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Eletromag sem Medo

Ana de Oliveira Rodrigues

versão 1.5 – 2o. Semestre / 2011

Sumário
1 Introdução 2

2 Produto Escalar, Vetorial e Sistemas de Coordenadas 3

3 Derivadas e Integrais 4

4 Sistemas de Coordenadas 5

5 Lei de Coulomb 6

6 Lei de Gauss 8

7 Lei de Ampére 10

8 Meios Materiais 11

9 Condições de Contorno 13

10 Eletrostática 14

11 Magnetostática 15

12 Quase-Estática 19

13 Eletrodinâmica: Introdução 20

14 Eletrodinâmica: Propagação em Dielétricos 22

15 Eletrodinâmica: Vetor de Poynting 23

16 Eletrodinâmica: Propagação em Bons Condutores 24

17 Eletrodinâmica: Ondas Planas nas Fronteiras 25

18 Eletrodinâmica: Reflexões Múltiplas 28

19 Eletrodinâmica: Incidência Oblı́qua 30

20 Meios dispersivos 32

21 Exercı́cios Propostos 33

22 Lista de Exercı́cios 39

23 Formulário de Eletromagnetismo 42

1
1 Introdução
Prezado aluno,

Gostaria de aproveitar este primeiro contato para tentar contagiá-lo com o grande entusiasmo que eu tenho pelos tópicos
da disciplina que veremos ao longo deste semestre. Sei que você provavelmente já ouviu falar que Eletromagnetismo é
uma disciplina difı́cil, cheia de cálculos mirabolantes, talvez até chata. Mas eu vejo as coisas de outra forma...

O Eletromagnetismo é o fenômeno por trás de algumas das mais incrı́veis realizações da nossa sociedade moderna, como
o motor elétrico, a televisão, o rádio, o telefone celular, o microondas. Grande parte da Engenharia Elétrica, motores,
telefones, transmissão de energia, não existiriam se não fosse o Eletromagnetismo (talvez apenas sinais de fumaça e tam-
bores...). Vou tentar ao máximo trazer este aspecto prático, moderno e dinâmico do Eletromagnetismo para as nossas
aulas, trabalhos e provas.

Nossos livros textos são excelentes. “Elementos de Eletromagnetismo” de M.N.O. Sadiku [2] e “Eletromagnetismo para
Engenheiros” de Clayton R. Paul [1], irão apresentar a vocês não apenas a matemática, mas os fenômenos e a importância
das equações de Maxwell na nossa vida. Começo recomendando um grande livro, de um grande autor: “O Mundo As-
sombrado pelos Demônios: A Ciência Vista como uma Vela no Escuro”, de Carl Sagan [3]. O capı́tulo “Maxwell e os
Nerds” é dedicado ao que veremos neste semestre. É um texto muito interessante (e tem APENAS 4 FORMULAS!) e
vamos discutı́-lo. Compartilho com Carl Sagan a visão entusiasmada e otimista da ciência e do eletromagnetismo. Espero
que tenhamos um semestre rico em experiências e aprendizado.

Ana de Oliveira Rodrigues

Ementa
1. Revisão de Análise Vetorial, Sistemas de Coordenadas e Cálculo Vetorial
2. Campos Elétricos Estáticos
(a) Lei de Coulomb
(b) Lei de Gauss
(c) Potencial Elétrico
3. Propriedades dos Materiais
(a) Capacitância e dielétricos
(b) Resistência e corrente
4. Campos Magnéticos Estáticos
(a) Lei de Biot-Savart
(b) Lei Circuital de Ampère
(c) Densidade de Fluxo
(d) Materiais ferromagnéticos
5. Campos magnéticos e elétricos variando no tempo.
(a) Relação entre a Teoria dos Circuitos e do Campo.
(b) Equações de Maxwell
(c) Introdução às ondas eletromagnéticas
6. Introdução às linhas de transmissão.
7. Guia de ondas - teoria da radiação.

Referências
[1] Clayton R. Paul. Eletromagnetismo para Engenheiros: com aplicações a sistemas digitais e interferência eletro-
magnética. Editora LTC, São Paulo, 2004.
[2] M. N. O. Sadiku. Elementos de Eletromagnetismo. Editora Bookman, Porto Alegre, 2004.
[3] Carl Sagan. O Mundo Assombrado pelos Demônios: A Ciência Vista como uma Vela no Escuro.
2
2 Produto Escalar, Vetorial e Sistemas de Coordenadas
PRODUTO ESCALAR E VETORIAL
~ = Ax âx + Ay ây + Az âz
A ~ = Bx âx + By ây + Bz âz
B
Escalar : âx · âx = 1 âx · ây = 0 âx · âz = 0
~ ~
A · B = Ax Bx + Ay By + Az Bz
Vetorial : âx × âx = 0 âx × ây = âz âx × âz = −ây

âx ây âz
~×B ~ = Ax Ay Az = (Ay Bz − Az By )âx + (Az Bx − Ax Bz )ây + (Ax By − Ay Bx )âz

A
Bx By Bz

EXERCÍCIOS DE PRODUTO ESCALAR E VETORIAL

~·B
Regra: A ~ = Ax Bx + Ay By + Az Bz

~ = Ax âx + Ay ây + Az âz e B


1. A ~ = Bx âx + By ây + Bz âz , daı́: A
~·B
~ =

~ = (2âx + 4âz ), B
2. A ~ = (1âx − 4ây ): A
~·B
~ =

~ = (2âx + 3ây + 4âz ), B


3. A ~ = (1âx − 4ây + 2âz ): A
~·B
~ =

~ = (2âx + 3ây + 4âz ), B


4. A ~ = (1âx − 4ây + 2âz ): 2A
~ · 3B
~ =

~ = (2âx + 3ây + 4âz ),


5. A ~ = (1âx − 4ây + 2âz ): -A
B ~ · 2B
~ =
 
âx ây âz
~×B
Regra: A ~ =  Ax Ay Az  = (Ay .Bz − Az .By )âx + (Az .Bx − Ax .Bz )ây + (Ax .By − Ay .Bx )âz
Bx By Bz

~×B
1. A ~ =

~ = (2âx + 4âz ), B
2. A ~ = (1âx − 4ây ): A
~×B
~ =

~ = (2âx + 3ây + 4âz ), B


3. A ~ = (1âx − 4ây + 2âz ): A
~×B
~ =

~ = (2âx + 3ây + 4âz ), B


4. A ~ = (1âx − 4ây + 2âz ): 2A
~ × 3B
~ =

~ = (2âx + 3ây + 4âz ), B


5. A ~ = (1âx − 4ây + 2âz ): -A
~ × 2B
~ =

3
3 Derivadas e Integrais
DERIVADAS COMUNS

∂a ∂sen (x) ∂ cos(x) ∂xn ∂ ax


=0 = cos(x) = −sen (x) = n.xn−1 e = a.eax
dx ∂x ∂x ∂x ∂x
Referência: http://www.sosmath.com/tables/derivative/derivative.html

INTEGRAIS COMUNS

Z Z Z Z Z
1
adx = ax af (x)dx = a f (x)dx f (ax)dx = f (x)dx
a
un+1
Z Z Z Z
eu du = eu sin(u)du = −cosu cosudu = sinu un du = , (n 6= −1)
n+1

Referência: http://www.sosmath.com/tables/integral/integ1/integ1.html

EXERCÍCIOS DE DERIVADAS E INTEGRAIS

Sendo u e v funções de x e a uma constante, resolva:


RR R R
[f (x) · g(y)]dxdy = f (x)dx · g(y)dy
∂ua
∂u = a · u(a−1) 1.
RR
f (x) · g(y)dxdy =
∂u2
RR 2 3
1. ∂u = 2. x · y dxdy =
RR 4 2
∂u3 3. 2x y dxdy =
2. ∂u =
RRR 2 3 4
3. ∂u−2
= 4. 2x y z dxdydz =
∂u
−3y 2 · 4z 3 dydz =
RR
∂u−3
5.
4. ∂u =
RR RR RR
R 1 [f + g]dxdy = f dxdy + gdxdy
r dr = ln(r) + C
RR
1.
R 1 1. [f + g]dxdy =
x dx =
RR 2
2.
R 1 2. (x + y 3 )dxdy =
y dy =
(2x4 + y 2 )dxdy =
RR
R 10 3.
3. r dr =
(5xy − 8x4 y 3 )dxdy =
RR
R (−10) 4.
4. r dr =
(7y 3 + 8x2 y + 4x2 z)dxdy =
RR
5.
∂a
∂x =0
∂eaz
∂10 ∂z = aeaz
1. ∂x =
∂e8z
∂(−10) 1. ∂z =
2. ∂x =
∂e−8x
∂y 2. ∂x =
3. ∂x =
∂10e8x
∂10y 3. ∂x =
4. ∂x =
∂(−8e−3x )
4. ∂x =

4
4 Sistemas de Coordenadas
COORDENADAS CARTESIANAS (x, y, z)

~ = dxax
dL ˆ + dy ay ˆ + dz az ˆ ~ = dydz ax
dS ˆ + dzdxayˆ + dxdy azˆ dV~ = dxdydz
∂V ∂V ∂V ~ = ∂Ax + ∂Ay + ∂Az
∇V = âx + ây + âz ∇·A
∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z
2 2 2
∂ f ∂ f ∂ f
∇2 f = + 2 + 2 ∇2~v = (∇2 vx )ax
ˆ + (∇2 vy )ay
ˆ + (∇2 vz )az
ˆ
∂x2 ∂y ∂z
     
~ = ∂Az ∂Ay ∂Ax ∂Az ∂Ay ∂Ax
∇×A − ax
ˆ + − ay
ˆ + − az
ˆ
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y

COORDENADAS CILÍNDRICAS (ρ, α, z)

0 ≤ α ≤ 2π dL~ = dρaρ ˆ + ρdαaα ˆ + dz az


ˆ dS~ = ρdαdz aρˆ + dzdρaα ˆ + ρdρdαaz
ˆ
2 2
 
~ 1 ∂ ∂f 1 ∂ f ∂ f
dV = ρdρdαdz ∇2 f = ρ + 2 + 2
ρ ∂ρ ∂ρ ρ ∂α2 ∂z
~ A ρ 2 ∂A α A α 2 ∂Aρ
∇2 A = (∇2 Aρ − 2 − 2 ˆ + (∇2 vα − 2 + 2
)aρ )aαˆ + (∇2 Az )az
ˆ
ρ ρ ∂α ρ ρ ∂α
~ 1 ∂(ρAρ ) 1 ∂Aα ∂Az ∂V 1 ∂V ∂V
∇·A = + + ∇V = âρ + âα + âz
ρ ∂ρ ρ ∂α ∂z ∂ρ ρ ∂α ∂z
     
~ 1 ∂Az ∂Aα ∂Aρ ∂Az 1 ∂(ρAα ) ∂Aρ
∇×A = − aρ
ˆ + − aα
ˆ + − az
ˆ
ρ ∂α ∂z ∂z ∂ρ ρ ∂ρ ∂α

COORDENADAS ESFÉRICAS (r, θ, α)

0 ≤ θ≤π 0 ≤ α ≤ 2π dL~ = drarˆ + rdθaθ ˆ + rsen θdαaα ˆ


~
dS 2
= r sen θdθdαar ˆ
ˆ + rsen θdrdαaθ + rdrdθaα ˆ ~ 2
dV = r sen θdrdθdα
∂V 1 ∂V 1 ∂V
∇V = âr + âθ + âα
∂r  r ∂θ rsen θ ∂α
∂2f

2 1 ∂ 2 ∂f 1 ∂ ∂f 1
∇ f = r + sen θ +
r2 ∂r ∂r r2 sen θ ∂θ ∂θ r2 sen 2 θ ∂α2
~ = (∇2 Ar − 2Ar − 2Aθ cos θ − 2 ∂Aθ −
∇2 A
2 ∂Aθ
)ar
ˆ +
r2 r2 sen θ r2 ∂θ r2 sen θ ∂θ
Aθ 2 ∂Ar 2 cos θ ∂Aα ˆ
+(∇2 Aθ − 2 + − 2 )aθ +
r sen 2 θ r2 ∂θ r sen 2 θ ∂α
Aα 2 ∂Ar 2 cos θ ∂Aθ
+(∇2 Aα − 2 + + 2 )aα
ˆ
r sen 2 θ r2 sen 2 θ ∂α r sen 2 θ ∂α
2
∇·A ~ = 1 ∂(r Ar ) + 1 ∂(Aθ sen θ) + 1 ∂Aα
r 2 ∂r rsen θ ∂θ
   rsen θ ∂α   
~ = 1 ∂A α sen θ ∂A θ 1 ∂Ar 1 ∂(rAα ) ˆ 1 ∂(rAθ ) ∂Ar
∇×A − ar
ˆ + − aθ + − aα
ˆ
rsen θ ∂θ ∂α rsen θ ∂α r ∂r r ∂r ∂θ

5
5 Lei de Coulomb

Charles Coulomb (cientista francês) descobriu que a equação que descrevia a


Força entre duas cargas era semelhante á equação que descrevia a força da
gravidade:
M1 .M2 Q1 .Q2
GRAVIDADE: F = k [N ] CARGAS: F = k [N ]
R2 R2

onde: Q é a carga [C], R é a distância entre as cargas e k é uma constante que depende do meio. No caso de duas cargas
no vácuo, k = 1/(4.π.ε0 ), onde ε0 = 8, 854.10−12 [F/m].
A direção desta força será no sentido do vetor que mede a distância entre as cargas, ou seja:

Q1 .Q2 ~
R
F~ = k [N ]aˆR aˆR =
R2 |R|

Exercı́cio 1 Suponha uma carga Q1 = 3.10−4 C no ponto (1,2,3) e uma carga Q2 = −10−4 C no ponto (2,0,5). a) Qual
a força de Q1 em Q2 ? b) Qual a força de Q2 em Q1 ?

Resposta :
~ 12
a) R = P~2 − P~1 = (2âx + 0ây + 5âz ) − (1âx + 2ây + 3âz ) = 1âx − 2ây + 2âz
p √ ~
R 1âx − 2ây + 2âz
|R| = 12 + (−2)2 + 22 = 9 = 3 aˆR = =
|R| 3
−4 −4
1 Q1 .Q 2 1 3.10 . − 10 1âx − 2ây + 2âz
F~12 = . 2
.aˆR = . 2
. = (−10âx + 20ây − 20âz )[N ]
4.π.ε0 R 4.π.ε0 3 3
b) F~21 = −F~12 = (10âx − 20ây + 20âz )[N ]

Supondo que queremos saber a “influência” que a carga Q1 exerce no meio, independentemente da carga Q2, podemos
dividir a força por Q2. Fazendo isto, obtemos o CAMPO ELÉTRICO da carga Q1:

F~ ~ = 1 Q aˆR [V /m]
=E
Q2 4πε0 R2

OBS: a unidade V/m é obtida através de : V = J/C = N.m/C

Exercı́cio 2 Suponha três cargas de 3nC nos pontos P1(1,1,0), P2(-1,1,0) e P3(-1,-1,0). Calcule o campo elétrico total
no ponto P(1,1,1).

Resposta :
~1
R = P~ − P~1 = (1âx + 1ây + 1âz ) − (1âx + 1ây + 0âz ) = 0âx + 0ây + 1âz = 1âz
p √ R~1 âz
|R1 | = 02 + 02 + 12 = 1 = 1 aR1
ˆ = = = 1âz
|R1 | 1
~1 = 1 Q1 1 3.10−9 1âz
E . 2 .aR1
ˆ = . . = (27âz )[V /m]
4.π.ε0 R1 4.π.ε0 12 1
E~ 2 = (4, 82âx + 2, 41âz )[V /m] ~ 3 = (2âx + 2ây + 1âz )[V /m]
E
~T = E
E ~1 + E~2 + E~ 3 = (6, 82âx + 2ây + 30, 4âz )[V /m]

Distribuições de Carga Supondo que, ao invés de uma carga puntual Q temos uma distribuição de cargas ρ, podemos
calcular a carga total QT utilizando integrais:
Z
QT = ρL dL onde ρL é a distribuição LINEAR de cargas [C/m]
L
Z Z
QT = ρS dS onde ρS é a distribuição SUPERFICIAL de cargas [C/m2 ]
S
Z Z Z
QT = ρV dV onde ρV é a distribuição VOLUMÉTRICA de cargas [C/m3 ]
V

6
Exercı́cio 3 Calcule a carga total contida em: a) um cubo de lado 1,5m com ρv = 3x[C/m3 ]; b) um cubo de lado 1,5m
com ρs = 2[C/m2 ]; c) um cilindro de raio 2cm e altura 3cm com ρv = 3z[C/m3 ]; d) um cilindro de raio 2cm e altura 3cm
com ρs = 4[C/m2 ]; e) uma esfera de raio 2m com ρv = 3r2 [C/m3 ]; f) uma esfera de raio 2m com ρs = 12r[C/m2 ]; g)
uma linha de cargas no eixo x de x=3m a x=12m com ρL = 0, 2[C/m].
OBS: consulte o formulário de Sistemas de Coordenadas para fazer este exercı́cio.

Campo Elétrico de Uma Distribuição de Cargas Voltando ao campo elétrico, temos então que:
Z Z Z Z Z Z
~ Q ρL dL ρS dS ρV dV
E= aˆR = aˆ =
2 R
aˆ =
2 R
aˆ [V /m]
2 R
4πε0 R2 L 4πε 0 R S 4πε 0 R V 4πε 0R

Campo Elétrico de Uma Linha de Cargas Utilizando as definições anteriores, calcularemos o campo elétrico de
uma linha de cargas.
Observando a simetria do problema, nota-se que o campo terá as
~ = Eρ aˆρ , Eθ = 0 e Ez = 0.
componentes: E
Z
~ = ρL dL
E aˆ
2 R
dL = dz ρL = constante
L 4πε 0R

~ = ρaˆρ − zâz
p ρaˆρ − zâz
R |R| = ρ2 + (−z)2 aˆR = p
ρ2 + (−z)2
Z +∞
ρ dz ρaˆρ − zâz
~ =
E p L ·p
2 2 2 ρ2 + (−z)2
−∞ 4πε0 ( ρ + (−z) )

Eliminando o termo na direção âz por causa da simetria e reti-


rando as constantes para fora da integral:
Z +∞
E~ = ρL .ρ dz aˆρ
=
ρL .ρ 1
· 2·p
z aˆρ
|+∞
2 2 3/2 −∞
4πε0 −∞ (ρ + z ) 4πε0 ρ ρ2 + z 2
z +∞ −∞
OBS: p |+∞
−∞ = p −p = 1 − (−1) = 2
2
ρ +z 2 (+∞) 2 (−∞)2

E~ = ρL .ρ · 1 · 2aˆρ ⇒ E ~ = ρL aˆρ [V /m]


4πε0 ρ 2 2πε0 ρ
Nota-se que o campo de uma linha de cargas decai linearmente com o raio, diferentemente do caso do campo da carga
puntual, que decai com o quadrado do raio.

Exercı́cio 4 Calcule o valor e a direção do campo elétrico:


a) no ponto (x, y, z) se há uma linha de cargas em x=6 e y=8 paralela ao eixo z

b) no ponto (1,0,0) se há uma linha de cargas no eixo z com ρL = 0, 2µC/m


c) no ponto (0,1,2) se há uma linha de cargas no eixo x com ρL = 0, 4pC/m

Solução :

~ ρL ~ = (x − 6)âx + (y − 8)ây
p (x − 6)âx + (y − 8)ây
a) E = aˆρ R |R| = (x − 6)2 + (y − 8)2 aˆρ = p
2πε0 ρ (x − 6)2 + (y − 8)2
~ ρL (x − 6)âx + (y − 8)ây ρL [(x − 6)âx + (y − 8)ây ]
E = =
2πε0 [(x − 6)2 + (y − 8)2 ]
p p
2πε0 (x − 6)2 + (y − 8)2 (x − 6)2 + (y − 8)2
ρL √ 1âx
~
b) E = aˆρ ~ = (1 − 0)âx + (0 − 0)ây + (0 − 0)âz = 1âx
R |R| = 12 = 1 aˆρ = = âx
2πε0 ρ 1
~ 0, 2.10−6
E = âx = 3.595âx [V /m]
2πε0 .1
ρL p √
~
c) E = aˆρ ~ = (0 − 0)âx + (1 − 0)ây + (2 − 0)âz = 1ây + 2âz
R |R| = 12 + 22 = 5
2πε0 ρ
−12
1ây + 2âz ~ = 0, 4.10√ 1ây√ + 2âz
aˆρ = √ E = 1, 44.10−3 ây + 2, 88.10−3 âz [V /m] = 1, 44ây + 2, 88âz [mV /m]
5 2πε0 . 5 5

7
6 Lei de Gauss
Duas esferas carregadas dispostas concentricamente:
~ = densidade de fluxo elétrico [C/m2 ]
D
Área da Superfı́cie da Esfera = 4.π.a2 [m2 ]
Carga na Esfera Interna = +Q [C]

~ Q ~ r=a = +Q aˆr ~ r=b = +Q aˆr


D = ⇒ D| D|
A 4.π.a2 4.π.b2
~ Q
D = aˆr [C/m2 ]
4.π.r2

Nota-se que D~ não depende do meio, apenas das dimensões fı́sicas


e do valor da carga acumulada.

Exercı́cio 1 ~ no ponto (3,-4,5) causado por uma carga puntual de 0,2µC na origem.
Determine o módulo de D

Solução :
p √
~r = P~ − O
~ = (3âx − 4ây + 5âz ) − (0âx + 0ây + 0âz ) = 3âx − 4ây + 5âz |~r| = 32 + 42 + 52 = 50
−6
~ Q 0, 2.10 3âx − 4ây + 5âz
D = aˆr = √ √ = (135âx − 180ây + 225âz ).10−12 C/m2
4.π.r2 4.π.( 50)2 50
~ =
p
|D| 1352 + (−180)2 + 2252 = 318, 31pC/m2

~ com o obtido anteriormente para E,


Comparando o resultado obtido para a carga puntual de D ~ podemos notar que:

~ = Q ~ = Q ~ = ε0 E
~
E aˆr D aˆr ⇒ D
4πε0 r2 4πr2

~ = ε0 E,
Exercı́cio 2 Utilizando a relação D ~ determine o valor de D
~ no ponto (3,-4,5) causado por uma linha de cargas
sobre o eixo z com ρL = 30nC/m.

Solução :
p √
ρ
~ = P~ − L
~ = (3âx − 4ây + 5âz ) − (0âx + 0ây + 5âz ) = 3âx − 4ây ρ= 32 + 42 = 25 = 5
−9
~
D ~ = ε0 ρL aˆρ = ρL aˆρ = 30.10 3âx − 4ây = (573âx − 764ây ).10−12 C/m2
= ε0 E
2πε0 ρ 2πρ 2π5 5

~ é obtido dividindo a carga pela área, podemos fazer o racicı́nio contrário para descobrir a carga
Sabendo que o valor de D
~
total a partir do D:
Z
~ = Q ⇒ D.A
D ~ =Q⇒ ~ · dS
D ~=Q
A S

Se, ao invés de uma única carga tivermos uma distribuição volumétrica de cargas ρv , podemos subtituir, obtendo a Forma
Integral da Lei de Gauss:
Z Z Z Z Z Z Z
Q = ρv dV ⇒ ~ · dS
D ~= ρv dV
v S v

Utilizando o teorema da Divergência, obtemos a Forma Diferencial da Lei de Gauss:


Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z
~ ~
A · dS = ~
∇ · AdV ⇒ ~
∇ · DdV = ~ = ρV
ρv dV ⇒ ∇ · D
S V V v

Esta também é chamada de PRIMEIRA EQUAÇÃO DE MAXWELL.

8
Exercı́cio 3 Calcule a densidade volumétrica de cargas que gera a densidade de fluxo elétrico:
2 2
~ = 4xy âx + 2x ây + 2x y âz [C/m2 ]
D
z z z 2

Resposta :

∂ 2x2 ∂ 2x2 y 4y 4x2 y


 
~ ∂ 4xy 4y −2 4y
∇·D = ρv ⇒ ρv = ( )+ ( )+ ( )= + 2x2 y. = − 3 = 3 .(z 2 − x2 )[C/m3 ]
∂x z ∂y z ∂z z 2 z z3 z z z

~ = (2xyâx +x2 ây )C/m2


Exercı́cio 4 Utilizando as duas formas da Lei de Gauss, calcule o valor da carga total que gera D
em um paralelepı́pedo que é formado pelos planos x=0, x=1, y=0, y=2, z=0 e z=3.

Resposta :

~ · dS
~ = Qt
RR
a) Forma Integral: S
D
Lado D ~ ~
dS ~ · dS
D ~
x=0 0 dydz (−âx ) 0 =0
x = 1 2yâx + ây dydz (âx ) 2ydydz
z }| {
Z 3 Z 2 Z 3 Z 1 Z 3 Z 1
y = 0 x2 ây dxdz (−ây ) −x2 dxdz Qt = 2ydydz − x2 dxdz + x2 dxdz
y = 2 4xâx + x2 ây dxdz (ây ) x2 dxdz 0 0 0 0 0 0

z = 0 2xyâx + x2 ây dxdy (−âz ) 0 2y 2 2 3


= | .z| = 4.3 = 12[C]
z = 3 2xyâx + x2 ây dxdy (âz ) 0 2 0 0
~ = ρv e Qt
RRR
b) Forma Diferencial: ∇ · D = ρ dV
V v

~ ∂(2xy) ∂(x2 )
∇·D = + = 2y
∂x ∂y
Z 3Z 2Z 1
2y 2 2 3
Qt = 2y.dx.dy.dz = x|10 . | .z| = 1.4.3 = 12[C]
0 0 0 2 0 0

~ = ( 4r2 )âr C/m2 em


Exercı́cio 5 Utilizando as duas formas da Lei de Gauss, calcule o valor da carga total que gera D sin θ
uma esfera de raio 2m.

Resposta : 128.π 2 C

~ = (3ρ2 z 3 )âz C/m2


Exercı́cio 6 Utilizando as duas formas da Lei de Gauss, calcule o valor da carga total que gera D
em um cilindro com raio igual à 50cm e altura igual à 10cm.

Resposta : 294.5.10−9 C

9
7 Lei de Ampére
Supondo uma corrente linear constante que flui ao longo do eixo
z, o campo magnético em um ponto P qualquer é dado por:

~ = 1 I aˆα [A/m]
H
2π ρ
Assim, podemos definir os análogos em fórmula:

~ = 1 I aˆα [A/m] ⇒ D
H ~ = 1 ρL
aˆR [C/m2 ]
2π ρ 2π r
~ = µ I aˆα [W b/m2 ] ⇒ E
B ~ = 1 ρL
aˆR [V /m]
2π ρ 2πε r

Por este motivo, os fı́sicos chamam B ~ de campo magnético. Do ponto de vista de unidades, entretanto, as unidades de
~ /m] e H[A/m]
E[V ~ são muito mais significativas. Assim, na engenharia, chamamos H ~ de campo magnético [A/m] e B
~ de
2 ~ ~
vetor indução magnética [W b/m ]. Temos que B = µH, onde µ é a permeabilidade magnética do meio [H/m]. No vácuo,
µ = µ0 = 4π.10−7 [H/m].
Sabendo-se que H é a corrente dividida por um contorno (A/m), podemos calcular a corrente através de:
Z  Z Z 
~ = I ⇒ H.C
H ~ =I⇒ H~ · dL
~ =I Compare com: ~ · dS
D ~=Q
C C S
~ 2 ~ ~ teremos a Forma Integral da Lei
RR
Se tivermos uma distribuição superficial de corrente J[A/m ], tal que I = S
J · dS,
de Ampère (incompleta):
Z Z Z  Z Z Z Z Z 
~ ~
H · dL = ~ ~
J · dS Compare com: ~ ~
D · dS = ρv dV
C S S v

Utilizando o teorema de Stokes do Rotacional, obtemos a Forma Diferencial da Lei de Ampère (incompleta):
Z Z Z Z Z Z Z
~ ~
A · dL = ~ ~
(∇ × A) · dS ⇒ ~ ~
(∇ × H) · dS = J~ · dS
~ ⇒∇×H ~ = J~
C S S S

A Lei de Ampère Completa :


Utilizando-se o artifı́cio matemático de aplicar o divergente (∇·) aos dois lados
desta equação, obtemos que a corrente deve sempre percorrer um caminho
fechado, ou seja, é rotacional.
~ = ∇ · J~
∇ · (∇ × H) ⇒ 0 = ∇ · J~

Este resultado é verdade para qualquer fio percorrendo uma corrente (toda
corrente que entra no fio, sai do fio).
Entretanto, quando observamos um capacitor, podemos perceber que a corrente
I que entra dentro do contorno C não sai dele. Logo ∇ · J~ 6= 0!!!

Exercı́cio 1 Calcule a densidade superficial de corrente J~s que gera: a) H


~ = x2 yây [A/m] (Resposta: J~ = 2xyâz [A/m2 ]);
~ 2 2 ~
b) H = ρ cos αaˆρ + z aˆα [A/m] (Resposta: J = −2z aˆρ + 1/ρ.(z + ρ sen α)âz [A/m2 ])
2 2

Para tornar a Lei de Ampère completa, é necessário levar em conta que só haverá corrente no capacitor se este estiver
carregando ou descarregando, ou seja, se estiver havendo variação no tempo na carga acumulada no capacitor (∂Q/∂t).
Esta variação na carga gera uma variação no campo elétrico produzido por esta carga (∂E/∂t), dependendo do meio (ε),
ou seja, gera uma variação na densidade de fluxo elétrico D.~ Levando-se isto em conta tem-se a SEGUNDA LEI DE
MAXWELL:
~ ~
∇×H ~ = J~ + ∂ D = J~ + ∂εE
∂t ∂t

As Quatro Equações de Maxwell A partir das duas primeiras equações, utilizando os conceitos de simetria (análogos)
discutidos e o fato de que não existe nem carga nem corrente magnética, temos as Quatro Equações de Maxwell :
∇·D ~ = ρV ⇒ ∇·B ~ =0
~ ~
~ = J~ + ∂ D
∇×H ⇒ ~ = − ∂B
∇×E
∂t ∂t
10
8 Meios Materiais
Tipos de Meios
Até agora temos estudado vários métodos de cálculo de campos, onde estes campos estavam no espaço vazio (ar, vácuo).
Embora este seja um caso importante e extremamente útil, nem sempre é assim. Campos elétricos e magnéticos podem
estar presentes em outros materiais, como água do mar, vidro, e até mesmo tecidos do corpo humano.

Existem milhares de materiais no universo. Cada um deles tem caracterı́sticas especı́ficas, como cor, densidade, orga-
nização atômica, constante de transferência de calor, viscosidade, transparência, cheiro, gosto, entre muitas outras. Cada
pessoa observa estes materiais sob a sua ótica. Viscosidade e densidade são importantes para um engenheiro civil; cons-
tante de transferência de calor e organização atômica para um fı́sico; cor, cheiro e gosto para a minha filha de 7 meses,
que põe tudo na boca. Para nós, engenheiros eletricistas e de telecomunicações, o que interessa são as propriedades
eletromagnéticas dos meios.

Classificação baseada nas propriedades eletromagnéticas dos meios


Todos os materiais apresentam valores para estas propriedades, mas iremos classificá-los de acordo com qual delas é mais
importante:

Condutores σ = condutividade elétrica [S/m] = No caso dos materiais condutores, a condutividade deve ser muito
alta (σ >>> 0). Esta caracterı́stica deriva do fato de que estes materiais possuem muitos elétrons livres, que, na presença
de campos, se organizam em correntes dentro do material.

Dielétricos ε = permissividade elétrica [F/m] = Materiais dielétricos, ao contrário, não apresentam nenhum elétron
livre (dielétrico sem perdas) ou apresentam pouquı́ssimos elétrons livres (dielétricos com perdas), o que impede a formação
destas correntes. No caso dos materiais dielétricos com perdas, a condutividade é diferente de zero (pele humana, por
exemplo, que tem σ = 0, 65), mas ainda é muito pequena.

Magnéticos µ = permeabilidade magnética [H/m] = No caso dos materiais magnéticos, eles são divididos em dia-
magnéticos (µ ≤ µ0 ), paramagnéticos (µ ≥ µ0 ) e ferromagnéticos (µ >>>> µ0 ). Apenas os ferromagnéticos são
de nosso interesse no momento, já que os diamagnéticos e paramagnéticos em geral tem outra caracterı́stica principal. A
madeira, por exemplo, é diamagnética (µ = 0, 9999995µ0 ), mas suas propriedades dielétricas são muito mais importantes
(ε = 1, 5ε0 a 4ε0 ). Já o alumı́nio é paramagnético (µ = 1, 00000065µ0 ), mas suas propriedades condutoras são muito mais
importantes (σ = 3, 82.107 [S/m]).

Semi-condutores Um outro tipo de material do qual não falamos ainda são os semi-condutores, como o silı́cio. Este
é um material extremamente importante para nós, porque com ele fazemos transistores, diodos e microprocessadores. A
principal caracterı́stica dos semicondutores é que o valor das suas propriedades mudam quando aplicamos corrente à eles.
De material não-condutor (dielétrico), eles se tornam condutores, funcionando como chaves1 .

Para facilitar a comparação com o vácuo, dividiremos os valores do ε e do µ pelos valores de ε0 e µ0 , obtendo valores
relativos ao do vácuo: εR e µR . Vejamos alguns exemplos na Tabela 1 (observe que embora a ferrita tenha valores
diferentes do vácuo de εR e σ, o valor de µR é muito mais significativo).

Classificação baseada na estrutura fı́sica dos meios


Além da classificação pelas propriedades, podemos avaliar como o meio está organizado:
• Com relação à quantidade de materiais:
– Homogêneo = o material é o mesmo em todo o meio (ex: copo com água)
– Heterogêneo = o material não é o mesmo em todo o meio (ex: copo com água e azeite)

• Com relação à direção:


– Isotrópico = o material se comporta igual em todas as direções (ex: vidro comum)
– Anisotrópico = o material não se comporta igual em todas as direções (ex: vidro que só deixa ver em um
sentido)

• Com relação à outras variáveis:


1 Para mais informações, acesse http://pt.wikipedia.org/wiki/Semicondutor
11
Tabela 1: Propriedades e Classificação de Materiais Comuns
Material εR µR σ Classificação
Ar 1 1 0 Dielétrico
Vidro Pirex 4 1 0 Dielétrico
Polietileno (Plástico) 2,5 1 0 Dielétrico
Madeira 1,5 a 4 0,99999950 0 Dielétrico
Água destilada 80 1 0 Dielétrico
Pele Humana 40 1 0,65 Dielétrico com Perdas
Cérebro 42 1 1,29 Dielétrico com Perdas
Água do mar 1 1 5 Condutor
Ouro 1 1 4, 1.107 Condutor
Cobre 1 1 5, 8.107 Condutor
Prata 1 0,99999981 6, 17.107 Condutor
Alumı́nio 1 1,00000065 3, 82.107 Condutor
Ferro 1 60 1, 03.107 Ferromagnético
Limalha de Ferro 1 100 1, 03.107 Ferromagnético
Ferrita 12,4 1000 100 Ferromagnético
Ferro Silı́cio 12,4 3500 100 Ferromagnético
Silı́cio 1 ou 11,8 1 0 ou 2300 Semicondutor
Germânio 16 1 0, 22.107 Semicondutor

– Linear = as caracterı́sticas do material variam linearmente (ex: em um resistor, quando a tensão aumenta, a
corrente aumenta linearmente)
– Não-linear = as caracterı́sticas do material não variam linearmente (ex: quando você estica uma borracha, o
tamanho que ela fica não é linear com a força, no começo precisa fazer pouca força para esticar muito, no final
precisa fazer muita força para esticar pouco)

Conceitos sobre Meios


Alguns conceitos são importantes na classificação de um meio eletromagnético são 2 .:
1. Rigidez Dielétrica: A rigidez dielétrica de um certo material é um valor limite de tensão aplicada sobre a es-
pessura do material (kV/mm), sendo que, a partir deste valor, os átomos que compõem o material se ionizam e o
material dielétrico deixa de funcionar como um isolante. Por exemplo, a rigidez dielétrica do ar é de 30kV/cm, ou
seja, um centı́metro de ar pode suportar um campo elétrico de até 30.000V/m antes de se tornar condutor.

2. Histerese Magnética: A histerese é a tendência de um mate-


rial ou sistema conservar suas propriedades na ausência de um
estı́mulo que as gerou. Quando o campo magnético aplicado em
um material for aumentado até a saturação e em seguida for di-
minuı́do, a densidade de fluxo B não diminui tão rapidamente
quanto o campo H.
Aumentando-se mais ainda o campo o material fica novamente
saturado, com a polaridade inicial. Este fenômeno que causa o
atraso entre densidade de fluxo e campo magnético é chamado de
histerese magnética, enquanto que o ciclo traçado pela curva de
magnetização é chamado de ciclo de histerese.
3. Capacitância
4. Resistência

2 Referência: “Rigidez dielétrica” e “Histerese”- Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponı́vel em http://pt.wikipedia.org


12
9 Condições de Contorno
Campo Elétrico Campo Magnético
Começando da Lei de Gauss: Começando da Lei de Ampere Incompleta:
Z Z Z Z Z Z Z Z
~
D·S =~ ρv dV = Qt ~
H ·l = Js dS = I
S v C S

No cilindro: No caminho retangular:


Z Z Z Z Z Z Z
~1 ·S
D ~1 + ~2 ·S
D ~2 + ~
H1 · l 1 + ~
H2 · l2 + ~ 3 · l3 +
H
S1 S2 L1 L2 L3
Z Z Z
+ D~lat · dS~lat = Qt + ~ 4 · l4 = I
H
Slat L4

D~lat · dS~lat = 0:
RR
Como Slat ⇒ 0, ~ 3 · l3 e ~ · l4 ⇒ 0:
R R
Slat Como L3 e L4 ⇒ 0, L3 H H
L4 4
Z Z Z Z Z Z
~ ~
D1 · S1 + D~2 ·S
~2 = Qt H~ 1 · l1 + ~ 2 · l2 = I
H
S1 S2 L1 L2

~ 1 for constante em S1 e D
Se D ~ 2 for constante em S2 : ~ 1 for constante em L1 e H
Se H ~ 2 for constante em L2 :
Z Z Z Z Z Z
~1 ·
D ~1 + D
S ~2 · S~2 = Qt ~
H1 · ~
l1 + H2 · l2 = I
S1 S2 L1 L2

~ em relação à normal (n̂):


Calculando os S Calculando os l em relação à tangencial (t̂):
~ 1 · S1 (−n̂) + D
D ~ 2 · S2 (+n̂) = Qt ~ 1 · L1 (−t̂) + H
H ~ 2 · L2 (+t̂) = I

Como a carga está distribuı́da apenas na superfı́cie S: Como a corrente está distribuı́da apenas na linha L:
Z Z Z Z Z Z
Qt = ρs .dS = q.dS = q.S I= Jl .dL = i.dL = i.L
S S L L
~ 1 · S1 (−n̂) + D
D ~ 2 · S2 (+n̂) = q.S ~ 1 · L1 (−t̂) + H
H ~ 2 · L2 (+t̂) = i.L

Como S1 = S2 = S, podemos simplificar os dois lados: Como L1 = L2 = L, podemos simplificar os dois lados:
~ 1 · (−n̂) + D
D ~ 2 · (+n̂) = q ~ 1 · (−t̂) + H
H ~ 2 · (+t̂) = i
~2 −D
n̂ · (D ~ 1) = q n̂ × (H~2 − H ~ 1) = i

A componente de D ~ na direção normal é Dn : A componente de H ~ na direção tangencial é Ht :


D2n − D1n = q H2t − H1t = i
~ com B:
Por analogia de D ~ ~ com E:
Por analogia de H ~
B2n − B1n = 0 E2t − E1t = 0

13
10 Eletrostática
Definição de Eletrostática A Eletrostática representa as situações onde há apenas campo elétrico (Eletro) que não
varia no tempo (estática).

Começando das Equações de Maxwell completas:


~
∂D ~
~ ×H
∇ ~ = J~s + ∇ ~ = − ∂B
~ ×E ~ ·B
∇ ~ =0 ~ ·D
∇ ~ = ρv
∂t ∂t
~ = εE
Aplicando as Equações Constitutivas D ~ eB
~ = µH,
~ para meios isotrópicos, homogêneos e lineares, temos:

~
∂εE ~
~ ×H
∇ ~ = J~s + ∇ ~ = − ∂µH
~ ×E ~ · µH
∇ ~ =0 ~ · εE
∇ ~ = ρv
∂t ∂t
Temos então quatro opções:
1. Se fizermos ∂/∂t = 0, J~s = 0 e ρv = 0, ⇒ E
~ =0eH
~ = 0 ⇒ Solução TRIVIAL (inútil)

2. Se fizermos ∂/∂t = 0, J~s = 0 e ρv 6= 0, ⇒ E


~ 6= 0 e H
~ = 0 ⇒ Eletrostática (este capı́tulo)

3. Se fizermos ∂/∂t = 0, J~s = ~ =0eH


6 0 e ρv = 0, ⇒ E ~ =
6 0 ⇒ Magnetostática (próximo capı́tulo)
~ 6= 0 e H
4. Se fizermos ∂/∂t 6= 0, ⇒ E ~ =
6 0 ⇒ Eletrodinâmica (a seguir)
Temos, então, na Eletrostática:

~ ×H
∇ ~ = 0 ~ ×E
∇ ~ =0 ~ · µH
∇ ~ =0 ~ = ρv
~ ·E

ε
Ou seja:
~ pois ∇
• Não há campo magnético H, ~ ×H
~ =0e∇
~ ×H
~ =0
~ tem natureza divergente, gerada por uma distribuição volumétrica de cargas ρv .
• O campo elétrico E

Potencial Escalar Eletrostático O Potencial Escalar Eletrostático (φ ou V ), é definido como: E ~ = −∇V


~
~
Podemos observar o comportamento deste potencial no caso do capacitor, onde o campo elétrico E é gerado pela diferença
do potencial escalar V no espaço (gradiente = ∇).
 
~ = −∇V
~ =− ∂ ∂ ∂
E V âx + V ây + V âz
∂x ∂y ∂z

Supondo +V = 3V , −V = −2V e ∆x = 2cm, teremos:


 
E~ = − ∂ V âx + ∂ 0ây + ∂ 0âz = − ∆V âx = − +3V − (−2V ) âx
∂x ∂y ∂z ∆x 2cm
5V
=− âx = 250(−âx )[V /m]
2.10−2 m

Caracterı́sticas do Campo Eletrostático O campo eletrostático apresenta as seguintes caracterı́sticas:


~ ×E
a) ∇ ~ = 0 ⇒ O campo eletrostático é irrotacional (divergente)

~ = −∇V
b) E ~ ⇒ O campo eletrostático é potencial (depende de variação)

Exercı́cios:
~ Resposta: E
1. Dado V = (4x2 − 3xy 3 )[V ], calcule o valor de E. ~ = (−8x + 3y 3 )âx + 9xy 2 ây [V /m]

2. Dado V = ( 10 2 ~ ~ 2
ρ + cos(α) + z )[V ], calcule o valor de E. Resposta: E = (10/ρ )aˆρ + (sin α/ρ)aˆα − 2zâz [V /m]

3. O potencial escalar eletrostático de uma distribuição constante de cargas ρs sobre a superfı́cie de uma esfera de raio
a é dada por: V = φ = (ρs a2 )/(εr)[V ]. Calcule o valor de E.~ Resposta: E ~ = (ρs a2 )/(εr2 )aˆr [V /m]

4. Usando a resposta do exercı́cio anterior calcule o valor do campo Elétrico a 10cm da esfera, se o raio da esfera é de
4cm, está no ar e tem ρs = 2n[C/m2 ]. Resposta: E ~ = 36, 14aˆρ [V /m]
14
11 Magnetostática
Definição de Magnetostática :

A Magnetostática representa as situações onde há apenas campo magnético (Magneto) que não varia no tempo (estática).

Começando das Equações de Maxwell completas:


~
∂D ~
~ ×H
∇ ~ = J~s + ∇ ~ = − ∂B
~ ×E ~ ·B
∇ ~ =0 ~ ·D
∇ ~ = ρv
∂t ∂t
~ = εE
Aplicando as Equações Constitutivas D ~ eB
~ = µH,
~ para meios isotrópicos, homogêneos e lineares, temos:

~
∂εE ~
~ ×H
∇ ~ = J~s + ∇ ~ = − ∂µH
~ ×E ~ · µH
∇ ~ =0 ~ · εE
∇ ~ = ρv
∂t ∂t
Temos então quatro opções:
• Se fizermos ∂/∂t = 0, J~s = 0 e ρv = 0, ⇒ E
~ =0eH
~ = 0 ⇒ Solução TRIVIAL (inútil)

• Se fizermos ∂/∂t = 0, J~s = 0 e ρv 6= 0, ⇒ E


~ 6= 0 e H
~ = 0 ⇒ Eletrostática (capı́tulo anterior)

• Se fizermos ∂/∂t = 0, J~s = ~ =0eH


6 0 e ρv = 0, ⇒ E ~ =
6 0 ⇒ Magnetostática (este capı́tulo)
~ 6= 0 e H
• Se fizermos ∂/∂t 6= 0, ⇒ E ~ 6= 0 ⇒ Eletrodinâmica (a seguir)

Temos, então, na Magnetostática:


~ ×H
∇ ~ = Js ~ ×E
∇ ~ =0 ~ · µH
∇ ~ =0 ~ ·E
∇ ~ =0

Ou seja:
~ pois ∇
1. Não há campo elétrico E, ~ ×E
~ =0e∇
~ ·E
~ =0

2. O campo magnético H ~ tem natureza rotacional, gerada por


uma distribuição de superficial de corrente J~s .

Fontes de Campo Magnético :


1. imã permanente ⇒ campo estacionário não é descrito pelas Equações de Maxwell
~
2. campo elétrico variando no tempo (∂ E/∂t) ou corrente alternada ⇒ Eletrodinâmica
3. corrente contı́nua ⇒ MAGNETOSTÁTICA

Lei de Biot-Savart :
Compare com:
~
IdL dQ
~ =
dH × aˆR [A/m] ~ =
dE · aˆR [V /m]
4π|R|2 4πε0 |R|2

OBS: é impossı́vel verificar esta lei experimentalmente, pois o elemento diferencial de corrente não pode ser isolado, i.e.,
não podemos separar um pedacinho de corrente.

J~s · dS
~ (a corrente total é a soma de todas as contribuições de corrente).
RR
Define-se então: I = s

~ · dS
~= ~ (∇ · J~s dV
RR RRR RRR
Usando o Teorema da Divergência: S
A v
(∇ · A)dV , temos: I = v

Como a definição de corrente é a variação de carga no tempo e a carga pode ser calculada através da integral de volume
da distribuição volumética de cargas, tem-se:
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
∂Q ∂ ∂
I=− e Q= ρv dV ⇒ − ρv dV = (∇ · J~s )dV ⇒ = − ρv = ∇ · J~s
∂t v ∂t v v ∂t
Esta é a equação da continuidade da corrente na forma puntual, que indica que só haverá diferença entre a quantidade
de corrente entrando e saindo de uma superfı́cie se houver variação na quantidade de cargas na superfı́cie.
15
Restringindo nossa análise à corrente contı́nua, não haverá variação no tempo, ou seja, ∂/∂t = 0, daı́: ∇J~s = 0, ou seja,
a corrente total que atravessa uma superfı́cie fechada é sempre zero. Por isto, a corrente fluindo em um circuito fechado
é a fonte da Magnetostática, e não o elemento diferencial. Assim, integramos os dois lados da Lei de Biot-Savart:
Z Z ~
IdL
Z ~
IdL
~ =
dH × aˆR [A/m] ⇒ ~ =
H × aˆR [A/m]
4π|R|2 4π|R|2

Campo de Um Fio de Corrente Infinito :

Utilizando a Lei de Biot-Savart em sua forma integral, calcularemos o campo magnetostático de um fio de corrente infinito
no eixo z.

Por simetria, observa-se que não há componente de campo na direção radial (Hρ = 0) e nem na direção do eixo onde a
~ = Hα âα .
linha de corrente se encontra (Hz = 0). Só haverá campo na direção do ângulo de rotação da base: H
p
dL ~ = dzâz ~ = ρaˆρ − zâz
R |R| = ρ2 + z 2
~
R ρaˆρ − zâz
aˆR = = p
|R| ρ2 + z 2
Z
IdL~ Z
Idzâz ρaˆρ − zâz
~
H = × aˆR = ×p
4π|R|2 4π(ρ2 + z 2 ) ρ2 + z 2
Z +∞
I ρdz
= aˆα
4π −∞ (ρ + z 2 )3/2
2

Z +∞ +∞
ρdz z
OBS: =

2 + z 2 )3/2
p


2 2
ρ ρ + z −∞ 2
−∞
" #  
1 +∞ −∞ 1 +∞ −∞ 2
= − = − = 2
ρ2 ρ2 +∞ +∞
p p
ρ2 + ∞2 ρ2 + ∞2 ρ

~ Iρ 2 ~ = I âα
H = . âα ⇒ H
4π ρ2 2πρ
~ = ρL
Compare com: E âR
2πε0 R

A Lei Circuital de Ampère :

Quando conhece-se a direção do campo a priori (a priori significa ”anteriormente”, ou seja, sabe-se a direção do campo
~ · dL
~ =I
R
antes de começar a resolver o problema), pode-se utilizar a Lei Circuital de Ampère: H

No caso do fio infinito de corrente no eixo z, sabe-se que aireção do campo é âα . Sabendo-se que, em coordenadas
~ = dρâρ + ρ.dαâα + dzâz , tem-se:
cilı́ndricas, dL
Z Z Z 2π
~ · dL
H ~ =I ⇒ (Hα âα ) · (dρâρ + ρ.dαâα + dzâz ) = I ⇒ Hα .ρ.dα = I
0

Como nem Hα nem ρ variam com o ângulo α, eles saem da integral como constantes:
Z 2π
2π I
Hα .ρ dα = I ⇒ Hα .ρ α|0 = I ⇒ Hα .ρ.2π = I ⇒ Hα = c.q.d.
0 2πρ

Exercı́cios:
~ em: a) P1(0,2m,0); b) P2(2m, 0, 0); c) P3(2m, 2m, 0).
1. Linha com I=3A no eixo z (direção âz ). Calcule H
~ em: a) P1(0,2m,0); b) P2(2m, 0, 0); c) P3(2m, 2m, 0).
2. Linha com I=3A no eixo z (direção −âz ). Calcule H
~ em: a) P1(0,2m,0); b) P2(0, 0, 2m); c) P3(0, 2m, 2m).
3. Linha com I=3A no eixo x (direção âx ). Calcule H
~ em: a) P1(0,0,2m); b) P2(0, 0, 2m); c) P3(2m, 0, 2m).
4. Linha com I=3A no eixo y (direção ây ). Calcule H
~ em P(2m, 2m, 0).
5. Duas linhas com I=3A nos eixos x (direção -âx ) e y (direção ây ). Calcule H
16
Campo de Cabo Coaxial :
Utilizando-se a Lei Circuital de Ampère, pode-se calcular o campo dentro das
quatro regiões do cabo coaxial:
• 0≤ρ≤a

πρ2 ρ2 ρ2 Iρ
IT = I 2
=I 2 ⇒ Hα .ρ.2π = I ⇒ Hα =
πa a a2 2πa2

• a≤ρ≤b
I
IT = I ⇒ Hα .ρ.2π = I ⇒ Hα =
2πρ
• b≤ρ≤c

ρ2 − b2
IT = I + I0 I 0 = −I 2
c − b2
 2 2
ρ2 − b2
 2
c − b2 − ρ2 + b2
 2
c − ρ2
    
ρ −b
IT = I −I = I 1 − = I = I
c2 − b2 c2 − b2 c2 − b2 c 2 − b2
 2
c − ρ2 c2 − ρ 2
  
I
Hα .ρ.2π = I 2 2
⇒ Hα =
c −b 2πρ c2 − b2

• ρ>c

IT = 0 ⇒ Hα .ρ.2π = 0 ⇒ Hα = 0

Exercı́cios:

1. Um cabo coaxial com a=2cm, b=8cm e c=10cm tem I=3A no condutor interno (direção +âz ) e I=3A no condutor
~ em um ponto localizado em: a) ρ = 1cm, b) ρ = 5cm, c) ρ = 9cm e d) ρ = 11cm.
externo (direção −âz ) . Calcule H
2. Um cabo coaxial com a=2cm, b=8cm e c=10cm tem I=3A no condutor interno (direção +âz ) e I=3A no condutor
~ em um ponto localizado em: a) ρ = 1cm, b) ρ = 5cm, c) ρ = 9cm e d) ρ = 11cm.
externo (direção +âz ) . Calcule H
3. Um cabo coaxial com a=2cm, b=8cm e c=10cm tem I=5A no condutor interno (direção +âz ) e I=3A no condutor
~ em um ponto localizado em: a) ρ = 1cm, b) ρ = 5cm, c) ρ = 9cm e d) ρ = 11cm.
externo (direção −âz ) . Calcule H
4. Um cabo coaxial com a=2cm, b=8cm e c=10cm tem I=5A no condutor interno (direção +âz ) e I=3A no condutor
~ em um ponto localizado em: a) ρ = 1cm, b) ρ = 5cm, c) ρ = 9cm e d) ρ = 11cm.
externo (direção +âz ) . Calcule H

Figura 1: Resposta

17
Potencial Vetor Magnetostático : Similarmente ao potencial vetor eletrostático V , podemos definir o Potencial
Vetor Magnetostático A. ~ Contrariamente ao que foi feito com o potencial escalar eletrostático V , não é possı́vel associar
~ Ele é uma ferramenta matemática para resolver problemas de
significado fı́sico ao potencial vetor magnetostático A.
forma mais fácil. Sabendo-se que ∇ · B~ = 0 e que o divergente de um rotacional é sempre zero (∇ · ∇ × A ~ = 0), definimos
~ ~
B = ∇ × A. Utilizando o Teorema de Stokes, temos a mesma definição em sua forma integral:
Z Z Z
~ =∇×A
B ~ ⇒ ~ · dS
B ~= ~ · dL
A ~
S C

~
Se considerarmos meios homogêneos (∇µ = 0) é possı́vel calcula a distribuição de corrente ~j a partir de A:
~ = ~j ⇒ ∇ × B
∇×H ~ = µ~j ⇒ ∇ × (∇ × A)
~ = µ~j ⇒ ∇(∇ · A)
~ − ∇2 A
~ = µ~j ⇒ ∇2 A
~ = −µ~j
~ = B0 az,
1. Dado um vetor inducao B ~ em cilı́ndricas.
ˆ calcule A
~ ~ ~
Sabemos que B = ∇ × A. Como B esta em az,ˆ sabemos que o rotacional so pode estar em aα. ~ = Aα aα.
ˆ Assim: A ˆ
~
dS = ρdαdz aρ
ˆ + dzdρaα
ˆ + ρdρdαaz
ˆ d~l = dρaρ
ˆ + ρdαaα
ˆ + dz az
ˆ
Z Z Z Z 2π Z ρ Z 2π
~ · dS
B ~ = ~ · d~l
A ⇒ B0 ρdρdα = Aα ρdα
S C 0 0 0
ρ2 ~ = B0 .ρ aα
B0 .2π. = Aα .2π.ρ ⇒ A ˆ
2 2
2. Dado ~j = ρ0 ωρaα, ~ B
ˆ calcule A, ~ e H.
~
~ ou seja A
Como a corrente depende do ρ e está na direção de α, assim também será o A, ~ = A(ρ)aα.
ˆ

~ = 1 1 ∂ ∂Aα 1
∇2 A ∇ 2 Aα − Aα = (ρ ) − 2 Aα = −µ~j = −µρ0 ωρ
ρ2 ρ ∂ρ ∂ρ ρ
∂ ∂Aα 1 ∂ ∂Aα
(ρ ) − Aα = −µρ0 ωρ2 ⇒ ρ (ρ ) − Aα = −µρ0 ωρ3
∂ρ ∂ρ ρ ∂ρ ∂ρ
∂ ∂Aα ∂2 ∂Aα ∂2
ρ( ρ · + ρ 2 Aα ) − Aα = −µρ0 ωρ3 ⇒ ρ· + ρ2 · 2 Aα − Aα = −µρ0 ωρ3
∂ρ ∂ρ ∂ρ ∂ρ ∂ρ
Utilizamos então uma solução genérica, onde a, b, c e d são inteiros quaisquer e a aplicamos ao nosso caso:
d ∂ d ∂2 2d
A = a.ρ3 + b.ρ2 + c.ρ + A = 3a.ρ2 + 2b.ρ + c − 2
⇒ ⇒ 2
A = 6a.ρ + 2b + 3
ρ ∂ρ ρ ∂ρ ρ
d 2d d
ρ(3a.ρ2 + 2b.ρ + c − 2 ) + ρ2 (6a.ρ + 2b + 3 ) − (a.ρ3 + b.ρ2 + c.ρ + ) = −µρ0 ωρ3
ρ ρ ρ
d 2d d
3aρ3 + 2bρ2 + cρ − + 6aρ3 + 2bρ2 + − aρ3 − bρ2 − cρ − = −µρ0 ωρ3
ρ ρ ρ
8aρ3 + 3bρ2 = −µρ0 ωρ3

Como temos apenas termos em função de ρ3 , concluimos que:


µ ~ = − 1 µρ0 ωρ3 + cρ + dρ
a = − ρ0 ω e b=0 ⇒ A
8 8
~ e H:
Agora vamos ao cálculo de B ~

~
B = ∇×A ~ = (− ∂Aα aρ)
ˆ +(
1 ∂
ρAα az)
ˆ =(
1 ∂
ρAα az)
1 ∂ 1
ˆ = [ (− µρ0 ωρ4 + cρ2 + d)]az
ˆ
∂z ρ ∂ρ ρ ∂ρ ρ ∂ρ 8
1 4 1
= (− µρ0 ωρ3 + 2cρ)az
ˆ = (− µρ0 ωρ2 + 2c)az[W
ˆ b/m2 ]
ρ 8 2
~ 1 2c
H = (− ρ0 ωρ2 + )az[A/m]
ˆ
2 µ
Trabalho de Potencial Vetor Magnetostático - Grupo de 3 alunos
• VALOR: 5pts DATA: / /
~
• Cada grupo deve inventar e resolver um problema com o vetor magnético A.
• Este problema deverá ser entregue no dia da apresentação.
• Cada grupo deverá explicar no quadro a resolução de um problema que será sorteado.
• As opções de problemas são: Exercı́cio 1, Exercı́cio 2, ou o Problema proposto pelo grupo.
18
12 Quase-Estática
Um campo eletromagnético monocromático 3 é aquele que depende do tempo segundo uma função harmônica, ou seja,
qualquer dos componentes dos vetores do campo são descritas por:
~
E(x, ~
y, z, t) = E(x, y, z).[a cos(ωt) + b sin(ωt)] ~
H(x, ~
y, z, t) = H(x, y, z).[c cos(ωt) + d sin(ωt)]

Nesta formulação, a, b, c, d e ω são grandezas uniformes e constantes. O escalar positivo ω[rad/s] é a frequência angular.
No limite ω = 0, o campo torna-se estático. Se ω 6= 0, esta função é periódica, repetindo-se a intervalos regulares, podemos
definir o perı́odo T , o comprimento de onda λ e a frequência linear (ou simplesmente frequência) f como sendo:

T = 2π/ω[s] λ = v/f [m] f = ω/2π = 1/T [Hz]

Na forma fasorial, para componentes lineares (a=b e c=d), podemos escrever as componentes como sendo:
~
E(x, ~
y, z, t) = E(x, y, z).ejωt ~
H(x, ~
y, z, t) = H(x, y, z).ejωt

As equações de Maxwell completas são:


~ ~
~ = − ∂B
∇×E ~ = J~s + ∂ D
∇×H ~ = ρv
∇·D ~ =0
∇·B
∂t ∂t
As equações constitutivas, que relacionam as propriedades dos meios àos campos são:
~ = εE
D ~ ~ = µH
B ~ J~s = σ E
~

A definição de uma variação lenta do campo será feita através do critério de que a corrente de deslocamento será muito
~
menor do que a corrente induzida (ou livre) (∂ D/∂t << J~s ). A aplicação deste critério nas equações de Maxwell e na
Equação constitutiva da corrente resulta em:
~
∂D ~
∂E
=ε ~ <<< J~s = σ E
= jωεE ~ ⇒ ωε <<< σ ⇒ ω <<< σ/ε
∂t ∂t
Também é necessário que o observador esteja a uma distância d tal que mudanças no campo sejam sentidas instantanea-
mente. A condição para isto é que: d << λ.

Desta forma, podemos desconsiderar o acoplamento pela corrente de deslocamento, mas não o acoplamento pela variação
no tempo. Assim, as equações da Quase-Estática tornam-se:
~
~ + ∂B = 0
∇×E ~ = J~s
∇×H ~ = ρv
∇·D ~ =0
∇·B ~ = εE
D ~ ~ = µH
B ~ J~s = σ E
~
∂t
Para que o observador possa observar o campo quase-estático corretamente, é necessário que ele esteja próximo do campo,
para que não haja atraso na informação que chega a ele. A condição necessária para isto é: dmax <<< λ.
Para satisfazer estas duas condições, observaremos os casos da potência da rede (60Hz) e das ondas de telefonia celular
3G (f=2,1GHz), propagando-se no cobre (σ = 5, 8.107 S/m).

3.108
60Hz: ωε <<< σ ⇒ 2π.60 << 5, 8.107 ⇒ 377 <<< 5, 8.107 λ=
= 5000km
60
3.108
2,1GHz: ωε <<< σ ⇒ 2π.2, 1.109 << 5, 8.107 ⇒ 1319, 5.107 <<< 5, 8.107 λ= = 14, 2cm
105.106
Observamos que a condição de 60Hz atende à condição inicial e permite que observemos seu campo como quase-estático
até distâncias muito grandes (5000km) da fonte. As ondas de telefone, por outro lado, não atendem à primeira condição,
e, mesmo que atendessem, terı́amos que observá-las MUITO de perto (d <<< 14, 2cm) para que fossem quase-estáticas.
Estas ondas de telefone são tratadas na Eletrodinâmica.

As consequências destas alterações nas equações gerais são que agora tanto a corrente J~s quanto a distribuição de cargas
ρv podem variar no tempo, embora lentamente. Este resultado permite a avaliação de elementos de circuitos, como
capacitores, indutores e resistores. Para um circuito RLC série, partindo da lei de Ohm na forma diferencial, pode-se
mostrar que chega-se à Lei de Ohm na forma diferencial e a frequência de ressonância de um circuito:
d2 q dq 1 1
J~ = σ E
~ (I = V /R) ⇒ L + R + q = tensão ω0 = √
dt2 dt C LC

3 A definição de monocromático é aquele que tem apenas uma (mono) cor (cromático). Isto vem do fato de que cada cor que percebemos é

uma onda eletromagnética relacionada a uma e apenas uma frequência.


19
13 Eletrodinâmica: Introdução
Definição de Eletrodinâmica :

~ e campo magnético (H)


A Eletrodinâmica representa as situações onde há campo elétrico (E) ~ que variam no tempo
(dinâmica).

Começando das Equações de Maxwell completas:

~
∂D ~
~ ×H
∇ ~ = J~s + ∇ ~ = − ∂B
~ ×E ~ ·B
∇ ~ =0 ~ ·D
∇ ~ = ρv
∂t ∂t
~ = εE
Aplicando as Equações Constitutivas D ~ eB
~ = µH,
~ para meios isotrópicos, homogêneos e lineares, temos:

~
∂εE ~
~ ×H
∇ ~ = J~s + ∇ ~ = − ∂µH
~ ×E ~ · µH
∇ ~ =0 ~ · εE
∇ ~ = ρv
∂t ∂t

Considerando um meio sem fontes (J~s = 0 e ρv = 0), temos:

~
∂εE ~
~ ×H
∇ ~ = ∇ ~ = − ∂µH
~ ×E ~ ·H
∇ ~ =0 ~ ·E
∇ ~ =0
∂t ∂t
Ou seja:
~ pois ∇
1. Há campo elétrico E, ~ ×E
~ 6= 0
~ pois ∇
2. Há campo magnético H, ~ ×H
~ 6= 0

~ e magnético H
3. Os campos elétrico E ~ têm natureza rotacional

Lembrete de Fasores :

~ = 10 cos(ωt)âx , o seu fasor correspondente é As = 10âx .


Utilizando o vetor A

Prova utilizando a Identidade de Euler: ejα = cos(α) + jsen (α)

~ =
A Re[As .e+jωt ] = Re[As .{cos(ωt) + jsen (ωt)}] = Re[As . cos(ωt) + jAs sen (ωt)]
= Re[10âx . cos(ωt) + j10âx (sen ωt)] = 10 cos(ωt)âx (c.q.d)

Uma propriedade útil de fasores é que a derivada no tempo de um vetor pode ser expressa como uma multiplicação por
jω quando usamos fasores:
∂ ~ ∂ ~
A = Re[As .e+jωt ] = Re[As .jω.e+jωt ] = jω.Re[As .e+jωt ] = jω.A
∂t ∂t

A Equação da Onda :

Convertendo as equações de Maxwell para fasor:


∂εEs ∂µHs
∇ × Hs = ∇ × Es = − ∇ · Hs = 0 ∇ · Es = 0
∂t ∂t
Usando a propriedade ∂/∂t = jω:

∇ × Hs = jωεEs ∇ × Es = −jωµHs ∇ · Hs = 0 ∇ · Es = 0

Aplicando o rotacional (∇×) aos dois lados da segunda equação:

∇ × (∇ × Es ) = ∇ × (−jωµHs )

Usando a propriedade:
~
∇×∇×A ~ − ∇2 A
= ∇(∇ · A) ~ ⇒ ∇(∇ · Es ) − ∇2 Es = ∇ × (−jωµHs ) = −jωµ(∇ × Hs )

20
Como ∇ · Es = 0 e ∇ × Hs = jωεEs :

∇(0) − ∇2 E~s = −jωµ(jωεEs ) ⇒ +∇2 Es = +jjωωµεEs ⇒ (j.j = −1) ⇒ ∇2 Es = −ω 2 µεEs

Definindo k como sendo o número de onda, dado em [rad/m]:



k = ω µε ⇒ k 2 = ω 2 µε ⇒ ∇2 Es = −k 2 Es (Equação Vetorial de Helmholtz)

Para cada uma das componentes de Es = Esx âx + Esy ây + Esz âz , temos a mesma equação:

∇2 Esx = −kx2 Esx ∇2 Esy = −ky2 Esy ∇2 Esz = −kz2 Esz

Resolvendo para a componente em x:


∂ 2 Esx ∂ 2 Esy ∂ 2 Esz
∇2 Esx = −kx2 Exs ⇒ 2
+ 2
+ = −kx2 Esx
∂x ∂y ∂z 2
Supondo que Esx não varia nas direções x e y:
∂Esx ∂Esx ∂ 2 Esx
=0 e =0 ⇒ = −kx2 Esx
∂x ∂y ∂z 2
As funções que, se derivadas duas vezes, voltam a elas mesmas vezes uma constante, são a exponencial, o cosseno e o
seno. Pela identidade de Euler, estas funções estão relacionadas: eja = cos a + jsen a. Assim, assumimos que a solução
para a derivada anterior é:

Esx = Ex0 .e+jkx z ou Esx = Ex0 .e−jkx z

PROVA:
∂Esx ∂
2
= (+jkx )Ex0 .e+jkx z = (+jkx ).(+jkx )Ex0 .e+jkx z = −kx2 Ex0 .e+jkx z = −kx2 .Esx (c.q.d)
∂z ∂z
∂Esx ∂
2
= (−jkx )Ex0 .e−jkx z = (−jkx ).(−jkx )Ex0 .e−jkx z = −kx2 Ex0 .e−jkx z = −kx2 .Esx (c.q.d)
∂z ∂z
Voltando para vetor utilizando: E~x = Re[Esx .ejωt ]:

Ex = Re[Ex0 .e+jkx z .ejωt ]Re[Ex0 .ej(kx z+ωt) ] = Re[Ex0 .{cos(ωt + kx z) + jsen (ωt + kx z)}] = Ex0 . cos(ωt + kx z)
Ex = Re[Ex0 .e−jkx z .ejωt ]Re[Ex0 .ej(kx z−ωt) ] = Re[Ex0 .{cos(ωt − kx z) + jsen (ωt − kx z)}] = Ex0 . cos(ωt − kx z)

Para avaliar o efeito do sinal em (ωt + kx z) ou (ωt − kx z), avaliaremos quando a onda está no seu valor máximo, ou seja
Ex = Ex0 . Para isto acontecer, o valor do cosseno deve ser igual a 1. Isto ocorre quando o valor dentro do cosseno é 0,
π, 2π, 3π, etc.

cos(ωt − kx z) = 1 ⇒ ωt − kx z = 0 ⇒ se t aumenta, z aumenta ⇒ ONDA NA DIREÇÃO + âz


cos(ωt + kx z) = 1 ⇒ ωt + kx z = 0 ⇒ se t aumenta, z diminui ⇒ ONDA NA DIREÇÃO − âz

Exercı́cio 1 O campo E~ de uma onda plana uniforme que se propaga na direção âz no vácuo tem amplitude de 250V/m.
~
Se E = Ex âx e ω=1Mrad/s, calcule:
a) A frequência (R: 159,2kHz)
b) O comprimento de onda (R: 1,88km)
c) O perı́odo (R: 6, 28.10−6 s)
~ em t=30µs e z=1km (R: E
d) o valor de E ~ = 9, 78âx V /m)
~
Voltando às Equações de Maxwell, calcularemos o valor de H:
∂Esx ∂Esx
∇ × Es = −jωµHs ⇒ ∇ × (Esx âx ) = −jωµHs ⇒ ây − âz = −jωµHs ⇒ −jkx Esx ây = −jωµHs
∂z ∂y

−jkx Esx ây ω µεEs ây
r
ε Esx Ex
Hs = = = Esx ây = ây ⇒ Hy =
−jµω µω µ η η
r r
µ µ0
onde: η = é a Impedância Intrı́nsica do Meio [Ω] No vácuo: η0 = = 376, 7Ω
ε ε0

Exercı́cio 2 ~ no mesmo ponto do exercı́cio anterior. (R: Hy = 25, 96mA/m)


Calcule o valor de H
21
14 Eletrodinâmica: Propagação em Dielétricos
Até então temos definido a propagação no vácuo (ou ar, ou espaço livre), no qual µ = µ0 e ε = ε0 . Para um dielétrico
qualquer, µ = µ0 e ε = ε0 − jε00 , onde ε00 representa as perdas (elétrons livres dentro do dielétrico).

Com isto, o número de onda k torna-se complexo e pode ser representado por uma constante de atenuação (α) e uma
constante de fase (β):

k = ω µε ⇒ jk = α + jβ
r sr
µε0 ε00 2
α = ω 1 + 0 − 1[N p/m]
2 ε
r sr
µε0 ε00 2
β = ω 1 + 0 + 1[rad/m]
2 ε
A equação da onda torna-se então:

Esx = Ex0 .e−jkz = Ex0 .e−(α+jβ)z = Ex0 .e−αz .e−jβz


~ = Re[As .ejωt ]:
Voltando para vetor utilizando: A

Ex = Re[Ex0 .e−αz .e−jβz .ejωt ] = Re[Ex0 .e−αz .ej(−βz+ωt) ] = Re[Ex0 .e−αz .{cos(ωt − βz) + jsen (ωt − βz)}]
= Ex0 .e−αz . cos(ωt − βz)

Exercı́cio 1 O campo E ~ de uma onda plana uniforme que se propaga na direção âz no polietileno (uma espécie de
~ = Ex âx e ω=1Mrad/s, calcule:
plático) com εR = 2, 26 − j0, 0002 tem amplitude de 250V/m. Se E
a) A frequência (R: 159,2kHz)
b) O comprimento de onda (R: 1,88km)
c) O perı́odo (R: 6, 28.10−6 s)
~ em t=30ns e z=10m (R: E
d) o valor de E ~ = −244, 06âx V /m)

~
Voltando às Equações de Maxwell, calcularemos o valor de H:
∂Esx ∂Esx
∇ × Es = −jωµHs ⇒ ∇ × (Esx âx ) = −jωµHs ⇒ ây − âz = −jωµHs ⇒ −jkx Esx ây = −jωµHs
∂z ∂y
−jkx Esx ây
r
ωEs ây ε Esx Ex
Hs = = = Esx ây = ây ⇒ Hy =
−jµω µω µ η η
r
ε
onde: η = é a Impedância Intrı́nsica do Meio [Ω]
µ

Exercı́cio 2 ~ no mesmo ponto do exercı́cio anterior. (R: H


Calcule o valor de H ~ = −0, 647ây A/m)

Tangente de Perdas: Para materiais onde a perda é pequena, podemos definir a tangente de perdas (tg θ) como:
ε00 σ
tg θ = =
ε0 ωε0

Exercı́cio 3 Um plástico tem ε0 = 3, 2ε0 e σ = 1, 5.10−4 S/m. Calcule na frequência de 3MHz: a) a tangente de perdas
(R: tg θ=0,281); b) a constante de atenuação (R: α = 0,0158Np/m = 0,14dB/m); c) a constante de fase (R: β = 0,1136
rad/m); d) a impedância intrı́nsica do meio (R: η = 210, 6 + j29, 29 = 212, 76 8o ).

Caracterı́sticas de Dielétricos A propagação em dielétricos resulta em:


1. baixo valor de condutividade (σ << ou ε00 <<)
2. η com valor de módulo (|η|) alto e ângulo θη ≈ 0
3. baixo valor de atenuação da onda (α ≈ 0)
4. valores diferentes para constantes de atenuação e defasagem (α 6= β)
22
15 Eletrodinâmica: Vetor de Poynting
Considere a analogia com circuitos:
     
W V A
P = V × I ⇒ [W ] = [V ] × [A] ⇒ P~ = E
~ ×H
~ ⇒ = ×
m2 m m

P~ é o Vetor de Poynting, que representa:

• A direção da propagação (Pz = Ex × Hy )


• A potência contida na onda
Para o caso da onda plana estudada:

Ex0 E2
Pz = Ex × Hy = Ex0 cos(ωt − βz) × cos(ωt − βz) = x0 cos2 (ωt − βz)
η η
Para calcular a potência média Pmed , integramos por um ciclo e dividimos pelo perı́odo:

1 τ Ex0 2 2 Z τ
Z
1 Ex0
Pz,med = cos2 (ωt − βz)dt = [1 + cos(2ωt − 2βz)dt
τ 0 η 2τ η 0
2

E2 E2

Ex0 1 τ 1
= t+ sen (2ωt − 2βz) = x0 [t]0 = x0 = |E|.|H|
2τ η 2ω 0 2τ η 2η 2

OBS: cos2 (a) = [1 + cos(2a)]/2 sen (2ωτ − 2βz) − sen (2ω.0 − 2βz) = 0
Para meios com perdas, utilizando o mesmo raciocı́nio, obtemos:
2
Ex0
Pz,med = e−2αz cos(θη )[W/m2 ]
2|η|

Exercı́cio 1 O gelo feito de água pura apresenta tg θ = 0, 12 e εR = 4, 15 na frequência de 1MHz. Se uma onda
com Ex0 = 100V /m propaga neste gelo, calcule a potência média em z=0 e z=10m. (R: Pz=0,med = 27, 1W/m2 e
Pz=10,med = 25, 7W/m2 )

Exercı́cio 2 Calcule a direção de:

a) P~ , se E
~ = Ex e H
~ = Hy (R: +aˆz )

b) P~ , se E
~ = Ey e H
~ = Hx (R: −aˆz )

c) P~ , se E
~ = Ez e H
~ = Hx (R: +aˆy )

~ se P~ = Px e H
a) E, ~ = Hy (R: −aˆz )

~ se P~ = Py e H
b) E, ~ = Hx (R: +aˆz )

~ se E
c) H, ~ = Ez e P~ = Hx (R: −aˆy )

23
16 Eletrodinâmica: Propagação em Bons Condutores
Em bons condutores, σ >> 0, daı́:
r r r
p σ p ω 2 µε0 σ
σ p
jk = jω µε0 · 1 − j 0 = jω µε0 · −j 0 = j
0
−j
= j −jωµσ
ωε ωε
ωε
r
o o √ o √ 1+j√ 2πf µσ p p
= 16 90 .16 − 45 ωµσ = 16 45 ωµσ = √ ωµσ = (1 + j) = πf µσ + j πf µσ
2 2
p
jk = α + jβ ⇒ α = β = πf µσ

Aplicando este conceito ao campo elétrico da onda plana estudada, temos:


√ p
Ex = Ex0 .e−z. πf µσ cos(ωt − z πf µσ)

Embora estas simplificações nas equações sejam úteis para visualizar os efeitos da propagação em bons condutores,
recomenda-se que se utilize sempre as equações gerais, que resultam nos mesmos valores numéricos.

Profundidade de Penetração: Definimos a profundidade de


penetração δ como sendo a distância z dentro de materiais com
altas perdas na qual o módulo do campo decai e−1 = 0, 368 =
36, 8%. Neste caso, temos:
1 1 1
e−δ.α = e−1 ⇒ δ.α = 1 ⇒ δ = = =√
α β πf µσ
Este valor permite avaliar o quanto a onda está sendo absor-
vida pelo material. Quanto menor a profundidade de penetração
(δ), maior é a atenuação deste material, e este valor depende da
frequência da onda incidente (> f ⇒> α ⇒< δ).

Exercı́cio 1 (Exemplo 11.6, Hayt, pág.217) Consideremos a água do mar, que na frequência de 1MHz apresenta
σ = 4S/m e ε0R = 81. Calcule:
a) a profundidade de penetração (R: δ = 25cm)
b) o comprimento de onda (R: λ = 1, 6m)

c) a velocidade de propagação (R: v = 1, 6.106 m/s)


d) a impedância intrı́nsica da água do mar (R: η = (1 + j)Ω = 1, 406 45o Ω)
e) a constante de atenuação em dB/m.

Caracterı́sticas de Bons Condutores A propagação em bons condutores resulta em:


1. alto valor de condutividade (σ >>)

2. η com valor de módulo (|η|) pequeno e ângulo θη = 45o


3. alto valor de atenuação da onda (α >>)
4. valores iguais para constantes de atenuação e defasagem (α = β)

24
17 Eletrodinâmica: Ondas Planas nas Fronteiras

Definimos duas regiões 1 e 2, com


suas devidas caracterı́sticas eletro-
magnéticas (ε, µ, σ, η).

Uma onda propagando no meio 1 na


direção de +aˆz , pode ser descrita pelos
campos E1+ e H1+ . Esta é chamada de
Onda Incidente.

Ao atingir a fronteira entre os meios,


parte da energia é transmitida (E2+ e
H2+ - Onda Transmitida) e parte da
energia é refletida (E1− e H1− - Onda
Refletida).

O percentual de transmissão (τ ) e de
reflexão (Γ), podem ser então obtidos
através de:
E2+ E1−
τ= Γ=
E1+ E1+

Para calcular os valores numéricos de τ e Γ devemos então calcular os valores de E2+ e H2+ e de E1− e H1− . Supondo uma
onda plana onde E ~ = Ex , H
~ = Hy e P~ = Pz , e a relação H
~ = E/η
~ temos o coeficiente de reflexão Γ:
+ − +
Ex1 + Ex1 = Ex2
+ − +
+
Ex1 E− E+ +
(Ex1 −
+ Ex1 ) − + η2 − η1 η2 − η1
Hy1 + Hy1 = Hy2 ⇒ + x1 = x2 = ⇒ Ex1 = Ex1 ⇒Γ=
η1 η1 η2 η2 η2 + η1 η2 + η1
Dedução similar leva ao coeficiente de transmissão τ :
2η2
τ= =1+Γ
η2 + η1

Exercı́cio 1 Suponha que o meio 1 é um dielétrico perfeito e que o meio 2 é um condutor perfeito. Calcule os coeficientes
de reflexão e de transmissão.

Resposta Um dielétrico perfeito terá perdas = 0, ou seja, o valor de impedância será real. Um condutor perfeito terá
condutividade infinita σ = ∞, o que resulta em:
s s
µ1 jωµ2 jωµ2
η1 = η2 = = =0
ε1 σ2 + jωε02 ∞ + jωε02
η2 − η1 0 − η1
Γ = = = −1 Reflexão total com fase invertida
η2 + η1 0 + η1
2.0
τ = = 1 + (−1) = 0 Não há transmissão
0 + η1
Podemos agora somar a onda plana incidente com a onda refletida para obter a onda total no meio 1.

Exs1 +
= Exs1 + Exs1 = Ex10 .e−jβ1 z − Ex10 .e+jβ1 z = Ex10 (e−jβ1 z − e+jβ1 z ) = Ex10 .[−2jsen (β1 z)]
OBS: e−ja − eja = [cos(a) − jsen (a)] − [cos(a) + jsen (a)] = −2jsen (a)
~ = <[Es .e+jωt ] = <[−2.j.Ex10 .sen (β1 z).e+jωt ] = 2Ex10 .sen (β1 z).sen (ωt)
E

Para todos os pontos no espaço onde β1 z = nπ OU momentos no tempo onde ωt = nπ, o valor da onda é zero. Esta é
uma onda estacionária, ou seja, ao contrário da onda do tipo cos(ωt − βz), esta onda não depende do tempo e do espaço
ao mesmo tempo. Este fenômeno está representado na Fig.2, onde a onda incidente está em preto, a refletida em azul e
a estacionária em vermelho.
25
Figura 2: Representação da Onda Estacionária

Padrão de Onda Estacionária O padrão de onda estacionária S (em inglês Voltage Standing Wave Ratio - VSWR),
ou taxa de onda estacionária (TOE) ou razão de onda estacionária (ROE), é então calculado. S nunca é menor do que
1, e S = 1 representa transmissão total da onda = Casamento de Impedância entre os meios 1 e 2.

1 + |Γ|
S = V SW R =
1 − |Γ|

Exercı́cio 2 Suponha que os meios 1 e 2 são dielétricos perfeitos com η1 = 100Ω e η2 = 300Ω. Se Ex0 = 100V /m,
calcule os coeficientes de reflexão e de transmissão e os valores dos campos elétrico e magnético das ondas incidente,
refletida e transmitida. Calcule também o VSWR.

Resposta :
+
+ Ex10 100
Hx10 = = = 1, 00A/m
η1 100
300 − 100
Γ = = 0, 5 τ = 1 + Γ = 1 + 0, 5 = 1, 5
300 + 100
− + − E− 50
Ex10 = Γ.Ex10 = 0, 5.100 = 50V /m Hx10 = − x10 = − = −0, 5A/m
η1 100
+ + + E+ 150
Ex20 = τ.Ex10 = 1, 5.100 = 150V /m Hx20 = x20 = = 0, 5A/m
η2 300
1 + 0, 5 1, 5
V SW R = = =3
1 − 0, 5 0, 5

Considerações sobre Potência O exercı́cio anterior parece indicar uma resposta incorreta, pois o valor do campo
elétrico transmitido (E2+ = 150V /m) é maior do que o valor do campo elétrico incidente (E1+ = 100V /m). Entretanto,
este aparente aumento no valor de E é compensado pela redução no valor de H, resultando em uma potência média
coerente:
− 1 − 1 1 1
P~1,med = |E |.|H1− | = 50.0, 5 = 12, 5W/m2 P~2,med
+
= |E2+ |.|H2+ | = 150.0, 5 = 37, 5W/m2
2 1 2 2 2
1 + 1 −
P~1,med
+
= |E |.|H1+ | = 100.1, 0 = 50W/m = P~1,med + P~2,med
2 +
2 1 2
Os resultados encontrados permitem calcular a potência transmitida e refletida de forma mais direta, utilizando-se:

P~1,med = |Γ|2 P~1,med
+
P~2,med
+
= (1 − |Γ|2 )P~1,med
+

26
Exercı́cio 3 Calcule o percentual de potência refletida e transmitida, se f=1GHz:
a) o meio 1 é ar e o meio 2 é cobre (σ = 5, 8.107 S/m)
b) o meio 1 é ar e o meio 2 é pirex (εR = 4)

c) o meio 1 é ar e o meio 2 é água do mar (εR = 81, σ = 4S/m)


d) o meio 1 é ar e o meio 2 é pele humana (εR = 40, σ = 0, 65S/m)

Respostas :
s
j2.π.1.109 µ0
r
µ0
a) η1 = = 377Ω η2 = = 11, 67.10−3 6 45o Ω
ε0 5, 8.107 + j2.π.1.109 ε0
η2 − η1 1 + |Γ|
Γ= = −0, 999 S= = 20
η2 + η1 1 − |Γ|
Pr = (Γ2 ).Pi = 0, 9999.Pi = 99, 99% Pt = 0, 01%.Pi
r r
µ0 µ0
b) η1 = = 377Ω η2 = = 188, 37Ω
ε0 4.ε0
η2 − η1 1 + |Γ|
Γ= = −0, 333 S= =2
η2 + η1 1 − |Γ|
Pr = (Γ2 ).Pi = 0, 11.Pi = 11%.Pi Pt = 89%.Pi
s
j2.π.1.109 µ0
r
µ0
c) η1 = = 377Ω η2 = = 36, 26 21o Ω
ε0 4 + j2.π.1.109 .81ε0
η2 − η1 1 + |Γ|
Γ= = 0, 8356 176o S= = 11, 12
η2 + η1 1 − |Γ|
Pr = (Γ2 ).Pi = 0, 698.Pi = 70%.Pi Pt = 30%.Pi
s
j2.π.1.109 µ0
r
µ0
d) η1 = = 377Ω η2 = = 58, 46 8, 14o Ω
ε0 0, 65 + j2.π.1.109 .40ε0
η2 − η1 1 + |Γ|
Γ= = 0, 7346 177o S= = 6, 51
η2 + η1 1 − |Γ|
Pr = (Γ2 ).Pi = 0, 539.Pi = 54%.Pi Pt = 46%.Pi

Exercı́cio 4 Baseando-se nas respostas do Exercı́cio anterior, discuta os fenômenos de:


a) blindagem eletromagnética;
b) câncer de pele;

c) escuridão no fundo do mar;


d) uso de metal e pirex no microondas.

27
18 Eletrodinâmica: Reflexões Múltiplas
Quando consideramos mais de dois meios, temos a seguinte configuração:

Estado Transiente Estado Permanente


(Transitório)
Múltiplas Reflexões I e R em 1
Complexo de resolver 2 ondas em 2
Não será tratado T em 3

Neste caso, a impedância equivalente dos meios 1 e 2, chamada de impedância de entrada (ηent ), é dada por:
η3 cos(β2 .L) + j.η2 sen (β2 .L)
ηent = η2 .
η2 cos(β2 .L) + j.η3 sen (β2 .L)
Nota-se que:
• ηent depende da largura L do meio 2;
• ηent depende de β, logo depende da frequência;
• ηent pode ser calculado para ser igual à η1 = CASAMENTO DE IMPEDÂNCIA
Para fazermos o CASAMENTO, temos duas opções:
a) CASAMENTO DE MEIA ONDA: L = λ2 /2

2π λ2 η3 cos(π) + j.η2 sen (π)


β2 .L = . =π ⇒ ηent = η2 . = η3
λ2 2 η2 cos(π) + j.η3 sen (π)

Ou seja, para que ηent = η1 , a impedância do meio 1 deve ser igual à do meio 3: η1 = η3
b) CASAMENTO DE UM QUARTO DE ONDA: L = λ2 /4

2π λ2 π η3 cos(π/2) + j.η2 sen (π/2) η2


β2 .L = . = ⇒ ηent = η2 . = 2
λ2 4 2 η2 cos(π/2) + j.η3 sen (π/2) η3

Ou seja, para que ηent = η1 , a impedância do meio 2 deve ser: η2 = η1 .η3

Exercı́cio 1 Seja η1 = 100Ω, η2 = 200Ω e η3 = 150Ω e L=3cm: a) calcule todos os Γ, se f=10GHz; b) Calcule o
+
valor da potência refletida e da potência transmitida de Ex10 = 100V /m; c) calcule η2 e L para que haja o casamento de
impedância em 10GHz.

a) Calculamos o valor de β2 , para acharmos o valor de ηent e Γ:


r
µ0 µ0
η2 = 200Ω = ⇒ ε2 = = 31, 41.10−12 [F/m]
ε2 2002
√ p
β2 = ω µε = 2.π.10.109 . µ0 .31, 41.10−12 = 394[rad/s] ⇒ β2 .L = 394.3.10−2 = 11, 82[rad]
η3 cos(β2 .L) + j.η2 sen (β2 .L) 150 cos(11, 82rad) + j.200sen (11, 82rad)
ηent = η2 . = 200.
η2 cos(β2 .L) + j.η3 sen (β2 .L) 200 cos(11, 82rad) + j.150sen (11, 82rad)
= (187, 9 − j54, 6)[Ω] = (195, 76 − 0, 28rad)[Ω] = (195, 76 − 16, 2o )[Ω]
η2 − η1 ηent − η1 (195, 76 − 16, 2o ) − 100
Γ = = = = 0, 3536 − 21o
η2 + η1 ηent + η1 (195, 76 − 16, 2o ) + 100
28
+ − +
b) Calculamos a Potência incidente (P1,med ), e então as potências refletida (P1,med ) e transmitida (P2,med ):

+ 1 + + 1 E+ 1 100V /m
P1,med = E1 .H1 = E1+ . 1 = 100V /m. = 100[W/m2 ]
2 2 η1 2 100Ω
1 +
P1,med = (|Γ|2 ).P1,med = [(0, 353)2 ].100 = 12, 46[W/m2 ]
+ +
P2,med = (1 − |Γ|2 ).P1,med = [1 − (0, 353)2 ].100 = 87, 54[W/m2 ]

c) Como η1 6= η3 , temos que usar o casamento de um quarto de onda, ou seja, L = λ2 /4, sabendo que η2 = η1 .η3 .
√ √
η2 = η1 .η3 = 100.150 = 122, 5[Ω]
r
µ0 µ0
η2 = ⇒ ε2R = = 9, 46
ε2R .ε0 122, 52 .ε0
√ p
β2 = ω µ0 ε2 = 2.π.10.109 . µ0 .9, 46.ε0 = 644, 61[rad/s]
2π 2π 2π
β2 = ⇒ λ2 = = = 9, 75[mm]
λ2 β2 644, 61
λ2 9, 75.10−3
L = = = 2, 44[mm]
4 4

(Problema 12.15, pág.252) Considere estas regiões nas quais ε00 = 0: região 1, z < 0, µ1 = 4µ[H/m] e ε01 = 10p[F/m];
região 2, 0 < z < 6cm, µ2 = 2µ[H/m] e ε02 = 25p[F/m]; região 3, z > 6cm, µ3 = µ1 e ε03 = ε01 . (a) Qual é a menor
frequência na qual uma onda plana uniforme incidente na região 1 na fronteira em z=0 terá nenhuma reflexão? (b) Se
f=50MHz, qual será a taxa de onda estacionária na região 1?

(Problema 12.16, pág.252) Uma onda plana uniforme, no ar, é normalmente incidente em uma placa dielétrica sem
perdas de espessura λ/8, e de impedância intrı́nsica η = 260 Ω. (a) Determine a taxa de onda estacionária em frente da
placa. (b) Também, calcule a fração da potência incidente que é transmitida para o outro lado da placa.

Formulário :

√ ~
ES = E0 · e−jkz = Re ES · e+jωt
 
n1 = R E0 = ηH0 E(t) n1 sin θ1 = n2 sin θ2
r
p σ 1 1 1
jk = α + jβ = jω µ0 1 − j 0 δ= = =√ α · 8, 686 = α[dB/m]
ω α β πf µσ
ω 2π η2 − η1
vp = λ= Γ= τ =1+Γ 0 = 8.854.10−12 [F/m] µ0 = 4π.10−7 [H/m]
β β η2 + η1
1 |Ex |2 −2αz
Pz,med = .e . cos θη P− = |Γ|2 P + P+ = (1 − |Γ|2 )P +
2 |η| 1,med 1,med 2,med 1,med
1 η3 cos (β2 .l) + jη2 sin (β2 .l) 1 + |Γ|
zmax = − (φ + 2mπ) ηent = η2 V SW R =
2β1 η2 cos (β2 .l) + jη3 sin (β2 .l) 1 − |Γ|
vs vs
r u  00 2 r u  00 2
µε0 u ε µε0 u ε ε00 σ
α = ω 1+ − 1 β = ω 1 + + 1 tg θ = =
t t
2 ε0 2 ε0 ε0 ωε0
r r s
µ µ 1 jωµ
η = = .p = σcu = 5, 8.107 e+jα = cos α + j sin α
ε0 − jε00 ε0 1 − j(ε00 /ε0 ) σ + jωε0

29
19 Eletrodinâmica: Incidência Oblı́qua
Definição
Até então temos trabalhado com incidência normal, ou seja, o campo eletromagnético incidia sobre a interface entre os
meios 1 e 2 fazendo um ângulo de 90o com a superfı́cie (ou de 0o com a normal). Agora trataremos do caso mais geral,
onde a incidência ocorre em um ângulo θ1 qualquer:

Polarização:
Ondas com incidência normal obedecem à polarização TEM, e ondas com incidência oblı́qua podem estar polarizada no
modo TE (s) ou TM (p):
~ e o campo magnético (H)
TEM Transverso eletro-magnético: o campo elétrico (E) ~ não têm componente na direção de
~ ~ ~
propagação (exemplo: E = Ex , H = Hy , P = Pz ).
~ não tem componente na direção de propagação (exemplo: E
TE Transverso elétrico (s): o campo elétrico (E) ~ = Ey ,
~ ~
H = Hx + Hz , P = Px + Pz ).
~ não tem componente na direção de propagação (exemplo:
TM Transverso magnético (p): o campo magnético (H)
~ = Hy , E
H ~ = Ex + Ez , P~ = Px + Pz ).

Para o caso TM, temos:


+ + −j.k1 .~
r ~+ − − +j.k1 .~
r ~− + + −j.k2 .~
r ~+
Incidente: Es1 = E10 .e Refletida: Es1 = E10 .e Transmitida: Es2 = E20 .e

Sabendo-se que:
~k + = k1. cos θ1 âx + k1 .sen θ1 âz ~k − = k1. cos θ0 âx − k1 .sen θ0 âz ~k + = k1. cos θ1 âx + k1 .sen θ1 âz
1 1 1 1 1
~r = xâx + zâz

Temos:
~k + · ~r = k1. cos θ1 .x + k1 .sen θ1 .z ~k − · ~r = k1. cos θ0 .x − k1 .sen θ0 .z ~k + · ~r = k1. cos θ1 .x + k1 .sen θ1 .z
1 1 1 1 1

30
~ utilizando:
Podemos decompor as componentes de E,

E1x = E1 .sen θ1
E1z = E1 . cos θ1
~ na
Calculando apenas para a componente de E
direção z, temos:
+
Ezs1 +
= E10 . cos θ1 .e−j.k1 (cos θ1 x+sen θ1 z)
E − = E − . cos θ0 .e+j.k1 (cos θ1 x−sen θ1 z)
0 0
zs1 10 1
+
Ezs2 = E20 . cos θ2 .e−j.k2 (cos θ2 x+sen θ2 z)
+

As condições de interface nos dizem que E1+ + E1− = E2+ na interface x=0, daı́:

. cos θ1 .e−j.k1 sen θ1 z + E10 . cos θ10 .e−j.k1 sen θ1 z = E20 . cos θ2 .e−j.k2 sen θ2 z
0
+ − +
E10
+ − +
Para que isto seja verdade para qualquer z, e sabendo-se E10 , E10 e E20 são constantes, temos que o expoente de cada
termo deve ser o mesmo, ou as ondas defasariam. Assim:

−k1 .z.sen θ1 = −k1 .z.sen θ10 = −k2 sen θ2

Disto, deduzimos que:


a) −k1 .z.sen θ1 = −k1 .z.sen θ10 ⇒ θ1 = θ10 (ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão)
b) −k1 .z.sen θ1 = −k2 .z.sen θ2 ⇒ k1 .sen θ1 = k2 .sen θ2 . No caso de meios sem perdas:
√ √ √ √ 1
k = ω µε = ω µ0 ε0 εR = ω µ0 ε0 . εR e c= √
µ0 ε0

Definindo o coeficiente de reflexão como sendo n = εR :
ωn1 ωn2
.sen θ1 = .sen θ2 ⇒ n1 sen θ1 = n2 sen θ2 (Lei de Snell)
c c

Algumas Propriedades Interessantes

η1p = η1 cos θ1 η2p = η2 cos θ2 η1s = η1 sec θ1 η2s = η2 sec θ2


η2p − η1p η2s − η1s
Γp = Γs =
η2p + η1p η2s + η1s
  !
n2 n2
Reflexão Total: θc = arcsen Transmissão Total: θB = arcsen p
n1 n21 + n22

Exercı́cio 1 Uma onda propagando no Pirex (εR = 4) atinge o ar. Calcule Γp e Γs para:

a) θ1 = 25o
(RESPOSTAS: θ2 = 26, 96o , η1p = 170, 7Ω, η2p = 335, 8Ω, Γp = 0, 326, η1s = Ω, η2s = Ω, Γs =)
b) θ1 = θc
(RESPOSTAS: θ1 = 30o , θ2 = 90o , η1p = 163, 12Ω, η2p = 0Ω, Γp = −1, η1s = 377Ω, η2s = 377Ω, Γs = 0)

c) θ1 = θB
(RESPOSTAS: θ1 =o , θ2 =o , η1p = Ω, η2p = Ω, Γp =, η1s = Ω, η2s = Ω, Γs =)

Formulário
  !
√ η2 − η1 n2 n2
n= εR ηp = η cos θ ηs = η sec θ Γ= θc = arcsen θB = arcsen p
η2 + η1 n1 n21 + n22

31
20 Meios dispersivos

α2 depende de n2 : n1 sen α1 = n2 sen α2



n2 depende de ε2 : n2 = ε2
ε2 depende de f : meio dispersivo
cada cor corresponde a uma f
⇒ α2 depende da cor

32
21 Exercı́cios Propostos
UNA Engenharia Elétrica
Disciplina: Eletromagnetismo Ex. 1 - Cálculo Nota:
Aluno:

DERIVADAS E INTEGRAIS: Sendo u e v funções de x e a uma constante, resolva:


RR R R
[f (x) · g(y)]dxdy = f (x)dx · g(y)dy
∂ua
∂u = a · u(a−1) 1.
RR
f (x) · g(y)dxdy =
∂u2
RR 2 3
1. ∂u = 2. x · y dxdy =
RR 4 2
∂u3 3. 2x y dxdy =
2. ∂u =
RRR 2 3 4
3. ∂u−2
= 4. 2x y z dxdydz =
∂u
−3y 2 · 4z 3 dydz =
RR
∂u−3
5.
4. ∂u =
RR RR RR
R 1 [f + g]dxdy = f dxdy + gdxdy
r dr = ln(r) + C
RR
1.
R 1 1. [f + g]dxdy =
x dx =
RR 2
2.
R 1 2. (x + y 3 )dxdy =
y dy =
(2x4 + y 2 )dxdy =
RR
R 10 3.
3. r dr =
(5xy − 8x4 y 3 )dxdy =
RR
R (−10) 4.
4. r dr =
(7y 3 + 8x2 y + 4x2 z)dxdy =
RR
5.
∂a
∂x =0
∂eaz
∂10 ∂z = aeaz
1. ∂x =
∂e8z
∂(−10) 1. ∂z =
2. ∂x =
∂e−8x
∂y 2. ∂x =
3. ∂x =
∂10e8x
∂10y 3. ∂x =
4. ∂x =
∂(−8e−3x )
4. ∂x =

PRODUTO ESCALAR E VETORIAL: ~ = Ax âx + Ay ây + Az âz e B


Sendo A ~ = Bx âx + By ây + Bz âz , resolva:
~·B
A ~ = Ax .Bx + Ay .By + Az .Cz

~·B
1. A ~ =
~ = (2âx + 4âz ), B
2. A ~ = (1âx − 4ây ): A
~·B
~ =

~ = (2âx + 3ây + 4âz ), B


3. A ~ = (1âx − 4ây + 2âz ): A
~·B
~ =

~ = (2âx + 3ây + 4âz ), B


4. A ~ = (1âx − 4ây + 2âz ): 2A
~ · 3B
~ =

~ = (2âx + 3ây + 4âz ), B


5. A ~ = (1âx − 4ây + 2âz ): -A
~ · 2B
~ =
 
âx ây âz
~×B
A ~ =  Ax Ay Az  = (Ay .Bz − Az .By )âx + (Az .Bx − Ax .Bz )ây + (Ax .By − Ay .Bx )âz
Bx By Bz
~×B
1. A ~ =
~ = (2âx + 4âz ), B
2. A ~ = (1âx − 4ây ): A
~×B
~ =

~ = (2âx + 3ây + 4âz ), B


3. A ~ = (1âx − 4ây + 2âz ): A
~×B
~ =

~ = (2âx + 3ây + 4âz ), B


4. A ~ = (1âx − 4ây + 2âz ): 2A
~ × 3B
~ =

~ = (2âx + 3ây + 4âz ), B


5. A ~ = (1âx − 4ây + 2âz ): -A
~ × 2B
~ =
33
UNA Engenharia Elétrica
Disciplina: Eletromagnetismo Ex. 2 - Magnetostática e C.C. Nota:
Aluno:

Magnetostática
1. Um cabo coaxial com a=2cm, b=8cm e c=10cm tem I=3A no condutor interno (direção +âz ) e I=3A no condutor
externo (direção −âz ) . Plote o campo deste cabo coaxial no Excel ou Matlab, usando incrementos de 0,1cm.
2. Leia o Exemplo 8.1 do Livro Texto (Eletromagnetismo de William Hayt). Deduza a equação do fio infinito a partir
da equação do filamento de corrente:

~ = I (sin α2 − sin α1 )âα [A/m]


H
4πρ

~ em P(0,4m; 0,3m, 0) se um filamento de corrente com I=8mA encontra-se:


3. Determine H
a) dirigindo-se do infinito para o centro sobre o eixo x;
b) dirigindo-se do centro para o infinito sobre o eixo y;
c) a soma dos itens (a) e (b).

Condições de Contorno
~2 e E~2 , se q = 0 e i = 0.
1. Calcule H
DADOS: E1 = 10V /m, H1 = 0, 0265A/m, θ1 = 35o
Meio 1: Ar, ε1 = ε0 , µ1 = µ0
Meio 2: Plástico, ε2 = 3ε0 , µ2 = µ0 .
~2 e E~2 , se q = 0 e i = 0.
2. Calcule H
DADOS: E1 = 10V /m, H1 = 0, 0265A/m, θ1 = 35o
Meio 1: Ar, ε1 = ε0 , µ1 = µ0
Meio 2: Ferrita, ε2 = ε0 , µ2 = 1000µ0 .
3. Calcule ε2 e µ2 , se q = 0 e i = 0.
DADOS: E1 = 10V /m, H1 = 0, 0265A/m, θ1 = 35o
E2 = 40V /m, H2 = 0, 0265A/m
Meio 1: Ar, ε1 = ε0 , µ1 = µ0

4. Calcule ε2 e µ2 , se q = 0 e i = 0.
DADOS: E1 = 10V /m, H1 = 0, 0265A/m, θ1 = 35o
θ2 = 45o
Meio 1: Ar, ε1 = ε0 , µ1 = µ0

FORMULÁRIO:
~ = εE
D ~ ~ = µH
B ~ ~2 − D
~n · (D ~1 ) = q ~2 − H
~n × (H ~1 ) = i ~n · (B~2 − B~1 ) = 0 ~n × (E~2 − E~1 ) = 0

34
UNA Engenharia Elétrica
Disciplina: Eletromagnetismo Ex. 3 - Maxwell e os Nerds Nota:
Aluno:

Leia o texto: “Maxwell e os Nerds”, capı́tulo 23 do livro “O Mundo Assombrado Pelos Demônios: A Ciência Vista Como
Uma Vela No Escuro”, de Carl Sagan, e responda às perguntas a seguir.

1. Quais são as equações de Maxwell? Descreva cada variável delas.


2. Por quê estas equações são importantes para o curso de Engenharia Elétrica?
3. Cientistas são geralmente retratados na mı́dia como “nerds” atrapalhados (Prof. Pardal do Tio Patinhas, Dr.
Banner do incrı́vel Hulk) ou vilões (Dr. Freeze do Batman, Dr. Octopus do Homem-Aranha, Duende Verde do
Homem-Aranha, Cérebro do Pink e Cérebro), sendo que o Eletromagnetismo é o alvo da vez (Magneto dos X-
Man, Pulso eletromagnético em Matrix, Pulso eletromagnético em Batman Begins, Dr. Destino, vilão do Quarteto
Fantástico). O que você acha deste estereótipo de que os cientistas querem “dominar o mundo”?
4. O governo Lula investiu milhões de reais para que o Brasil desenvolvesse a tecnologia da televisão digital, enquanto
o salário dos professores da rede pública de 1o grau é vergonhoso. Pensando na diferença entre ciência e tecnologia
colocada no texto, discuta essa decisão.
5. Qual a idéia que você mais gostou no texto? Por quê?

35
UNA Engenharia Elétrica
Disciplina: Eletromagnetismo Ex. 4 - Fasor e Vetor Nota:
Aluno:

Identidade de Euler eja = cos(a) + jsen (a); e−ja = cos(a) − jsen (a)
1. eja = 3. ejωt =
2. e−ja = 4. e−jωt =

Parte real e imaginária Re[a + jb] = a; Re[a − jb] = a; Im[a + jb] = b; Im[a − jb] = −b
1. Re[10] = 5. Im[10] =
2. Re[-j10] = 6. Im[-j10] =
3. Re[2-j4] = 7. Im[2-j4] =
4. Re[2+j4] = 8. Im[2+j4] =

Identidade de Euler e Parte Real e Imaginária Re[eja ] = Re[cos(a) + jsen (a)] = cos(a)
1. Re[eja ] = 5. Re[10eja ] =
2. Re[e−ja ] = 6. Re[10e−ja ]=
3. Re[jeja ] = 7. Re[j10e−ja ]=
4. Re[je−ja ]= 8. Re[j10eja ]=

~
Transformação de Fasor (As ) em vetor (A) ~ =Re[As .e±jωt ]
a6 bo = a.ejb ; A

1. 106 30o =
2. 56 − 45o =
~=
3. As = 10 → A
~=
4. As = j10 → A
~=
5. As = 106 45o → A
~=
6. As = j106 45o → A
~=
7. As = 10 + j5 → A
~=
8. As = 10 − j5 → A

~ em Fasor (As )
Transformação de vetor (A) cos(a) = Re[e±ja ]
~ = 10 cos(ωt) → As =
1. A
~ = 5 cos(ωt) → Es =
2. E
~ = 5 cos(ωt + 45o ) → Es =
3. E
~ = 5 cos(ωt − 45o ) → Es =
4. E
~ = 5 cos(ωt + 45o + βz) → Es =
5. E
~ = 5 cos(ωt − 45o + βz) → Es =
6. E
~ = 5 cos(ωt + 45o − βz) → Es =
7. E
~ = 5 cos(ωt − 45o − βz) → Es =
8. E

36
UNA Engenharia Elétrica
Disciplina: Eletromagnetismo Ex. 5 - ∇, ∇·, ∇× e ∇2 Nota:
Aluno:

~ = Ax ax
Sendo f uma função de (x, y, z) e A ˆ + Ay ay
ˆ + Az az,
ˆ em coordenadas cartesianas temos:

∂ ∂ ∂
NABLA = ∇ = âx + ây + âz
∂x ∂y ∂z
∂ ∂ ∂
GRADIENTE = ∇f = f âx + f ây + f âz
∂x ∂y ∂z
~ ∂ ∂ ∂
DIVERGENTE = ∇ · A = Ax + Ay + Az
∂x ∂y ∂z
     
~ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂
ROTACIONAL = ∇ × A = Az − Ay âx + Ax − Az ây + Az − Ay âz
∂y ∂z ∂z ∂x ∂y ∂z
~ ∂2 ∂2 ∂2
LAPLACIANO = ∇2 A = Ax + 2 Ay + 2 Az
∂x2 ∂y ∂z
1. Descreva uma aplicação de cada operador deste relacionada ao Eletromagnetismo.
~ = 2âx + 3ây − 2âz e f = 4x2 yz 3 , calcule:
2. Dado A
a) ∇f = ~=
c) ∇ × A
~=
b) ∇ · A d) ∇2 A~=

~ = 2ρz aˆρ + 14z 3 âz , calcule:


3. Utilizando o formulário de coordenadas cilı́ndricas, supondo f = 2ρ2 e A
a) ∇f = c) ∇ × A ~=
~
b) ∇ · A = d) ∇ A2 ~=

~ = 2r2 aˆα , calcule:


4. Utilizando o formulário de coordenadas esféricas, supondo f = 3r2 e A
a) ∇f = c) ∇ × A ~=
~
b) ∇ · A = 2 ~
d) ∇ A =

37
UNA Engenharia Elétrica
Disciplina: Eletromagnetismo Ex. 6 - Eletrodinâmica Nota:
Aluno:
Calcule E~3 e H
~3 no ponto z=3cm e t=10ps, se f=9MHz e E + = 15V /m.
1

Solução:

E+
r
1.µ0 15
η1 = = 377[Ω] H1+ = 1 = = 39, 8[mA/m]
1.ε0 η1 377
r
1.µ0
η2 = = 188, 4[Ω]
4.ε0
ε00 σ 0, 65
tg θ = = = = 32, 45
ε0 ωε0 2π9.109 .40.ε0
r
1.µ0 1
η3 = ·√ = 10, 456 44, 11o [Ω] = 10, 456 0, 77rad[Ω]
40.ε0 1 − jtg θ
√ p
β2 = ω µ2 ε2 = 2π9.109 1.µ0 .4.ε0 = 0, 377[rad/m] ⇒ β2 .L = 0, 377.6m = 2, 262[rad] = 129, 6o
η3 cos (β2 .L) + jη2 sen (β2 .L)
ηent = η2 = 209, 846 − 85, 4o [Ω] (usando a HP)
η2 cos (β2 .L) + jη3 sen (β2 .L)
ηent − η1 210, 466 − 85, 4o − 377
Γ = = = 0, 9346 − 121, 85o
ηent + η1 210, 466 − 85, 4o + 377
τ = 1 + Γ = 0, 9426 − 57, 42o = 0, 9446 − 1, 00rad
r sr r
µε0 ε00 2 1.µ.40.ε0 p
q
9
α3 = ω 1 + 0 − 1 = 2π9.10 1 + 32, 452 − 1 = 4, 73[N p/m] (×8, 686 = 41, 1dB/m)
2 ε 2
r s r r
µε0 ε00 2 1.µ.40.ε0 p
q
9
β3 = ω 1 + 0 + 1 = 2π9.10 1 + 32, 452 + 1 = 4, 88[rad/m]
2 ε 2
E3+ = (15.0, 944).e−α3 .z cos(ωt − β3 z − 1, 00)âx
−2
= 14, 16.e−4,73.3.10 cos(2π.9.109 .10.10−9 − 4, 88.3.10−2 − 1, 00)âx = 10, 27âx [V /m]
E3+ 14, 16 −4,73.3.10−2
H3+ = = .e cos(2π.9.109 .10.10−9 − 4, 88.3.10−2 − 1, 00 − 0, 77)ây = 0, 256ây [A/m]
η3 10, 45

Respostas: E3+ = 10, 27âx [V/m] e H3+ = 0, 256ây [A/m]

38
22 Lista de Exercı́cios
1. Relacione os fenômenos a seguir com (I) Eletrostática, (II) Magnetostática ou (III) Eletrodinâmica: a) imã; b)
corrente contı́nua passando em um fio; c) corrente de deslocamento de um capacitor; d) antena de rádio; e) cabo
coaxial percorrido por corrente contı́nua; f) carga puntual; g) forno de microondas; h) placa carregada com uma
densidade superficial de cargas; i) onda plana propagando no vidro; j) transmissão em fibras óticas.
2. Descreva o que são: a) polarização TE; b) ı́ndice de refração; c) meios dispersivos.
3. Descreva a utilidade prática de: a) VSWR; b) casamento de um quarto de onda; c) polarização TE e TM.
4. Numere a segunda coluna de forma que as frases estejam corretas:
1. Um meio com perdas... ( ) ...é calculado a partir do módulo de Γ.
2. O Casamento de um quarto de onda... ( ) ...acontece em meios dispersivos.
3. A incidência de uma onda em um condutor perfeito... ( ) ...tem impedância intrı́nsica complexa.
4. O VSWR ... ( ) ...resulta em α = 0[N p/m].
5. A dispersão angular cromática... ( ) ...resulta em reflexão com fase invertida.
6. A propagação no ar... ( ) ...implica em transmissão total.

5. Uma onda com Es = 20.e−(25+j25)z ax[V


ˆ /m] propaga no cobre (σ = 5, 8 · 107 [S/m], 0R = 1). a) Calcule a frequência.
b) Calcule o valor da profundidade de penetração. c) Calcule o valor do campo elétrico em P(0,2; 3,4; 6) no instante
t=6ms. d) Calcule o valor do campo magnético no mesmo ponto e no mesmo instante. e) Qual o tipo de polarização
desta onda? E qual a direção de propagação? f) Calcule a impedância intrı́nsica do cobre.
6. Considere a propagação na direção y de uma onda eletromagnética com Ex0 = 5[V /m] na frequencia de 9MHz
na água do mar (σ = 4[S/m], 0R = 81). Calcule (2pts cada): a) a profundidade de penetração; b) a impedância
intrı́nsica; c) o vetor campo magnético; d) o campo elétrico no ponto (1,2,3) no instante de tempo t=20ms; e) esta
onda tem perdas (JUSTIFIQUE)?
7. O campo elétrico de uma onda plana uniforme que se propaga no espaço livre na direção az
ˆ tem uma amplitude de
250[V/m]. Se E~ = Ex ax
ˆ e ω = 1M [rad/s], calcule: a) a constante de fase; b) o comprimento de onda; c) o perı́odo;
~ e) o valor de E
d) a amplitude de H; ~ no instante t = 3µs, no ponto z=200m.

8. Seja Hs = (26 40o ax ˆ −j0,07z [A/m] para uma onda plana uniforme que está se propagando no espaço
ˆ − 36 20o ay)e
livre. Calcule: a) a constante de atenuação; b) o valor do campo magnético na direção x em P(1m,2m,3m) e t=31ns;
c) o valor do módulo do campo magnético quando t=0 na origem; d) o valor do módulo do campo elétrico quando
t=0 na origem; e) a polarização desta onda.
9. Uma onda plana de 1M[Hz] com módulo do campo elétrico igual à 0,1[V/m] propaga-se em água doce. Nesta
frequência, sabe-se que as perdas na água são pequenas; portanto, para simplificar, desconsideraremos ε00 . Neste
caso, µR = 1 e ε0R = 81. Calcule: a) a constante de fase; b) o valor da impedância intrı́nsica; c) a expressão do
vetor campo elétrico; d) a expressão do vetor campo magnético.
10. Dado um material não-magnético com ε0R = 3, 2 e σ = 1, 5.10−4 S/m, calcule os valores numéricos em 3MHz para:
a) tangente de perdas; b) constante de atenuação; c) constante de fase; d) impedância intrı́nsica; e) vetor campo
elétrico, se Ex0 =3[V/m] e a onda propaga em az.
ˆ
11. Uma onda plana Es = 300·e−jkx ay[V ˆ /m] está se propagando em um material no qual µ = 2, 25µ[H/m], ε0 = 9p[F/m]
00
e ε = 7, 8p[F/m]. Se ω = 64M [rad/s], calcule: a) a constante de atenuação; b) a constante de fase; c) a impedância
intrı́nsica; d) a expressão do fasor do campo magnético; e) o valor do campo elétrico no ponto P(3m,2m,4m) no
instante t=10ns.
12. Seja η = 250 + j30[Ω] e jk = 0, 2 + j2 para uma onda plana uniforme que está se propagando na direção az.
ˆ Se
|Esx | = 400[V /m] em z=0: a) Calcule a Pz,med em z=0 e z=60cm; b) que tipo de material é este? c) que tipo
de polarização tem esta onda (JUSTIFIQUE)? d) qual o valor da constante de perdas em dB? e) qual a direção e
módulo do campo H? ~
+ −
13. Uma onda plana viajando no ar incide sobre um meio. Obtêm-se EZS10 = 10[V /m] e EZS10 = −8, 9[V /m].
a) Determine o coeficiente de reflexão. b) Qual a provável composição do meio? c) Determine o coeficiente de
+
transmissão e EZS20 . d) Se τ fosse igual à 0,7, qual(is) seria(m) a(s) diferenças para o caso dado? e) Calcule η2
para o caso dado e para a letra (d).
14. Uma onda plana uniforme no ar com E1+ = 50 cos(1012 t − 6z)[V /m] é normalmente incidente sobre uma superfı́cie
de cobre (σ = 5, 8.107 [S/m]) em z=0. a) Qual a porcentagem da densidade de potência incidente que é transmitida
para dentro do cobre? b) (2pt) Este valor era esperado? Por que? c) (2pt) Se ao invés do cobre tivessemos um
dielétrico com εR = 5 quais seriam as diferenças nas respostas?
39
15. Considerando as três regiões a seguir (00 = 0), e sabendo que a região 2 tem 10cm de largura, determine: a) Qual
a menor frequencia na qual uma onda plana uniforme incidente da região 1 na fronteira com a região 2 não terá
nenhuma reflexão. b) Se f = 50MHz, qual será a taxa de onda estacionária na região 1. c) Para que este arranjo pode
ser utilizado na prática? REGIAO 1: 0 = 10[pF/m], , µ = 4µ[H/m]; REGIAO 2: 0 = 25[pF/m], µ = 2µ[H/m];
REGIAO 3: 0 = 10[pF/m], µ = 4µ[H/m].
16. Uma onda plana uniforme, no ar, é normalmente incidente em uma placa dielétrica sem perdas de espessura λ/4 e
de impedência intrı́nsica η = 250Ω. Determine: a) a taxa de onda estacionária em frente da placa; b) a fração da
potência incidente que é refletida de volta para o ar; c) onde ocorrerá o primeiro mı́nimo.
+ − + +
17. Determine os valores de Ex1 , Ex1 e Ex2 para uma onda de 100MHz, com Ex10 = 5V/m, viajando no espaço livre,
que encontra um dielétrico com η = (150 + j20)Ω.
18. Qual o valor percentual de transmissão de potência quando o VSWR é de 1,5?
19. Qual o valor do VSWR quando uma onda na frequência de 5GHz propagando no ar atinge: a) um condutor perfeito;
b) ar; c) gelo (ε0R = 4, 2, tg θ = 0, 05); d) ferro (σ = 1, 03.107 S/m).

20. Qual a diferença entre a equação de uma onda estacionária e a equação de uma onda viajante?
21. Uma onda plana uniforme de 700MHz com Ex0 = 4V/m propaga no espaço livre. Qual o valor do módulo do campo
magnético refletido quando esta onda encontra uma placa de vidro com εR = 3, 9 e largura igual à 10cm?
22. Uma onda plana uniforme de 700MHz com Ex0 = 4V/m propaga no espaço livre e encontra uma placa de vidro
com εR = 3, 9. a) Deduza as equações para o casamento de meia onda; b)(2pt) É possı́vel utilizar neste caso o
casamento de 1/4 de onda? POR QUE? c) Calcule a largura que a placa de vidro deve ser para que haja casamento
de meia onda.
23. Deduza as condições para obter-se: a) casamento de meia onda; b) casamento de um quarto de onda; c) VSWR=1;
d) Γ = −1.

40
Respostas da Lista de Exercı́cios
Questão 3
a) medir o quanto da onda está sendo refletida, ou seja, a eficiência de uma transmissão.
b) casar a impedância de 2 meios com η diferente, para que haja transmissão total.
c) filmes 3D, filtros, óculos de neve, transmissão de dois sinais na mesma antena.

Questão 4
Ordem da 2a coluna: 4, 5, 1, 6, 3, 2.

Questão 7
a) β = 3, 33.10−3 rad/m;
b) λ = 1884m;
c) > = 6, 28µs;
d) |H| = 0, 663A/m;
~ = 3µs, z = 200m) = −172, 8axV/m.
e) E(t ˆ

Questão 8
a) α = 0;
b) Hx = 0, 8375[A/m];
c) |H| = 3, 21[A/m];
d) |E| = 1209, 6[V /m];
e) elı́ptica .

Questão 13
a) Γ = −0, 89;
b) condutor;
+
c) τ = 0, 11 e Ezs20 = 1, 1[V /m];
+ −
d) dielétrico sem perdas, Ezs20 = 7[V /m], Γ = −0, 3, Ezs10 = −3[V /m];
e) η2 = 21, 94Ω e η2 = 203Ω .

Questão 14
a) η2 = 0, l1476 45o Ω e Ptrans = 0, 11%Pinc
b) Sim, porque condutores refletem quase toda a potência.
c) η2 = 168, 5Ω e Ptrans = 85, 4%Pinc

Questão 19
a) V SW R = ∞;
b) V SW R = 0;
c) V SW R = 2, 05;
d) V SW R = 8695.

Questão 22
a) l = λ/2 e η1 = η3 .
b) Não, porque η2 teria que ser igual à η1 .
c) l = 10,8cm.

41
23 Formulário de Eletromagnetismo
Distribuição de Cargas :
ZZZ ZZ Z
Qtotal = ρv · dV Qtotal = ρs · dS Qtotal = ρL · dL
V S L
Q ρL ~
R
~
E = âR ~ =
E âR âR =
4πε0 |R|2 2πε0 |R| |R|

Equações de Maxwell (forma diferencial) :

~
∂B ~
~
∇×E = − ~ = J~s + ∂ D
∇×H ~ = ρv
∇·D ~ =0
∇·B
∂t ∂t

Equações de Maxwell (forma integral) :


Z ZZ
∂B~ Z ZZ ZZ ~
∂D
~ · dL
E ~ = − ~
· dS ~ · dL
H ~ = J~s · dS
~+ ~
· dS
∂t ∂t
Z ZC S
ZZZ ZZ C S S

~ · dS
D ~ = ρv dV ~ · dS
B ~=0
S V S

Equações Constitutivas :
~
D ~
= εE ~ = µH
B ~ ~ = σ J~s
E ε0 = 8, 854.10−12 [F/m] µ0 = 4π.10−7 [H/m]

Condições de Contorno :
~2 −D
~n · (D ~ 1) = q ~2 − H
~n × (H ~ 1 ) = J~s ~2 − B
~n · (B ~ 1) = 0 ~2 − E
~n × (E ~ 1) = 0

Potencial Escalar Eletrostático e Potencial Vetor Magnetostático :


~
E = −∇V ~ =∇×A
B ~ ~ = −µJ~
∇2 A

Eletrodinâmica :
~ Re ES · e+jωt e+ja = cos(a) + jsen (a) e−ja = cos(a) − jsen (a)
 
E(t) =
s r
−jk~
r jωµ µ 1
ES = E0 · e E0 = ηH0 η= = ·p
σ + jωε0 ε0 1 − j(ε00 /ε0 )
r
ω 2π p σ 1 1 1
vp = λ= jk = α + jβ = jω µε0 1 − j 0 δ= = =√
β β ωε α β πf µσ
r sr r sr
µε0 ε00 2 µε0 ε00 2
α = ω 1+ 0 −1 β=ω 1+ 0 +1
2 ε 2 ε
1 + |Γ| η2 − η1 ε00 σ
S = Γ= τ = 1 − |Γ| tan θ = 0 =
1 − |Γ| η2 + η1 ε ωε0
√ n2 n2
n1 = εR n1 sen θ1 = n2 sen θ2 sen θc = sen θB = p 2
n1 n1 + n22
1 |Ex |2 −2αz
Pz,med = .e . cos θη P− = |Γ|2 P + P+ = (1 − |Γ|2 )P +
2 |η| 1,med 1,med 2,med 1,med
1 η3 cos (β2 .l) + jη2 sen (β2 .l)
zmax = − (α + 2mπ) ηent = η2
2β1 η2 cos (β2 .l) + jη3 sen (β2 .l)
η1
η1s = η1p = η1 cos θ1
cos θ1

42

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