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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

SUMÁRIO

Sumário i
Índice de ilustrações v
Índice de tabelas xiii
Agradecimentos xv
Resumo xvii
Abstract xix

Capítulo I 1
1. INTRODUÇÃO 3
1.1_Considerações Iniciais 3
1.2_ O espaço habitacional - âmbito do estudo – motivação pessoal 4
1.3_ Problematização – as questões de investigação/ hipótese 6
1.4_Objetivos 7
1.5_Desenho da Investigação 7
1.6_Fluxograma 10
1.7_Estrutura da tese 11
1.8_Referências Bibliográficas 11

Capítulo II 13
2. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENVELHECIMENTO 13
2.1_Introdução 13
2.2_O envelhecimento em Portugal 17
2.3_Ambientes construídos para indivíduos idosos 19
2.3.1_Estudo de Caso 21
Domus Vida 23
Casas da Cidade 28
Aldeia Lar de São José de Alcalar 33
Conjunto Habitacional Pari I Armando Amadeu – Vila dos Idosos 36
2.3.2_Discussão 41
2.4_Referências Bibliográficas 42

Capítulo III 45
3. VISÃO E ENVELHECIMENTO 45
3.1_Introdução 45
3.2_Fisiologia da Visão 47
3.3_Adaptação Visual 53
3.4_Capacidades Visuais 55
3.5_O Envelhecimento e as doenças oculares 58
3.6_Visão Cromática 62
3.7_Referências Bibliográficas 68

Capítulo IV 69
4. PERCEÇÃO DO ESPAÇO ATRAVÉS DA LUZ 69
4.1_Introdução 70
4.1.1_Lighting Design 71
4.2_O ato de olhar e o ato de ver 73
4.3_Ver e perceber 74
4.3.1_Visão 76

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4.3.2_Acuidade Visual 76
4.3.3_Brilho 78
4.3.4_Cor 79
4.4_Luminotecnia 91
4.5_Conforto Visual 97
4.5.1_Uniformidade 98
4.5.2_Encadeamento 98
4.5.3_Névoas de reflexão 99
4.5.4_Sombras 100
4.5.5_Cintilação 101
4.6_Iluminação Natural 101
4.7_Iluminação Artificial 107
4.7.1_Sistemas de iluminação 108
4.7.2_Índice de Reprodução de Cor (IRC) 110
4.7.3_Temperatura de Cor (TC) 112
4.7.4_Fontes de luz 113
4.8_Iluminação Residencial 115
4.9_Referências Bibliográficas 116

Capítulo V 119
5. PSICOLOGIA AMBIENTAL 119
5.1_Introdução 120
5.2_Perceção Ambiental 122
5.3_Espaço & lugar 125
5.4_ Apego ao lugar 126
5.5_ Apropriação do espaço 127
5.6_Behavior settings 128
5.7_Referências bibliográficas 130

Capítulo VI 133
6. PESQUISA DE CAMPO 133
6.1_Inquérito ao público-alvo 133
6.1.1_Introdução 133
6.1.2_Análise das respostas ao inquérito 134
6.2_Estudo Pessoa-ambiente (EPA) 147
6.2.1_Introdução 147
6.2.2_Satisfação dos idosos 151
6.2.3_Pesquisa-ação 152
6.2.4_Metodologia aplicada 154
6.2.5_ Análise de behavior settings em cinco habitações de indivíduos idosos 155
6.2.6_Observação direta 179
6.2.7_Lighting design de um apartamento de idosos 181
6.2.6_Referências bibliográficas 186
6.3_Consulta a especialistas na temática em estudo 189
6.3.1_Introdução 189
6.3.2_Conclusão 190

Capítulo VII 191


7. CONCLUSÃO 191
7.1_Recomendações para futura investigação 210
7.2_Referências Bibliográficas 211

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E BIBLIOGRAFIA 215


9. GLOSSÁRIO 233
10. ANEXOS 237
ANEXO 1_Entrevista à profissionais 237
ANEXO 2_Entrevistas referentes aos casos de estudo 253
ANEXO 3_Entrevistas dos inquéritos e pesquisa-ação 261
ANEXO 4_Consentimentos 275
ANEXO 5_Inquérito 294

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ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1 - O questionar, observar, e executar
[Laurel, 2003: 48] 3
Ilustração 2 - Dimensão e distribuição da população mundial com 60 ou mais anos por grupos
de países
[World Economic and Social Survey, Nações Unidas, 2007] 14
Ilustração 3 - Evolução da proporção da população idosa, Portugal 1960-2000
[INE/DECP, Estimativas e Recenseamento Gerais da População] 17
Ilustração 4 - Proporção de população jovem (<15 anos) e idosa (>65 anos), 1960-2050 (%)
[INE, 2011:2] 18
Ilustração 5 - Percentagem da população idosa que vive sozinha ou com indivíduos com 65 ou mais
anos, por NUTS II, em 2011
[INE, 2011:2] 18
Ilustração 6 - Distribuição dos tipos de aquecimento por residência
[Câmara Municipal de Lisboa/Plano Gerontológico Municipal, 2008] 21
Ilustração 7 - Classificação face às necessidades
[Câmara Municipal de Lisboa/Plano Gerontológico Municipal, 2008] 21
Ilustração 8 – Fachada Domus Vida
[Fotografia de FV+SG|Fotografia de Arquitectura] 23
Ilustração 9 - Planta e fachada
[Fotografia de FV+SG|Fotografia de Arquitectura] 23
Ilustração 10 - Detalhe dos vãos que permitem a entrada da luz natural e dos painéis
perpendiculares que fazem o seu controlo
[Fotografia:Ana Cristina Daré] 24
Ilustração 11 – Detalhe da incidência da luz natural no apartamento voltado a sul
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 24
Ilustração 12 – Detalhes do pátio interior com iluminação natural, através da claraboia, e o sistema
de iluminação artificial utilizado
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 25
Ilustração 13 – Localização do sistema de iluminação de presença
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 25
Ilustração 14 – Detalhe luminária de parede próxima da cama
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 26
Ilustração 15 – Detalhe da iluminação indireta dos corredores e da iluminação da porta de acesso
aos apartamentos
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 26
Ilustração 16 – Detalhe da iluminação utilizada nos corredores, receção e biblioteca
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 27
Ilustração 17 – Detalhe das texturas utilizadas nas escadas, conseguida pela aplicação de pedra, e
da madeira nos corredores
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 27
Ilustração 18 – Detalhe da iluminação das áreas comuns dos andares através de candeeiros de
mesa e luminárias de parede
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 27
Ilustração 19 – Fachada Casas da Cidade
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 28
Ilustração 20 – Planta das tipologias T0, T1 e T2
[http://www.casasdacidade.pt/index.aspx?showImageBankId=34] 28
Ilustração 21 – Complexo da Luz
[http://www.casasdacidade.pt/index.aspx?showArtigoId=5386] 29

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Ilustração 22 – Detalhe da incidência da luz natural no pátio interior


[Google Maps] 29
Ilustração 23 – Detalhe da incidência da luz natural nas áreas comuns
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 29
Ilustração 24 – Detalhe da iluminação natural e artificial nos corredores e caixa de escada
[Fotografia : Rita Gaspar & Ana Cristina Daré] 30
Ilustração 25 – Detalhe da iluminação indireta utilizada nos apartamentos, através de sancas e da
localização de candeeiros de mesa
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 30
Ilustração 26 – Detalhe sistema de iluminação das casas de banho
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 30
Ilustração 27 – Detalhe do sistema de iluminação dos corredores e áreas comuns
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 31
Ilustração 28 – Detalhe da iluminação utilizada na sala de ginástica, e do controlo da luz natural
através de estores de rolo
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 31
Ilustração 29 – Detalhe de iluminação da área social através de candeeiros de mesa e
luminárias de parede [Fotografia: Ana Cristina Daré] 32
Ilustração 30 - Fachada Aldeia Lar de São José de Alcalar
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 33
Ilustração 31 – Vista do bloco de moradias
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 33
Ilustração 32 - Implantação das edificações no terreno
[http://topbrinca-online.com/upload/aldeia_sao_jose_alcalar.jpg] 34
Ilustração 33 – Tipologia habitacional
[Fotografia: Ana Cristina Darè] 34
Ilustração 34 - Implantação das moradias, voltadas para o jardim exterior
[Fotografia: Ana Cristina Darè] 35
Ilustração 35 - Fachada Vida dos Idosos
[Fotografia: Ana Cristina Darè] 36
Ilustração 36 – Vista do complexo da Vila dos Idosos voltado ao pátio interior
[Fotografia: Vigliecca & Associados] 36
Ilustração 37 – Plantas das tipologias habitacionais T0 e T1
[Fotografia: Vigliecca & Associados] 37
Ilustração 38 – Alçado do acesso aos interiores dos apartamentos e detalhe da ventilação
horizontal
[Fotografia: Vigliecca & Associados] 37
Ilustração 39 – Detalhe da ventilação horizontal dos apartamentos
[Fotografia: Vigliecca & Associados] 38
Ilustração 40 – Planta da implantação da Vila dos Idosos
[Fotografia: Vigliecca & Associados] 38
Ilustração 41 – Vista do pátio interior da varanda/corredor e o detalhe da alvenaria branca
intercalada com faixas escuras das janelas
[Fotografia: Vigliecca & Associados] 38
Ilustração 42 – Vista das varandas que permitem o acesso aos apartamentos
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 39
Ilustração 43 – Vista do campo de Boccia e da horta comunitário
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 39
Ilustração 44 – Detalhe do ponto de luz central no teto e da incidência da luz natural no interior das
unidades
[Fotografia: Vigliecca & Associados] 40

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Ilustração 45 – Detalhe do interior de um apartamento


[Fotografia: Ana Cristina Daré] 40
Ilustração 46 – Detalhe da iluminação utilizada nos corredores
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 40
Ilustração 47 - Espectro visível
[MUGA, 2006] 46
Ilustração 48 – Anatomia interna do olho humano
[http://www.aprenda.bio.br/portal/wp-content/uploads/2013/04/Olho-04-horz.jpg] 48
Ilustração 49 – Distribuição dos fotorrecetores cones e bastonetes na retina
[Boyce, 2005] 49
Ilustração 50 - A relação espectral dos comprimentos de onda dos L-, M-, e S- cones
[Boyce, 2005] 50
Ilustração 51 - Cones e Bastonetes
[http://www.sobiologia.com.br/figuras/Fisiologiaanimal/sentido8.jpg] 50
Ilustração 52 - Cones, Bastonetes e o 3º Fotorrecetor
[http://misteriosdocerebro.files.wordpress.com/2011/01/untitled23.jpg] 51
Ilustração 53 – Anatomia externa do olho
[http://www.cmdv.com.br/sites/arquivos/uploads/343.jpg] 52
Ilustração 54 – Localização da glândula pineal
[http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/imagens/pineal/pineal-gland.jpg] 53
Ilustração 55 - Gráfico da visão escotópica e da visão fotópica
[Fonte: Lima, 2010:13] 54
Ilustração 56 - Adaptação do olho à escuridão
[Fonte: Lima, 2010:16] 55
Ilustração 57 - Convergência Binocular
[Fonte: Lima, 2010:14-15] 57
Ilustração 58 – Visão normal X Visão com Presbiopia
[http://2.bp.blogspot.com/_lw_oLSUzljI/R5jIwlGtchI/AAAAAAAAAIM/Cty4pplfa64/s400/Vis
%C3%A3o%2Bnormal%2Be%2Bcom%2Bpresbiopia.bmp] 60
Ilustração 59 – Visão normal X Visão com Catarata
[http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/cataract/] 60
Ilustração 60 – Visão normal X visão com Glaucoma
[http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/glaucoma/] 61
Ilustração 61 – Visão normal X Visão com DMI
[http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/age-related-
macular-degeneration-amd/] 62
Ilustração 62 - Visão normal X Visão com Retinopatia Diabética
[http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/diabetic-
retinopathy/diabetic-retinopathy-overview/] 62
Ilustração 63 - A organização do sistema de cores mostrando como os três tipos de fotorrecetores
cone que alimenta um canal acromático não-oponente e os dois canais oponentes
[Boyce, 2003] 63
Ilustração 64 - A expansão geométrica da capacidade visual
[Neitz & Carroll & Neitz, 2001] 64
Ilustração 65 - Espectro da cor da visão com protanomalia
[http://www.colblindor.com/2006/11/16/protanopia-red-green-color-blindness/] 65
Ilustração 66 - Espectro da cor da visão com deuteranomalia
[http://www.colblindor.com/2007/04/17/deuteranopia-red-green-color-blindness/] 65
Ilustração 67 - Espectro da cor da visão com tritonanomalia
[http://www.colblindor.com/2006/05/08/tritanopia-blue-yellow-color-blindness/] 66
Ilustração 68 - Qualidade da iluminação
[Fonte: Veitch, 2001:19] 73

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Ilustração 69 – Mapa da área de análise e de intervenção do projeto percetivo


[Bertagna & Bottoli, 2009] 75
Ilustração 70 - Estratégia de Iluminação
[Phillips, 2000] 75
Ilustração 71 - A perceção de desconforto
[IES, 2008] 78
Ilustração 72 - Para um conforto visual nos interiores é importante uma harmoniosa distribuição do
brilho
[Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.)] 78
Ilustração 73 - Contraste Simultâneo
[Murdock, 2000] 78
Ilustração 74 - Prisma de Newton
[http://www.colorsystem.com/?page_id=683&lang=en] 79
Ilustração 75 - Sistema de Helmholtz
[http://www.colorsystem.com/?page_id=812&lang=en] 80
Ilustração 76 - Curva de luminosidade do olho humano
[Bertagna & Bottoli, 2009] 81
Ilustração 77 – Representação do fenómeno da visão-perceção-cor
[Bertagna & Bottoli, 2009] 82
Ilustração 78 - Síntese aditiva
[Bertagna & Bottoli, 2009] 83
Ilustração 79 - Síntese subtrativa
[Bertagna & Bottoli, 2009] 83
Ilustração 80 - Gráfico representando as características da cor
[Bertagna & Bottoli, 2009] 84
Ilustração 81 – Comprimento de onda da luz
[Chung, 2008] 84
Ilustração 82 – Gradação quantitativa do preto ao branco
[Kuppers, 1979] 85
Ilustração 83 - Variações nas características das cores
[Bertagna & Bottoli, 2009] 85
Ilustração 84 - Sistema de Cor Munsell
[http://www.colorsystem.com/?page_id=860&lang=en] 86
Ilustração 85 – A forma básica do triângulo de cores
[Ana Cristina Daré] 87
Ilustração 86 – Diagrama tricromático indicado pela CIE
[Luminotecnia 2002, 2002] 87
Ilustração 87 – Pirâmide da Experiência da Cor
[Mahnke, 1996] 89
Ilustração 88 – Parte fotossensível do olho
[Luminotecnia 2002, 2002] 92
Ilustração 89 - Dentro da ampla gama de radiação eletromagnética, a luz visível constitui apenas
uma estreita faixa, a luz do sol "branca", com a ajuda de um prisma, pode ser dividida em
suas cores espectrais
[Bertagna & Bottoli, 2009] 92
Ilustração 90 - Classificação do espectro visível
[Luminotecnia 2002, 2002] 93
Ilustração 91 – Fluxo luminoso
[Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.)] 93
Ilustração 92 – Intensidade Luminosa (I)
[Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.)] 94

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IIlustração 93 - Iluminância (E)


[Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.)] 94
lustração 94 - Luminância (L)
[Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.)] 95
Ilustração 95 - O ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão
[Licht.Wisen, 2010] 95
Ilustração 96 - O fluxo luminoso apresenta uma reflexão concentrada numa mesma direção
[Licht.Wisen, 2010] 96
Ilustração 97 - O fluxo luminoso apresenta uma reflexão amplamente difusa em relação à sua
incidência
[Licht.Wisen, 2010] 96
Ilustração 98 - Esboço da situação determinante para ocorrência das névoas de reflexão
[IES, 2008] 100
Ilustração 99 – Esboço da situação onde a reflexão difusa da superfície impede a ocorrência
das névoas de reflexão
[IES, 2008] 100
Ilustração 100 – A luz é uma faixa de radiação eletromagnética emitida por uma fonte luminosa e
sensível ao olho humano
[http://www.electricalfun.com/visible_spectrum.htm] 101
Ilustração 101 – Variação do nível de iluminação num dia de céu claro
[PHILIPS Ibérica, S.A., (s.d.)] 102
Ilustração 102 - Os edifícios refletem a luz
[Lam, 1976] 103
Ilustração 105 – Posicionamento da abertura por onde penetra a luz natural: zenital ou lateral
[Lam, 1976] 104
Ilustração 104 - Inclinando uma claraboia para a linha do Equador há uma melhora no desempenho
de entrada da luz nas estações de inverno / verão
[Lam, 1986] 105
Ilustração 105 – Claraboia localizada de modo a que a feixe de luz incida na parede e a sua
distribuição no ambiente seja através da reflexão
[Lam, 1986] 106
Ilustração 106 - Espelhos d'água, esculturas, ou superfícies polidas podem ser utilizadas para
redirecionar a luz solar para o teto
[Lam, 1986] 106
Ilustração 107 – Componente externa refletida
[Lam, 1976] 106
Ilustração 108 - Componente Reflexão Interna: a luz entre pela abertura da janela e
é refletida no teto
[Lam, 1976] 107
Ilustração 109 - Distribuição espectral da luz do dia – Espectro contínuo
[Luminotecnia, 2002] 111
Ilustração 110 - Distribuição espectral da lâmpada fluorescente de cor branca fria – Espectro
descontínuo
[Luminotecnia, 2002] 111
Ilustração 111 - Temperatura de cor (K)
[http://lednews.com.br/wp-content/uploads/2011/08/tempdecor.jpg] 112
Ilustração 112 - Curva de Kruithof
[Murdoch, 2003] 112
Ilustração 113 - Distribuição ADELIA EHLASS pelos principais locais de ocorrência,
em cada grupo etário
[http://www.onsa.pt/index_17.html] 148

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 114 - Porta de entrada, em vidro, do edifício


[Fotografia: Ana Cristina Daré] 155
Ilustração 115 - Iluminação natural e detalhe do candeeiro
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 156
Ilustração 116 - Canto da sala onde faz os seus trabalhos manuais
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 156
Ilustração 117 - Cozinha e marquise
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 157
Ilustração 118 - Detalhe do sistema de iluminação artificial
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 157
Ilustração 119 – Sistema de iluminação utilizada na casa de banho
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 158
Ilustração 120 - Planta Estar | Jantar
[Autor] 158
Ilustração 121 - Sra. AP fazendo trabalho manual – tricô
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 159
Ilustração 122 - Detalhe da luminária de pé
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 159
Ilustração 123 - Sra. AP indicando o sistema de iluminação utilizado
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 160
Ilustração 124 - Casa de banho da suíte
[Fotografia: Amarilys Daré] 161
Ilustração 125 – Sistema de iluminação da casa de banho da suíte
[Fotografia: Amarilys Daré] 162
Ilustração 126 – Sistema de iluminação de parede aplicada sob a bancada e acima do espelho
na casa de banho da suíte
[Fotografia: Amarilys Daré] 162
Ilustração 127 – Vista geral da cozinha e localização das bancadas
[Fotografia: Amarilys Daré] 162
Ilustração 128 – Sistema de iluminação da cozinha com luminária de teto com duas lâmpadas
fluorescentes
[Fotografia: Amarilys Daré] 162
Ilustração 129 - Visão da cozinha com reflexo da luminária de teto com lâmpada fluorescente
compacta eletrónica aplicada no corredor de acesso a sala de jantar, com sensor de
movimento
[Fotografia: Amarilys Daré] 163
Ilustração 130 - Planta Cozinha
[Autor] 163
Ilustração 131 – A Sra. MD inicia a confeção da sobremesa
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 164
Ilustração 132 – A Sra. MD lava uma tijela utilizada na confeção da sobremesa
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 164
Ilustração 133 - A Sra. MD a medir o leite e colocá-lo no tacho
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 164
Ilustração 134 - A Sra. MD confecionando a sobremesa
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 164
Ilustração 135 - A Sra. MD adiciona as gemas dos ovos no leite para o creme
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 165
Ilustração 136 – A Sra. MD finaliza a confeção da sobremesa | Resultado final
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 165
Ilustração 137 – Planta área de serviço, cozinha e sala de jantar
[Autor] 166

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Ilustração 138 - O Sr. DD e a Sra. MD retiram a loiça de dentro da máquina de lavar loiça
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 167
Ilustração 139 - O Sr. DD e a Sra. MD guardam as loiças no armário da cozinha
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 167
Ilustração 140 - A Sra. MD guarda os talheres nas gavetas do armário da sala de jantar
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 167
Ilustração 141 - Planta sala de jantar
[Autor] 164
Ilustração 142 - A Sra. MD lendo os jornais diários
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 168
Ilustração 143 – Lâmpada MasterLED candle, Philips
[http://www.ecat.lighting.philips.pt/l/master-ledcandle/64861/cat/?t1=overview#t=overview] 169
Ilustração 144 - Planta Casa de Banho
[Autor] 169
Ilustração 145 - O Sr. DD fazendo a barba
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 170
Ilustração 146 - Planta escritório
[Autor] 171
Ilustração 147 - O Sr. DD trabalhando no computador
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 171
Ilustração 148 - Planta área de trabalho
[Autor] 172
Ilustração 149 - A Sra. G bordando com iluminação artificial através de candeeiro de mesa
com lâmpada de LED
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 173
Ilustração 150 – A Sra. G inicia o trabalho fixando o fio de crochê no tecido preto com
iluminação natural
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 174
Ilustração 151 - A Sra. G. utiliza um cartão na medida da linha para a confeção da renda
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 174
Ilustração 152 - A Sra. G. confecionando a renda com iluminação artificial
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 175
Ilustração 153 - Lâmpada E27 cap LED 8W light lamp warm white color [http://i.ebayimg.com/t/E27-
cap-216-LED-8W-light-
lampwarmwhitecolor/12/!B9uf3jQ!Wk~$(KGrHqZ,!hgEzes6NTHYBM6pKzD6+w~~_35.JPG] 175
Ilustração 154 - Sala de Estar e quarto iluminado através de iluminação natural e o controlo
feito por cortinados
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 176
Ilustração 155 - Sistema de iluminação de teto e à parede, no corredor e no quarto
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 176
Ilustração 156 – Sistema de iluminação embutida no armário da casa de banho
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 177
Ilustração 157 - Iluminação situado no exaustor
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 177
Ilustração 158 – Sistema de iluminação à parede da cozinha para iluminação de tarefa.
E acesso ao interruptor
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 177
Ilustração 159 - Planta Cozinha
[Autor] 178
Ilustração 160 – Preparação do lava-loiça para a execução da tarefa
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 178

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Ilustração 161 – A Sra. MAB lavando a loiça


[Fotografia: Ana Cristina Daré] 178
Ilustração 162 – Controlo da iluminação natural para execução da tarefa através do cortinado
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 179
Ilustração 163 - Vista da marquise, com o ambiente de leitura e da cozinha
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 180
Ilustração 164 - Detalhe do sistema de iluminação geral da cozinha com luminária de teto com
lâmpadas fluorescentes tubulares
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 180
Ilustração 165 - Localização dos candeeiros de mesa próximos das poltronas do casal e
detalhe da luminária de teto nesse mesmo ambiente
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 180
Ilustração 166 – Sistema de iluminação do corredor de acesso aos quartos e a casa de banho –
luminária de teto
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 181
Ilustração 167 – Sistema de iluminação por candeeiros nas mesas-de-cabeceira e
iluminação geral por luminária de teto, com vidro difusor
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 181
Ilustração 168 - Hall e sala de estar
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 182
Ilustração 169 - Zona de Jantar
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 182
Ilustração 170 – Sistema de iluminação com luminárias de teto da zona de estar e jantar
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 183
Ilustração 171 – Luminárias de teto dos quartos, com ventoinha acoplada
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 183
Ilustração 172 – Luminária de teto do hall dos quartos, com vidro difusor
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 183
Ilustração 173 – Luminária de teto e de parede, sobre o espelho, da casa de banho
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 183
Ilustração 174 – Luminária de teto com lâmpada fluorescente tubular na cozinha e área de serviço
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 184
Ilustração 175 - Detalhe do interruptor para acender a luz da cozinha, à entrada do apartamento
[Fotografia: Ana Cristina Daré] 184
Ilustração 176 - Planta do apartamento
[Autor] 184

xii
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Síntese das alterações biológicas do organismo humano


ocorridas no processo de envelhecimento 16
Tabela 2 – Quadro síntese dos parâmetros verificados nos casos de estudo analisados 40
Tabela 3 - Características dos fotorrecetores clássicos (visuais) e
do fotorrecetor melanopsina (não visual) existentes no olho 52
Tabela 4 – Diminuição da acuidade visual em relação à idade 56
Tabela 5 – Percentagem de indivíduos com diferentes tipos de visão da cor
e as dificuldades encontradas na execução das tarefas diárias 66
Tabela 6 - Níveis de Iluminância recomendáveis para os interiores 77
Tabela 7 - Fator de reflexão dos materiais com a luz do dia 96
Tabela 8 – Limitações do Encandeamento 99
Tabela 9 – A distribuição do fluxo de luz nos interiores 105
Tabela 10 - Sistema de classificação das luminárias segundo a radiação do
fluxo luminoso pela CIE 109
Tabela 11 - Grupos de rendimento de cor das lâmpadas 111
Tabela 12 – Equivalência entre aparência de cor e temperatura de cor 112
Tabela 13 – Tipos de fonte de luz artificial 114
Tabela 14 – Sistema Percetivo 123
Tabela 15 – Género dos inquiridos 134
Tabela 16 – Faixa etária dos inquiridos 135
Tabela 17 – Atividade Profissional dos inquiridos 135
Tabela 18 – Usa óculos 135
Tabela 19 – Baixa visão e desconforto à luz 135
Tabela 20 – Cataratas diagnosticada pelo médico 136
Tabela 21 – Foi operado às cataratas 136
Tabela 22 – Entrar em casa 136
Tabela 23 – Deslocar-se e encontrar os percursos dentro de casa 137
Tabela 24 – Leitura de jornal ou fazer uma costura 137
Tabela 25 - Preparar alimentos 137
Tabela 26 - Conseguir ver a comida 137
Tabela 27 - Realizar a higiene pessoal na casa de banho: lavar-se, barbear-se, etc. 138
Tabela 28 - Encontrar as roupas no roupeiro 138
Tabela 29 - Identificação das cores das roupas que irá usar 138
Tabela 30 - Sente dificuldades em ver os degraus 138
Tabela 31 - Sente dificuldades em descer ou subir as escadas 139
Tabela 32 - Sente dificuldades na execução das tarefas do dia-a-dia 139
Tabela 33 - Sente dificuldades em ver TV ou computador 139
Tabela 34 - Sente dificuldades em trabalhar no computador 139
Tabela 35 - Sente dificuldades em sair de casa 140
Tabela 36 - Sente dificuldades em escutar a voz humana 140
Tabela 37 - Sente dificuldades em escutar os sons 140
Tabela 38 - Sente dificuldades em transitar entre ambientes claros (exteriores) para
ambientes escuros (interiores) 141
Tabela 39 - Avaliação da segurança ao evitar áreas claras/escuras em casa 141
Tabela 40 - Controlo da luz natural com cortinados 141
Tabela 41 - Controlo da luz natural com estores 142
Tabela 42 - Utilização da luz natural, sempre que possível 142
Tabela 43 - Sente algum desconforto à luminosidade e ao reflexo da luz 142

xiii
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Tabela 44 - A falta de iluminação afeta a execução das tarefas do dia-a-dia 142


Tabela 45 - De que maneira a falta de iluminação afeta a execução das tarefas do dia-a-dia 143
Tabela 46 - De que maneira a iluminação pode alterar o estado de espírito dos indivíduos 143
Tabela 47 - De que forma a iluminação pode alterar o estado de espírito dos indivíduos 143
Tabela 48 - A iluminação pode alterar o estado de espírito dos indivíduos devido
à sua insuficiência ou a sua ausência 143
Tabela 49 – Detetores de movimento 144
Tabela 50 – Interruptores 144
Tabela 51 – Reguladores de luz 144
Tabela 52 – Posicionamento dos comandos de luz 145
Tabela 53 - Utilização de luzes de baixa intensidade e sensores de presença 145
Tabela 54 - Distribuição da iluminação na cozinha 145
Tabela 55 - Distribuição da iluminação na casa de banho 146
Tabela 56 - Identificação dos ambientes através dos contrastes de cor entre as ombreiras,
rodapés e pisos 146
Tabela 57 - Utilização de iluminação de acordo com a tarefa a ser executada no ambiente 146
Tabela 58 - Satisfação quanto à melhoria da iluminação utilizada na habitação 147
Tabela 59 - Escala das competências Básicas e Alargadas 153
Tabela 60 - Proposta Conceptual de iluminação dos interiores 186
Tabela 61 - Conteúdos temáticos referenciados pelos especialistas 190
Tabela 62 - Doenças oculares relacionadas com o envelhecimento 195
Tabela 63 - Sugestão de iluminâncias (em lux) apropriadas a cada tipo de tarefas 197
Tabela 64 - Sugestão de iluminâncias (em lux) para cada ambiente 198
Tabela 65 - Síntese do Estudo da Relação Pessoa-Ambiente 202
Tabela 66 - Alterações no ambiente com intuito de minimizar os fatores
de desconforto na inter-relação pessoa- ambiente pelos idosos 206
Tabela 67 - Guia de Lighting design em habitação de idosos 209
Tabela 68 - Quadro das características da luz para apoiar
a visão e as funções circadianas 210

xiv
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

AGRADECIMENTOS
“As coisas nas quais você realmente acredita acontecem sempre; e a crença em
algo faz com que elas se tornem realidade”
(Frank Lloyd Wright)

A finalização dessa tese é uma vitória que não dependeu só de mim. Muitos foram os que estiveram
envolvidos neste processo.
À Professora Doutora Arquiteta Cristina Caramelo Gomes pela orientação ao longo de todo o
processo de investigação, que teve o seu início no Mestrado.
Ao Engenheiro Vitor Vajão pela orientação e pelos ensinamentos sobre iluminação, sendo estes
muito importantes para evolução dessa investigação. Hoje estou mais a “ver” do que “olhar”.
À Professora Doutora Rita Almendra pela orientação na implementação da metodologia da
pesquisa-ação.
Ao Professor João Machado pela revisão do português.
À Fundação Liga, e em especial ao Dr. Nuno Reis, pelo contributo dado na aplicação dos inquéritos
e na disponibilidade em acompanhar-me na observação direta na casa de uma das utentes.
Ao meu pai pelo tratamento feito dos dados recolhidos no inquérito.
A todos os idosos que se disponibilizaram a responder ao inquérito, e aos que participaram do
estudo de pesquisa-ação.
À Denise e a Tânia pela amizade e apoio durante essa caminhada.
À Designer Joana Franco pela diagramação do documento.
E a todos que colaboraram, direta ou indiretamente, para que esse trabalho pudesse ser
concretizado.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

RESUMO

LIGHTING DESIGN: O significado da luz no design de interiores e na qualidade de vida dos idosos
Desde o final do séc. XX, os dados relativos à evolução da população idosa apresentam um
crescimento, verificado nos países desenvolvidos bem como nos países em desenvolvimento.
O envelhecimento, de uma forma generalizada, é tratado como um estado classificado de
terceira idade ou quarta idade. No entanto, o envelhecimento não é um estado, mas sim uma
degradação progressiva e diferencial, que afeta todos os seres vivos.
Neste processo, a visão é especialmente sensível, por ser um órgão que é afetado de todas as
suas formas – internas e externas, por estar exposto à luz, vento, poeira, produtos e situações
diversas, inclusivamente por doenças do próprio organismo. Há uma redução na acuidade visual, na
velocidade de perceção e um aumento no tempo necessário à adaptação, principalmente na
passagem de um ambiente mais claro para um mais escuro. Há, também, uma diminuição na
habilidade de perceber movimentos no campo visual periférico e uma diminuição na resistência à
perturbação por ofuscamento ou contrastes excessivos.
A iluminação é, por isso, um dos fatores necessários e importantes no intuito de compensar a
diminuição da acuidade visual, permitindo a identificação dos planos verticais e horizontais do
espaço, contribuindo para manutenção do equilíbrio, na redução do risco de quedas e na interação
entre o sistema visual e o sistema percetual.
O objetivo desta proposta de investigação consiste na análise crítica e no reconhecimento de
parâmetros relativos à qualidade da luz – natural e artificial – nos espaços habitacionais, no intuito
de proporcionar uma melhor vivência e promover a interação entre os indivíduos idosos e o
ambiente doméstico.
O reconhecimento do significado da luz deve ser uma constante no desenvolvimento dos
projetos de design de interiores, em geral, e nos projetos de Lighting design, em particular, com uma
visão abrangente sobre a relação entre a iluminação e o envelhecimento, e com o foco centrado em
quem vivencia o espaço, privilegiando o conforto e a segurança, requisitos básicos para a promoção
de uma melhor qualidade de vida, e na manutenção desses indivíduos nos seus ambientes sociais.

PALAVRAS-CHAVE - Ambiente doméstico, Envelhecimento ativo, Lighting design, Perceção do


espaço, Cor, Psicologia ambiental, Design de interiores, Luz, Sistema visual, Ergonomia da luz.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

ABSTRACT

LIGHTING DESIGN: The significance of light for the interior design and for the elderly's life
quality.
Since the end of the twentieth century, the data related to the development of the elderly
population shows the growth of this population, being that this growth can be found not only in the
developed countries but also in the developing countries.
Aging, in a general manner, is treated as a state classified as Senior Citizens. However, aging
is not a state, but a progressive and differential degradation, which affects all living beings.
In this process, the vision is particularly sensitive, for it is an organ that is affected in all of
its forms – internally and externally, for it is exposed to light, wind, dust, products and diverse
situations, including the body's own diseases. There is a reduction of the visual acuity, in the speed
of perception and an increase of time needed to adapt, mainly when passing from a lighter to a
darker environment. There is also a decrease in the ability to perceive movement in the peripheral
visual field and a reduction of the visual acuity.
Lighting is, therefore, one of the necessary and important factors in order to compensate the
visual acuity's reduction, which allows the identification of vertical and horizontal space layouts,
contributing with the maintenance of balance, reducing the risk of falling, and the interaction
between the visual system and the perceptual system.
The objective of this investigation's proposal consists in a critical analysis and the
recognition of the parameters that are related to the lighting quality – natural and artificial – in
living spaces, with the intention of providing a better experience and the interaction between
elderly individuals; and these elderly people and their living spaces.
The recognition of the light's significance should be constant in the development of interiors
environments' projects in general, and in lighting design projects in particular, having a
comprehensive view of the relationship between illumination and aging, with the focus centered on
who lives in this space, giving privilege to comfort and safety, which are the basic requirements to
promote a better life quality and the maintenance of these individuals in the social environments.

KEY-WORDS - Domestic environment, Active ageing, Lightning design, Space and color
perception, Environment phycology, Interior design, Light, Visual system, Light's Ergonomics.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

ABREVIATURAS

AIVD Atividades Instrumentais da Vida Diária


AVD Atividades da Vida Diária
CIE Comission Internationale d'Éclairage
COHAB Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo
DMI Degenerescência Macular da Idade
GARMIC Grupo de Articulação para Conquista de Moradias da Capital
ipRGC Células ganglionares intrinsecamente foto sensíveis da retina
LFC Lâmpada fluorescente compacta
ONU Organização das Nações Unidas
PAI Programa de acompanhamento de Idosos
SEHAB Secretaria Municipal de Habitação
UBS Unidade Básica de Saúde
WHO World Health Organization

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Capítulo I

Viver mais tempo implica envelhecer. Maior longevidade não é um fatalismo


ou uma ameaça. É uma vitória da humanidade e uma oportunidade de
potenciar o “património imaterial” que significa o contributo das pessoas
mais velhas.
(Programa de Ação do AEEASG’2012 | Portugal: 3)

Para qualquer ambiente construído, os espaços são a melodia e a luz sua


orquestração. Para que o design da iluminação se desenvolva, sua mensagem
tem que ressoar na arquitetura.
(Brandston, 2010:105)

1
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

1. INTRODUÇÃO
1.1_CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A investigação na área do Design, e em particular no Design de Interiores/Ambientes, é uma
área do conhecimento definida por um pluralismo na forma de pensar, participando da redefinição
do processo de concepção do objeto, dos ambientes e dos sistemas.
Os métodos de investigação em
design caracterizam-se pelo
desenvolvimento de projetos para diferentes
públicos, propósitos e contextos, sendo que
o seu âmbito apresenta uma abordagem a
tudo o que se refere aos seres humanos.
O processo de Design de
Interiores/Ambientes caracteriza-se por um
conjunto de soluções físico-espaciais que,
quando cuidadosamente desenvolvidas pelo
designer, atendem aos anseios/necessidades
Ilustração 1 - O questionar, observar, e executar é apropriado
sócio ambientais de um indivíduo ou grupo. para usar em todas as fases da investigação em
design, quer no seu início, numa pesquisa
O foco desse projeto é o de dar forma, "exploratória" para entender as pessoas ou na busca
de protótipos conceituais centrado no utilizador, ou
função e, essencialmente dar sentido aos mesmo no teste a produtos e nas mensagens de
markenting.
espaços habitáveis, proporcionando bem- [Fonte: Laurel, 2003: 48]

estar e qualidade de vida aos seus


utilizadores. Isso deve-se ao facto de existir uma atividade humana que precisa de um espaço
adequado para a realizar plenamente (Dodsworth, 2009).
A capacidade do designer de interiores/ambiente trabalhar aspetos
semióticos, hermenêuticos e fenomológicso bem como a proposição de um
trabalho interdisciplinar e na transversalidade do processo, muito facilita a
sua atuação, com vistas a atingir – através de intervenções estéticas e
práticas no ambiente – o sensorial do usuário, ou seja, sua maneira de
perceber o todo, os espaços, os objetos e a si mesmo.
(Leite et. Al., 2008:3290)
Bollnow (2008) acredita que as pessoas, pela sua própria natureza, são influenciadas pelo
espaço que as rodeia, sendo que a relação psicológica estabelecida entre pessoa-ambiente será
afetada. Na verdade, esta reação é subjetiva, variando na forma como as pessoas percebem os
espaços.

3
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Neste processo, os ambientes estão intimamente ligados a características como a forma, textura, luz,
cor, materiais aplicados e ao layout (Meerwein & Rodeck & Mahnke, 2007).
A relação pessoa-ambiente (P-A) tem o seu estudo centrado na influência que os espaços
edificados exercem sobre o comportamento das pessoas, incentivando a avaliação social da
edificação (Elali & Pinheiro, 2003).
A psicologia ambiental pode ser definida como o estudo do inter-relacionamento entre o
comportamento e o ambiente físico, tanto o construído, quanto o natural. Através da conjugação da
arte e da técnica, esse processo desenvolve-se na busca de soluções físico-espaciais que atendam aos
anseios/necessidades sócio ambientais de um indivíduo ou grupo, o que tem vindo a ocorrer mais
sistematicamente, a partir dos estudos de Roger Baker e Herbert Wright (Baker, 1968; Baker &
Wright, 1951 apud Elali & Pinheiro, 2003). Esse estudo teve como consequência a elaboração do
conceito de behavior settings.
O behavior setting é um conjunto de interações entre pessoas e o ambiente dentro de um
local, sendo visto como um sistema ativo, organizado, autorregulado, e não apenas como um fundo
passivo onde as pessoas desempenham ações que escolhem livremente (Elali & Pinheiro, 2003).
Numa altura em que se levantam as questões relativas ao envelhecimento da população e à
importância desses indivíduos como um nicho de mercado, há uma preocupação no
desenvolvimento de equipamentos e soluções ambientais com a finalidade de auxiliar o idoso nessa
fase da vida, em que a iluminação e a acessibilidade desempenham um papel fundamental. Torna-se
interessante que, sempre que possível, a qualidade de vida do idoso seja amparada por um espaço
inteiramente seu (Costa, 2005). Portanto, torna-se essencial incorporar as relações pessoa-ambiente
à atividade profissional dos designers de interiores/ambiente, contribuindo para o aumento da
compreensão dos tipos de comportamento que serão incentivados ou reprimidos pelos espaços
habitacionais (Elali & Pinheiro, 2003).
1.2_ O ESPAÇO HABITACIONAL - ÂMBITO DO ESTUDO – MOTIVAÇÃO PESSOAL
O ciclo de vida humano desenvolve-se numa variedade de tipologias espaciais, sendo que as
características do espaço têm um efeito no desenvolvimento humano, nas inter-relações pessoa-
ambiente, na qualidade de vida e no conforto ambiental nas diferentes fases. A criatividade, o efeito
simbólico e a comunicação transmitidas pelo espaço arquitetónico determinam como as pessoas se
sentem em relação a si mesmas, determinando também o modo pelo qual o espaço será percebido,
podendo afetar a forma como é apropriado, e como se comporta para e dentro dele. O espaço é, ao
mesmo tempo, imaterial e intelectual (Meerwein & Rodeck & Mahnke, 2007).
O Prof. Celso Lamparelli (apud Camargo, 2010) afirma que nenhuma das soluções espaciais
adotadas para uma habitação é totalmente adequada, uma vez que as necessidades, expectativas e
aspirações dos utilizadores em relação a ela se manisfestam com o “ato de morar”.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Com o crescimentodo do número de idosos em relação à população em geral e à ativa em


particular, o perfil da população mundial tem vindo a sofrer uma alteração e, consequentemente, a
forma como os indivíduos interagem com o ambiente.
The beginning of the 21st century marks the end of the period of human
history with more young people than old, and for the rest of human history,
there will be more old people than young, unless there are some great major
surprises.1
(Laurel, 2003:41)
Enquanto no passado a tendência era que esses indivíduos vivessem com os seus familiares,
atualmente, com as alterações sofridas nas estruturas familiares ao longo do Séc. XX, essa realidade
tem vindo a alterar-se, levando a que se fixem nas suas próprias casas, mantendo assim o controlo
da sua vida.
A habitação representa a manutenção da privacidade e da capacidade desse autocontrolo,
devido particularmente à necessidade de uma maior permanência e uso dos ambientes domésticos,
ainda que não sejam adequados às suas características.
No entanto, as habitações, nos moldes em que tradicionalmente são concebidas, não
contemplam as alterações biológicas ocorridas durante o ciclo de vida do ser humano, gerando
conflitos na inter-relação com o ambiente construído.
O processo de apropriação ao lugar varia de intensidade, sendo que o seu grau mínimo é
olhar, quando as coisas se tornam conhecidas. Esse é um processo psicossocial, centrado na
interação do indivíduo com o seu entorno, sendo projetado no espaço e transformando-o no seu
prolongamento, criando um lugar seu (Elali & Medeiros, 2011). A luz surge, nesse contexto, como um
elemento unificador, sendo que uma definição de luz aplicável ao design deve celebrá-la e unificá-la
no seu papel gerador e modelador da vida dos indivíduos, como um fluxo de energia rápido e infinito
que encerra a própria vida.
A luz cria focos, desenvolve a hierarquia, tem movimento, imprimindo padrões de ritmo -
constante e/ou repetitivo. Cria e dissipa limites efémeros, definindo, dessa forma, a diferença entre o
dentro e o fora (Brandston, 2010).
O espaço interior é apresentado tanto quanto uma continuidade do espaço
exterior, como constrastante a ele.
(Brandston, 2010:61)
Segundo Mariana Novaes (2010), deve-se ter uma visão abrangente sobre a iluminação e o
envelhecimento, que inclui os aspetos biológicos (sono, vigília, saúde); visuais e quinestésico
(reconhecimento e interpretação do espaço e dos seus objetos; movimentação no espaço); e a

1
O início do século XXI marca o fim da história humana, onde existiam mais pessoas jovens do que idosos, sendo que, para
o resto da história, haverá mais idosos do que jovens, a menos que haja alguma surpresa. (tradução livre)

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

perceção e a psicologia (abordando o significado do lar, serenidade e segurança), sendo que se deve
considerar a luz – natural e artificial, para além da relação pessoa e o ambiente vivenciado.
O reconhecimento do significado da luz deve ser uma constante no desenvolvimento dos
projetos de interiores, em geral, e do lighting design, em particular, com uma visão abrangente sobre
a relação entre a iluminação e o envelhecimento, mas com o foco centrado em quem vivencia o
espaço.
A motivação pessoal do autor, no desenvolvimento dessa investigação, foi devida:
• À formação em Design de Ambientes;
• À investigação no âmbito do Mestrado, que levantou o interesse pelas questões relacionadas
com a acessibilidade nos espaços interiores e a forma como os indivíduos idosos vivenciam o
seu espaço;
• Ao percurso profissional com o desenvolvimento de projetos de Design de interiores, onde as
questões de iluminação sempre foram tratadas;
• Ao interesse sobre as questões do envelhecimento, que foi despertado através da
convivência com idosos ligados ao nosso círculo pessoal.
1.3_PROBLEMATIZAÇÃO – AS QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO | HIPÓTESE
Na investigação desenvolvida no âmbito do Mestrado, foram levantadas questões relativas à
acessibilidade dos espaços interiores. No decorrer da sua conclusão, e com o interesse em dar
continuidade ao processo, teve início esta investigação, mas com o objetivo de um estudo centrado
nas questões de iluminação dos espaços interiores e da inter-relação dos indivíduos idosos,
conseguindo-se, dessa forma, a que se chegasse às seguintes questões de investigação:
1_A qualidade lumínica afeta os idosos na vivência dos ambientes domésticos?
2_Que impacto o lighting design tem na perceção e na orientação no espaço pelo utilizador idoso? E
na qualidade de vida?
3_A integração e o equilíbrio entre a luz artificial e a luz natural serão mais indicados para o conforto
e bem-estar do utilizador idoso no ambiente doméstico?
Da síntese das questões expostas, obteve-se a seguinte hipótese:

Existe uma integração e equilíbrio na utilização da iluminação artificial e


natural nos ambientes domésticos, que privilegia o conforto e a segurança
para os idosos, significando uma melhor qualidade de vida.

6
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

1.4_OBJETIVOS
If you can see, you can hear with your nose and smell with your ears 2
(Altman, 2002:174)
Essa investigação consiste na análise crítica e no reconhecimento de parâmetros relativos à
qualidade da luz – natural e artificial – nos espaços habitacionais, com o intuito de proporcionar uma
melhor vivência e interação entre os indivíduos idosos e entre estes e o ambiente doméstico.
Segundo Hopkinson (1963), aquilo que vemos depende não somente da qualidade física da luz ou da
cor presente, mas também do estado dos nossos olhos na hora da visão e da quantidade de
experiência visual da qual temos de lançar mão para nos ajudar nos nossos julgamentos… Nessa
relação, privilegia-se o conforto e a segurança, requisitos básicos para a promoção da qualidade de
vida, e para a manutenção desses indivíduos nos seus ambientes sociais.
Através da aquisição de conhecimento sobre as alterações sofridas no sistema visual durante
o processo de envelhecimento biológico, e nas dificuldades que os idosos têm na perceção do
espaço, dos percursos, da textura, da cor, foi possível desenvolver um estudo do lighting design nos
ambientes, propiciando uma melhoria na inter-relação dos idosos com a habitação, na promoção da
qualidade de vida e desempenho das AVD’s e AIVD’s.
Deste modo, estabeleceu-se como objetivos específicos:
• Conhecer o sistema visual humano e identificar as alterações sofridas no processo de
envelhecimento biológico;
• Conhecer as características da luz – natural e artificial, e a sua aplicação no lighting design
dos ambientes domésticos;
• Conhecer os efeitos fisiológicos e psicológicos da luz e da cor no ser humano;
• Avaliar a inter-relação entre o lighting design utilizado nos ambientes domésticos e a
capacidade visual do idoso.
1.5_ DESENHO DA INVESTIGAÇÃO
Foi elaborado um plano organizador do processo de investigação para desenvolvimento do
estudo, tendo sido aplicada uma metodologia qualitativa, dedutiva e não intervencionista, composta
por:
1. Síntese e atualização da literatura publicada, reunindo, analisando e avaliando as informações
existentes;
2. Inquérito com base num questionário de perguntas fechadas aplicado ao público-alvo da
presente investigação, em paralelo com o método de observação direta das habitações e a
identificação da iluminação utilizada, permitindo um trabalho de investigação aprofundado e
num grau satisfatório de validade;

2
TL: “Se você pode ver, você pode ouvir com o nariz e cheirar com as orelhas.”

7
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

3. Identificação das experiências no âmbito da área a ser investigada, através da análise dos casos
de estudo;
4. Estudo da relação pessoa-ambiente, através da aplicação da pesquisa-ação e no estudo do
behavior setting nas atividades desenvolvidas na habitação pelos idosos, na ótica do ageing in
place;
5. Entrevistas com base numa pergunta de partida aplicado a um painel de peritos nas áreas
transversais à investigação.
A orientação metodológica tem como base o processo de conhecimento das alterações
sensoriais dos indivíduos idosos no processo de envelhecimento biológico, num estudo empírico da
iluminação natural e artificial, influenciando a perceção da cor e dos espaços interiores domésticos e,
consequentemente, no seu impacto na qualidade de vida desses mesmos indivíduos.
O painel de peritos foi construído de acordo com as áreas de especialidade relevantes para o
desenvolvimento da investigação – oftalmologista com especialidade em reabilitação visual,
especialistas da cor e lighting design, para que fosse possível a identificação da sua relevância,
abordagem e contributo para os objetivos propostos na investigação.
O inquérito destinou-se à população em geral, com 65 ou mais anos, independentes, com um
envelhecimento ativo, de modo a permitir a extrapolação do objeto de estudo a uma realidade
existente, no intuito da identificação das necessidades desse público-alvo com as condições de
iluminação – natural e artificial – existentes. Dessa forma, pôde-se identificar os seus hábitos na
execução das tarefas do dia-a-dia, bem como a influência e importância que a iluminação exerce na
motivação e capacidade no seu desempenho.
O estudo da interação pessoa-ambiente físico é complexo e dinâmico, necessitando tanto do
conhecimento pela vertente teórica, como também pelo senso comum. A pesquisa-ação, além de
fomentar teorias, busca resolver problemas práticos que se manifestam a partir desta interação
(Delabrida, 2011). Segundo o psicólogo social Kurt Lewis (apud Delabrida, 2011:281) “nada é mais
prático que uma boa teoria”.
A Psicologia Ambiental, ao trabalhar com os problemas de inter-relação
comportamento humano e ambiente físico, beneficia-se claramente dessa
abordagem, entendendo os problemas de uma perspetiva teórica para
apresentar soluções práticas que possam retroalimentar o desenvolvimento
da teoria.
(Delabrida, 2011:283)
A pesquisa-ação permite uma investigação de aproximação em que o investigador procura
novos conhecimentos através das ações desenvolvidas no contexto regular da vida dos idosos no seu
ambiente natural e na análise da luz (natural e artificial). Este envolvimento também favorece a

8
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

cooperação entre o investigador e aqueles que estão a ser estudados, a troca de informações e o
comprometimento com a qualidade da investigação.
O método utilizado para o desenvolvimento desse estudo foi o do mapeamento
comportamental expresso pela representação gráfica da atividade dos indivíduos idosos, de modo a
indicar os seus comportamentos em relação à localização em que ocorrem – a habitação.
A análise dos casos de estudo teve como finalidade o delinear de possíveis caminhos para a
obtenção de respostas às deficiências existentes e foram escolhidos pela sua pertinência e relevância
na demonstração das experiências e dos resultados aplicados às questões que se pretendeu
investigar:
• Domus Residências Assistidas, Parede, Portugal – é uma das unidades institucionais do José
de Melo Residências e Serviços. Foi um projeto desenvolvido de raiz, a partir de uma
pesquisa sobre situações semelhantes desenvolvidas noutros países. Nesse caso, as questões
do lighting design foram relevantes no desenvolvimento do projeto;
• Casas da Cidade Residências Sénior, Lisboa, Portugal – condomínio residencial desenvolvido
para a população sénior, independente ou com um pequeno grau de dependência. Foi um
projeto desenvolvido de raiz, no qual são contempladas as questões do lighting design dos
interiores, da inter-relação entre o interior e o exterior e, consequentemente, com a luz
natural;
• Aldeia Lar São José de Alcalar, Ameixoeira Grande, Portugal - está localizada na Freguesia de
Mexiolheira Grande, Portimão, e foi um projeto idealizado pelo Padre Domingos Monteiro da
Costa. O modelo de aldeia lar tem por objetivo dar resposta aos idosos e ao problema de
despovoamento do interior, contribuindo, dessa forma, para um melhor ordenamento do
território, tendo por base a dignificação dos indivíduos idosos;
• Residencial Vila dos Idosos, São Paulo, Brasil – empreendimento da Prefeitura de São Paulo,
destinado ao arrendamento social da população sénior. Trata-se de um condomínio
residencial, sendo que o âmbito do projeto visa suprir a necessidade de moradia desses
indivíduos e atender às demandas específicas da idade.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

1.6_FLUXOGRAMA

Tema: A iluminação – natural e artificial - irá influenciar a perceção do espaço e a cor nos ambientes
utilizados pelos indivíduos idosos

Título: Lighting design: o significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Questões de Investigação
• A qualidade lumínica afeta os idosos na vivência dos ambientes domésticos?
• Que impacto o lighting design tem na perceção e na orientação no espaço pelo utilizador
idoso? E na qualidade de vida?
• A integração e o equilíbrio entre a luz atificial e a luz natural serão mais indicados para o
conforto e bem-estar do utilizador idoso no ambiente doméstico?

REVISÃO DE LITERATURA

Hipótese
Existe uma integração e equilíbrio na utilização da iluminação
natural e artificial nos ambientes domésticos, que privilegia o
conforto e a segurança para os idosos, significando uma melhoria
da qualidade de vida.

Estudo
de
Caso

RESULTADO VALIDAÇÃO
Inquéritos

Pesquisa-ação
Auscultação do Painel de Peritos

CONCLUSÃO PROVISÓRIA

CONCLUSÕES

RECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS INVESTIGAÇÕES

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

1.7_ESTRUTURA DA TESE
A estrutura da tese consiste em 7 capítulos com os conteúdos que se descrevem a seguir:
CAPÍTULO 1_Inclui o contexto do problema e os objetivos; Define a metodologia da investigação;
Explica-se a forma como a tese se encontra estruturada e organizada.
CAPÍTULO 2_Aborda as alterações no processo de envelhecimento na ótica do envelhecimento
biológico. Analisa-se as unidades institucionais José de Mello Residências e Serviços, Casas da
Cidade, Aldeia Lar São José de Alcalar, em Portugal e a Vila dos Idosos, no Brasil,
apresentando uma síntese das soluções projetuais referentes ao lighting design.
CAPÍTULO 3_Estuda-se a fisiologia da visão, os efeitos causado pelo envelhecimento e como se
processa a visão cromática.
CAPÍTULO 4_Trata da perceção do espaço através da luz - natural e artifical - e os efeitos nos espaços
interiores, proporcionando um conforto visual. São apresentados os conceitos sobre
uniformidade, encandeamento, névoas de reflexão, sombras e cintilação. Estuda as fontes e
sistemas de iluminação. Faz uma abordagem sobre iluminação residencial.
CAPÍTULO 5_Estuda a psicologia ambiental. Aborda os conceitos de espaço & lugar; apropriação do
espaço; apego ao lugar e behavior setting.
CAPÍTULO 6_Resume-se todo o processo e aplicação da pesquisa de campo, através dos resultados
com os inquéritos aplicados e a metodologia da pesquisa-ação, bem como os resultados
alcançados.
CAPÍTULO 7_Reúne-se as conclusões desse estudo, pelo cruzamento e interpretação das
informações e dos dados obtidos nessa investigação. Acrescentam-se, também, as indicações
de temáticas a serem desenvolvidas em futuras investigações.

1.8_REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Altman, A (2002) ElderHouse: Planning your best home ever. Canada. Chelsea Green
Publishing Company.
Brandston, H. M. (2010) Aprender a ver: A essência do design da iluminação. São Paulo,
De Maio Comunicação e Editora.
Bollnow, O. F. (2008) O Homem e o Espaço. Curitiba, Editora UFPR.
Camargo, Érica N. D. (2010) Casa, doce lar O habitar doméstico percebido e vivenciado. São Paulo,
Anna Blume.
Delabrida, Zenith Nora Costa (2011) Pesquisa-ação (Action Research) In: Cavalcante, Sylvia & Elali,
Gleice A. (Orgs.) Temas Básicos em Psicologia Ambiental. Petrópolis, RJ, Vozes.p. 281-289.
Dodsworth, Simon (2009) The fundamental of the Interior Design. Singapore: AVA Book Production
Pte. Ltd.
Elali, G. Azambuja & Medeiros, Samia T. F. de (2011) Apego ao lugar (vínculo com o lugar – plac
attachment). In: Cavalcante, Sylvia & Elali, Gleice A. (Orgs.) Temas Básicos em Psicologia
Ambiental. Petrópolis, RJ, Vozes.
Elali, G. Azambuja & Pinheiro, José Q. (2003) Edificando espaços, enxergando comportamentos: Por
um projeto arquitectónico centrado na relação pessoa-ambiente. In: Projetar: desafios e
conquistas de pesquisa e do ensino em projeto. Rio de Janeiro, EVC. p. 130-143.
Hopkinson, R. G. (1963) Architectural Physics: Lighting. London, Her Majesty's Stationery Office.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Laurel, Brenda ed. (2003) Design Research: methods and perspectives. London: The MIT Press.
Leite, Romaine S. et al. (2008) Caminho possível para o desenvolvimento de projeto de design de
ambientes: uma metodologia In: Anais do 8º Congresso de Pesquisa e Desenvolvimento em
Design, 8-11 October, São Paulo.
Meerwein, G. & Rodeck, B. & Mahnke, F. H. (2007) Color - communication in architectural space.
Boston, Birkauser.
Novaes, Mariana (2010) Iluminação e Idade: Uma abordagem sobre o significado da luz para o idoso.
Lume Arquitetura, nº 44. São Paulo, De Maio Comunicação e Editora ltda. pp. 34-40.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Capítulo II
2_CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENVELHECIMENTO
There is no alternative to aging. Nobody stays young forever, but growing
older does not have to be a painful process anymore3
Live now – Age later (Dr. Isadore Rosenfeld apud Altman, 2002X:XIII )
2.1_INTRODUÇÃO
De uma forma generalizada, trata-se o envelhecimento como um estado classificado de
terceira idade ou quarta idade. No entanto, o envelhecimento não é um estado, mas sim um
desgaste progressivo e diferencial, afetando todos os seres vivos, sendo a morte do organismo o seu
termo natural. Embora seja uma fase previsível da vida dos indivíduos, o envelhecimento não é
geneticamente programado. Não existem genes que determinem como e quando envelhecer, mas
sim genes variantes, cuja expressão favorece a longevidade ou reduz a duração do ciclo de vida
(Daré, 2010).
Mais do que nunca, o envelhecimento é uma questão demográfica, económica e social.
Desde o final do séc. XX, os dados relativos à evolução da população idosa apresentam um
crescimento, verificado nos países desenvolvidos, bem como nos países em desenvolvimento.
The developed world became rich and then it became old while the
developing countries are becoming old before they become rich.4

3
"Não há alternativa ao envelhecimento. Ninguém fica jovem para sempre, mas envelhecer não precisa ser um processo
doloroso.”(Tradução livre)
4
“Os países desenvolvidos tornaram-se rico para depois se tornarem velhos, enquanto os países em desenvolvimento
tornaram-se velhos antes de se tornarem ricos.” (Tradução livre)

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

- Social Development and Ageing Crisis or Opportunity?


Special panel of Geneva 2000 (WHO & OMS, 2000: 4)
A geração baby-boomer, constituída por indivíduos que nasceram no surto de natalidade do
pós-guerra, constitui o essencial da população idosa nas próximas quatro décadas, estando agora a
viver a sua velhice (CEDRU & BCG, 2008). Mantendo-se as tendências relativas a taxas de natalidade
e mortalidade, a pirâmide etária estará totalmente invertida em 2050, tomando forma um aumento
absoluto e relativo da população idosa (CEDRU & BCG, 2008).
Ao longo do séc. XX, a história da demografia europeia ficou associada à afirmação do
processo de envelhecimento, sendo que, no séc. XXI, ocorre uma generalização à totalidade do
território europeu e mundial, atendendo ao significado, perfil, protagonismo e necessidades de uma
população idosa em profundas transformações (CEDRU & BCG, 2008).

Millions
Developing countries 2 000
Economies in transition
1 800
Developed countries
1 600

1 400

1 200

1 000 79

800 70

600

400 63
4
Source: United Nations (2005a). 5
Note: (1) The graph shows 53 7
200 25 18
estimates (until 2005) and 52 10 30
9 38
medium-variant projections 0 39
(after 2005). 1950 1975 2005 2025 2050
(2) Percentages are shown
inside the bars. Year

Ilustração 2 - Dimensão e distribuição da população mundial com 60 ou mais anos por grupos de países, 1950, 1975,
2005, 2025 e 2050 [nº]
[Fonte: World Economic and Social Survey, Nações Unidas, 2007]

Torna-se necessário considerar esse grupo etário como uma unidade de natureza
heterogénea, com desfasamentos marcantes entre os “jovens” idosos e os “muito” idosos, que
alguns autores designam de “quarta idade” (CEDRU & BCG, 2008).
O envelhecimento populacional apresenta algumas características relevantes, tais como:
crescente feminização, progressiva solidão e isolamento e “super-envelhecimento”, associado ao
considerável aumento dos indivíduos idosos (CEDRU& BCG, 2008).
Determinar o início da velhice é uma tarefa complexa, por ser difícil abranger uma
generalização em relação ao envelhecimento. Há distinções significativas nesse processo,
influenciado por diversos fatores como género, classe social, cultura, padrões de saúde individuais e
coletivos da sociedade. A etapa da vida do ser humano caracterizada como velhice só poderá ser

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

compreendida a partir da relação que se estabelecer entre os diferentes aspetos cronológicos,


biológicos, psicológicos e sociais, sendo que essa interação se institui de acordo com as condições da
cultura na qual o indivíduo está inserido (Schneider and Irigaray, 2008).
Idade Cronológica
Refere-se à mensuração da passagem do tempo decorrido em dias, meses e anos desde o
nascimento, e é um dos meios mais usuais e simples de se obter informações sobre uma pessoa
(Schneider and Irigaray, 2008).
A Organização Mundial de Saúde (ONU) define como população idosa a
“população com 60 e mais anos” para posteriormente, nos cálculos dos
indicadores de dependência adotarem como idosa a população 65 e mais
anos. No Conselho da Europa o conceito de população idosa utilizado nos
diversos indicadores demográficos é o conjunto de indivíduos com 65 e mais
anos. Idêntica definição é seguida pela Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE). Tendo em conta as diversidades das
situações o EUROSTAT, órgão estatístico comunitário, adotou nos indicadores
de dependência e envelhecimento, as duas definições de população idosa,
com o objetivo de facilitar as comparações internacionais.
(INE, 1999:5)
A idade cronológica refere-se somente ao número de anos decorrido desde o nascimento do
indivíduo, isto é, tem-se por base a data atual em comparação (subtraindo-se) com a data de
nascimento, e é a que consta da registo de nascimento, não podendo ser negada, presumindo a
veracidade dos dados que ali constam (Costa, 1998).
Dessa forma, a idade cronológica não poderá ser considerada um marcador preciso, pois não
são contabilizadas as variações de diferentes intensidades relacionadas com o estado de saúde,
participação e níveis de independência entre indivíduos que possuem a mesma idade (Schneider and
Irigaray, 2008).
Idade Biológica
Refere-se ao funcionamento dos sistemas vitais do organismo humano, e é definida pelas
modificações corporais e mentais que ocorrem ao longo do processo de desenvolvimento,
caracterizando, dessa forma, o processo de envelhecimento do ser humano (Schneider and Irigaray,
2008). É especialmente importante para a consideração dos problemas de saúde que afetam os
indivíduos, sendo verificável que a capacidade de auto-regulação do funcionamento desses sistemas
diminui com o tempo (Fonseca, 2006).

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Tabela 1 – Síntese das alterações biológicas do organismo humano no processo de envelhecimento


Decréscimo na mobilidade e destreza
Decréscimo nos alcances e força
Redução na acuidade sensorial:
 Decréscimo na acuidade Visual
 Decréscimo na perceção e identificação de odores
 Dificuldade na perceção dos sons puros [frequências altas]
 Decréscimo na sensibilidade táctil
 Sensibilidade térmica
Dificuldade na gestão do equilíbrio
[Fonte: Daré, 2010:65]

Idade Psicológica
Refere-se à capacidade de natureza psicológica que as pessoas utilizam para se adaptarem às
mudanças de natureza ambiental. Inclui sentimentos, cognições, motivações, memória, inteligência e
outras competências que sustentam o controlo e a auto-estima (Fonseca, 2006).
Idade Sociológica
Refere-se ao conjunto específico de papéis sociais que os indivíduos adotam relativamente a
outros membros da sociedade, à cultura, e pela história do país a que pertencem. Essa idade é
caracterizada com base em comportamentos, hábitos, estilos de relacionamento interpessoal, etc.
(Fonseca, 2006).
A idade sociológica é composta por perfomances individuais de papéis sociais, envolvendo
características, tais como vestuário, hábitos e linguagem, e o respeito social por parte de outros
indivíduos em posição de liderança. Varia de acordo com a cultura, o género, a classe social, o
transcorrer das gerações, as condições de vida e de trabalho, sendo que as desigualdades destas
condições levam a diversidades no processo de envelhecimento(Schneider & Irigaray, 2008).
As medidas de idade cronológica, biológica, psicológica e social tornam-se relevantes para a
compreensão do processo de envelhecimento, mas não para a sua determinação. A velhice, como
todas as outras fases da vida do ser humano, não possui marcadores de começo e de fim (Schneider
& Irigaray, 2008). No entanto, a idade em si não determina o envelhecimento, sendo apenas um
elemento de referência da passagem do tempo.
Portanto, a questão relativa ao envelhecimento pode ser analisada sob duas perspetivas: A
da individualidade, em que o envelhecimento está assente numa maior longevidade dos indivíduos,
consequência de um aumento da esperança média de vida; e a da demográfica, definida pelo
aumento de pessoas idosas na população total. Esse aumento é conseguido em detrimento da
população jovem e/ou em detrimento da população ativa.
Socialmente, pode-se inferir que o indivíduo é definido como idoso, através de um ritual de
transição – a passagem para a aposentação, momento em que o indivíduo deixa de ser um
trabalhador ativo, assalariado, e passa a ser inativo, sendo que muitos indivíduos a consideram como
morte social, uma vez que emerge um sentimento de inutilidade (Fontaine, 2000), apercebendo-se,

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

muitas vezes, de um rompimento abrupto das relações sociais com outros indivíduos com os quais
conviveu durante muitos anos.
Active Ageing is the process of optimizing oppurtunities for health,
participation and security, with the objective of improving life quality as
people grow age.5
(WHO, 2002:12)
A população idosa é composta, na sua grande maioria – 52,5% (Sousa et Al., 2002), por
indivíduos independentes, sendo que estes não apresentam sintomas de depressão e de diminuição
cognitiva, vivendo maioritariamente com as famílias ou mesmo sozinhos (Sousa et al., 2002). Dessa
forma, tornam-se consumidores conscientes e com um alto poder decisório relativamente aos
produtos e serviços que virão a utilizar, bem como na manutenção no seu meio habitual de vida.
Devido à descoberta de em %
29,1 28,5
um mercado de consumo
25,5
direcionado para esse público- Jovens
20,0
alvo, há uma tendência para se
16,0
considerar as suas
16,4
potencialidades, permitindo Idosos
13,7
11,4
uma associação entre o 9,7
8,0
aumento da esperança de vida
e a boa qualidade dessa mesma 1960 1970 1980 1990 2000

vida, com a autonomia e Ilustração 3 - Evolução da proporção da população idosa, Portugal 1960-2000.
O grupo de jovens representava 29,1% do total da população, em
integração/participação na 1960, vindo a reduzir a sua posição para 16% em 2000.
Simultaneamente, o grupo de idosos não deixou de crescer,
família e na sociedade, elevando-se de 8% em 1960 para 16,4% em 2000
[Fonte: INE/DECP, Estimativas e Recenseamento Gerais da População]
aproveitando as capacidades
individuais desses mesmos indivíduos (Ribeirinho, 2005).
2.2_O Envelhecimento em Portugal
Em Portugal, verifica-se que, desde 2000, o grupo de idosos tem vindo a aumentar em
relação ao grupo de jovens, sendo possível que, entre 2010 e 2015, venha mesmo a ultrapassar a
percentagem da população jovem (INE, 1999a, INE, 1999b).
Esse fenómeno tem-se revelado, não só consistente a partir dos anos 60, mas também tem
sido um processo crescente das projeções demográficas do Instituto Nacional de Estatísticas (INE). A
população idosa irá duplicar a sua proporção no total da população entre 2000 e 2050, atingindo os
quase 23% (CEDRU & BCG, 2008).

5
O Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo
de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas (tradução livre).

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Segundo os resultados
Portugal 19,8
39,8
provisórios do Censo 2011, divulgados
Norte 17,1
37,0
pelo INE, houve um aumento do % Pop. com 65 ou mais
20,1
Centro 42,9 anos que vive sozinha
fenómeno do duplo envelhecimento,
Lisboa 22,3
40,1
caracterizado pelo aumento da
21,9 % Pop. com 65 ou mais
Alentejo 43,5
anos que vive com
população idosa e pela redução da 20,7 individuos com 65 ou
Algarve 41,2 mais anos
população jovem. Os resultados 17,0
RAA dos Açores 30,1
mostram que 15% da população 19,1
RAA da Madeira 26,9
residente em Portugal se encontra no
grupo etário mais jovem (0-14 anos) e Ilustração 5 - Percentagem da população idosa que vive sozinha ou
com indivíduos com 65 ou mais anos, por NUTS II, em 2011
cerca de 19% pertence ao grupo mais [Fonte: INE, 2011:2]
idosas, com 65 ou mais anos de idade.
O índice de envelhecimento da população é de 129 idosos por cada 100 jovens (INE, 2011).
Segundo o estudo encomendado e financiado pela Fundação Aga Khan, a população sénior
portuguesa, de uma forma geral, esboça uma considerável autonomia, na medida que não precisa de
apoios para a realização das suas tarefas (CEDRU & BCG, 2008).
Na última década, o número de idosos a viver sozinhos ou a residir exclusivamente com
outros indivíduos com mais de 65 anos aumentou em cerca de 28% (INE, 2011).
A população sénior portuguesa que tem rendimentos mais elevados pratica atividades de
voluntariado durante os seus tempos livres, frequenta bibliotecas, estuda, utiliza a internet, pratica
hobbies, atividades desportivas, participa de eventos culturais e é membro de associações
recreativas, (CEDRU & BCG, 2008).
A realização das tarefas domésticas na sua generalidade (preparar refeições, efetuar a
limpeza e fazer as compras) continua a ser da competência da mulher; a frequência com que os
indivíduos do género masculino realizam essas tarefas é ainda muito pequena (CDRU & BCG, 2008).
Os seniores que têm uma situação laboral estão compreendidos entre os 55 e os 64 anos,
visto que a partir dos 65 anos
ocorre a transição para a
31,8%
aposentação. É nesse grupo 29,2%

que se regista uma situação


17,1%
financeira mais favorável,
15,6%
sendo que os indivíduos cujo 13,1%

8,0% Jovens
vínculo de trabalho é Idosos

precário ou estão 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

desempregados são mais Ilustração 4 - Proporção de população jovem (<15 anos) e idosa (>65 anos),
1960-2050 (%)
[Fonte: CEDRU & BCG, 2008: 13]

18
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

vulneráveis em termos socioeconómicos (CDRU & BCG, 2008).


Segundo o estudo da Fundação Aga Khan, regista-se uma correlação entre rendimentos
financeiros e a situação perante ao trabalho em caso de reformados. As maiorias dos seniores com
receitas médias mensais totais mais elevadas encontram-se em situação de reforma ativa.
2.3_Ambientes construídos para indivíduos idosos
O ambiente construído é um todo, devendo atender a todos os segmentos da população que,
em algum período do seu ciclo de vida, serão lentos nos seus movimentos; terão um maior tempo de
reação; e tendem a processar as informações de diferentes formas. Esses indivíduos não irão ocupar
habitações projetadas para as suas habilidades específicas.
Com o aumento do número de indivíduos a viverem em famílias unifamiliares, emergiram as
questões relativas sobre as condições que devem ser oferecidas nas habitações, para a manutenção
das tendências de vida cada vez mais autónomas e integradas na sociedade.
A vida do ser humano é constituída de tarefas quotidianas, que sofrem alterações em todo o
seu ciclo, mesmo face às relacionadas com as capacidades funcionais.
A capacidade funcional está relacionada com a autonomia na execução das tarefas práticas
frequentes e necessárias a qualquer ser humano, sendo que a dependência funcional surge quando
há necessidade do auxílio de terceiros para execução dessas mesmas tarefas.
A manutenção da independência, definida como uma condição de quem recorre aos seus
próprios meios para a satisfação de suas necessidades, é uma das prioridades do indivíduo idoso.
Essa manutenção depende do grau funcional do indivíduo frente as AVD’s e as AIVD’s, sendo que
essa conjugação possibilita ao indivíduo uma vida independente.
Devido ao processo de envelhecimento, há uma maior expetativa na melhoria da qualidade de vida,
associada à promoção da independência, sem contudo haver um comprometimento em relação ao
conforto, ao sentido estético e à segurança (Altman, 2002).
É no espaço habitacional, considerado como um espaço de dinâmica quotidiana, de que os
indivíduos se apropriam, transformando-o segundo as suas necessidades, procurando encontrar a
sua identidade e fazendo prevalecer o seu direito à privacidade e ao convívio familiar (Círico, 2001).
Segundo Bachelard (1993) é preciso reconhecer o modo pelo qual os indivíduos “habitam” o
seu espaço vital em consonância com todas as dialéticas da vida, como se enraízam, dia-a-dia, num
“canto do mundo”.
Com o avanço da idade e, consequentemente, as alterações biológicas, o tempo de
permanência e uso das habitações torna-se cada vez mais intenso, como também a necessidade do
convívio social, ao qual esses indivíduos estão habituados, privilegiando a manutenção dos indivíduos
nas suas próprias habitações. O ambiente doméstico deve privilegiar o sentido de autosuficiência e
autoestima; motivar e colaborar com o grau de competência dos indivíduos no uso do ambiente;

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

evitar os riscos de ocorrência de acidentes e incidentes, bem como a severidade das suas
consequências (Daré, 2010).
As questões referentes à habitação emergem como fatores condicionantes das situações de
dificuldades encontradas no quotidiano, reforçando o sentido de isolamento social (Quaresma &
Pitaud, 2004).
O habitat, o nosso “canto”, ao mesmo tempo que é, para com os mais velhos,
o mundo que não se quer perder, símbolo de uma história num lugar, pode
ser um lugar de riscos, sinal de desigualdades que marcam o tempo e o
espaço de uma vida.
(Quaresma & Pitaud, 2004:43)
Segundo Quaresma (2005), o habitar, ao nível de alojamento, é consagrado pela delimitação
construída de um espaço que permita aos indivíduos o desempenho das tarefas relativas ao
quotidiano doméstico, individualmente ou num grupo familiar, com facilidade, flexibilidade e
liberdade, mediante as transformações inerentes ao envelhecimento biológico, salientando-se as
possibilidades de:
• Desempenhar as suas necessidades sanitárias, tanto ao nível da higiene pessoal, como ao
nível da saúde ambiental;
• Assegurar uma recuperação energética pessoal, física, anímica, pela alimentação e pelo
repouso;
• Estabelecer o relacionamento social;
• Assegurar o aprovisionamento de bens e de consumo privado.

Segundo um estudo desenvolvido pela Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito do Plano


Gerontológico Municipal (2008), cerca de 48% dos indivíduos inquiridos residem há mais de 30 anos
na mesma residência, sendo que o espaço habitacional é o fator determinante na detenção da
mobilidade e autonomia.
A acessibilidade através de degraus à entrada dos edifícios é uma característica arquitetónica
determinante na limitação funcional/social, configurando-se numa barreira arquitetónica e
empurrando esses indivíduos para um isolamento social (CML, 2008).
Em relação às características dos alojamentos, este estudo revela que 49% apresentam uma
tipologia com no máximo 3 (três) divisões, sendo que os indivíduos que aí residem manifestam
vontade de fazer obras (CML, 2008).
Em relação ao conforto ambiental, 23% dos alojamentos não possuem aquecimento central, por
residirem em fogos municipais e arrendados. Esse tipo de aquecimento aparece nas casas próprias e
nas residências/lares, sendo que o tipo de aquecimento mais utilizado é o móvel (CML, 2008).

20
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

100%

90%

80% Nenhum

70% Aparelhos fixos

60% Aparelhos móveis

50%
Recuperador de calor

40%
Lareira

30%
Aquecimento central

20%

10%

0%
Casa Arrendada Casa de Familiares Casa Municipal Casa Própria Lar Residencial Outra

Ilustração 6 - Distribuição dos tipos de aquecimento por residência


[Fonte: Câmara Municipal de Lisboa/Plano Gerontológico Municipal, 2008]

No entanto, esse estudo vem revelar que os inquiridos apresentam um nível de satisfação
que ronda os 80%, sendo que a localização dos alojamentos representa um nível de satisfação mais
alto (91%). Em relação ao nível de insatisfação, este está relacionado com o estado geral de
conservação, ao acesso à habitação e a área útil das divisões (CML, 2008).

100%

90%

80%

70%
SATISFATÓRIO
60%

INSATISFATÓRIO
50%

40%

30%

20%

10%

0%
Estado geral de Distribuição do Acesso à habitação Meios de transporte Instalação sanitária Áreas das divisões Luminosidade Localização da TOTAL
conservação espaço completa habitação

Ilustração 7 - Classificação face às necessidades


[Fonte: Câmara Municipal de Lisboa/Plano Gerontológico Municipal, 2008]

2.3.1_Estudo de Casos
A residência assistida é uma tipologia que surge como consequência da alteração da
tradicional visão global sobre a velhice. Acontece um desdobramento da chamada “terceira idade”
em duas etapas diferenciadas. Em primeiro lugar, um período que coincide com a saída da vida ativa

21
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

para passar à aposentação, estabelecida aos 65 anos nos países ocidentais, e cujas características
seriam as de uma plena independência e autonomia e, em segundo lugar, a que poderia designar-se
como “quarta idade”, que abrangeria as pessoas com um maior grau de dependência para a
realização das tarefas diárias (Montoya, 2009).
As residências assistidas encontram-se inseridas em ambiente urbano, fortalecendo a
integração dos seus residentes na cidade, numa perspetiva de familiaridade com a envolvente e com
os hábitos dos indivíduos (Montoya, 2009). São promovidas por grandes grupos económicos e de
saúde, e é uma tentativa de aproximação à imagem de qualquer condomínio de alto nível da cidade,
retirando os vestígios que possam associá-la à arquitetura hospitalar (Montoya, 2009).
Aproveitando esse nicho de mercado emergente, surgiram complexos e edifícios que tentam
seguir o princípio de melhoria das habitações, no intuito de criar condições favoráveis no objetivo da
manutenção na sua própria casa por mais tempo possível, até o fim da vida, privilegiando, dessa
forma, um envelhecimento ativo.
A opção pela análise de edifícios não habitacionais deveu-se à impossibilidade de
identificação, em Portugal, de edifícios habitacionais exemplares em relação à acessibilidade de
todos os utilizadores, independentemente das características impostas ao longo do ciclo de vida.
A escolha dos casos a serem estudados não constitui em si um “modelo” a imitar, e foram
definidas numa amostragem das residências assistidas existentes, destinadas na sua maioria a um
grupo de indivíduos que possuem reformas mais elevadas – J. Mello Residências e Serviços e Casas
da Cidade.
A Aldeia Lar São José de Alcalar é destinada a idosos de uma região desertificada, com uma
população maioritariamente idosa, onde se verifica uma desertificação do lugar pelos mais jovens,
devido à falta de emprego. Essa população é constituída maioritariamente por uma população ligada
à agricultura, e com baixos valores de reforma.
O Condomínio Pari I, no Brasil, apresenta-se como uma tipologia habitacional, onde os
indivíduos idosos alugam os apartamentos, sendo que a sua principal característica é não ser
promovido por grupos económicos e de saúde, mas sim pela Prefeitura da Cidade de São Paulo, e ser
direcionado a uma população de rendimento baixo, isto é, indivíduos que, na sua reforma, recebam
até 3 salários mínimos nacionais6.
Não houve, no entanto, intenção de promover uma análise de aspetos geográficos e
culturais, mas apenas de uma observação direta das condições de iluminação – natural e artificial,
com a identificação da forma como se desenvolveu o lighting design, visto que todos os casos
estudados foram desenvolvidos de raiz e direcionados a indivíduos idosos.

6
Valor do atual Salário Mínimo no Brasil: R$ 545,00 que equivale a € 240,00
[Fonte: http://www.mte.gov.br/sal_min/default.asp]

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

1_DOMUS VIDA
Parede, Portugal
Promotor: Grupo José de Mello Residências e Serviços
Projeto: FV Arquitectos

Ilustração 8 – Fachada Domus Vida


[Fonte: Fotografia de FV+SG|Fotografia de Arquitectura]

O Grupo José de Mello, com alguma tradição nos equipamentos de saúde privados,
desenvolveu o conceito das residências assistidas DomusVida numa solução direcionada para o setor
sénior, com um novo modus vivendi que pudesse
opor-se ao ambiente habitual nesse tipo de
instituição. O conforto da casa associa-se à
comodidade dos serviços de hotelaria, à segurança e
aos cuidados de saúde permanentes.
Dispõe de 3 (três) Residências Assistidas
(DomusVida), na área da grande Lisboa, situadas na
Junqueira, no Parque das Nações (Lisboa) e na
Parede.
O projeto das edificações, desenvolvido pelo
Gabinete Frederico Valsassina Arquitectos, Lda, foi
Ilustração 9 - Planta e fachada
desenvolvido de raíz, com base no modelo americano [Fonte: Fotografia de FV+SG|Fotografia
de Arquitetura]
de cuidados continuados, tendo sido consultada a
documentação existente e efetuadas visitas às unidades de características diferenciadas.
A característica principal é a localização estratégica nas zonas mais valorizadas da cidade,
orientadas a um público de alto nível aquisitivo (Montoya, 2009).
A sua configuração arquitetónica assemelha-se aos edifícios que lhe são adjacentes,
transportando a ideia de que é mais um edifício residencial, procurando afastar-se da conotação de
clínica (Montoya, 2009).
A partir de uma análise detalhada das características físicas e sensoriais que tendem a
alterar-se no processo de envelhecimento, houve uma limitação do desenho dos espaços interiores,
revelando-se, dessa forma, uma constante preocupação relativa aos indivíduos idosos e ao ambiente
onde se inserem. Tem como resultado uma limitação no design espacial e de iluminação; no controlo
da luz natural; no tratamento da textura e da cor em acabamentos e revestimentos, facilitando a
perceção e orientação dos indivíduos nos seus interiores.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A edificação da Domus Parede está inserida num contexto urbano, tendo a sua fachada
principal orientada a sul, adjacente à estrada marginal, com um fluxo intenso de trânsito, e frente
para o mar.
Houve um controlo da luz natural incidente diretamente nos apartamentos e no controlo
térmico, principalmente nos 3 a 4 meses mais intensos do verão. Esse controlo foi conseguido
através das varandas, que têm 1,50m de profundidade, e pelos painéis de ensombramento
perpendiculares às fachadas. Esses painéis permitem o controlo da quantidade de luz que passa para
o segundo plano – dos vidros, e através dos cortinados -, feito ao gosto do utilizador. Ocorre, dessa
forma, uma difusão da luminosidade, sendo que esses foram os principais elementos tratados para
evitar o constrangimento que a luz excessiva poderia causar aos utilizadores.

Ilustração 10 - Detalhe dos vãos que permitem a entrada da luz natural e dos painéis
perpendiculares que fazem o seu controlo.
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Na área comum e de acesso aos espaços habitacionais


– os apartamentos -, uma claraboia é o elemento facilitador
da entrada e difusão da luz natural dentro do edifício, criando
o jogo de luzes e sombras, demarcando o espaço público e o
privado.
Quanto ao lighting design nos interiores dos
apartamentos, optou-se por uma iluminação geral. Existe uma
iluminação de presença, localizada a saída do quarto, que
evita que os utilizadores se sintam desorientados à noite,
quando se levantam, guiando-os até aos interruptores. A
quantidade de luz emitida por essa fonte de luz é
Ilustração 11 – Detalhe da incidência da
insignificante, mas permite a perceção do espaço circundante, luz natural no apartamento voltado a sul
[Fotografia: Ana Cristina Daré]
a orientação e a mobilidade do indivíduo.
Foi instalado um candeeiro junto à cama como luz pontual, controlada pelo utilizador,
atuando como luz de leitura. A opção pela fixação do candeeiro à parede foi preventiva contra
possíveis quedas ou até uma deficiente manipulação pelo utilizador, com riscos de queimadura.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 12 – Detalhes do pátio interior com iluminação natural, através da clarabóia, e o


sistema de iluminação artificial utilizado
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

No hall de entrada, instalações sanitárias e varandas, foram aplicados aparelhos de teto


embutidos. Nas áreas comuns, recorreu-se a apliques (nos corredores) e candeeiros de mesa (nas
zonas de estar), proporcionando, dessa forma, uma iluminação direta e indireta, como a utilizada a
nível residencial. Na biblioteca, foram aplicados pontos de luz
ténue, principalmente nos planos de trabalho.
O gabinete americano James Posey Associates7
determinou o nível de iluminação a ser utilizado, recorrendo a
sancas, para que fosse evitada a observação direta da fonte de
luz. Cria-se, deste modo, uma iluminação indireta, difusa, e
refletida nos tetos e nas paredes. Os tetos foram pintados em
branco, para permitir uma melhor difusão da luz no ambiente.
Segundo o Eng. João Pereira do Grupo EACE8,
responsáveis pelo projeto de lighting design, a iluminação
indireta é mais confortável do que a iluminação direta,
Ilustração 13 – Localização do minimizando os efeitos de potenciais encandeamentos devendo,
sistema de iluminação de presença
[Fotografia: Ana Cristina no entanto, ser harmoniosamente associada com a luz natural.
Darè]
Foram considerados níveis de iluminação diferenciados, em função da utilização dos ambientes,
garantindo a identificação e a hierarquização de determinadas zonas.

7
JAMES POSEY ASSOCIATES é uma empresa de engenharia que desenvolve projetos mecânica e elétrica, tendo uma
experiência na área da saúde. [Fonte: http://www.jamesposey.com/]
8
Grupo EACE é um grupo de 9 empresas, inicialmente ligado exclusivamente à elaboração de projetos de instalações
elétricas gerais, de Telecomunicações, de Segurança Integrada e Instalações de Climatização e Ventilação (AVAC). Hoje o
seu âmbito de intervenção alarga-se a outras áreas, nomeadamente de Instalações Mecânicas (elevadores, tapetes e
escadas rolantes e transportadores de bagagens), Higiene e Segurança no Trabalho, Sistemas de Gestão Técnica
Centralizada, Gases Medicinais e Gás Combustível, numa perspetiva de fornebetãode serviços que abarquem todas as áreas
de Projeto, à luz de uma conceção integrada no domínio das instalações especiais [Fonte: http://www.eace.pt/]

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 14 – Detalhe luminária de parede próxima a cama


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Nas entradas dos apartamentos, a luz é mais intensa, facilitando a procura da chave; nos
respectivos interiores, recorreu-se a uma iluminação não uniforme, criando jogos de claro/escuro,
atuando como um estímulo para uma melhor perceção dos espaços.
Houve uma rigorosa seleção dos materiais de revestimento, particularmente nas diferentes
texturas e padrões utilizados, procurando não causar qualquer ilusão de ótica, o que permite uma
adequada orientação em relação aos percursos existentes, principalmente pela utilização de uma
faixa constrastante aplicada junto à parede.
A iluminação foi determinante, no intuito de proporcionar uma melhor restituição das cores
e na produção de contrastes que compensassem a normal redução da acuidade visual nestes
indivíduos. A exigência principal neste projeto foi conseguir, através da iluminação – natural e
artificial - , a transmissão da sensação de conforto ambiental, de segurança, e a aproximação ao
ambiente doméstico que estes indivíduos privilegiam.

Ilustração 15 – Detalhe da iluminação indireta dos corredores e


da iluminação da porta de acesso aos apartamentos
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

26
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 16 – Detalhe da iluminação utilizada nos corredores, receção e biblioteca


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Ilustração 17 – Detalhe das texturas utilizadas nas escadas conseguida pela aplicação de pedra, e
madeira e alcatifa nas paredes, degraus e pavimentos.
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Ilustração 18 – Detalhe da iluminação das áreas comuns dos andares através de


candeeiros de mesa e luminárias de parede
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

2_CASAS DA CIDADE
Lisboa, Portugal
Promotor: Gruppo Espírito Santo Saúde
Projeto: Risco

Ilustração 19 – Fachada Casas da Cidade


[Fotografia: http://www.casasdacidade.pt/index.aspx?showImageBankId=34]

A unidade Casas da Cidade – Residência Sénior é uma residencial vocacionada para


indivíduos com 65 ou mais anos, independentes, e projetada para proporcionar conforto,
privacidade, segurança e o convívio entre amigos.
Esta unidade pertence ao Complexo de Saúde da Luz, composto por um hospital com 99
quartos; uma residência médica com 94 quartos e por 118 apartamentos para seniores. Encontra-se
inserida num contexto urbano, numa zona de passagem composta pela 2ª Circular e pela Radial da
Pontinha, com fluxo intenso de trânsito.

APARTAMENTO Sala/Quarto APARTAMENTO Sala APARTAMENTO Sala


Kitchenette Quarto Quartos

T0 Hall/Corredor
Casa de Banho
T1 Kitchenette
Hall/Corredor
Casa de Banho
T2 Kitchenette
Hall/Corredor
Casa de Banho

Ilustração 20 – Planta das tipologias T0, T1 e T2


[Fonte: http://www.casasdacidade.pt/index.aspx?showArtigoId=5386]

O projeto foi desenvolvido pelo Gabinete Risco9 e contou com o apoio do gabinete Pinearq10,
de Barcelona, especialista nesse tipo de equipamento (Montoya, 2009).
A característica principal desse projeto deve-se à sua organização programática, sendo
pioneiro em Portugal na junção de um hospital privado com uma residência sénior num mesmo
complexo, apesar de ser composta por edificações separadas. Esta disposição permite aos seus
residentes dispor de todo o conforto da privacidade de uma casa, aliada à proximidade de uma
unidade de saúde de que podem vir a precisar (Montoya, 2009).
Por esse contexto especial, e por se tratar de indivíduos idosos, houve a necessidade de o
implantar no terreno com os edifícios orientados para dentro, isto é, para os pátios interiores. A

9
O RISCO é um ateliê de arquitectura e desenho urbano sediado em Lisboa e liderado por Tomás Salgado, Nuno Lourenço,
Carlos Cruz e Jorge Estriga.
10
PINEARQ é uma empresa profissional com experiência no desenvolvimento de projetos de Hospitais, Residências, Centros
de Investigação, Laboratórios, Centros de Educação e Mercados, com uma capacidade profissional e uma projeção
internacional em países do sul da Europa e da América Latina e, mais recentemente na Ásia.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

proximidade com o Cemitério de Benfica veio reforçar essa opção. Dessa forma, foram resolvidas as
questões referentes à visão do cemitério e o ruído devido ao fluxo de tráfego, como também
privilegiou a iluminação natural, através dos vãos rasgados ao longo do corpo edificado.

Ilustração 21 – Complexo da Luz


[Fonte: Google Maps]

As torres são viradas a sul, sendo que alguns apartamentos recebem a luz solar pela manhã e
os outros recebem a luz solar à tarde.

Ilustração 22 – Detalhe da incidência da luz natural no pátio interior


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Em toda a edificação, foi privilegiada a relação exterior/interior, bem como as entradas da luz
natural. Nos espaços de circulação e áreas de serviços de apoio e lazer, os vãos de janelas são
voltadas para o exterior, isto é, para o espaço urbano, por serem áreas comuns, enquanto os
apartamentos são virados para os pátios com jardins interiores, por serem áreas privadas.

[Fotografia : Rita Gaspar] [Fotografia : Rita Gaspar] [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Ilustração 23 – Detalhe da incidência da luz natural nas áreas comuns – sala de ginástica e restaurante, voltados
para o exterior e nos apartamentos voltados para o pátio interior.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Os espaços de circulação – corredores - não apresentam desníveis. Porém, pela extensão


verificada logo no primeiro piso, que muitas vezes cria algum transtorno, foram criados zonas de
estar, com pé direito duplo, minimizando o incómodo causado e quebrando, dessa forma, a
linearidade desse mesmo corredor.

Ilustração 24 – Detalhe da iluminação natural e artificial nos


corredores e caixa de escada
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

No interior dos apartamentos – espaço privado –, a iluminação geral deriva de sancas com
iluminação indireta, criando sensação de conforto. A personalização desses ambientes é conseguida
pela utilização de candeeiros de mesa e de pé. Foram implantadas tomadas localizadas em
determinados pontos dos ambientes, para aplicação desse tipo de candeeiros ou para utilizar
equipamentos (computador, por exemplo) permitindo uma maior funcionalidade dentro deste
espaço.

Ilustração 25 – Detalhe da iluminação indireta utilizada nos apartamentos,


através de sancas e da localização de candeeiros de mesa.
Controlo da incidência da luz natural através de cortinados
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

O controlo da luz natural é feito pelos utilizadores através de cortinados, garantindo a


obtenção da luminosidade desejada nos ambientes. Nas instalações sanitárias, foi utilizada uma
iluminação geral, através de lâmpadas dicróicas de halogéneo embutidas em teto de pladur.

Ilustração 26 – Detalhe sistema de iluminação das casas de banho


30 [Fotografia: Ana Cristina Daré]
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Nas áreas de uso público, optou-se pela utilização de aparelhos de teto embutidos
abrangendo a generalidade das áreas de circulação, com lâmpadas fluorescentes e refletores de
baixa luminância. Esses mesmos equipamentos foram utilizados nos corredores da unidade
hospitalar.

Ilustração 27 – Detalhe do sistema de iluminação dos corredores e áreas comuns.


As aberturas desses ambientes voltados são voltadas para o exterior
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Ilustração 28 – Detalhe da iluminação utilizada na sala de ginástica e do controlo da luz


natural através de estores de rolo
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Nas zonas de estar, foram utilizados luminárias de parede para iluminação geral, e candeeiros de
mesa e de pé, para transmitir a sensação de conforto e ambientes mais acolhedores e,
consequentemente, mais familiares.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 29 – Detalhe de iluminação da área social através de candeeiros de mesa e luminárias de parede. O controlo
da luz natural é feito através de cortinados
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Houve uma criteriosa seleção dos materiais de revestimento, com o intuito de transmitir uma
sensação de calor. Segundo a Arquiteta Inês Cruz, do Gabinete Risco, responsável pelo projeto, essa
sensação foi conseguida pela utilização do tom róseo da pedra, que reveste as paredes, em
contraponto com o tom claro da madeira do piso.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

3_ALDEIA LAR DE SÃO JOSÉ DE ALCALAR


Mexiolhoeira Grande, Portugal
Promotor: Junta de Freguesia de Mexiolheira Grande
Projeto: Arquiteto Martim Afonso Pacheco Gracias

Ilustração 30 – Fachada Aldeia Lar de São José de Alcalar


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

A Aldeia Lar São José de Alcalar está localizada na Freguesia de Mexiolheira Grande,
Portimão, e foi um projeto idealizado pelo Padre Domingos Monteiro da Costa.
O modelo de aldeia lar tem por objetivo dar resposta aos idosos e ao problema de despovoamento
do interior, contribuindo para um melhor ordenamento do território, tendo por base a dignificação
dos indivíduos idosos.
O complexo conta com uma área de 20.000m2, atendendo a uma população de baixos
rendimentos, com idade cronológica de mais de 75 anos, pertencente à comunidade de Mexiolheira
Grande, cujos indivíduos não têm possibilidade de viver sozinhos em sua própria casa, não podendo
contar com o suporte dos mais jovens. A situação de solidão que se encontravam os idosos levava à
ocorrência de um alto índice de suicídios, e esse foi o principal motivo que levou à sua criação (Costa,
2001).
A implantação foi definida por edificações semicirculares, onde se localizam os 52 fogos,
articulados para que suas entradas estivessem voltadas para uma circulação comum, e abertas para
um jardim. Essa forma de implantação estimula o convívio entre os residentes.

Ilustração 31 – Vista do bloco de moradias


[Fonte: http://fotos.sapo.pt/laurindaalves/fotos/?uid=IDhjcboCv0bNJjEo1ztc#grande]

No núcleo central da Aldeia Lar, em formato de um grande “S” de Solidariedade, encontram-


se localizados os serviços comuns de apoio, tais como salões de convívio, capela, serviços
administrativos, refeitório e cozinha com despensa geral, gabinete de consulta externa e sala de
terapêutica, uma pequena biblioteca, lavandaria, cabeleireira e sala de atividades de tempos livres.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 32 - Implantação das edificações no terreno


[Fonte: http://topbrinca-online.com/upload/aldeia_sao_jose_alcalar.jpg]

No gabinete de consultas externas, os residentes contam com o apoio de um médico e uma


enfermeira, que prestam cuidados primários. Encontra-se, também, no complexo, um centro de
convívio ao ar livre com anfiteatro, minimercado e bar.
Muitos dos residentes trabalhavam na agricultura, por isso existem pequenas hortas, sendo
que as verduras colhidas são repartidas por todos, e também utilizadas na confeção das refeições na
cozinha comunitária.
As moradias têm tipologias T1 e T3. Os fogos com tipologia T1 são destinados a casais, e os
de tipologia T3 para grupos de género feminino e masculino.
Esses fogos são compostos por sala, quarto, cozinha e casa de banho. Na casa de banho,
foram aplicadas barras de apoio próximo à sanita e zona de duche.

Ilustração 33 – Tipologia habitacional


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Os residentes têm total liberdade pela opção de utilização da cozinha de sua própria
moradia, ou de participarem na confeção na cozinha comunitária e de fazerem as suas refeições no
refeitório, localizado no edifício comunitário.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 34 - implantação das moradias, voltadas para o jardim exterior


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

A implantação dos edifícios no terreno propicia a que as moradias recebam a luz natural,
sendo que o seu controlo é feito pelos utilizadores através dos estores e cortinados. Porém, não foi
trabalhada a questão relativa à iluminação artificial, tendo sido feita através de uma iluminação
geral, com pontos de luz aplicados no teto, sendo que cada residente determina a fonte de luz
adequada e a necessidade de uma iluminação complementar.
A Aldeia Lar São José de Alcalar foi inaugurada em 1995, conta com uma população de 105
indivíduos idosos, e foi determinante para a redução da taxa de suicídio.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

4_Conjunto Habitacional Pari I Armando Amadeu – Vila


dos Idosos
São Paulo, Brasil
Promotor: Secretaria Municipal de Habitação (SEHAB), São
Paulo, Brasil
Projeto: Vigliecca & Associados

Ilustração 35 - Fachada Vida dos Idosos


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

O programa Vila dos Idosos integra o programa Morar no Centro, iniciativa da Companhia
Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB), órgão responsável por responder à procura de
habitação social na cidade de São Paulo, Brasil. O empreendimento está direcionado a um dos
setores da população mais carente e tradicionalmente esquecido das políticas habitacionais: os
idosos.
Este projeto é pioneiro na cidade de São Paulo e responde às reivindicações do Grupo de
Articulação para Conquista de Moradias da Capital (GARMIC), fundado em 2001, que atua com o
Conselho Municipal do Idoso11. O plano de construir um conjunto habitacional exclusivo para idosos
existe desde 1999, mas só em 2003 um terreno foi colocado à disposição para a construção.
Segundo Vigliecca, o arquitecto responsável pelo projeto, apesar da denominação Vila dos
Idosos deixar transparecer a ideia de exclusão, “sua arquitectura procura contrapor-se a esse
preconceito, com um desenho que anseia contribuir para a cidade e que não se nega a expor-se a
ela”. No projeto foi concebido um edifício articulado por passeios horizontais que tem vistas para o
pátio interior, com corredores que não servem apenas a circulação, mas também como ruas de
convívio.

Ilustração 36 – Vista do complexo da Vila dos Idosos voltado ao pátio interior, com os acessos aos apartamentos através
de varandas/corredores e do plano das janelas
[Fotografia: Vigliecca & Associados]

11
O conselho Municipal do Idoso surgiu da necessidade que houvesse um órgão de representação dos idosos junto à
administração pública municipal. Foi criado em Setembro de 1992 e oficializado através da Lei 11.242/92. O Conselho está
atualmente vinculado à Secretaria de Participação e Parceria e à Coordenadoria do Idosos, e tem a finalidade de propor
políticas de proteção e assistência a serem prestadas aos idosos do município de São Paulo (Fonte:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/participacao_parceria/coordenadorias/idosos/noticias/index.php?p=9
61).

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A Vila dos idosos não é um “lar de idosos”, mas sim uma alternativa de moradia para pessoas
idosas de baixos rendimentos, visando a integração social e o bem-estar físico e mental, contribuindo
para que não sejam um fardo para a sua família, e, ao mesmo tempo, proporcionando uma vida mais
duradoura e agradável.
O conjunto está localizado no Pari, bairro próximo da região central da cidade de São Paulo,
vizinho da Biblioteca Pública Adelpha Figueiredo, e mostra que o conceito de baixa renda não é
incompatível com arquitetura de qualidade, sendo um exemplo de como se pode atender às
necessidades dos indivíduos de idade avançada.
A Vila dos Idosos conta com 145 fogos, com tipologia T0 e T1, distribuídos por 4 (quatro)
pisos. No rés-do-chão, encontram-se 16 (dezasseis) fogos habitacionais com tipologia T0 e 9 (nove)
fogos habitacionais com tipologia T1 vocacionados para os idosos com alguma dificuldade de
mobilidade, para além dos utilizadores de cadeiras de rodas. Nessas unidades, as casas de banho
dispõem de assento para banho, barras de apoio para sanita e espaço para circulação de cadeira de
rodas.

Ilustração 37 – Plantas das tipologias habitacionais T0 e T1


[Fonte: Vigliecca & Associados]

Ilustração 38 – Alçado do acesso aos interiores dos apartamentos e detalhe da ventilação horizontal
[Fonte: Vigliecca & Associados]

Houve uma preocupação em favorecer a ventilação natural cruzada, dotando todas as


unidades com janelas paralelas voltadas para o exterior e para as áreas de circulação.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 39 – Detalhe da ventilação horizontal dos apartamentos


[Fonte: Vigliecca & Associados]

O edifício conta com 3 acessos verticais, todos servidos por elevadores e escadas.
A edificação é composta por dois blocos de quatro pavimentos formando um L, que comunicam
entre si nas faces mais longas do retângulo.
A implantação foi definida para que a área residencial abraçasse parcialmente a biblioteca
municipal existente no topo superior esquerdo do terreno. O pátio interior que surge dessa
articulação tem como elemento principal, um espelho d’água em meio da vegetação.

Ilustração 40 – Planta da implantação da Vila dos Idosos, com detalhe da Biblioteca Pública Adelpha Figueiredo
[Fonte: Vigliecca & Associados]

O conjunto é composto de superfícies de alvenaria pintada de cor branca intercaladas pelas


faixas escuras correspondentes às janelas.

[Fotografia: Ana Cristina Daré] [Fotografia: Vigliecca & Associados]


Ilustração 41 – Vista do pátio interior da varanda/corredor e o detalhe da alvenaria branca intercalada com faixas
escuras das janelas

38
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A organização dos fogos habitacionais foi articulada para que as entradas estivessem
voltadas para as circulações comuns, abertas para o pátio interior, compatibilizando a orientação
dentro do condomínio, a difusão da insolação nos interiores, melhorando as condições de
acessibilidade dos portadores de limitação física e do convívio. O ritmo da edificação, nesta parte, é
orientado para o pátio central interior e é determinado pela modulação das colunas cilíndricas.

Ilustração 42 – Vista das varandas que permitem o acesso aos apartamentos e modulação das colunas cilíndricas
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

No exterior, na lateral esquerda da entrada, há um campo de Boccia12 e espaço para horta


comunitária, visando atender as estratégias alternativas de sobrevivência dos residentes.

Ilustração 43 – Vista do campo de Boccia e da horta comunitário, tendo ao fundo o volume da caixa d’água
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Considerando as condições económicas dos residentes e as consequentes limitações


orçamentais, os materiais utilizados privilegiam a alta durabilidade e escassa necessidade de
manutenção. Por isso, foi estabelecido a simplificação dos acabamentos, com laje de betão armado
aparente, eliminando os revestimentos das paredes e pavimentos. Porém, os moradores têm vindo a
aplicar revestimentos cerâmicos, em alternativa ao revestimento disponibilizado inicialmente,
personalizando, desta forma, o espaço privado.

12
Boccia – é um desporto jogado por duas pessoas ou equipes, que consiste no lançamento de boccias (bolas), sendo
quatro para cada equipa (duas para cada pessoa), e situá-las o mais perto possível de um bolim (bola pequena),
previamente lançado.

39
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 44 – Detalhe do ponto de luz central no teto e da incidência da luz natural no interior das unidades
[Fotografia: Vigliecca & Associados]

Por se tratar de um empreendimento para uma população idosa e de baixos rendimentos,


não houve uma preocupação quanto ao lighting design, prevendo-se que cada morador aplique a
iluminação adequada ao seu estilo de vida.
O controlo da quantidade de luz natural é feito pelos utilizadores através de cortinados e
estores, permitindo a difusão da luminosidade nos interiores.

Ilustração 45 – Detalhe do interior de um apartamento


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Nos corredores e demais áreas de convívio, foram aplicadas luminárias com lâmpadas
fluorescentes tubulares.

Ilustração 46 – Detalhe da iluminação utilizada nos corredores e nas áreas comuns do condomínio
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

O objetivo do projeto é promover a comunicação visual entre a vizinhança dentro do


conjunto e a integração destes indivíduos em toda a malha urbana.

Tabela 2 – Quadro síntese dos parâmetros verificados nos casos de estudo analisados
CASOS DE ESTUDO Lighting Iluminação Textura e cor Perceção e
design natural e seu orientação no
controlo espaço
DOMUS VIDA
CASAS DA CIDADE
ALDEIA LAR DE SÃO JOSÉ DE ALCALAR
VILA DOS IDOSOS

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

2.4_DISCUSSÃO
Da análise feita ao estudo de caso apresentado, verificou-se que não houve uma
preocupação ao nível do desenvolvimento do projeto arquitetónico em relação ao lighting design
nos interiores. O foco principal favorecido pelos arquitetos prende-se com o fator estético das
edificações.
A iluminação natural surge como um elemento importante para a iluminação dos espaços
interiores, sobretudo em cumprimento da legislação em vigor.
Tem que se reconhecer que, no que se refere à arquitetura, poucos profissionais se
preocupam com as questões referentes ao Conforto Ambiental e a Iluminação. É frequente verificar-
se que, em projetos totalmente “concebidos” e detalhados, a iluminação aparece no fim, quase
como um complemento, um acessório (Vianna and Gonçalves, 2001).
Segundo Vianna (2001), a iluminação deve13 ser concebida juntamente com o projeto e não a
posteriori, pelo facto de que este é um elemento essencial na caraterização do próprio espaço
(função – forma – cor).
Nos projetos arquitetónicos, a iluminação restringe-se a um ponto central de luz, localizado
no teto, ou pontos de luz localizados nas paredes, e de tomadas distribuídas pelos ambientes, porém,
sem um critério em relação à sua utilização, e muitas vezes insuficientes. O mesmo ocorre em
relação à ausência de preocupação com a temperatura de cor atribuída às lâmpadas utilizadas nos
ambientes.
Numa análise mais aprofundada, verifica-se que os princípios que ordenam as soluções de
iluminação são quase totalmente aleatórios, não tendo conhecimentos mais precisos, tanto a nível
tecnológico, como económico, e principalmente o uso da iluminação como um instrumento para
conceção do espaço (Vianna and Gonçalves, 2001).
Dessa forma, surgem soluções não funcionais e economicamente inviáveis, pois apresentam
um alto custo de instalação e de manutenção, e de baixa eficiência energética (Vianna and
Gonçalves, 2001).
O idoso é o grupo que mais tempo dispõe para usufruir da habitação e da cidade, mas estas
são desenhadas para um adulto médio em idade ativa (Montoya, 2009).
Segundo o arquiteto Eduardo Frank (apud Montoya, 2009: 10), não devemos limitar-nos a
pensar em tudo aquilo que a pessoa já não pode fazer; há muito que ainda pode fazer e é
recomendável que o faça. As respostas arquitetónicas podem orientar-se no sentido de acentuar e
estimular as aptidões que ainda possui o indivíduo, gerar espaços que lhe permitam, de um modo
“seguro” pôr em jogo todas suas capacidades.
O critério para a apresentação dos casos estudados não foi aleatório. Todos os quatro casos –
Domus Vida, Casas da Cidade, Aldeia Lar São José de Alacalar e Vila dos Idosos – têm em comum o
13
Sublinhado do autor.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

facto de os projetos terem sido desenvolvidos de raiz, tendo como público-alvo os idosos, e tendo
como argumento de comercialização o distanciamento do modelo Lar de Idosos conotado com uma
componente pouco confortável, valorizando a intimidade de seus utilizadores e o maior contacto
possível com seus amigos e familiares (Montoya, 2009).
A Domus Vida foi o modelo no qual houve uma maior preocupação em relação às questões
da iluminação – natural e artificial, e ao seu controlo. Os parâmetros utilizados foram os que constam
no documento Electrical System Issues for Older Adults, produzido pelo escritório de consultoria em
engenharia James Posey Associates, Inc, dos Estado Unidos da América.
Na unidade Casas da Cidade, a iluminação nos corredores, receção e outras áreas de
utilização pública, foi a mesma utilizada na unidade hospitalar anexa – Hospital da Luz. Nos
apartamentos, houve uma preocupação com a aproximação a unidades habitacionais, sendo
utilizada a iluminação geral com luminárias embutidas no teto complementada com iluminação
indireta através de sancas. No intuito de uma personalização pelos residentes, previu-se a utilização
de candeeiros de mesa e de pé. Por isso, foram instaladas tomadas nas paredes, como previsto pela
Designer Filipa Lacerda, no seu projeto. No espaço da cozinha, foi aplicada iluminação embaixo dos
armários superiores, produzindo, dessa forma, uma iluminação sobre a bancada, o que auxilia nas
tarefas a serem executadas. Nas áreas comuns de estar, foi utilizada a iluminação indireta através de
apliques e candeeiros de mesa e pé.
Nos modelos que têm como público-alvo o idoso com baixos rendimentos, não houve
qualquer preocupação em pensar a iluminação, restringindo a iluminação geral conseguida através
de um ponto de luz no teto dos ambientes, e tomadas para aplicação de candeeiros, ao gosto do
residente. No entanto, o número de tomadas existentes não atende à totalidade das necessidades
desses indivíduos, recorrendo-se a utilização de extensões. No caso do modelo Vila dos Idosos, no
Brasil, a iluminação foi atribuída de acordo com o que consta na legislação vigente no Brasil14, apesar
de este ter sido um projeto premiado.

2.5_REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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14
NBR 5413: Iluminância de Interiores. Available: http://www.labcon.ufsc.br/anexos/13.pdf [Acessed July 18th, 2011].

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Capítulo III
3. VISÃO E ENVELHECIMENTO
3.1_INTRODUÇÃO
A questão não é o que você olha, mas o que você vê.
(Henry David Thoureau apud Brandston, 2010: III)

Dos cinco sentidos, o ser humano depende conscientemente da visão, sendo


predominantemente visual. Através da visão, há uma perceção do mundo e acesso a muito mais
informações, que são espacialmente detalhadas e especificadas, do que através dos sistemas
sensoriais da audição, olfato, paladar e tato (Tuan, 1980).
A visão é uma parte do sistema visual, que tem no olho o órgão recetor da luz, não sendo
este, no entanto, o responsável pelo processamento das imagens no cérebro. Nesse sistema, os
olhos e o cérebro estão continuamente a processar informações até que estas atinjam a perceção
pelos indivíduos, isto é, na presença de luz, os raios passam pela abertura da pupila, pelo cristalino e
pelo interior do globo ocular, convergindo na retina, onde sensores nervosos específicos são
estimulados. No entanto, a luz que é visível aos olhos humanos ocupa somente uma faixa muito
estreita do espetro eletromagnético, que varia entre 350nm15 [violeta] a 770nm [alaranjado] (Tuan,
1980).

15 -9
1nm = 10 m

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

infravermelhos
Raios cósmicos

Raios de radar

televisão e de
descarga com

transocênica
ultravioletas

Microondas
LUZ VISÍVEL
Raios gama

Raios com

Ondas de

Radiação
Raios X

faíscas
Raios

Raios

rádio
Vermelho
Amarelo

Laranja
Violeta

Verde
Roxo

Azul

400 430 460 500 535 570 590 610 800nm

Ilustração 47 - Espetro electromagnético. Autor


[Fonte: MUGA, 2006:34]

Ao abrir os olhos, entramos num mundo particular de cores, texturas, formas e


movimento.
(Brandston, 2010:28)

A estrutura e o processamento da visão são complexos: ajustam constantemente a


quantidade de luz que deixam entrar; focam os objetos próximos e distantes; geram imagens
contínuas que instantaneamente são transmitidas ao cérebro (Mendes, 2009).
Todo o conhecimento humano relativo a medidas de grandeza, do micro ao macro (volume,
comprimento, área, peso, distância, velocidade, intensidade luminosa, cor, etc.), tem a sua origem na
perceção visual (Pedrosa, 1977).
O sistema visual utiliza muito mais fontes de informação do que as que são processadas pelo
olho, incluindo o conhecimento acumulado por experiência prévias e usualmente relacionadas com
os outros sentidos (Brandston, 2010).
O sentido da visão é o responsável pelo processamento de cerca de 80% das informações
recebidas pelo corpo humano (Hopkison, 1963), sendo que o ato de ver é o resultado de três ações
distintas: óticas, químicas e nervosas.
A luz proveniente do meio externo que alcança a retina faz parte do sistema ótico
propriamente dito; a sensibilização da retina faz-se quimicamente, e a luz, convertida em impulsos
bioelétricos, é transportada através do nervo ótico até o córtex cerebral (Maio & Dutra, 2008).
A função ótica é a que ocorre, por exemplo, no processo de formação da imagem numa
câmara escura, quando os raios luminosos provenientes de uma fonte atingem um objeto, refletindo
uma parte em todas as direções; uma certa quantidade desses raios entra na abertura da câmara e
forma uma imagem invertida desse objeto sobre a parede do fundo. O olho humano também
funciona nessa lógica: captura certa quantidade de raios sobre uma superfície e concentra-os num
único ponto (Maio & Dutra, 2008).

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Nas reações químicas, encontramos as imagens retinianas, produzidas na retina (membrana


que reveste o fundo do olho), que são projeções óticas sobre o fundo do olho, tratadas pelo sistema
químico retiniano, transformando-as em informações de outra natureza. Essas imagens não são
vistas, sendo um dos estágios do processamento da luz (Maio & Dutra, 2008).
A função nervosa é um estágio do processamento da informação. Os recetores retinianos
estão ligados às células nervosas através de sinapses16. Essas células estão ligadas, por sua vez, a
outras que constituem o nervo ótico. O nervo ótico conecta-se com o cérebro pela região lateral,
denominada articulação, de onde partem conexões em direção à sua parte posterior, até o córtex
(Maio & Dutra, 2008).
3.2_FISIOLOGIA DA VISÃO
O órgão responsável pela captação da informação luminosa/visual e da transformação em
impulsos a serem descodificados pelo sistema nervoso é o olho.
É um órgão altamente especializado e delicadamente coordenado, tendo sido mais
tardiamente desenvolvido no ser humano, sendo que cada uma das estruturas que o compõem
desempenha um papel específico na transformação da luz, transformando-a no sentido da visão
(Rocha, 2004). De forma simplificada, os olhos são formados pela córnea, íris, pupila, cristalino,
retina, esclera e nervo ótico.
A primeira estrutura do olho atingida pela luz é a Córnea, que é constituída por cinco
camadas de tecido transparente e resistente. A camada mais externa – epitélio – possui uma
capacidade regenerativa muito grande e recupera rapidamente de lesões superficiais. As quatro
camadas seguintes, mais internas, são as que proporcionam uma maior rigidez e servem de proteção
contra infeções.
Localizada atrás da córnea, a porção visível e colorida do olho é a Íris. Possui uma
musculatura radial disposta de forma a permitir o aumento e a diminuição da pupila, consoante a
receção de mais ou menos luz, existente no ambiente. Tem na Pupila a sua abertura central, através
da qual a luz passa e alcança o cristalino. Esta luz é controlada através da contração, quando há luz
em demasia, e da expansão, na presença de pouca luz.
O Cristalino é responsável pelo ajuste do foco de luz na retina, que tem a sua entrada na
pupila. Tem a capacidade de aumentar ou diminuir a sua superfície curva, ajustando às diferentes
necessidades de focagem das imagens, do infinito até o ponto mais próximo da visão. Essa
capacidade chama-se acomodação visual. A função do cristalino não é apenas a de projetar a
imagem na retina, funcionando, também, como um filtro protetor, retendo os raios luminosos de

16
Sinapse – são pontos aonde as extremidades das células se encontram com neurónios vizinhos, e esse estímulo passa de
um neurónio pelo seguinte por meio de mediadores químicos, os neurotransmissores. O contato físico realmente não
existe, pois há um espaço entre elas, denominada fenda sináptica, onde ocorre a ação dos neurotransmissores.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

ondas curtas. Dessa forma, o cristalino contribui para a diminuição das aberrações cromáticas,
através da retenção dos raios azuis e violetas (Pedrosa, 1977).
A membrana que preenche a parede interna de dois terços do olho é a Retina. A retina é
composta por 2 (duas) camadas: a camada superior, ou pigmentar, e a camada inferior, ou nervoso,
que é o desenvolvimento do nervo ótico. A retina é, portanto, uma extensão do cérebro, sendo a
responsável pela recepção da luz focalizada pelo cristalino e pela transmissão das impressões visuais
ao cérebro. O processo de sensibilização da retina pela luz é indiscutivelmente a base do fenómeno
da visão (Pedrosa, 1977).
A retina contém 4 (quatro) tipos de fotorrecetores que transformam a luz em impulsos
elétricos permitindo, dessa forma, que o cérebro os interprete como imagens (Boyce, 2003).

A Retina
Membrana limitante esclerótica
interna
Axônios corpo ciliar
Célula de Müller coróide
Célula ganglionar
retina
córnea mácula lútea
Célula amácrina
Célula bipolar fóvea
cristalino

Célula horizontal
nervo óptico

Bastonete
humor vítreo
Cone pupila
íris
Epitélio ponto cego
pigmental
da retina ligamentos

Ilustração 48 – Anatomia interna do olho humano


[Fonte: http://www.aprenda.bio.br/portal/wp-content/uploads/2013/04/Olho-04-horz.jpg]

Os 4 (quatro) tipos de fotorrecetores encontram-se agrupados em duas classes – os cones (8


milhões) e os bastonetes (120 milhões), localizados numa superfície posterior do olho, numa
depressão da retina, ou fovea centralis, caracterizada por uma cobertura mais fina do que as áreas
ao redor (Kroemer and Grandjean, 2005). Os cones estão concentrados numa pequena área central,
e espalhados em pequenas quantidades no resto da retina (Boyce, 2003). Cada fotorrecetor
comporta cerca de 4 milhões de moléculas, ricas em rodopsina, sendo capaz de absorver quanta
luminoso (Coelho, 2009). No fundo do olho, que corresponde a área central da retina, há uma
interrupção da concentração de cones e bastonetes, no denominado ponto cego, que corresponde à
localização do nervo ótico (Pedrosa, 1977).

48
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Density
(thousands/mm2)
200
= cones
= rods
150

100

50

0
100 80 60 40 20 0 20 40 60 80
nasal retina fovea temporal retina
Eccentricity (degrees)
Ilustração 49 – Distribuição dos fotorrecetores cones e bastonetes na retina. O 0º indica a posição da Fóvea Centralis
[Fonte: Boyce, 2005:51]

A função principal dos bastonetes é proporcionar a perceção de contraste, que é útil em


situações de pouca luz, para o reconhecimento e discriminação de padrões. Os bastonetes são
também utilizados para análise e deteção de movimento, bem como da visão noturna. Estas células
funcionam coletivamente como um sensível detetor de movimento e dos contrastes lumínico de
preto, branco e cinzas. Estão distribuídas uniformemente na retina e são o tipo mais abundante das
células fotossensíveis (Gallardo, 2001), não sendo, portanto, um indicativo de que a visão humana
seja dominada por eles (Boyce, 2003).
O outro tipo de células recetoras fotossensíveis da retina são os cones. Estas células
funcionam com um maior nível de luz e estão localizados na região central da retina, diretamente no
caminho da luz a partir do cristalino e são as responsáveis pela visão de cores (Gallardo, 2001).
Existem 3 (três) tipos de cones – S, M, L (comprimentos de onda curtos, longos e médios), de acordo
com a frequência de comprimento de onda ao qual são sensíveis. O grupo do cone L é sensível
prioritariamente à ação do comprimento de ondas longas, e produz a sensação do que denominamos
de vermelho, produzindo secundariamente as sensações de verde e do violeta. O grupo de cones M é
sensível ao comprimento de ondas médias, que produz, prioritariamente, a sensação do que
denominamos de verde e secundariamente às ondas que produzem as sensações do vermelho e do
violeta. O terceiro grupo, cone S, é sensível, prioritariamente, ao violeta (azul violeta) e
secundariamente é sensível ao vermelho e verde (Pedrosa, 1977). Essas células não estão
distribuídas igualmente por toda a retina, sendo que o L cone e o M cone estão concentrados na
região da Fóvea, enquanto S cone está concentrado na região exterior a Fóvea. A relação da
quantidade dos cones L, M, S distribuídos é, respetivamente, de 32:16:1 (Boyce, 2003).

49
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

= Long-wavelength cones
Relative sensitivity = Medium-wavelength cones
0.7 = Short-wavelength cones

0.6

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0
350 400 450 500 550 600 650 700 750
Wavelength (nm)

Ilustração 50 - A relação espectral dos comprimentos de onda dos L-, M-, e S- cones (Kaiser and Boynton, 1996)
[Fonte: Boyce, 2005:51]

Com os cones, torna-se possível ver os tons quentes de um pôr-do-sol; os verdes ricos da
floresta; e os azuis frios do oceano. Na retina, encontram-se, também, os cones sensível ao
comprimentos de onda vermelhos, verde e azul que detetam os milhões de cores que vemos. Cada
tipo de cone não se limita a "ver" uma cor ou outra, mas sim, as suas sobreposições, a sensibilidade
espetral, e comunicam-se uns com os outros na deteção de variados tons (Gallardo, 2001).

Ilustração 51 - Cones e Bastonetes


[Fonte: http://www.sobiologia.com.br/figuras/Fisiologiaanimal/sentido8.jpg]

A perceção diferenciada dos cones e dos bastonetes funciona como se tivéssemos uma visão
dupla. Os bastonetes são sensíveis a baixos níveis de luz, são acromáticos, não distinguem cores, mas
diferenças lumínicas e formas, e ficam mais esparsos nas laterais da retina. Os cones ocupam a área
central, por serem capazes de detetar o mundo em alto contraste, são sensíveis à luz forte e
distinguem cores (Gallardo, 2001).
Enquanto, na visão diurna, os cones realizam a principal função percebendo detalhes das
imagens situadas na parte central da retina denominada de mácula, na visão noturna, a reação

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

processa-se na retina periférica, pelos bastonetes. No entanto, os bastonetes continuam ativos


durante a visão diurna, contribuindo principalmente para a perceção de movimentos fora da parte
central, ou seja, pelos cantos dos olhos. Portanto, os objetos periféricos são detetados, primeiro,
pela ação dos bastonetes e, depois, os olhos são direcionados no campo visual e passam a focalizá-
los diretamente, para uma identificação mais precisa, pela ação dos cones (Iida, 2005).
Quando o nível de luz do ambiente diminui, os bastonetes assumem e dominam o
processamento visual, mas isso ocorre de forma gradual, de cenas altamente saturadas de coloração
e a eventual transição para a visão monocromática (Gallardo, 2001).
Durante os últimos anos, cada vez mais evidências têm surgido de que os cones e bastonetes
não são os únicos fotorrecetores que estão envolvidos na perceção da luz, tendo sido identificada
uma terceira classe.
Essas novas células são radicalmente diferentes dos fotorrecetores clássicos, utilizando um
único fotopigmento, muito provavelmente melanopsina, e apresentando um menor factor de
sensibilidade e resolução espácio-temporal do que os cones ou os bastonetes, de modo a codificar a
intensidade da luz ambiente.
São células ganglionares e, portanto, comunicam diretamente com o cérebro. As Células
ganglionares intrinsecamente foto sensíveis da retina, (ipRGC), como são denominadas, ajudam a
sincronizar os ritmos circadianos com o dia solar, contribuindo para o reflexo pupilar à luz e por
outras respostas comportamentais e fisiológicas em relação a iluminação do ambiente (Berson,
2007). Estão amplamente distribuídas através da retina, sendo mais sensíveis na região inferior do
que na superior (Wojtysiak, 2009).

Inner retina Cone

Rod

To the
optic
nerve

ipRGC

Ganglion

Non-image-forming
centres of the brain

Eye

Image-forming
centres of the brain

Ilustração 52 - Cones, Bastonetes e o 3º Fotorrecetor


[Fonte: http://misteriosdocerebro.files.wordpress.com/2011/01/untitled23.jpg]

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

As respostas obtidas pela ipRGCs diferem das obtidas pelos cones e bastonetes. A luz gera
pouco estímulo ao ipRGC em relação aos cones e bastonetes, sendo muito lento em resposta a esse
estímulo (Benson, 2007).

Tabela 3 - Características dos fotorrecetores clássicos (visuais) e do fotorrecetor melanopsina (não visual) existentes no
olho
Célula fotorrecetora Cones e bastonetes ipRGC
Células ganglionares e camada nuclear
Localização Camada nuclear externa
interna
Fotopigmento Rodopsina Melanopsina
92,000,000 cones
Quantidade mais de 1000
5,000,000 bastonetes
Campo de recepção Muito pequeno Muito grande
Propriedade Adaptação fina e resolução espacial Integração temporal com a luz ambiente
Visível em todos os comprimentos de Banda larga, mais sensível no comprimento
Sensibilidade
onda de onda que corresponde à luz azul
Imagem forma-se na retina Ciclo circadiano
Função
Reflexão da luz Reflexão da luz

[Fonte: Kawasaki & Kardon, 2007:199]

O Nervo ótico transporta os impulsos elétricos do olho para o centro de processamento do


cérebro, para a devida interpretação.
A Esclera é a parte externa, a capa que envolve o olho. É fibrosa, branca e rígida, e é a
estrutura que dá a forma ao globo ocular.

Ilustração 53 – Anatomia externa do olho


[Fonte: http://www.cmdv.com.br/sites/arquivos/uploads/343.jpg]

Um factor importante relacionado com o sentido da visão é a produção da hormona


denominado melatonina, que está relacionado com o sistema de rede interna referenciado por um
relógio biológico. Este sistema coordena as funções corporais dentro de um ciclo de 24 horas,
obedecendo a um ritmo diário de luz e escuridão, denominado ritmo circadiano.
O processo é desencadeado quando os nervos transmitem sinais dos olhos à Glândula Pineal,
localizada numa área do cérebro chamado Hipotálamo, determinando o início e o término da síntese
da hormona melatonina. O ciclo circadiano tem como propósito o de manter o corpo em estado de
alerta durante o dia – pela diminuição da produção dessa hormona – e contribuir para a promoção
de um estado de relaxamento durante a noite – pelo aumento da sua produção – o que permite uma
sincronização harmoniosa com o ambiente exterior.
A melatonina é a responsável pelo fortalecimento do sistema imunológico no ser humano,
sendo a hormona reguladora dos ritmos biológicos, e a protecção das células contra os danos

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

causados pelos radicais livres, salientando-se como uma das melhores defesas contra os distúrbios
inerentes ao envelhecimento.

Cerebral
cortex

Pineal
gland

Suprachiasmatic
nucleus
Optic
chiasm
Pituitary
Hypothalamus

Ilustração 54 – Localização da glândula pineal


[Fonte: http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/imagens/pineal/pineal-gland.jpg]

A luz captada na retina produz efeitos na saúde e no comportamento humano, sendo que os efeitos
visuais permitem-nos ver, e efeitos não visuais sincronizam o ritmo circadiano do ser humano com as
24 horas do dia.
O ritmo biológico ocorre aproximadamente a cada 24 horas e é denominado de Ritmo Circadiano,
sendo que esse processo inclui o ciclo do dormir/acordar, a temperatura corporal, a produção
hormonal e o sentido de alerta (Figueiro, 2003a). Esse controlo é processado por um relógio
biológico, localizado no Núcleo Supraquiasmático do Cérebro [SCN], sendo a melatonina a hormona
considerada como o marcador responsável da fase e da amplitude do ritmo circadiano. É produzida
pela glândula pineal, localizada no hipotálamo, e age como um mensageiro circadiano para outros
sistemas reguladores do corpo (Figueiro, 2003a), sendo produzida à noite e sob circunstâncias de
escuridão, proporcionalmente inversa à temperatura corporal (Figueiro, 2003a).
A luz que entra através do olho ativa a sincronização do ciclo circadiano. A variação da
quantidade de luz durante o ciclo diurno conduz a ligação entre relógio interno (endogenous) e o
sinal externo (exogenous), isto é, a alternância entre luz e escuridão (Boyce, 2003).
São 5 os fatores básicos que determinam a eficiência da luz para o ritmo circadiano: a
quantidade de luz na retina, a cor (espetro), distribuição espacial, a hora de exposição, e a sua
duração, sendo que estas são características ideais para visão (Figueiro, 2003a).
3.3_ADAPTAÇÃO VISUAL
O sistema visual sofre uma adaptação mediante a quantidade de luminância recebida.
O olho aceita informação visual num nível extremamente alargado, que varia de 0.2 lux
(luz do luar) até ao 100.000 lux (luz do sol).
O mecanismo através do qual o olho muda a sua sensibilidade à luz é denominado de
adaptação (Mora, 2003).

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A adaptação da pupila ocorre em cerca de 10 décimos de segundo, e está ligada a sensibilidade


espectral, envolvendo os seguintes processos:
1. Alteração do diâmetro – a íris sofre uma contração e dilatação do seu diâmetro, mediante a
quantidade de luz que recebe. O processo de contração dá-se em cerca de 0,3 s, mais rápido do
que o processo de dilatação, que ocorre em mais ou menos de 1,5 s. Em geral, O diâmetro da
pupila é de 5mm entre os 20-30 anos, decresce para 4mm entre os 40-50 anos, e 3,6mm nos
indivíduos de 60-70 anos. A redução do diâmetro da pupila dos 5mm para os 3,6mm representa
uma diminuição na recepção de luz pelo olho (Murdoch, 2003).
A contração-dilatação da pupila é responsável pelo controlo do nível de luminância recebida na
retina e, consequentemente, na sensibilização dos fotorrecetores (IESNA, 2010).
2. Adaptação Neural – esse processo é desencadeado por uma interação sináptica na retina, devido
à mudança da sua sensibilização pela luz, sendo de cerca 600 cd17/m2. A ocorrência deste
processo é muito rápida: cerca de 200m/s mais ou menos (Boyce, 2003).
No processo de adaptação, poderá haver alteração na sensibilidade espectral em virtude da
quantidade de luminância que irá sensibilizar a retina, como também nas diferentes combinações a
que estão sujeitos os fotorrecetores (Boyce, 2003). Estes estados de sensibilização são:
1) Visão fotópica – é a visão que identifica a cor e os detalhes, atuando nos cones e com uma
luminância > 3 cd/m2.
2) Visão escotópica – ocorre em luminância de 0,0001 cd/m2, e somente quando os bastonetes
respondem a esse estímulo, não sendo possível a estimulação dos cones devido à baixa luminância.

1.0
escotópico fotópico
eficiência luminosa

0.8
0.6
0.4

0.2

0.0
400 500 600 700
comprimento de onda (nm)

Ilustração 55 - Gráfico da visão escotópica e da visão fotópica


[Fonte: Lima, 2010:13]

3) Visão mesotópica – ocorre entre a visão fotóptica e escotópica, e envolve a ativação tanto dos
cones, como dos bastonetes (Bright and Cook, 2010).
É importante referir-se que os cones têm uma resposta mais rápida aos estímulos que os
bastonetes. Enquanto os cones atingem sua sensibilidade máxima entre os 10-12 minutos, os
bastonetes requerem 60 minutos ou mais para o mesmo processo (Boyce, 2003).

17 2
Candela por m

54
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

baixo bastonete

adaptação da sensibilidade de luz

logaritmo de sensibilidade
sensibilidade
máxima dos cones

cone

sensibilidade
de adaptação ao escuro
alto máxima sensibilidade dos bastonetes
10 20
tempo no escuro (min)

Ilustração 56 - Adaptação do olho à escuridão


[Fonte: Lima, 2010:16]

3.4_CAPACIDADES VISUAIS
A perceção visual é a integração dos impulsos da retina com o cérebro, fornecendo uma imagem
precisa do mundo exterior, apresentando diversas características próprias. Segundo Iida (2005), estas
características são a acuidade visual, acomodação, convergência e a perceção das cores, e, segundo
Kroemer, H. H. E. & Grandjean, E. (2005), são a acuidade visual, a sensibilidade ao contraste e a
velocidade de perceção.
• A acuidade visual é a capacidade de detetar detalhes e discriminar pequenos objetos,
incluindo a perceção de duas linhas ou pontos muito próximos um do outro, ou a apreensão
da forma de sinais, ou o discernimento de detalhes de um objeto (Kroemer and Grandjean,
2005). A acuidade visual aumenta com o nível de luminância e o tempo de exposição (Iida,
2005).
Segundo Kroemer & Grandjean (2005), a acuidade visual está relacionada com a luminância e
com a natureza dos objetos ou sinais observados, da seguinte forma:
1) Aumenta com o nível lumínico, atingindo um máximo a nível de iluminação de 1000 lux;
2) Aumenta com o contraste entre o símbolo usado e o seu fundo imediato, e com a nitidez de
sinais ou caracteres;
3) É maior para símbolos escuros em fundo claro do que ao contrário;
4) Sofre uma redução com a idade.

55
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Tabela 4 – Diminuição da acuidade visual em relação à idade

(%)
acuidade visual relativa
80

60

40

20

20 40 60 80
idade -anos
[Fonte: Viana and Gonçalves, 2010:95]

• A acomodação significa a habilidade do olho de focar objetos a várias distâncias, do


infinito até o ponto mais próximo da visão, denominado “ponto próximo”. Isso torna-se
possível através da mudança da forma do cristalino, pela ação dos músculos ciliares,
ficando mais espesso e curvo para focalizar objetos ao perto, e mais delgado para
focalizar objetos ao longe. No processo para focagem dos objetos ao perto, há um
esforço maior desses músculos na manutenção do cristalino curvo. A idade e a perda da
elasticidade do cristalino têm um efeito importante sobre a acomodação, diminuindo a
velocidade e a precisão.
• A convergência é a capacidade dos dois olhos se moverem coordenadamente, para a
focalização de um objeto. Neste movimento são utilizados três pares de músculos
oculares, situados no lado externo do globo ocular. A menor distância situa-se em torno
de 10cm e não é muito afetada com a idade.
Os olhos encontram-se separados cerca de 5 cm um do outro, observando os objetos de
ângulos ligeiramente diferentes e, portanto, formam duas imagens diferentes entre si,
que são integradas no cérebro, dando a impressão de profundidade ou terceira
dimensão.
A acomodação e a convergência são processos simultâneos, que dependem da
musculatura dos olhos e têm como função manter uma imagem única no foco (Iida,
2005).

56
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

ponto P

ponto Q

Ilustração 57 - Convergência Binocular – Se olharem para um mesmo objeto a uma distância curta [ponto Q] e a uma
distância longa [ponto P], o ângulo formado pelas linhas de cada olho até o objeto será maior quanto mais próximo o
objeto estiver do observador
[Fonte: Lima, 2010:14-15]

• A perceção da cor traduz-se numa capacidade visual de reconhecimento dos comprimentos


de ondas, sendo, no entanto, uma característica de sensação (Vianna and Gonçalves, 2001),
pois, além do elemento físico (luz) e fisiológico (olho), sofre influência de dados psicológicos,
que irão alterar a qualidade do que se vê (Pedrosa, 1977). A sensação é um fenómeno
psíquico elementar, resultante da ação de estímulos externos sobre os orgãos do sentido
(Lima, 2010).
A perceção pode ser definida como uma função psíquica que permite ao organismo, através
dos sentidos, receber e elaborar a informação proveniente do meio envolvente. É uma
atitude central, de extremo refinamento, que recorre a informações armazenadas na
memória (Lima, 2010).
Na perceção da cor, distinguem-se três características principais que correspondem aos
parâmetros básicos da cor: matiz (comprimento de onda), valor (luminosidade ou brilho) e
croma (saturação ou pureza da cor) (Pedrosa, 1977).
A capacidade da perceção da cor sofre um declínio no processo de envelhecimento. Esta
diminuição é mais sentida na faixa mais baixa do espetro visível – azuis e verdes – e a sua
ocorrência é devida ao amarelecimento do cristalino, que reduz a quantidade de luz
absorvida pela retina, e pela baixa sensibilização do fotorrecetor responsável pela visão das
cores.
• A sensibilidade ao contraste é a capacidade visual de perceção de uma pequena diferença
na iluminância, permitindo a apreciação de nuances de sombra e de luz, sendo decisiva na
perceção das formas (Kroemer & Grandjean, 2005).
As informações recebidas e tratadas pelos olhos são, na sua grande maioria, resultado de
variações luminosas, isto é, o ser humano vê através dos contrastes. Estes contrastes podem
ocorrer de duas formas, pela cor ou pela luminância. Uma forma especial de luminância é

57
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

através do contraste entre a luz direta e a luz difusa e do reflexo de algumas superfícies da
mesma cor (Mora, 2003).
A sensibilidade ao contraste é definida como uma quantidade mínima de contraste que é
necessária para detetar um padrão qualquer de uma determinada frequência espacial
(Santos et al., 2003).
Esta informação visual é muito importante em várias ocasiões, como, por exemplo:
a) Comunicação interpessoal – as sombras ténues nos rostos carregam as informações visuais
relacionadas com as expressões faciais;
b) Orientação e mobilidade – os indivíduos necessitam de ver formas críticas de baixo-contraste
como o lancil e os degraus de escada, por exemplo;
c) Tarefas domésticas – existem numerosas situações visuais em baixo contraste, como corte de
alimentos, verificação da qualidade ao passar a ferro, etc.;
d) Tarefas próximas de visão – durante a leitura e escrita, se a informação apresenta um baixo
contraste, como em cópias de má qualidade ou numa anotação pouco legível, etc.
O processo de envelhecimento reduz principalmente a sensibilidade ao contraste, sendo
afetadas pelas doenças comuns nessa fase - glaucoma, catarata, diabetes, entre outras (Santos et
al., 2003).
• A velocidade de perceção é definida como o intervalo de tempo entre o aparecimento do
sinal visual e a perceção consciente no cérebro, aumentando consoante a melhoria da
iluminação, mas também pelo aumento do contraste de luminância entre um objeto ou sinal
e o seu entorno, sendo um factor importante na leitura. Portanto, a acuidade visual, a
sensibilidade ao contraste e a velocidade de perceção encontram-se relacionadas entre si
(Kroemer & Grandjean, 2005).
3.5_O ENVELHECIMENTO E AS DOENÇAS OCULARES
Senescência e Senilidade

A Senilidade significa a presença de doenças crónicas ou outras alterações biológicas e


psicológicas que podem ocorrer, vindo a modificar a saúde dos idosos. Caracteriza-se pelo declínio
físico, associado à desorganização mental pela qual o idoso perde a capacidade de memorizar,
prestar atenção, não conseguindo já orientar-se, falar com nexo (Kara-José et al., 2009).
A senilidade não é exclusiva da idade avançada, podendo ocorrer prematuramente, pois
identifica-se com uma perda considerável do funcionamento físico e cognitivo, observável pelas
alterações na coordenação motora, a alta irritabilidade, além de uma considerável perda de memória
(Kara-José et al., 2009).
A Senescência é um fenómeno fisiológico e universal. Arbitrariamente identificada pela idade
cronológica, mas que pode ser considerada como um envelhecimento sadio, normal, uma fase da

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

vida de um indivíduo em que o declínio físico e mental é lento e compensado, de certa forma, pelo
organismo. Geralmente, inicia-se depois aos 65 anos de idade e não é uma manifestação a doença.
Na senescência, não ocorrem distúrbios de condutas, amnésias, perda do controlo de si mesmo,
sendo esses indivíduos, portanto, o velho sadio (Kara-José et al., 2009).
Envelhecer é um processo lento e progressivo, em que as mudanças surgem de maneira
contínua, sendo necessária a adaptação por parte dos indivíduos. Podendo ser vista de uma maneira
positiva, com a prática do desporto, mantendo a memória ativa e cultivando um hobby. No entanto,
a baixa visão é a condição debilitante mais frequente nos idosos (Kara-José et al., 2009).
No processo de envelhecimento, os olhos são especialmente sensíveis, por ser um órgão que
é afetado de todas as suas formas – internas e externas, por estar exposto à luz, vento, poeira,
produtos e situações diversas, inclusivamente por doenças do próprio organismo. Pode ser afetada,
também, em diferentes aspetos, tais como, a perceção de cores, do campo visual, da visão noturna,
da visão de perto e de longe. As principais etiologias são catarata, glaucoma e degeneração macular
relacionada à idade (DMI) e, principalmente, a falta de correção ótica.
O idoso com baixa acuidade visual perde autonomia em diversas atividades, ocorrendo uma
diminuição da sua auto estima, e está exageradamente predisposto a quedas. O “viver mais” deve
estar associado ao viver com maior qualidade de vida (Kara-José et al., 2009).
Para a OMS, a definição de qualidade de vida é um conceito amplo, que incorpora, de
maneira completa, a saúde física, o estado psicológico, o nível de independência, as relações sociais
dos indivíduos e os aspetos proeminentes do ambiente (Kara-José et al., 2009).
Com a idade, ocorre uma redução na acuidade visual, na velocidade de perceção e um
aumento no tempo necessário à adaptação, principalmente na passagem de um ambiente mais claro
para um mais escuro. Há, também, uma diminuição na capacidade para perceber movimentos no
campo visual periférico e uma diminuição na resistência à perturbação por encandeamento ou
contrastes excessivos.
Verifica-se igualmente uma diminuição da capacidade de reconhecimento das cores, devido ao
amarelecimento do cristalino, sendo esta perda mais significativa na gama dos verdes, azuis e
violetas do espetro visível. Essa realidade está relacionada com os fatores ambientais, tais como, a
exposição excessiva aos raios ultravioleta, que têm no sol a sua maior fonte, contribuindo para a
formação das cataratas, do DMI – Degeneração Macular relacionada com a idade, ou com outros
fatores genéticos (Rocha, 2004).
a) Presbiopia ou vista cansada
O sistema acomodativo do olho do indivíduo após os 40 anos começa a debilitar-se
progressivamente, com dificuldade de ver ao perto. Isso deve-se à mudança da forma do cristalino,
que perde a sua elasticidade, tornando-se mais grosso e curvo, para focalizar objetos próximos, e
mais delgado, para focalizar objetos distantes, perdendo a capacidade de acomodação. Para focalizar

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

objetos próximos, há um esforço maior da musculatura para manter o cristalino curvo e, com a
idade, o cristalino vai endurecendo, dificultando essa acomodação (Mendes, 2009).

Ilustração 58 – Visão normal X Visão com Presbiopia


[Fonte:http://2.bp.blogspot.com/_lw_oLSUzljI/R5jIwlGtchI/AAAAAAAAAIM/Cty4pplfa64/s400/Vis%C3%A3o%2Bn
ormal%2Be%2Bcom%2Bpresbiopia.bmp]

b) Catarata
Ocorre aquando da opacificação do cristalino, que é a lente transparente do olho, sendo a
responsável por cerca da metade dos casos de cegueira no mundo e com tendência a sofrer um
aumento devido ao crescimento da população idosa (Coelho, 2009).
A catarata é associada a uma diminuição da visão em todo o campo visual, causando grande
impacto na visão central. O cristalino torna-se mais espesso e opaco, dando às lentes uma cor
amarelada. Dessa forma, há uma dificuldade na entrada de luz pela diminuição da transparência dos
meios, bem como da diminuição do diâmetro da pupila.
Estudos têm reportado a alta prevalência de catarata em áreas de grande exposição à luz do
sol e/ou em exposições ultravioletas. Estes mostram que a catarata ocorre com mais frequência nos
trópicos ou regiões ensolaradas, onde a exposição à radiação solar, incluindo a luz ultravioleta, tende
a ser mais frequente (Coelho, 2009).
O diagnóstico da catarata e, consequentemente, a necessidade de cirurgia, deve associar-se
à queixa subjetiva do indivíduo aos sinais objetivos de um exame oftalmológico. As queixas mais
frequentes são a diminuição da acuidade visual, a sensação de visão “nublada ou enevoada”, a
sensibilidade maior à cor, a alteração da visão de cores, e a mudança frequente da refração (Coelho,
2009).

Ilustração 59 – Visão normal X Visão com Catarata


[Fonte: http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/cataract/]

60
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

c) Glaucoma

É uma doença degenerativa do nervo ótico geralmente associada à elevação da tensão ocular
(Almeida and Mello, 2009), lesando a visão e causando a cegueira, quando não detectada e tratada.
Não foram ainda apuradas as razões que levam ao aumento da tensão ocular, mas sabe-se que esse
aumento ocorre quando o humor aquoso (líquido transparente que circula dentro do olho (e não é
lágrima) começa a ter dificuldades de sair do globo ocular.
O Glaucoma causa a perda de visão, estreitando, sobretudo, o campo de visão.
Entre as várias formas de glaucoma destaca-se, como problema de saúde pública, o
glaucoma primário crónico simples, pela sua elevada frequência em todos os países ocidentais e por
produzir lesões irreversíveis no nervo ótico e consequentemente na visão (Almeida & Mello, 2009).
Estudos revelaram que os casos de glaucoma com pressão normal, considerada raridade,
ocorriam em grande número da população idosa (Almeida & Mello, 2009).

Ilustração 60 – Visão normal X visão com Glaucoma


[Fonte: http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/glaucoma/]

d) Degenerescência Macular da idade (DMI)


É uma doença ocular importante que leva à perda da visão central, deixando apenas a visão
periférica intacta.
A Degenerescência Macular da idade (DMI) é uma patologia degenerativa que se caracteriza
pelo aparecimento de mudanças estruturais no epitélio pigmentar da retina e o crescimento anormal
de vasos sanguíneos na zona da mácula. A mácula é uma área da retina central responsável pela
visão das cores e pela visão detalhada que se tem dos objetos. Quando a mácula é afetada, existe um
decréscimo súbito ou progressivo da acuidade visual. Quando um paciente sofre de DMI, tarefas
simples, como ler este texto, enfiar a linha no buraco da agulha ou mesmo ver as horas, tornam-se
extremamente difíceis.
A DMI afeta principalmente indivíduos com idade avançada, que, após uma vida de trabalho,
são aflingidos com a perda visual incapacitante. São mais propensos a ter limitações cognitivas, além
de apresentar ansiedade, depressão, stress emocional e redução da qualidade de vida (Rodrigues et
al., 2009).

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 61 – Visão normal X Visão com DMI


[Fonte: http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/age-related-macular-
degeneration-amd/]

d) Diabete Mellitus
A diabete mellitus é uma doença sistémica, caracterizada pela hiperglicemia crónica, causada
pela deficiência ou resistência a ação da insulina. As complicações do diabete são divididas entre
agudas e crónicas, existindo uma potencial perda de visão em todas as diferentes fases (Morales,
2009).
A retinopatia diabética é a complicação ocular devido o diabete, afetando o sistema circulatório da
retina. A retina é uma camada de prolongamento dos nervos, onde estão as células fotorrecetoras
responsáveis por perceber a luz e ajudar a enviar as imagens ao cérebro. O dano nos vasos
sanguíneos aí localizados pode ter como resultado o vazamento de fluido ou sangue e que poderão
causar fibrose e desorganizar a retina, possibilitando a distorção das imagens ou torna-as borradas,
quando são enviadas ao cérebro.
A diabete lesa os vasos sanguíneos da retina, podendo ocasionar um crescimento anómalo,
numa fase mais avançada da doença.

Ilustração 62 - Visão normal X Visão com Retinopatia Diabética


[Fonte: http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/diabetic-retinopathy/diabetic-
retinopathy-overview/]

3.6_VISÃO CROMÁTICA
O processo biológico de visão das cores é composto por dois estágios: o primeiro consiste na
sensibilização dos fotorrecetores pela luz, e o segundo consiste num processo neural, que necessita
da descodificação das informações contidas nos comprimentos de onda que compõem a luz, e são
coletados pelos fotorrecetores (Neitz & Carroll & Neitz, 2001).

62
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

O sistema da visão da cor é tricromático, isto é, é baseado em três tipos do fotorrecetor


cone. Esses fotorrecetores têm como característica serem sensíveis a diferentes comprimentos de
onda, sendo que existe uma sobreposição na sua sensibilidade espectral. São compostos por
fotopigmentos sensíveis a determinados comprimentos de onda, dependendo das condições de
luminância existentes (Boyce, 2003).
Os sistemas de fotopigmentos azul-amarelo e o vermelho-verde são marcadamente
diferentes e encontram-se separados, porém interagem para uma melhor extração da informação da
visão de cores contidas nos três tipos de cone fotorrecetor contidos na retina: short (curto), middle
(médio) e long (longo), que recebem essa denominação mediante aos comprimentos de onda que
são sensibilizados, sendo utilizada a abreviatura S, M e L.
A resposta dos fotorrecetores existentes na retina que são agrupados em um não-oponente
do sistema acromático, para dois oponentes do sistema cromático.
O sistema acromático recebe impulsos apenas dos cones M e L, isto é, do canal oponente
vermelho-verde, produzindo diferentes respostas entre os cones M e o somatório dos canais L e S
cones. O canal oponente amarelo-azul produz respostas diferentes entre o S cone e o somatório de
M e L cones. A estrutura da visão da cor baseada nos oponentes influencia a perceção das cores
(Boyce, 2003). A informação acromática é transmitida para o cortex cerebral através do canal
magnocelular, enquanto a informação cromática é transmitida através do canal parvocelular (Boyce,
2003).
O sistema vermelho-verde é mais suscetível a sofrer deformações congênitas do que o
sistema azul-amarelo.

S-cones
M-cones
Achromatic channel
L-cones [M+L]

S-cones
M-cones Blue-yellow channel
[(M+L) vs. S]
L-cones

S-cones
M-cones Red-green channel
[(L+S) vs. M]
L-cones

Ilustração 63 - A organização do sistema de cores mostrando como os três tipos de fotorrecetores cone que alimentam
um canal acromático não-oponente e os dois canais oponentes
[Fonte: Boyce, 2003:57]

63
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A capacidade na perceção dos comprimentos de onda contidos num raio de luz incidente
gera uma diferença em relação às informações extraídas do ambiente. No entanto, existem
indivíduos que possuem deficiência num dos tipos de fotopigmento e, por isso, não tem visão da cor,
tendo apenas a visão da escala de cinzas, do branco ao preto; e indivíduos que possuem em dois
tipos de fotopigmentos e que sofrem um acréscimo na disseminação da irradiação espectral (Boyce,
2003).

Ilustração 64 - A expansão geométrica da capacidade visual acompanha ao aumento do número dos tipos de
fotopigmento. Indivíduos com apenas um tipo de fotopigmento são daltônicos: seu mundo visual é restrito a um número
de distinguíveis passos de cinza na ordem de 102 [à esquerda painel]. Adicionando um segundo tipo de cone fotorrecetor
e as conexões neurais apropriadas acrescenta outra dimensão à visão, ampliando o número de combinações de
intensidade e comprimento de onda que podem ser discriminados com cerca de 10.000 [painel do meio]. Adicionando
um terceiro fotopigmento tricromático expande o número possível da visão de cores possível para mais de um milhão
[painel direito]
[Fonte: Neitz & Carroll & Neitz, 2001:30]

Infelizmente, existe uma proporção significativa de indivíduos que apresentam deficiência na


visão da cor, afetando 8% dos indivíduos do género masculino e 0,4% dos indivíduos do género
feminino. Essa deficiência pode ser classificada de acordo com o número de fotopigmentos presentes
no fotorrecetor. Os monocromáticos são os mais raros, e ocorrem de duas formas: os que não
possuem o fotorrecetor cone, apenas o fotorrecetor bastonete, e os que possuem o cone
monocromático, isto é, possuem o fotorrecetor bastonete e apenas um tipo de fotorrecetor cone,
normalmente o S. Os indivíduos que possuem apenas o fotorrecetor bastonete são cegos para as
cores, vendo apenas variantes de brilho. Os cones monocromáticos têm uma visão da cor bastante
limitada, onde atuam o fotorrecetor bastonete e o fotorrecetor S.
Os Dicromáticos e a Tricomancia Anómala têm a visão da cor, mas não a mesma visão dos
indivíduos normais.

64
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Os Dicromáticos têm dois tipos do fotorrecetor cone, podendo ter uma visão mais limitada
da cor do que as pessoas normais, e terem dificuldade na sensibilidade espectral, dependendo do
tipo de cone fotorrecetor que lhes falta (Boyce, 2003).
Os dicromáticos que não têm o cone L- são chamados de portadores Protanomalia, isto é, há
ausência na retina do cone sensível ao vermelho ou aos comprimentos de onda longos, resultando
na impossibilidade de discriminação no segmento verde-amarelo-vermelho do espetro. Há uma
menor sensibilidade à luz na parte do espetro acima do laranja. Os que não têm o cone M- são os
Deuteranomalia, isto é, há ausência de cones sensível ao verde ou ao comprimento de onda
intermédio, resultando na impossibilidade de visão de cores do segmento verde-amarelo-vermelho
do espetro. Enquanto os que não tem o cone S- são chamados de Tritanomalia, isto é, há ausência
de cones sensíveis ao azul ou o comprimento de onda curta, resultando na impossibilidade de visão
da cor no segmento azul-amarelo (Boyce, 2003).
A Tricomancia anómala resulta na mutação de um pigmento dos cones fotorrecetores, sendo
que um dos cones contém o fotopigmento, mas não apresentam sensibilidade espectral,
manifestando-se em três anomalias distintas:
 Protanomalia – mutação do pigmento sensível às frequências mais longas (cones sensíveis ao
vermelho), resultando numa menor sensibilidade ao vermelho e sofrendo um escurecimento das
cores próximas das frequências longas, podendo levar à confusão entre o vermelho e o preto.
Atinge 1% dos indivíduos do género masculino.

Ilustração 65 - Espetro da cor da visão com protonomalia


[Fonte: http://www.colblindor.com/2006/11/16/protanopia-red-green-color-blindness/]

 Deuteranomalia – mutação do pigmento sensível à frequência intermédia (cones sensíveis ao


verde), resultando numa maior dificuldade em discriminação do verde. É o responsável por cerca
da metade dos casos de Daltonismo.

Ilustração 66 - Espetro da cor da visão com deutoronomalia


[Fonte: http://www.colblindor.com/2007/04/17/deuteranopia-red-green-color-blindness/]

 Tritonamalia – mutação do pigmento sensível às frequências curtas (cones sensíveis ao azul). É a


forma mais rara, que impossibilita a discriminação de cores na faixa do azul-amarelo. O gene
afetado situa-se no cromossoma 7, sendo que as duas outras mutações genéticas atingem o
cromossoma X.

65
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 67 - Espetro da cor da visão com tritoanomalia


[Fonte: http://www.colblindor.com/2006/05/08/tritanopia-blue-yellow-color-blindness/]

Devido à deficiência em relação à visão da cor, os indivíduos tendem a apresentar problemas


na execução das tarefas do dia-a-dia, sendo normalmente inerentes à idade, doenças, ferimentos ou
exposição a agentes químicos. Há uma possibilidade de superação do Daltonismo através da
utilização de filtros que podem causar uma melhoria na visão da cor (Boyce, 2003).

Tabela 5 – Percentagem de indivíduos com diferentes tipos de visão da cor e as dificuldades encontradas na execução das
tarefas diárias
Tricromáticos
Atividade
Dicromáticos [%] Anômalos Visão normal [%]
[%]
Seleção de roupas, cosméticos, etc. 86 66 0
Identificação da cor de fios, de tintas, etc. 68 23 0
Identificação de plantas e flores 57 18 0
Identificação de quando as frutas e os legumes estão
41 22 0
maduros através da cor
Determinar o cozimento da carne através da cor 35 17 0
Dificuldade na participação e de assistir a desportos por
32 18 0
causa da cor
Ajuste de cor no ecrã da televisão 27 18 2
Reconhecimento da pele na ocorrência de erupções e de
27 11 0
queimaduras solares
Tomar um medicamento errado pela dificuldade com a
0 3 0
cor
[Fonte: Boyce, 2003:58]

3.8_REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS
Almeida, G. V. D. & Mello, P. A. D. A. (2009) Glaucoma. In: Kara-José, N. &
Rodrigues, M. D. L. V., eds. XXXV Congresso Brasileiro de Oftalmologia. Rio de
Janeiro, Cultura Médica. pp. 105-108.
Berson, D. M. (2007) Phototransduction in ganglion-cell photorecetors [Internet]
Pflügers Archiv European Journal of Physiology. Disponível em :
http://www.springerlink.com/content/j528847252g8v321/fulltext.pdf [Acedido em 27 de
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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Capítulo IV
4. PERCEÇÃO DO ESPAÇO ATRAVÉS DA LUZ

No princípio criou Deus os céus e a terra.


A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o
Espírito de Deus pairava sobre a face das águas.
Disse Deus: haja luz. E houve luz.
Viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.
E Deus chamou à luz dia, e às trevas noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.
E disse Deus: haja um firmamento no meio das águas, e haja separação entre
águas e águas.
Fez, pois, Deus o firmamento, e separou as águas que estavam debaixo do
firmamento das que estavam por cima do firmamento. E assim foi.
Chamou Deus ao firmamento céu. E foi a tarde e a manhã, o dia segundo.
[…] E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu, para fazerem separação
entre o dia e a noite; sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos; e
sirvam de luminares no firmamento do céu, para alumiar a terra. E assim foi.
Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o
luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas.
E Deus os pôs no firmamento do céu para alumiar a terra, para governar o dia e a
noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom.
(Bíblia Sagrada, Livro de Génesis, Cap. 1 v. 1-8 e v. 14-18)

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

4.1_INTRODUÇÃO
A maioria das informações que os indivíduos recebem do meio é fornecida pela visão.
Vive-se num mundo visual. O olho é o órgão do sentido mais importante do corpo humano,
sendo ali processadas cerca de 80% das informações que recebe (HOPKISON, 1963). Sem luz, seria
impossível ter-se perceção visual.
Luz insuficiente ou escuridão dão origem a um sentimento de insegurança.
A luz define o ritmo circadiano do relógio biológico do ser humano, mas precisa que seja
relativamente intensa para ter efeito sobre esse ciclo (> 1000 Lux).
Portanto, LUZ É VIDA.
Uma boa iluminação é importante para se ver e experienciar o mundo.
Uma boa iluminação afeta os sentimentos dos indivíduos, propiciando uma melhor qualidade
de vida (Licht.Wisen, 2010).
Segundo o Génesis, a luz é o princípio da vida e da ordem sendo o oposto ao caos, a
desordem, e a morte.
Durante séculos, a história destaca o facto de que o conceito da luz artificial não era
associado ao conceito de casa, mas sim ao do homem. A luz foi pessoal e manualmente feita por
archotes, tochas, lucernas de terracota e de metal, de lâmpadas flutuantes e de lanternas. Foi a era
do “Homem Luz” (Bonali, 2001).
Há 300.000 anos atrás, o homem aprendeu a controlar o fogo e a utilizá-lo como fonte de
calor e de luz, sendo esta a única fonte de luz artificial disponível, e que propiciava que os indivíduos
vivessem dentro das cavernas, onde os raios do sol não penetravam. Os magníficos desenhos na
caverna de Altamira são obras de arte que datam de há cerca de 15.000 anos, e que só poderiam ter
sido executados com a luz artificial.
Com o aperfeiçoamento do processo de separação da produção de luz e da produção de
calor, tem início o processo histórico das fontes de luz. Esse processo pode ser dividido em 4 etapas.
A primeira caracteriza-se pela produção de uma chama constante durante períodos de tempo cada
vez mais longos, tendo como resultado a lâmpada de azeite na idade da pedra e na aparição da vela,
na época dos romanos.
A segunda, duzentos anos depois, é conseguida pelo incremento muito importante que foi a
emissão da chama com o queimador tubular de Argan. Esse queimador foi desenvolvido em 1783,
por Aimé Argand. Nesse mesmo ano, o holandês Jan Pieter Minckelaers desenvolveu um processo
que utilizava o gás extraído a partir do carvão, que foi utilizado nas lâmpadas que iluminavam as ruas
(Bonali, 2001).
A terceira fase começa cem anos depois, quando se abandona a chama como fonte de luz em
favor dos corpos sólidos incandescentes.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

São, então, desenvolvidas experiências com as lâmpadas de arco elétrico, tendo adquirido
significado prático em 1866, quando Werner Siemens conseguiu gerar energia elétrica com a ajuda
do dínamo.
Porém, o início da idade da luz artificial veio em 1879, com Thomas A. Edison, com a
"reinvenção" e aplicação tecnológica da lâmpada incandescente inventada 25 anos antes pelo
relojoeiro alemão Johann Heinrich Goebel, gerando uma revolução na tecnologia da iluminação,
permitindo o controlo e manipulação da luz produzida por uma fonte luminosa (Licht.Wisen, 2010).
Em 1880, é instalada a luz artificial na primeira residência – Cragside, em Northumberland,
projetada por Norman Shawn para o milionário Sir Willian Armstrong. Nesse momento, a iluminação
eléctrica deixa de ser um luxo, para ser acessível a todos.
Anos mais tarde, os arquitetos Gropius e Le Corbusier incorporam a luz na estrutura dos
edifícios, utilizando vidros transparentes e opacos, clarabóias, em harmonia com as janelas com
estrutura metálica. A iluminação cria um novo formalismo, efeitos de luz e sombra, valorizando os
elementos estruturais existentes.
Cada nova fonte de luz - da fogueira de gravetos para a luz de velas e o bolbo elétrico – as
luminárias e lâmpadas têm vindo a ter um desenvolvimento particularmente dinâmico. A tecnologia
e o lighting design sofreram um desenvolvimento acentuado tanto a nível industrial, como comercial,
porém, em menor escala quando se trata da iluminação para os espaços residenciais (Cullen, 1986).
As recentes tecnologias, tanto na óptica dos novos sistemas, como dos novos materiais, têm vindo a
maximizar a eficiência económica, no intuito de minimizar o impacto ambiental (Licht.Wisen, 2010).
A luz artificial muitas vezes é chamada de “luz artificial”. Para mim, toda a luz
é natural, seja a luz do dia, a do fogo, ou a produzida pelas mãos humanas.
Toda a luz é real, independentemente de como seja produzida. Em nenhum
lugar está escrito que o lighting design exige luz artificial ou que qualquer
design exige o que se espera dele.
(Brandston, 2010:77)
4.1.1_LIGHTING DESIGN
O lighting design consiste numa série de experiências planejadas que
envolvem as pessoas e os espaços. Coloque pessoas em todos os seus croquis
– elas o lembrarão de pensar em iluminá-las.
(Brandston, 2010:17)
O objetivo do lighting design é o de criar ambientes esteticamente agradáveis, eficientes e
sãos, proporcionando bem-estar aos seus utilizadores. Os níveis de iluminação e as luminâncias
devem ser adequados para a execução das tarefas. Deve-se ter um controlo dos limiares aceitáveis
do brilho, evitando a monotonia e criando efeitos de perspetiva (Binggeli, 2010).

71
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Os sistemas de iluminação – naturais e artificiais -, deverão ser energeticamente eficientes e


sustentáveis, minimizando eventuais impactos negativos.
O projeto de lighting design não deve ir além de um exercício puramente formal na tentativa
de proporcionar uma iluminação suficiente, seja esta natural e/ou artificial, mas que permita aos
seus utilizadores desempenhar as suas tarefas visuais com conforto e segurança, bem como
proporcionar uma visão do ambiente interior agradável e que contribua para ter-se satisfação e bem-
estar (Santos & Vasquez, 2007).
Segundo Lam (1977), o lighting design é um projeto de ambiência e não de engenharia. A
escolha das luminárias e os cálculos pertencem à fase final… Tem de se entender a luz e o seu
comportamento físico, mas, principalmente trata-se de aprender a ver. A iluminação tem de ser
compreendida através da psicologia da perceção… Tem de se entender os seus princípios e a relação
que faz com que se percebe se está claro ou escuro, alegre ou sombrio, permitindo que um ambiente
tenha uma boa luminosidade.
A luz nos permite ver. O lighting design nos permite ver o que desejamos que se veja.
(Brandston, 2010:24)
Segundo Santos e Vasquez (2007), a perspetiva do conforto e da eficiência energética é
desejável se, preferencialmente, a iluminação dos espaços interiores for efetuada com o recurso à
luz natural, devendo, no entanto, ter por suplemento os sistemas de iluminação elétrica, eficazes e
flexíveis quando e/ou onde as necessidades de iluminação não possam ser satisfeitos apenas pela
iluminação natural.
Portanto, os principais objetivos a serem alcançados no desenvolvimento desse projeto serão:
• Proporcionar as iluminâncias necessárias ao desempenho das diferentes tarefas visuais;
• Garantir condições de conforto visual, eliminando os problemas decorrentes do
encandeamento, atenuando diferenças excessivas de contrastes, melhorando as
uniformidades, etc.;
• Assegurar que o aproveitamento de iluminação natural não se refletirá negativamente
noutros aspetos do ambiente interior, tais como o desconforto térmico ou o consumo
energético, isto é, a energia a ser produzida para aquecimento e/ou arrefecimento do
ambiente;
• Optar por sistemas de iluminação artificial energeticamente eficientes e flexíveis, sem
prejuízo das necessidades quantitativas e qualitativas da iluminação;
• Assegurar a mais adequada condição de articulação e complementaridade entre os sistemas
de iluminação natural e artificial, de modo a que o recurso ao último só tenha lugar quando
as necessidades de iluminação não possam ser satisfeitas apenas pela luz natural. Essa
articulação deverá ser concretizada mediante uma escolha criteriosa dos sistemas de
controlo da iluminação artificial.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

SATIFAÇÃO PESSOAL
o Acuidade visual
o Tarefas do dia-a-dia
o Comunicação Social
o Estado de Espírito
o Saúde & Segurança

Qualidade
da
Iluminação

ASPETO ECONÓMICO
o Instalação DESIGN DE INTERIORES
o Manutenção o Composição
o Eficiência energética o Estética
o Sustentabilidade o Tendências
o Ambiência
o Códigos & Regulamentos

Ilustração 68 - Qualidade da iluminação: a integração dos aspetos da satisfação pessoal, económico, e do Design de
interiores.
[Fonte: Veitch, 2001:19]

4.2_O ATO DE OLHAR E O ATO DE VER


Segundo Brandston (2012), a perceção consiste numa busca dinâmica para a melhor
interpretação dos dados disponíveis, que são constituídos por informações sensoriais e do
conhecimento de outras características do objeto observado. É preciso aprender a ver, sendo que a
grande maioria dos indivíduos apenas olha.
A perceção e o raciocínio não são independentes, por isso, é preciso usar os olhos e aliciar o
cérebro com a experiência visual, de modo a gerar uma interação com o espaço, ao invés de apenas
olhar para ele. Na medida em que se compreende as características do processo visual, pode-se
determinar de que modo a luz afeta o funcionamento do olho, podendo determinar-se quais os
elementos da iluminação que irão criar a imagem mental desejada, especialmente aquando da
criação e do controlo da gama de variações que o cérebro é capaz de distinguir (Brandston, 2010).
A luz pode ser caracterizada por quatro propriedades: Intensidade, cor, distribuição e movimento
(Brandston, 2010).
• Intensidade é a quantidade de estímulos que o olho tem capacidade de distinguir, com a
acomodação da íris e da retina. O olho pode distinguir uma grande gama de intensidades,
desde a luz das estrelas à do sol brilhante, significando uma variação de 1 para 1 000 000 de
unidades. Numa escala adequada, a luz produzida é da ordem de 1 para 500 unidades, ou 1
para 500 lux.
• Cor é a qualidade do estímulo. O olho pode distinguir matizes, saturações e brilhos pela
capacidade de adaptação ao espetro da luz natural, aceitando uma mistura composta de

73
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

raios luminosos, muitas vezes resultantes de duas ou três cores puras sobrepostas numa
superfície.
• Distribuição é a extensão, o tamanho e a forma do estímulo. O olho reage de uma forma
semelhante ao filme sensibilizado, como uma câmara fotográfica, em relação à forma. As
fibras localizadas no nervo da retina são sensíveis à intensidade de luz e de cor. Os padrões
bidimensionais projetados sobre a lente são afetados por condições externas, tais como,
linhas de perspetiva, posição e alcance da sombra, nitidez do contorno, cor e movimento
aparentes, que indicam as relações espaciais, ou uma forma tridimensional.
• Movimento é a duração ou a mudança do estímulo. Essa propriedade envolve uma análise
da mudança de intensidade, cor e duração. O olho necessita de um tempo para analisar um
determinado conjunto de condições, e sempre procurará primeiro o objeto mais
intensamente iluminado no campo visual, porque ele será invariavelmente mais bem
visualizado. Excesso de contraste e movimento tendem a causar fadiga visual.
A luz é um dos elementos do Design de interiores e a cor é a revelação da forma, sendo dois dos
elementos mais importantes utilizados para integração dos indivíduos num espaço com luz. O Brilho
suave, a luz e a sombra criam uma visibilidade seletiva, o sentido de dimensão, de composição e de
atmosfera; criando ou dissipando limites, podendo definir o dentro e o fora. A iluminação pode
alterar a perceção de lugar, o conforto e a segurança (Brandston, 2010).
4.3_ VER E PERCEBER
Há uma importante distinção entre o ato físico de ver e o ato mais emocional e intelectual de
perceber. Enquanto o ver remete para as características biológicas do olho e o processo da visão; o
perceber é o elemento menos tangível de todo o processo e prende-se a vivência individual do
ambiente.
O ver pode ser definido como o que se percebe com os olhos ou o sentido da visão, no
entanto, a definição da perceção é mais ampla – é o apoderar-se com a mente e os sentidos… para
apreender… a tomar consciência através da visão, audição ou de outros sentidos. O ver e o perceber,
em princípio, podem parecer a mesma coisa, mas a dimensão em que um espaço ou objeto são
percebidos depende, em primeiro lugar, do olho e do sentido da visão, sendo que o mais importante
é o acumular de informações de todos os estímulos que o indivíduo recebe do ambiente. Tomemos
como exemplo o facto de que se pode ver o espaço através da luz refletida nas suas superfícies,
sendo que esse processo tem o seu início no sentido da visão. No entanto, a maneira como se
percebe irá depender dos outros sentidos ao nível sensorial - o olfato, a audição e o tato, bem como
das reações emocionais e intelectuais transversais ao ciclo de vida e da experiência adquirida
(Phillips, 2000).

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 69 – Mapa da área de análise e de intervenção do projeto percetivo - Esse gráfico mostra, resumidamente, o
mapa da perceção cognitiva de um ambiente, que se define apenas por perceção. Pode-se notar que a luz não pode ser
ignorada, sendo esta importante no processo de ver e perceber.
[Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:98]

Há fatores que afetam a visão do espaço e do objeto, como o encandeamento, que impede a
visão e a comunicação. Esse processo ocorre, tanto com a luz natural, como com a luz artificial,
devendo ser entendido e evitado.
O baixo contraste de cor provoca uma redução na informação que é fornecida pelo
ambiente, principalmente quando ocorre entre a tarefa a ser executada e o seu fundo imediato.
A quantidade de luz que permite ao indivíduo olhar e ver aumenta com a idade. No entanto,
esse aumento não é o mais importante, mas o seu contributo para outros fatores, tais como o
contraste e a qualidade da luz fornecida (Phillips, 2000).

Ilustração 70 - Estratégia de Iluminação


[Fonte: Phillips, 2000: 4]

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

4.3.1_VISÃO
A fisiologia do olho não é a única componente no processo de visão, há, no entanto, uma ou
duas questões que devem ser consideradas e que afetarão a maneira como um projeto de lighting
design deve ser desenvolvido.
A primeira questão centra-se no facto de que um ponto de luz possibilita uma melhor
visualização. Sendo que, durante o dia, tem-se a tendência de se colocar mais próximo de uma janela
para se obter as vantagens da luz do dia, enquanto, à noite, se recorre à luz artificial e ao seu
controlo, para fornecer um nível de iluminação adequado às necessidades visuais.
A outra questão é relativa à tendência na utilização de códigos e regulamentos para se
determinar o nível de iluminação (iluminância) requerido na satisfação das necessidades de visão.
Este nível é claramente importante, no entanto, ignora as necessidades dos indivíduos para a
perceção global de um determinado espaço (Phillips, 2000).
4.3.2_ACUIDADE VISUAL
Quanto mais complexa for a tarefa a ser executada, maior a quantidade e melhor qualidade
de luz serão necessárias, embora seja possível a execução com níveis muito baixos de luz, devido à
capacidade do olho humano para se adaptar. O nível de iluminância deve equiparar-se à
complexidade das tarefas a serem executadas.
A Acuidade visual, ou a capacidade de discernimento de detalhes, está diretamente
relacionada com o nível de iluminação, mas também com o contraste entre o objeto e seu fundo
imediato. Numa situação de trabalho, uma relação satisfatória entre a tarefa e o fundo é verificada
quando a luz de tarefa for três vezes mais brilhante do que o seu fundo imediato.
A funcionalidade de um edifício irá determinar a quantidade de luz necessária. Alguns
edifícios ou os seus ambientes vão exigir um nível de luz adequado, no intuito de suprir as
necessidades visuais dos utilizadores, enquanto outras áreas podem ser satisfeitas por níveis mais
baixos (Phillips, 2000).
A título de exemplo, apresenta-se as indicações luminotécnicas regulamentadas pela União
Europeia – UNE 12464.1, para os interiores.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Tabela 6 - Níveis de Iluminância recomendáveis para os interiores


18
DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE Em lux (lx) UGRL Ra OBSERVAÇÕES
Unidades de Saúde:
Sala de espera e corredores 200 22 80
Quartos 300 19 80
Escolas: 200 80
Hall de Entrada 100 22 80
Áreas de circulação e corredores 500 25 80
Sala de aula 500 19 80
Biblioteca (salas de leitura) 19 - A iluminação deve ser controlada

Ateliê (posto de trabalho de CAD) 500 19 80


Lojas:
Área de venda 300 22 80
Área de caixa 500 19 80
Restaurantes e Hotéis: 100 80
300 80
Hall de entrada - 25 80
Receção, buffet e caixa 22 - A iluminação deverá ser projetada para criar
Área de refeição e salas de reunião - a atmosfera adequada

Teatro e Salas de Concerto: 300 22 80


Salas de ensaio e camarins - A iluminação dos espelhos para
maquilhagem deve estar livre de brilho
Museus:
Obras em exposição insensíveis à luz - A iluminação é determinada pelos requisitos
Obras em exposição sensíveis à luz de apresentação
- A iluminação é determinada pelos requisitos
de apresentação
- A protecção contra a radiação danosa é
imprescindível

Cabeleireiros 500 19 90
Padarias:
Sala de preparação e fornos para 300 22 80
cozedura
Garagem 75 20 - Iluminação ao nível do chão
- - Devem reconhecer-se as cores de segurança
- Uma maior iluminação vertical aumenta o
reconhecimento dos rostos e aumenta a
sensação de segurança.

[Fonte: UNE 12464.1 – Norma Europea sobre Iluminación para Interiores]

Essa tabela demonstra a grande amplitude quantitativa e qualitativa de ambiência


recomendável para os interiores para cada atividade (Phillips, 2000).
No entanto, deve-se considerar que um bom lighting design consiste numa série de
experiências planeadas que envolvem os indivíduos. Percorrer o caminho por eles utilizado num
determinado espaço possibilita a uma aprendizagem de como as ações determinam as necessidades.
Cada indivíduo vê o mesmo espaço de modo diferente. Deve-se sempre começar com uma mente
aberta, com a devida atenção sobre a melhor forma de utilização de todas as novas fontes de luz,
mas com a consciência de que nem todas serão adequadas a todos os projetos (Brandston, 2010).

18
UGRL– valores de índice de brilho

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

4.3.3_BRILHO
O brilho é uma avaliação subjectiva, quando se compara a luz emitida por uma fonte em
relação à que é emitida por outra. O brilho não é o mesmo que luminância, mas está relacionado
com ela. Enquanto que a luminância é mensurável, o brilho é uma resposta percetiva.

Ilustração 71 - A perceção de desconforto é causada pelo ofuscamento produzido pela fonte de luz, o tamanho da fonte,
e a luminância da área circundante onde a fonte está localizada, em relação ao eixo de visão do espectador
[Fonte: IES, 2008:28]

A diferença entre o brilho e a luminância é muito ténue. O brilho é o resultado da quantidade


do fluxo luminoso que é emitido por uma superfície; A luminância é a quantidade do fluxo luminoso
que é refletida por uma superfície (Murdoch, 2003).

Ilustração 72 - Para um conforto visual nos interiores, é importante uma harmoniosa distribuição do brilho
[Fonte: Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.):14]

Há dois atributos da luminância que devem ser considerados. O primeiro é a constância da


luminosidade, que é a perceção pelo indivíduo da luminância percebida pelo olho, sendo o mesmo
em amplas faixas do espetro. Esse fenómeno permite-nos continuar a reconhecer objetos quando os
níveis de luz mudam significativamente. O segundo tem a ver com o contraste, muitas vezes
denominado simultâneo. Esta é a propriedade no qual duas zonas adjacentes, por exemplo, dois
retângulos, que têm a mesma luminância, têm luminosidades diferentes em relação ao seu fundo
(Murdock, 2000).

Ilustração 73 - Contraste Simultâneo - Os retângulos centrais cinza são iguais em termos de luminosidade. O retângulo da
direita parece mais escuro que o da esquerda, por a luminância envolvente ser mais clara.
[Fonte: Murdock, 2000:94]

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Portanto, a perceção do brilho está associada à constância da luz emitida por uma superfície
e poderá sofrer uma variação em relação à perceção dos indivíduos.
4.3.4_COR
A cor não tem existência material. Ela é, tão-somente, uma sensação provocada pela
ação da luz sobre o órgão da visão.
(Pedrosa, 2009:19)
Epicuro, há mais de 2300 anos, desenvolveu o raciocínio no qual afirma que a cor guarda
uma estreita relação com a luz, uma vez que, quando não há luz, não há cor, e que a coloração dos
objetos varia consoante a variação da luz que os ilumina, concluindo que os corpos não têm cor por
si mesmos (Pedrosa, 2000).
No início do Séc. XVII, Sir Isaac Newton iniciou o estudo científico da visão de cores,
escrevendo um dos mais importantes tratados. No seu trabalho sobre ótica, procura explicar, através
de propostas, teoremas e problemas, como as cores são constituídas, defendendo a sua pré-
existência na luz branca. O processo de refração possibilita a sua perceção, caraterizando cada cor
(César, 2003).

Ilustração 74 - Prisma de Newton


[Fonte: http://www.colorsystem.com/?page_id=683&lang=en]

Posteriormente, no início do Séc. XIX, esse estudo é amplamente desenvolvido por Hermann
Von Helmholtz e por Thomas Young (Brandston, 2010).
Helmholtz apresenta, no “Manual de Ótica Psicológica”, as três variáveis que são utilizadas
para caracterizar uma cor: matiz, saturação e brilho, sendo o primeiro a demonstrar de forma
inequívoca que as cores que Newton tinha visto no seu espetro são diferentes das cores aplicadas
numa base branca com pigmentos. As cores espectrais brilham mais intensamente e possuem maior
saturação, sendo que a sua mistura se dá pela síntese aditiva, enquanto os pigmentos são
constituídos pela síntese subtrativa. Em cada caso, um conjunto de diferentes regras regula a sua
combinação.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

De acordo com Thomas Young, Helmholtz também defendeu um sistema de três cores e
demonstrou que cada cor pode ser composta de uma mistura de três cores básicas -vermelho, verde
e azul-violeta, por exemplo, sendo chamadas de “cores simples”.

Ilustração 75 - Sistema de Helmholtz


[Fonte: http://www.colorsystem.com/?page_id=812&lang=en]

Thomas Young estabelece a primeira teoria sistemática da cor, procurando a existência de


três cores primárias não na natureza da luz, mas na constituição do homem, sendo que a sensação
de cor é produzida pelo processo de mescla aditiva de cores (Farina, 1986).

A maior parte dos fenómenos relacionados com a perceção da cor pode ser
explicada na existência, no olho humano, de três cones recetores, ou
estímulos de excitação, sensíveis à luz, um para cada uma das três cores
primárias, chamados de valores triestímulos fisiológicos, ou psicofisiológicos,
que correspondem à perceção azul-violeta, verde e vermelho-alaranjada do
olho humano normal, isto é, cones recetores que reagem, respectivamente,
ao azul-violeta, ao verde e ao vermelho-alaranjado.
(Farina, 1986: 65)

Atualmente, a ótica (parte da física que estuda as propriedades da luz e da visão, apoiada
pela ótica fisiológica) demonstra que, quando a luz atravessa a pupila e o cristalino, atingindo os
cones e a mácula, é decomposta em três grupos de comprimento de onda que caracterizam as cores
luz – o vermelho, o verde e o azul-violeta (Pedrosa, 2000).
O resultado da decomposição (e das infinitas possibilidades de mistura) é transmitido pelo
nervo ótico e vias óticas ao córtex occipital, situado na parte posterior do cérebro, onde se processa
a sensação cromática, sendo, dessa forma, inegável a participação do intelecto no reconhecimento
exato das diversas tonalidades cromáticas (Farina, 1986).

80
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 76 - Curva de luminosidade do olho humano


[Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:138]

Num senso comum, a palavra cor, tanto pode designar a sensação cromática, como também
o estímulo que a provoca - a luz direta ou o pigmento capaz de a refletir. No entanto, o estímulo
denomina-se matiz, e a sensação provocada por ele é que recebe o nome de cor (Farina, 1986).
A cor não tem intensidade própria, dependendo diretamente da luz. Na realidade, ela é uma parte da
luz, pois, se assim não fosse, poderíamos percebê-la quando da sua ausência (Farina, 1986).

Todas as cores que não percebemos estão presentes na luz branca. Sua
dispersão, isto é, a dispersão da luz, origina o fenómeno do cromatismo. A luz
branca, o branco que percebemos, é, portanto, acromático, não tem cor. O
mesmo direi do preto, que representa a absorção total de todas as cores, a
negação de todas elas.
(Farina, 1986:78)

A cor irá depender da natureza das coisas que são vistas, da luz que as ilumina e do contexto
que se inserem, existindo apenas enquanto sensação registada pelo cérebro. O olho recebe a cor
como mensagem, transmitindo-o ao cérebro recetor do indivíduo (Farina, 1986).

81
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 77 – Representação do fenómeno da visão-perceção-cor, através do fluxo emitido por uma fonte de luz
incidente sobre um limão.
[Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:121]

A sensação provocada pelos efeitos luminosos, constituídos por radiações eletromagnéticas,


dividem-se em dois grupos distintos – as cores luz e as cores pigmento. Mesmo tendo a luz como a
sua origem comum, esses estímulos constituem espécies diferentes.
Além da luz solar, o homem moderno manipula ainda inúmeras outras luzes
produzidas por ele. Mas nada se compara ao espectáculo de força e beleza do
colorido da natureza provocada pela luz solar incidente sobre os elementos
físicos e químicos, no interior da atmosfera terrestre, por efeitos de absorção,
dispersão, reflexão e refração.
(Pedrosa, 2000:25)
DUAS TRÍADES DE CORES PRIMÁRIAS
SÍNTESE ADITIVA
As cores luz são aquelas que provêm de uma fonte luminosa direta, como a luz do sol, de
uma vela, de uma lâmpada ou de uma descarga elétrica. Nessa combinação de cores, acrescenta-se
energia luminosa ao fluxo de luz, numa ou mais zonas de comprimentos de onda do espetro
luminoso, emitido em direção ao olho pela fonte luminosa (Gamito, 2005).
A sua tríade primária é constituída pelo vermelho, verde e azul (Chung, 2008).
Numa mistura ótica equilibrada, tomadas duas a duas, essas cores primárias produzem cores
secundárias: o magenta produzido pela mistura do vermelho com o azul; o amarelo pela mistura do
vermelho com o verde; e o cyan (Chung, 2008: 23) pela mistura do verde com o azul.
A amarela em cor luz é uma cor secundária, obtida pela mistura do vermelho com o verde,
sendo ao contrário nas cores pigmento, onde é cor primária, indecomponível, e obtida por ela
mesma.
A mistura proporcional das cores luz produz o branco, denominada síntese aditiva (Pedrosa,
2000).

82
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 78 - Síntese aditiva


[Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:147]

SÍNTESE SUBTRATIVA
As cores pigmento são cores de determinadas matérias químicas, produzidas pelas
propriedades que possuem em absorver, refletir, ou refratar os raios luminosos incidentes.
A sua tríade primária é composta pelo cião, magenta e o amarelo (Chung, 2008: 66).
Essas cores em mistura proporcional produzem, em teoria, o preto, sendo que, na prática, os
pigmentos nunca absorvem (subtraem) a luz na sua totalidade, e acaba por existir alguma reflexão,
sendo a cor obtida um cinzento mais escuro (Pinheiro, 2012).
Esse fenómeno é denominado síntese subtrativa (Pedrosa, 2000).

Ilustração 79 - Síntese subtrativa


[Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:149]

83
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

CARACTERÍSTICAS DA COR
No ato percetivo da cor, pode distinguir-se três caraterísticas principais – matiz,
luminosidade e saturação, que correspondem aos parâmetros básicos da cor, sendo que toda e
qualquer sensação de cor é definida por esses parâmetros.

Ilustração 80 - Gráfico representando as características da cor: matiz, luminosidade e saturação.


[Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:215]

1. MATIZ – é a característica da cor que é definida pelo comprimento de onda da luz direta ou
refletida e a situa no espetro, sendo percebida como vermelho, amarelo, azul e as demais
resultantes da mistura dessas cores.
Em linguagem corrente, a palavra cor é empregada como sinónimo
de matiz. Em determinados casos, tom é também empregado como
substituto de matiz. Em variação sinónima, emprega-se comumente a
expressão tons matizados.
(Pedrosa, 2000:35)

Ilustração 81 – Comprimento de onda da luz


[Fonte: Chung, 2008:7]

84
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

2. LUMINOSIDADE – É a medida do atributo de claridade ou obscuridade de uma cor,


classificado desde 0 para o negro e 10 para o branco puro, em etapas que são visualmente
idênticas em dimensão no sistema Munsell (Chung, 2008).

Ilustração 82 – Gradação quantitativa do preto ao branco.


[Fonte: Kuppers, 1979:138]

1. SATURAÇÃO – Descreve a quantidade de cinzento presente na cor (Chung, 2008), que é


percebida como o índice de pureza de um matiz. Os não saturados são mais fracos, têm
menos croma e contêm uma grande percentagem de cinzento. Portanto, quando a cor
apresenta um alto índice de cromaticidade é denominada de cor viva (Pedrosa, 2000).

Ilustração 83 - Variações nas características das cores é mostrada nesse gráfico, tendo como exemplo a cor vermelha. As
variações possíveis da cor estão indicadas entre as duas setas pretas e coincidem com a amostra marcada com um
asterisco. A cor irá mudar dramaticamente entre os pontos A e B. Ao longo dos máximos e mínimos, destacam-se as
variações de cor que identificam esse desvio. Na prática, para uma diferença média de variações de luminosidade, mais
significativa, a cor ainda é uma identidade semântica.
[Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:219]

NOTAÇÃO CROMÁTICA
SISTEMA MUNSELL
Este sistema baseia-se no princípio da “equidistância percebida”. Munsell criou um sistema
tridimensional, publicado na sua obra Color Notation, de 1905, que pode ser mais bem descrito como
uma “Árvore”.
Essa árvore ilustra as relações entre as cores, sendo que esse sistema é amplamente
utilizado, servindo como referencial para o design e para a indústria (César, 2003).

85
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

O sistema descreve as cores, permitindo a utilização de uma escala decimal, e são descritas
pelas suas três variáveis: hue (matiz), value (luminosidade) e chroma (saturação). Foram
consideradas cinco cores primárias - vermelho (R), amarelo (Y), verde (G), azul (B) e púrpura (P); e
cinco cores secundárias - amarelo-vermelho (YR), verde-amarelo (GY), azul-verde (BG), azul-púrpura
(BP) e vermelho-púrpura (RP); organizadas em círculo em torno de um eixo neutro vertical de
cinzentos (N), onde é registada a luminosidade (value). Esse eixo é graduado em intervalos de 0 a 10,
no qual a cor branca se encontra no polo superior, com valor 10N, e o preto no polo inferior, com
valor de 0N, enquanto o cinzento médio tem o valor de 5N.
A saturação (chroma) de cada matiz indica a pureza da cor e é medida no eixo radial, desde o
tom de cinzento da cor, junto com o eixo de luminosidade, até uma completa saturação, na periferia
do círculo (Gamito, 2005).

Ilustração 84 - Sistema de Cor Munsell


[Fonte: http://www.colorsystem.com/?page_id=860&lang=en]

SISTEMA CIE – Comission Internationale d’Éclairage


O sistema CIE baseia-se em medições percetivo-fisiológicas e representa um método de
identificação consensual da cor com base na mistura aditiva de luz.
Trata-se de uma medição mecânica, em que as três variáveis do sistema – matiz, saturação e
luminância, ou intensidade de luz de descarga – foram medidas por meio de colorímetros, e que
serviu de base para a identificação das cores deste sistema (Gamito, 2005).
O diagrama de cromaticidade foi baseado no triângulo com as cores primárias e
complementares, que, quando integrado num sistema de coordenadas cromáticas, resulta no
Diagrama tricromático. As cores são representadas por meio de coordenadas que dependem de um
observador e de fontes luminosas padrão (Gamito, 2005).

86
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

VERDE

AZUL AMARELO
O

AZUL-VIOLETA VERMELHO
O
PÚRPURA

Ilustração 85 – A forma básica do triângulo de cores, com as cores primárias colocadas no canto e as cores secundárias ao
longo dos lados. Autor

É, portanto, a representação gráfica da composição da luz branca, síntese da parte visível do


espetro solar, compreendida entre 400 nm19 (abaixo desse valor se encontram-se os raios
ultravioletas) e 700 nm (acima desse valor começam os raios infravermelhos) com a localização do
corpo negro.

Ilustração 86 – Diagrama tricromático indicado pela CIE (Commission Internationale de l’Éclairage).


[Fonte: Luminotecnia 2002, 2002:42]

O diagrama de cromaticidade resulta de uma linha que é traçada através dos pontos em
relação aos valores atribuídos ao triestímulos, e que estão relacionados com os comprimentos de
onda. Se a luz espectral com um comprimento de onda de 400 nm (limite esquerdo) é misturada com
luz de 700 nm (ponto final a direita), podemos ver que todas as cores resultantes devem estar na
linha que liga estes dois pontos, chamada linha púrpura e que completa o diagrama.
Embora o diagrama CIE se baseie na capacidade do olho humano para combinar as cores, é
uma construção matemática, com a vantagem de que cada cor tem uma posição em relação a cada
uma das cores primárias, que poderá ser calculada independentemente de qualquer fonte.

19 -9
1 nm (1 nanómetro) = 10 m

87
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

O diagrama de cromaticidade ganha significado porque todas as cores existentes se situam dentro de
uma área delimitada, relacionada com uma curva – linha púrpura, marcada com dígitos que
representam os valores de temperatura. Esses valores são atribuídos tendo como base uma lei da
física que afirma que a luz irradiada por um corpo negro está relacionada com a sua temperatura.
Portanto, a cor e a temperatura da cor estão inter-relacionadas.
PSICOLOGIA DA COR
O ato de ver a cor é uma perceção sensorial que irá depender das características do
ambiente e dos objetos. Além da forma, da textura, cheiro e sabor, a cor é uma das características
que nos permite determinar, julgar e avaliar um ambiente.
Essa perceção é ainda acompanhada por fatores culturais e sociais, invocando uma sensação
visual momentânea, que envolve toda a experiência, memória e processos de pensamento. A
perceção ótica de estímulos resulta do triestímulo fisiológico de células sensoriais do córtex cerebral,
fazendo parte da nossa psique (Meerwein, Rodeck & Mahnke, 2007).
A Cor pertence ao meio ambiente, sendo, portanto, um meio de informação e comunicação,
servindo, também, como um meio de compreensão e interpretação. A perceção da cor no ambiente
é dependente da capacidade visual, associativa, sinestésica, simbólica e emocional.
Color is much more than aesthetic statement: it is part of a life-giving
and life-preserving process. It is part of the terms and conditions
under which humans live and experience. Besides other sensory
perceptions, humans orient themselves according to optic signals, and
learn through visual messages. This makes color vitally important to
the meaning of the environment as well as to human interaction with
it. Our emotions are always touched by what color reveals to us about
our environment, what is communicates. We are all influenced by
colors and have lively relationship with them. Colors affect us and our
emotional world, even when we do not consciously perceive them.20
(Meerwein & Rodeck & Mahnke, 2007:16-17)
Perceber a cor significa "experimentar", tornar-se consciente, sendo que uma série de fatores são
envolvidos nesse processo, em parte, a um nível consciente, e em parte a um nível inconsciente
(Mahnke, 1996).

20
A cor é muito mais do que uma questão estética, fazendo parte da vida e do processo de preservação, possibilitando a
sua experimentação e vivência. Os seres humanos se orientam de acordo com sinais ópticos, além de outras percepções
sensoriais, e aprendem através das mensagens visuais. Isso faz com que cor seja de vital importância para a perceção do
ambiente, bem como a interação dos indivíduos. Nossas emoções são sempre estimuladas e influenciadas pela cor, criando
uma comunicação com o meio ambiente. As cores afetam o nosso mundo emocional, mesmo quando não são
conscientemente percebidas. (Traduação livre)

88
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Portanto, quando ocorre a distribuição da luz no ambiente, o controlo da cor torna-se tão
importante quanto o controlo do brilho proporcionando, dessa forma, um ambiente eficiente e
agradável, criando estímulos tanto ao nível físico, quanto psicológico (Mahnke, 1996).
Environmental light produces numerous biological effects related to
health beyond simply effecting vision and cutaneous pigmentation.
Some of these involve direct responses of circulation or cutaneous
chemicals to light waves; others are mediated by the brain and
neuroendocrine organs. The sufficient excellent work that now exists
warrant a conference that focused on recent advances in the
understanding of these effects – effects that may important for the
design of interior environment that optimize health. 21
(Mahnke, 1996:102)

Frank H. Mahnke (1996), no seu livro “Color, Environment, and Human Response”, afirma
que existem seis fatores básicos e inter-relacionados, que influenciam a experiência da cor no ser
humano, e organiza em pirâmide – Color Experience Pyramid.

Ilustração 87 – Pirâmide da Experiência da Cor


[Fonte: Mahnke, 1996:11]

Esses seis níveis apontam-nos as reações humanas universais em relação à perceção da cor,
tendo um impacto importante no Design de interiores (Mahnke, 1996).
These six levels need elucidation, and then out of them we can draw finding
that point toward some of the universal human reactions to color. These in
turn impact importantly on the design of our architectural environment.22
(Mahnke, 1996:10)

21
Luz Ambiental produz inúmeros efeitos biológicos relacionados com a saúde, muito além do processo da visão e da
pigmentação da pele. Alguns desses efeitos está relacionado com a circulação ou com uma reação química ocorrida na pele
e que tem relação com a radiação, enquanto outros são sentidos pelo cérebro e por outros órgãos. Uma excelente
investigação tem vindo a ser desenvolvida, o que tem possibilitado a compreensão da importância da luz na conceção dos
espaços interiores e na otimização da saúde dos indivíduos que nele vivem. (Tradução livre)
22
A compreensão destes seis níveis aponta para algumas das reações humanas universais relacionadas com a cor, tendo
um impacto no design do ambiente doméstico. (Traduação livre)

89
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

REAÇÕES BIOLÓGICAS AO ESTÍMULO DA COR


São reações biológicas que estão vinculadas ao ser humano, e são incontroláveis por ele,
tendo um efeito psicológico na forma como os indivíduos pensam ou sentem a cor. No entanto, este
nível psicológico poderá ser encontrado nos outros níveis da pirâmide (Mahnke, 1996).
INCONSCIENTE COLETIVO
O inconsciente coletivo é uma parte da psique que se distingue do inconsciente pessoal pelo
facto de não dever a sua existência a uma experiência pessoal: é constituída essencialmente de
conteúdos que já foram conscientes e desapareceram da consciência por terem sido esquecidos ou
reprimidos, não sendo, portanto, uma aquisição individual e condicionada em alto grau por fatores
herdados.
Enquanto o inconsciente pessoal está relacionado com as questões específicas da vida do
indivíduo e consiste em sua maior parte de complexos, o inconsciente coletivo é constituído
essencialmente por arquétipos.
O conceito de arquétipo constitui um correspondente indispensável da ideia de inconsciente
coletivo, indicando a existência de determinadas formas na psique, que estão presentes em todo
tempo e lugar (Jung, 2000).
No entanto, o inconsciente pessoal também deverá ser considerado em relação a experiência
da cor, e não apenas o inconsciente coletivo, visto que a experiência pessoal associado a cor e que foi
suprimida do inconsciente, também irá influenciar as reações pessoais (Meerwein & Rodeck &
Mahnke, 2007).
SIMBOLISMO CONSCIENTE – ASSOCIAÇÕES
Neste nível, estão representadas as associações, impressões e simbolismo da cor, que são
apreendidas a um nível consciente, sendo, no entanto, independentes de questões éticas, culturais e
sociais.
As cores e o seu conteúdo simbólico têm importância em vários campos, tais como a
publicidade, a moda, o produto e o design gráfico, incluindo, também, o design de interiores, pelo
facto de que a cor aplicada nos ambientes tem influência na emoção e na razão. Este efeito
psicológico permite uma perceção do espaço como agradável, quente, frio, inspirador, triste, sujo,
dinâmico, duro, caro, barato, distante, etc. (Mahnke, 1996).
O simbolismo da cor tem vindo a desempenhar um papel importante na vida e na vivência
dos indivíduos, desde tempos mais remotos, com um caráter significante na religião, medicina, curas
ou terapias, mitologia, alquimia, astrologia, arte e em cerimónias como casamento, no nascimento e
na morte.
INFLUÊNCIAS CULTURAIS E MANEIRISMO
Mesmo na existência de reações universais para a experiência da cor, isso não impede a
existência de associações e símbolos culturais específicos a cada grupo.

90
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A associação de cor e a simbologia são características culturais de um povo ou de grupo


cultural e será significante na contextualização das tradições, filosofia e religião (Meerwein & Rodeck
& Mahnke, 2007).
INFLUÊNCIAS DE TENDÊNCIAS, MODA E ESTILOS
As cores apresentam novas tendências num determinado período de tempo, influenciando a moda e
outros produtos.
No Design de Interiores, as tendências de cor sofrem uma mudança mais lenta, requerendo
uma especial atenção na aplicação de uma determinada cor, podendo, no entanto, influenciar na
experiência e novas associações a cor. O estudo da cor é sempre associado ao seu efeito psicológico.
O estudo das tendências de cor na moda e outros produtos são planeados mediante as
estratégias económicas, o que não acontece no Design de Interiores (Meerwein & Rodeck & Mahnke,
2007). Contudo, deve-se ter certa cautela em aceitar as tendências de cor no projeto de Design de
interiores, devido ao facto que se terá uma certa dificuldade de satisfazer os diferentes aspetos,
objetivos e necessidades específicas de um determinado ambiente (Mahnke, 1996).
RELACIONALMENTE PESSOAL
O relacionamento pessoal pode ser revelado pela expressão de agrado ou desagrado,
indiferença ou recusa a determinadas cores e tonalidades.
A experiência da cor é dominada pelo fator pessoal, incluindo:
• Disposição pessoal
• A personalidade e o temperamento
• Constituição física e psicológica
• Idade e sexo
• Sensibilidade a cor
É importante considerar o tempo que o estímulo irá afetar a perceção da cor por parte dos
indivíduos, mesmo não sendo constantes, mas variáveis, consoante as influências externas ou o
desenvolvimento pessoal.
A experiência e reação a cor também serão determinadas pela dinâmica do mundo, interno e
externo, devendo ressaltar os diferentes parâmetros, que não podem ser observados isoladamente,
mas de uma forma interativa (Meerwein & Rodeck & Mahnke, 2007).
4.4_LUMINOTECNIA
A Luz é uma forma de energia que possui, como propriedade especial, o estímulo dos
fotorrecetores – cones e bastonetes, situados na fóvea centralis do olho, permitindo ao cérebro a
criação da imagem visual.

91
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 88 – Parte fotossensível do olho. Atuação dos cones e bastonetes.


[Fonte: luminotecnia 2002, 2002:24]

A luz é uma forma de radiação, tendo como fonte de emissão o sol, ou uma fonte artificial,
que contém não apenas as radiações visíveis, mas também as radiações ultravioletas, os
infravermelhos, como também outras fontes de radiação.

Ilustração 89 - Dentro da ampla gama de radiação eletromagnética, a luz visível constitui apenas uma estreita faixa. A luz
do sol "branca" pode ser dividida em suas cores espetrais com a ajuda de um prisma.
[Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:136]

92
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A luz em si é invisível. A sensação de luminosidade é decorrente da reflexão dos raios


incidentes numa superfície, sendo que a iluminância é a luz incidente, não visível; e a luminância é a
luz refletida, visível (Vianna & Gonçalves, 2001).

Ilustração 90 - Classificação do espetro visível


[Fonte: Luminotecnia 2002, 2002: 17]

A unidade básica de medida da quantidade de luz é chamada de lúmens, podendo


considerar- se como sendo o fluxo de luz emitido por uma fonte de luz e que se distribui pelos
ambientes que se quer iluminar.

Ilustração 91 – Fluxo luminoso - é a quantidade de luz que é emitida por uma fonte, medido em lúmen (lm).
[Fonte: Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.):8]

A Intensidade luminosa de uma fonte de luz é a quantidade de fluxo luminoso irradiada por
uma fonte de luz numa determinada direção, sendo medida em candela (cd).

93
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 92 – Intensidade Luminosa (I) – definida como a intensidade luminosa emitida por uma fonte numa dada
direção, medida em candela (cd)
[Fonte: Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.):8]

Todavia, quando se trata da densidade de luz, mais precisamente a iluminância, a unidade


que se utiliza é o lux (Hopkison, 1963).

Ilustração 93 - Iluminância (E) - indica a quantidade do fluxo luminoso de uma fonte de luz que incide sobre os planos
horizontais e verticais, medida em lux (lx).
[Fonte: Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.):9]

A luz é o meio que torna possível a perceção visual, sendo que o brilho é o processo de o
corpo físico refletir a luz que incide na sua superfície. Quando a luz, medida em lúmens, se distribui
por uma superfície, e essa superfície apresenta a cor preta, ou seja, visualizamos a cor preta pelas
características da superfície que absorve todos os comprimentos de onda, os raios de luz não se
reflectem e, dessa forma, não se vêm. Consequentemente, uma superfície branca apresenta uma
melhor reflexão dos raios de luz incidentes, parecendo mais luminosa do que a superfície de cor
preta. A propriedade de reflexão das superfícies é tratada como factor de reflexão. Dessa forma, as
superfícies brancas possuem um factor de reflexão próximo dos 100%, enquanto as superfícies
pretas possuem um factor de reflexão de 1 a 2%. As superfícies cinzas e as superfícies coloridas
possuem o seu factor de reflexão situadas entre esses valores. Já o cinza médio tem um grau de
reflexão situado nos 30% (Hopkinson, 1963).
A unidade que mede a luminância, isto é, o brilho de uma superfície iluminada ou luminosa
observada pela vista, é a candela/m2 (cd/m2).

94
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 94 - Luminância (L) - é o brilho numa superfície iluminada e luminosidade percebida pelo olho humano,
2 2
medida em candelas por m (cd/m ). A luminância descreve o efeito psicológico da luz sobre os olhos.
[Fonte: Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.):9]

Assim, existe uma relação entre a luz emitida por uma fonte, que é a iluminação, medida em
lúmens por m2, e o brilho refletido na direção da visão numa superfície sobre a qual esta luz incide.
A sensação de claridade provocada no olho por uma fonte de luz ou por uma superfície iluminada
depende das características da reflexão da superfície, uma vez que os objetos possuem diferentes
capacidades de reflexão da luz (Vianna & Gonçalves, 2010).
A reflexão de uma superfície dá-se quando a luz incidente é refletida pela superfície, sendo
que parte da luz é refletida e outra parte se perde, sob o efeito de absorção.
Qualquer superfície que não seja completamente preta pode refletir a luz. A quantidade de luz
que reflete e a forma como a luz é refletida determinam as propriedades de reflexão (Indalux, 2002).
A fim de orientar e distribuir o fluxo luminoso das lâmpadas, dois tipos de controladores óticos
de emissão luminosa são usados, a fim de orientar, distribuir ou filtrar o fluxo luminoso das
lâmpadas:
• Materiais refletivos
• Materiais transmissores translúcidos.
Materiais refletores são usados para refletir, tanto quanto possível, a luz. Eles podem ser
subdivididos em materiais:
1_Reflexão direcional – tem um design especular preciso, sendo utilizados para definir detalhes e no
controle da luminosidade. Ex.: os refletores especulares e grelhas de alumínio anodizado polido.

Ilustração 95 - O ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão.


[Fonte: Licht.Wisen, 2010:38]

2_Reflexão mista - a superfície desses controladores óticos tem um componente mais pronunciado
para uma direção e é definida pela condição do material. Ex.: grelhas acetinadas especulares em
contraste com materiais mates.

95
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 96 - O fluxo luminoso apresenta uma reflexão concentrada numa mesma direção, mas difusa, devido às
características da superfície na qual a luz incide.
[Fonte: Licht.Wisen, 2010:38]

3_ Reflexão difusa – a face da luminária é claramente visível devido à sua maior luminosidade. Ex.:
refletores e grelhas com superfícies mate.

Ilustração 97 - O fluxo luminoso apresenta uma reflexão amplamente difusa em relação à sua incidência, devido às
características da superfície na qual incide.
[Fonte: Licht.Wisen, 2010:38]

Tabela 7 – Fator de reflexão dos materiais com a luz do dia


SUPERFÍCIE REFLETORA REFLEXÃO (%)
Materiais refletores Prata brilhante 92 – 97
Espelho 80 - 85
Ouro 60 - 92
Cromo 60 – 65
Alumínio polido 67 – 72
Aço Inoxidável 50 – 60
Ferro 50 – 55
Cobre 35 - 80
Material de construção Vidro ou plástico 8 – 10
Aço Inoxidável 50 – 60
Tinta Tinta branca mate 70 – 80
Tinta esmalte branca 60 – 83
Alvenaria e materiais estruturais Gesso branco 90 – 92
Porcelana esmaltada 60 – 80
Cerâmica branca 60 – 83
Tetos acústicos 60 - 75
Pedra calcária 35 – 60
Grés 20 – 40
Mármore 30 – 70
Betão cinzento 20 – 30
Granito 20 – 25
Tijolo 10 – 20
Madeira Bétula clara 35 – 50
Carvalho claro 25 – 35
Carvalho escuro 10 – 15
Mogno 6 – 12
Nogueira 5 – 10
Pintura Pintura branca nova 75 – 90
Pintura branca antiga 50 – 70

[Fonte: Dietz, Lam & Hallenbeck, 1976:133]

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

4.5_CONFORTO VISUAL
A origem da palavra conforto está ligada ao conceito de consolo ou apoio, a partir da palavra
latina cumfortare, derivada de cum-fortis significando aliviar a dor ou fadiga (Vander Der Linden,
Guimarães & Tabasnik, 2012).
O conceito de conforto é subjetivo, dependendo da perceção dos indivíduos e da experiência
de uma situação, não existindo uma definição que seja universalmente aceite, tendo
correspondência com a própria evolução da cultura ocidental, na medida em que os valores
espirituais se vão alterando, desde o início do cristianismo, numa busca constante do bem-estar
material propiciado pela Revolução Industrial, que levou ao desenvolvimento de um novo
significado, entendido como uma necessidade comprometida com a modernização (Vander Der
Linden, Guimarães & Tabasnik, 2012).
A definição de conforto é variável, segundo uma série de fatores que se dividem em dois
grupos: cultural e filosófico. Enquanto no grupo cultural, se incluem fatores de ordem moral, social e
histórica; no grupo filosófico, incluem-se os fatores geológicos, luminosos, térmico, espacial, de
movimento e geográfico. Esses elementos passam, ainda, por outros fatores limitantes, tais como:
económicos, necessidades físicas e necessidades emocionais (Barbosa, 2005).
Tomás Maldonado (1995) afirma que, o conforto é uma ideia contemporânea. Antes da
Revolução Industrial, a necessidade ou expectativa de conforto estava associada a um senso de
conveniência, de habitabilidade, sendo um privilégio disponível para poucos indivíduos. No entanto,
a difusão dessa ideia não foi acidental, mas planeada desde o início como um sistema fundamental
no controlo social da sociedade capitalista emergente.
Não se pode, contudo, deixar de admitir que o conforto é um dos elementos essenciais no
desenvolvimento do dia-a-dia dos indivíduos, e um dos fatores que contribui para o processo de
modernização.
No entanto, não existe uma relação de reciprocidade entre o processo de modernização e a
difusão do conforto. Existem áreas onde essa reciprocidade tem vindo a ser revelada: a cidade, as
habitações, o ambiente de trabalho. A habitação, em particular, pode ser considerada um
microcosmos perfeito onde se pode exemplificar essa relação entre a modernização e o conforto
(Maldonado, 1995).
Por outro lado, Iida, em seu livro Ergonomia Projeto e Produção, afirma que “é mais fácil
falar em ausência de desconforto, pois este pode ser avaliado” (Iida, 2005:150). Portanto, a perceção
de conforto está relacionada com o sentimento de bem-estar e da estética que se veio alterando ao
longo dos tempos, das culturas, e mesmo do próprio ciclo de vida humana.
A ideia de conforto para o idoso pode ser abordada sob o ponto de vista higrotérmico,
relativo à satisfação do indivíduo com as condições de humidade e temperatura do ambiente;
lumínico, resultado da luminosidade local; acústico, relativo à qualidade sonora, minimizando ruídos

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

e ecos; e antropodinâmico, que se refere aos movimentos requeridos pelas diversas atividades
humanas (Barbosa, 2005).
Há que referir que os fatores fisiológicos e culturais variam com a idade, interferindo na
sensação individual de conforto. Os idosos necessitam de maior nível lumínico na área de execução
das tarefas, como também na orientação no espaço. Os contrastes de cores entre paredes, pisos e
objetos devem ser optimizados para auxiliar na sua identificação; são mais sensíveis ao ofuscamento;
e requerem mais tempo de adaptação às mudanças repentinas de luminosidade (Barbosa, 2005).
Portanto, quando não é contabilizada a alteração fisiológica inerente a esse grupo de
indivíduos, pode gerar-se uma sensação de desconforto. No entanto, existem diferentes aspetos da
iluminação que poderão contribuir para a ocorrência de desconforto. A insuficiência de iluminação
poderá afetar a execução das tarefas, bem como:
4.5.1_UNIFORMIDADE
Uma iluminação uniforme nos ambientes não é recomendável, por não corresponder a
situações naturais de bem-estar, como também o seu excesso ou sua insuficiência. O recomendável
deve ser conceber a distribuição de luz para desenhar a ambiência, no sentido de proporcionar aos
seus utilizadores uma melhor performance na execução das tarefas, sem causar fadiga visual (Boyce,
2003).
4.5.2_ENCANDEAMENTO
O encandeamento ocorre quando a luminância de um objeto é muito maior que a do
ambiente envolvente, sendo que estes contrastes excessivos dificultam o entendimento da
mensagem visual (Vianna & Gonçalves, 2001). Os constrastes excessivos de luminância no campo
visual impossibilita a adaptação do olho, provocando distúrbios e/ou redução na capacidade de
distinguir detalhes dos objetos.
O encandeamento poderá ocorrer diretamente, através da visão direta da fonte de luz ou ser
refletido ou perturbador, através da reflexão da luz numa superfície.
O encandeamento direto dá-se quando, na presença de um raio luminoso, a visão se torna
baça, sem nitidez e com pouco contraste, tendendo a desaparecer à medida que a causa também
desaparece.
O encandeamento refletido é sentido dentro de um campo de visão onde existem grandes
assimetrias de luminância, e surge quando áreas de brilho elevado se encontram no campo visual,
isto é, a luz refletida pela superfície transmite uma sensação de desconforto continuado (Mora,
2003).

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Tabela 8 – Limitações do Encandeamento


ENCANDEAMENTO DIRETO ENCANDEAMENTO REFLETIDO

• Visão direta da fonte de luz Superfícies reflexivas

CAUSA
• Superfície muito brilhante • Incorreta distribuição da iluminação
• Incorreta localização do posto de trabalho

• Baixo nível de concentração • Baixo nível de concentração

EFEITO
• Fadiga • Maior possibilidade de erros
• Fadiga

• Luminárias com controlo de luminância • Maior quantidade de iluminação no campo de

PREVENÇÃO
• Persianas trabalho, através da distribuição das luminárias no
ambiente
• Iluminação indireta
• Superfície com baixo nível de reflexão – superfície
mate

[Fonte: Zumtobel Staff, 2004:7]

Segundo Vianna (2001), o encandeamento distingue-se por dois aspetos: o que produz perda
de visão, ou fisiológico, e o que produz desconforto visual, ou psicológico.
O encandeamento fisiológico é definido como aquele que impede a visão, mas sem
necessariamente causar incómodo. O encandeamento psicológico define-se como aquele que causa
incómodo, sem necessariamente impedir a visão dos objetos.
O processo de adaptação entre o encandeamento e as condições normais de visão causa
fadiga e leva à redução da eficiência na execução das tarefas.
4.5.3_NÉVOAS DE REFLEXÃO
As névoas de reflexão ocorrem quando a luz que incide numa superfície especular ou semi-
mate, impede o desempenho eficaz da tarefa.
As névoas de reflexão e o encadeamento refletido são similares. Enquanto o encadeamento
refletido ocorre quando a luz incidente numa superfície, alterando o contraste entre o plano de
tarefa e o plano de fundo; as névoas de reflexão ocorrem devido a características da superfície da
tarefa, quando da incidência e reflexão da luz.
Os dois fatores que a determinam são o grau de reflexão da superfície e o ângulo de visão do
utilizador em relação à fonte de luz. Se a superfície tiver uma reflexão difusa, não irão ocorrer as
névoas de reflexão, pelo facto de a distribuição da luz refletida ser independente da direção da luz
incidente. No entanto, se a superfície for brilhante, irá ocorrer.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 98 - Esboço da situação determinante para ocorrência das névoas de reflexão, devido ao grau de reflexão da
superfície e o ângulo de visão do utilizador em relação à fonte de luz.
[Fonte: IES, 2008:16]

Ilustração 99 – Esboço da situação onde a reflexão difusa da superfície impede a ocorrência das névoas de reflexão.
[Fonte: IES, 2008:16]

Portanto, as névoas de reflexão ocorrem quando o ângulo de incidência de luz emitida por
uma fonte numa superfície for igual ao ângulo de reflexão e a direção do feixe em relação aos olhos
do utilizador. Essa componente irá depender da propriedade de reflexão do material da superfície
visualizada. (Boyce, 2000).
4.5.4_SOMBRAS
A sombra ocorre quando a luz emitida por uma determinada fonte, depara, no seu percurso,
com um corpo opaco. Se esse objeto for de larga dimensão, o efeito será da redução da luminância
na área adjacente.
O efeito da sombra poderá ser evitado se ocorrer um aumento da luminância e da sua reflexão ou na
instalação de uma fonte de luz na zona de sombra (Boyce, 2000).
Apesar de a sombra causar desconforto visual, é um elemento essencial para perceção do espaço
tridimensional. Tecnicamente, o projeto de lighting design utiliza a luz e a sombra como elementos
do processo de perceção do objeto, sendo que muitos lighting designers afirmam que a distribuição
de sombras é tão importante quanto a luz, propiciando conforto e bem-estar aos utilizadores do
espaço.
A natureza da sombra produzida irá depender do tamanho e da quantidade de luz emitida
por uma fonte e da perceção da sua reflexão no espaço (Boyce, 2000).

100
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

4.5.5_CINTILAÇÃO
Todas as fontes de luz artificiais funcionam em correntes alternadas e algumas produzem
uma flutuação no seu fluxo energético do espetro de luz emitido. Quando essas flutuações se tornam
percetíveis são denominadas de cintilação.
Os principais fatores que determinam se a flutuação de uma fonte de luz será visível são: a
frequência de modulação e a percentagem das flutuações que atingem o olho; a proporção do
campo visual sobre o qual as flutuações ocorrem; e a adaptação à luminância.
No entanto, a cintilação pode ser utilizada no intuito de atrair a atenção para informações
essenciais, como, por exemplo, a presença de veículos de emergência (Boyce, 2000).
4.6_ILUMINAÇÃO NATURAL
A iluminação natural advém da luz do dia, que tem no sol a sua fonte.
O sol emite uma luz em toda a região visível do espetro com eficiência luminosa. Da radiação
solar, 44% é representada sob a forma de radiação visível, 4% são radiações ultravioletas e os
restantes 52% são raios infravermelhos (Pilotto Neto, 1980).

Ilustração 100 – A luz é uma faixa de radiação eletromagnética emitida por uma fonte luminosa e sensível ao olho
humano. Espetro visível entre 400 nm a 700 nm.
[Fonte: http://www.electricalfun.com/visible_spectrum.htm]

A luz natural auxilia na relação entre o exterior e o interior do edificado. A cor aparece mais
brilhante e natural. No entanto, a luz sofre uma variação durante o ciclo do dia, bem como a
relacionada com as condições climáticas, gerando um estímulo no interesse visual (Phillips, 2000).
Os indivíduos necessitam da luz emitida em todo o espetro de luz, e esta é uma característica
da luz natural. A sua ausência leva a que os indivíduos percam a noção do tempo; a perceção das
variações climáticas, gerando, muitas vezes, um sentido de desorientação (Binggeli, 2003).
O sol, no seu apogeu em dia claro de verão, proporciona um nível de iluminância que chega a
atingir o 100.000 lux, numa superfície horizontal ao ar livre. Em dia nublado, com muitas nuvens no
céu, o nível de iluminância produzido pelo sol, encontra-se por volta de 10.000 lux, e, à sombra de
uma cobertura, pode ser de 5.000 lux ou menos (Pilotto Neto, 1980).

101
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 101 – Variação do nível de iluminação num dia de céu claro


[Fonte: PHILIPS Ibérica, S.A., (s.d.): 22]

As qualidades da luz natural existentes quando da sua entrada nos edifícios são relevantes
em relação à iluminação artificial, sendo que esses fatores intangíveis são:
1_Variação e Mudança da luz
A Luz natural é uma fonte de luz em constante mutação, variando de acordo com a hora do
dia, estação do ano e do estado do tempo - ensolarado ou nublado. Longe de ser uma desvantagem,
essa variação proporciona uma dinâmica, tornando os interiores da habitação mais atrativos.
As alterações do tempo podem ser observadas do interior, a partir dos vãos de janelas e
portas, possibilitando que os indivíduos interajam com o exterior, durante o período do dia, sendo
que o corpo humano tem capacidade de se adaptar, em particular no domínio da visão, no intuito de
fornecer respostas a essas variações. A própria perceção depende de um grau de mudança
relacionado com a aparência que o ambiente sofre com a alteração do tempo e, consequentemente,
com a exploração das características da luz recebida. A variação e a mudança são elementos
importantes da luz natural, tal como o meio através do qual é fornecida ao interior - a janela
(Phlillips, 2000).

2_Orientação e Modelação da luz


A luz natural sofre variação na sua direção, devido ao movimento da terra em relação ao sol,
sendo que essa variação ocorre de época para época e com maior brilho em diferentes momentos do
dia. A sua variação aumenta de acordo com a sua orientação, modelando e alterando a perceção do
espaço interior, proporcionando nitidez e qualidade tridimensional (Phlillips, 2000).

102
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

• Modelação
A modelação da luz solar (ou a sua ênfase) proporciona padrões de sombra nas superfícies
que dependem da sua direção e de seu fluxo e está relacionada com a orientação do edifício,
juntamente com as características ao seu meio de entrada.
A ambiência conseguida no design dos interiores é determinada pela reflexão da luz nos
planos construídos que compõem os ambientes, criando padrões mais ou menos luminosos; na
textura dos materiais; e na manipulação da luz incidente.
Os espaços interiores são avaliados pelo seu aspeto agradável e pelo conforto, se são claros
ou escuros, devido principalmente ao efeito da luz. A luz que penetra pelos vãos das janelas
auxilia na perceção do espaço, sendo relevante o seu direcionamento complementado pela
reflexão característica de cada material. Um dia enublado proporciona aos seus utilizadores uma
experiência diferente do que em um dia ensolarado (Phillips, 2000).
• Orientação
A importância da orientação é definida pela implantação do edifício no terreno e na sua
relação com a trajetória da luz solar para se conseguir uma melhor solução de iluminação natural
para a função do edifício, visto que um conhecimento do mundo exterior auxilia a compreensão
da orientação da luz no seu interior.
Não será sempre possível fornecer uma orientação ótima numa edificação, tendo em conta o
seu melhor posicionamento em relação a trajetória da terra, como, por exemplo, uma edificação
que está situada numa rua que se encontra sombreada por uma edificação vizinha. No entanto, a
questão da orientação deve ser sempre levada em consideração.

Ilustração 102 - Os edifícios refletem a luz


[Fonte: Lam, 1976:83]

3_Efeito da luz solar


Sempre que possível, a orientação do edifício deve otimizar a entrada de luz solar controlada,
propiciando um aumento do nível geral nos ambientes, auxiliando na implementação de outros
fatores ambientais mencionados, tais como, a mudança e a variação do seu fluxo, e assegurando
conforto e bem-estar aos seus utilizadores. Não é algo que possa ser medido, sendo, portanto, difícil
de avaliar através de fórmulas matemáticas.

103
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A luz solar é fundamentalmente boa, tanto terapêutica, como visualmente, mas é sempre
importante considerar as questões relativas ao ganho de calor e brilho, sendo que deverá ser
exercido um controlo quando da sua entrada numa edificação, consoante a localização geográfica e a
sua funcionalidade (Phlillips, 2000).
É através de vãos que a luz natural penetra nos interiores, sendo, então, modificada e
controlada. Os pontos de vista para o exterior vão além do edifício. Os vãos das janelas, em toda
história, são, muitas vezes, delimitados, não apenas pela aparência que imprimem no exterior, mas
também o formato da construção. De modo semelhante, a ausência desses vãos também irá
determinar a aparência exterior, enfatizando a artificialidade lumínica dos interiores.
O ver através de uma janela (ou como percebemos o mundo exterior) é uma experiência
dinâmica associada às alterações da luz solar, sendo que o nível de satisfação das necessidades
fisiológicas em relação à adaptação e à readaptação do olho e em relação à distância, ao estímulo e
consciência do meio ambiente vão além dos planos que compõem a edificação (Phillips, 2000).
A qualidade da visão é importante e irá depender, não só do exterior, mas também da
localização, tamanho, forma e os detalhes do próprio vão da janela.
Estas qualidades únicas da luz natural foram exploradas ao longo da história e, quando estes
são desconsiderados, os edifícios deixam de proporcionar conforto e bem-estar aos seus utilizadores
(Phillips, 2000).
Dependendo do posicionamento da abertura por onde há a penetração da luz nos interiores
das habitações, a iluminação natural poderá ser classificada em iluminação lateral, na qual a luz
penetra pelas aberturas existentes nos planos horizontais; e iluminação zenital, na qual a luz penetra
pelo alto, através de superfícies iluminantes na cobertura (Pilotto Neto, 1980).

Ilustração 103 – Posicionamento da abertura por onde penetra a luz natural: zenital ou lateral
[Fonte: Lam, 1976:67]

A iluminação lateral tem como característica a sua falta de uniformidade em relação à


distribuição pelo local. Nos ambientes iluminados lateralmente, o nível de iluminância diminui muito
rapidamente à medida que se afasta da janela.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Tabela 9 – A distribuição do fluxo de luz nos interiores, tomada a partir de tipologias de aberturas no plano horizontal,
sendo que a área das aberturas é sempre a mesma.
Padrão da abertura no plano
Distribuição interna através de modelo Nível de iluminação no ambiente
horizontal

[Fonte: James Bell & William Burt, Designing Buildings for Daylight, CRC Ltd, 1995, p. 56 apud Phillips, 2000:36]

A iluminação zenital tem como uma das principais características a maior uniformidade na
distribuição da luz em relação à iluminação lateral, bem como maiores níveis de iluminância sobre o
plano de trabalho. Isso deve-se ao facto de as aberturas estarem uniformemente distribuídas pela
área de cobertura e terem as suas projeções paralelas ao plano de utilização e trabalho, bem como
possuir o dobro da área iluminante de céu (Vianna & Gonçalves, 2001).

Ilustração 104 - Inclinando uma clarabóia para a linha do Equador há uma melhoria no desempenho de entrada da luz
nas estações de inverno / verão. Inclinando para mais distante da linha do Equador, a entrada de luz torna-se mais
constante, tanto no inverno, quanto no verão, sob condições de sol e nublado.
[Fonte: Lam, 1986:144]

105
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 105 – Claraboia localizada de modo a que a feixe de luz incida na parede e a sua distribuição no ambiente seja
através da reflexão.
[Fonte: Lam, 1986:144]

Ilustração 106 - Espelhos d'água, esculturas, ou superfícies polidas podem ser utilizadas para redireccionar a luz solar
para o teto.
[Fonte: Lam, 1986, p. 144]

A importância da adaptação da visão, isto é, de como o olho se ajusta às condições de


iluminação existentes, determina a relação entre a luz no exterior e a luz que penetra nos interiores,
não sendo esta uma fórmula aritmética simples. O indivíduo que se encontra no seu interior pode ter
uma visualização do céu do lado de fora e tenderá a adaptar-se ao brilho do céu, sendo que este
pode aumentar ou diminuir, e a luz nos interiores não.
O fator de luz do dia é uma combinação de três componentes. A primeira é a componente
céu, isto é, a luz que entra através da janela diretamente a partir do céu. A segunda é a componente
externa reflectida, isto é, a luz vinda através da janela sofre a reflexão em obstruções externas, tais
como árvores, casas, etc.

Ilustração 107 – Componente externa refletida.


[Fonte: Lam, 1976:68]

A terceira componente é a interna que se traduz na luz refletida nos planos horizontais e
verticais através do espaço, de uma superfície para a outra. A componente interna da luz refletida é
claramente consequência dos materiais utilizados nas paredes, teto, piso, etc. A quantidade total de
luz do dia que penetra no ambiente depende do tamanho e da localização da abertura em relação à
área do espaço. A quantidade de luz do dia em qualquer ponto irá depender da localização da janela
em relação às tarefas desenvolvidas (Hopkinson, 1963).

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 108 - Componente Reflexão Interna: a luz entra pela abertura da janela e é refletida no teto.
[Fonte: Lam, 1976:78]

Arte e Ciência, juntas, poderiam produzir uma arquitetura sustentável para o Século XXI. O
requisito original para a janela era o de manter fora a chuva e o frio, e foi pensada para ser satisfeita
por um único plano de vidro. Visto que, actualmente, a carga de energia produzida pela iluminação
artificial é significativa, qualquer atitude que possa ser tomada em relação à sua redução por meios
naturais será um excelente contributo. A recuperação do calor através da conceção de janela, por
exemplo, reduz a carga térmica sobre o edifício. Este tipo de solução está relacionada com as
estratégias de design térmico para os edifícios, e será a chave para as soluções, uma vez que se pode
eliminar a necessidade de ar condicionado, e a janela torna-se no dispositivo de controlo total de
energia para o edifício (Phillips, 2000).
4.7_ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL
Os ambientes interiores usufruem tanto da iluminação natural, como da iluminação artificial,
sendo, portanto, fundamental entender-se a relação dessa dupla condição. Para se conseguir uma
luminância satisfatória nas partes mais interiores de um ambiente, precisa-se de uma área de
abertura muito grande, o que levaria ao problema do desconforto visual, devido aos contrastes
excessivos entre as áreas próxima e afastada das janelas, assim como a um provável
deslumbramento em relação à visão da abóboda celeste e à forte luminância da vidraça.
Na relação entre a iluminação natural e artificial, tem-se como princípio básico que a iluminação
natural caracteriza o espaço, enquanto a iluminação artificial serve de apoio e é necessariamente
subordinada àquela. Um edifício é incapaz de responder aos problemas da iluminação somente
através da luz natural, sendo que a iluminação artificial, quando utilizada com critérios, será a sua
continuidade (Vianna & Gonçalves, 2001).
Uma iluminação artificial será considerada como saudável quando:
• Ocorrerem variações de luminosidade no campo visual em linha com a capacidade de
adaptação do olho;
• Da presença da luz difusa e da luz dirigida;
• Da adequação da tonalidade da luz à sua quantidade;
• Das condições de luz e sombra;
• Ocorrência de um controlo dos brilhos diretos e refletidos;
• Da presença de um completo espetro de cores;
• Da sua variação, no intuito de acompanhar o relógio biológico.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Quando da utilização dos espaços interiores, a iluminação artificial deverá ser utilizada apenas
quando os requisitos de iluminação não possam ser satisfeitos pela luz natural. Nesse caso, todos os
espaços interiores têm de ser dotados de um sistema de controlo de iluminação eficaz que permita
os ajustes dos níveis de iluminação natural, como também das necessidades específicas de
iluminação.
Os sistemas de controlo de iluminação devem sempre assegurar que a luz seja disponibilizada na
quantidade, local e no período adequados (Santos & Vasquez, 2007).
Os principais fatores que influenciam na escolha do tipo de controlo da iluminação são:
• A disponibilidade da luz natural;
• A funcionalidade dos espaços;
• A possibilidade ou não de regulação gradual das fontes de iluminação;
• O grau de sofisticação desejável para o controlo;
• Os custos e a eficiência energética utlizados na iluminação.
Sendo que os principais modos de controlo serão:
• Controlo manual localizado;
• Controlo temporizado;
• Controlo por “reset”;
• Detetores de presença;
• Controlo fotoeléctrico ON/OFF e gradual (Santos & Vasquez, 2007).
Os utilizadores desses espaços valorizam as boas condições de iluminação natural e do contacto
visual com o exterior, em particular, durante os períodos mais quentes, existindo uma forte
correlação entre o conforto térmico e os dipositivos de proteção solar, quando este controlo é
regulável. Todavia, podem ocorrer situações nos quais a luminância é insuficiente, com ausência de
contato visual com o exterior, e o consequente consumo suplementar de iluminação artificial, na
tentativa de minorar os efeitos do desconforto térmico.
Segundo Santos e Vasquez (2007), os controlos da iluminação artificial são ainda pouco
conhecidos e não se identifica uma sensibilidade dos utilizadores quanto à decisão de ligar e desligar
a fonte de luz, no caso das condições de iluminação natural não poderem ser satisfeitas.
4.7.1_SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO
A iluminação pode transformar um espaço, dando vida ao ambiente, além de o iluminar,
ajudando a criar um ambiência específica para cada função do ambiente.
Os sistemas de iluminação a serem utilizados no desenvolvimento do projeto de lighting design
são classificados de duas formas:
1. De acordo com a forma pela qual a quantidade de fluxo luminoso é irradiada, para cima ou para
baixo do plano horizontal:

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Tabela 10 - Sistema de classificação das luminárias segundo a radiação do fluxo luminoso pela CIE. A distribuição de
intensidade é tipificada em seis classes de distribuição luminária. O sistema baseia-se na fração de luméns dirigidos para
cima e para baixo e a forma da distribuição da intensidade.
Classificação no sistema Distribuição aproximada de luz emitida pelas luminárias
CIE Para cima (%) Para baixo (%)

Direto 0-10 100-90

Semi – direto 10-40 90-60

Direto – Indireto 50 50

Difusão geral 40-60 60-40

Semi – indireto 60-90 40-10

Indireto 90-100 10-0

[Fonte: Di Laura, Houser, Mistrick & Steffy, 2011:8.7]

No sistema de iluminação direta, praticamente toda a luz é dirigida sobre o plano de


trabalho. Os aparelhos podem ser aplicados contra o teto, podendo ser embutidos ou não. Nesse
caso, o teto e a parede irão receber uma quantidade de luz reduzida, sendo que a distribuição do
feixe de luz irá depender do desenho da luminária e do tipo de lâmpada utilizada.
No sistema de iluminação indireta e semi-indireta, a grande mancha de claridade no teto
torna-se importante para a correta distribuição da luz, como também para o nível de iluminância no
plano de trabalho. No sistema direto poderá acontecer que o teto fique escuro demais devido ao
facto de receber somente a luz refletida, resultando em contrastes excessivos entre este e a fonte de
luz. Utilizando o artifício da pintura do teto na cor branca ou de cores mais luminosas, pode reduzir-
se esses contrastes.
Na iluminação indireta, toda a luz é refletida antes de alcançar o plano de trabalho. Na sua
forma mais simples, utiliza o teto como superfície de reflexão e, abaixo deste, as lâmpadas são
aplicadas, por exemplo, em sancas. No entanto, as luminárias devem ser aplicadas a uma certa
distância do teto para a obtenção de uma uniformidade da luminância do teto sem, no entanto,
ocorrerem excessivas concentrações de luz no espaço adjacente imediato às luminárias.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

No sistema de difusão geral, parte da luz é refletida sobre o plano de utilização e outra parte
é refletida sobre o teto e as paredes. As lâmpadas são aplicadas em aparelhos que permitem a
emissão de luz para cima e para baixo, sendo que a quantidade de luz emitida estará dependente do
tipo de luminária utilizada. Nesse sistema, o teto e as paredes recebem uma quantidade de luz
direta. O tratamento das cores nessas superfícies torna-se muito importante, através do IRC da luz
emitida.
No sistema semi-direto, devido ao facto de que a maior parte da luz chega diretamente sobre o
plano de trabalho, as sombras são frequentes e a possibilidade de ocorrência de reflexos indesejados
são mais frequentes (Vianna & Gonçalves, 2007). Nesse sistema, o teto é utilizado como a principal
fonte de luz.
2. De acordo com os efeitos produzidos no plano de trabalho, esses sistemas podem proporcionar:
a) A Iluminação geral: é a que proporciona uma boa iluminância em todo o ambiente.
Apresenta a vantagem da iluminação ser independente das situações de locais de trabalho,
permitindo uma maior flexibilidade na disposição interna do ambiente, não atendendo às
necessidades específicas de locais que requerem níveis de iluminação mais elevados.
b) A iluminação localizada: a luminária é aplicada em locais de principal interesse, sendo que
devem ser aplicadas suficientemente altas para cobrir as superfícies adjacentes, propiciando
altos níveis de iluminação sobre o plano de trabalho, mas assegurando uma distribuição de
luz suficiente para eliminar fortes contrastes.
c) Iluminação local: as luminárias são aplicadas perto da tarefa visual, iluminando uma área
pequena. Deve ser sempre complementada por outro tipo de iluminação (Vianna &
Gonçalves, 2007).
4.7.2_ÍNDICE DE REPRODUÇÃO DE COR (IRC)
Um objeto ou uma superfície, quando expostos a diferentes fontes de luz, são percebidos
visualmente em diferentes tonalidades. Essa variação está relacionada com as diferentes
capacidades das lâmpadas na reprodução das cores. Desse fenómeno, assume-se que, sem luz, não
há cor.
A capacidade que a luz incidente possui na reprodução das cores tem como medida uma
escala denominada por IRC (Índice de Reprodução de Cor), utilizada para medir o quanto a luz
artificial consegue reproduzir a luz natural. É uma escala qualitativa que varia de 0 a 100, sendo que a
luz artificial, como regra, deve aproximar-se ao máximo da luz natural (referência 100) à qual o olho
humano está totalmente adaptado (Vianna & Gonçalves, 2001).
O IRC ou Ra proporciona uma indicação objetiva das propriedades de rendimento da cor de
uma fonte luminosa. O índice Ra é o valor médio da comparação de 8 ou 14 cores tidas como padrão.
Um valor 100 significa que todas as cores se reproduzem perfeitamente, e à medida que se afastam
desse valor, pode-se esperar uma menor definição sobre todas as cores.

110
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ra < 60 Pobre
60<Ra>80 Boa
80<Ra>90 Muito boa
Ra>90 Excelente
As lâmpadas com um IRC menor que 80, de acordo com a Norma UNE 12464.1, não devem
ser utilizadas nos interiores, em ambientes de trabalho ou em ambientes onde se permaneçam
longos períodos de tempo, podendo ser comprometido o desempenho visual e a sensação de
conforto e bem-estar.
Tabela 11 - Grupos de rendimento de cor das lâmpadas
Grupo de Classificação do Aparência de Exemplos de aplicação aceitável Exemplos de aplicação aceitável
rendimento rendimento da cor
da cor cor
(IRC ou Ra)
1A IRC> /= 90 Quente Combinações de cores, exames
Intermédia clínicos, galeria de arte
Frio
1B 90>IRC </= 80 Quente Residências, hotéis, restaurantes,
Intermédia lojas, escritórios, escolas,
hospitais
Intermédia Impressão, indústria de tintas e
Quente têxteis, indústrias
2 80>IRC> /= 60 Quente Indústrias Escritórios, escolas
Intermédia
Frio
3 60>IRC> /= 40 Indústrias básicas Indústria
4 40>IRC> /= 20 Indústria básica
Indústrias com baixa necessidade
de reprodução de cor

[Fonte: Luminotecnia, 2002:44]

Portanto, o Índice de Reprodução de Cor (IRC) caracteriza-se pela capacidade de reprodução


cromática dos objetos iluminados com uma determinada fonte de luz. O IRC oferece uma indicação
da capacidade da fonte de luz de reproduzir as cores normalizadas, em comparação com a
reprodução proporcionada por uma fonte padrão de referência – o Sol.

Ilustração 109 - Distribuição espectral da luz do dia – Espetro contínuo


[Fonte: Luminotecnia 2002, 2002:18]

Ilustração 110 - Distribuição espectral da lâmpada fluorescente de cor


branca fria – Espetro descontínuo.
[Fonte: Luminotecnia, 2002:43]

111
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

4.7.3_TEMPERATURA DE COR
É a grandeza utilizada para descrever a aparência de cor de uma fonte de luz comparada à
emitida pelo corpo negro radiador. Teoricamente, o corpo negro é um corpo que absorve toda a
energia que recebe, como se fosse uma esponja.
Um corpo negro muda de cor à medida que ocorre um aumento da sua temperatura,
existindo, portanto, uma relação entre a temperatura e a cor da luz emitida, expressa em graus
Kelvin [K] (Vianna & Gonçalves, 2001). Quando mais alta for a temperatura em graus Kelvin, mais
branca será a luz e, quanto mais baixa, mais amarela e avermelhada será (SILVA, 2004).
Branco Quente (Tc < 3.300 K)
Branco Neutro (3.300 K < Tc < 5.000 K)
Luz Fria (Tc > 5.000 K)
A temperatura de cor não tem a ver com a temperatura emitida por uma fonte de luz, mas
sim com a tonalidade de cor emitida por essa mesma fonte.

Ilustração 111 - Temperatura de cor (K)


[Fonte: http://lednews.com.br/wp-content/uploads/2011/08/tempdecor.jpg]

A temperatura de cor refere-se unicamente à cor da luz, mas não à sua composição espetral,
que é decisiva para a reprodução de cor. Dessa forma, duas fontes de luz podem ter cor muito
parecida, mas possuírem ao mesmo tempo propriedades cromáticas muito diferentes.
Tabela 12 – Equivalência entre aparência de cor e temperatura de cor

Grupo de aparência de cor Aparência de cor Temperatura de cor (K)


1 Quente Abaixo de 3.300
2 Intermédia De 3.300 a 5.300
3 Fria Acima de 5.300
[Fonte: Luminotecnia, 2002: 43]

112
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A sensação de conforto ou um estímulo podem ser provocados pela relação de duas propriedades
independentes: a temperatura de cor de uma fonte de luz e o nível de iluminância pretendido.
Estudos subjetivos postularam uma relação psicológica direta entre a iluminância em lux e a
temperatura de cor em Kelvin, denominada de Curvas de Kruitof. O gráfico vem demonstrar que
baixos níveis de iluminância transmitem a sensação de um espaço frio e sombrio, enquanto os altos
níveis transmitem a sensação de um espaço mais quente e colorido. A área intermédia, de um azul
mais claro, representa os limites aceitáveis dessa relação, que irá transmitir uma sensação de
conforto ambiental.

Ilustração 112 - Curva de Kruithof - relação entre Temperatura de


Cor (K) e a iluminância (lx)
[Fonte: Murdoch, 2003:356]

A relação demonstrada nesse gráfico tem como base a própria natureza, que, ao reduzir a
luminosidade (crepúsculo), reduz também a temperatura de cor da fonte de luz (Murdoch, 2003).
Quando os indivíduos permanecem um longo período de tempo num ambiente iluminado
por fontes de luz com diferentes temperaturas de cor, ocorrerá uma adaptação da visão, e essa
propriedade será dominante em relação à iluminância. Isso implica que, quando existe a adaptação,
poderá ocorrer uma comparação das diferentes fontes de luz em relação às temperaturas de cor,
não sendo, no entanto, de grande importância para a perceção do espaço. Todavia, quando não
ocorrer a adaptação à cor, a temperatura de cor torna-se uma propriedade importante
relativamente à perceção dos espaços (Di Laura, Houser, Mistrick & Steffy, 2011).
4.7.5_FONTES DE LUZ
A luz artificial é fundamental para o sucesso de um projeto de lighting design. Seja para
espaços que recebem a luz natural através das janelas, ou seja para destacar uma informação
disponível na sinalética. A iluminação artificial torna-se uma componente integrante da forma como
se usa e se interage com o ambiente construído.
As fontes de luz artificial estão sempre disponíveis, quando a alimentação elétrica está
disponível. Elas reagem quase instantaneamente quando ligadas, produzindo uma iluminância quase
constante e, na maioria dos casos, podem ser modificadas, aumentadas ou diminuídas, no sentido de
satisfação das necessidades de cada situação em particular.
Uma grande variedade de fontes de luz artificial estão disponíveis para aplicação nos
ambientes interiores e exteriores, que pode, em termos gerais, dar origem a três grupos principais de
lâmpadas - de halogéneo, as fluorescentes compactas eletrónicas, as lâmpadas de descarga e os

113
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Diodos Emissores de Luz (LED’s), sendo que a luz visível produzida por essas fontes são diferentes e
apresentam uma série de características particulares (Bright & Cook, 2010).
As principais características a serem consideradas na escolha de uma lâmpada são a sua
eficiência luminosa, a vida útil, a depreciação lumínica e a cor. No entanto, outra característica que
também precisa ser considerada é a temperatura de cor da lâmpada (Murdock, 2003).

Tabela 13 – Tipos de fonte de luz artificial


HALOGÉNEO
Prós:
• Fluxo luminoso constante;
• Tem o IRC máximo (100);
Cápsula de halogéneo • Substituíram as tradicionais lâmpadas incandescentes.

Contras:
• Vida útil curta, de cerca de 2.000h;
Lâmpada de Halogéneo • Alto gasto energético;
• Os modelos de 12 volts exigem a instalação de um transformador na rede
elétrica.
Lâmpada de Halogéneo dicroica

FLUORESCENTE
Prós:
• Consomem de 4 a 5 vezes menos energia em relação às lâmpadas
incandescentes tradicionais (banidas do mercado);
• Têm vida útil longa, entre 6.000 e 10.000horas;
• Trabalham em baixa temperatura;
• Estão disponíveis com aparências de cor desde o branco quente até ao branco
frio.
Contras:
• Possuem mercúrio na sua composição, que é altamente tóxico;
Lâmpadas fluorescentes compactas
• Tem um IRC baixo, entre 60% e 80%;
eletrónicas economizadoras
• Muitas lâmpadas fabricadas têm baixo factor de potência.

Prós:
• Maior eficácia luminosa do que as fluorescentes compactas eletrónicas (104
lm/w, em vez de 60 a 70 lm/w);
Lâmpada Fluorescente tubular • Vida útil de 17.000 até 47.000 horas, dependendo das características da
lâmpada.
Contras:
• Exigem aparelhos de iluminação de maiores dimensões.
LED
A palavra LED tem sua origem na sigla em inglês de Light Emitting Diode (em
português, Díodo emissor de luz).
Prós:
• Têm vida útil longa, de até 25.000 horas;
• Maior eficácia que as lâmpadas de halogéneo;
• Variedade de cores;
• O IRC varia entre os 80% e 85%;
• Dimensões reduzidas;
• Alta resistência a choques e vibrações;
• Luz dirigida;
• Sem radiação ultravioleta e infravermelho;
• Baixo consumo de energia;
• Pequena dissipação de calor.
Benefícios:
• Proporciona novas possibilidades de design, graças à sua variedade de cores;
• Solução económica de longa durabilidade;
• Redução drástica na necessidade de manutenção, permitindo instalação em
locais de difícil acesso.
Contras:
• Alto custo;
• Tecnologia ainda em evolução;
• Reprodução cromática inferior a 100.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

4.8_ILUMINAÇÃO RESIDENCIAL
A Luz influencia as respostas fisiológicas e emocionais dos utilizadores dos espaços. A sua
aparência e as suas características irão depender muito da distribuição e do padrão de luz e de
sombra utilizados. O projeto de lighting design não começa com a seleção de luminárias, mas com
uma avaliação das necessidades dos indivíduos que irão ocupar esse mesmo espaço, das suas
capacidades visuais e físicas, da idade e do seu estilo de vida. As pessoas idosas necessitam de muito
mais luz do que os mais jovens. Os indivíduos com 55 ou mais anos de idade requerem duas vezes
mais luz que os de 20 anos (Rea, 2012).
A iluminação pode ser difusa ou direcional, mas é fundamental a tonalidade de cor e a
restituição das cores. A luz difusa minimiza as sombras e proporciona um ambiente mais relaxante e
mais atraente visualmente. Quando usada sozinha, não há o destaque dos objetos presentes no
espaço visual. Já a luz direcional cria efeitos de luz e de sombras que enfatizam a textura e a forma.
O reconhecimento da cor irá depender das caraterísticas espectrais da fonte de luz e das
características de reflexão do objeto a ser iluminado. Estes dois fatores irão fornecer a cor do objeto
para o observador.
No entanto, as cores das superfícies ou do objeto podem ter correspondência sob uma fonte
de luz, mas não sob outra. Por exemplo, duas cores podem combinar sob uma fonte de luz artificial,
mas não sob a luz natural. Este factor deve ser observado quando da seleção de materiais,
pigmentos, corantes ou superfícies interiores. Deve-se analisar e comparar os materiais sob as fontes
de luz que os irão iluminar (Rea, 2012).
A qualidade visual do ambiente não deve ser esquecida. Raramente a iluminação desejada
deve ser fornecida apenas pela iluminação geral, mas, deve ao mesmo tempo, ser conjugada com a
iluminação da tarefa, que por si só raramente é satisfatória ou confortável. A combinação da
iluminação de tarefa com a iluminação geral é necessária. Porém, a luz natural também melhora a
qualidade da iluminação de uma residência.
A iluminação pode ser importante para reforçar a perceção espacial, a execução das tarefas e
o humor. Estes efeitos dependem da experiência anterior dos indivíduos, da perceção, atitudes e
expectativas. O jogo de luzes e sombras cria um efeito visual dentro de um espaço, sendo que os
rácios de brilho entre as luminárias e o seu fundo são muito importantes.
A Luz é o caminho para uma melhor perceção dos ambientes interiores, através da sua
reflexão, da transmissão por superfícies como o vidro, o néon, o acrílico, devendo ser concebido
como parte importante de todo o ambiente (Rea, 2012).

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

4.10_REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

118
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Capítulo V
5. PSICOLOGIA AMBIENTAL

Casa Arrumada
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Casa arrumada é assim:


Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada
de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de
novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis,
afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem
vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os
enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que
chamam todo mundo pra mesa da cozinha.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Sofá sem mancha?


Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela
de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a
qualquer hora do dia. Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a
cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

5.1_INTRODUÇÃO
Durante a maior parte da sua existência, a psicologia tem vindo em busca do entendimento
do comportamento a partir da pessoa que se comporta (a história de vida, os traços de
personalidade, as diferenças individuais…). Porém, com o movimento crescente da contextualização
que se verificou nas últimas décadas do Sec. XX, a análise da conduta do ser humano passou a
incluir cada vez mais o ambiente social entre os seus determinantes. Nessas abordagens, inclui-se
também o ambiente físico onde ocorre o comportamento humano (Pinheiro, 2011).
A Psicologia Ambiental pode ser definida como o estudo do inter-relacionamento entre
comportamento humano e o ambiente físico, tanto construído quanto natural (Fischer, Bell & Baum,
1984 apud Gunther & Rozestraten, 2005).
A psicologia ambiental diferencia-se das demais ciências, por dar prioridade à análise da
inter-relação ativa entre o indivíduo e o ambiente, não se limitando apenas ao estudo do processo
estímulo-resposta (S-R). Pesquisa os comportamentos e/ou os estados subjetivos das pessoas (P) e as
características do ambiente (A) no qual agem e interagem.
No entanto, ao tratar-se da relação recíproca entre pessoa-ambiente, não se pode considerar
o P e A como variáveis e/ou critério, visto que o foco central se encontra na interface entre ambos
(P-A) (Gunther & Elali & Pinheiro, 2008).

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Nesse âmbito, podem ser identificados quatro aspetos relevantes que fundamentam a sua
existência: estuda o ambiente ordenado e definido pelo indivíduo; os seus problemas científicos
estão relacionados com problemas sociais emergentes; é de natureza multidisciplinar; e estuda o
indivíduo como parte integrada de toda a situação problemática (Gunther & Rozestraten, 2005).
O primeiro aspeto no qual tem início o ciclo psicológico das pessoas nos ambientes é o da
perceção. No entanto, há uma distinção entre a perceção ambiental e a perceção do objeto.
Enquanto na perceção do objeto se investiga as características do estímulo, na ambiental a ênfase
recai em cenas de larga escala, de dimensão e de maior complexidade. Rompe-se a distinção sujeito-
objeto, uma vez que o sujeito faz parte da cena percebida, desloca-se por ela, assume múltiplas
perspetivas, sente-se envolvido por ele. O objetivo do observador no ambiente implica numa
importante distinção, visto que os interesses estéticos, por exemplo, podem levar a uma perceção
ambiental (e acções decorrentes) diferente daquela originada a partir de interesses utilitários no
mesmo local (Pinheiro, 1997).
A perceção ambiental é um fenómeno psicossocial. É como o sujeito
incorpora as suas experiências. Não há leitura da objectividade que não seja
ou não tenha sido compartilhada; o sujeito sempre interpreta culturalmente
e, a partir daí, constitui-se como identidade. Sua identidade será como se
espacializa, como constrói as narrativas dessa espacialização e desta
temporalização.
Desse modo, o objeto do estudo não pode ser nem só da PA, nem da
psicologia social: em ambos, tal objeto é a dimensão da transformação social
da objectividade ambiental em subjectividade.
(Tassara & Rabinovich, 2003:340)
Numa perspetiva psicossocial, o espaço já não pode ser definido como uma propriedade
exterior, tendo em si mesmo a sua substância e as suas formas, mas sim como um conjunto de
matrizes em volta das quais se desenvolve a existência concreta das pessoas (Fischer, s.d.).
A natureza das relações entre pessoa-ambiente será revelada sobre dois aspetos: o do
ambiente, que atua sobre o ser humano, que, por sua vez, age sobre os fatores espaciais que o
determinam. Estes fatores atuam como alicerces da relação, permitindo explicar o valor do espaço e
a orientação do comportamento.
Dessa forma, qualquer relação no espaço pode ser abordada, tanto pelo ângulo da influência
exercida sobre a pessoa, como pela influência que a pessoa, em contrapartida, exerce sobre o
espaço. Nessa relação específica, torna-se evidente que todo o espaço realmente habitado traz a
essência da noção de casa (Bachelard, 1983).
O local, então, é definido como um lugar, um ponto de referência mais ou menos delimitado,
onde se pode situar qualquer coisa; onde se pode produzir um acontecimento; onde se pode

121
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

desenvolver uma atividade. Nessa perspetiva, o espaço pode ser visto como um domínio específico
ao qual é atribuído uma certa autonomia em relação às atividades humanas. Podendo ser definido,
também, como um meio, quando este é organizado num sistema que contém um conjunto de
estímulos e significantes, sendo que só irá existir por aquilo que ocupa (Moles, 1977 apud Fischer,
s.d.). Segundo Le Corbusier (apud Fischer, s.d.), a primeira prova de existência é ocupar o espaço,
porém, quando se trata de um alojamento, não equivale apenas ao preenchimento de um volume,
mas sim na expressão de um conteúdo mais abrangente: o das emoções e a sua vivência,
desenvolvida num sentido de “estar em casa”, sendo a casa identificada como um território pessoal.
Nesse caso, qualquer inter-relação entre a pessoa e o ambiente é articulada a volta de duas
dimensões interdependentes: a espacialidade das estruturas sociais e a socialidade das estruturas
espaciais.
Dessa forma, permite que os indivíduos apreendam o espaço, por um lado, pelo quadro físico
no qual se encontram e que os rodeia, sendo este um conjunto dos lugares organizados, onde
evoluem e que formam, cada um deles, um tipo de território. Por outro lado, o próprio corpo, que
ocupa um espaço determinado, sendo que esse lugar se torna o elemento central (Fischer, s.d.).
As relações mantidas entre pessoa-ambiente dependem, ao mesmo tempo do seu aparelho
sensorial e do modo pelo qual esse se encontra condicionado a agir. Atualmente, a imagem que se
obtém de si próprio – a vida que leva no seu quotidiano – é construída com o auxílio de
transformações sensoriais fragmentárias, retiradas de um meio ambiente em grande parte pré-
fabricado.
O sentimento de espaço está ligado ao sentimento do eu, que tem uma relação íntima com o
ambiente, sendo que certos aspetos da personalidade ligados às atividades visual, quinestésica,
táctil, térmica, podem ter o seu desenvolvimento inibido ou, ao contrário, estimulado pelo meio
ambiente (Hall, 1986).
Nesse sentido, a casa, incluindo o que lhe diz respeito, torna-se um poderoso sistema de
referência para cada indivíduo. Este, em diferentes fases da vida – infância, idade adulta e velhice –
tem um conceito de espaço que difere substancialmente. Nesse âmbito, Bachelard (1983) descreve a
casa como um dos maiores poderes de integração para os pensamentos, as lembranças e os sonhos
de um homem (apud Schmid, 2005).
5.2_PERCEÇÃO AMBIENTAL
La percezione è un’operazione cerebrale mediante la quale la coscienza prende
contatto con l’oggetto esterno utilizzando una molteplicità di sensazioni, importante
tra le altre, la vista.23
(Bertagna, 2010:2)

23
A perceção é uma operação cerebral na qual a consciência faz com que o contacto com o objeto externo use uma
multiplicidade de sensações, sendo a visão a mais importante. (tradução livre)

122
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

O conceito de perceção deriva do latim perceptio, referindo-se à ação e ao efeito de perceber


ou percecionar, e é definido como uma combinação dos sentidos no reconhecimento de um estímulo
externo.
Na ótica da psicologia, a perceção é a função que permite ao organismo receber, elaborar e
interpretar as informações que chegam do meio circundante através dos sentidos.

Tabela 14 – Sistema Percetivo


Obtenção de
Modo de Unidade de Anatomia do Atividade do Estímulo
Sistemas informação
atenção recepção órgão órgão disponível
externa
Sistema de Orientação Mecanor- Aparelho Equilíbrio Forças da Força da
orientação geral recetores vestibular gravidade e de gravidade,
básica aceleração como, por
exemplo, ser
empurrado
Sistema Audição Mecanor- Cóclea, ouvido Orientação Vibração do ar Natureza e
auditivo recetores médio e orelha pelo som localização dos
eventos
vibratórios
Sistema háptico Tato Mecanor- Pele, Vários tipos de Deformação Contato com a
recetores e articulações exploração dos tecidos; terra;
possibilidade (incluindo Configuração Encontros
de termor- ligamentos), das articula- mecânicos;
reguladores músculos ções; Formas dos
(incluindo Alongamento objetos;
tendões) das fibras Estado dos
musculares materiais;
Solidez ou
viscosidade
Sistema Olfato Quimior- Cavidade nasal Sniffing Composição Natureza das
Olfativo e do recetor (nariz) do meio fontes voláteis
Paladar ambiente
Paladar Quimio- e Cavidade oral Saborear; Composição Valores
Mecanor- (boca) degustar dos objetos bioquímicos e
recetores ingeridos nutritivos
Sistema Visual Visão Fotor- Mecanismo Acomodação e Variação e Tudo que pode
recetores ocular (olhos e ajuste da tipos de ser
músculos pupila; iluminação dos especificado
oculares Fixação; ambientes por variáveis
relacionados Convergência; da estrutura
com aparelho Exploração ótica (informa-
vestibular; a ções sobre
cabeça e todo objetos,
o corpo) animais,
movimentos,
eventos e
lugares)

[Fonte: Gibson, 1996:50]

Pela perceção, a informação chega ao indivíduo, sendo interpretada cognitivamente,


conseguindo-se formar a ideia do objeto e do seu significado. É possível, também, sentir as suas
diferentes qualidades, como as componentes da aparência (cor, forma e textura) e uni-las para
determinar o objeto em concreto. No momento em que o cérebro processa a informação da imagem
(no ato de reconhecimento, na comparação com o conhecido ou a aprendizagem de novo) é
aperfeiçoado o ato da perceção (Bertagna, 2010).
A perceção ambiental está relacionada com o modo como as pessoas experienciam os
aspetos ambientais presentes no seu entorno, sendo importante, não só pelos aspetos físicos, como

123
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

também pelos aspetos sociais, culturais e históricos, tendo a função de interpretar e de construir
significados, exercendo um papel fundamental nos processos de apropriação e de identificação dos
espaços e ambientes.
O reconhecimento de como as pessoas percebem, vivenciam e valorizam o ambiente em que
se acham incluídos é uma informação decisiva para que os profissionais possam planear e atender as
demandas sociais (Kuhnen, 2011).
… as percepções ou interpretações/significados atribuídas pelas pessoas ao
seu ambiente nos permitem compreender seus comportamentos no tocante
ao entorno em que vivem.
(Kuhnen, 2011:255)
Segundo Garcia Mira (1977 apud Kuhnen, 2011), existem dois fatores que predominam nos
estudos desenvolvidos da perceção ambiental: um objetivo e outro subjetivo. O factor objetivo tem
relação com as características físicas do ambiente, a partir de um sistema de medidas objetivas, tais
como as formas arquitetónicas, temperatura, intensidade de ruído, iluminação, etc. O factor
subjetivo deriva das experiências vividas que são processadas a partir das informações objetivas,
representadas internamente, sendo depois incorporadas em significados e projetadas em
comportamentos.
No entanto, o ambiente não é um elemento exterior aos indivíduos, mas sim a dimensão da
sua interação com o mundo. A partir de uma vivência sensório-motora e interações sociais, tem-se a
possibilidade de construir avaliações, impressões e significados sobre uma determinada realidade
geofísica.
O processo perceptual representa, portanto, um importante papel na apreensão da realidade
do ambiente, permitindo estabelecer relações substanciais que acabam por ser ícones impregnados
de significação.
O espaço não é unicamente estruturado segundo um sistema de significações
socialmente determinado que será independente de uma realidade espacial.
Ao contrário, as significações elaboradas contribuem para ajustar o espaço
representado ao espaço objeto.
(Ramadier, 1997:341 apud Kunhen, 2011:259)
Segundo Tuan (1980), a perceção é parte integrante das atitudes estabelecidas por meio da
experiência quotidiana. Por isso, o estudo da relação pessoa-ambiente não poderá ser estabelecido
independente da perceção, não podendo ser considerada sem a ação do observador, pois a perceção
ambiental implica sempre uma ação intencional.
Nesse caso, as pessoas não são meros observadores do que se passa ao redor, mas são os
construtores de imagens resultantes da interação entre o observador e o ambiente. Esse processo

124
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

bilateral – observador e ambiente – leva a selecionar, organizar e conferir significados a essas


imagens, que variam significativamente entre os observadores.
Esse é apenas um dos aspetos da perceção, que envolve a ação no mundo, mas que não se
limita apenas aos aspetos cognitivos: permite que se estruture e identifique o ambiente, por meio de
um processo de filtragem e seleção.

Um ambiente que contenha uma quantidade imensa de estímulos visíveis


pode inibir ou provocar certas atividades práticas.
(Kuhnen, 2011:159 apud Lynch, 1999)
A perceção ambiental permite, portanto, determinar as configurações da inter-relação
pessoa-ambiente, na medida em que possibilita conhecer o modo que as pessoas se relacionam com
ele e as suas mudanças, gerando compreensões acerca das influências das características ambientais
sobre o comportamento das pessoas e, consequentemente, do comportamento das pessoas sobre o
ambiente (Kuhnen, 2011).
5.3_ESPAÇO & LUGAR
Espaço e Lugar são termos familiares que indicam experiências comuns e são ideias que não
podem ser definidas em separado - o lugar é segurança, o espaço é liberdade. A partir da segurança e
da estabilidade do lugar, tem-se consciência da sua amplitude, da liberdade e da ameaça do espaço,
e vice-versa. Além disso, se se pensar no espaço como algo que permite movimento, o lugar é a
pausa e a cada pausa no movimento torna-se possível que a localização se transforme em lugar
(Tuan, 1983).
O movimento com intencionalidade e a perceção (tanto visual, quanto háptica24) propiciam
aos indivíduos a familiaridade com o seu mundo através de objetos dispersos pelo espaço, sendo o
lugar uma classe especial desses objetos. Não é facilmente manipulado, e nem pode ser levado de
um lado para outro, mas é um objeto no qual se pode morar (Tuan, 1983).
O “espaço” pode ser pensado de dois modos distintos:
1. Como uma extensão entre dois pontos, duas linhas, dois objetos; uma área que pode ser
pensada geometricamente;
2. Como um “englobante” dentro do qual se situam todos os espaços particulares.
Assim, o espaço é exterior em relação ao ser humano; é neutro, não lhe sendo atribuído nenhum
significado.
Já o lugar é um espaço identificado: onde se mora, se trabalha, se diverte, enfim, vive-se. Os seus
limites são definidos. Pode ser reconhecido, sendo uma referência. Ele não é neutro, mas sim um
espaço ao qual se atribui significado, ganhando o seu valor pela vivência e pelo sentimento.
O lugar é o espaço com o qual se estabelece relação.
24
Háptica – relativo ao tato, sinónimo de tátil.

125
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

(Cavalcante & Nóbrega, 2011:182)


A relação da pessoa com o “espaço” é que permite a sua transformação em “lugar”. E
enquanto lugar, o espaço ganha importância possibilitando a sua identificação além dos limites
físicos, sendo, portanto reconhecido pelo valor atribuído à sua vivência e aos sentimentos a ele
relacionados.
A diferença entre espaço e lugar reside na medida em que o espaço habitado transcende o
espaço geométrico, sendo que a conversão do espaço em lugar irá estar dependente da impressão
(marca) causada pela relação pessoa-ambiente e do tipo do vínculo gerado. Nesse processo de troca,
considera-se a perceção, vivência, significação, apego, o envolvimento emocional e físico, sendo que
nessa interação ativa, cria, consciente ou inconscientemente, uma relação com os lugares
(Cavalcante & Nóbrega, 2011).
O lugar propicia e materializa, simultaneamente, uma noção de continuidade
e de divisão temporal; sintetiza nosso tempo passado, presente e futuro, pois,
ao mesmo tempo em que é memória, aglutina vivências e apresenta
possibilidades. Ele é uma totalidade existencial. Os lugares são criados no
espaço e ambos (espaço e lugar) são inerentes a vida humana.
(Cavalcante & Nóbrega, 2011:188)
5.4_APEGO AO LUGAR
O conceito de apego ao lugar (também conhecido como vínculo ao lugar ou place
attachment) é complexo e multifacetado, exigindo uma atenção em relação às características físicas
e espaciais do local e o significado simbólico/afetivo a ele associado pelos indivíduos.
Torna-se, dessa forma, uma combinação entre a ideia de vínculo, de ligação numa referência
direta à relação de afetividade com o lugar, designado pelo ambiente com o qual as pessoas são ou
estão ligadas quer emocional, quer culturalmente (Elali & Medeiros, 2011).
Os estudos desenvolvidos nessa área têm como foco às relações entre as características
físico-espaciais do local e as vinculações simbólicas/afetivas inerentes nas relações pessoa-ambiente,
correspondendo a um sofisticado conjunto de informações físicas, sociais e psicológicas (emoções,
cognições, crenças, comportamentos e ações) relativas a um lugar, sendo extremamente interligadas
entre si.
No entanto, o apego ao lugar apresenta uma base mais emocional do que cognitiva, e refere-
se aos sentimentos que o lugar propicia às pessoas, tais como, segurança e conforto. É a experiência
concreta e quotidiana com o lugar que permite que aconteça esse apego. No entanto, estar apegado
a um lugar não permite que a pessoa se apegue a outro (Lima & Bomfim, 2009).
Nessa relação, o significado de lugar é fundamental para a identidade da pessoa, o que
revela que há lugares que têm um valor simbólico, ou que correspondem a um período significativo
da vida pessoal, sem que isso remeta para um longo tempo de residência.

126
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

O conhecimento relativo ao apego ao lugar é formado a partir de três grandes temas: o self
(eu), a relação com os outros e o ambiente.
Segundo Carl Gustave Jung (1988), o self é uma imagem arquetípica do potencial mais pleno
do homem e a unidade da personalidade como um todo. O consciente e o inconsciente não estão
necessariamente em oposição, mas complementam-se mutuamente para formar a totalidade – o
self.
O self é, portanto, o centro de toda a personalidade. É o organizador dos processos psíquicos,
integrando e equilibrando todos os aspetos do inconsciente, devendo proporcionar, em situações
normais, unidade e estabilidade à personalidade humana.
A importância do apego ao lugar para o self e para as “relações com os outros” poderá ser
demonstrada em pesquisas centradas no desenvolvimento humano e no comportamento de idosos.
Na pesquisa realizada por Hay (1998, apud Elali & Madeiros, 2011), há uma indicação da importância
da idade, do ciclo de vida experienciado, do tempo de residência e do status do morador no local
(superficial, parcial, pessoal, ancestral e cultural). Por outro lado, Rubinstein & Parmenelle (1992,
apud Elali & Medeiros, 2011) propuseram, num estudo centrado em idosos, um modelo integrado
para a compreensão do apego ao lugar composto de três aspetos: identidade (quem a pessoa é no
mundo), interdependência (modo como a pessoa se integra no ambiente sociofísico) e o contingente
geográfico (espaço físico vivenciado pela pessoa, o seu “mundo”).
Kaplan & Kaplan (1989 apud Elali & Medeiros, 2011), porém, afirmaram que os idosos
institucionalizados tendem a mostrar-se mais satisfeitos e adaptados, quando podem personalizar o
ambiente pela colocação de objetos pessoais e manter maior contato com o meio natural.
Quando se trata do ambiente, a habitação é a origem de importantes vínculos emocionais pessoa-
ambiente.
O apego ao lugar é marcado por afetos e emoções presentes na relação entre as
pessoas e os lugares. Este lugar garante a satisfação de necessidades, o valor
simbólico do lugar para as pessoas, a permanência desta relação, ou mesmo a
mobilidade quando é necessário, e entre outros. O apego pode promover o bem-estar
e a transformação social destas pessoas.
(Giuliani, 2004 apud Lima & Bomfim, 2009:496)

5.5_APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO
Entende-se “apropriação” como um processo psicossocial centrado na interação do indivíduo
com o seu entorno, por meio do qual este se projeta no espaço e o transforma num prolongamento
de si mesmo, criando um lugar seu. Neste processo, o indivíduo imprime marcas e alterações visíveis,
que irão servir de referência, permitindo, desta forma, orientar-se e preservar a sua identidade.

127
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

O “apropriar-se” significa, também, exercer um domínio sobre um espaço e objetos, sem, no


entanto, ter a sua posse legal. Pode-se dizer que toda a atividade humana reflete uma apropriação,
que se torna possível por meio de diferentes modos de perceção, orientação e ação: a pessoa
projeta-se no espaço ao mesmo tempo que o introjeta (Cavalcante & Elias, 2011:63).
O processo de “apropriação” varia de intensidade, sendo que o seu grau mínimo será
conseguido pelo “olhar”, quando as coisas se tornam conhecidas, provocando no observador um
sentimento de domínio e familiaridade em relação ao objeto ou lugar.
Os estágios crescentes da apropriação são constituídos de fotografia (como concretização da
apropriação visual); do Design de interiores (como expressão funcional e estética da subjetividade) e
da limitação topológica do espaço (como marco de proteção e referência do indivíduo).
Os olhos são, para os seres humanos, a maior fonte de informação que possuem, tendo
também um papel informativo, pois podem punir, encorajar ou estabelecer uma dominação.
O indivíduo aprende enquanto vê, repercutindo o que aprende sobre aquilo que vê.
Segundo Gibson (apud Hall, 1986), qualquer estudo a respeito da visão, terá de fazer uma distinção
entre a imagem retiniana e a perceção, sendo que a primeira se apresenta como “campo visual” e a
segunda como “mundo visual”.
O campo visual é constituído por estruturas luminosas em contínua transformação, que são
registadas na retina, e que o indivíduo utiliza na construção do mundo visual. Nessa construção, o ser
humano consegue distinguir entre as impressões sensíveis que excitam a retina e o que efetivamente
vê.
Da mesma forma, o homem, nas suas deslocações no espaço, tem a necessidade das
mensagens que o seu corpo emite, para assegurar a estabilidade do mundo visual (Hall, 1986).
Portanto, na noção de apropriação, encontra-se subentendida a ideia de adaptação de um espaço a
um uso definido pela pessoa, assim como as ações implementadas para a obtenção desse fim. Nesse
caso, a apropriação constitui um dos processos fundamentais da relação pessoa-ambiente e da
formação de lugares, sendo configurada como a marca da natureza humana no espaço (Cavalcante &
Elias, 2011).
5.5_BEHAVIOR SETTING
Behavior setting (BS) são unidades comportamentais que correspondem a padrões estáveis
de comportamento que ocorrem em tempo e espaço determinados. Por não se tratar nem dos
comportamentos, nem do ambiente, o conceito tem como expressão a relação de interdependência
entre ambos, que corresponde a uma maneira original de ver a relação de comportamento/ambiente
em psicologia (Pinheiro, 2011).

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Whatever space and time mean, place and occasion mean more. For space in
the image of man is place, and time in the image of man is occasion.25
(Arquiteto Aldo Van Eyck apud Lawson, 2001: 23)
O conceito de behavior setting torna-se importante para o estudo das relações pessoa-ambiente, por
se relacionar de forma dinâmica e interdependente ao indivíduo que se comporta, ao
comportamento que é exteriorizado e ao ambiente no qual ocorre. Constitui a unidade básica da
psicologia ambiental, sendo uma noção indispensável na análise da atuação das pessoas nos
ambientes socialmente organizados do quotidiano (Pinheiro, 2011).
Devido ao facto das traduções para o português empregues sofrerem distorções na sua
compreensão, que na sua origem envolve a noção relacional estabelecida entre pessoa e ambiente
(sócio físico), justifica-se a opção pela manutenção do termo em inglês, no intuito de não se alterar a
compreensão de uma nova noção pelo uso de ideias pré-existentes, incentivando a construção
mental de novas formas de conceber relações e a identificação da área de investigação em psicologia
ambiental com a produção internacional (Elali, 2011a).
Há uma diferenciação hierárquica baseada na tradição vigente de ver o ambiente como
fundo e o comportamento como figura destacada desse fundo. No entanto, um behavior setting não
é apenas uma porção no entorno imediato, mas sim um conjunto de intervenções dentro de um
lugar, constituindo o ambiente imediato do comportamento humano no sentido de proporcionar os
inputs, momento a momento, para as pessoas (Pinheiro, 2011).
Os behavior setting (ou settings) têm existência própria, independente de qualquer pessoa
em particular, mas apresenta limites espaciais e temporais que se distinguem dos demais,
circunscrevendo o comportamento dos seus integrantes. Dentro desses limites, acontece um padrão
ordenado de comportamentos, uma sequência determinada de interações entre pessoas e objetos
chamada programa do setting. Esse programa é a “alma” do behavior setting, a sua razão de ser,
sendo o responsável pela sua constituição ecológica e comportamental (Pinheiro, 2011).
Os behavior settings (BS) são estudados a partir de comportamentos básicos que os definem,
possibilitando, dessa forma, a sua existência e a manutenção do seu funcionamento. Assim esses
comportamentos básicos são: limite físico, elementos humanos, elementos não-humanos, programa
e mecanismo de regulação/ordenamento (Elali, 2011a).
• Limite físico – são elementos que demarcam o BS tanto física (delimitação geográfica),
quanto temporalmente (hora de início e término, correspondendo à duração do evento em
estudo);
• Elemento humano – refere-se às pessoas presentes no local que exercem funções e/ou
realizam tarefas, ou simplesmente passam ou acompanham alguém, sendo possível (e

25
Qualquer que seja o significado atribuído ao espaço e ao tempo, o lugar e a ocasião serão mais significativos. O homem
no lugar cria o espaço, e o homem no tempo cria a ocasião. (Tradução livre)

129
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

expectável) que qualquer dos indivíduos possa ser substituído sem que se verifique alteração
significativa no funcionamento do BS;
• Elementos não-humanos – configuram o envoltório físico (dimensões, materiais, principais
características do local), o mobiliário, os equipamentos presentes durante o evento, e que
participam na situação em estudo, os quais são analisados quanto as suas características
(dimensão e material), quantidade, posicionamento, e modo de funcionamento;
• Programa – é a sequência de ações previstas para ocorrerem no BS, cuja realização obedece
a uma ordem específica. É importante salientar que, para o BS existir, as suas funções
essenciais devem estar sendo cumpridas. Por ser este um sistema ativo e auto-regulado,
impõe-se uma programação de atividades às pessoas e objetos que nele estejam, sendo
atraídos para estarem dentro do setting, enquanto os componentes inadequados são
substituídos;
• Mecanismo de regulação e ordenamento – mantêm o funcionamento do BS, por meio de
identificação de problemas e de definição de estratégias para lidar com eles de modo a evitar
distorções (Elali, 2011a).
Na conjugação dos elementos acima mencionados e na compreensão das relações essenciais que são
estabelecidas, permite-se o entendimento da definição básica do BS, que, segundo Wicker (apud
Elali, 2011a:139), é:
Um behavior setting não é apenas um local, mas um conjunto de interações
dentro de um local (…) Behavior setting é um sistema limitado, autorregulado
e ordenado, composto de integrantes humanos e não humanos substituíveis,
que interagem de modo sincronizado para realizar uma sequência ordenada
de eventos denominada programa.
Uma propriedade fundamental num behavior setting é a sua unidade interna. Portanto, ao
realizar-se o levantamento de BS de uma comunidade ou organização, é preciso identificar-se as
unidades sino mórficas, ou sejam, as seções do ambiente em que ocorre integração entre as ações
executadas (padrões estáveis de comportamento) e condições espaciais e temporais específicas
(Pinheiro, 2011). Na relação sino mórfica, os elementos humanos e não-humanos de um BS
adequam-se totalmente, de modo que as atividades/ações previstas para ocorrerem no local se
realizem plenamente (Elali, 2011b).
Portanto, cada BS tem uma realidade objectiva, com atributos físicos (sua localização,
mobiliário, materiais e/ou equipamentos, etc.) e temporais (horário de funcionamento), englobando
um padrão extraindividual, e que são característicos de uma determinada situação e constituindo
fenómenos comuns da vida diária (Campos-de-Carvalho & Cavalcante & Nóbrega, 2011).
5.7_REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

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132
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Capítulo VI
6. PESQUISA DE CAMPO
6.1_INQUÉRITO PÚBLICO-ALVO
6.1.1_INTRODUÇÃO
O inquérito aplicado ao público-alvo do âmbito da Investigação tem um caráter exploratório
e pretende a identificação das alterações que esses indivíduos têm vindo a sofrer em relação à
acuidade visual, no relacionamento e na vivência dos ambientes domésticos, com as condições de
iluminação – natural e artificial – existentes, bem como os seus hábitos na execução das tarefas do
dia-a-dia.
Independente da cultura e do grau de instrução, a habitação tem uma influência marcante
no bem-estar dos indivíduos que buscam um objetivo individual de vida assente em conseguir viver o
maior tempo possível no seu ambiente habitual – ageing in place -, com autonomia e independência,
podendo promover benefícios a nível físico e psicológico.
Dentro da metodologia escolhida, enquadra-se o inquérito por questionário e uma
observação direta, com intuito de identificar as dificuldades encontradas por estes indivíduos na
realização de determinadas tarefas relacionadas as AVD’s26 e AIVD’s27, e na influência e importância
que a iluminação exerce na motivação e capacidade de desempenho do indivíduo.

26
AVD’s [Atividades da Vida Diária] – são atividades mínimas realizadas por todos os indivíduos para a satisfação das
necessidades fisiológicas e da manutenção da saúde e higiene pessoal. Expressa-se pela autonomia física, e incluem
atividades como lavar-se, vestir-se, comer, mudar de posição e andar, deitar-se, etc.
27
AIVD’s [Atividades Instrumentais da Vida Diária] – são as atividades do dia-a-dia que envolvem instrumentos para a sua
utilização. Refletem numa autonomia do indivíduo, incluindo a integração com o ambiente, tais como, atividades de
compras, arrumar a casa, preparação de alimentos, etc.

133
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A opção pela aplicação do método de inquéritos por questionário em paralelo com o método
de observação direta permite um trabalho de investigação aprofundado e um grau satisfatório de
validação (Quivy & Campenhoudt, 1998).
Não houve intenção de recolha e desenvolvimento de dados para efeitos estatísticos.
O inquérito foi desenvolvido com base na revisão da literatura disponível e de investigações
desenvolvidas no âmbito da iluminação em ambientes domésticos, tendo como modelo o SF-36, uma
versão em português do Medical Outcomes Study 36 – Item short form health survey, traduzido e
validado por Ciconelli (Ciconelli et al., 1999).
O questionário/observação direta foi aplicado aos indivíduos com idade cronológica acima dos 60
anos, independentes, com um envelhecimento ativo, sendo que a dimensão definida para a
amostragem foi de 30 (trinta) inquiridos, sem distinção de rendimento ou grau de escolaridade.
Como identificação, foram solicitados os seguintes dados:
• Género;
• Idade;
• Se usa óculos;
• Se tem cataratas diagnosticada pelo médico ou outro tipo de doença ocular que cause
baixa visão.
Os inquéritos foram aplicados na Fundação Liga, aos clientes do Clube Sénior e aos idosos
que se prontificaram a colaborar neste estudo.
Fundação Liga Clube Sénior
O Clube Sénior é um centro de convívio, ocupação e lazer para aos idosos com 65 ou mais
anos, visando um envelhecimento ativo e com qualidade.
Esse Clube tem sede na Fundação Liga e é coordenado pelo Dr. Nuno Reis, disponibilizando
serviços de entretenimento, recreação, informação, animação sociocultural, organizados e
dinamizados com a participação ativa dos clientes residentes na freguesia da Ajuda ou nas freguesias
limítrofes.
6.1.2_ANÁLISE DAS RESPOSTAS AOS INQUÉRITOS
Os dados apresentados a seguir foram o resultado
das respostas às questões formuladas no âmbito do
inquérito.
Em relação ao género, os inqueridos são, na sua
grande maioria, constituído de mulheres, visto que o maior
número dos questionários aplicados foi no Clube Sénior, da
Fundação Liga, que é composto maioritariamente por
mulheres. Por isso, este estudo é composto por 83% de Tabela 15 – Género dos inquridos
indivíduos do género feminino e 17% do género masculino.

134
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Apresenta a seguinte configuração em relação às faixas etárias:

Tabela 16 – Faixa etária dos inquiridos

Em relação à atividade profissional, 87% dos


inquiridos não desenvolvem atividade profissional (são
maioritariamente reformados). Apenas 13%
responderam que continuam a desenvolver uma
atividade profissional.

Tabela 17 – Atividade Profissional dos inquiridos


Quando colocadas questões relativas à visão,
verificou-se que 93% dos inquiridos usam óculos.

Tabela 18 – Usa óculos


Sendo que 87% não tem nenhuma doença que
cause uma baixa visão ou algum desconforto com a luz.

Tabela 19 – Baixa visão e desconforto à luz

135
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Quando se trata das questões de doença ocular,


os casos mais graves devem-se a Degeneração Macular
devido a factor genético e não devido à idade.

Tabela 20 – Cataratas diagnosticada pelo médico

Quanto ao diagnóstico de cataratas, 50%


responderam que têm cataratas diagnosticadas pelo
médico, e 50% não as tem.
No entanto, apenas 43% foram operados às
cataratas. Essa diferença é devida ao facto de que
alguns idosos têm as cataratas, mas sem necessidade de
recorrer a cirurgia, tendo um controlo médico.

Tabela 21 – Foi operado às cataratas

EXECUÇÃO DE ATIVIDADES NO SEU DIA-A-DIA


Foi apresentada aos idosos uma lista de atividades que podem ser feitas durante um dia
comum, sendo solicitada uma avaliação das dificuldades que encontravam na sua execução com a
iluminação existente.
A grelha de avaliação apresentada variava do 1 que corresponde a dificulta muito; 2 a dificulta um
pouco; e 3 não dificulta de modo algum, sendo obtido os seguintes resultados:
1_Entrar em casa

Tabela 22 – Entrar em casa

136
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

2_Deslocar-se e encontrar percursos dentro de


casa

Tabela 23 – Deslocar-se e encontrar os percursos


dentro de casa

3_Leitura de um jornal e/ou fazer uma costura

Tabela 24 – Leitura de jornal ou fazer uma costura

4_Preparação dos alimentos

Tabela 25 – Preparar alimentos


5_Ver a comida

Tabela 26 – Conseguir ver a comida

137
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

6_Realização da higiene pessoal na casa de


banho como lavar-se, barbear-se, etc.

Tabela 27 – Realizar a higiene pessoal na casa de banho:


lavar-se, barbear-se, etc.

7_Encontrar roupa no roupeiro

Tabela 28 – Encontrar as roupas no roupeiro

8_Identificação das cores das roupas que irá usar

Tabela 29 – Identificação das cores das roupas que


irá usar

9_Sente dificuldade em ver degraus

Tabela 30 – Sente dificuldades em ver os degraus

138
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

10_Sente dificuldade em subir e descer escadas

Tabela 31 - Sente dificuldades em descer ou subir as


escadas

11_Execução das tarefas do dia-a-dia

Tabela 32 – Sente dificuldades na execução das


tarefas do dia-a-dia.

12_Ver TV ou computador

Tabela 33 - Sente dificuldades em ver TV ou


computador
13_Trabalhar no computador

Tabela 34 – Sente dificuldades em trabalhar no


computador

139
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

14_Sair de casa

Tabela 35 – Sente dificuldades em sair de casa.

Pode-se observar, diante dos resultados auferidos, que, de uma maneira geral, os indivíduos
inquiridos não sentem dificuldade na execução das tarefas mais comuns no seu dia-a-dia. Em relação
às deslocações dentro de casa e ao subir e descer escadas, a dificuldade concentra-se nas questões
de mobilidade, sendo que alguns idosos utilizam algum tipo de apoio.
EM RELAÇÃO À AUDIÇÃO
Foi solicitado aos inquiridos que avaliassem a suas capacidades em relação à audição. A
abordagem dessa questão é importante, no sentido que, se o idoso tem dificuldades de audição, a
iluminação terá de ser intensificada para facilitar a leitura labial.
De maneira geral, os inquiridos não sentem dificuldade em escutar os sons, nem a voz
humana.

Tabela 36 – Sente dificuldades em escutar a voz Tabela 37 – Sente dificuldades em escutar os sons.
humana.
EM RELAÇÃO À TRANSIÇÃO DE AMBIENTES CLAROS PARA ESCUROS
Foi solicitado aos inquiridos que indicassem o grau de incómodo causado pela transição de
ambientes claros (exteriores) para ambientes escuros (interiores). A grelha de avaliação apresentava
variáveis onde 1 corresponde a alguma maneira; 2 a um pouco; 3 a moderadamente; 4 a bastante; 5
a extremamente.
Dos dados recolhidos, pode-se constatar que 37% dos inquiridos não sentem dificuldade com
essa transição, porém 27% sentem algum incómodo, e 20% já sentem bastante incómodo.

140
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Das informações recolhidas, alguns idosos


reportaram que utilizam óculos de sol, quando
essa transição se dava dos interiores para os
exteriores, no intuito de minimizar esse efeito.

Tabela 38 – Sente dificuldades em transitar entre


ambientes claros (exteriores) para ambientes escuros
(interiores).

PRESENÇA DE ÁREAS CLARAS E ESCURAS DENTRO DA CASA


Nesta questão, foi abordada a questão
relativa à dificuldade encontrada quando da
transição entre áreas escuras e claras dentro da
habitação, e se os idosos sentiam-se insegurança
frente a essa situação.
Pode-se verificar que, por questões de
segurança, deve-se evitar esse tipo de situação,
devido ao facto que os inquiridos revelaram sentir
desconforto (40% responderam alguma maneira; Tabela 39 - Avaliação da segurança ao evitar áreas
claras/escuras em casa.
30% responderam moderadamente).
ILUMINAÇÃO NATURAL
A luz do dia, especialmente, a luz do sol, tem influência no bem-estar dos indivíduos,
tornando os espaços envolventes mais atrativos.
Pretendeu-se verificar como é tratada a iluminação natural, bem como o seu controlo.
1_Controlo da luz natural através dos cortinados

Tabela 40 - Controlo da luz natural com cortinados.

141
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

2_Controlo da luz natural através de estores

Tabela 41 - Controlo da luz natural com estores.

3_Utiliza a luz natural sempre que possível

Tabela 42 - Utilização da luz natural, sempre que


possível.

4_Desconforto com luminosidade e reflexo


da luz natural

Tabela 43 - Sente algum desconforto à luminosidade e ao


reflexo da luz.

INCOMÓDO CAUSADO PELA FALTA DE


ILUMINAÇÃO
A iluminação torna-se importante na
execução das tarefas do dia-a-dia. A acuidade visual
poderá ser compensada através de uma iluminação
adequada.

Tabela 44 - A falta de iluminação afeta a execução


das tarefas do dia-a-dia.

142
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Tabela 45 – De que maneira a falta de iluminação afeta a


execução das tarefas do dia-a-dia.

Nas questões a seguir, pretendeu-se avaliar a influência que a iluminação – natural e


artificial, tem na execução dessas tarefas.
INFLUÊNCIA DA ILUMINAÇÃO NO ESTADO DE ESPÍRITO DOS INDIVÍDUOS IDOSOS
Nesse caso, pretendeu-se avaliar se a iluminação causa algum impacto no estado de espírito
dos indivíduos.

Tabela 46 – De que maneira a iluminação pode alterar Tabela 47 – De que forma a iluminação pode alterar o
o estado de espírito dos indivíduos. estado de espírito dos indivíduos.

Tabela 48 – A iluminação pode alterar o estado de


espírito dos indivíduos devido à sua insuficiência ou a sua
ausência.

143
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

TIPOLOGIA DE COMANDOS UTILIZADOS


Existe uma tipologia de comandos a serem utilizados, tais como, os interruptores,
reguladores de luz e os detetores de movimento.
Nesta questão, pretendeu-se verificar qual o tipo de comando mais utilizado nas habitações
onde os idosos residem.

Tabela 49 - Detetores de movimento. Tabela 50 - Interruptores.

Tabela 51 - Reguladores de luz.

Nesse caso, são utilizados, maioritariamente, o interruptor para o acionamento da luz


artificial na habitação. Os reguladores de luz (7%) e os detectores de movimento (7%) são menos
utilizados.
UMA BOA ILUMINAÇÃO PARA TODA A VIDA
Com a idade, aumentam as necessidades de uma melhor iluminação. Torna-se frustrante
para um indivíduo não ter capacidade visual que lhe permita vivenciar o ambiente doméstico com
segurança, principalmente na execução das tarefas do dia-a-dia.
Nessa questão, foram feitas afirmações, sobre as quais os inquiridos opinaram quanto a sua
veracidade ou não.
Foi fornecida uma grelha de avaliação onde o 1 corresponde a definitivamente verdadeiro; 2
a maioria das vezes verdadeiro; 3 a não sei; 4 a maioria das vezes falsas; e 5 a definitivamente falso;
sendo obtidos os seguintes resultados:

144
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

1_Posicionamento dos comandos de luz


Pelos dados recolhidos, pode-se concluir
que os comandos de luz instalados nas habitações
estão bem posicionados, facilitando o acesso por
parte dos utilizadores.

Tabela 52 – Posicionamento dos comandos de luz.

2_Utilização de luzes de baixa intensidade e sensores de presença


Pode-se concluir que os inquiridos não
sentem necessidade na utilização dos sensores de
presença. Quando da deslocação no percurso entre
o quarto e a casa de banho, à noite, utilizam o apoio
do candeeiro posicionado na mesa-de-cabeceira.

Tabela 53 - Utilização de luzes de baixa intensidade


e sensores de presença.

3_Distribuição da iluminação na cozinha


Os inquiridos desse estudo, não sentem
necessidade de melhoria na distribuição da iluminação
na cozinha. Os inquiridos possuem um equipamento
com lâmpadas fluorescentes em calhas aplicado no
teto.

Tabela 54 - Distribuição da iluminação na cozinha.

145
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

4_Distribuição de iluminação na casa de banho


Esse resultado deve-se ao facto de,
maioritariamente, os inquiridos terem aplicado um
ponto de luz acima do espelho. Um dos inquiridos,
que não tem esse tipo de iluminação, relatou que
sentia dificuldades quando se barbeava.

Tabela 55 - Distribuição da iluminação na casa de


banho.

5_Identificação dos ambientes através dos contrastes de cor entre as ombreiras, rodapés e pisos
Nesse caso, não foi possível identificar se será
uma mais-valia ou não, a utilização de contrastes
entre as ombreiras, portas e pisos. As respostas
estiveram bastante equilibradas, sendo que o número
de respostas situadas na opção muitas vezes falsa foi
de 10%.

Tabela 56 - Identificação dos ambientes através dos


contrastes de cor entre as ombreiras, rodapés e
pisos.

6_Utilização de iluminação de acordo com a tarefa a


ser executada no ambiente
A diferença das respostas coletadas entre o
definitivamente verdadeiro (27%) e definitivamente
falso (29%) foram muito pouco significativas. Pode-se,
dessa forma, concluir que poderá haver uma falta de
informação quanto à utilização de uma iluminação
mais adequada, que crie uma ambiência luminosa
correta e de uma melhor vivência dos espaços.
Tabela 57 - Utilização de iluminação de acordo com
a tarefa a ser executada no ambiente.

146
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

7_Satisfação quanto à melhoria da iluminação


utilizada na habitação
Os inquiridos, maioritariamente, têm uma
perceção que a iluminação que estão a utilizar nas
suas habitações é a mais adequada, não sentindo a
necessidade de que haja qualquer alteração nesse
sentido.

Tabela 58 - Satisfação quanto à melhoria da


iluminação utilizada na habitação.

6.2_ESTUDOS PESSOA-AMBIENTE (EPA)


6.2.1_INTRODUÇÃO
As alterações nas funções do organismo humano podem aumentar o risco de acidentes no
uso da habitação, especialmente se o ambiente não for adequado às limitações que se apresentam
com o envelhecimento(Carli, 2004).
Os indivíduos idosos privilegiam um tempo de permanência e uso das habitações de uma forma mais
intensa, sem, contudo, se privarem do convívio social ao qual estão habituados. Necessitam, por isso,
de ambientes que sejam seguros, que permitam o controlo pessoal e estimulem a interacção entre
os indivíduos. Atualmente, privilegia-se o envelhecimento ativo, traduzido na capacidade de
manutenção e no fortalecimento das capacidades funcionais. A preservação da capacidade funcional
assume-se como um factor fundamental na manutenção da independência, como um paradigma de
saúde, sendo que o ambiente doméstico se apresenta como um importante contributo para a
manutenção do bem-estar físico, comportamental e social desses indivíduos.
De uma forma geral, o ser humano não está preparado para o envelhecimento. Também o
ambiente doméstico raramente está preparado para acompanhar o ciclo de vida do indivíduo,
evidenciando-se como um factor de risco elevado de acidentes, originando nos indivíduos idosos um
estado de dependência e isolamento com significativas consequências.
Segundo a ADELIA EHLASS (European Home and Leisure Accidents Surveillance System), no
seu estudo sobre as urgências hospitalares, 11,4% das ocorrências no atendimento hospitalar foram
devidas a acidentes nas habitações, sendo o seu maior índice situado no grupo das crianças e dos
idosos, provocados maioritariamente pelas características do Design de Interiores e na

147
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

organização/disposição do mobiliário e equipamento, que nem sempre apresentam soluções seguras


para os seus utilizadores

Ilustração 113 - Distribuição ADELIA EHLASS pelos principais locais de ocorrência, em cada grupo etário – 1º trimestre:
Novembro de 2001 – Março de 2002
[Fonte: http://www.onsa.pt/index_17.html]

Segundo Iida (2005), o erro humano pode ser atribuído à causa primária dos acidentes
domésticos, porém não se pode esquecer que o erro humano, seja de caráter fisiológico (pela fadiga,
fome, influência do álcool ou medicamento) ou emocional (raiva, preocupação, excitamento,
agressividade ou passionalidade), está quase sempre associado a uma falha no projeto de
equipamento ou Design de Interiores. Um dos grandes desafios do estudo da relação idoso-ambiente
é o de se evitar acidentes domésticos, que muitas vezes levam a traumas e a limitação da
independência dos indivíduos, reduzindo a sua autonomia (Carli, 2004).
Assim, as necessidades desses indivíduos não devem ter como base apenas os fatores
biológicos, mas também os fatores psicológicos e sociais, não havendo possibilidade de ruptura entre
esses três fatores, o que poderia levar ao risco de um condicionamento dos comportamentos e à
impossibilidade de realização das suas aspirações.
A desadequação das habitações relativamente às necessidades decorrentes do ciclo de vida
humana estimula a necessidade da procura de ambientes mais adequados e, consequentemente, à
deslocação dos indivíduos para uma unidade de residência assistida ou mesmo o auxílio de terceiros.
Essas soluções limitam a independência e autonomia, comprometendo a sua qualidade de vida, que
pode resultar na depressão psicológica e na exclusão social.
A iluminação é, por isso, um dos fatores necessários e importantes no intuito de compensar a
diminuição da acuidade visual, permitindo a identificação dos planos verticais e horizontais do

148
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

espaço, contribuindo para manutenção do equilíbrio e orientação, na redução do risco de quedas e


na interação entre o sistema visual e o sistema perceptual (Casarin, 2010).
O projeto de Design de Interiores é desenvolvido para que se possa satisfazer o maior
número possível dos seus utilizadores, baseado nas alterações do ciclo de vida humano (Carli, 2004).
Este é um processo no qual há a formulação de questões em termos do comportamento humano,
tendo como objetivo o estabelecer de limitações, explorando as suas probabilidades, e buscando
decisões que sejam apropriadas. Com base nas informações obtidas, deve-se orientar a seleção dos
requisitos de projeto que satisfaçam as necessidades do utilizador e que acomodem às atividades a
serem executadas nos ambientes, adotando-se procedimentos sistemáticos a serem utilizados para o
conhecimento das questões, com intuito de garantir a obtenção de informações necessárias,
confiáveis e válidas.
Há uma constante ocorrência de alteração e modificação do equilíbrio da relação entre os
indivíduos e os ambientes domésticos onde habitam, sendo que este é um processo interativo. O
ruido que possa a vir a ocorrer gera um desequilíbrio, sendo que a consequência traduz-se numa
disfunção e insatisfação (Carli, 2004).
A adaptação do ambiente doméstico às necessidades do utilizador idoso vai muito além, por
exemplo, do aconselhamento a respeito da retirada de tapetes ou da colocação das barras de apoio
na zona de duche. Existem inúmeras diferenças individuais em relação a parâmetros físicos e
funcionais, desejos, expectativas e preferências quanto ao seu uso. Essas variáveis são manifestadas
por todos os utilizadores, independentemente da idade cronológica, mas com uma maior
especificidade para os indivíduos idosos, em virtude dos fatores económicos e sociais, mas também
das alterações a nível funcional, físico e mental (Carli, 2004).
Para que haja uma maior adequação às necessidades desses indivíduos, utiliza-se, como
princípio fundamental, o conceito de competência, que, quando associado ao processo de
envelhecimento, é definido como a capacidade do indivíduo para realizar as atividades consideradas
como essenciais para sua existência, podendo assim ser tomada como sinónimo de autonomia
(Fonseca, 2006).
A competência refere-se à capacidade individual para lidar com os desafios da vida, que
inclui variáveis de tipo cognitivo, emocional e social. A competência social depende de características
psicológicas, tais como, a inteligência, a personalidade ou estilos de coping28 que funcionam como
facilitadores para a promoção de interações sociais e para a criação de redes de suporte social
alargada (Fonseca, 2006).

28
O coping é concebido como um conjunto de estratégias utilizadas pelos indivíduos para se adaptarem às circunstâncias
diversas.

149
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

As dimensões psicológicas frequentemente ligadas à operacionalização do conceito de


competência são apresentadas sobre três perspetivas:
1. das capacidades/competências;
2. baseada em crenças relativas às capacidades pessoais;
3. do ajustamento adaptativo entre capacidades e exigências ambientais (Fonseca, 2006).
A terceira perspetiva refere-se à importância da competência em resposta às exigências
ambientais específicas que se colocam aos indivíduos em determinados momentos da sua vida,
havendo um ajustamento entre a competência individual e as exigências ambientais, com resultados
favoráveis em termos adaptativos e do bem-estar psicológico, sempre que se verifique uma
congruência pessoa-ambiente (Fonseca, 2006).
A congruência pessoa-ambiente está relacionada e caracterizada pelo intercâmbio dinâmico e
com mútuas influências, revelando que os indivíduos são influenciados pelo meio ambiente, mas
também o entorno em que vivem (ou se encontram) é o resultado de sua ação, estabelecendo um
ciclo constante de ação-reação (Cavalcanti & Elali, 2011).
Baseado em estudos desenvolvidos junto de populações de idosos, Lawton (apud Fonseca, 2006)
propôs um modelo ecológico de competências, no qual procurou especificar alguns aspetos do
relacionamento pessoa-ambiente. Essa relação produz sempre determinados resultados, sendo
justamente a competência comportamental, ou simplesmente competência, um dos resultados
esperados dessa transação (Fonseca, 2006).
A competência é indexada a uma série de fatores relativamente estáveis, tais como, capacidades
sensoriais e motoras, funções cognitivas e condições biológicas, tendo possibilidade de sofrerem
alteração consoante o decurso das trajetórias individuais de saúde. A pressão ambiental é
caracterizada, quer em termos de critérios externos (objetivos), quer em termos do modo como
esses critérios são percebidos pelos indivíduos (Fonseca, 2006).
Uma modalidade específica de competência com repercussão no processo de envelhecimentoé a
competência da vida diária, um tipo de competência que reflete a capacidade do indivíduo idoso
para funcionar de modo eficaz nas tarefas e situações de rotina de vida quotidiana.
A competência da vida diária traduz-se pelo conjunto de competências para lidar com o dia-a-
dia. É definida como a capacidade de um indivíduo no desempenho de um leque diversificado de
atividades consideradas essenciais para uma vida autónoma. Envolve aspetos do funcionamento
individual de natureza física, psicológica e social, os quais agem entre si de forma complexa, na
produção de comportamentos habituais relativos ao dia-a-dia, desdobrando-se em duas
modalidades possíveis:
1. Competência básica, necessária na manutenção de uma vida independente, que inclui atividades
de rotina, tais como cozinhar, vestir-se, cuidar de si próprio;

150
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

2. Competência alargada, que se refere às atividades determinadas pelas preferências individuais,


motivações e interesses, incluindo as atividades de lazer (Fonseca, 2006).
Segundo Baltes (Neri, 2006), a competência de vida diária adquire expressões distintas
consoante a idade, evoluindo de exigências simples durante a infância, para uma acentuada
complexidade na vida adulta, voltando novamente a uma condição de menor exigência na velhice.
Para os idosos, em particular, atuam como um mecanismo de seleção, otimização e
compensação, adequando as suas respostas comportamentais, às necessidades sentidas e aos
recursos disponíveis, mantendo ou otimizando o seu funcionamento psicológico e a sua autonomia
quotidiana.
Portanto, o factor dependência nos idosos decorre automaticamente de problemas relacionados
com o envelhecimento biológico, mas que não deve ser visto como uma consequência de condições
sociais e individuais específicas, mas de uma dependência apreendida, por meio da qual o idoso
consegue evitar a solidão e exercer um controlo passivo sobre o ambiente. A dependência poderá
surgir, também, na sequência de um empobrecimento funcional, acarretando uma inevitável
diminuição da qualidade de vida individual (Fonseca, 2006).
Nessa sequência, a perda de qualidade de vida e o aparecimento de sintomas de depressão estão
relacionados com a menor capacidade, ou mesmo uma incapacidade total, para desempenhar
tarefas do quotidiano, as chamadas AVD’s e AIVD’s, sendo que a experiência da competência é
essencialmente uma experiência corporal.
Quando as mudanças corporais são graduais, os indivíduos idosos sentem-se mais ou menos
seguros e persistem numa vida normal, mas, à medida que os sintomas de perda de competência se
multiplicam, torna-se imprescindível repensar o quotidiano e as rotinas diárias, acabando com a
dependência, que pode ser, em muitos casos, não tanto pela incapacidade, mas sim pelo stress
causado pela experiência de algumas limitações físicas que fazem o indivíduo sentir-se dependente
(Fonseca, 2006).
6.2.2_SATISFAÇÃO DOS IDOSOS
Satisfação é um fenómeno complexo e difícil de mensurar, por se tratar de um estado
subjetivo. Define-se com mais precisão quando associada à experiência de vida em relação às várias
condições de vida do indivíduo (Joia et al., 2007).
Paúl (apud Fonseca, 2006:142) considera que a satisfação de vida “refere-se à avaliação que
as pessoas fazem da vida como um todo, refletindo a discrepância percebida entre as aspirações e as
realizações, referindo-se mais a um processo cognitivo do que afetivo.”
A satisfação com a vida é um julgamento cognitivo de alguns domínios específicos da vida,
tais como, a saúde, trabalho, condições de moradia, relações entre outros e autonomia. É um
processo de juízo e avaliação geral da própria vida de acordo com um critério próprio, refletindo, em

151
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

parte, o bem-estar subjetivo individual, ou seja, o modo e os motivos que levam aos indivíduos a
viverem as suas experiências de vida de maneira positiva (Joia et al., 2007).
A satisfação com a vida na velhice tem sido associada às questões de dependência-
autonomia, sendo importante distinguir as alterações sofridas no processo de envelhecimento
biológico. Alguns indivíduos apresentam declínio no estado de saúde e nas competências cognitivas
precocemente, enquanto outros vivem saudáveis até idades avançadas (Joia et al., 2007).
Alcançar uma satisfação de vida na velhice implica que sejam adotadas, durante todo o ciclo
de vida, formas de inter-relação entre os indivíduos e o ambiente baseadas num ajustamento entre
os recursos pessoais e as exigências impostas pelos acontecimentos da vida, sendo que o tipo de
respostas que são eleitas como mecanismo de coping acaba por fazer a diferença entre eles em
termos de bem-estar e satisfação de vida (Fonseca, 2006).
Deve-se, portanto, privilegiar um modelo de inter-relação entre as necessidades pessoais e o
controlo sobre o ambiente, através do exame dos recursos pessoais e sociais que possam ser
manipulados para a promoção da satisfação de vida (Fonseca, 2006).
6.2.3_PESQUISA-AÇÃO
A pesquisa-ação utilizada consiste no estudo da relação dos indivíduos idosos nos seus contextos
regulares de vida, com o ambiente, e na análise da luz, natural e artificial, como parâmetros decisivos
no processo, tendo sido desenvolvido segundo as seguintes etapas:
1. Observação comportamental;
2. Questionário;
3. Auto-relatos;
4. Documentação em vídeo;
5. Identificação da tipologia de equipamentos e lâmpadas utilizados para iluminação nos
ambientes;
6. Identificação das competências básicas e alargadas desenvolvidas, essenciais para uma vida
autónoma do indivíduo idoso.
O método utilizado para o desenvolvimento desse estudo foi o do mapeamento
comportamental, expresso pela representação gráfica da atividade dos indivíduos idosos, de modo a
indicar os seus comportamentos em relação à localização em que ocorrem – a habitação (Gunther &
Elali & Pinheiro, 2008).
Esse mapeamento comportamental será centrado na pessoa, tendo os indivíduos idosos como
referência. Esses indivíduos são acompanhados durante um período de tempo, sendo as suas
atividades registadas em relação ao local onde ocorrem, e mostram os percursos realizados (Elali &
Pinheiro, 2011).

152
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

O método de observação comportamental permite avaliar a normalidade do contexto a ser


estudado, neste caso as competências básicas e alargadas, mas com o risco de que essa presença
afete, de alguma maneira, o comportamento natural desses indivíduos.
A diminuição das habilidades afeta diretamente a execução das atividades domésticas (AVD’s e
AIVD’s), modificando a interação do utilizador com os ambientes e produtos que o compõem. Essa
diminuição está mais relacionada com a capacidade de resposta percetiva do que propriamente em
termos dos conteúdos, sendo que os indivíduos idosos continuam capazes, porém demoram mais
tempo na resolução das atividades (Fonseca, 2006).
Foi elaborada uma síntese das atividades diárias de acordo com as competências as quais se
enquadram nas referidas básicas ou alargadas. Posteriormente foram identificadas possíveis
limitações na sua execução em relação a iluminação natural e artificial existente.
Tabela 59 – Escala das competências Básicas e Alargadas
ESCALA DE COMPETÊNCIAS BÁSICAS
ROTINA ATIVIDADES
HIGIENE PESSOAL Lavar-se
Barbear-se
Maquilhar-se
Pentear-se
ALIMENTAÇÃO Preparação dos alimentos
Ver a comida
Lavar a loiça
Tomar medicamentos
CUIDADO PESSOAL Lavar a roupa
Engomar a roupa
Encontrar a roupa no roupeiro
Identificação das cores das roupas que irá usar
ESCALA DE COMPETÊNCIAS ALARGADAS
ROTINA ATIVIDADES
MOBILIDADE Sair de casa
Entrar em casa
Encontrar os percursos na casa
Deslocar-se nos percursos da casa
LAZER Leitura de jornais/revistas/livros
Fazer uma costura
Fazer trabalhos manuais
Usar o telefone
Ver TV
Navegar na internet/usar o e-mail

A autonomia e a independência para a execução dessas atividades são fatores basilares para
a avaliação comportamental do idoso, da sua qualidade de vida, sendo que o que se pretende é
garantir a competência comportamental e funcional do idoso na sua habitação, sendo que o nível de
desempenho das competências se revela determinantes para assegurar a compensação das
limitações (Carli, 2004).
O conceito de qualidade de vida é abstrato, ambíguo, lato, volúvel, diferente de cultura para
cultura, de época para época, de indivíduo para indivíduo, e nesse caso tende a modificar-se com o

153
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

decorrer do tempo (Leal, 2008). O conceito está diretamente relacionado com a perceção que cada
indivíduo tem de si mesmo, dos outros e do ambiente que o rodeia, podendo ser avaliado mediante
critérios, tais como, a educação, a atividade profissional, as competências, as necessidades pessoais,
sendo valorizadas de forma diferentes consoante as circunstâncias físicas, sociais, culturais,
espirituais e económicas que se encontram (Leal, 2008).
Giovanni Pires et al (apud Leal, 2008) afirma que a qualidade de vida significa muitas coisas,
traduzindo-se no respeito em relação a como as pessoas vivem, sentem e compreendem o seu
quotidiano. Envolve, portanto, saúde, educação, transporte, habitação, trabalho e participação nas
decisões que lhes dizem respeito e que podem determinar como vivem no mundo. Compreende,
desse modo, situações extremamente variadas, como os anos de escolaridade, atendimento digno
em casos de doença e acidentes, conforto e pontualidade nas condições para se dirigir a diferentes
locais, alimentação em quantidade suficiente e qualidade adequada e, até mesmo, posse de
aparelhos electrodomésticos.
Na perspetiva biológica, a qualidade de vida será considerada quando da perceção que o
indivíduo possui da afeção física29, traduzida na capacidade de realização de determinadas tarefas,
sendo que muitas vezes o que um indivíduo perceciona não condiz com a sua real capacidade antes
de se terem ocorrido alterações no ciclo de vida humano (Leal, 2008).
6.2.4_METODOLOGIA APLICADA
Na avaliação do ambiente edificado, os principais métodos utilizados para a recolha de
informações são a observação comportamental, o questionário, os auto-relatos e as medições
(levantamentos físicos) (Elali, 1997).
A observação comportamental constitui o ponto de partida, e trata-se de um método
observacional, não-invasivo, implicando em múltiplos comportamentos e/ou múltiplos atores
(Gunther & Elali & Pinheiro, 2008), sendo desenvolvido através do mapeamento comportamental,
dos percursos – walk-through, bem como da identificação dos equipamentos e lâmpadas utilizados.
Nesse caso, serão utilizados o registo e a análise de imagens, sendo essenciais à perfeita associação
do espaço, considerado o papel fundamental para perceção e interpretação do ambiente físico
(Sanoff, 1991 apud Elali, 1997).
Para além da simples documentação visual, e da coleta de informação junto ao utilizador
(auto-relato), mostra-se fundamental a apreensão e discussão do espaço (Elali, 1997), através do
auto-relato (textos escritos ou gravação de voz ou vídeo, narrados em primeira pessoa) relativos à
vivência pessoal do autor ou à sua perceção sobre a experiência adquirida (Gunther & Elali &
Pinheiro, 2008).

29
Doença; manifestação de estado mórbido (HOLANDA, 2004).

154
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

O questionário corresponde a uma variante escrita da entrevista (Gunther & Elali & Pinheiro,
2008), e permite a recolha de dados qualitativos importantes, sendo essenciais para realização da
análise, além de diminuir a dispersão das informações obtidas (Elali, 1997).
As medições (levantamento físico) das condições do ambiente introduzem informações sobre fatores
físicos do ambiente, que podem ser cruzados com a perceção/satisfação dos utilizadores,
possibilitando o estudo dos parâmetros de iluminação utilizados, bem como os padrões
comportamentais face às características do ambiente (Elali, 1997).
Os dados recolhidos permitem a análise dos aspetos comportamentais e emocionais da relação
pessoa-ambiente, traduzidos no bem-estar ou falta deste, e na qualidade de vida (Moser, 2003).
As informações obtidas através do cruzamento dos resultados da análise são significativas
para a discussão do estudo da relação pessoa-ambiente (Elali, 1997).
6.2.5_ANÁLISE DE BEHAVIOR SETTINGS EM CINCO HABITAÇÕES DE INDIVÍDUOS IDOSOS
BEHAVIOR SETTING 1 [visita feita no dia 28/07/2011, das 17:00h às 18:00h]
PESSOA:
A Sra. AP tem 85 anos, é viúva e vive sozinha num apartamento no Bairro da Ajuda, em
Lisboa, Portugal, há 37 anos. Gosta de ver televisão e de fazer trabalhos manuais, “faz coisas
bonitas”, como ela mesmo diz. Foi costureira e está reformada.
Frequenta o Clube Sénior da Fundação Liga.
Não tem doença nos olhos que cause uma baixa visão ou desconforto com a luz. Tem uma
catarata pequena, que se encontra sob controlo médico, e usa óculos. Recentemente, mudou as
lentes dos óculos, o que possibilitou uma melhoria na sua acuidade visual.
AMBIENTE:
Vive no rés-do-chão e no verão tem a casa sempre cheia de sol.
No hall de entrada do edifício, tem sempre muita luz, que entra através dos vidros da porta.
O mesmo ocorre à noite através da iluminação da rua. Dessa forma, tem boa acessibilidade ao
interruptor localizado no hall de entrada do edifício.

Ilustração 114 - Porta de entrada, em vidro, do edifício


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Quando falta a luz elétrica, tem sempre pilhas para lanterna.


No quarto, tem um candeeiro na mesa-de-cabeceira, não possuindo candeeiro de teto,
sendo esta a única fonte de iluminação desse ambiente, sendo acionado quando das deslocações à

155
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

noite, à casa de banho, próxima ao quarto. Se precisa de apoio na deslocação, utiliza o roupeiro,
localizado em frente à cama.
Não sente dificuldade em encontrar roupas no roupeiro, “sabe o que lá tem”, e não tem
dificuldade na identificação das cores.

Ilustração 115 - iluminação natural e detalhe do candeeiro de mesa-de-cabeceira


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Quando está a ver televisão, gosta de fazer os seus trabalhos manuais, tendo um candeeiro
de mesa, com uma lâmpada de 75 watts, ficando até às 2h da manhã a fazer tricô, croché e
rendinhas.

Ilustração 116 - Canto da sala onde faz os seus trabalhos manuais enquanto vê televisão
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Recentemente, foi-lhe oferecido uma luminária de pé, com iluminação difusa e direcionada,
fornecida por lâmpadas de halogéneo. Houve, dessa forma, uma melhoria na iluminação no plano de
execução dos trabalhos manuais.
Não tem dificuldade na preparação dos alimentos, sente muitas vezes “preguiça”. Sente
dificuldades em tirar a loiça do armário, principalmente nos armários mais altos, traumatizada por
uma queda.
A cozinha e o quarto dão acesso à marquise, que recebe luz natural direta, por não ter
edificio à frente. No entanto, à noite, os ambientes ficam mais escuros, por serem voltados para as
traseiras do prédio e para moradias.

156
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 117 - Cozinha e marquise


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Na chaminé, não tem iluminação, por ter avariado a tomada e não ter como repará-la.
Toma as refeições na cozinha. Quando entra na cozinha e não tem luz natural, acende a
iluminação do teto, composta por lâmpadas fluorescentes. Quando sai por alguns momentos da
cozinha, não a apaga, pois o sobrinho orientou-a nesse sentido.
Gosta muito da luz natural. Todas as manhãs abre os estores e os cortinados e deixa a luz
entrar. À medida que vai escurecendo, acende a luz artificial.

Ilustração 118 - Detalhe do sistema de iluminação artificial utilizada com luminárias de teto
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Os comandos existentes na casa são os interruptores. O sobrinho sugeriu-lhe a instalação de


sensor de presença próximo da casa de banho, mas ela não sentiu necessidade.
Porém, o sobrinho ofereceu-lhe esse tipo equipamento, depois de a Sra. AP ter passado o
Natal em casa desse familiar, onde se sentiu confortável com a iluminação proporcionada nas
deslocações à noite. No entanto, a Sra. AP não pode utilizá-lo, devido ao facto de não ter uma
tomada próxima à casa de banho.
Na casa de banho, a única dificuldade que tinha era restrita à acessibilidade à banheira, que
foi substituída por um poliban. A iluminação que tem é suficiente, por ser uma casa de banho muito
pequena. Tem um ponto de luz no teto e iluminação sobre o espelho.
Na casa de banho, quando faz a sua higiene pessoal, acende tanto a iluminação do teto,
como a iluminação do espelho. Quando acende só uma delas, sente que não é suficiente.

157
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 119 – Sistema de iluminação utilizada na casa de banho


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

A casa é toda pintada da mesma cor - “casquinha de ovo”, e as portas são em madeira clara.
A Sra. AP não utiliza lâmpadas fluorescentes compactas na sua habitação, por não gostar da
iluminação que essa proporciona. Prefere as lâmpadas incandescentes, e sempre de 75w. Quando o
candeeiro tem mais lâmpadas, utiliza as de 25W. Prefere a luz branca.
Segundo a Sra. AP, a luz dá vida as pessoas, e gosta de ter sempre claridade, “deixa as coisas
mais bonitas”. A luz também faz companhia. Não consegue estar sentada sem luz. Mantém sempre o
candeeiro de teto aceso.
Acredita que tem em casa uma boa iluminação artificial, devido ao facto de ter um sobrinho
electricista que se preocupar com o seu bem-estar.
SATISFAÇÃO PROPORCIONADA:
1_Garantia da competência comportamental e funcional do indivíduo;
2_Ausência do desconforto visual;
3_Manutenção dos idosos na sua própria moradia, privilegiando o ageing in place;
4_Melhoria da qualidade de vida dos utilizadores.
1_Lazer | Fazer trabalhos manuais | Tricô

LUMINÁRIA LÂMPADA
Candeeiro de mesa Incandescente
Luminária de teto Incandescente
Luminária de pé Halogéneo

Ilustração 120 - Planta Estar | Jantar. Autor

158
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Limite físico:
Sala de estar do apartamento da Sra. AP, situado no Bairro da Ajuda, em Lisboa, Portugal.
Limite temporal:
Ocorre diariamente, aproximadamente das 19:00h às 00:00h.
Componente humano:
A Sra. AP desenvolve essa tarefa sozinha.
Componente não-humano:
Sofá e candeeiro de pé, com iluminação direta e indireta, e material para a execução da
tarefa - agulhas de tricô e lã.
Programa:
A Sra. AP acendeu a luminária de pé, próximo ao sofá, sentou-se no sofá e iniciou o seu tricô.
A Sra. AP utiliza a iluminação difusa do candeeiro. O equipamento possui os dois tipos de
iluminação – direta e difusa. A iluminação direta é conseguida através de uma lâmpada de halógeno,
num braço amovível.

Ilustração 121 - Sra. AP fazendo trabalho manual - tricô


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Ilustração 122 - Detalhe da luminária de pé


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Quando questionada sobre o porquê de não estar a utilizar a iluminação direta, a Sra. AP
disse-nos que é devido ao facto da lâmpada estar com um problema e estar a aguardar que o
sobrinho traga outra para substituição. A Sra. AP tem consciência que a iluminação direta é melhor
para a execução deste tipo de tarefa.

159
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 123 - Sra. AP indicando o sistema de iluminação utilizado


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

No entanto, não fica todo o tempo sentada executando o seu trabalho. Às vezes, levanta-se e
caminha pela casa para exercitar as pernas.
Mecanismo de regulação:
A tarefa abrange uma ampla gama de parâmetros relativos à acuidade visual. O material
utilizado para esse trabalho manual – a lã, apresenta uma ampla variedade de cor, espessura, tendo,
umas vezes, um alto contraste tarefa/fundo e, outras praticamente nenhum. A velocidade e a
precisão são importantes. Dessa forma, a iluminância máxima sugerida para esse tipo de tarefa não
deve exceder a proporção 3:1.
A luminária deve ser localizada ao lado do utilizador, para que as sombras não sejam
projetadas na área da tarefa, e o candeeiro deve ter uma componente de difusão da luz e uma
componente mais direccional (Di Laura et al., 2011).
No caso da Sra. AP, mesmo tendo uma luminária com essas características, inclusive com a
componente do braço amovível, permitindo um direcionamento e aproximação à zona de tarefa e
com lâmpada halógena, não é utilizado devido a um problema com a lâmpada. É utilizada a
componente que proporciona uma iluminação difusa no ambiente.
Portanto, conclui-se que não há relação sino mórfica30 quando da execução do trabalho
manual, pois a iluminação existente não é a ideal para esse tipo de tarefa.
BEHAVIOR SETTING 2: [visitas feitas nos dias 21, 22/12/2011 e no dia 31/12/2011, em horários
variados durante o dia]
PESSOAS:
O Sr. DD com 83 anos, e a Sra. MD com 79 anos são um casal que vive numa residência em
Belo Horizonte, Brasil.
O Sr. DD tem uma doença ocular – Degeneração Macular devido a factor genético. Teve
catarata diagnosticada pelo médico e foi operado. A Sra. MD usa óculos, tem catarata diagnosticada
pelo médico, mas ainda não foi operada, sendo controlada pelo médico.

30
Sinomorfia – é a relação na qual os elementos humanos e não-humanos de um behavior setting se adequam
completamente, permitindo que as atividades/ações previstas para ocorrerem naquele local se realizem plenamente.

160
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

O casal tem o hábito da leitura de jornais, revistas e livros e de ver TV. O Sr. DD utiliza o
computador, navega na internet, utiliza e-mail e trabalha com os aplicativos office e outros.
A Sra. MD executa pequenos trabalhos de costura e trabalhos manuais.
Não sentem dificuldades em identificar e percorrer os percursos dentro de casa.
O Sr. DD encarrega-se das compras para a casa e o controlo da manutenção da casa está a
cargo do casal, contando com apoio para execução das tarefas domésticas, tais como, cozinhar,
arrumar a casa e engomar a roupa. Colocar a roupa na máquina de lavar fica a cargo da Sra. MD.
Nos fins de semana, o casal prepara a alimentação, bem como o jantar nos dias de semana.
Utiliza uma máquina de lavar loiça.
Não sentem dificuldade na utilização da máquina de lavar roupa, na máquina de lavar loiça e
mesmo qualquer outro eletrodoméstico. Utilizam, também, os telemóveis no dia-a-dia.
AMBIENTES:
A moradia situa-se numa rua tranquila do bairro da Floresta, em Belo Horizonte, Brasil. A
habitação tem dois pisos, sendo que, no piso superior, situam-se a sala de estar, quartos, casas de
banho, e, no piso inferior, situam-se a cozinha, a sala de jantar, um lavabo, área de serviço, atelier de
costura e escritório.
A moradia possui uma boa incidência de luz natural, devido ao facto de situar-se num amplo
terreno, com jardins. Utilizam a luz artificial em alguns ambientes, durante o dia, devido ao baixo
nível de iluminação.
A casa de banho da suíte não recebe quantidade de luz natural suficiente, por ter as janelas
voltadas para um corredor e o edifício adjascente impedir a entrada direta de luz.
A iluminação artificial utilizada é um equipamento com lâmpada fluorescente compacta, e
tem uma iluminação sob o espelho com vidro fosco, utilizando uma lâmpada fluorescente compacta.

Ilustração 124 - Casa de banho da suíte. A da esquerda com a iluminação natural e a da direita com a iluminação artificial
[Fotografia: Amarilys Darè]

161
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 125 – Sistema de iluminação da casa de banho da suíte: luminária de teto com lâmpada fluorescente compacta
aplicado no teto
[Fotografia: Amarilys Darè]

Ilustração 126 – Sistema de iluminação de parede aplicado sob a bancada e acima do espelho na casa de banho da suíte
[Fotografia: Amarilys Darè]

A cozinha recebe a luz da manhã. No entanto, a sua localização logo após a área de serviço,
não permite a incidência direta da luz natural. Por isso, tem necessidade da utilização da luz artificial
durante todo o dia. O equipamento utilizado é uma luminária de teto com lâmpadas fluorescentes
tubulares (2X20w). A área de serviço recebe a luz natural direta, pela manhã, e à noite a iluminação
artificial é conseguida através de luminárias de teto com lâmpadas fluorescentes tubulares (2X20W).

Ilustração 127 – Vista geral da cozinha e localização das bancadas


[Fotografia: Amarilys Darè]

Ilustração 128 – Sistema de iluminação da cozinha com luminária de teto com duas lâmpadas fluorescentes
[Fotografia: Amarilys Darè]

Na entrada da cozinha, foi instalada uma luminária de teto com lâmpada incandescente de
40w, com um sensor de movimento, que ilumina o corredor de acesso, mas também o final da
escada de acesso ao 1º piso.

162
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 129 - Vista de um fragmento da cozinha, voltada para porta do acesso ao 2º piso e a sala de jantar, onde se ve
o reflexo da luminária de teto com lâmpada fluorescente compacta eletrónica. Essa luminária tem um sensor de
movimento.
[Fotografia: Amarilys Darè]

Em toda a moradia, foram aplicados, nas luminárias de teto e no candeeiro de mesa,


lâmpadas fluorescentes compactas, que variam entre os 20W e 25W.
SATISFAÇÃO PROPORCIONADA:
1_Garantia da competência comportamental e funcional dos utilizadores;
2_Ausência de desconforto visual;
3_Manutenção dos idosos na sua própria moradia, privilegiando o ageing in place;
4_Melhoria da qualidade de vida dos utilizadores.

1_Alimentos |Preparação dos alimentos | Confeção de sobremesa para ceia de ano novo.

LUMINÁRIA LÂMPADA

Luminária de teto Fluorescente tubular


Percurso -

Ilustração 130 - Planta Cozinha. Autor

Limites físicos:
Cozinha da habitação, no Bairro da Floresta, em Belo Horizonte, Brasil.
Limite temporal:
Ocorrido no dia 31 de Dezembro, das 11:40h às 12:30h. A confeção desse prato ocorre em
ocasiões especiais, como era o caso.
Componente humano:
A Sra. MD

163
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Componente não-humano:
Fogão, batedeira de bolo, panela, utensílios de cozinha, tais como, espumadeira, “salazar” e
o lava-loiça.
Programa:
A Sra. MD iniciou a confeção com a utilização da batedeira, para bater as claras em castelo e
adicionar o açúcar.

Ilustração 131 – A Sra. MD inicia a confeção da sobremesa


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Durante o processo de bater as claras em castelo e adicionar o açúcar, a Sra. M lavou uma
tijela que foi utilizada no princípio da confeção da sobremesa.

Ilustração 132 – A Sra. MD lava uma tijela utilizada na confeção da sobremesa


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Após bater as claras em castelo, mediu o leite que iria utilizar na cozedura das claras.

Ilustração 133 - A Sra. MD a medir o leite e colocá-lo no tacho


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Depois, passou a utilizar o fogão, para o cozimento do creme no leite. Apoiou a tijela no
fogão, próxima à panela que estava a utilizar.

Ilustração 134 - A Sra. MD confecionando a sobremesa


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

164
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Num 2º momento, adicionou as gemas dos ovos ao leite e fez um creme, que foi colocado
sobre as claras.

Ilustração 135 - A Sra. MD adiciona as gemas dos ovos no leite para o creme
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Adicionou o creme sobre as claras cozidas e finalizou a confeção da sobremesa.

Ilustração 136 – A Sra. MD finaliza a confeção da sobremesa | Resultado final.


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Mecanismo de regulação e ordenamento:


As tarefas típicas a serem desenvolvidas num fogão ou placa elétrica são a realização e
controlos do estado dos alimentos em todas as fases do processo de cozedura (a avaliação da cor e
da textura), e a leitura das receitas. Os alimentos, muitas vezes, apresentam uma refletância inferior
a 30%, sendo que a velocidade e a precisão podem ser críticas para a preparação de algum prato
mais elaborado, como é o caso.
Esses equipamentos estão, geralmente, localizado 910 milímetros (Panero & Zelnik, 1996)
acima do solo.
O brilho é inerente ao acabamento brilhante dos utensílios a serem utilizados, sendo que
alguma redução pode ser obtida através da utilização de aparelhos de iluminação de emissão
indireta ou fontes de luz difusa. A qualidade de cor é especialmente importante nas tarefas
desenvolvidas na cozinha, devendo-se optar por fontes de luz com IRC superior a 80,
preferencialmente rondando os 90.
A temperatura de cor deve ser harmoniosa em relação à quantidade de luz (ábaco de
Kruithof), o que quer dizer que nunca deverá ser superior a 4.000ºK.
O controlo da quantidade de luz em relação à posição de vários equipamentos deve ser
prevista no caso das tarefas a serem executadas assim o exigir.

165
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Uma iluminação geral deve ser fornecida para a circulação. Os equipamentos indicados
seriam a iluminação no exaustor, por baixo dos armários suspensos (componente de luz dirigida),
associada a uma iluminação difusa no teto (Di Laura et al., 2011).
A iluminação utilizada pela Sra. MD para a execução dessa tarefa foi o equipamento com
duas lâmpadas fluorescentes, aplicadas no teto da cozinha.
No entanto, se houvesse um equipamento aplicado sobre o fogão, como também aplicado
por baixo dos armários suspensos, facilitaria as tarefas executadas, minimizando o efeito das
sombras produzidas pelo corpo do utilizador.
Portanto, não há relação sino mórfica quando da execução da tarefa, pois a iluminação
existente não é a mais adequada para este ambiente.

2_Alimentos | Guardar a loiça

LUMINÁRIA LÂMPADA
Luminária de teto Economizadora
Percursos -

Ilustração 137 – Planta área de serviço, cozinha e sala de jantar.


Autor

Limites físicos:
Área de serviço, próxima à cozinha da sua habitação, no Bairro Floresta, em Belo Horizonte,
Brasil.
Limite temporal:
Ocorre todos os fins-de-semana – sábados e domingos, após as refeições.
Esse evento poderá ocorrer nos outros dias da semana, quando não podem contar com o
apoio da empregada.
Componente humano:
O Sr. DD e a Sra. MD.
Componente não-humano:
Máquina de lavar a loiça e utensílios, tais como pratos, talheres e copos. As panelas e outras
travessas são lavadas no lava-loiça.

166
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Programa:
A tarefa desenvolvida baseia-se em colocar e tirar a loiça da máquina de lavar loiça, e guardá-
las nos armários situados na cozinha e na sala de jantar.

Ilustração 138 - O Sr. DD e a Sra. MD retiram a loiça de dentro da máquina de lavar loiça
[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Ilustração 139 - O Sr. DD e a Sra. MD guardam as loiças no armário da cozinha


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Ilustração 12 - A Sra. MD guarda os talheres nas gavetas do armário da sala de jantar


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Mecanismo de regulação e ordenamento:


No desenvolvimento dessa tarefa, o ideal seria a utilização de uma iluminação difusa ou
indireta que enchesse o espaço de luz.
No entanto, esta tarefa é sempre executada durante o dia, sendo utilizada apenas a
iluminação natural que penetra pelas aberturas, não havendo necessidade de utilização da
iluminação artificial. A exceção ocorre quando a tarefa é executada na cozinha (ilustração 118), pelo
facto de ser um ambiente interior, possuindo aberturas para uma área de serviço, encontrando-se
distante da fonte de luz natural, e necessitando, neste caso, de ser complementada com a luz
artificial.
Nesta situação, a iluminação utilizada, natural e artificial, é suficiente, havendo uma relação
sino mórfica quando da execução da tarefa.

5_Lazer | Leitura de jornal/revistas/livros

LUMINÁRIA LÂMPADA
Luminária de teto Economizadora

Ilustração 141 - Planta sala de jantar. Autor

167
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Limites físicos:
Sala de jantar da moradia.
Limite temporal:
A Sra. MD lê todos os dias, pela manhã, os jornais recebidos através de assinatura.
Componente humano:
Sra. MD.
Componente não-humano:
Mesa de jantar, cadeira, jornais.
Programa:
Após tomar o pequeno-almoço, a Sra. MD permanece na sala de jantar e procede à leitura
dos jornais do dia.

Ilustração 142 - A Sra. MD lendo os jornais diários


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Mecanismo de regulação e ordenamento:


As tarefas desenvolvidas nesse ambiente são tomar as refeições, como também para a
leitura. A reflexão da tarefa é em torno de 30 a 70%.
Um padrão de distribuição de gama de luz é necessária para iluminar a parte superior do
tampo inteiro da mesa, uniformemente. Sendo que, para minimizar a névoa de reflexão, a
iluminação deve ser difusa.
Uma única fonte de luz não poderá fornecer, ao mesmo tempo, uma iluminação geral e
difusa (convívio) e uma iluminação direta (execução de outras atividades a mesa). Portanto, quando
se pretende uma utilização multiuso deve se utilizar a conjugação de dois sistemas de iluminação -
luz difusa e luz direta (Di Laura et al., 2011).
A sala de jantar da moradia da Sra. MD tem uma boa iluminação natural, que penetra no
ambiente através de uma janela com vidros lisos. A proximidade da habitação do muro de separação
da moradia, não impede a entrada de luz suficiente. No entanto, não há uma visualização da
abóboda celeste.

168
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Quando, por qualquer impedimento natural, a iluminação natural se torna deficiente,


recorre-se à iluminação artificial, fornecida por uma luminária de teto com três lâmpadas
fluorescentes compactas eletrónicas, localizada por cima da mesa de jantar.
No entanto, essa fonte de luz não é a mais indicada para que se tenha conforto visual. O
indicado seriam as lâmpadas de halogénio ou as novas lâmpadas de LED, tipo chama clara ou opalina.

Ilustração 143 – Lâmpada MasterLED candle, Philips


[Fonte: http://www.ecat.lighting.philips.pt/l/master-ledcandle/64861/cat/?t1=overview#t=overview]

A iluminação natural existente não causa desconforto na execução da tarefa, havendo uma
relação sino mórfica. Por outro lado, não há uma relação sino mórfica em relação à iluminação
artificial, por não estar sendo utilizada a lâmpada indicada para as tarefas executadas no ambiente.
3_Higiene Pessoal | barbear-se

LUMINÁRIA LÂMPADA
Luminária de teto Economizadora
Luminária de parede EconomIzadora com
difusor

Ilustração 144 - Planta Casa de Banho. Autor

Limites físicos:
Casa de banho localizada próxima ao quarto do casal na sua habitação, em Belo Horizonte,
Brasil.
Limite temporal:
O Sr. DD faz a barba todos os dias, pois sente desconforto com os pêlos nascendo no rosto,
não tendo um horário específico para a execução dessa tarefa.
Componente humano:
O Sr. DD
Componente não-humano:
Lavatório, água, e utensílios para fazer a barba – gel de barbear, pincel, lâmina.
Programa:
Molha o rosto, passa o gel de barba e utiliza a lâmina para eliminar os pêlos. Finaliza com a
loção após barba.

169
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 145 - O Sr. DD fazendo a barba


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Mecanismo de regulação e ordenamento:


As casas de banho exigem uma combinação da iluminação, podendo utilizar-se
equipamentos com lâmpadas de halogéneo e as fluorescentes, mas com a componente de luz difusa.
As lâmpadas fluorescentes, com boa temperatura de cor, poderão fornecer altos níveis de luz, sem
emissão de calor.
A localização das luminárias é especialmente importante no uso de um espelho. O
equipamento, quando localizado nas laterais do espelho, proporciona os níveis de iluminação
necessários com uma boa restituição de cor.
Os aparelhos de tetos proporcionam uma boa iluminação geral.
A distância da face em relação ao espelho deve ser o dobro da sua distância real, e os
detalhes a serem vistos ao barbear-se ou maquilhar-se são usualmente pequenos e de baixo
contraste com o fundo. A reflexão da pele e do cabelo pode ser bastante baixa, inferior a 30%.
As paredes e teto devem receber revestimentos de cores claras que permitam que a luz seja refletida
de forma eficiente e com uma reflexão de 50% ou superior. As luminárias devem ter uma baixa
luminância.
Quando a execução da tarefa for realizada na posição sentada, a relação das lâmpadas para o
rosto deve ser considerada como se permanecesse de pé (Di Laura et al., 2011).
A iluminação utilizada, neste caso, está localizada acima e no centro do espelho, com equipamento
que proporciona uma iluminação difusa. Dessa forma, a região da frente e das laterais do rosto são
amplamente iluminadas, propiciando uma iluminação intensa e uniforme por todo o rosto, eliminado
zonas de sombra, transmitindo a impressão suave e agradável da pele. Poderá ser, eventualmente,
complementada com uma luz de realce do teto, constituída por dois pontos de luz, afastados entre
si, com não menos de 600mm e na prumada do extremo do lavatório.
Portanto, há relação sino mórfica quando da tarefa de se barbear, pois a iluminação
existente é a ideal.

170
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

4_Lazer | Navegar na internet | Usar e-mail

LUMINÁRIA LÂMPADA
Luminária de teto Economizadora
Candeeiro de mesa Economizadora

Ilustração 146 - Planta escritório. Autor

Limites físicos:
O computador está localizado no escritório pessoal de sua moradia, em Belo Horizonte,
Brasil.
Limite temporal:
Ocorre todos os dias, sem uma hora determinada, mas sempre durante o dia.
Componente humano:
O Sr. DD.
Componente não-humano:
Computador localizado numa secretária.
Programa:
O Sr. DD liga o computador e entra na internet. As tarefas são ler e enviar e-mail’s. Visita ao
site do Banco, onde verifica os movimentos, saldo, e faz o agendamento das contas a serem pagas.

Ilustração 147 - O Sr. DD trabalhando no computador


[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Mecanismo de regulação e ordenamento:


A tarefa consiste na leitura de documentos digitais; na utilização do teclado e do rato; e na
leitura de informação escrita ou impressa em papel. O importante nesse tipo de atividade é não ter
reflexos no teclado e a formação de imagens no ecrã produzidas pela luminosidade provenientes de
zonas envidraçadas ou de pontos de luz.

171
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

O nível de luminância entre o ecrã, a superfície do computador e a envolvente deve ser


limitado. A Luminária aplicada no teto e o brilho da luz natural da janela devem ser controladas para
evitar reflexos nas superfícies especulares dos equipamentos (Di Laura et al., 2011).
Neste caso, o computador encontra-se localizado na secretária, tendo uma janela à esquerda
do equipamento, precisando de um controlo de luz natural, através de estores ou reposteiros.
Próximo ao computador, tem um candeeiro de mesa com lâmpada fluorescente compacta
eletrónica, que utiliza principalmente quando trabalha à noite. Esse candeeiro proporciona uma
adequada emissão de luz.
Portanto, a iluminação artificial mantém uma relação sino mórfica. No entanto, a iluminação
natural não mantém uma relação sino mórfica, necessitando que seja feito o seu controlo.
BEHAVIOR SETTING INTERIOR 3: [visita feita em 15/04/2012 às 19:30h – horário de verão]

LUMINÁRIA LÂMPADA
Luminária de mesa LED

Ilustração 148 - Planta área de trabalho. Autor

PESSOA:
A Sra. G. tem 92 anos, e vive numa moradia na aldeia de Pousafoles do Bispo, no Concelho de
Sabugal. Vive com a filha e o genro, numa habitação que foi adaptada pelas limitações que o
envelhecimento lhe tem imposto.
A Senhora tem cataratas, mas não foi operada, tendo apenas 30% da visão, e tem
osteoporose, o que implica numa limitação em relação à mobilidade.
No entanto, executa trabalhos manuais, tais como bordados, rendas, e costura, como
também cozinha.
AMBIENTES:
No ambiente analisado há uma incidência da luz natural durante todo o dia.
À noite, a luz artificial é utilizada em substituição da luz natural, mas no sentido da promoção
de uma boa qualidade lumínica e a quantidade de luz necessária na execução das tarefas que virão a
ser executadas nos ambientes.

172
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

SATISFAÇÃO PROPORCIONADA:
1_Garantia da competência comportamental e funcional dos utilizadores;
2_Ausência de desconforto visual;
3_Manutenção dos idosos na sua própria moradia, privilegiando ageing in place;
4_Melhoria da qualidade de vida dos utilizadores.
1_Lazer | Fazer trabalhos manuais | Bordado
Limites físicos:
O trabalho manual que a Sra. G executa tem lugar num recanto da sala de jantar, próximo a
uma portada. A portada é composta por um quadriculado de vidros transparentes, que permitem a
entrada de luz natural, com uma visão do exterior e da abóboda celeste.
Limite temporal:
Esses trabalhos manuais são executados durante o dia e, muitas vezes, à noite.
Componente humana:
A Sra. G trabalha normalmente sozinha. No caso do bordado, conta com a ajuda da filha,
para desfiar o tecido.
Componente não-humana:
Tecido em linho branco, agulha para bordar, fio para bordar nº 08, mesa forrada em tecido
da cor preta, cadeira.
Programa:
O trabalho de bordado inicia-se com o desfiar do tecido, que, na sua grande maioria, é
executado pela filha.
A Sra. G inicia o processo colocando o tecido que irá trabalhar no “aro”, para que o tecido
fique bem esticado, facilitando dessa forma o seu trabalho.
O trabalho de bordado desenvolve-se a partir da união dos fios, formando desenhos.

Ilustração 149 - A Sra. G bordando com iluminação artificial através de candeeiro de mesa com lâmpada de LED
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

O bordado executado com esse tipo de técnica pode ser uma simples bainha aberta, ou um
mais elaborado, com desenhos.

173
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

2_Lazer | Fazer trabalhos manuais |Confeção de Renda


Limites físicos
O trabalho manual que a Sra. G executa tem lugar num recanto da sala de jantar, próximo a
uma portada. A portada é composta por um quadriculado de vidros transparentes, que permitem a
entrada de luz natural, e uma visão do exterior.
Limite temporal:
Esses trabalhos manuais são executados durante o dia e, muitas vezes, à noite.
Componente humana:
A Sra. G trabalha normalmente sozinha.
Componente não-humana:
Tecido em linho na cor branca; agulha para bordar; fio para bordar nº 16; almofada, que tem
aplicação de tecido da cor preta, onde será afixada a tira feita em croché; cadeira.
Programa:
A Sra. G utiliza uma almofada que tem aplicada uma tira de tecido na cor preta. Inicia o
trabalho, com a aplicação de uma tira feita em croché, onde serão inseridos os fios de linha para
bordar nº 16.

Ilustração 150 – A Sra. G inicia o trabalho fixando o fio de crochê no tecido preto com iluminação natural
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Num retângulo em cartão, num tamanho pré-estabelecido de acordo com a largura da renda
a ser executada, enrola-se o fio e corta-se.

Ilustração 151 - A Sra. G. utiliza um cartão na medida da linha para a confeção da renda
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

O trabalho consiste no trançado dos fios entre si, com delicados nós, utilizando apenas os
dedos, e criando uma renda com franjas.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 152 - A Sra. G. confeccionando a renda com iluminação artificial


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Mecanismo de regulação e ordenamento das atividades:


A tarefa abrange uma ampla gama de parâmetros relativos à acuidade visual. O material
utilizado para esse trabalho manual, texturas, espessura do fio utilizado, tem umas vezes, um alto
contraste tarefa/fundo e, outras praticamente nenhum. A relação de luminâncias no campo visual
não deve exceder a proporção de 3:1.
O candeeiro de mesa deve estar localizado ao lado do utilizador, para que as sombras não
sejam lançadas na área da tarefa, e deve ter uma componente de difusão para suavizar as sombras; e
direccional para realçar as texturas (Di Laura et al., 2011).
Durante o dia, o controlo da luz natural é conseguido através da aplicação de papel vegetal ou
esquisso no plano de vidro, ou na utilização do chapéu, criando dessa forma, zonas de sombras no
campo de trabalho, num controlo da luz incidente sobre a área de trabalho.
Como os trabalhos são feitos no tecido de linho, na grande maioria de cor branca, a mesa de
trabalho recebe uma cobertura em tecido da cor preta, criando um contraste entre o fundo e o
trabalho que se está a desenvolver. Se o tecido a ser utilizado for colorido, a cobertura da mesa
passa a ser em tecido branco.
À noite, utiliza um candeeiro de mesa, localizado num aparador, próximo à mesa de trabalho,
com uma lâmpada E27 cap LED 8W light lamp warm white color.

Ilustração 153 - Lâmpada E27 cap LED 8W light lamp warm white color
[Fonte: http://i.ebayimg.com/t/E27-cap-216-LED-8W-light-
lampwarmwhitecolor/12/!B9uf3jQ!Wk~$(KGrHqZ,!hgEzes6NTHYBM6pKzD6+w~~_35.JPG]

Neste caso, a iluminação natural, e o seu controlo, e a iluminação artificial são suficientes
para a execução do trabalho manual. Havendo, portanto, uma relação sino mórfica quando da
execução da tarefa.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

BEHAVIOR SETTING INTERIOR 4: [visita feita em 28/05/2012 às 15:30h]


PESSOA:
A Sra. MAB tem 72 anos de idade e é Professora na Universidade Sénior no Sabugal.
Usa óculos apenas para ver ao perto. Tem catarata apenas num olho, mas não foi preciso ser
operada, sendo controlada pelo médico. Quando conduz, não usa os óculos.
Utiliza o computador para a preparar as aulas e para navegar na internet.
Não sente dificuldade na execução das tarefas do dia-a-dia com a iluminação natural e
artificial que possui na casa.
AMBIENTE:
A Sra. MAB vive com o marido numa moradia rural na Colónia de Martim Rei, Concelho do
Sabugal.
Devido à sua implantação no terreno, tem uma boa incidência de luz natural em toda a casa. O
controlo é feito através dos cortinados, pois não possui estores nas janelas.

Ilustração 154 - Sala de Estar e quarto iluminado através de iluminação natural e o controlo feito por cortinados
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Nos ambientes utiliza iluminação geral, através de luminária de teto e de parede, com
lâmpadas fluorescentes compacta eletrónica.

Ilustração 155 - Sistema de iluminação de teto e à parede, no corredor e no quarto


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

A casa de banho é iluminada através de uma luminária de teto com lâmpada fluorescente
compacta eletrónica, e focos embutidos no armário sob a bancada.

176
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 156 – Sistema de iluminação embutida no armário da casa de banho


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Na cozinha, tem uma luminária de teto e uma luminária de parede, com uma luz direcional
para iluminar as tarefas a serem executadas na bancada e no lava-loiça. O interruptor dessa
luminária está localizado atrás do micro-ondas, necessitando de uma colher de pau para o acender.
Tem uma iluminação no exaustor.

Ilustração 157 - Iluminação situado no exaustor


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Ilustração 158 – Sistema de iluminação na parede da cozinha para iluminação de tarefa. E acesso ao interruptor
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Na cozinha, sente necessidade de iluminação nos interiores dos armários, facilitando assim a
visualização do que está dentro.
SATISFAÇÃO PROPORCIONADA:
1_Garantia da competência comportamental e funcional dos utilizadores;
2_Ausência de desconforto visual;
3_Manutenção dos idosos na sua própria moradia, privilegiando ageing in place;
4_Melhoria da qualidade de vida dos utilizadores.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Alimentos | Lavar a loiça

LUMINÁRIA LÂMPADA
Luminária de parede Economizadora
Luminária de teto Economizadora
Interruptor -

Ilustração 159 - Planta Cozinha. Autor

Limites físicos:
Cozinha da sua moradia situada na Colónia Martim Rei, no Concelho do Sabugal.
Limite temporal:
A tarefa é executada todos os dias, logo após as refeições, de manhã e à noite.
Componente humano:
A Sra. MAB executa a tarefa sozinha.
Componente não-humano:
Lava-loiça, bacia, esponja, detergente, loiça utilizada na refeição e panelas utilizadas para
confeção dos alimentos.
Programa:
Utiliza a bacia com detergente para lavar a loiça.

Ilustração 160 – Preparação do lava-loiça para a execução da tarefa


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Lava e enxagua os utensílios sujos.

Ilustração 161 – A Sra. MAB lavando a loiça


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 162 – Controlo da iluminação natural para execução da tarefa através do cortinado
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Mecanismo de regulação e ordenamento:


As tarefas típicas no lava-loiça envolvem a limpeza e inspeção de pratos e utensílios, a
avaliação da cor e textura dos alimentos em preparação, leitura das receitas e medição dos
ingredientes. Deve sempre ser utilizada o máximo da luz natural, pois esta dá à comida um aspeto
mais apetitoso.
Uma ótima restituição de cor é particularmente importante na iluminação da cozinha. A
aplicação de iluminação por baixo dos armários suspensos (componente de luz dirigida), associada à
iluminação difusa no teto, proporciona uma iluminação adequada para a lavagem e preparação dos
vegetais (Di Laura et al., 2011).
Nesse caso, quando a tarefa é executada durante o dia, utiliza a luz natural que entra pela
janela localizada à frente do lava-loiça. Para o controlo da luz, utiliza o cortinado. À noite, utiliza a
iluminação do teto, difusa, e a iluminação dirigida.
A iluminação é suficiente para execução da tarefa. Apesar da iluminação difusa estar
localizada no centro do ambiente criando sombras com o corpo do utilizador no campo de trabalho,
essa situação é controlada pela iluminação dirigida localizada na parede lateral ao lava-loiça.
Portanto, há uma relação sino mórfica quando da execução da tarefa mencionada.
6.2.6_OBSERVAÇÃO DIRETA [visita feita no dia 23/08/2011 às 17:00h]
PESSOAS:
O Senhor A, de 85 anos, e a Senhora M, de 79 anos, são um casal que vive num apartamento
na Amadora, Portugal, situado num 3º andar de um edifício sem elevador.
AMBIENTES:
O apartamento está voltado para a rua, recebendo a luz da manhã na cozinha, no quarto e na
marquise. A sala de estar e de jantar recebem a luz natural de uma forma menos intensa.
A atividade do casal concentra-se na sala de estar. Porém, o Sr. A gosta de ler o jornal, logo
pela manhã, na marquise, onde recebe a luz natural direta.

179
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 163 - Vista da marquise, com o ambiente de leitura e da cozinha


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Ilustração 164 - Detalhe do sistema de iluminação geral da cozinha com luminária de teto com lâmpadas fluorescentes
tubulares
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

A cozinha recebe luz natural e o seu controlo é feito por meio de um cortinado. A Iluminação
artificial baseia-se em lâmpadas fluorescentes tubulares no teto, em calhas, e uma lâmpada
localizada na chaminé, que facilita a visualização da confeção dos alimentos.
Na sala de estar, além do candeeiro de teto, que proporciona uma iluminação geral, existem
candeeiros localizados próximas as poltronas do Sr. A e da Sra. M.

Ilustração 165 - Localização dos candeeiros de mesa próximos às poltronas do casal e detalhe da luminária de teto nesse
mesmo ambiente
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Não existe sensor de movimento no corredor de acesso à casa de banho, apenas uma
iluminação geral, acionada por interruptor.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 166 – Sistema de iluminação do corredor de acesso aos quartos e a casa de banho – luminária de teto
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Na casa de banho, existe uma iluminação geral, localizada no teto. O Sr. M sente dificuldade
ao fazer a barba, por isso tem pensado em instalar uma iluminação próximo ao espelho.
No quarto, há uma iluminação geral, no teto, e candeeiros nas mesas-de-cabeceira próximas às
camas.
A Sra. M gosta de fazer trabalhos manuais, mas sente dificuldades na conjugação das cores.
Necessita da opinião da filha e do marido. Quando estudava pintura, tinha o apoio da professora
para a escolha da harmonia de cor.

Ilustração 167 – Sistema de iluminação por candeeiros nas mesas-de-cabeceira e iluminação geral por luminária de teto,
com vidro difusor
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

6.2.7_LIGHTING DESIGN DE UM APARTAMENTO DE IDOSOS:

[visita feita em 28/12/2011, às 16:00h]


PESSOAS:
O Sr. TM, com 93 anos, e a Sra. CFM, com 88 anos, são um casal que vive num apartamento
em Belo Horizonte, Brasil.
O Sr. TM usa óculos apenas para ler e ver TV. Porém, tem baixa acuidade auditiva,
necessitando de um aparelho para surdez. A Sra. CFM tem uma doença ocular – Degeneração
Macular devido a fator genético, e também usa óculos.
Por essa razão, a Sra. CFM tem dificuldade em ver TV, ler ou fazer trabalhos manuais. Pela
dificuldade que tem em ler as partituras, já não consegue tocar piano.
O Sr. TM não tem dificuldades na identificação e deslocação nos percursos dentro de casa,
mas necessita do apoio de um andarilho.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A Sra. CFM não tem dificuldade na identificação dos percursos dentro de casa, mas, devido
ao seu problema de visão, necessita de uma melhor iluminância nos ambientes.
Todas as manhãs, o Sr. TM cuida dos vasos que tem na varanda.
O Sr. TM utiliza o computador para enviar/receber e-mail’s e para conversar com o neto, que
mora noutra cidade, através do Skype.
O casal conta com apoio para execução das tarefas domésticas, tais como, cozinhar, arrumar
a casa, lavar a roupa e engomar a roupa. No entanto, a Sra. CFM é quem cuida da preparação dos
alimentos para o jantar.
AMBIENTES:
O apartamento tem uma boa incidência de luz natural durante todo o dia, sendo menor no
hall e na sala de estar/jantar, devido à configuração desse ambiente ser em “L”, e a portada de
acesso à varanda, estar localizada na zona de estar. Por isso, o nível de iluminação diminui no
interior, à medida que se afasta dessa abertura.

Ilustração 168 - Hall e sala de estar


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Ilustração 169 - Zona de Jantar


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Para a iluminação artificial, foram utilizadas lâmpadas compactas eletrónicas e


incandescentes na luminária de teto sobre a mesa de jantar e na luminária de teto com ventoinha
acoplado, na zona de estar.

182
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 170 – Sistema de iluminação com luminárias de teto da zona de estar e jantar
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Nos quartos, foram aplicadas luminárias de teto com ventoinha acoplada, com lâmpada
fluorescente compacta eletrónica.

Ilustração 171 – Luminárias de teto dos quartos, com ventoinha acoplada


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

No hall dos quartos, foi aplicada uma luminária de teto com lâmpada fluorescente eletrónica
compacta. Essa luminária proporciona uma iluminação difusa. Não foram instalados sensores de
movimento, dificultando a acessibilidade dos idosos no trajeto entre quarto e casa de banho,
principalmente do Sr. TM que utiliza a casa de banho localizada no hall dos quartos.

Ilustração 172 – Luminária de teto do hall dos quartos, com vidro difusor
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Nas casas de banho, foram aplicadas luminárias de teto com lâmpada fluorescente compacta
eletrónica. O design da luminária é para a utilização de três lâmpadas, mas foi colocada apenas uma,
por questões económicas. O mesmo ocorre com a luminária de parede sob a bancada do lavatório.

Ilustração 173 – Luminária de teto e de parede, sobre o espelho, da casa de banho


[Fotografia: Ana Cristina Darè]

Na cozinha, foram aplicadas duas luminárias de teto com lâmpadas fluorescentes tubulares.

183
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 174 – Luminária de teto com lâmpada fluorescente tubular na cozinha e área de serviço
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

O casal utiliza a porta de entrada que dá acesso à cozinha, sendo que, para acender a
luminária de teto, o interruptor se encontra dentro de um armário de prateleiras, sem portas, e os
objetos ali colocados dificultam o acesso.

Ilustração 175 - Detalhe do interruptor para acender a luz da cozinha, à entrada do apartamento
[Fotografia: Ana Cristina Darè]

SATISFAÇÃO PROPORCIONADA:
1_Garantia da competência comportamental e funcional do indivíduo;
2_Ausência do desconforto visual;
3_Manutenção dos idosos na sua própria moradia, privilegiando ageing in place;
4_Melhoria da qualidade de vida dos utilizadores.
PROPOSTA PROJETUAL

Ilustração 176 - Planta do apartamento. Autor

184
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Não existe uma iluminação standard a ser utilizada numa habitação, sendo que as novas
tecnologias oferecem muitas soluções. Deve-se privilegiar uma combinação adequada de luz que se
possa traduzir num mix de lâmpadas - economizadoras, de halogéneo e fluorescentes tubulares –
que permitirá a criação de zonas de luz que possam proporcionar o conforto ambiental.
A iluminação natural dever ser utilizada como uma iluminação geral, configurando o espaço,
e o seu controlo será conseguido por cortinados e persianas/estores, e que possam assegurar uma
visão mínima do exterior. Sempre que possível, a caixilharia das janelas deve ser de cores claras, pois
é nelas que há a incidência e reflexão da luz natural.
Com o avançar da idade, aumentam as necessidades de mais e melhor iluminação, como
também aumentam as exigências relativas ao posicionamento do mobiliário em relação à iluminação
natural e artificial. As lâmpadas economizadoras proporcionam luz suficiente, quando não excedam a
potência permitida pela luminária.
A iluminação difusa deve ser aplicada nos ambientes, no intuito de evitar que haja espaços
escuros, conjugada com uma iluminação adicional.
Deve prever-se a instalação de comandos manuais e reguladores de luz, a partir de cada
porta, ou automaticamente, através dos sensores de movimento.
A iluminação deve ser flexível, possibilitando que o posicionamento das luminárias seja feito
individualmente.
No quadro que se segue, são identificados tipos de luminárias, lâmpadas e as suas
especificidades para os ambientes, privilegiando uma qualidade de iluminação para uma melhor
execução das tarefas quotidianas, proporcionando o conforto visual.

185
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Tabela 60 – Proposta Conceptual de iluminação dos interiores


LUMINÁRIA LÂMPADA POTÊNCIA
ESTAR/JANTAR
Candeeiro de mesa Economizadora 11W (cor 827)*
Luminária de teto Halogéneo 50W
Interruptor com controlo de
- -
intensidade de luz
VARANDA
Luminária de teto Economizadora 11W (cor 827)*
COZINHA
Luminária de teto Fluorescente tubular com difusor 28 W (cor 827/830)*
Luminária embaixo do armário
Economizadora 11W (cor 827/830)*
suspenso com interruptor
Interruptor próximo à porta
- -
de entrada
CORREDOR
Luminária de teto Economizadora 16W (cor 827)*
Sensor de movimento - -
ESCRITÓRIO
Luminária de teto Economizadora 15W (cor 827)*
Candeeiro de secretária Economizadora 15W (cor 830)*
CASAS DE BANHO
Luminária de teto Economizadora 15W (cor 827)*
Luminária de parede Halogéneo (12V) 20W
QUARTO DE TV
Luminária de teto Economizadora 15W (cor 827)*
Candeeiro de pé Halogéneo (12V) 50W
SUÍTE
Luminária de teto Economizadora 15W (cor 827)*
Luminária de cabeceira Halogéneo (12V) 20W
Sensor de movimento - -
ÁREA DE SERVIÇO
Luminária de teto Fluorescente tubular com difusor 28W (cor 830)*
DESPENSA
Luminária de teto Economizadora 15W (cor 827)*
CASA DE BANHO
Luminária de teto Economizadora 15W (cor 827)*

*Tonalidade aconselhada

6.2.7_REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Carli, S. M. M. P. (2004) Habitação Adaptável ao idoso: um método para projetos residenciais. Tese
de Doutoramento, Universidade de São Paulo.
Casarin, R. (2010) Mariana Figueiró: A luz e sua relação com a saúde. Lume Arquitetura nº 44 ed. São
Paulo: De Maio Comunicação e Editora Ltda, p. 8-12.
Ciconelli, R. M., Ferraz, M. B., Santos, W., Meinão, I. & Quaresma, M. R. (1999) Tradução para a
língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-
36 (Brasil SF-36) [Internet] Revista Brasileira de Reumatologia, Vol. 39, nº 3. Disponível em :
http://www.nutrociencia.com.br/upload_files/artigos_download/qulalidade.pdf [Acedido
em 10 de julho de 2011].
Di Laura, David L., Houser, Kevin W., Mistrick, Richard G. & Steffy, Grary R. (2011) The Lighting
Handbook: Reference and application. Tenth Edition. New York, IESNA.
Elali, Gleice Azambuja (1997) Psicologia e Arquitetura: em busca do locus interdisciplinar. [Internet]
Estudos de Psicologia, p. 349-362. Disponível em :
http://www.scielo.br/pdf/epsic/v2n2/a09v02n2.pdf [Acedido em 2 de fevereiro de 2011].
Ferreira, A. B. H. 2004. Mini Aurélio Electrónico versão 5.13 [Multi-media CD-Rom].
Fonseca, A. M. (2006) O envelhecimento: Uma abordagem psicológica. Lisboa, Universidade Católica
Portuguesa.
Gunther, H. & Elali, Gleice A. & Pinheiro, José Q. (2008) A abordagem multimétodos em estudo
pessoa-ambiente: características, definições e implicações. In: Pinheiro, J. Q. &
Joia, L. C., RUIZ, T. & DONALISIO, M. R. (2007) Condições associadas ao grau de satisfação
com a vida entre a população dos idosos [Internet] Revista Saúde Pública. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v41n1/19.pdf [Acedido em 1 de dezembro de 2011].

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Leal, C. M. D. S. (2008) Reavaliar o conceito de qualidade de vida [Internet] Disponível em :


http://www.porto.ucp.pt/lusobrasileiro/actas/Carla%20Leal.pdf [Acedido em 1 de dezembro
de 2011].
Neri, A. L. (2006) O legado de Paul B. Baltes à Psicologia do Desenvolvimento e do Envelhecimento
[Internet] Temas de Psicologia. Disponível em :
http://www.sbponline.org.br/revista2/vol14n1/pdf/v14n01a05.pdf [Acedido em 11 de
novembro de 2011].
Panero, Julius & Zelnik, Martin (1996) Las dimensiones humanas en los espacios interiores:
estandares antropométricos. Mexico: Gustavo Gili
Quivy, R. & Campenhoudt, L. (1998) Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa, Gradiva.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

6.3_CONSULTA A ESPECIALISTAS NA TEMÁTICA EM ESTUDO


6.3.1_INTRODUÇÃO
Para se atingir o objetivo proposto com esse estudo, uma das metodologias escolhidas foi a
consulta de um grupo de especialistas da temática em estudo, de acordo com as áreas de
especialidade relevantes ao desenvolvimento da investigação. O objetivo é o da identificação da
relevância da investigação e dar o contributo para a validação dos objetivos propostos.
A partir das questões de investigação propostas:
• A qualidade lumínica afeta os idosos na vivência dos ambientes domésticos?
• Que impacto o lighting design tem na perceção e na orientação no espaço pelo utilizador
idoso? E na qualidade de vida?
• A integração e o equilíbrio entre a luz artificial e a luz natural serão mais indicados para o
conforto e bem-estar do utilizador idoso no ambiente doméstico?
Construiu-se a seguinte questão:
Qual o impacto que a iluminação (natural e artificial) e a cor têm na
perceção e na orientação nos espaços interiores pelos idosos?
Tendo sido enviada a especialistas selecionados mediante a experiência, académica e
profissional, por se considerar de elevada importância dispor de opiniões abalizadas para orientar e
reforçar a investigação.
1. Cristina Pinheiro – Designer/Professora Doutora no Instituto de Artes Visuais Design e Marketing
(IADE).
2. Frank Mahnke - Presidente de IACC – International Association of Colour Consultants, onde dirige
seminários e conferências sobre os efeitos psicológicos e fisiológicos da cor.
3. Giulio Bertagna – Perception designer, diretor científico e de projeto do Osservatorio Colore
Paesaggio e Osservatorio Colore Interni, Itália.
4. Hilary Dalke – Professora de Design e Diretora do Design Research Centre and Design for
Environment na University of Kingston, UK.
5. João Carlos de Oliveira Cesar – Arquiteto/Professor na Universidade de São Paulo (USP), Brasil.
6. Manuel Melgosa Latorre – Departamento de Ótica, Universidade de Granada, Espanha.
7. Mariana Novaes – Arquiteta, Master of Science em Architectural Lighting Design pela KTH, Royal
Institute of Technology, em Estocolmo, Suécia e Lighting Designer na Arup Cingapura, empresa
mundialmente reconhecida pela inovação em design e tecnologia, agregados aos projetos
desenvolvidos.
8. Peter Lansley – Professor em Gestão da Construção na University of Reading, UK e desde 1997,
tem vindo a desenvolver investigação no âmbito das necessidades dos indivíduos idosos e com
deficiência.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

9. Regina de Souza Carvalho – Pedagoga, especializada em reabilitação de indivíduos portadores de


deficiência visual. Desenvolve um trabalho com pacientes de baixa visão no consultório de
oftalmologia do Doutor Newton Kara-José.
10. Rosália M. S. Antunes-Foschini – Médica Oftalmologista/reabilitação visual da Universidade de
São Paulo (USP), Brasil.
6.3.2_CONCLUSÃO
O Método Delphi é uma metodologia de consulta a especialistas na área em estudo de modo
a alcançar uma informação sustentada e consensual de apoio à tomada de decisão. Este método
pressupõe uma estratégia interativa, compreendida em diferentes estágios com intuito de
transformar opiniões individuais num parecer consensual e de grupo. Os diferentes estágios de
interação deverão ocorrer tantas vezes quantas forem necessárias, de modo a alcançar esse
consenso e se compreender como é que essa informação pode apoiar e sustentar a tomada de
decisão.
No caso do presente estudo, foram elaboradas questões relativas aos temas chave e
identificadas como as mais pertinentes para sustentar as nossas conclusões. Contudo, após o
lançamento da primeira questão, o elevado nível de consenso verificado nas respostas obtidas
permitiu a não verificação da necessidade de retomar o seu questionamento, sob pena de desfocar o
objetivo em estudo, como se constata no quadro seguinte:

Tabela 61 – Conteúdos temáticos referenciados pelos especialistas

CONTEÚDOS TEMÁTICOS
ESPECIALISTAS Sensibilidade Efeito Perceção e
Sensibilidade Acuidade Perceção
ao brilho e biológico orientação do
ao contraste visual da cor
ofuscamento da luz espaço
Cristina Pinheiro

Frank Mahnke

Giulio Bertagna

Hilary Dalke

João Carlos de O. César

Manuel M. Latorre

Mariana Novaes

Peter Lansley

Regina de S. Carvalho
Rosália M. S. Antunes-
Foschini

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Capítulo VII
7. CONCLUSÃO
Quando Prometeu nos entregou o presente do fogo divino em nossas
cavernas escuras, o fogo que ele tinha roubado de Zeus, foi como se ele
tivesse dado a lâmpada de Aladim – um presente de pura magia, que nos
habilita ver qualquer coisa que desejamos e muito mais. Inventividade,
produtividade e respeito pelos deuses imortais abundaram; a cultura
desenvolveu-se rapidamente. Até agora nós, simples mortais, temos usado
pouco a essência de tal presente, temos tirado pouca vantagem do poder que
a luz propicia. Parece que ainda mal percebemos sua grandeza.

(Brandston, 2010:9)
A luz tem uma flexibilidade quase milagrosa. Ela possui todos os níveis de
claridade, todas as possibilidades de cor, todas as variações de uma paleta.
Ela pode produzir sombras e distribuir a harmonia de suas vibrações no
espaço, assim como a música.
(Adolph Appia apud Brandston, 2010:59)

191
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO
• A qualidade lumínica afeta os idosos na vivência dos ambientes domésticos?
• Que impacto o lighting design tem na perceção e na orientação no espaço pelo utilizador
idoso? E na sua qualidade de vida?
• A integração e a harmonia entre a luz artificial e a luz natural serão mais indicadas para o
conforto e bem-estar do utilizador idoso no ambiente doméstico?
CONSTATAÇÃO
Essas questões foram propostas após uma extensa revisão de literatura, e também pelo
resultado encontrado na análise do Caso de Estudo na dissertação de Mestrado feito na J. Mello
Residências e Serviços, e em conversas com o arquiteto responsável pelo desenvolvimento desse
projeto.
As funções da iluminação são modelos das reações fisiológicas, psicológicas e estéticas ao
uso da luz – natural e artificial. A cada função, são associadas as quatro qualidades: intensidade, cor,
distribuição e movimento, enfatizando que a iluminação não diz respeito ao equipamento, mas à luz
(Brandston, 2010).
A luz é um elemento subconsciente do design em qualquer espaço
que possa evocar qualquer resposta emocional.
(Brandston, 2010: 121)
O lighting design pode aumentar a independência dos indivíduos, particularmente a dos
idosos, sendo que a sua inadequação pode vir a prejudicar a perceção visual, criando condições
perigosas que impedem a mobilidade e prejudicam o equilíbrio. Um nível de iluminação adequado
pode dar vida a um espaço; proporcionar o reconhecimento das cores; possibilitar uma aparência
mais apetitosa dos alimentos; incentivar o contacto social, já que permite o reconhecimento das
pessoas; facilitar a identificação dos percursos nos espaços interiores (Perkins et al., 2004).
Um bom nível de qualidade lumínica permite a apropriação do espaço pelos idosos, através
da perceção visual, do reconhecimento e da transição dos ambientes; através da cor e da textura;
incentiva o contacto social, e possibilita uma menor dependência e uma maior aptidão, privilegiando
uma melhor qualidade de vida, dando-lhe um sentido.
ÂMBITO
Essa investigação surge como seguimento do estudo desenvolvido no âmbito do Mestrado
em Direção de Design, que teve como título Design Inclusivo: Uma avaliação do ambiente doméstico
e os consequentes reflexos no utilizador idoso.
No desenvolvimento da investigação, foram reconhecidas que as questões relacionadas com
a iluminação – natural e artificial - no design dos interiores influenciam a qualidade de vida dos
indivíduos, em particular dos idosos, sendo que as alterações sofridas pela visão são um dos fatores
sensíveis no processo biológico de envelhecimento.

192
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Em Portugal, verifica-se que, desde 2000, o grupo de idosos tem vindo a aumentar em
relação ao grupo de jovens, sendo possível que, entre 2010 e 2015, venha mesmo a ultrapassar a
percentagem da população jovem (INE, 1999). Esse fenómeno tem-se revelado, não só consistente a
partir dos anos 60, mas também tem sido um processo crescente das projeções demográficas do
Instituto Nacional de Estatísticas (INE). A população idosa irá duplicar a sua proporção no total da
população entre 2000 e 2050, atingindo os quase 23% (CEDRU & BCG, 2008).
Segundo os resultados provisórios do Censo 2011, divulgados pelo INE, houve um aumento
do fenómeno do duplo envelhecimento, caracterizado pelo aumento da população idosa e pela
redução da população jovem. Os resultados mostram que 15% da população residente em Portugal
se encontra no grupo etário mais jovem (0-14 anos) e cerca de 19% pertence ao grupo mais idosas,
com 65 ou mais anos de idade. O índice de envelhecimento da população é de 129 idosos por cada
100 jovens (INE, 2011).
Segundo o estudo encomendado e financiado pela Fundação Aga Khan, a população sénior
portuguesa, de uma forma geral, esboça uma considerável autonomia, na medida que não precisa de
apoios para a realização das suas tarefas (CEDRU & BCG, 2008), sendo que, na última década, o
número de idosos a viver sozinhos ou a residir exclusivamente com outros indivíduos com mais de 65
anos aumentou em cerca de 28% (INE, 2011).
Com o aumento do número de indivíduos a viverem em agregados uni familiares, emergiram
as questões relativas às condições que devem ser oferecidas nas habitações, para a manutenção das
tendências de vida cada vez mais autónomas e integradas na sociedade.
A vida do ser humano sofre alterações em todo o seu ciclo, sendo relacionadas com as
capacidades funcionais, na autonomia, quando da execução das tarefas práticas, frequentes e
necessárias. Sendo que a dependência funcional irá surgir quando houver necessidade do auxílio de
terceiros na execução dessas mesmas tarefas (Daré, 2010).
A manutenção da independência, definida como uma condição de quem recorre aos seus
próprios meios para a satisfação de suas necessidades, é uma das prioridades do indivíduo idoso,
dependendo do grau funcional do indivíduo frente as AVD’s e as AIVD’s.
Devido ao processo de envelhecimento, há uma maior expectativa na melhoria da qualidade de vida,
associada à promoção da independência, sem contudo haver um comprometimento em relação ao
sentido estético e a segurança (Altman, 2002).
É no espaço habitacional, considerado como um espaço de dinâmica quotidiana, que os
indivíduos se apropriam, transformando-o segundo as suas necessidades, procurando encontrar a
sua identidade e fazendo prevalecer o seu direito à privacidade e ao convívio familiar (Círico, 2001).
Ageing in place é um conceito que se refere à manutenção dos idosos na casa onde sempre viveram,
por um maior tempo possível, devendo ocorrer as mudanças necessárias na habitação para essa

193
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

manutenção. Dessa forma, procura-se reduzir o peso desses indivíduos na família e também na
sociedade.
O lighting design tem por objetivo criar cenários humanizados e motivadores através da
iluminação, devendo respeitar as necessidades e expectativas do utilizador, neste caso do utilizador
idoso, através do conhebetãodos efeitos fisiológicos e psicológicos da luz e da cor; das ilusões visuais
que podem ser criadas, ou mesmo evitadas; e também do conhecimento das alterações que o
sistema visual sofre ao longo do ciclo de vida, possibilitando, dessa forma, o reforço da
independência, motivando e colaborando com o grau de competência no uso dos espaços (Turnner,
1996).
OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO
1_ Conhecer o sistema visual humano e identificar as alterações sofridas no processo de
envelhecimento biológico:
Dos cinco sentidos, o ser humano depende conscientemente da visão. O homem é
predominantemente visual. Através da visão, há uma perceção do mundo e acesso a muito mais
informações, que são espacialmente detalhadas e especificadas, do que através dos sistemas
sensoriais da audição, olfato, paladar e tato (Tuan, 1980).
A visão é uma parte do sistema visual, que tem no olho o órgão recetor da luz, não sendo
este, no entanto, o responsável pelo processamento das imagens no cérebro. Nesse sistema, os
olhos e o cérebro estão continuamente a processar informações até que estas sejam percebidas
pelos indivíduos, isto é, na presença de luz, a radiação eletromagnética passa pela abertura da
pupila, pelo cristalino e pelo interior do globo ocular, convergindo na retina, onde sensores nervosos
específicos são estimulados. No entanto, a luz visível aos olhos humanos ocupa somente uma faixa
muito estreita do espetro eletromagnético, que varia entre 350nm31 [violeta] a 770nm [alaranjado]
(Tuan, 1980).
No processo de envelhecimento, a visão é especialmente sensível, por ser um órgão que é
afetado de todas as suas formas – internas e externas, por estar exposto à luz, vento, poeira,
produtos e situações diversas, inclusivamente por doenças do próprio organismo. Pode ser afetada,
também, em diferentes aspetos, tais como, a perceção de cores, do campo visual, da visão noturna,
da visão de perto e de longe. As principais etiologias são a catarata, o glaucoma e a degenerescência
macular da idade (DMI) e, principalmente, a falta de correção ótica.
Com a idade, ocorre uma redução na acuidade visual, na velocidade de perceção e um
aumento do tempo necessário à adaptação, principalmente na passagem de um ambiente mais claro
para um mais escuro. Há, também, uma diminuição na capacidade para perceber movimentos no

31 -9
1nm = 10 m

194
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

campo visual periférico e uma diminuição na resistência à perturbação por encandeamento ou


contrastes excessivos.
Verifica-se igualmente uma diminuição da capacidade de reconhecimento das cores, devido
ao amarelecimento do cristalino, sendo esta perda mais significativa nas gamas dos verdes, azuis e
violetas do espetro visível. Essa realidade está relacionada com os fatores ambientais, como a
exposição excessiva aos raios ultravioleta, que têm no sol a sua maior fonte, contribuindo para a
formação das cataratas, DMI – Degenerescência Macular da Idade, ou com outros fatores genéticos
(Rocha, 2004).
Tabela 62 – Doenças oculares relacionadas com o envelhecimento
DOENÇA OCULAR SINTOMAS SINAIS
• Mudança na forma do cristalino
• Perda da elasticidade do cristalino
Presbiopia ou vista cansada • Dificuldade de ver ao perto
• Perda da capacidade de
acomodação
• Baixa de visão em todo o campo
Catarata visual com impacto na visão • Opacificação do cristalino
central
• Perda da visão com o • Degeneração do nervo ótico
Glaucoma
estreitamento do campo visual associada a tensão ocular
• Aparecimento de mudanças
• Decréscimo súbito ou progressivo estruturais no epitélio pigmentar da
Degenerescência Macular da Idade
da acuidade visual retina
(DMI)
• Visão periférica • Crescimento anormal dos vasos
sanguíneos na zona da mácula
• Vazamento de fluido ou sangue,
• Distorção da imagem ou imagem
Diabete Mellitus que poderá causar uma fibrose ou
borrada
desorganizar a retina

Nesse processo, ocorre uma redução da iluminância da retina, ou seja, a retina passa a
receber menos luz devido à redução do tamanho da pupila (miose senil), e as lentes tornam-se mais
espessas e absorventes (Pinheiro, 2011).
Ocorre, também, uma redução do contraste e saturação de cor, devidos às lentes do
cristalino se tornarem menos transparentes, tendo como resultado a dissipação da luz e a redução
do contraste da imagem na retina. Esse efeito adiciona um “véu luminoso” sobre as imagens
coloridas na retina, reduzindo a nitidez – saturação (Ribeiro, 2006).
O aumento na prevalência da doença ocular ocorrida com o aumento da idade contribui para
que se tenha uma especial atenção às necessidades de iluminação nos ambientes para os idosos.
Com o envelhecimento da população, é cada vez mais importante que esses requisitos sejam
abordados para garantir o conforto, a autonomia na execução das suas atividades e na qualidade de
vida desses indivíduos (IES, 2007).
2_Conhecer as características da luz – natural e artificial e sua aplicação no lighting design dos
ambientes domésticos:
A Luz é uma forma de energia que possui, como propriedade especial, o estímulo dos
fotorrecetores – cones e bastonetes, situados na fóvea centralis do olho, que permitem ao cérebro a
criação da imagem visual.

195
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

É uma forma de radiação, tendo como fonte de emissão o sol, ou uma fonte artificial, que
contém, não apenas as radiações visíveis, mas também as radiações não visíveis como os
ultravioletas, os infravermelhos e outras fontes de radiação.
A luz, em si, é invisível. A sensação de luminosidade é decorrente da reflexão dos raios
incidentes numa superfície, sendo que a iluminância é a luz incidente, não visível; e a luminância é a
luz refletida, visível (Vianna & Gonçalves, 2001).
A iluminação natural advém da luz do dia, que tem no sol a sua principal fonte de luz,
auxiliando na relação entre o exterior e o interior das habitações. No entanto, essa fonte de luz sofre
uma variação durante o ciclo do dia, bem como a variação relacionada com as condições climáticas,
gerando um estímulo no interesse visual (Phillips, 2000). Essa constante mutação - varia de acordo
com a hora do dia, estação do ano e estado do tempo (ensolarado ou nublado), não podendo ser
considerada como uma desvantagem, pois proporciona uma dinâmica nos interiores da habitação.
As alterações do tempo (cronológicas e climatéricas) podem ser observadas do interior,
possibilitando que os indivíduos interajam com o exterior durante o período do dia, sendo que o
corpo humano tem capacidade de sofrer adaptação, em particular no domínio da visão, no intuito de
fornecer respostas a essas variações. A própria perceção depende de um grau de mudança
relacionado com a aparência que o ambiente sofre com a alteração do tempo e consequentemente,
com a exploração das características da luz recebida. A variação e a intensidade são elementos
importantes da luz natural, tal como o meio através do qual é fornecida ao interior - a janela
(Phlillips, 2000).
A relação entre a iluminação natural e artificial tem como princípio básico que a
caracterização do espaço é conseguida através da iluminação natural, enquanto a iluminação
artificial serve de apoio, sendo necessariamente subordinada àquela. Um edifício é incapaz de
responder às questões de iluminação somente através da luz natural. A iluminação artificial, quando
utilizada com critérios, irá promover a sua continuidade dentro dos edifícios (Vianna & Gonçalves,
2001). Portanto, nos espaços interiores, o recurso à iluminação artificial deverá ser feito apenas
quando os requisitos de iluminação não possam ser satisfeitos pela luz natural. Nesse caso, todos os
espaços interiores devem ser dotados de um sistema de controlo de iluminação eficaz e que permita
os ajustes dos níveis de iluminação natural, de acordo com as necessidades específicas.

196
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Tabela 63 – Sugestão de iluminâncias (em lux) apropriadas a cada tipo de atividades


DEFINIÇÃO DAS ATIVIDADES A SER SUGESTÃO DE ILUMINÂNCIA
ATIVIDADES
EXECUTADA (lux), aprox.
Banhar-se 100
Lavar os dentes 100
Lavar-se 100
Atividades de rotina
Encontrar as chaves 100
Guardar a loiça 100
Lavar a loiça 100
Ler/Escrever 200
Atividades de longa duração Engomar a roupa 200
Ver a comida 200
Encontrar roupa (roupeiro e gavetas) 100
Usar o telefone 100
Atividades com necessidade de atenção e Calçar os sapatos 100
detalhes Trabalhos manuais 200
Leitura jornal/revistas/livros 200
Navegar na internet/usar e-mail 200
Atividades que necessitam de Preparar uma chávena de chá 200
concentração e estão sujeitas a algum Preparação dos alimentos 200
perigo Barbear-se 200

[Fonte: Autora, adaptação do quadro de Thomas Pocklington Trust, 2010: 60]

Os sistemas de controlo de iluminação devem sempre assegurar que a luz seja


disponibilizada na quantidade, local, e no período adequados (Santos & Vasquez, 2007).
Os utilizadores desses espaços valorizam as boas condições de iluminação natural e do
contacto visual com o exterior, em particular durante os períodos mais quentes, existindo uma forte
correlação entre o conforto térmico e os dipositivos de proteção solar, quando este controlo é
regulável. No entanto, podem ocorrer situações nas quais a luminância é insuficiente, devido à
ausência de contato visual com o exterior e, consequentemente, será preciso um consumo
suplementar de iluminação artificial, na tentativa de minorar os efeitos do desconforto térmico.
O lighting design não começa com a seleção de luminárias, mas com uma avaliação das
necessidades dos indivíduos que irão ocupar os espaços interiores, das suas capacidades visuais e
físicas, da idade e do seu estilo de vida (Rea, 2012). Deve-se, inicialmente, olhar para as tarefas que
serão desenvolvidas no ambiente e verificar a necessidade da luz difusa e/ou direcional em
proporções diferentes. Criar, primeiro, o ambiente, depois, pensar nos contrastes, realçando os
planos, ou as diferentes tonalidades de luz, num espaço onde se ambiciona ou não estar. E, apenas
no final, pensar-se nos níveis de iluminação.
A iluminação pode ser importante para reforçar a perceção espacial, a execução das tarefas e
o humor. Estes efeitos dependem da experiência anterior dos indivíduos, da perceção, atitudes e
expetativas. O jogo de luzes e sombras cria um efeito visual dentro de um espaço, sendo que os
rácios de brilho entre as luminárias e o seu fundo são muito importantes.
A Luz é o caminho para tornar os ambientes interiores mais agradáveis, podendo ser criado
através da projeção da luz nos planos verticais e horizontais, ou na sua transmissão através de
superfícies como o vidro, o néon e o acrílico. Deve ser concebida como parte importante de todo o
ambiente (Rea, 2012).

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Tabela 64 – Sugestão de iluminâncias (em lux) para cada ambiente


AMBIENTES SUGESTÃO DE ILUMINÂNCIA (lux), aprox.
Entrada 100
Sala 100
Cozinha 200
Casa de Banho 100
Quarto 100
Escadas (nos degraus) 200

[Fonte: Autora, adaptação do quadro de Thomas Pocklington Trust, 2010: 61]

3_ Conhecer os efeitos fisiológicos e psicológicos da luz e da cor e o envelhecimento:


A iluminação exerce uma influência em todo o ciclo de vida humano, não se restringindo
apenas ao sentido da visão, sendo que os efeitos fotobiológicos também devem ser contabilizados.
Estes efeitos incluem o ciclo circadiano e a síntese de vitamina D.
A exposição direta à luz solar diminui drasticamente à medida que a mobilidade dos
indivíduos diminui, restringindo o contato com o ambiente exterior, sendo que as condições de
iluminação nos interiores são, muitas vezes, inadequadas (IES, 2007).
Um fator importante relacionado com o sentido da visão é a produção da hormona
denominada melatonina, que está relacionada com o sistema de rede interna referenciado por
relógio biológico. Este sistema coordena as funções corporais dentro de um círculo de 24 horas,
obedecendo a um ritmo diário de luz e escuridão, denominado ritmo circadiano.
A melatonina é a responsável pelo fortalecimento do sistema imunológico no ser humano,
sendo a hormona reguladora dos ritmos biológicos e a proteção das células contra os danos causados
pelos radicais livres, salientando-se como uma das melhores defesas contra os distúrbios inerentes
ao envelhecimento.
Esse ritmo biológico que ocorre aproximadamente a cada 24 horas inclui o ciclo do
dormir/acordar, a temperatura corporal, a produção hormonal e o sentido de alerta (Figueiro, 2003).
A luz que entra através do olho ativa a sincronização do ciclo circadiano e a variação da
quantidade de luz durante o ciclo diurno conduzindo à ligação entre relógio interno (endogenous) e o
sinal externo (exogenous), isto é, à alternância entre luz e escuridão (Boyce, 2003).
São 5 os fatores básicos que determinam a eficiência da luz para o ritmo circadiano: a
quantidade de luz na retina, a cor (espetro), distribuição espacial, a hora de exposição e a sua
duração, sendo que estas são características ideais para visão (Figueiro, 2003).
Além disso, cada vez mais evidências têm surgido de que os cones e bastonetes não são os
únicos fotorrecetores que estão envolvidos na perceção da luz, tendo sido identificada uma terceira
classe.
Essas novas células são radicalmente diferentes dos fotorrecetores clássicos, utilizando um
único fotopigmento, muito provavelmente melanopsina, e por apresentarem um menor fator de

198
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

sensibilidade e resolução espácio-temporal do que os cones ou os bastonetes, de modo a codificar a


intensidade da luz ambiente.
As Células ganglionares intrinsecamente foto sensíveis da retina (ipRGC), como são
denominadas estas células, ajudam na sincronização do ritmo circadiano e da luz natural,
contribuindo para o reflexo pupilar à luz e por outras respostas comportamentais e fisiológicas em
relação a iluminação do ambiente. Há também evidências que esse fotorrecetor está envolvido em
alguns aspetos da perceção do brilho (Berson, 2007), e que o sistema visual e o ritmo circadiano não
operam isoladamente, mas são coincidentes em algum nível (Boyce, 2011).
Embora o nível visível de luz natural que é necessário para ativar a sincronização do ritmo
circadiano se encontre no exterior, mesmo em dia nublado, comparativamente, esses níveis de
iluminação raramente serão encontrados dentro dos interiores das habitações. Portanto, torna-se
essencial a manutenção dos níveis de luz/escuridão para que não seja perturbado o ciclo de
sono/vigília desses indivíduos (IES, 2007).
Um fator que permite a perceção e identificação dos objetos e dos ambientes são as cores,
sendo responsáveis pela obtenção de informações dos ambientes, permitindo usar o espaço de
forma eficaz e segura. A perceção e a expetativa do indivíduo em situações particulares são fatores
que podem ter um impacto sobre a cor percebida (Wijk, 2003).
Pela perceção, a informação chega ao indivíduo, sendo interpretada cognitivamente,
conseguindo dar forma à ideia de um só objeto, e ao seu significado. É possível sentir as diferentes
qualidades inerentes ao objeto, como as componentes da aparência - cor, forma e textura, e uni-las,
determinando, assim, que este é um objeto único. No momento em que o cérebro processa a
informação da imagem (no ato de reconhecimento, na comparação com o conhecido ou na
aprendizagem do novo), é aperfeiçoado o ato da perceção (Bertagna, 2010).
O processo biológico de visão das cores é composto por dois estágios: o primeiro consiste na
sensibilização dos fotorrecetores pela luz, e o segundo consiste num processo neural, que necessita
da decodificação das informações contidas nos comprimentos de onda que compõem a luz, e são
coletados pelos fotorrecetores (Neitz et al., 2001).
O sistema da visão da cor é tricromático, isto é, baseado em três tipos do fotorrecetor cone.
Esse fotorrecetor é sensível a diferentes comprimentos de onda, sendo que existe uma sobreposição
na sua sensibilidade espectral. São compostos por fotopigmentos sensíveis a determinados
comprimentos de onda, dependendo das condições de luminância existentes (Boyce, 2003). A
capacidade na perceção dos comprimentos de onda contidos num raio de luz incidente gera uma
diferença em relação às informações extraídas do ambiente.
A perceção ambiental é acompanhada por fatores culturais e sociais, invocando uma
sensação visual momentânea, que envolve toda a experiência, memória e processos de pensamento,

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

e não apenas numa perceção ótica de estímulos. O resultado desse triestímulo fisiológico de células
sensoriais do córtex cerebral faz parte da nossa psique (Meerwein, Rodeck & Mahnke, 2007).
A cor pertence ao meio ambiente, sendo, portanto, um meio de informação e comunicação,
servindo, também, como um meio de compreensão e interpretação. A perceção da cor no ambiente
torna-se dependente da capacidade visual, associativa, sinestésica, simbólica e emocional. Perceber
a cor significa "experimentar", tornar-se consciente, sendo que uma série de fatores são envolvidos
nesse processo, em parte, a um nível consciente, e em parte a um nível inconsciente (Mahnke, 1996).
Portanto, os indivíduos percebem todo o espetro de luz visível, visto que a cor é essencial para a sua
sobrevivência física e psicológica. Esse efeito psicológico estimula emocionalmente, permitindo que
se perceba o ambiente como agradável, quente, frio, inspirador, triste, sujo, dinâmico, duro, caro,
barato, distante, etc. (Mahnke, 1996).
O envelhecimento do olho e as doenças congénitas produzem mudanças na perceção,
reduzindo a eficácia de determinadas combinações de cores. A maior parte das falhas na distinção
das cores, relacionadas com a idade, parece resultar da redução da iluminação da retina, sendo que
as diferenças no desempenho e discriminação podem ser minimizados elevando-se os níveis de
iluminação.
Além da redução gradual da quantidade de luz que chega à retina mais envelhecida, ocorre,
também, um aumento na opacidade do meio ocular. A córnea torna-se mais espessa e mais
propensa à dispersão de luz e o cristalino torna-se mais denso, mais amarelo e menos elástico. A
perda de sensibilidade na distinção das cores não é causada apenas pela redução da iluminância na
retina, mas também por uma diminuição do sinal dos cones S e dos sinais antagónicos dos cones L e
M nas vias neurais. No entanto, não há correlação entre a idade, o incremento da densidade da lente
e a redução da quantidade do sinal do fotorrecetor cone S (Shinomiri, 2005).
4_ Avaliar a inter-relação entre o lighting design utilizado nos ambientes domésticos e a
capacidade visual do idoso:
A análise dessa inter-relação processou-se através da aplicação de um inquérito ao público-
alvo, com um caráter exploratório, onde se pretendeu a identificação das alterações que os
indivíduos idosos têm vindo a sofrer em relação à acuidade visual, no relacionamento e na vivência
dos ambientes domésticos, com as condições de iluminação – natural e artificial – existentes, bem
como os seus hábitos na execução das tarefas do dia-a-dia. A metodologia de pesquisa-ação consiste
no estudo da relação pessoa-ambiente físico, centrado na vivência dos idosos em seus contextos
regulares da vida, tendo como objetivo dar respostas a questões relacionadas ao agir e ao
diagnóstico de determinada situação (Delabrida, 2011).
O método utilizado para o desenvolvimento desse estudo, foi o do mapeamento
comportamental, expresso pela representação gráfica da atividade dos indivíduos idosos, de modo a

200
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

indicar os seus comportamentos em relação à localização em que ocorrem – a habitação (Gunther &
Elali & Pinheiro, 2008).
A diminuição das capacidades funcionais afetam diretamente a execução das atividades
domésticas (AVD’s e AIVD’s), modificando a interação do utilizador com os ambientes e os
equipamentos que o compõem. Essa diminuição está mais relacionada com o poder de resposta
percetiva do que propriamente em termos dos conteúdos, sendo que os indivíduos idosos continuam
capazes, porém demoram mais tempo na resolução das atividades (Fonseca, 2006).
A habitação tem uma influência marcante no bem-estar dos idosos, independente da cultura
e do grau de instrução. Esses indivíduos têm como objetivo individual de vida conseguir manter-se o
maior tempo possível no seu ambiente habitual – ageing in place - com autonomia e independência,
podendo promover benefícios a nível físico e psicológico.
Inquéritos
Das questões aplicadas no inquérito, pode-se concluir que os inquiridos maioritariamente
usam óculos e que não apresentam baixa de visão e desconforto com a luz.
Quando se trata das questões de doença ocular, os casos mais graves devem-se a
degenerescência macular devido a factor genético e não devido à idade. E quanto ao diagnóstico de
cataratas, 50% responderam que têm cataratas diagnosticadas pelo médico, e 50% não as têm. Desse
resultado, 43% tiveram essa situação corrigida através de ato cirúrgico.
Pode-se observar, perante dos resultados obtidos que, de uma maneira geral, os indivíduos
inquiridos não sentem dificuldade na execução das tarefas mais comuns no seu dia-a-dia. Em relação
às deslocações dentro de casa e ao subir e descer escadas, a dificuldade concentra-se nas questões
de mobilidade, sendo que alguns idosos utilizam algum tipo de apoio.
Em relação às dificuldades encontradas quando da transição entre áreas escuras e claras dentro da
habitação, 40% dos idosos sentem-se inseguros frente a essa situação, devendo-se evitá-las.
Os inquiridos, maioritariamente, têm uma perceção de que a iluminação que estão a utilizar
nas suas habitações é a mais adequada, não sentindo a necessidade de que haja qualquer alteração
no sentido de a melhorar.
No entanto, quando esse idoso tem a possibilidade de experienciar um sistema de
iluminação e que este propicie um conforto e bem-estar na utilização do espaço, tem uma resposta
positiva e manifesta-se favorável a alteração na sua habitação.

201
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Estudo da relação pessoa-ambiente


Tabela 65 – Síntese do Estudo da Relação Pessoa-Ambiente

BEHAVIOR SETTING AP MD DD G MAB


Higiene Pessoal Barbear-se
Preparação de alimentos
Alimentação
Lavar loiça
Guardar loiça
Leitura

Lazer Trabalhos manuais


Navegar na internet|
Usar e-mail
CM
LT
LUMINÁRIAS
CP
LP
LH
LFC
LÂMPADAS
LFT
LED

CLASSIFICAÇÃO DAS DG
LUMINÁRIAS PELO I
SISTEMA CIE D
ILUMINAÇÃO
NATURAL
S
SINOMORFIA
N

LEGENDA
Luminárias Lâmpadas Classificação Luminária CIE Sinomorfia
Candeeiro mesa Lâmpada de
CM LH DG Difusão geral S Sim
Halogéneo
Lâmpada Fluorescente
LT Luminária de teto LFC D Direta N Não
Eletrónica Compacta
Lâmpada Fluorescente
CP Candeeiro de pé LFT I Indireta
Tubular
LP Luminária de parede LED

A HIPÓTESE

Existe uma integração e harmonização na utilização da iluminação artificial e


natural nos ambientes domésticos, que privilegia o conforto e a segurança
para os idosos, significando numa melhor qualidade de vida.

No desenvolvimento da investigação e na aplicação da metodologia, foi possível observar que


existem parâmetros específicos que devem ser aplicados aos projetos de lighting design nas
habitações dos idosos, no intuito de potenciar um envelhecimento ativo com a manutenção desses
indivíduos nas suas próprias casas por mais tempo possível, permitindo um controlo e satisfação com
a própria vida.

202
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A luz é um elemento do design ambiental. Cor e revelação da forma são dois dos
importantes elementos utilizados para integrar as pessoas num design ambiental
com luz. Brilho suave, luz e sombra criam a visibilidade seletiva, dimensão,
composição e atmosfera.
(Brandston, 2010: 40)
A iluminação possui funções que devem ser cumpridas. Em primeiro lugar, tem de permitir
que as pessoas vejam o que precisam ver, sem desconforto, desde a leitura de letras pequenas de
uma receita, às cores das roupas e ao lancil das escadas; em segundo lugar, a iluminação deve
contribuir para a perceção e a caraterização do espaço; e em terceiro lugar, a iluminação deve ser
económica, de fácil controlo e de fácil manutenção.
O equilíbrio entre essas funções pode vir a ser alterado, dependendo da capacidade visual
dos seus habitantes. Para as pessoas com baixa acuidade visual, e particularmente aos idosos, a
iluminação deve permitir uma melhoria das capacidades visuais, sem, no entanto, comprometer a
estética dos ambientes, que devem ser agradáveis, eficientes e sãos, proporcionando bem-estar aos
seus utilizadores; os níveis de iluminação e as luminâncias devem ser adequados para a execução das
tarefas. Deve ter-se ainda, controlo dos limiares aceitáveis do brilho, evitando a monotonia e criando
efeitos de perspetiva (Binggeli, 2010).
A questão a que os lighting designers enfrentam no desenvolvimento dos projetos encontra-
se na tentativa de melhorar a iluminação dos espaços interiores para os indivíduos em geral, e os
idosos em particular, sendo que esse processo se revela, ao mesmo tempo, muito fácil e muito difícil.
É muito fácil relativamente à quantidade de iluminâncias necessárias em cada ambiente, de acordo
com as tarefas a serem desenvolvidas, pois esses dados encontram-se presentes na legislação
existente; e muito difícil quanto à qualidade da iluminação a ser fornecida. Para que se tenha uma
boa qualidade lumínica é necessário, primeiro, reconhecer que a iluminação existente é inadequada
e em seguida, determinar o que deve ser feito para a melhorar (Thomas Pocklington Trust, 2010).
A Luz influencia as respostas emocionais dos utilizadores dos espaços, na sua aparência e nas
suas características que irão depender muito da distribuição e do padrão de luz e de sombra
utilizados. Pode-se considerar que a luz tem, em si, expressividade, sendo um elemento do
subconsciente do design em qualquer espaço que possa evocar qualquer resposta emocional
(Brandston, 2010:121).
O projeto de lighting design não começa com a seleção de luminárias, mas com uma
avaliação das necessidades dos indivíduos que irão ocupar esse mesmo espaço, das suas capacidades
visuais e físicas, da idade e do seu estilo de vida.
Os idosos necessitam de muito mais luz do que os mais jovens, sendo que uma das suas
prioridades será a manutenção da sua independência, definida como condição de quem recorre aos
seus próprios meios para a satisfação das suas necessidades. Devido ao processo de envelhecimento,

203
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

há uma maior expetativa na melhoria da qualidade de vida, sem contudo haver um


comprometimento em relação ao conforto, ao sentido estético e à segurança (Altman, 2002).
Nessa fase, a habitação exerce um papel fundamental, na medida que gera segurança
emocional e psicológica, num espaço de convívio de indivíduos da mesma idade, mas também de
indivíduos de diferentes idades, promovendo as relações intergeracionais.
É do espaço destinado ao habitat que os indivíduos se apropriam, transformando-o segundo
as suas carências, procurando encontrar a sua identidade e fazendo prevalecer o seu direito à
privacidade e ao convívio familiar (Círico, 2001). Portanto, é preciso reconhecer o modo pelo qual os
indivíduos habitam o seu espaço vital em consonância com todas as dialéticas da vida, como se
enraízam no seu dia-a dia, num canto do mundo (Bachelard, 1993).
Há que se referir que os fatores fisiológicos e culturais irão sofrer variação com a idade,
interferindo na sensação individual de conforto. Os idosos necessitam de maior nível lumínico na
área de execução das tarefas. Os contrastes de cores entre paredes, pisos e objetos devem ser
otimizados no intuito de proporcionar uma melhor visualização e, consequentemente, a sua
identificação; são mais sensíveis ao ofuscamento; e requerem mais tempo de adaptação às
mudanças repentinas de luminosidade (Barbosa, 2005).
Portanto, quando não são contabilizadas as alterações fisiológicas inerentes a este grupo de
indivíduos, pode gerar-se uma sensação de desconforto, sendo que existem diferentes aspetos da
iluminação que poderão contribuir para que isso venha a ocorrer.
De um modo geral, a visão é especialmente sensível, por ser este um órgão que é afetado de
todas as formas – internas e externas, por estar exposto à luz, vento, poeira, produtos e situações
diversas. Os olhos recolhem as informações sobre o mundo exterior, sob a forma de luz refletida; o
nervo ótico é o responsável pela transmissão dos sinais dos olhos; e é no córtex visual do cérebro
que são processadas as informações recebidas.
A luz é essencial, não apenas para a visão, mas também para a regulação do ciclo circadiano.
As alterações fisiológicas no sistema visual advindas do aumento da idade conduzem à degradação
da acuidade visual, da sensibilidade ao contraste, da discriminação da cor e da sensibilidade absoluta
à luz e ao brilho. Essas alterações são previstas no ciclo de vida humano, tendo como consequência a
ocorrência de dificuldades na execução das tarefas diárias, sendo intensificadas quando ocorrem
alterações patológicas que podem contribuir para uma redução da visão, ou mesmo de cegueira. As
patologias mais comuns são as cataratas, degeneração macular relacionada à idade (DMRI),
glaucoma e a retinopatia diabética, afetando de diferentes formas a visão, sendo que a iluminação
irá exercer um papel fundamental na melhoria da acuidade visual (Boyce, 2003).
Dessa forma, os idosos irão necessitar de uma maior quantidade de luz para otimizar o
desempenho visual, em relação à quantidade de luz necessária aos indivíduos mais jovens. A
iluminação deverá melhorar a perceção ambiental, sendo que, na medida que for mais ou menos

204
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

concentrada, enfatiza as características físicas do espaço e do objeto. O jogo de luzes e sombras


produz um efeito visual dentro de um espaço, sendo que os rácios de brilho entre as luminárias e o
seu fundo são muito importantes. Embora a tendência natural seja que o sistema visual venha a se
deteriorar ao longo do tempo, essa característica não é linear, sendo que a taxa e o grau de declínio
varia entre os indivíduos (IES, 2007).
Portanto, não existe uma iluminação standard a ser utilizada numa habitação, sendo que as
novas tecnologias oferecem muitas soluções, devendo privilegiar uma combinação adequada que
possa traduzir em um mix de lâmpadas - economizadoras, de halogéneo e fluorescentes tubulares –
que permitirá a criação de zonas de luz, proporcionando um conforto ambiental.
A iluminação difusa aplicada nos ambientes evita que haja áreas escuras no meio de áreas
luminosas, e deverá ser combinada com uma iluminação adicional, como, por exemplo, uma
iluminação de tarefa. Deverá, também, ser flexível, possibilitando que o seu posicionamento seja
feito individualmente.
Outro ponto importante está relacionado com os tipos de comandos a serem utilizados.
Podem ser os comandos manuais – interruptores e os reguladores de luz, a partir de cada porta e nos
percursos mais utilizados; e automaticamente através dos sensores de movimento, instalados de
forma a facilitar as deslocações à noite.
No entanto, a luz natural deverá ser utilizada como uma iluminação geral, configurando o
espaço, sendo que o seu controlo será por cortinados e persianas/estores, assegurando uma visão
mínima do exterior.
No layout dos espaços interiores, o posicionamento do mobiliário também se torna importante,
devendo a sua distribuição ser feita de acordo com a localização das fontes de luz natural e artificial,
e deve prever-se que os interruptores sejam de fácil acesso.
Portanto, a avaliação das necessidades dos indivíduos deve fazer parte do projeto de lighting
design, sendo que as alterações previstas não têm de envolver grandes obras: são pequenas
alterações, de baixo custo e economicamente sustentáveis. A prioridade deve ser o bem-estar
humano, com boas condições visuais, para que depois sejam tratadas as questões relativas à
sustentabilidade energética. O objetivo foca-se na criação de um ambiente que:
• Maximize a capacidade visual dos indivíduos;
• Controle o brilho excessivo;
• Respeite as quantidades de luz prevista nas legislações;
• Privilegia, principalmente, a qualidade da iluminação.

205
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Tabela 66 – Alterações no ambiente com intuito de minimizar os fatores de desconforto na inter-relação pessoa-
ambiente pelos idosos
FACTOR DE DESCONFORTO ALTERAÇÃO
• Usar acabamentos mate nos pisos;
• Usar lentes antirreflexo para óculos e no ecrã dos
computadores;
• Evitar luminárias de vidro transparente. Utilizar vidros opacos;
SENSIBILIDADE AO BRILHO
• O controlo da luz natural por estores ou cortinados e o
acabamento fosco aplicado nos vidros das janelas são
importantes para diminuir o brilho;
• Evitar fontes de luz direta no campo de visão.
• Eliminar fontes luz na linha de visão, especialmente quando
DESCONFORTO COM O BRILHO visto contra um fundo escuro;
• Evitar superfícies especulares e optar por iluminação indireta.
• Verificar a vida útil e as características das lâmpadas e
CINTILAÇÃO luminárias;
• Considerar o uso de reatores eletrónicos de alta frequência.
• Proporcionar espaços de transição e o equilíbrio nos níveis de
ADAPTAÇÃO AO CLARO/ESCURO luz na mudança de ambientes;
• Uniformizar a iluminação geral.
• Melhorar o contraste na utilização de materiais e texturas;
• Pintar a moldura das portas com cor contrastante as paredes;
SENSIBILIDADE AO CONTRASTE
• Será necessário, pelo menos, três vezes mais luz nas áreas de
tarefas para a distinção dos detalhes.
• Aumentar os níveis de luz de tarefa, evitando, no entanto, a
incidência nos olhos;
NECESSIDADE DO AUMENTO DOS NÍVEIS DE LUZ
• Usar cores claras em pisos, paredes e teto para aumentar os
efeitos da difusão da luz.
DIMINUIÇÃO NA CAPACIDADE DA PERCEÇÃO E • Aumentar os níveis e a qualidade da luz;
CONTRASTE DE COR • Usar fontes de luz com IRC > 82.
BAIXA ACUIDADE VISUAL • Aumentar os níveis de iluminação.
• Proporcionar uma distribuição uniforme da luz nos ambiente;
MODELAÇÃO
• Utilizar iluminação difusa para lavar as sombras.

[Fonte: IES, 2011:16]


32
Em relação às fontes de luz artificial existentes, as LFC não proporcionam luz suficiente,
não sendo, assim, as mais indicadas para a utilização nas habitações em geral, na dos idosos em
particular, devido às deficientes características apresentadas, que vão desde a fidelidade cromática,
às tonalidades de luz e à longevidade.
As LFC não são próprias para ações frequentes de ligar/desligar e a curtos períodos de
funcionamento, afetando significativamente a eficiência e sua vida útil. Possuem um tempo de
arranque mais alargado em relação às lâmpadas incandescentes, podendo apresentar uma emissão
máxima de luz e estabilidade térmica, em torno de 80% entre 23 segundos (valor de laboratório) e 2
minutos, sendo alcançada a plenitude da emissão ao fim de 20 a 23 minutos (Vajão, 2008).
A questão relativa ao tempo de arranque das LFC foi um factor de insatisfação entre os
idosos entrevistados em relação a essa fonte de luz, sendo que alguns deles afirmaram que a
utilizam, mesmo com esse inconveniente, por questões de economia energética.
A iluminação residencial tem efeitos na saúde de seus utilizadores, particularmente no
aspeto espetral, sendo que as fontes de luz com acentuada emissão na faixa dos azuis causam
disrupções do ritmo circadiano, ao fim do dia e à noite.

32
LFC - Lâmpada Fluorescente Compacta

206
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Com base nas necessidades biológicas relativas à luz, foram convencionadas as seguintes
caraterísticas exigidas às fontes de luz para a utilização residencial:
• Cor – é essencial uma boa fidelidade na reprodução de cores, exigindo-se que tenham as
mesmas ou melhores que as proporcionadas pelas lâmpadas incandescentes, banidas do
mercado, isto é, a emissão de pouca luz azul;
• Tonalidade – a aparência de cor tem um impacto significativo na função circadiana e na
saúde dos seres humanos;
• Uniformidade da tonalidade – a aparência de cor tem de ser constante para o conjunto de
lâmpadas no ambiente, por ser a visão muito sensível a pequenas variações de cor entre
fontes de luz adjacentes;
• Regulação – os indivíduos gostam de regular a luz para criar ambiências no espaço. No
entanto, as LFC não permitem essa funcionalidade em relação às lâmpadas incandescentes,
por não serem estáveis com baixa luminosidade. Pretende-se variações suaves, sem
cintilação ou deslizes para faixas azuladas;
• Longevidade – as LFC têm como característica de funcionamento uma temperatura de 25º,
sendo sensíveis à temperatura existente no interior do candeeiro, principalmente em
períodos mais alargados de funcionamento. Se essa temperatura for da ordem de 40º (o que
é frequente), emitirá menos 20% de luz. Dessa forma, em vez das 10.000/15.000 horas de
funcionamento, poderá durar meses, ou até semanas. Essa situação ocorre, também, com as
LEDs;
• Efeito no ritmo circadiano – os seres humanos viveram milhões de anos sem a emissão de luz
azul à noite, porém essa situação veio a alterar-se com a utilização das LFC, sendo esse um
aspeto vital nas aplicações residenciais (Vajão, 2011).
A luminosidade presente nos planos que compõem os ambientes são importantes para os idosos,
pois geram uma sensação de segurança quando da utilização dos percursos dentro das habitações.
No entanto, as condições de conforto visual, ou mesmo de um estímulo, podem ser resumidas pela
relação de duas propriedades independentes: a temperatura de cor de uma fonte de luz e o nível de
iluminância pretendido.
Estudos subjetivos postularam uma relação psicológica direta entre a iluminância (em lux) e a
temperatura de cor (em graus Kelvin), denominada de Curvas de Kruitof, vindo a demonstrar que
baixos níveis de iluminância transmitem a sensação de um espaço frio e sombrio, enquanto os altos
níveis transmitem a sensação de um espaço mais quente e colorido. Esse resultado tem como base a
própria natureza, que, ao reduzir a luminosidade (crepúsculo), reduz também a temperatura de cor
da fonte de luz (Murdoch, 2003).

207
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A janela é o meio que permite que o espaço e as pessoas se exponham à luz natural. A sua
orientação é importante, visto que a luz solar direta pode causar ofuscamento e calor excessivo
(Novaes, 2009).
Portanto, torna-se importante que se mantenha um equilíbrio em relação à luz que entra pelas
janelas, proporcionando um conforto visual. A janela fornece, em tempo real, a orientação para o
mundo exterior, gerando uma sensação de bem-estar, sendo que o vidro da janela tem de permitir
uma elevada transmissão da luz.
Independente do aproveitamento que seja feito da luz natural, a luz artificial deverá ser utilizada à
noite, dando continuidade a iluminação dos ambientes interiores, mas também durante o dia, sendo
um elemento inevitável da expressividade e recriação dos ambientes (Schmid, 2005).
A luz natural guarda algumas peculiaridades: não é uniforme, mas
varia constantemente em cor, intensidade, direcionalidade e
distribuição no espaço. A iluminação elétrica, por outro lado, é
uniforme e monótona.
(Schimd, 2005:295)
Num ambiente, os principais fatores que determinam uma iluminância uniforme são a
distribuição da intensidade luminosa das luminárias, o espaçamento entre as luminárias e a reflexão
da luz nos ambientes.
É importante observar que as luminárias de teto que apresentam uma distribuição de luz
direta, segundo a classificação no sistema CIE, muitas vezes, produzem a sensação de espaços com
teto escuro e sombras localizadas no topo das paredes. Por outro lado, as luminárias que apresentam
uma distribuição de luz direta-indireta e com difusores translúcidos permitem uma boa iluminação
nos planos verticais e horizontais, evitando o brilho.
Diferentes luminárias podem ter diferentes distribuições de intensidade luminosa. Por isso,
deve-se ter como objetivo a seleção de uma luminária que seja adequada a iluminação que se
pretende nos ambientes.

208
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Tabela 67 – Guia de Lighting design em habitação de idosos

AMBIENTES
& TAREFAS

Distribuição da luz sobre as superfícies


Distribuição da luz nas áreas de tarefa
PARÂMETROS RELATIVOS AO DESIGN

Fonte de luz/tarefa/fisiologia do olho


Luminâncias nos planos do ambiente

Sistemas de controlos e flexibilidade


Aparência do espaço e luminárias

Modelação da face e dos objetos

Iluminância (plano horizontal)


Características dos materiais
Perceção e contraste da cor

Iluminância (plano vertical)


Luz natural e seu controlo

Brilho refletido desejado


Pontos de interesse
DE INTERIORES

Brilho refletido
Brilho direto

Cintilação

Sombras
Hall de entrada
Sala de estar
Sala de jantar
Quarto
Casa de banho
Barbear-se
Maquilhar-se
Pentear-se
Lavar-se
Cozinha
Escritório
Outros
ambientes

Muito importante Importante Pouco importante Sem importância ou não aplicável

[Fonte: IES, 2011:25]

Características de iluminação que afetam o sistema circadiano


O ritmo biológico que se repete a cada 24 horas, aproximadamente, é chamado de ritmo
circadiano, incluindo os ciclos de sono / vigília, da temperatura corporal, da produção hormonal e do
sentido de alerta.
O ciclo circadiano humano é controlado pelo relógio biológico localizado no núcleo
supraquiasmático do cérebro (SCN). É pela luz que se processa a sincronização do relógio biológico às
24 horas do dia solar e a melatonina é a hormona produzida pela glândula pineal e à noite, em
condições de escuridão.
Há cinco características da luz que se tornam importantes, tanto para o sistema visual
humano, como para o sistema circadiano, que são: a quantidade, o espetro, o tempo, a duração e a
distribuição espacial. No entanto, há características que são ideais para a visão e que são
completamente diferentes das que são eficazes para o sistema circadiano (Figueiro, 2003).
Quantidade – níveis de iluminação são suficientes para desencadear o processo de informação. Uma
hora de exposição à luz é suficiente para estimular o sistema fotobiológico circadiano.

209
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Espetro – O sistema visual é especialmente sensível ao comprimento de onda médio do espetro,


enquanto o sistema fotobiológico é sensível ao comprimento de onda curto. A sensibilidade espetral
do pico do ciclo circadiano situa-se na região visível do azul (460-500nm), com a exceção dos cones S-
(437 nm).
Tempo – a resposta a um estímulo pelo sistema visual depende do tempo de exposição à luz, a
qualquer momento do dia ou da noite. Podendo, dessa forma, avançar ou atrasar o relógio biológico.
Quando ocorrer um avanço, o relógio é redefinido para uma hora mais cedo, e quando ocorrer um
atraso, o relógio é redefinido para um momento posterior. Essa ocorrência deve-se por o ritmo
natural do relógio se situar um pouco mais de 24 horas, avançando a cada manhã, sincronizando com
o dia solar.
Duração – O sistema visual responde muito rapidamente ao estímulo da luz (menos do que 1
segundo). A duração da exposição à luz necessária para suprimir a melatonina é mais longa do que a
luz necessária para ativar o sistema visual; a supressão do teor de melatonina no sangue começa
cerca de 10 minutos após o início de exposição à luz brilhante.
Distribuição espacial - a distribuição da luz é um factor importante para o desempenho visual. No
entanto, o sistema circadiano responde apenas à quantidade de luz que atinge a retina.
Tabela 68 – Quadro das características da luz para apoiar a visão e as funções circadianas
CARACTERÍSTICA DA APLICAÇÃO
ILUMINAÇÃO Visão Circadiano – trabalho diurno Circadiano - trabalho noturno
Baixa
Alta Alta
Quantidade (300-500 lux na tarefa
(~1000 lux para os olhos) (~1000 lux para os olhos)
~100 lux para os olhos)
Fotópica Comprimento de onda curto Comprimento de onda curto
Espetro
(sensibilidade nos 550nm) (sensibilidade nos 420-480 nm) (sensibilidade nos 420-480 nm)
Distribuição importante
(iluminação da tarefa; o Distribuição independente Distribuição independente
Distribuição espacial
contraste e o tamanho (iluminação para os olhos) (Iluminação para os olhos)
determinam a visibilidade)
Deslocamento ao longo do
Tempo Qualquer tempo Manhã
período
Muito curto Longo Curto
Duração
(menos que 1 seg.) (1-2 horas) (pulsar de 15 min.)

[Fonte: Figueiro, 2003:18]

O indivíduo idoso expõe-se menos à luz natural, devido às mudanças psicológicas e


comportamentais. Isto não quer dizer que esses indivíduos não sejam sensíveis à luz. Significa que
devem ser mais cuidadosos quando da especificação do tipo de luz que irá gerar um estímulo, sendo
que o factor tempo na sua aplicação terá um efeito positivo sobre o ciclo circadiano e,
consequentemente, sobre o processo de envelhecimento (Figueiro, 2003).
7.1_RECOMENDAÇÕES PARA FUTURA INVESTIGAÇÃO
O desenvolvimento da presente investigação permitiu a identificação de áreas de trabalho e
investigação futura, que se encontram referidas a seguir:

210
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Materiais – os materiais devem promover um ambiente confortável aos utilizadores do espaço,


especialmente aos indivíduos idosos, permitindo que a textura e a cor atuem como um facilitador
para perceção do espaço e para a identificação dos percursos;
Controlo Acústico – o controlo acústico dos ambientes tem como objetivo atenuar os distúrbios
sonoros. Devem ser considerados os níveis de ruído; a transmissão acústica dos ambientes; a
inteligibilidade do som e o tempo da reverberação, propiciando, dessa forma, um conforto acústico;
Conforto Térmico – o controlo térmico das habitações dos idosos torna-se importante, devido ao
baixo metabolismo e à menor circulação periférica;
Produtos – o desenvolvimento de produtos destinados a esse público-alvo, que minimizam os
obstáculos, facilitando a execução das tarefas quotidianas e permitindo uma maior integração desses
indivíduos no meio ambiente doméstico.
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214
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8_BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Na especificação dos elementos da bibliografia foi utilizada a norma de Harvard.
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232
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

9. GLOSSÁRIO
AIVD (Atividades Instrumentais da Vida Diária) – são as atividades do dia-a-dia que envolvem
instrumentos e equipamentos para a sua realização. Refletem uma autonomia do indivíduo
incluindo a integração com o ambiente, incluindo as atividades de compras, arrumar a casa, a
preparação dos alimentos, etc.
AVD (Atividades da Vida Diária) – são as atividades mínimas realizadas por todos os indivíduos para
a satisfação das suas necessidades fisiológicas e da manutenção da saúde e higiene pessoal.
Expressa-se pela autonomia física, que inclue atividades como lavar-se, vestir-se, comer,
transferir de posição e andar, deitar-se, etc.
Ciclo Circadiano – designa o período de aproximadamente um dia (24 horas) sobre o qual se baseia
todo o ciclo biológico do corpo humano e de qualquer outro ser vivo, influenciado pela luz solar.
O ritmo circadiano regula todos os ritmos materiais bem como muitos dos ritmos psicológicos do
corpo humano, com influência sobre, por exemplo, a digestão ou o estado de vigília, passando
pelo crescimento e pela renovação das células, assim como a subida ou descida da temperatura.
Conforto – interpretação de estímulos objetivos, físicos e facilmente quantificáveis, por meio de
respostas fisiológicas (sensações) e de emoções com caráter subjetivo e de difícil avaliação.
Conforto Ambiental – tem como objetivo adequar os princípios físicos envolvidos e as necessidades
de carácter ambiental. É composto de quatro subáreas: conforto térmico, iluminação (natural e
artificial), acústica e ergonomia.
Cristalino – é a lente dos olhos. É um sistema altamente organizado que se localiza entre a íris e o
humor vítreo, tendo como característica a transparência.
DMI – degenerescência macular da idade (DMI) é uma patologia degenerativa que se caracteriza pelo
aparecimento de mudanças estruturais no epitélio pigmentar da retina e no crescimento anormal
de vasos sanguíneos, neovasos, na zona macular. A zona macular é uma área da retina central
responsável pela visão das cores e pela visão detalhada dos objetos. Quando a mácula é afetada,
existe um decréscimo súbito ou progressivo da acuidade visual, impossibilitando o indivíduo da
execução de tarefas simples como ler um texto, enfiar a linha no buraco da agulha ou mesmo ver
as horas, ainda que se mantenha algumas funções devido a visão periférica.
Fóvea – em linguagem clínica corrente, fóvea central: depressão situada no centro da mácula lútea.
Fluxo luminoso – unidade: lúmen (Andes) – é a radiação total da fonte de luz luminosa entre os
limites de comprimento de onda entre 380 e 780m. O fluxo luminoso é a quantidade de luz
emitida, medida em lúmens.
Glândula Pineal – é uma pequena glândula localizada perto do centro do cérebro, entre os dois
hemisférios. Apesar das funções desta glândula serem muito discutidas, parece não haver
dúvidas quanto ao importante papel que exerce na regulação dos chamados ciclos circadianos,

233
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

que são os ciclos vitais (principalmente do sono) e no controle das atividades sexuais e de
reprodução.
Hipotálamo – é uma estrutura do Sistema Nervoso Central, sendo de grande importância para os
seres humanos e outras espécies, devido às funções orgânicas que realiza, tais como:
• a manutenção da homeostase, que seria o ajuste da temperatura corporal, taxa metabólica,
pressão sanguínea, ingestão e excreção de água e digestão.
• comportamentos de comer, reprodutivos e defensivos.
• expressão emocional de prazer, raiva, medo e aversão.
• regulação dos ritmos diários, regulação endocrinológica do crescimento, do metabolismo e
dos órgãos reprodutivos.
Hormona – é uma substância química específica fabricada pelo sistema endócrino ou por neurónios
altamente especializados. Esta substância é segregada em quantidades muito pequenas na
corrente sanguínea ou em outros fluidos corporais. A sua função é exercer uma acção reguladora
(indutora ou inibidora) em outros órgãos ou regiões do corpo. Em geral trabalha devagar e age
por muito tempo, regulando o crescimento, o desenvolvimento, a reprodução e as funções de
muitos tecidos, bem como os processos metabólicos do organismo.
Iluminância ou níveis de iluminação – símbolo E, unidade: lux (lm/m2) – expressa em lux (lx), indica o
fluxo luminoso de uma fonte de luz que incide sobre uma superfície situada a uma certa distância
dessa fonte. Na prática, é a quantidade de luz dentro de um ambiente, e pode ser medida como
auxílio de um luxímetro. Como o fluxo luminoso não é distribuído uniformemente, a iluminância
não será a mesma em todos os pontos da área em questão.
Luminância – corresponde ao brilho de uma superfície que emite ou reflete uma intensidade
luminosa. Como o raio luminoso é invisível, a menos que seja intercetado por um meio material,
o objetivo da luz é produzir brilho. Portanto, torna-se necessário associar a noção de iluminação
com a de brilho, o qual depende, exclusivamente, do fator de reflexão da região do objeto vista
pelo olho na direção de observação.
Lumínico – que se processa sob a dependência da luz.
Lúmens (lm) – é a unidade de medida do fluxo luminoso e descreve a luz visível, irradiada em todas
as direções.
Lux (lx) – é a unidade de medida do nível de iluminância.
Melatonina – é uma hormona produzida pela glândula pineal e, acredita-se, apresenta como
principal função regular o sono. Essa hormona é produzida a partir do momento em que
fechamos os olhos. Na presença de luz, entretanto, é enviada uma mensagem bloqueando a sua
formação, portanto, a secreção dessa substância é quase exclusivamente determinada por
estruturas fotossensíveis, principalmente à noite.
Ofuscamento – é o contraste entre uma área bastante iluminada e uma área adjacente escura.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Perceção – forma como o cérebro organiza e interpreta a informação sensorial. É a capacidade de


um indivíduo para dar sentido a objetos, acontecimentos e situações. Organização pela qual se
constitui a representação de diversas formas, tais como auditiva, olfativa, táctil e cinestésica.
Presbiopia – perda da elasticidade do cristalino, reduzindo o poder de acomodação e há uma
diminuição da capacidade do olho focalizar ao perto.
Rodopsina – Pigmento vermelho das células de bastonetes da retina; desempenha uma função na
visão crepuscular. Sin. de eritropsina, púrpura retiniana (ou visual).
Quinestesia – modalidade de sensibilidade que informa o cérebro sobre os movimentos dos
segmentos corporais.
Radicais livres – No nosso organismo, os radicais livres são produzidos pelas células, durante o
processo de queima do oxigénio, utilizado para converter os nutrientes dos alimentos absorvidos
em energia. Os radicais livres podem danificar células sadias do nosso corpo, entretanto, o nosso
organismo possui enzimas protetoras que reparam 99% dos danos causados pela oxidação, ou
seja, nosso organismo consegue controlar o nível desses radicais produzidos através do nosso
metabolismo.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

10. ANEXOS
10.1_ANEXO 1 – ENTREVISTA À PROFISSIONAIS
CRISTINA PINHEIRO – Designer/Professora Doutora no Instituto de Artes Visuais Design e Marketing
(IADE).
Data: 02 de Fevereiro de 2012
Qual o impacto que a iluminação [natural e artificial] e a cor têm na perceção e orientação
dos espaços interiores pelos idosos?
Ambientes interiores visualmente confortáveis, onde ver bem é uma tarefa sem esforço,
ajudam a preservar o sentido de competência e a independência dos mais idosos, melhorando a sua
qualidade de vida.
Arquitetos, designers, engenheiros devem tentar projetar espaços que possam ser
plenamente utilizados pelos mais velhos, devendo estudar formas de atender às necessidades visuais
desta população cada vez maior.
A iluminação pode fazer toda a diferença no caso das pessoas cuja visão ficou diminuída em
consequência do envelhecimento, reduzindo riscos e aumentando a segurança.
O desafio será a criação de ambientes visuais que possam ajudar a compensar os tipos mais
comuns de perda de visão, melhorando a visão remanescente com uma iluminação correta e um uso
adequado dos contrastes e das cores.
Com o processo de envelhecimento, o declínio gradual no funcionamento da visão vai afetar
o desempenho da maioria das tarefas visuais diárias. Mas, deve-se notar que uma iluminação
adequada é apenas uma das várias abordagem para lidar com estas alterações da qualidade da visão.
À medida que se envelhece acontecem algumas alterações no aparelho visual:
• Alterações anatómicas - A lente (cristalino) que é normalmente transparente num jovem,
torna-se mais espessa, mais amarela e menos elástica, impedindo a transmissão da luz.
Como consequência uma pessoa de 60 anos recebe apenas um terço da quantidade de luz
disponível do que recebe alguém com 20 anos de idade.
A córnea permanece clara, mas torna-se mais espessa e mais propensa à dispersão de luz. O
amarelecimento do cristalino, a progressiva opacidade e a perda da transparência, são das
causas mais importantes da diminuição do desempenho visual do olho envelhecido.
Por outro lado o cristalino ao dispersar mais a luz, adiciona um "véu luminoso" sobre as
imagens na retina, o que reduz a capacidade de distinguir os contrastes, a nitidez dos objetos
e a vivacidade das cores (saturação); os vermelhos podem parecer rosas e os azuis mais
difíceis de percecionar. O olho envelhecido perde sensibilidade à luz de comprimentos de
onda curtos, ficando com uma capacidade reduzida de discriminar as cores nessa faixa do
espetro.

237
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Acredita-se que o amarelecimento do cristalino é responsável por este efeito, provocando


uma absorção seletiva da luz de comprimentos de onda curtos, ou seja os azuis e os verdes.
• A acomodação – com a idade perde-se a capacidade de focagem de objetos próximos
(presbiopia).
Menos luz atinge a retina de um olho envelhecido do que dum olho jovem, porque o
diâmetro da pupila se torna menor (miose senil).
• Perda de sensibilidade ao contraste – Alguma perda de sensibilidade ao contraste, significa
que são precisos contrastes e contornos mais nítidos para se distinguirem os objetos. Como
consequência, a capacidade de distinguir os vários contrastes de cores diminui, assim como
diminui a perceção da profundidade, afetando a perceção das diferenças entre figura e fundo
e a perceção da tridimensionalidade.
• Aumento da sensibilidade ao brilho e ao ofuscamento. Os adultos mais velhos sentem
algum desconforto visual sob condições de luz muito brilhante, ou à noite com os faróis que
se aproximam.
• Acuidade visual – É relativamente preservada nos idosos. A acuidade visual de pelo menos
20/25 no melhor olho é mantida por 92% dos indivíduos entre os 65 e os 74, e 70% entre os
75 e os 85 anos de idade. Para alguns pesquisadores, no entanto a acuidade, a resolução ou a
capacidade de ver os pequenos detalhes em alvos de alto contraste, diminui
progressivamente com a idade e piora em condições de pouca luz.
Outro efeito de alguns tipos de deficiência visual é a necessidade de mais tempo de
adaptação para o olho se ajustar aos diferentes níveis de luz. Deve existir um certo equilíbrio
na iluminação dos vários espaços interiores, para não existirem transições repentinas nos
níveis de luz.
Embora seja geralmente aceite que, em muitos casos o aumento dos níveis de luz pode
permitir que algumas pessoas com deficiência visual tenham uma melhor visão, existem
também algumas pessoas para quem os níveis normais de luz podem ser desconfortáveis.
Para além destas alterações existem outras situações de diminuição da visão com o
envelhecimento; As patologias mais comuns do olho envelhecido são: a degeneração
macular, as cataratas, o glaucoma, a retinite pigmentosa e a retinopatia diabética.
Algumas pesquisas usaram três categorias para agrupar estas e outras patologias, com base
no tipo de perda de visão decorrente da condição do olho. Ou seja, a perda na fóvea que
afeta a acuidade visual e a perceção da cor; a perda na periferia que afeta a sensibilidade ao
movimento e a perda de visão geral em todo o campo visual.
A degeneração macular, uma das causas mais comuns de diminuição visual, torna as tarefas
próximas, como a leitura, mais difíceis. Isto pode, em alguns casos, ser ajudado pelo uso de
auxiliares óticos.

238
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

O comprometimento da visão periférica com o glaucoma pode resultar em 'visão túnel', o


que pode tornar difícil detetar potenciais riscos. A Retinite pigmentosa, a degeneração
macular e as cataratas podem resultar em problemas de encandeamento, ou desconforto
com luzes muito brilhantes.
O Que se deve fazer em termos de iluminação para ajudar a minimizar estas situações acima
descritas:
A solução pode parecer simples: Basta fornecer mais luz em geral, e luz extra em áreas
específicas para o desempenho de certas tarefas. No entanto, muitas pessoas mais velhas
vão-se tornando cada vez mais sensíveis à claridade, e os níveis demasiado elevados de luz
podem ser desconfortáveis ou mesmo incapacitantes.
• Uma boa luz geral ou " luz ambiente", deve assegurar que não há áreas escuras. O espaço
deve ser claro e suficientemente iluminado para permitir uma boa visibilidade para as
pessoas se poderem movimentar sem riscos. Pode aumentar-se o nível de luz ambiente até
cerca de 50% mais do que seria confortável para um jovem.
• Aumentar os níveis de luz focada para as áreas de desempenho de certas tarefas que
requerem a capacidade de ver e distinguir detalhes. Os pormenores de uma tarefa como
reconhecer e contar dinheiro, cozinhar ou ler, costurar, etc.. requerem pelo menos três vezes
mais luz. Esses níveis de luz sobre uma tarefa onde é necessário ver detalhes ou objetos com
baixo contraste de cores devem ser de pelo menos 1.000 lx. Um estudo da iluminação
necessária para uma tarefa de escritório para pessoas com deficiência visual mostrou que
600 lux foi considerado pelos participantes como sendo muito fraca para a leitura, tendo sido
selecionado para a leitura um nível de luz média de 2400 lux.
• A redução dos reflexos e dos brilhos também é importante - Apesar de ser necessária mais
luz para os olhos mais velhos verem bem, deve ter-se algum cuidado para evitar o
ofuscamento. Os reflexos acontecem quando há fontes de luz ou reflexos brilhantes no
campo visual o que pode prejudicar a visão, ou serem simplesmente desconfortáveis.
Tipicamente, os mais velhos sentem mais desconforto com os brilhos e os reflexos porque as
suas lentes engrossaram e desenvolveram manchas nubladas; então a luz é absorvida e
espalhada por toda a retina, tornando a imagem menos nítida. Os reflexos são mais
agudamente sentidos quando um objeto luminoso é visto contra um fundo escuro; Uma
fonte de luz forte como uma lâmpada mas que está bem protegida contra a vista, pode
fornecer uma boa iluminação numa sala e minimizar as situações de brilhos intensos. Os
exemplos incluem a iluminação indireta localizada em recursos arquitetónicos, como sancas
ou nichos, ou luminárias que têm recursos de protecção como defletores ou grelhas.
Superfícies altamente refletoras como paredes e tetos brancos também maximizam e
equilibram a luz no espaço, fazendo desaparecer as sombras fortes.

239
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

• Adaptação - Também é difícil para um sistema visual envelhecido adaptar-se rapidamente a


mudanças drásticas na luminosidade. Mesmo dentro de um espaço simples pode ser difícil
ver algumas áreas mais escuras se as outras superfícies são muito mais brilhantes.
• Aumentar alguns contrastes de cores – porque a sensibilidade ao contraste também fica
reduzida com a idade, a visibilidade de objetos importantes, como escadas, bordas, esquinas,
guias, rampas ou portas, pode ser muito melhorada aumentando seu contraste através de
pintura ou outra técnica. Escolher esquemas de cores que contrastem, eliminando as cores
que estejam muito próximas umas das outras, permite que uma pessoa reconheça e distinga
certos contornos, fornecendo uma medida de segurança. Percorrer um edifício é muito mais
fácil se as áreas forem diferenciadas pela cor. Tetos, paredes, portas e pisos são superfícies
críticas que devem ser suficientemente diferenciadas umas das outras.
• Melhorar a perceção da cor - a discriminação das cores como referimos é mais fraca para os
adultos mais velhos porque perdem alguma sensibilidade à cor. As lâmpadas com um bom
processamento da cor como as lâmpadas incandescentes e as de halogéneo podem
aumentar essa discriminação. Bons níveis de luz vão ajudar os adultos mais velhos a verem
bem as cores. Alguns tipos de lâmpadas fluorescentes processam as cores quase tão bem
como as lâmpadas incandescentes e têm uma vida muito mais longa.
• Evitar as luminárias em vidro transparente.
• Evitar os reflexos de fontes de luz a partir de superfícies brilhantes. Usar acabamentos
mates, materiais com pouco brilho.
• Usar reguladores (reóstatos) para ajudar as pessoas ajustar os níveis de luz em função das
necessidades de cada tarefa.
Para uma boa cor, usar uma lâmpada ou tubo com uma temperatura de cor da ordem dos
2700-3500 K e com índice de reprodução de cor ou CRI (color rendering index) de pelo
menos 80. O CRI caracteriza a forma como a iluminação produzida pela lâmpada faz os
objetos parecem "naturais".
A temperatura de cor de uma lâmpada, e o CRI assim como o nível de luz afetam a
reprodução das cores; Quanto melhor for a qualidade da iluminação sobre a tarefa, mais
"naturais” as cores vão parecer.
Ambientes onde ver é fácil e confortável ajudam à independência de uma pessoa idosa e
acrescentam-lhe assim qualidade de vida.
Além disso, quando se melhora a qualidade do ambiente para atender às necessidades
visuais dos idosos, (com a iluminação, as cores e os materiais), o ambiente e o conforto visual de
todos os outros também, com toda a certeza, irá melhorar.

240
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Bibliografia de Referência:
Barker, P., Barrick, J., Wilson, R. 2005. Building Sight. London: HMSO and RNIB - Royal National
Institute for the Blind.
Bright, K., Cook, G., Harris, J., 1997. Colour, Contrast & Perception, Design Guidance for Internal Built
Environments. Revised ed. 2004.
Figueiro, M. 2001. Lighting the Way: A Key to Independence, Lighting Research Center, Rensselaer
Polytechnic Institute.
Lighting the homes of people with sight loss. Occasional paper, October 2003, number 4. Thomas
Pocklington Trust.
Sanford, L. 1999. Why Lighting is Important for the Aging Eye, Lighthouse Interna-tional's Aging &
Vision newsletter, Spring 1999.
Stuen, C., Offner, R. 1999. A key to Ageing in Place: Vision rehabilitation for older adults. The
Haworth Press, Inc.

FRANK MAHNKE – é presidente de IACC [International Association of Colour Consultants], onde


dirige seminários e conferências sobre os efeitos psicológicos e fisiológicos da cor.

Data: 31 de agosto de 2011


Dear Ms. Ana Daré,
Unfortunately, I am going to be at our IACC Academy in Salzburg in two days. After my return
I will be leaving for the USA Academy in the USA. So I have very little time to go into detail as to your
request. Which by the way cannot be answered per E-mail since the subject of light and color is a
vast field. Ît does not just include only the impact of natural and artificial light, but the biological
effects of light. Light means little without it's relationship to how the aging eye perceives its
environment which includes the psychological, neuropsychological, physiological, visual ergonomic
and psychosomatic effects - in short: the human reaction to the architectural interior environment.
This all includes color.
In the meanwhile, please see my CV attached and purchase (see Amazon) two books that will
be of immense value for you in your studies: Color, Environment & Human Response and also Color
Communication in Architectural Space. Also see our website in English: www.iaccna.org
After you have gone through this material do not hesitate to contact me for a more detailed
discussion.
Best Regards,

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

HILARY DALKE – Professora de Design e Directora do Design Research Centre and Design for
Environment na Universidade de Kingston, UK.
Data: 7 de setembro de 2011 21:29
Dear Ana very interesting and work of great relevance to my work so good.
- have you read my book 'Lighting and colour for hospital design? Check out www.cromocon.com.
Best
Hilary
GIULIO BERTAGNA – Perception designer, diretor científico e de projeto do Osservatorio Colore
Paesaggio e Osservatorio Colore Interni, Itália
Impatto dell’illuminazione naturale e artificiale e del colore sulla percezione e l'orientamento negli
spazi interni per gli anziani.
Contributo per Ana Darè
Doutoramento em Design
Lighting Design: O significado da luz no design de
interiores e na qualidade de vida dos idosos.
Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica
de Lisboa, Portugal
Settembre 2011
Premessa
La necessità e le positive induzioni della luce sull’essere umano sono state ormai
ampiamente dimostrate. La coscienza collettiva ne è dunque consapevole, ma da parte del mondo
del progetto, sarebbe onesto prendere atto di aver raramente stabilito un collegamento culturale
propositivo con il campo delle scienze moderne che, negli ultimi venticinque anni hanno saputo
fornire dati di riferimento utilissimi intorno alla fisiologia e alla psicologia dell’essere umano.
Le neuroscienze hanno infatti dimostrato lo stretto collegamento e interazione tra sistema
fisiologico e sistema psicologico. Possiamo dunque confermare la luce come elemento fondamentale
per un buon equilibrio psico-fisiologico, che è l’obiettivo che il mondo del progetto in generale si
prefigge o dovrebbe prefiggersi, e non soltanto per gli anziani.
Tralasciando le funzioni fisiologiche della luce per il buon processo circadiano e per tutti i
processi vitali dell’essere umano, nonché l’approccio dal punto di vista della fisica e della psicofisica,
comunque considerate in questo contributo, mi soffermerò sull’aspetto percettivo.
L’aspetto percettivo dell’argomento
L’aspetto percettivo riguarda la scena (tutte le componenti e gli oggetti presenti nel campo di
osservazione del soggetto, compresa l’illuminazione) e il soggetto osservatore, dunque le sue
caratteristiche, il suo ruolo all’interno della scena, la sua interpretazione della scena (dove sono e
perché, mi piace o no, i miei ruoli e il comportamento da tenere, ecc.), quindi il quadro delle risposte

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

psicologiche e comportamentali del soggetto, una volta che questi abbia compiuto l’atto di
elaborazione cognitiva in risposta agli stimoli della scena.
Questo aspetto è fondamentale ai fini del buon esito di un progetto, sia esso dedicato
all’architettura del luogo e in tutti i suoi aspetti o semplicemente alla sola segnaletica, all’arredo, alle
finiture e ai colori, all’illuminazione. È un ambito studiato e approfondito dal perception design, che
ne ha consolidato gli aspetti progettuali, metodologici e procedurali, nella consapevolezza
dell’importanza dell’ergonomia delle emozioni.
È chiaro che, parlando di anziani, si voglia approfondire l’argomento relativamente alle
qualità ambientali dei luoghi dell’assistenza, ovvero di quegli ambienti destinati all’accoglienza di
anziani autosufficienti, ma soli o più frequentemente semi-autosufficienti o non autosufficienti e non
ricoverabili in strutture ospedaliere.
La luce e il colore
È ormai noto che il colore è una sensazione cerebrale in risposta agli stimoli della luce
emessa dagli oggetti illuminati, di per sé assolutamente acromatici. Le differenti frequenze dominanti
emesse da questi oggetti determinano differenti sensazioni alle quali sono stati dati i più svariati
nomi. Frequenze tuttavia rilevabili strumentalmente ( colorimetria), categorizzate e presentate in
campionari consultabili per un utilizzo consapevole e progettato (sistemi cromatici internazionali
come per es. NCS), ma anche frequenze diverse, provenienti da una realtà acromatica, che stimolano
in modo differente il sistema nervoso, inducendo così diverse reazioni del Sistema Neurovegetativo.
Reazioni che, a loro volta, provocheranno atteggiamenti e comportamenti diversi nell’osservatore. Le
sensazioni cromatiche dipendono quindi dalla luce e dalla sua qualità spettrale, che, nel caso di
illuminazione artificiale, ha una notevole importanza.
Una corretta e non monotona distribuzione dei colori e delle sorgenti facilita la lettura
dimensionale dell’ambiente, dunque la familiarizzazione con l’ambiente stesso.
La simbiosi ambientale
Per tutti gli esseri umani è importante, per il proprio benessere psicologico, un certo
processo di familiarizzazione con l’ambiente collettivo nel quale si trovino a dover svolgere un
compito o semplicemente soggiornare anche per poche ore. È chiaro che questo processo di
acquisizione, di appropriazione, in modo tale da “sentirsi a casa” è più importante per chi, come
molti anziani, si trovi a dover vivere in un ambiente non domestico, come, appunto, un centro di
assistenza.
Affinché la simbiosi ambientale si verifichi, l’ambiente deve risultare gradevole e affinché
appaia tale, deve essere più vicino possibile ai “modelli naturali” per i quali il nostro sistema visivo e
percettivo si è perfezionato. Non è tanto importante che al suo interno vi siano elementi di arredo di
tipo domestico o quadri, fotografie e oggetti capaci di ricollegarsi alle migliori memorie degli anziani;
è importante piuttosto che l’ambiente sia facilmente leggibile e comunichi la sua vera identità.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Frequentemente però detti ambienti sono concepiti come “contenitori funzionali”, stanze
semplicemente imbiancate, illuminate da plafoniere a fluorescenza che garantiscono
un’illuminazione diffusa e costi bassi di esercizio.
I gestori di dette strutture farebbero bene a soffermarsi sui costi del personale, spesso
soggetto al burn-out, e alle ripercussioni economiche negative indotte da una bassa qualità
ambientale. Probabilmente darebbero la giusta importanza a un buon progetto illuminotecnico e a
una migliore qualità distributiva ed emissiva delle sorgenti.
Lo sviluppo del sistema percettivo
È bene ricordare che il nostro sistema visivo e percettivo (ovvero l’interpretazione di ciò che
stiamo osservando) si è sviluppato all’interno dell’ambiente naturale temperato, e dove tale
ambiente poteva offrire cibo e riparo, insomma la sopravvivenza. Il bosco è emblematico perché, per
il fenomeno dell’adattività (non è da tradursi come “adattamento” in inglese credo adaptivity) dei
nostri sensi, ci ha resi capaci di “vedere”, meglio dire “intuire con certezza” cosa ci fosse dietro un
ostacolo (tronco d’albero o cespuglio), sviluppando in noi il completamento amodale che utilizziamo
in ogni istante della nostra vita, non appena apriamo gli occhi. La vita dei nostri antenati nel bosco ha
anche donato alla nostra vista una “latitudine di posa” superiore alla più moderna fotocamera
digitale, cioè la capacità di passare con lo sguardo da zone a forte luminanza a zone a bassa
luminanza e viceversa senza il minimo sforzo. Siete mai andati per funghi in una bella giornata di
sole? Il sentiero è fortemente illuminato a sprazzi dalla luce del sole che penetra tra le fronde degli
alberi, mentre il fungo è nascosto nell’ombra del sottobosco; eppure lo vedete senza sforzo.
La luce del bosco
Il bosco ci aiuta anche a comprendere di più su qualità e distribuzione delle sorgenti
illuminotecniche.
Molti studi ed esperimenti nell’ambito della psicofisica, hanno sottolineato l’importanza della
distribuzione a spot delle sorgenti, in modo che venga garantita la presenza di luci e ombre, l’assenza
di possibile abbagliamento, la possibilità di “leggere” l’ambiente nella sua profondità grazie a diversi
punti di riferimento creati dalla maggiore o minore luminanza. È ovvio che in questo scenario
auspicabile, sarebbe anche importante considerare le pareti e i soffitti degli ambienti nei quali
soggiornano gli anziani.
Il colore come paesaggio
Ritornando al “concetto del bosco” non è pensabile di risolvere la qualità percettiva delle
pareti tinteggiandole semplicemente con un colore, per quanto gradevole possa risultare. La
monotonia è da evitare. L’ambiente naturale si presenta sempre con superfici texturizzate o con
textures apparenti, come per esempio un prato, un bosco, le colline o i monti lontani. Non sono
importanti le tinte scelte, quanto la distribuzione dei colori sulle pareti. È bene abbandonare i luoghi
comuni del “colore adatto”, del blu “che tranquillizza”, del rosso “che eccita”. Questi luoghi comuni

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

porterebbero inevitabilmente a scelte sbagliate e forse alla scelta più facile e meno impegnativa, ma
profondamente sbagliata, di monocromatismi totali da decidere tra bianco, beige chiaro, paglierino
chiaro, rosa salmone chiarissimo, eccetera.
Si dovrà invece cercare di utilizzare non meno di tre colori sulle pareti, allogandoli, ovvero
definendone le diverse aree a indurre a una lettura più lenta ed esplorativa della parete, come
avverrebbe trovandosi a osservare una scena naturale. La lettura più articolata, attiva maggiormente
le aree cerebrali cognitive che si trovano a elaborare più stimoli così come le aree preposte
all’apprendimento. La parete, una volta “imparata” diventerà un riferimento spaziale, un punto
cospicuo, diverso dagli altri, poi riconoscibile, dunque noto, perciò familiare.
Una parete anonima di uno stesso colore non avrà mai identità, rappresenterà solo un muro
uguale a tanti altri che separa l’anziano dal mondo, dai suoi ricordi, dalle sue speranze. Il muro
invalicabile di una prigione.
Senza cimentarsi in improponibili decorazioni a trompe l’oeil, sarebbe bene ispirarsi agli
interni degli antichi palazzi. Anche i soffitti erano decorati e spesso “sfondati” da rappresentazioni di
cieli con nuvole e angeli che facevano capolino dalla volta. E’ bene dunque ricordare che i soffitti
hanno gli stessi metri quadrati degli affollati pavimenti e di solito sono bianchi e adorni delle sole
plafoniere a fluorescenza che non utilizzano nemmeno il bianco del soffitto per amplificare la propria
luce. Cosa osserva un anziano quando è a letto? A letto c’è spesso. Spesso a letto c’è sempre.
La luce attira lo sguardo, l’osservazione, l’interesse di ogni essere umano. La maggiore
luminanza di un oggetto all’interno di una scena, diventa un punto di riferimento spaziale che induce
interesse verso l’apprendimento e l’esplorazione della scena. Il fatto che ci si senta un po’ depressi in
una giornata nuvolosa è anche dato da un appiattimento della scena, dall’assenza di punti a forte
luminanza e da punti a bassa luminanza. Non è certo un caso che molti pittori abbiano dato
drammaticità ed emozionalità ai loro quadri creando scenari caratterizzati da forti contrasti di
luminanza.
La qualità emissiva
In quanto alla qualità emissiva, la ricerca psicofisica ha duramente condannato le sorgenti a
fluorescenza. La tecnologia produttiva ha certamente fatto grandi e rapidi progressi nel frattempo,
dunque si potrebbero rivedere certe posizioni di critica. Per quanto ne so, resta però ancora da
risolvere la qualità della banda emissiva, visto che il rendimento luminoso è ormai a ottimi livelli. Ho
assistito alla conferenza di un fisico che illustrava un confronto tra lo spettro di emissione di una
lampada a incandescenza e lo spettro di una sorgente a fluorescenza. Quest’ultimo mostrava, senza
mezze misure, dei veri e propri “buchi” in alcune frequenze, ovvero la mancata emissione di fotoni su
determinate frequenze. Cosa significa? La sorgente alla quale l’essere umano ha adattato tutti i suoi
sistemi vitali è quella naturale per eccellenza, il Sole. La luce di una candela, di una lampadina a
incandescenza o di una alogena ha le stesse qualità di quella solare, ovviamente con una emissione di

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

fotoni immensamente inferiore. In questo tipo di luce sono contenute tutte le frequenze che vanno
dall’ultravioletto prossimo all’infrarosso e che insieme ci danno quella bella sensazione di luce
bianco-giallastra. Proprio per colpa del consumo e dal calore generato dalla radiazione infrarossa,
questi tipi di sorgenti artificiali appena citate sono state condannate a non essere più prodotte.
Purtroppo le alternative sono la fluorescenza e i led, ancora in sviluppo, ma nei quali si ripongono
molte speranze. Ritornando ai buchi di frequenza della fluorescenza, è chiaro che se gli oggetti sono
visibili se illuminati, la qualità dell’illuminazione, da un punto di vista spettrale, influirà non poco sul
come ci appariranno, il loro colore compreso. Ma ribadisco che non è che una certa sedia rossa ci
apparirà di un “brutto rosso” perché illuminata “male”, essa, che in realtà è grigia, ci apparirà
semplicemente, ma drammaticamente, “diversa”. Tutto apparirà diverso e meno riconoscibile, in una
diffusione della luce di solito non spot, ma innaturalmente distribuita. Per distribuzione innaturale
non intendo il fatto che la luce naturale non possa essere diffusa, la è sicuramente in una giornata di
cielo leggermente coperto a mezzogiorno e se ci troviamo al centro di un grande pianoro senza
ombra di alberi o di rilievi. Certo non mi sembra “naturale”, ovvero consono per un essere umano,
soggiornare, leggere, lavorare, in simili condizioni di illuminazione.
Conclusioni
Una parete priva di contrasti cromatici, di textures, insomma di variabilità, unitamente a
un’illuminazione uniformemente diffusa concorrono al così detto “gloom”, ovvero a un effetto di
ambiente poco stimolante che tende a indurre depressione e malessere. Si tenga anche conto del
fatto che una lettura articolata della scena, il trovare punti di riferimento creati da un progettato
utilizzo della luce e dei colori, quindi dotati di una certa identità, favorisce non solo una successiva e
importante simbiosi ambientale, ma in primis la possibilità di orientarsi meglio all’interno di una
struttura o anche di una singola stanza.
Questo dell’orientamento è un fattore di notevole impatto psicologico.
Il sentirsi spaesati, sperduti, all’interno di una struttura che non è la propria casa non potrà
che rendere più difficili le relazioni con gli altri ospiti e con il personale addetto, che verranno sempre
considerati come persone potenzialmente pericolose, in quanto facenti parte attiva di un ambiente
sconosciuto e che non invita a essere percepito come amichevole e familiare.

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA CÉSAR – Arquiteto/Professor na Universidade de São Paulo [USP], Brasil
Data: 1 de fevereiro de 2012
Olá Ana,
Quanto a pergunta que você me fez, você poderá encontrar boas referências nos anais dos
congressos da AIC, particularmente de 2009 (site da AIC: www.aic-colour.org), particularmente dos
chineses que estudam bastante este tema- lembro-me de um trabalho que falava da importância dos

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

contrastes de luminosidades na questão da perceção e de orientação em relação aos idosos que era
bem interessante.
Outro texto de que eu gosto - não diretamente ligado a cores mas que pode ser útil é:
BAUCOM ASID, Alfred H.- Hospitality Design for the Grayng Generation John Wiley & Sons, INC NY
1996
Um estudo sobre instalações destinadas a pessoas idosas, que aborda de forma mais
completa a questão da cor, propondo inclusive uma maneira de se pensar a cor no projeto.
Os pesquisadores portugueses gostam muito do Frank Mahnke (eu também estudei com ele) o seu
livro dele pode ser bastante útil também.
Vou levantar mais alguns textos para lhe ajudar, mas para mim a questão dos contrastes
cromáticos quando se trata de idosos é fundamental, diferentemente de quando falamos de
ambientes corporativos ou residências de jovens, por exemplo. Tome cuidado para não cair em
chavões. Idosos quando não apresentam 'doenças' nos olhos perdem a visão das bordas em
superfícies pequenas, mas não totalmente a capacidade de ver cor. Com o tempo os 'cones' se
cansam e precisam de estímulos mais acentuados para serem ativados e é claro tudo isso junto
influencia na perceção do espaço e, a luz - como sempre exerce um papel primordial.
Vou pesquisar mais e voltamos a nos comunicar.
Att.
João Carlos Cesar

MANUEL MELGOSA LATORRE – Departamento de Ótica, Universidade de Granada, Espanha


Data: 22 de setembro de 2011 19:30
Dear Cristina and Fernando,
Sorry for my late reply. I forwarded your email to two prestigious color scientists and friends
whose name I can't provide you, I'm sorry. Their answers are in the enclosed MS Word files. I think
you can find some useful information. In addition, I also enclose a pdf file with a presentation from
Cristina Boeri (Politecnico de Milano) regarding the use of color in hospitals, at the VII Conferenza
Nazionale del Colore I celebrated a few days ago. It is in italian language, but I'm sure you will
understand. Hope this can be useful to you.
Best regards,
Manuel Melgosa
The question "What impact does lighting (natural and artificial) and color have on elderly
people in their perception and orientation in a built environment?" is too ambiguity. There are great
deals of reports on such topics. I think that she must survey papers himself first of all.
***********************************************************************

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

I don't have any special knowledge on this question, but I would suggest that someone
interested in it look into the low vision literature. My intuition would suggest that warmer-colored
illumination (like incandescent) would be preferred since elderly people will have a lot of absorption
and scattering of the shorter wavelengths. I suspect that having less energy at shorter wavelengths
will result in more apparent sharpness and contrast due to avoiding the scattering of those
wavelengths. However, I don't know of any data on this.

PETER LANSLEY - Professor em Gestão da Construção na Universidade de Reading, UK e desde 1997,


tem vindo a desenvolver investigação no âmbito das necessidades dos indivíduos idosos e com
deficiência.
Data: 31 de agosto de 2011
Dear Ana
Thank you for the message. I am not an expert in this field but am aware that lighting and
colour and of even more importance colour contrast can have a major impact on the lives of older
people. Colour contrast in particular is important in helping people distinguish and recognise key
features in their environment. Of course this is very important for people who have poor eyesight
but it is also important for who have good vision. Colour is important in other ways - helping
individuals identify with particular zones of a building for example. This can become even more
important for people suffering from memory loss/dementia (for example in nursing homes corridors
can be painted different colours so that patients identify a particular colour with the location of their
room). Colour can also have an immediate influence on the mood of the individual (for example,
quite simply some colours tend to be more relaxing, their feeling of safety, openness/claustrophobic
(have you even been in a hotel painted with black walls?) and many other psychological effects.
Lighting plays an important part - older people need better lighting especially in the outdoor
environment - and this can impact their willingness to venture outside of home at night, but also in
the home and outside but nearby lighting can contribute greatly to feelings of security and obviously
to basic safety. Lighting, colour and contrast are neglected areas of home and environmental design -
their importance is being overlooked by designers and also by individuals.
Must dash have a meeting.
Best wishes
Peter

MARIANA NOVAES – é Master of Science em Architectural Lighting Design pela KTH, Royal Institute
of Technology, em Estocolmo, Suécia. Apresentou o tema da sua tese, uma abordagem sobre o
significado da luz para o idoso e a importância da iluminação (natural e artificial) para o
desenvolvimento do sentimento de lar, no Vox Juventa/PLDC 2009, em Berlim. Colabora com o
Laboratório de Iluminação da KTH no programa do Centro de Pesquisas em Iluminação e Saúde, e é

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

também senior lighting designer na Arup Cingapura, empresa mundialmente reconhecida pela
inovação em design e tecnologia agregados aos projetos desenvolvidos.
Data: 04 de Junho de 2012
Qual o impacto que a iluminação [natural e artificial] e a cor têm na perceção e orientação dos
espaços interiores pelos idosos?
Prezada Ana, a sua questão é extremamente importante e abrangente, pois apresenta
diversos conceitos que devem ser explorados e clarificados a fim de se elaborar uma conclusão. Não
tenho dúvidas de que estejas a analisá-los na sua tese. Para a minha resposta me baseio no
conhecimento que adquiri ao desenvolver a minha tese e na bibliografia gerada por Jan Ejhed e
Anders Liljefors sobre o assunto, meus professores do Master.
Sabemos que o envelhecimento é um processo do passar do tempo que afeta o homem
física, psicológica e socialmente. Cada indivíduo sentirá mais ou menos essas consequências. Devido
ao trabalho e às mudanças de valores em nossa sociedade passamos cada vez mais tempo em
espaços interiores. Mas é também senso comum saber que os idosos são quem passam mais tempo
em espaços interiores, principalmente os que vivem em lares para idosos, seja pela perda de
confiança ao caminhar ou seja pela perda de qualquer outro sentido e habilidade. Quanto mais
tempo passamos dentro de um ambiente, mais importante ele se torna, pois temos mais condições
de perceber as suas características.
Quando falamos em orientação e perceção, automaticamente falamos em visão, que, por sua
vez é um sentido intimamente dependente da luz e, consequentemente, da iluminação. A luz
(radiação eletromagnética, 380-780nm) age como principal estímulo para a visão, que tem como
propósito básico nos informar sobre o ambiente onde estamos. Ou seja, a função primeira da visão é
nos orientar no espaço, e isto acontece graças à nossa constante interpretação de contrastes,
diferenças entre claro-escuro e cores. Tudo o que vemos é um contexto espacial de contrastes, onde
a cor também tem papel fundamental. Dessa forma, falamos de duas qualidades elementares da
iluminação: proporcionar visibilidade (qualidade que possibilita a visão e a realização de tarefas) e
espacialidade (qualidade que define o espaço físico - seu volume, tamanho e proporções).
Já perceção visual é a impressão individual sobre a experiência da luz no espaço e carrega um
fator psicológico. É a qualidade de iluminação que podemos definir como atmosfera ou o caráter do
espaço vivenciado. Ou seja, "as características da luz e os atributos do ambiente físico formam uma
impressão indivisível a quem os percebe". (1)
Desta forma, o impacto que a iluminação e a cor têm na perceção e orientação dos idosos
em espaços interiores é enorme, pois são grandezas que expressam a qualidade do ambiente
vivenciado. Com a velhice, a visão, perceção e sentido de orientação sofrem mudanças e perdas. É
preciso trabalhar, no mínimo, para melhorar a interpretação de contrastes, minimizar brilho e

249
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

desconforto visual, equilibrar níveis de iluminância, assim como a perceção de cor. Usados com
sabedoria, estes aspetos podem gerar como resultado o bem-estar de qualquer idoso.
Vale lembrar que hoje também já se discute o impacto biológico da luz em idosos, pois a luz é
um dos principais estímulos na geração e equilíbrio dos ciclos circadianos, nossos reguladores
hormonais internos. Assim, a iluminação deve ser vista com ainda mais importância para o
desenvolvimento do bem-estar no idoso.
(1) EJHED, Jan. “Architectural Lighting – Development of the quality concept”, in 2nd LUX Pacifica
Lighting Conference (1993). Bangkok. pp. E32-34, E32

REGINA DE SOUZA CARVALHO - Pedagoga, especializada em reabilitação com deficientes visuais.


Desenvolve um trabalho com pacientes de baixa visão no consultório de oftalmologia do Doutor
Newton Kara José.
Data: 13 de Outubro de 2011
Importância da iluminação no idoso
O envelhecimento acarreta mudanças no organismo da pessoa e traz consigo várias
alterações na visão, memória, audição, olfato, paladar e tato. Há também a perda da comunicação e
desajuste psicossocial, que ocorre devido a situações específicas vivenciadas pelo idoso, como
viuvez, aposentadoria precoce, ausência da família e mudança de endereço.
O envelhecimento pode ser tranquilo ou não, de acordo com a capacidade funcional em
realizar as tarefas diárias. Nesse aspeto, a visão contribui em muito para a autonomia, segurança e
qualidade de vida.
A sensibilidade do olho a luz e ao contraste, diminui com a idade e a necessidade de luz para
uma pessoa idosa executar suas tarefas, chega a ser o dobro daquela que um jovem necessita para a
mesma atividade. Caso o idoso seja portador de baixa visão, a iluminação torna-se ainda mais
importante para o seu desempenho.1
A iluminação é essencial para o idoso ler, escrever, navegar na internet, costurar, bordar,
verificar a medicação e a dosagem corretas, caminhar, descer escadas; enfim, não só para executar
as tarefas, mas também como segurança, para evitar acidentes, como cair da escada ou tropeçar no
vão de uma porta.
Recomenda-se iluminação adicional para executar tarefas para perto e meia distância, como
leitura, escrita, bordado. A dificuldade é percebida muito mais no final da tarde e a noite, do que
pela manhã. Nos casos de atividades para perto como leitura, a fonte de luz deve posicionar-se
próxima, para maior visibilidade. Luminárias com braços ajustáveis são muito úteis para esta
finalidade, sendo importante experimentar diversas posições e estilos para encontrar as que mais se
adaptam as condições individuais.2

250
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

De uma maneira geral, para se ter uma boa iluminação para leitura, recomenda-se 750 a 1.000 lux
(consegue-se com iluminação localizada)3.
Também ocorre um aumento na sensibilidade a luz (intolerância a brilhos). Assim, um lugar
onde vivem idosos precisa de praticamente o dobro de luz que o usual, ser indireta, mais forte e com
menos brilho. Devem evitar-se também superfícies (tampos ou pisos) brilhantes.
Alteração nas cores
A escolha de uma cor, algumas vezes se determina não por preferências pessoais, mas pela
utilização que ela poderá ter. As cores quentes (vermelho, amarelo, laranja) são estimulantes e
produzem as sensações de calor, proximidade, opacidade, secura e densidade. Em contraste, as
cores frias (azul, verde, lilás) parecem nos transmitir as sensações de frias, leves, distantes,
transparentes, húmidas, aéreas e calmantes 4. Mas existem três fatores que influenciam e
determinam as escolhas de cores, são eles: psicológicos, sociológicos e patológicos.
Do ponto de vista patológico, com o envelhecimento do olho, as alterações afetam a visão e
a perceção de cores. O cristalino vai gradativamente se tornando amarelo com o passar dos anos,
afetando a visão das cores. É comum o idoso com catarata perceber as cores mais em tons pastéis.
Sabe-se que uma criança absorve 10% da luz azul, em contrapartida um idoso absorve cerca de 57%,
passando a enxergar mais amarelo 4.
Doenças da área central da retina (mácula) e do nervo ótico, também afetam a visão de
cores, levando o indivíduo a não perceber suas nuanças. Essas doenças são mais comuns no idoso.
Referências:
1 Brilliant RL. Essentials of Low Vision Practice. Boston, Butterworth-Heinemann,1999.
2 Oliveira RC; Kara-José N. Auxiliar de Oftalmologia. São Paulo, Roca, 2.000.
3 Alves JBA. Iluminação. In Alves AA. Refração. 5ª Edição. RJ, Cultura Médica e Guanabara Koogan.
2008:405-10.
4 Freitas AKM. Psicodinâmica das cores em comunicação. Núcleo de Comunicação. Limeira/SP - Ano
4, nº 12- 2007. (Acesso em 10/10/11) disponível em:
http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Cor/psicodinamica_das_cores_em_comunicacao.pdf

ROSÁLIA M. S. ANTUNES-FOSCHINI – Médica Oftalmologista/reabilitação visual [USP], Brasil


Data: 10 de Abril de 2012
Qual o impacto que a iluminação [natural e artificial] e a cor têm na perceção e orientação dos
espaços interiores pelos idosos?
Na grande maioria das vezes, nossas funções visuais são mensuradas somente por meio da
acuidade visual (ou seja, utilizando-se tabelas de acuidade visual) e por meio da visão de campo, ou
periférica (ou seja, com o auxílio de campímetros).

251
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Entretanto, a visão é um sentido muito mais complexo do que a simples perceção de letras
pretas em fundo branco ou a capacidade de perceber pontos luminosos nos 30 graus centrais de
visão. Nossos olhos fornecem informações de sensibilidade não só do alto contraste, mas também do
baixo contraste, visão em condições de pouca luminosidade, perceção de cores, de profundidade,
perceção de movimento, entre outros.
Todas essas características nos permitem interagir com o meio de maneira segura, adequada
e prazerosa, estimando-se que 85% das informações que recebemos são provenientes da visão.
O envelhecimentopopulacional é uma realidade em muitos países. Junto com ele, surgem condições
visuais específicas dessa faixa etária, muitas vezes dificultadas por patologias também mais comuns
nos idosos, como o glaucoma, a degeneração macular relacionada à idade, a retinopatia diabética e a
catarata.
Tanto o envelhecimento, como as patologias que aparecem no seu curso, levam a alterações
nas condições visuais, dentre elas diminuição da acuidade visual, da perceção de cores e da
sensibilidade a baixos contrastes. Em consequência, surgem dificuldades para realização de tarefas
do dia-a-dia, aumento no risco de quedas e vários problemas psico-sociais, com piora significativa da
qualidade de vida tanto dos idosos, como das suas famílias.
Estudos multiprofissionais que visam adaptar ambientes, para proporcionar não só
segurança, mas também conforto e bem-estar, aliados ao equilíbrio e harmonia, devem ser
ostensivamente estimulados. Sem dúvida alguma, a intersecção de diferentes áreas do
conhebetãoem muito poderá contribuir para melhorar a qualidade de vida e, consequentemente, a
felicidade do homem.

252
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

10.2_ANEXO 2 - ENTREVISTAS REFERENTES AOS CASOS DE ESTUDO


ARQUITETO MIGUEL LOPES
Atelier: FVARQ
Projeto: José de Mello Residências e Serviços, Domus, Parede, Portugal
Em relação a iluminação natural, houve uma preocupação em tentar controlar a luz em
demasia, em duas situações. Primeiro da exposição direta, visto que a fachada é virada a sul, na
tentativa de que não incidisse diretamente nos quartos. Consegue-se ter um controle térmico com a
utilização das varandas, que não são muito compridas – 1,50m, principalmente nos 3 a 4 meses
piores do verão.
Depois o sistema de painéis de ensombramento, perpendiculares às fachadas, tanto na
Parede como nas outras residências, que permite um controlo da quantidade de luz que deixa passar
para um segundo plano – o plano de vidro, e o controlo que é feito pelo utilizador através das
cortinas, criando-se, dessa forma, uma difusão da luminosidade.
Esses foram os dois focos principais que se levaram em consideração devido ao facto de
serem pessoas idosas, e do constrangimento que a luz em demasia poderia causar.
Relativamente a luz artificial, numa zona dos quartos houve a necessidade de jogar com uma
iluminação de indireta, e uma iluminação de presença, situada na entrada, no intuito de guiá-los até
os interruptores. Essa iluminação não tem uma quantidade elevada de luz, mas permite uma melhor
perceção do espaço.
Utilizou-se pequenas luminárias com uma luz mais direcional, e controlada pelo utilizador,
que atua como uma luz de leitura.
Na Biblioteca foram utilizados focos através de uma luz mais suave, mais ténue,
principalmente nas regiões de trabalho.
Havia indiciações relativas a um determinado nível de iluminação a ser utilizada,
principalmente nas sancas, e que não tivessem uma observação direta da fonte de luz, mas teria de
ser uma iluminação indireta, difusa, e refletida no teto e nas paredes. Nesse caso, utilizou-se no teto
a cor branca, para uma melhor difusão da luz.
Foram utilizados níveis de iluminação diferentes, consoante a utilização dos ambientes. No
caso das entradas dos quartos, foi utilizada uma iluminação com mais intensidade, que facilita na
procura das chaves. No restante do ambiente, joga-se com uma iluminação que produz manchas,
sombras, que permitem uma melhor perceção dos espaços.
Houve um cuidado em relação às cores utilizadas, devido ao facto de que há uma alteração
na sua perceção pelos indivíduos idosos. Tem-se que ter cuidado na sua utilização, na escolha dos
padrões a serem utilizados, devido ao facto que determinados padrões causavam manchas, que
eram remetidas a uma ilusão de ótica. Por isso, deu-se muita atenção à escolha dos padrões, do
mobiliário e do pavimento.

253
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Há utilização de materiais com texturas diferentes que auxiliam na perceção do espaço,


permitindo uma orientação e identificação dos ambientes. Na parede, a utilização de uma faixa,
serve com uma linha orientadora, e não permite a desorientação por parte dos utilizadores.
Outra questão que se deu atenção foi ao pavimento utilizado no piso, para que não houvesse
uma mudança da tipologia, pois criava uma ilusão de ótica, sendo identificado como um degrau, e
com isso o utilizador teria uma tendência para o abrandamento da marcha, para uma melhor
perceção.
A quantidade de iluminação utilizada em determinados ambientes permite a identificação do
grau de importância a determinadas zonas.

ENG. JOÃO PEREIRA


Atelier: Grupo EACE
Projeto: José de Mello Residências e Serviços, Domus, Parede, Portugal
Quando da solicitação do projeto, não houve um padrão de requisitos para a iluminação. As
residências assistidas, quanto à utilização dos apartamentos, no fundo iriam ser atendidas como um
serviço hoteleiro, tendendo para que as pessoas se sentissem como estivessem em casa.
A nível da iluminação e utilização do espaço, foi considerado como se fosse um
quarto/apartamento de uma unidade hoteleira, mais apartamento, porque eles tinham acesso a uma
pequena copa, como um aparthotel, mas que se sentissem como estivessem em casa.
Não houve nenhum requisito especial a nível de iluminação como atualmente se faz a nível
de alguns hotéis, em que começa-se a fazer controlo de iluminação, para estimular as pessoas,
controlando o nível de iluminação em função dos horários.
O que foi pedido, e que a decoração também pediu, foi que fosse um ambiente tipo casa,
tipo familiar, tendo a atenção que era uma estação quase que para hoteleira.
A nível de definição de iluminação, ficou-se restrito ao hall de entrada, instalações sanitárias
e varanda. Foram aplicados “downlights” em tetos falsos, como numa estação tipo hoteleira.
A iluminação dos interiores dos apartamentos foi definida pelo atelier responsável pela
arquitetura de interiores, tornando-se, dessa forma, num ambiente residencial.
Nos apartamentos foi considerada uma luz de vigília, para que as pessoas não se sentissem
desorientadas à noite, quando se levantassem.
Utilizou-se uma iluminação indirecta, que sempre é mais confortável que a iluminação
directa, visto evitar os problemas de susceptibilidade de causar encadeamento, além de ser uma
melhor luz quando da associação da luz natural.
Houve uma parametrização das tomadas para um nível mais alto.

254
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A iluminação das instalações sanitárias foi tratada como numa unidade hoteleira. Uma
iluminação geral, e uma iluminação junto aos espelhos/lavatórios, não havendo mais nenhum
critério especifico a esse ambiente.
A iluminação foi escolhida privilegiando proporcionar uma melhor restituição de cores
possível.
Acima de tudo, a exigência é que a iluminação tornasse os ambientes o mais confortáveis
possível, não necessitando de grandes luxos. A nível humano, dar as pessoas o maior apoio possível,
pois nessa idade não há necessidade de grandes luxos, mas sim de muito conforto.

ARQUITETA INÊS CRUZ


Atelier: Risco
Projeto: Condomínio Casas da Cidade, Lisboa, Portugal
O complexo é composto pela Residência Sénior e pelo Hospital da Luz.
Os edifícios que compõem o complexo estão inseridos num contexto urbano, numa zona de
passagem, tendo a 2ª Circular e a Radial da Pontinha, com grande fluxo de transito, e portanto houve
a preocupação de tentar minimizar os riscos que disso advêm, visto que as pessoas que estão ali a
viver necessitam de alguma paz, sendo este um contexto especial, e consequentemente a
necessidade de que os edifícios estivessem voltados para dentro. Por isso a implantação com os
edifícios voltados para os pátios interiores.
Uma outra situação que influenciou para a escolha desse tipo de implantação foi a
proximidade do cemitério, que por um factor psicológico, não seria interessante que fosse
visualizado, e também a questão relativa a área de implantação que deveria ser cumprida.
Quanto à proximidade com o hospital, essa situação tornou-se uma mais valia, pois este
funciona como um equipamento de apoio, uma infra-estrutura para as pessoas que estão ali a viver.
Virar os edifícios para dentro foi a melhor opção encontrada para colmatar todas essas
questões, privilegiando a iluminação, principalmente a iluminação natural, através dos vãos que são
rasgados no corpo dos edifícios, com aberturas para os jardins interiores.
A iluminação artificial foi, também, uma questão fundamental nesse projeto.
O tratamento da iluminação teve a ver com o programa fornecido pela Espírito Santo, já que
estes possuíam uma ideia muito concreta, apesar do negócio da saúde ser muito recente.
A tipologia habitacional havia sido, anteriormente, projectada com áreas maiores, e que
depois sofreu uma redução.
Em termos do espaço, por se trataram de pessoas idosas, tentou-se criar espaços com muita
luz, com materiais com cores bastante suaves, sempre no sentido de se ter ambientes luminosos,
visto que a luz traz alegria.

255
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Aliás, a luz é um fenómeno que se tenta explorar em todas as vertentes dos trabalhos
desenvolvidos no Risco.
No hospital também havia a componente psicológica, devido ao facto de as pessoas que para
ali se dirigem terem o peso da doença, do tratamento a que vão se submeter, e por isso a opção de
se criar pátios interiores, ajardinados, o que foi utilizado também na residência.
Outra preocupação nas residências foi a de não utilização de desníveis de difícil circulação,
por se tratar de pessoas idosas, apesar das queixas em relação à extensão dos corredores, de criar
dificuldades devido a esse fator, mas por outro lado permitiu que se criassem grandes pátios
interiores.
A utilização do pé direito duplo foi no intuito de gerar situações diferentes, que
surpreendessem as pessoas, mas acima de tudo no intuito de haver uma quebra na extensão dos
corredores.
Em todo o edifício privilegiou-se a relação interior/exterior. No caso dos espaços de
circulação as aberturas para o exterior privilegiam esse contacto, sendo que nesse caso, por serem
espaços comuns, foram voltados para a paisagem urbana, e no caso dos apartamentos, espaços
privados, foram voltados para os pátios interiores e jardins.
Em relação a esses pátios interiores, houve uma alteração no projeto inicial, pois a ideia
inicial era que os apartamentos do piso 0 tivessem um espaço exterior privado, mas por sugestão de
um consultor que sugeriu a utilização do elemento água, pois esse proporcionava uma sensação de
relaxamento, e por isso foi utilizado esse elemento a nível dos pátios.
No interior dos apartamentos foram utilizados uma iluminação através de sancas com luz
indireta como iluminação geral, por criar uma sensação de conforto, visto ser este um espaço
privado, e que possibilitaria uma personalização por parte de cada utilizador, através dos candeeiros
de sua preferência, e dessa forma, se sentissem no seu ambiente doméstico, o que não aconteceu ao
nível do hospital, onde a iluminação exigia alguns parâmetros técnicos, e não poderia ser
personalizada.
A proposta de utilização da iluminação geral e depois de pontos de tomadas para a aplicação
de candeeiros de mesa e de pés, teve a ver com a apropriação dos espaços interiores pelos seus
utilizadores, devido à escolha de objetos que proporcionassem conforto e uma relação de
proximidade.
Em relação aos espaços comuns, a iluminação foi definida pelo atelier, sendo que, nas zonas
de estar, a introdução de candeeiros esteve a cargo da Decoradora Filipa Lacerda, no sentido de
proporcionar uma sensação de conforto, e gerar um clima mais familiar.
Nos espaços do restaurante e cafetaria, também a iluminação foi definida pelo atelier.
Relativamente aos materiais de acabamentos utilizados, teve-se um cuidado na sua escolha.
A cor da pedra que foi utilizada teve a ver com sensação de calor a ser transmitida, por isso um tom

256
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

róseo, e o mesmo ocorreu em relação a definição da madeira a ser utilizada, nesse caso um tom de
madeira mais clara.

DRA. ALZIRA
Projeto: Conjunto Habitacional Pari I – Vila dos Idosos, São Paulo, SP, Brasil
Arquitectura: Vigliecca & Associados
Os moradores do centro da cidade de São Paulo reuniram-se numa associação de moradores,
tendo havido, posteriormente, uma adesão dos moradores de toda a cidade. Foi um movimento de
luta social que veio ao encontro das preocupações da Secretaria Municipal de Habitação – SEHAB,
em relação aos idosos e aos parâmetros de riscos encontrados nos edifícios ainda habitados, e que
estavam a ser desapropriados, justificando a criação da Vila dos Idosos.
No momento da implantação, em 2007, houve uma seleção dos futuros moradores, tendo
sido aplicados critérios previstos na Portaria 23, que trata da Locação Social.
Esses critérios são que os candidatos deveriam morar na cidade de São Paulo há mais de 4
anos e ter uma renda de 1 à 3 SM33. Na realidade, a maioria dos idosos contam com 1 SM como
renda mensal.
Os moradores do empreendimento são formados por idosos sozinhos, casais de idosos, e
idosos acompanhados por um agregado familiar com menos de 60 anos, sendo, contudo vetado a
menores de 14 anos. No entanto, se esse idoso vier a deixar o empreendimento, seja por falecimento
ou outro motivo, o indivíduo com menos de 60 anos deverá deixá-lo, para que não haja uma
descaraterização da Vila dos Idosos.
No projeto inicial, foram previstos apartamentos com a tipologia de T0 e de T1, sendo estes
em número de 2 por bloco. Porém, depois houve alteração e foram contabilizados 4, podendo dessa
forma morar até 3 pessoas no apartamento.
Foi elaborada uma análise estatística em relação à renda familiar dos idosos, quando foi
verificado que 80% desses indivíduos estavam incluídos no escalão dos mais de 75 anos a 90 anos,
viviam sozinhos e contavam com 1 SM de renda mensal, sendo que a moradia e a medicação são os
itens de valor mais elevado nas suas despesas mensais. Dessa forma, o empreendimento permite
que possam viver com dignidade pelo facto de que, sendo subsidiado pela Prefeitura de São Paulo,
permite que o aluguel pago seja conforme a renda comprovada. Assim, o valor do aluguel a ser pago,
será entre 10% a 15% do SM. Por exemplo, nos contratos de locação com renda de 1 SM, o locatário
irá pagar 10% do SM; se a renda for de 2 SM ou 3 SM, o locatário irá pagar 12% do SM. No entanto,
se o número de indivíduos a residir for de 3 pessoas, então irão pagar 15% do SM.

33
SM – Salário Mínimo no Brasil (R$ 545,00) equivale a €

257
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Além do aluguel, os moradores pagam um condomínio, no valor de R$ 40,00, inicialmente.


Esse valor sofreu uma redução para R$ 35,00, desde Junho de 2010. Pagam, também, um valor
residual das prestações, como um pequeno reajuste.
Sendo a população residente constituída por uma população maioritariamente de indivíduos
idosos, há a necessidade de haver a presença de uma segurança. Por isso, o empreendimento conta
com uma equipe de seguranças, 24 horas por dia, sendo subsidiado pela COHAB34, já que este
pertence a esta instituição. Além da segurança, os funcionários também desenvolvem uma vertente
social.
O trabalho social desenvolvido na Vila dos Idosos foi premiado pela Caixa Económica Federal,
e concorreu a um prémio no Dubai. O valor do prémio da Caixa Económica Federal foi de R$
25.000,00 que será revertido para projetos desenvolvidos no empreendimento.
O empreendimento é constituído por 3 blocos, interligados por detalhes arquitetónicos, e
que aparentam apenas 1 bloco, com 3 andares. A interligação entre os andares é feita por elevadores
e escadas; há um salão de festas e 3 salas de convivência. É composto por 145 apartamentos, sendo
48 na tipologia de 1 quarto, e 72 na tipologia kitchinette. No piso térreo, há 16 apartamentos da
tipologia kitchinette e 9 apartamentos da tipologia de 1 quarto, utilizados por indivíduos com
mobilidade reduzida.
Na edificação logo à entrada do empreendimento, há 5 salas, que preliminarmente seriam
alugadas, e cuja renda seria revertida para a Vila dos idosos, mas que não foram regulamentadas. No
momento, estão a ser utilizadas 2 salas como arquivo da COHAB; 1 sala que serve de apoio à
manutenção; e 1 sala de apoio à equipe do trabalho social e onde acontecem os bazares, organizados
pelos moradores.
O trabalho social é desenvolvido pelo Diagonal Urbana, que iniciou os seus trabalhos no
acompanhamento da seleção, pré e pós-ocupação, e consta de uma Assistente Social e uma
pedagoga. A Assistente Social é responsável pelo acompanhado dos trabalhos, sob a
responsabilidade da Secretaria, e uma Coordenação Social.
Esse trabalho conta com parcerias. Na área da saúde tem um Programa de
Acompanhamento de Idosos – PAI, ligado a uma UBS – Unidade Básica de Saúde, da região do Pari.
Há, também, uma Associação da Família, que cuida dos idosos das famílias do bairro.
Devido ao grande número de idosos residentes, o PAI criou uma mini-equipe de apoio à Vila
dos Idosos, que conta com um coordenador social, enfermeira e voluntárias que actuam como
acompanhantes dos idosos.
Contam, também, com a parceria de universidades. A faculdade de Nutrição e de Fisioterapia
da Faculdade Anhembi Morumbi; da faculdade de Psicologia da Universidade São Francisco, e da
Associação Solidariedade e Amor, que preparam os eventos.
34
COHAB – SP – Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo

258
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

No salão de festas há uma cozinha comunitária, montada através de doações e da ajuda de


parcerias de instituições.
Houve a doação de equipamentos para uma lavandeira comunitária, que não constava do
projeto inicial, tendo sido criada posteriormente. A lavandaria tem 3 máquinas de lavar e 2 máquinas
de secar, além de um tanque. Tem um horário fixado para sua utilização e foram treinadas 3 pessoas
no manejo dos equipamentos.
Os moradores têm nos apartamentos total liberdade de utilização. Possuem as chaves e
acesso de visitantes e os netos, como hóspedes temporários.
O empreendimento conta com uma horta comunitária. Inicialmente foram demarcados os
canteiros a serem plantados, porém, houve uma utilização desorganizada, devendo agora ser
definido os parametros de utilização numa reunião com todos os condóminos.
A Vila dos Idosos conta com um regulamento interno e com uma comissão de moradores
eleita e que prestam apoio ao trabalho social desenvolvido.
Moradora 1 – Sra. H., 79 anos
“A gente vive bem quando não se incomoda da vida do seu ninguém”
Vive na Vila dos Idosos há 3 anos e sente-se muito bem. Aprecia o relacionamento entre os
moradores, com uma relação saudável e sem desentendimentos e, segundo ela, sem “papo furado”.
Sente-se bem no apartamento, e gosto muito do pessoal de apoio – as assistentes sociais e
acompanhantes.
Moradora 2 – Sra. MFOB., 56 anos
Sente-se bem em viver na Vila dos Idosos, principalmente pelo silêncio, sendo totalmente
diferente do local em que vivia anteriormente.
Moradora 3 – Sra. MS., 82 anos
Vivia anteriormente numa pensão, em um quarto. Na Vila dos Idosos tem um apartamento,
um lar e está muito satisfeita.
Vera Lúcia – Voluntária no Acompanhamento aos idosos
É um trabalho edificante e em que se aprende muito com eles, pois tem uma vasta
experiência de vida. Também se tem a possibilidade de introduzi-los em assuntos que desconheciam,
que não fazem parte do momento histórico, cultural e tecnológico que viveram.
Tem que ter-se um carinho muito especial por eles, pois muitos não têm família, não
recebem visitas, precisam de atenção.
Moradora 3 – Sra. NM., 73 anos (protagonista do filme “A vida de Tereza”, vídeo resultado do
projeto “Quebrando o mito”, realizado no Condomínio Vila dos Idosos, em São Paulo, Junho/2008)
O seu apartamento, que tem uma kitchinette, no primeiro andar, onde vive ela e uma
cadelinha poodle. Considera o seu lar.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

É originária do Prédio do São Vitor, um cortiço situado no centro de São Paulo. Houve uma
promessa de remodelação pela equipe anterior do governo da Prefeitura de São Paulo, justificando
dessa forma a deslocação dos seus moradores para um hotel. Porém, com a mudança da equipe de
governação, devido às eleições, essa promessa não foi cumprida e o prédio está a ser demolido.
A moradora solicitou a fixação de barras na casa de banho – zona de duche, sanita e
lavatório, para o seu maior conforto e segurança, situação que estava prevista em projeto apenas
nos apartamentos térreos destinado aos moradores com mobilidade reduzida.
Moradora 4 – Sra. AP., 70 anos
Não vive há muito tempo na Vila dos Idosos, mas gosta muito.
Viveu durante muitos anos no Bairro Bela Vista. Depois foi viver no Bairro do Grajaú, num
quarto e cozinha, tendo perdido tudo numa enchente, e sido acolhida por uma sobrinha.
Quando foi selecionada, havia sofrido um acidente, estava engessada, e num asilo, pois não
tinha quem dela cuidasse. Sente que foi bem recebida e que todos a tratavam com muito carinho.
Hoje goza de uma boa relação com a sua filha que vive em Bragança, o que não existia
anteriormente. A filha vem visitá-la nos finais de semana.
Morador 5 – Sr. D.
Vivia, anteriormente, numa moradia social, mas estava a enfrentar problemas por motivo
dos roubos ocorridos dentro dos elevadores.

260
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

10.3_ANEXO 3 - ENTREVISTAS DO INQUÉRITO E PESQUISA-AÇÃO


Sra. AP.
A Sra. AP tem 85 anos e vive em Lisboa, no bairro da Ajuda, há 37 anos.
“Eu tenho uma boa iluminação, tenho um sobrinho que é eletricista. Quando
preciso de alguma coisa, ele trata de tudo.”
A senhora usa óculos e tem uma catarata pequena, que está a ser controlada pelo médico.
“Eu gosto muito de trabalhar, de fazer coisas bonitas.”
Não sente dificuldades em entrar ou sair de casa. Tem luz de fora, por exemplo, quando não
há luz lá fora acende a luz da escada e depois de fora.
Quando falta a luz, tem pilhas para lanterna. Tem umas luminárias para tomada.
Na mesa-de-cabeceira tem candeeiros. E tem evitado ter as coisas pelo caminho de
deslocação.
Quando tem de deslocar à casa de banho, de noite, acende a luminária da mesa-de-
cabeceira, e apoia-se no roupeiro, que se localiza logo à frente da cama.
Para executar os seus trabalhos manuais, tem um candeeiro com uma lâmpada de 75W.
Chega a estar até às 2:00h da manhã a fazer tricô, croché e rendas.
“Eu vivo sozinha e fico vendo televisão.”
Na preparação dos alimentos “tenho um pouco de preguiça de fazer”, mas não tem
dificuldade, “felizmente não”.
Tem um pouco de dificuldade em tirar a loiça dos armários, por ter tido uma queda que
aconteceu numa viagem. Já transferiu muitos itens para os armários baixos.
Não sente dificuldades no verão, a casa fica cheinha de sol. Na parte de trás tem uma
marquise que dá muita claridade.
Tinha dificuldade em entrar e sair na banheira, e por isso substituiu-a por poliban.
Não tem dificuldade de encontrar a roupa no roupeiro, pois sabe o que lá tem. Não sente
dificuldade na identificação das cores.
“Sinto dificuldades de passar de um ambiente claro para um mais escuro,
mais isso todo mundo tem. O meu hall de entrad, acendendo a luz fica claro.
Quando está ficando mais escuro, acendo a luz. Normalmente tem bastante
claridade.”
Tem cortinas nas janelas. Fecha os estores e cortinas à noite.
Não sente desconforto em relação à luminosidade e reflexos da luz natural.
Houve uma melhoria em relação à acuidade visual, com a troca das lentes dos óculos. Antes
via desfocado, agora vê bem.

261
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

O estado de espírito é alterado devido a iluminação. Sempre “adorou” o sol. A primeira coisa
que faz quando se levanta é ir à janela, abre o estore, a janela, abre tudo, para que possa deixar o sol
entrar.
Os comandos existentes na casa são interruptores. O sobrinho sugeriu a instalação de
reguladores de luz, mas ela achou que não havia necessidade.
Na casa de banho, tem uma luz no teto, e uma iluminação acima do espelho.
Os interruptores da casa estão bem posicionados, tendo sido colocado na época da
construção do apartamento.
A casa é pintada com tinta cor “casca de ovo”, em todas a paredes. A cozinha é castanha, cor
de tijolo clarinho. As portas são em madeira natural, no tom mais claro.

Sra. PC.
A Sra. P tem 77 anos, usa óculos; teve catarata diagnosticada pelo médico e foi operada aos
dois olhos.
A Sra. P fez a substituição da fonte de luz da sua casa para LFC. Alega que, muitas vezes, essa
fonte de luz lhe faz impressão, mas “temos que nos governar com aquilo que temos”.
Utiliza a máquina de lavar roupas por volta das 20:00h. De dia, está na Fundação Liga, até por
volta das 17:00h, e por isso, só utiliza a iluminação artificial “à noite, aquele bocadinho, antes de ir
para cama”.
Não tem problema em entrar em casa, relata algum receio à noite.
A habitação tem dois pavimentos, sendo que a casa de banho está localizada no rés-do-chão
e o quarto no 1º piso. Sente dificuldade em subir e descer escadas pela questão da mobilidade. No
entanto, está sempre a fazer esse percurso.
Não sente dificuldade em fazer trabalhos manuais, e no momento estava a fazer uma
segunda camisola, pois já tinha feito uma anteriormente.
Atualmente está a viver com a filha e com a neta, por motivos económicos. Por isso, na
cozinha se ocupa de coisas simples, como fazer a sopa.
Na cozinha tem uma lâmpada fluorescente, e diz que esse ambiente está bem iluminado,
pois é muito pequena.
A casa de banho tem uma iluminação não muito forte. E acredita que com boa iluminação,
pois esse ambiente também é pequeno, “meio quadrada”.
Não sente dificuldade em ver a roupa no roupeiro, e escolhe a que quer vestir. O roupeiro é
partilhado com a neta. E a filha encarrega-se de mudar a roupa de inverno e de verão.
A Sra. P disse-me que muitas vezes tem a sensação que não houve, pois não percebe bem as
palavras, e por isso não tem um bom entendimento do que falam.

262
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Na sua habitação, tem cortinados nas janelas, mas não os usa para fazer o controlo da
iluminação natural, sendo que raramente os fecha. Quando quer manter a casa às escuras, fecha os
estores.
A iluminação artificial só é utilizada quando o recurso à luz natural não é possível.
A falta de luz natural, deixa-a triste, por estar tudo “fusco”, muito escuro. Assim que entra
um “raiozinho de sol”, ela torna-se outra pessoa.
Possui apenas interruptores dentro de casa, que são de fácil acesso.
Quando quer deslocar-se à casa de banho de noite, a senhora utiliza a luz que se encontra na
mesa-de-cabeceira. Caminha até à escada, agarra no corrimão, e orienta-se com a luz que vem da
casa de jantar. Faz o mesmo trajeto de volta para cama.
Segundo a Sra. P, poderia até por uma “coisinha” para auxiliar, mas sente que, pôr enquanto
não precisa.
Na casa de banho tem apenas um candeeiro de teto, e é suficiente, pois esta é muito
pequena, e fica bem iluminada.
Vive nessa casa há 40 anos, e a iluminação que tem é suficiente.
Reconhece que a substituição das lâmpadas incandescentes pelas LFC custou-lhe um pouco.
Quando acendia, sentia que levava muito tempo para ter luz, ficava meio “fusca”, depois que a
lâmpada “aquecia”, ficava tudo bem. Agora está mais acostumada com isso.

Sra. VB.
A Sra. V. tem 78 anos e usa óculos. Não tem cataratas.
Iniciou a utilização dos óculos com a idade de 1 ano, por motivo de doença. Teve um
sarampo que lhe afetou a visão. Mesmo após muitos tratamentos e cirurgias, ficou com a “vista
cansada”, e continua até hoje a ver muito mal. Sente dificuldade em ver os letreiros dos autocarros
durante o dia, sendo melhor à noite, devido à iluminação. Os óculos já têm o máximo de graduação,
e ainda assim não é suficiente para a melhoria da visão.
Não sente dificuldade em entrar e sair de casa. Mora num rés-do-chão, e não sai à noite, pois
vive sozinha.
A sua habitação não possui casa de banho. Mora num apartamento, em Alcântara,
pertencente a CML.
Não sente dificuldade nas deslocações dentro da casa.
Lê muito pouco por não ver bem. Quando precisa de ler, chega à janela, com o sol, e mesmo
assim não consegue, “fica tudo turvo”.
A Sra. V. faz os seus próprios cozinhados, pois vive sozinha. A cozinha tem uma lâmpada
fluorescente no teto, e dentro da chaminé tem uma tomada com uma LFC. Essa lâmpada destina-se
apenas para a chaminé, pois tem “uma luz muito fraquinha”.

263
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A EDP ofereceu-lhe 4 LFC, e quando foi à CML, entregar alguns documentos, foi-lhe oferecida
mais 1. Porém, só utiliza a que está na chaminé, não sendo utilizada em outros ambientes da casa.
Nos quartos tem um candeeiro de teto com uma lâmpada de “100 velas”. Na mesa-de-
cabeceira do quarto interior, utiliza uma lâmpada de “60 velas”. E no quarto que é utilizado por ela,
em cima da cómoda, possui um candeeiro com lâmpada de “60 velas”.
Na casa de jantar, tem um candeeiro de teto com 3 lâmpadas de “60 velas”. Normalmente
acende apenas uma das lâmpadas, sendo que só acende as 3 lâmpadas, quando tem pessoas em
casa.
Não sente dificuldades em ver as cores, sabendo quando é preto, azul, encarnado. Conhece
bem as cores.
Durante o dia, utiliza a luz artificial apenas na cozinha, por ser este um ambiente interior.
Normalmente não utiliza a luz artificial, tem preferência pela luz natural.
Quando está a ver televisão, mantém as luzes apagadas, apesar se já ter ouvido dizer que
isso faz mal à visão, porque a luz não lhe faz bem, faz encandeia-a e não permite que veja bem.
Não sente dificuldade em ouvir, mas muitas vezes não percebe bem a pronúncia das
palavras.
Na transição entre ambientes muito claros para muito escuros, sofre com o ofuscamento.
Não é num grau muito elevado, mas encandeia um pouco. A dificuldade maior encontrada em
relação às deslocações, ocorre de dentro para fora, mais do que de fora para dentro.
As janelas têm estores, mas os mantem-os abertos durante todo o dia. Quando necessita de
sair de casa, fecha a janela a meio, e os estores corridos, mas com os buracos de cima abertos, para
entrar o ar. Quando retorna à casa, volta a abri-los.
Quando acontece sair à noite, o que é raro, acende uma lâmpada que tem na escada, acende
a outra que está localizada próxima da porta (interruptor pequeno), mas dentro da casa.
“Acendo a luz para sair de casa, depois desenrosco a lâmpada para
ela apagar. Quando retorno, acendo a lâmpada e tenho luz para ver a
fechadura da porta.”
Os comandos utilizados em casa são os interruptores, mas não gosta que esteja muito baixos
por causa das crianças.
O revestimento utilizado no piso do apartamento é tijoleira, com o rodapé do mesmo
material. Esse tipo de revestimento foi colocado recentemente, tendo substituído o piso de madeira,
devido as cheias ocorridas numa época de muita chuva.
No apartamento não existem portas interiores, sendo que no vão de ligação entre a cozinha
e a casa de jantar há uma cortina.
As paredes são pintadas de cor branca.

264
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A luz que penetra pela janela da casa de jantar propicia uma boa iluminação também na
cozinha, sem causar encandeamento.

Sra. GF.
Usa óculos, e não tinha catarata diagnosticada pelo médico. No entanto, já sente algum
desconforto e está a espera da próxima consulta médica.
Não sente dificuldade em entrar e sair de casa, pois tem um candeeiro mesmo à porta de
casa, o que facilita, também, o encontrar as chaves. A senhora vive num rés-de-chão. Nas traseiras
da casa, há outros candeeiros que foram instalados recentemente.
Sente necessidade de acender as luzes quando se desloca dentro de casa, e na cozinha utiliza
lâmpadas fluorescentes, porque tem ouvido dizer que consomem menos energia.
As lâmpadas incandescentes que utilizava em casa foram substituídas pelas LFC’s, por obter
informação de que estas poupam energia.
Quando vai ler, fazer algum trabalho manual ou utilizar o computador, necessita de um
candeeiro pequeno, próxima da área de tarefa, conjugado com a iluminação do teto.
Atualmente já não cozinha à noite, desde que o marido se reformou. Sentia que a iluminação
do teto não era suficiente, e utilizava sempre uma fonte de luz de apoio na execução das tarefas.
Não sente dificuldades em utilizar a casa de banho. Numa delas, o interruptor tem 2
posições, para acender a luz do teto ou a luz próxima do espelho.
Sente dificuldades em encontrar a roupa no roupeiro e identificar as cores, necessitando de
mais luz, mas recorrendo sempre à iluminação natural, quando possível, pois vê melhor.
Retirou os tapetes de casa por questões de segurança.
A senhora sente dificuldades em ouvir os sons e a entender as palavras.
Sente dificuldades na transição de ambientes mais claros para os mais escuros, ficando
encandeada.
Tem cortinados nas janelas, mais por uma questão de privacidade, pois sabe que se não os
tivesse, teria mais luz dentro de casa. Já os estores só são fechados quando sai de casa.
Utiliza a luz natural sempre que possível, evitando a luz artificial durante o dia. Reconhece
que há casas que necessitam da luz artificial durante o dia, mas sabe que não é o seu caso, pois tem
claridade suficiente.
De um modo geral, a iluminação natural não causa nenhum transtorno, nem em relação aos
brilhos, ocorrendo apenas quando a quantidade de luz é demasiada.
A insuficiência de luz altera o estado de espírito.
“Quando o dia está mais aberto, mais claro, parece que a pessoa fica com um
outro ar.”

265
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Os comandos de luz utilizados na casa são interruptores, sendo de fácil acesso, e estão
localizados próximos das portas. Na casa de banho é que há um interruptor atrás da porta, por ter
sido essa casa de banho feita quando já morava nessa casa. A Sra. G. vive na casa há 40 anos.
A iluminação existente permite que seja feita a higiene pessoal, pentear-se, mas é
insuficiente para leitura de uma bula.
Pensa ser interessante ter sensores de luz no percurso entre a casa de banho e o quarto por
ter receio de sofrer quedas. A casa tem um rés-de-chão e um primeiro andar. A mãe sofreu uma
queda e o marido já teve duas. No entanto, a casa de banho fica próxima do quarto.
Na cozinha, se houvesse uma iluminação debaixo dos armários facilitaria muito as tarefas
desenvolvidas. Na casa das filhas há esse tipo de iluminação, e ela sente que fica diferente.
As paredes da casa estão pintadas de cor branca e as portas, rodapés e ombreiras da porta
são em madeira, por isso, acredita que o contraste facilita a identificação do ambiente.
Acredita que se houvesse uma flexibilidade na iluminação de acordo com as tarefas a serem
executadas no ambiente facilitaria muito.
A iluminação que tem em casa hoje, é suficiente, mas tem a perceção que poderia sempre
ser melhorada, já que não sabe o que irá acontecer no futuro.
Teve a mãe acamada por 13 anos e sente que se tivesse uma melhor iluminação em sua casa,
teriam sido mais fáceis as tarefas de lavá-la e arranjá-la.
Sra. AS.
Usa óculos; teve catarata diagnosticada pelo médico, tendo sido operada ao olho esquerdo.
Não sente dificuldade ao entrar e sair de casa. Tem uma janela que permite a entrada da luz.
Utiliza sempre a iluminação artificial nos percursos dentro de casa. Se está na cozinha e quer
ir à casa de banho, a luz da cozinha é suficiente para fazer esse percurso.
Tem consciência de que a iluminação que utiliza em casa não é suficiente para a leitura e
fazer uma costura.
A cozinha não recebe luz natural suficiente, necessitando sempre da utilização de iluminação
artificial, dificultando a preparação dos alimentos. Nesse caso, pode contar com a iluminação que foi
aplicada na chaminé.
As lâmpadas da casa foram todas substituídas pelas LFC, mesmo que a “iluminação demora
mais a chegar”.
Na casa de banho tem uma iluminação geral, e luzes próximas ao espelho, que facilita ao
pentear-se e arranjar-se.
Para encontrar a roupa no roupeiro utiliza a iluminação artificial, mesmo sabendo que com a
iluminação natural teria mais facilidade. No entanto, mantêm os estores fechados, principalmente no
verão, pois fica com a casa mais fresca.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Não sente dificuldades em deslocar-se dentro de casa, mesmo tendo uma escada um pouco
perigosa. Por isso, aplicou uma alcatifa.
Por enquanto, não sente dificuldade em ouvir os sons e a voz humana.
Na transição de um ambiente exterior, mais claro, para um ambiente interior, mais escuro,
sente dificuldade, como também com a luz natural em demasia e seus reflexos.
O vento e a pouco luminosidade afetam o seu estado de espírito, “complicando o sistema
nervoso”.
O tipo de comando que utiliza em casa são os interruptores, estando localizados perto das
portas dos ambientes.
Acredita que os sensores de movimento poderiam aumentar a segurança nas deslocações
dentro de casa, mas só terá certeza se experimentar.
Na cozinha, utilizar iluminação debaixo dos armários superiores não seria aplicável no seu
caso, pois tem poucos armários, e já conta com a iluminação dentro da chaminé, que pensa ser
suficiente.
As paredes da casa estão pintadas de branco e as portas e suas ombreiras são pintadas num
cinza claro.
Não consegue perceber aonde poderia melhorar a iluminação em sua casa, pois utiliza ao
máximo a luz existente. Acredita apenas, que poderia gastar menos.

Sra. LM.
Usa óculos há muitos anos; teve catarata diagnosticada pelo médico, e foi operada aos dois
olhos há uns anos.
Não sente dificuldades em entrar e sair de casa. Na entrada tem um interruptor acessível que
lhe permite acender as luzes de dentro de casa, e a apagar as luzes do exterior. Nos ambientes que
não irá utilizar, tem o cuidado de não deixar as luzes acesas.
Vive numa casa de 2 pisos, sendo que no rés-de-chão se encontram a sala e a cozinha, e no
1º andar, os quartos e a casa de banho. Vive com a filha e o genro, sendo este eletricista.
Não sente dificuldades em deslocar-se dentro de casa.
A moradia foi construída há pouco tempo, e devido à profissão do genro, foi tido cuidado em
relação a iluminação a ser utilizada.
As paredes estão pintadas de cor branca, e as portas são de madeira, criando assim um
contraste.
Na casa de banho, tem uma iluminação difusa localizada no teto, e uma iluminação de
parede próximo do espelho. Porém, nunca tem os dois candeeiros acesos.
A Sra. LM gosta de ler, tendo a varanda como o seu local de leitura com a luz natural. Quando
está a ver televisão, não tem o hábito de ter a luz da sala acesa.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Na cozinha, tem um candeeiro de teto e um ponto de luz dentro da chaminé.


Nos quartos, tem um candeeiro de teto e candeeiros de mesa-de-cabeceira, não sentindo
dificuldades em encontrar as roupas no roupeiro, como também da identificação das cores.
O controlo da luz natural é feito pelos estores e pelos cortinados, que são finos e curtos.
Desde que foi operada às cataratas, tem o hábito de usar óculos escuros no exterior, tendo
sido um aconselhamento do médico. Por isso, não sente dificuldade na transição de ambientes mais
claros, para ambientes mais escuros. Tem o cuidado de quando entra nos edifícios substituir os
óculos que está a utilizar.
A falta de iluminação não afeta o seu estado de espírito.
O interruptor é o comando que utiliza em casa, estando localizados próximos as portas dos
ambientes.

Sra. CR.
A Sra. CR tem 78 anos, não usa óculos e foi operada às cataratas nos dois olhos. No entanto,
usa óculos para ver ao perto.
Vive numa antiga casa de porteira, na Freguesia de Belém. Esse apartamento foi adquirido
pelo marido há 48 anos, por ser este barbeiro, e ter o seu salão na loja no mesmo prédio. A loja
também era de sua propriedade.
É uma casa pequena, com quarto/sala, casa de banho, despensa, marquise e um “grande
quintal”.
Nos ambientes têm candeeiros de teto com lâmpadas fluorescentes compactas, que foram
doadas pela EDP. Sendo que o tipo de comando que utiliza para acender as luzes são os
interruptores.
A Sra. CR não tem dificuldades nas deslocações dentro de casa, mas tem uma preocupação
em relação ao consumo de energia.
Quando se levanta, abre a janela que dá para o quintal, para deixar entrar a luz natural, não
utilizando cortinados para o seu controlo. No entanto, evita ler à noite, para evitar “forçar os olhos”.

Sra. LC.
A Sra. LC tem 78 anos, usa óculos e tem catarata diagnosticada pelo médico, mas ainda não
foi operada.
Sente dificuldades em entrar/sair e nas deslocações dentro de casa por limitações físicas.
Por ter dificuldades em ver, necessita de iluminação que compense essa falha. Segundo a
Sra. LC, a iluminação deve ser posta à maneira e as necessidades de cada um, mesmo com as
preocupações energéticas. Tem que ter-se iluminação para execução das tarefas do dia-a-dia.
A luz natural não é utilizada com frequência, pois causa desconforto, sendo controlada por
estores e cortinados.

268
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

As lâmpadas que utiliza dentro de casa são as lâmpadas fluorescentes compactas, e na


cozinha uma lâmpada fluorescente tubular. Os comandos utilizados são interruptores e de fácil
acesso. Porém, acredita que se tivesse sensores de presença, facilitaria as deslocações dentro de
casa.
As ombreiras e as portas são pintadas da mesma cor, mas isso não dificulta a identificação
dos ambientes.

Sra. VP.
A Sra. VP tem 76 anos, usa óculos e tem catarata diagnosticada pelo médico.
Vive com a filha, numa casa com dois andares, e com pouca incidência de luz natural. No
entanto, utiliza cortinados e estores para o seu controlo.
Nos ambientes, utiliza lâmpada fluorescente compacta e iluminação indireta através de
sancas, sendo acionadas por interruptores.
Não sente dificuldades nas deslocações entre o quarto e a casa de banho, sendo que muitas
vezes o faz sem acender a luz.
Gosta muito de ler, e não sente dificuldades em fazê-lo com a iluminação existente.

Sra. AT.
A Sra. AT usa óculos, e foi operada às cataratas aos dois olhos.
Não sente dificuldade em entrar e sair de casa, como também nas deslocações pela casa com
a iluminação existente.
A moradia tem 2 pisos. No rés-de-chão tem a sala e a cozinha e no 1º piso tem os quartos e a
casa de banho.
A Sra. AT não acredita que a moradia tenha sido construída para indivíduos idosos por ter 2
pisos e ter uma escada que não é muito segura.
Utiliza as lâmpadas fluorescentes compactas (LFC) em todos os ambientes.
A cozinha e a sala de jantar são ambientes que utiliza para a leitura.
O piso da moradia foi substituído por tijoleira, por questões de saúde. Os tapetes foram
retirados por questão de segurança.
Sente dificuldades em ouvir os sons e a voz humana em particular e, também, na transição
dos ambientes mais claros para os mais escuros.
A luz natural é utilizada sempre que possível, exceto na cozinha e casa de banho.
Os cortinados são utilizados para o controlo da luz natural.
O comando disponível são os interruptores e são de fácil acesso.
A sra. AT tem uma preocupação constante com as questões de economia energética por
razões económicas.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Sra. MCS.
Tem 73 anos, usa óculos (para ver ao perto e ao longe) e tem uma catarata ainda muito
“pequena”, que não necessita de cirurgia.
Não sente dificuldade nas deslocações dentro de casa, pois utiliza a luz artificial sempre que é
preciso.
Quando faz algum trabalho manual (costura, tricô ou croché), à noite, tem um candeeiro
próximo do sofá. Neste candeeiro tem uma LFC.
Porém, não utiliza esta lâmpada em todos os ambientes, por estas não se encaixarem em
todos os candeeiros existentes. Na cozinha tem uma lâmpada fluorescente tubular.
A casa recebe bastante luz natural, inclusive na casa de banho, que tem uma janela. Os
cortinados e os estores controlam a entrada da luz natural.
Não sente dificuldades em perceber as cores e não tem problemas de audição. Não sente
dificuldades, também, na transição entre ambientes mais claros para mais escuros.
Todavia, não se sente bem com uma iluminação deficiente, sentindo-se mesmo muito aflita.
Os comandos disponíveis na casa são os interruptores, estão bem localizados e de fácil
acesso.

Sra. TJ.
A Sra. Já foi operada às cataratas nos dois olhos, mas sente que ficou pior, devido a outros
problemas de saúde que teve.
Não sente dificuldades em entrar/sair e nas deslocações dentro de casa.
Não desenvolve as tarefas do dia-a-dia, como cozinhar. Faz as suas refeições fora de casa,
fazendo apenas a sopa.
No entanto, não sente dificuldades com a iluminação existente.

Sra. GT.
Usa óculos, e foi operada às cataratas nos dois olhos. No entanto, muitas vezes tira os óculos
para ver melhor.
Em sua casa, já fez a substituição das lâmpadas para as fluorescentes compactas, por ser o seu filho
eletricista.
Na cozinha, na casa de banho e na sala tem lâmpadas fluorescentes tubulares. Por isso, não
sente dificuldades nas deslocações dentro de casa. As dificuldades encontradas devem-se a questões
relacionadas com o equilíbrio.
Não sente dificuldades na transição de ambientes mais claros para os mais escuros.
Gosta muito do sol, mas não gosta de tomar sol e sim da luminosidade que este fornece.
Normalmente, mantem os estores fechado e só os abre à tardinha, para deixar entrar a luz.
O comando utilizado são os interruptores, estando bem localizados e de fácil acesso.

270
LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Na casa de banho, tem preparada a instalação para colocação de uma luminária de parede
sobre o espelho, estando apenas a aguardar a disponibilidade do filho para o fazer.
No quarto, além da iluminação geral localizada no teto, tem candeeiros nas mesas-de-
cabeceira.

Sra. AF.
Tem 76 anos, usa óculos, já foi operada à catarata do olho direito e está a aguardar a cirurgia
do olho esquerdo.
Não consegue ter a casa às escuras, gosta da claridade, não se importando em pagar mais
por isso. Sente-se oprimida com pouca luz.
Não sente dificuldades em entrar e sair de casa, bem como nas deslocações. No entanto,
sente dificuldade na leitura e na execução de trabalhos manuais.
Na cozinha utiliza iluminação existente na chaminé para ver os tachos, quando está a
cozinhar. Sente dificuldade em executar as tarefas em ambientes que não têm luz direta, como
também na transição de ambientes mais claros para os mais escuros.
Quando vai assistir televisão, à noite, mantém sempre uma luz acesa.
Faz uso da luz natural sempre que possível.
Os interruptores são os comandos disponíveis em sua casa, estando bem posicionados e de
fácil acesso.

Sra. TM.
Usa óculos e tem catarata diagnosticada pelo médico, mas não tem necessidade de sofrer
uma intervenção cirúrgica.
Não sente dificuldades na execução das atividades do dia-a-dia por ter “muita luz” dentro de
casa e utiliza as lâmpadas fluorescentes compactas.
Utiliza a luz natural sempre que possível e faz o seu controlo com os estores. Quando não
tem luz natural suficiente é que utiliza a luz artificial.
Os interruptores são o comando utilizado.

Sra. AM.
Usa óculos apenas para ver ao perto e não tem catarata.
Não sente dificuldades na execuação das tarefas do dia-a-dia por ter muita luz dentro de
casa.
Sente dificuldades na transição de ambientes mais claros para ambientes mais escuros, pois
diz “sentir o sol nos olhos”.
Utiliza os estores para o controlo da luz natural e, também, por questão de manter a
privacidade, pois existe um prédio bem em frente a sua casa.
Sente-se muito triste quando há falta de luz.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Os interruptores são o comando que utiliza dentro de casa, são bem posicionados e de fácil
acesso.

Sra. ZS.
Usa óculos e não tem catarata.
Sente desconforto em relação a iluminação direta, tendo preferência para a iluminação
indireta.
Na cozinha tem uma lâmpada fluorescente tubular. Não substitui as lâmpadas dos outros
ambientes para a lâmpada fluorescente compacta.
Quando costura, necessita ir a uma janela para poder enfiar a linha na agulha. A mesma
situação ocorre quando da utilização da máquina de costura. Esta encontra-se próxima a uma janela.
Diz que demora mais a enfiar a agulha que a costurar.
A luz natural é utilizada sempre que possível e o controlo é feito por cortinados e estores.
Muitas vezes, nas deslocações entre o quarto e a casa de banho, não sente necessidade de
acender a luz.
Os interruptores são o comando utilizado e são acessíveis.
Sra. JP.
Usou óculos durante muitos anos, mas após a cirurgia de catarata, não teve mais
necessidade. No entanto, usa óculos para ver ao perto.
Gosta muito de utilizar o computador e a internet, mas no momento não tem tido
possibilidade por questões económicas.
Na cozinha tem uma lâmpada fluorescente tubular.
A luz natural é utilizada sempre que possível.
Os interruptores são o comando utilizado, são bem posicionados e de fácil acesso.

SR. TM.
Tem 93 anos e usa óculos apenas para ler e ver TV.
Usa o andarilho como apoio para locomoção.
Não tem problemas com a iluminação. Num dos interruptores na entrada da casa, colocou
um papel informando para não o desligarem.
Não sente dificuldades na identificação dos percursos dentro de casa.
Na poltrona, na sala de TV, tem uma luminária de pé, que ele utiliza para ler. A curiosidade é
que utiliza a bengala para o acender/apagar.
Não utiliza a cozinha, pois é a esposa que executa essas tarefas.
Consegue ter uma boa visão para fazer a barba na casa de banho, utilizando sempre um
barbeador eléctrico.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A esposa é quem separa a roupa que irá vestir, mas quando vai calçar os sapatos, sabe bem
aonde o encontrar. Ele é uma pessoa muito organizada, e tem locais fixos para guardar os seus
objetos pessoais.
Quando tem dificuldade na visualização das cores, conta sempre com o apoio da esposa.
“Eu sou muito apaparicado”
Como tem dificuldade na perceção dos degraus da escada, necessita de um bom corrimão
para apoio. Necessita de apoio quando desce e sobe escadas.
Na parte da manhã, ele cuida dos vasos que tem na varanda do apartamento. Molha, tira as
folhas mortas, e as ervas daninhas.
Quando utiliza o computador, sente fadiga visual, e por isso necessita sempre da utilização
dos óculos.
Como tem dificuldade em ouvir, usa um aparelho.
Na transição de um ambiente mais claro para um mais escuro, ele tem que esperar um
pouco, para depois entrar/sair. A claridade o incomoda muito, necessitando sempre de óculos
escuros quando vai à rua.
Para as deslocações nos percursos dentro de casa à noite, utiliza uma luz de presença.
As janelas têm sempre “venezianas” e cortinado para o controlo da luz natural.
A insuficiência de luz incomoda-o muito, diz que “dá sono”, sente-se inseguro, utilizando
sempre a luz artificial quando é preciso.

SRA. CFM.
Tem 88 anos, usa óculos, e sofre de Degeneração Macular devido à factor genético. A
degeneração macular tem como característica a perda da visão macular, sendo preservada a visão
periférica.
Sente dificuldade quando precisa colocar a chave na fechadura da porta, mas conta com a
ajuda do marido. E já não consegue ler partituras, o que a impede de tocar piano.
A dificuldade que encontra devido a doença ocular centra-se em muitas vezes em tentar
acender o fogão, que já foi aceso, e quando vai pegar um objeto não vê o que está perto. Essas
situações ocorrem na grande maioria das vezes, quando não tem luz suficiente.
Por isso, depende do marido para auxilia-la.
Não sente dificuldades em se locomover pela casa.
Não sente problema em encontrar os objetos na casa de banho, pois os tem sempre no
mesmo lugar.
Já para encontrar a roupa no roupeiro, sente um pouco de dificuldade, pela insuficiência de
luz naquele sítio.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Só tem dificuldade na identificação das cores dos objetos apenas quando são muito
pequenos.
Sente dificuldades em descer as escadas devido a baixa acuidade visual, necessitando olhar
bem aonde pisa e necessitando de apoio. Utiliza o artifício de contar os degraus quando os desce ou
sobe.
Sente que quando o ambiente é mais iluminado facilita muito mais a visualização, do que
com ambiente mais escuro.
Sente dificuldade de visualizar as imagens na TV. Escuta mais do que vê.
Em relação a fotografias, muitas vezes o marido precisa descrevê-las para facilitar a sua
perceção.
Gosta muito mais do sol, do céu azul.

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10.4_ANEXO 4 – CONSENTIMENTOS
INFORMAÇÃO PARA CONSENTIMENTO NA PARTICIPAÇÃO
NUMA INVESTIGAÇÃO NA ÁREA DO DESIGN DE INTERIORES

“Lighting Design: O significado da luz no Design de interiores e na qualidade


de vida dos idosos”
Grupo de Séniores
É-lhe solicitada a participação num estudo de investigação conduzido por Ana Cristina Lott Daré,
doutoranda da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Esta investigação
integrará a Tese de Doutoramento acima identificada.
Foi seleccionado como possível participante deste estudo pois possui a idade cronológica dos 65 ou
mais anos, e por ter um envelhecimento ativo na sua própria habitação.
Por favor, leia com atenção todo o conteúdo deste documento e não hesite em solicitar mais
informações se não estiver completamente esclarecido(a).
PARTICIPAÇÃO E DESISTÊNCIA
A participação neste estudo é inteiramente voluntária e é de vossa livre vontade participar ou não.
Anuindo à decisão de colaborar neste estudo poderá, todavia, deixar de participar no mesmo em
qualquer altura, dando conhecimento à investigadora dos motivos, sem ter por imposição qualquer
tipo de penalização.
PROPÓSITOS DA INVESTIGAÇÃO
O âmbito do trabalho desta investigação é a observação da habitação e análise da iluminação natural
e artificial e acessibilidade, e a vivência no ambiente e a execução das atividades diárias do
quotidiano.
PROCEDIMENTOS
A participação nesta investigação envolve:
° Preenchimento de um inquérito para se obter informações sobre a visão, e a identificação
das necessidades e dificuldades relativas à vivência do ambiente doméstico com as condições
de iluminação – natural e artificial - existentes;
° Execução de tarefas das atividades do quotidiano, consideradas essenciais para uma vida
autónoma.
Ambas as acções serão realizadas na própria habitação, e terão duração de 1 (um) dia.
Serão utilizados recursos de gravação de imagens em fotografia e/ou vídeo na execução desta tarefa,
exclusivamente como elementos auxiliares da investigação e não como objetos de análise.
OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO
O objetivo último desta investigação consiste na análise crítica e no reconhecimento de parâmetros
relativos à qualidade da luz – natural e artificial – nos espaços habitacionais, no intuito de

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proporcionar uma melhor vivência e interação entre os indivíduos idosos; e entre estes e o ambiente
doméstico.
BENEFÍCIOS POTENCIAIS
Desenvolver e sistematizar os conhecimentos sobre os indivíduos idosos que refletem uma
diversidade que os caracteriza. Nesse sentido, o utilizador será beneficiado por uma melhoria
significativa da sua qualidade de vida, permitindo que as alterações biológicas e psicológicas não
sejam um impedimento para que os anos vividos, com idade avançada, possam ser vividos na sua
habitação em diálogo com as memórias de uma vida.
POTENCIAIS RISCOS
Não estão previstos riscos de qualquer natureza no decorrer da participação neste estudo.
São no entanto considerados alguns inconvenientes que se prendem com o tempo associado ao
desempenho das tarefas acima descritas que podem ser entendidas como longas.
HONORÁRIOS DE PARTICIPAÇÃO
Os participantes deste estudo não receberão qualquer tipo de remuneração.
CONFIDENCIALIDADE E PRIVACIDADE
É assegurado a todos os participantes deste estudo a privacidade e confidencialidade dos dados
obtidos embora venham a fazer parte de um trabalho académico que será lido por outras pessoas,
podendo ser divulgado publicamente.
É igualmente assegurado o anonimato a todos os participantes com atribuição de um código de
identificação.
Havendo o recurso a gravações de imagens em fotografia ou vídeo, a estes documentos terão
eventual acesso outras pessoas que não a investigadora, como técnicos especializados que se
encontram obrigados a sigilo e confidencialidade.
Também é expressamente garantido que serão anulados de todos os documentos e registos obtidos,
através de destruição ou apagamento, logo após o doutoramento da investigadora.
IDENTIFICAÇÃO DO INVESTIGADOR
Para qualquer questão ou esclarebetãorelacionado com esta investigação e/ou sua participação, por
favor sintam-se livres de contactar a investigadora:
Ana Cristina L. Daré
E-mail: dare.ana@gmail.com
Telemóvel: 969167333
Assinatura do utilizador Ana Cristina L. Daré
BI BI 004683
___/___/____ ___/___/____
Nota: todas as páginas devem ser rubricadas por ambas as partes. O utilizador fica com uma cópia
deste consentimento informado.

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10.5_ANEXO 5_INQUÉRITO

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INQUÉRITO
Este questionário é parte integrante da tese de Doutoramento em Design, intitulada Lighting Design: O significado da luz no Design de interiores e na qualidade de vida dos idosos a decorrer
na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.
Esta investigação é realizada pela Mestre Designer Ana Cristina Lott Daré, sob a orientação da Professora Doutora Arquiteta Cristina Caramelo Gomes e Co-Orientação do Engenheiro Vitor
Vajão.
O presente questionário destina-se a população de 65 ou mais anos, independentes, com um envelhecimentoativo, e pretende a identificação das necessidades relativas a vivência no
ambiente doméstico, com as condições existentes de iluminação – natural e elétrica.
O tratamento da informação deste inquérito será feito de uma forma global, pelo que o seu anonimato será assegurado sendo a informação dada usada apenas para efeitos da referida
investigação.

Alguns dados pessoais…


GÊNERO:
Masculino 1
Feminino 2

LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos
IDADE:
60-64 anos 1
65-70 anos 2
71-75 anos 3
76-80 anos 4
81-85 anos 5
86-90 anos 6
90 + 7
DESENVOLVE ATIVIDADE PROFISSIONAL: (escolha uma opção)
a) Sim 1
b) Não 2
(escolha uma opção em cada linha)
SIM NÃO
a) Usa óculos 1 2
b) Tem alguma doença nos olhos que cause uma baixa visão ou um desconforto com a luz 1 2
c) Tem cataratas diagnosticadas pelo médico 1 2
d) Foi operado às cataratas 1 2
295
296

1_Os seguintes itens são sobre atividades que podem ser feitas durante um dia comum. Com a iluminação existente em sua casa, tem dificuldade para executá-las?

LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos
Neste caso, quanto? (escolha uma opção em cada linha)
Dificulta um Não dificulta de
Atividades Dificulta muito
pouco modo algum
a) Entrar em casa 1 2 3
b) Deslocar-se e encontrar os percursos dentro de casa 1 2 3
c) Leitura de um jornal e/ou fazer uma costura 1 2 3
d) Preparação dos alimentos 1 2 3
e) Ver a comida 1 2 3
f) Realização da higiene pessoal na casa de banho como lavar-se, barbear-se, etc. 1 2 3
g)Encontrar roupa no roupeiro 1 2 3
h) Identificação das cores das roupas que irá usar 1 2 3
i) Sente dificuldade em ver os degraus 1 2 3
j) Sente dificuldade em subir e descer escadas 1 2 3
j) Execução das tarefas do dia-a-dia 1 2 3
l) Ver TV ou computador 1 2 3
m) Trabalhar no computador 1 2 3
n) Sair de casa 1 2 3

2_Em geral, você diria em relação a sua audição que… (escolha uma opção em cada linha)
De maneira Moderada-
Um pouco Bastante Não sei informar
alguma mente
a) Sente dificuldade em escutar sons 1 2 3 4 5
b) Sente dificuldade em escutar a voz humana 1 2 3 4 5

3_Sente dificuldade de transição de um ambiente exterior mais claro para um ambiente interior escuro? (por exemplo: corredor que dão acesso de ambientes externos para ambientes
internos)
(escolha uma opção)
a) De alguma maneira 1
b) Um pouco 2
c) Moderadamente 3
d) Bastante 4
e) Extremamente 5
4_Seria mais seguro se fossem evitadas dentro de casa, áreas escuras no meio de áreas claras? (escolha uma opção)
a) De alguma maneira 1
b) Um pouco 2
c) Moderadamente 3
d) Bastante 4
e) Não sei informar 5

5_Quanto a iluminação natural, especialmente a luz do sol, pode-se afirmar que em casa… (escolha uma opção em cada linha)
De forma Ligeira- Moderada- Não sei
Bastante
nenhuma mente mente informar
a)Os cortinados permitem o controlo da luz natural 1 2 3 4 5
b)Os estores permitem o controlo da luz natural 1 2 3 4 5
c)Utiliza a luz natural sempre que possível 1 2 3 4 5

LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos
d) Sente algum desconforto em relação à luminosidade e reflexos da luz natural 1 2 3 4 5

6_Considera que a falta de iluminação afeta a execução das tarefas do dia-a-dia? (escolha uma opção)
a) Sim 1
b) Não 2
c) Não sei informar 3
7_ Se sim, afeta de que maneira? (escolha uma opção)
a) De alguma maneira 1
b) Um pouco 2
c) Moderadamente 3
d) Bastante 4
e) Não sei informar 5
8_Considera que a iluminação altera o seu estado de espírito? (escolha uma opção)
a) De alguma maneira 1
b) Um pouco 2
c) Moderadamente 3
d) Bastante 4
e) Não sei informar 5
297
298

9_Se sim, de que forma é alterado? (escolha uma opção)

LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos
a) Excitação 1
b) Depressão 2
c) Sono, cansaço 3
10_Considera que a alteração do estado de espírito é devido a… (escolha uma opção)
a) Insuficiência de iluminação 1
b) Ausência de iluminação 2
11_Quais os tipos de comandos disponíveis na sua casa? (escolha uma opção em cada linha)
SIM NÃO
a) Interruptores 1 2
b) Reguladores de luz 1 2
c) Detetores de movimento 1 2

12_ O quanto verdadeiro ou falso é para você, cada uma das afirmações abaixo: (escolha uma opção em cada linha)
A maioria das A maioria das Definitiva-
Definitivamen-te
vezes Não sei vezes mente
verdadeiro
verdadeiro Falso Falso
a) Os comandos estão bem posicionados 1 2 3 4 5
b) Se fossem instaladas luzes de baixa intensidade com sensores de presença no
percurso entre a casa de banho e o quarto aumentaria a segurança na 1 2 3 4 5
movimentação durante a noite
c) Se fossem distribuídos vários pontos de luz na cozinha, de modo que as áreas
de trabalho obtivessem luz sem sombras facilitaria o trabalho e reduziria os riscos 1 2 3 4 5
de acidentes
d) Se na sua casa de banho, fossem instalados pontos de luz próximo ao espelho,
considera que facilitaria as atividades como pentear, barbear, ler bulas de 1 2 3 4 5
remédios
e) A utilização de rodapés e ombreiras de cores que contrastem com as paredes e
1 2 3 4 5
com o chão facilitaria na identificação do ambiente
f) A instalação de equipamento que regule a iluminação no ambiente de acordo
1 2 3 4 5
com a tarefa a ser exercida facilitaria a sua execução
g) Considera que se fosse melhorada a iluminação existente em sua casa,
1 2 3 4 5
facilitaria a execução das tarefas no seu dia-a-dia
Muito obrigada pela sua colaboração!

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