanamoji (conjunto de Kanas) foi codificado em 1900 e as regras para o uso, em 1946.

NOTA:  Na  atualidade,  o  Man'yougana  continua  sendo  empregado  em  certos  nomes  regionais,
especialmente em Kyushu.

Quando o Hiragana foi desenvolvido, em um primeiro momento, não foi aceito por todos, pois
muitos consideravam que a língua culta ainda se restringia ao chinês. Historicamente, no Japão,
a forma regular de escrita dos caracteres (kaisho) era usada pelos homens e chamada de otokode
(男手), literalmente “mãos masculinas”, enquanto que o estilo cursivo (sousho) era usado pelas
mulheres. Por esta razão, o Hiragana se popularizou primeiro entre as mulheres, haja vista que a
elas  geralmente  não  era  permitido  ter  acesso  aos  mesmos  níveis  de  educação  que  os  homens.
Disso  veio  a  alternativa  que  ficou  conhecida  como  “onnade”  ( 女 手 ),  literalmente  “mãos
femininas”. Por exemplo, em “O Conto de Genji” e outros romances mais recentes à época cujos
autores eram do sexo feminino, o Hiragana foi usado extensivamente ou exclusivamente.
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Autores do sexo masculino chegaram a escrever literatura com Hiragana, que por algum tempo
foi  usado  para  a  escrita  não­oficial,  tais  como  cartas  pessoais,  enquanto  o  Katakana  e  chinês
foram usados   para documentos oficiais. Nos tempos modernos, o uso do Hiragana se misturou
com a escrita Katakana, que agora está restrito a usos especiais, tais como palavras recentemente
emprestadas (ou seja, desde o século XIX), nomes de transliteração, os nomes dos animais, em
telegramas, e para dar ênfase (mais detalhes na lição 2).

Originalmente, todas as sílabas eram escritas com mais de um fonema do Hiragana. Em 1900, o
sistema  foi  simplificado  de  modo  que  cada  sílaba  só  tivesse  um.  O  “outro”  sistema  Hiragana  é
conhecido como Hentaigana (変体仮名).

1.3. CONHECENDO OS FONEMAS

O  Hiragana  é  o  alfabeto  básico  da  língua  japonesa  e  representa  todos  os  seus  sons.  Portanto,
teoricamente, você pode escrever tudo em Hiragana. No entanto, como a escrita japonesa é feita
sem nenhum espaço entre as palavras, isto irá criar praticamente um texto indecifrável. Abaixo,
segue  uma  ilustração  com  os  fonemas  e  os  respectivos  sons  transcritos  em  Roomaji.  Note  que
diferentemente da língua portuguesa, a ordem das vogais em japonês se dá no padrão ­A, ­I,­ U,
­E, ­ O.

A tabela deve ser lida de cima para baixo e da direita para a esquerda, já que a escrita
tradicional japonesa segue esse padrão. Por isso, consideram­se linhas 「ぎょう」 as colunas
verticais, e colunas 「だん」 as linhas horizontais. Tenha em mente também que cada linha e
coluna são nomeadas de acordo com o primeiro fonema nela disposto. Assim, por exemplo:

­ a linha na qual estão dispostos os fonemas  あ, い, う, え e  お  é chamada  あぎょう  (linha A),
pois o fonema que a inicia é  あ;

­ a coluna na qual estão dispostos os fonemas  い, き, し, ち, に, ひ, み e  り é chamada  いだん 
(coluna I), pois o fonema que a inicia é  い;

­ os fonemas que compõem  かぎょう  são:  か, き, く, け e  こ;
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­ os fonemas que compõem  えだん  são:  え, け, せ, て, ね, へ,  め e  れ.

Guarde estes conceitos, pois serão amplamente utilizados quando tratarmos de verbos (lição 12).

A fim de facilitar o entendimento da pronúncia, dispusemos a tabela de modo que, exceto pelo
「し」、「ち」、「つ」、e 「ん」、o som de cada fonema pode ser compreendido
combinando­se a consoante da linha de cima com a vogal na lateral direita. Por exemplo, 「き」
será (K) + (I) = / ki /, e 「ゆ」 será (Y) + (U) = / yu /, e assim por diante. Entretanto, não são
todos os sons que funcionam com o sistema de combinação das consoantes. Como escrito na
tabela, 「ち」 é pronunciado "chi" (semelhante a “tia”) e 「つ」 é pronunciado "tsu". Para ficar
mais claro, assista ao vídeo abaixo:
FONTE: programa “Let’s Learn Japanese”
Agora, vamos fazer algumas considerações:

I. Preste atenção na diferença dos sons / tsu / e / su /;

II. O som “H” do japonês tem um som aspirado como nas palavras em Inglês “house” e “help”. O
som “R” do japonês tem som do “R” do português parecido ao das palavras “ouro” e “aura”;

III. O caractere 「ん」 é um caractere especial porque é raramente usado sozinho e não tem um
som vogal. Ele é anexado com outro caractere para adicionar um som nasal / n /. Por exemplo,
「かん」 seria 'kan' em vez de 'ka'; 「まん」 seria 'man' em vez de 'ma', e assim por diante;

IV. Por razões históricas que serão expostas na lição 3, o fonema 「を」não é pronunciado “wo”,
mas sim “o” e é usado somente como partícula.

A disposição moderna do Kana reflete aquela da escrita Siddham, e é também usada para fins de
ordem alfabética, isto é, 「あ、い、う、え、お、か、き、く...」 e assim por diante. Entretanto,
nem sempre foi assim: até as reformas da era Meiji no século 19, a disposição dos fonemas seguia
a ordem do “Iroha”, poema japonês escrito durante a era Heian (794–1179) e famoso por ser um
pangrama perfeito, contendo cada caractere do silabário japonês sem repetições (com exceção do
「 ん 」 ,  que  foi  adicionado  ao  silabário  mais  tarde).  Por  isso,  era  também  usado  como  ordem
alfabética do silabário. Vejamos:
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O  iroha  é  encontrado  ainda  ocasionalmente  no  Japão  moderno.  Por  exemplo,  é  usado  para
numerar  assentos  em  teatros.  Na  música,  o  termo  “iroha”  é  usado  para  nomear  as  notas
musicais, sendo escrito em Katakana:

Apesar de ser o estilo de escrita tradicional, a escrita vertical (たてがき) aos poucos vem caindo
em desuso no dia­a­dia do mundo japonês. Esse fato se deve à influência ocidental e o advento da
tecnologia,  com  computadores,  celulares  e  etc.  Hoje  em  dia,  é  mais  comum  ver  este  estilo  de
escrita  em  alguns  poucos  livros,  poesias,  pensamentos  e  trabalhos  mais  literários.  Devido  à
tecnologia  e  a  influência  ocidental,  o  ministério  da  educação  japonês  adotou  o  estilo  de  escrita
horizontal  ( お う ぶ ん )  como  padrão  em  livros  técnicos  ou  livros  mais  voltados  para  o  ramo
educacional.

O Hiragana não é tão difícil de dominar ou de ensinar e, como resultado, há uma variedade de
web sites e programas grátis que já estão disponíveis na rede. Recomendamos que você procure
por esses websites a fim de ouvir a pronúncia de cada caractere e fazer uma comparação entre a
sua pronúncia e os sons para ter certeza que você está aprendendo corretamente.

1.4. A ENTONAÇÃO

Pode­se  afirmar  que  cada  som  no  Hiragana  (e  o  equivalente  em  Katakana)  corresponde  a  uma
[vogal]  ou  [consoante  +  vogal],  com  exceção  dos  fonemas  「 ん」   e  「 ン 」   (no  Katakana)  e  é
pronunciado  com  igual  duração  em  relação  aos  outros.  Este  sistema  de  som  faz  com  que  a
pronúncia dos fonemas seja clara e sem nenhuma ambiguidade. No entanto, a simplicidade dos
sons individualmente não significa que a pronúncia de palavras seja simples. Isso por que na
língua japonesa há o que é conhecido como “acento tonal” (kootei akusento), ou seja, cada
silaba de uma palavra pode ser pronunciada com um tom alto ou baixo.

Apesar de variar muito dependendo do contexto ou do dialeto, existem quatro padrões básicos de
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entonação no japonês padrão:

I. ATAMADAKA­GATA (\_): o som começa alto, cai de repente, e então continua descendo.
Como exemplo, vejamos a entonação das palavras 「うみ」 e 「いのち」 que significam “mar” e
“vida” respectivamente:

II. NAKADAKA­GATA (/\): o som agudo não está nem na primeira nem na última sílaba.
Ele sobe, atinge o máximo, então cai de repente. Se for uma palavra com duas sílabas, ele cairá
na próxima. Como exemplo, vejamos a entonação das palavras 「あつい」 e 「くだもの」 que
significam “quente” e “fruta” respectivamente:

III.  ODAKA­GATA  ( /  ̄   ­ \ ­):  o  som  agudo  não  está  na  primeira  sílaba,  mas  está  nas
seguintes. É alto até  atingir  um  elemento  fixo,  tal  como  uma  partícula e desce. Como exemplo,
vejamos  a  entonação  das  palavras  「 は な 」   e  「 お と こ 」   que  significam  “flor”  e  “homem”
respectivamente, juntamente com as partículas 「は」 e 「が」:

IV. HEIBAN­GATA (/ ̄ ̄):  literalmente  plano.  Se  a  palavra  não  tem  um  acento  tônico,  a
tonicidade sobe do começo ao fim. Como exemplo, vejamos a entonação das palavras 「むずかし
い」 e 「あらう」 que significam “difícil” e “lavar” respectivamente:

­­­­

Estudantes estrangeiros de japonês muitas vezes não são ensinados a pronunciar o acento tonal,
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embora isso seja certamente um aspecto crucial na fala japonesa, porque palavras com o mesmo
Kana  podem  ser  distinguidas  pelos  acentos  tonais  diferentes.  Vejamos  o  quadro  abaixo  que
ilustra tal situação:

No japonês padrão, substantivos nativos não­compostos são acentuados cerca de 30% das vezes.
Em  sua  maioria,  o  acento  tônico  cai  sobre  a  antepenúltima  sílaba,  ou  sobre  a  primeira,  em
palavras  mais  curtas.  Um  número  menor  de  substantivos  é  acentuado  em  outras  sílabas.  Os
Keiyoushi (lição 18) são normalmente acentuados, e sempre na penúltima sílaba.

Seguir um padrão de entonação, especialmente o do japonês padrão, é considerado essencial em
trabalhos  como  o  de  radiodifusão.  O  padrão  atual  de  entonação  está  presente  em  dicionários
especiais  para  falantes  nativos,  tais  como  o  “Shin  Meikai  Nihongo  Akusento  Jiten”  e  o  “NHK
Nihongo  Hatsuon  Akusento  Jiten”,  e  âncoras  de  telejornais  e  outros  profissionais  que  usam  a
oratória devem segui­lo.

1.5. O TRAÇADO

Agora que conhecemos os 46 fonemas que compreendem o Hiragana, é essencial que saibamos
como escrevê­los, pois há uma ordem e direção no traçado que devem ser seguidos. Atentar­se a
isso  é  importante,  especialmente  para  os  Kanjis  (que  veremos  na  lição  4).  Você  entenderá  isso
quando  se  deparar  com  recados  apressados  de  outras  pessoas,  que  com  certeza  não  parecerão
outra coisa, se não um monte de rabiscos. A única coisa que irá ajudá­lo é que todos escrevem na
mesma  ordem,  e  o  “fluxo”  dos  caracteres  é  consideravelmente  consistente.  Portanto,
recomendamos que você preste bastante atenção na ordem e direção dos traços desde o começo
para não adquirir maus hábitos.

Primeiramente, é importante memorizar a ordem correta de traçado, isto é, a sequência correta
para  se  escrever  os  traços  individuais  de  cada  caractere.  A  regra  geral  é:  deve­se  traçar  da
esquerda para a direita [→] e de cima para baixo [↓]
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Outro ponto importante é saber que existem três maneiras de se finalizar um traço:

I.  Tome  (significa  “parada”):  você  deve  trazer  o  lápis  para  um  fim  completo  e  erguê­lo  do
papel no final do traço. Nos exemplos a seguir, o tome é indicado por um ponto colocado perto
do último traço:

II. Hane (significa “pulo”): o traço é finalizado com algo parecido com uma cauda curvada.
Nos exemplos abaixo, o hane está indicado por um √:

III.  Harai  (significa  “varredura”):  é  feito  levantando­se  o  lápis  gradualmente  no  final  do
traço enquanto sua mão ainda está em movimento. Nos exemplos a seguir, o harai está indicado
por uma seta pontilhada:

NOTA: perceba que alguns traços não têm indicadores de finalização. Nestes casos, tanto tome
ou hane podem ser usados.

A tabela seguinte mostra o método para a escrita de cada caracter hiragana. Os números e as
setas indicam a ordem dos traços e o sentido respectivamente:

Se preferir, assista ao vídeo abaixo:Já que estamos falando de traçado, há vários estilos de
caligrafia no Japão, mas vamos abordar aqui os três estilos básicos. Vejamos:
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1.  Kaisho:  literalmente  significa  "escrita  correta".  Em  outras  palavras,  este  é  o  estilo  em  que
cada  um  dos  traços  é  feito  de  um  modo  deliberado  e  claro,  sendo  muito  semelhante  à  versão
impressa do caractere que se pode ver num jornal. Esta é a forma que os estudantes de caligrafia
aprendem  primeiro,  uma  vez  que  está  perto  dos  caracteres  cotidianos  escritos  com  os  quais  já
estão familiarizados;

2.  Gyousho:  literalmente  significa  "escrita  de  viagem"  e  se  refere  ao  estilo  semi­cursivo  da
caligrafia  japonesa.  Como  a  escrita  cursiva  em  português,  este  é  o  estilo  que  a  maioria  das
pessoas costuma usar para escrever quando tomam notas, por exemplo. Além disso, as pessoas
de  mais  idade  costumam  usar  este  estilo  em  seu  dia  a  dia.  Tem  menos  formalidade  e  os
caracteres  possuem  uma  aparência  mais  suave,  mais  arredondada,  com  os  traços  individuais
fluindo juntos. Um texto escrito neste estilo geralmente pode ser lido pela maioria dos japoneses
que estudaram;

3. Sousho: é o menos formal dos estilos e significa "escrita da grama", nome que, de acordo com
o mestre calígrafo Eri Takase, refere­se ao domínio de fortes traços verticais que se assemelham à
grama.  O  objetivo  deste  estilo  é  totalmente  artístico  e  altamente  abstrato,  permitindo  que  o
calígrafo  alcance  uma  expressão  artística  completa.  Devido  a  isso,  os  japoneses  não  usam  esse
estilo para escrever no dia a dia. Na verdade, é tão abstrato que só pode ser lido geralmente por
pessoas  treinadas  em  caligrafia.  Aqui,  quem  escreve  raramente  permite  que  o  pincel  saia  do
papel, resultando em uma forma graciosa e arrebatadora.

Agora vejamos um quadro comparativo:

Há ainda os estilos Mincho e Ming, que são os estilos normais de imprensa, o Kaku­gótico, que é
utilizado  em  sinais,  publicidade,  títulos,  etc.,  o  Reisho,  que  era  usado  principalmente  por
escravos e as pessoas com educação limitada e hoje continua em títulos de jornais e como uma
forma de escultura em pedra, o estilo Koin, que é usado na escrita religiosa e o Tensho, usado nos
carimbos pessoais, de organizações, de empresas, etc. Vejamos:

1.6. OS SONS MODIFICADOS
Uma  vez  que  você  memorizou  todos  os  caracteres  do  Hiragana,  você  acabou  de  aprender  o
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alfabeto, mas não todos os sons. Há mais cinco sons consonantais que são possíveis de se obter
de dois modos:

I. Colocando­se duas linhas pequenas parecidas com as aspas no canto superior direito de alguns
fonemas. Tais linhas são chamadas de 「だくてん」;

II.  Colocando­se  um  pequeno  circulo  no  canto  superior  direito  de  alguns  fonemas.  Tal  sinal  é
chamado de 「はんだくてん」.

Isto  essencialmente  cria  um  som  modificado  da  consoante  –  tecnicamente  chamada  uma
consoante sonora ou 「にごり」, que literalmente significa “tornar­se lamacento”.

Todas as possíveis combinações dos sons modificados são dadas na tabela abaixo:

NOTAS:

1. Os caracteres 「ぢ」 e 「づ」 têm a mesma pronúncia que 「じ」 e 「ず」, respectivamente.
Porém, 「じ」 e 「ず」 são usados com maior frequência;

2. Na transcrição para o Roomaji, 「づ」 é escrito /dzu/ e não /zu/. Com relação aos caracteres
「ぢ」 e 「じ」, a escrita permanece a mesma, ou seja, /ji/.

1.7. OS 「や」、「ゆ」 E 「よ」 PEQUENOS
É possível também combinar alguns fonemas de  いだん  com um som / ya / yu / yo / colocando
do seu lado direito um pequeno 「や」、「ゆ」、ou 「よ」. Tal fenômeno é chamado 「ようお
ん」:
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NOTAS:

1.  A  tabela  acima  é  a  mesma  que  as  anteriores.  Combine  as  consoantes  de  cima  com  o  som  da
vogal da direita. Ex:  きゃ = kya;

2. Em alguns métodos é possível que se encontre combinações como 「ぢゃ」、「ぢゅ」 e 「ぢ
ょ」. Porém, não são nunca usadas; no lugar é sempre usado 「じゃ」、「じゅ」、e 「じょ」;

3. Note que como 「じ」 é pronunciado / ji /, todos os pequenos sons 「や」、「ゆ」、「よ」
são também baseados nisso; em outras palavras ficarão / jya / jyu / jyo /;

4. O mesmo se aplica para o 「ち」 que se torna / cha / chu / cho / e 「し」 que se torna / sha /
shu / sho /.

1.8. O 「つ」 PEQUENO
O fonema 「つ」 nem sempre deve ser lido como /tsu/; em certas palavras ele aparece entre dois
caracteres  e  menor  do  que  eles.  Nestes  casos,  é  chamado  de  「 そ く お ん 」 ,  literalmente  “som
oclusivo”.

Mas qual a sua finalidade? Observe o exemplo abaixo:

さっか = escritor

Note que 「つ」 aparece entre os fonemas 「さ」 e 「か」, mas em tamanho menor. Quando
isso  ocorrer,  ele  não  deve  ser  pronunciado.  O  「 つ 」   pequeno  tem  como  principal  finalidade
representar uma pausa antes da pronuncia do fonema que o sucede. Na pratica, é basicamente a
pausa que se faz “já com a língua no céu da boca” antes de seguir para uma nova sílaba.

Dividiremos pronúncia de 「さっか」 em tempos para que você entenda melhor como funciona
essa pequena pausa:

「さ」– 1º tempo;

「っ」– 2º tempo: “comece” a pronunciar o próximo fonema e então faça uma pequena pausa
“já com a língua no céu da boca”;

「か」– 3º tempo: “termine” de pronunciar o fonema que segue o 「つ」 pequeno.

Na transcrição para o Roomaji, o 「そくおん」 é representado pela duplicação da consoante da
sílaba  que  o  precede  –  por  isso  também  é  conhecido  como  “consoante  germinada”.  Observe
alguns exemplos:

「 さ っ か 」 –  deve  ser  romanizado  “SAKKA”  e  não  “satsuka”  ou  “saka”,  pois  o  fonema  que
precede o 「そくおん」 é “KA”, logo, a consoante “K” será duplicada;
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「 は っ ぱ 」 –  deve  ser  romanizado  “HAPPA”  e  não  “hatsupa”  ou  “hapa”,  pois  o  fonema  que
precede o 「そくおん」 é “PA”, logo, a consoante “P” será duplicada;

NOTAS

1.  Preste  atenção  na  pronúncia  de  palavras  nas  quais  o  「 そ く お ん 」   está  presente,  pois  isto
pode alterar o significado de palavras aparentemente iguais. Por exemplo,「もと」 e 「もっと」
possuem significados diferentes;

2.  Certifique­se  que  você  está  fazendo  esta  parada  com  a  consoante  certa  (a  consoante  do
segundo caractere);

3. O 「そくおん」 indica também que uma sentença termina abruptamente, funcionando como
um ponto de exclamação. Por exemplo, 「だまれっ」 (cale a boca!).

1.9. O SOM PROLONGADO
Ufa! Estamos quase terminando. Nesta última parte, veremos o “som prolongado”, que consiste
no prolongamento da duração do som de um caractere. Para tanto, basta colocar 「あ」、「い」
ou 「う」 dependendo da coluna 「だん」 a que o caractere pertença. Observe a tabela a seguir:

Como exemplo, vamos  criar  o  som  prolongado  de  「 か 」 .  Para  tanto,  primeiramente devemos


saber a qual coluna 「か」 pertence:

Agora, sabemos que 「か」 pertence à  あだん, portanto, de acordo com a regra, o fonema que
usaremos para estender seu som é 「あ」.

A  razão  disto  é  bem  simples:  tente  dizer  「 か 」   e  「 あ 」   separadamente.  Então  fale


sucessivamente e o mais rápido possível. Você logo perceberá que estará estendendo o / ka / por
uma duração mais longa que dizer somente / ka /. Você pode tentar este exercício com as outras
vogais. Tente lembrar, que na verdade, você está pronunciando dois caracteres com seus limites
embaçados. Na verdade, você pode nem estar pensando conscientemente sobre vogais longas e
simplesmente  pronunciar  as  letras  juntas  rapidamente  para  conseguir  o  som  correto.  Em
particular,  enquanto  que  /  ei  /  pode  ser  considerado  som  vogal  prolongado,  eu  acho  que  a
pronúncia sai bem melhor simplesmente pronunciando / e / e / i /.

NOTAS:

1. Há  um  número  pequeno  de  palavras  em  que  o  prolongamento  de  fonemas  de  え だ ん   se  dá
através da adição de 「え」 e não 「い」→ おねえさん  (irmã mais velha);

2. Por razões históricas, há também um pequeno número de palavras em que o prolongamento
de fonemas de  おだん  se dá pela adição de 「お」 e não 「う」→ とお  (dez).
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É  importante  você  se  certificar  que  a  vogal  é  prolongada  o  suficiente  porque  você  pode  estar
dizendo coisas como “aqui” (ここ) em vez de “Ensino Médio” (こうこう) ou “mulher de
meia­idade” (おばさん) em vez de “avó” (おばあさん) se você não esticar corretamente!

Fontes:
Imabi: http://www.imabijapaneselearningcenter.com/

Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Main_Page

Otaku Project: http://op.xisde.org/

Digitoshi: www.digitoshi.xpg.com.br

Guide to Japanese (Tae Kim): http://www.guidetojapanese.org/learn/grammar

sci.lang.japan Frequently Asked Questions: http://www.sljfaq.org/afaq/afaq.html

Kei Sensei: https://sites.google.com/a/keisensei.com/kei­sensei/

Let's Learn Hiragana: First Book of Basic Japanese Writing, Yasuko Kosaka Mitamura

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