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BackGround Kain (Herói do Escudo)

"Em meio ao desespero, sob a luz reluzente da lua em meio ao céu escuro, quatro armas
foram dispostas contra a emitente destruição: Uma lança, uma espada, um arco, e um escudo.
E sob elas, quatro heróis triunfaram."

Meus olhos se abriam em um ambiente inóspito, isolado, abandonado. Não há


lembranças em minha mente, não há nada antes deste momento. Inúmeras questões surgem
em meu interior e uma sensação cresce em meio peito, algo entre um medo e a curiosidade de
minha origem. Quem sou eu? Por que estou aqui? Será que sou um criminoso? Ou um exilado?
Preciso de respostas.

Ao me levantar, observo o local que me rodeia, um ambiente esquecido há muito tempo. Não
há muitos moveis ou objetos, e os que estão ali, apresentam sinais de deterioração, revelando
que este lugar está abandonado há muito tempo. Porém, algo me incomoda, embora este
lugar esteja em um estado deplorável, minhas roupas estão limpas e bem conservadas, sem
remendos, embora comuns. E ao lado da cama que repousei, havia alguns itens dispostos de
modo organizado, como se estivessem preparados para alguém. Dentre eles, uma armadura
bem ornada, vestes sacerdotais de uma crença que desconheço, um símbolo religioso,
suprimentos de viagem, objetos de cozinha e preparo de substâncias, dentre outros já
preparados sobre uma velha mesa. Além dos itens separados, uma estante desgastada
guardava sobre si alguns livros de história, geografia local, contos, estudos sobre alquimia,
magia e herbologia. Boa parte deles estava deteriorado pelo tempo, ou mofado, mas suas
páginas me permitiriam conhecer um pouco da história local nos dias seguintes.

Vasculhei toda a casa, não havia muito ali para se ver que já não tivesse percebido antes. A
casa está completamente abandonada, e a propriedade parece isolada de qualquer cidade ou
povoado, localizando-se dentro de uma vasta mata verde intensa, com sons selvagens
ecoando de sua vastidão e um rio correndo na proximidade. Sem escolha, decidi aguardar ali
por alguém. Mesmo que a propriedade estivesse abandonada, havia sinais de objetos novos,
utilizados recentemente, o equipamento sobre a mesa era novo, e alguém era seu
proprietário. Ao que parece, quem portava tais itens era um viajante, um estudioso, um
sacerdote, e possivelmente um guerreiro. Se o esperar aqui, talvez possa ter respostas sobre
as minhas perguntas.

Passei alguns dias neste terrível mausoléu, aguardando, estudando, meditando, mas ninguém
surgiu. Tive tempo de refletir sobre as minhas escolhas e sobre meus próximos passos, além de
idealizar sobre meu passado. Pelo sétimo dia de minha vigília, ao vasculhar aquela casa por
mais uma vez em muitas à procura de qualquer ferramenta útil.

Encontrei escondido um livro maltrapilho, mas, bem conservado, e ao folheá-lo, encontrei um


conto bem imersivo. As páginas estavam escritas em um idioma diferente, com muitos floreios
na grafia e bem rebuscado, achei estranho compreendê-lo como a língua comum dos manuais
que encontrei. Ele contava uma lenda antiga sobre quatro heróis de terras distantes,
invocados em um mundo desconhecido para lutarem contra um mal que é relatado como:
____. Engraçado, não consegui interpretar essa palavra, termo, ou o que quer que seja.

Continuando a leitura, o livro vai relatando em prosa, que lembra muito uma narrativa infantil,
a aventura desses quatro heróis lutando contra esse declarado mal. Seus nomes não são
citados, cada um é conhecido por uma alcunha, uma representação da arma que cada um
carrega: O valente herói da espada; O audacioso herói da lança; O exímio herói do arco; E...
Ué... Onde está o último herói? Quem é ele?

O livro teve algumas de suas páginas arrancadas, e alguns de seus trechos finais estavam
deteriorados. Procurei pelas suas páginas sobre o último dos heróis, mas nada encontrei, pois
o decorrer da história os cita no coletivo, e não individualmente. Fiquei frustrado, além de não
saber quem seu eu, também não sei quem é o quarto herói. Mas, ao olhar a ultima pagina,
percebi que a contracapa estava empoeirada, e ao passar a minha mão sobre ela, vi quatro
símbolos distintos, que segundo o livro, simbolizavam os quatro heróis, e o ultimo era o
desenho de um escudo, e quase escondida na margem da contracapa, uma única palavra...
Sótão.

Corri e subi as escadarias, havia revistado todo o sótão antes, mas não encontrei nada ali de
valor, com exceção de mais materiais para poções e uma algibeira escondida com algumas
moedas. Contudo, minha sorte estava propensa a mudança.

Sob uma parede de madeira velha, o mesmo símbolo estava entalhado de maneira brusca, ao
tocá-lo, percebi que a madeira estava solta e escondia algo sobre si. Um escudo brilhante,
reluzente como o luar em sua fase mais esplendorosa, com uma esfera verde em seu centro.
Junto com aquele objeto, um pergaminho selado com o mesmo símbolo grafado em cera
vermelha. No pergaminho encontrei uma prece a um deus, o deus da justiça, e em seu
rascunho uma escrita em carvão, quase apagada... Herói do Escudo.

Era como um sinal divino, uma direção a um viajante perdido, uma luz sob a entrada da mais
escura das cavernas. Talvez eu seja o herói do escudo, invocado de outro tempo ou mundo
para combater o mal que assola o mundo ao lado dos outros três, e minha presença aqui seja
um sintoma da invocação. Ou talvez apenas o devaneio de um doente. De qualquer forma, é
algo que não posso ignorar, preciso ir ao templo do deus da justiça para obter respostas.

Consegui manter suprimentos, comida e água suficientes para uma viagem até a cidade mais
próxima. Coletei tudo que podia ser útil daquele local, até vesti a batina e a armadura, não se
sabe que tipos de perigos o mundo pode propiciar contra mim. Pena que não encontrei
nenhuma arma, mas tenho esse escudo para proteger-me do mal, assim como protegeu o
herói de outrora.

E assim, parti daquele mausoléu assombroso, para nunca mais voltar, se seguir o rio,
chegarei na cidade em pouco tempo. Descobrirei sobre meu passado, ou morrerei tentando.

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