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1. Elabore 05 exercícios de estudo do texto abaixo, utilizando como prática a Linguística Textual. (1,0)
2. Formule 05 questões de compreensão e 05 de interpretação do texto (2,0)
DUPLAS: ANNELISE E DEBORAH MIRIAM
CAPIM GUINÉ (Raul Seixas) Sagui trepado no pé da goiabeira
Sariguê na macacheira, tem inté tamanduá
Plantei um sitio no sertão de Piritiba Minhas galinha já não ficam mais paradas
Dois de pés de guataíba, cajú, manga e cajá E o galo de madrugada tem medo de cantar
Peguei na enxada como pega um catingueiro
Fiz aceiro botei fogo, vá ver como é que tá Num planto capim-guiné
Pra boi abaná rabo
Tem abacate, genipapo, bananeira Eu tô virado no Diabo, eu tô retado cum você
Milho verde, macaxeira, como diz no Ceará Tá vendo tudo e fica aí parado
Cebola, coentro, andú, feijão de corda Com cara de veado que viu caxinguelê
Vinte porco na engorda, inté gado no currá
Num planto capim-guiné
Com muita raça fiz tudo aqui sózinho Pra boi abaná rabo
Nem um pé de passarinho veio a terra semeá Tô virado do Diabo, eu tô retado cum você
Agora veja, cumpadi a safadeza Tá vendo tudo e fica aí parado
Começou a marvadeza, todo bicho vem prá cá Com cara de veado que viu caxinguelê
Num planto capim-guiné Num planto capim-guiné
Prá boi abaná rabo Pra boi abaná rabo
Eu tô virado no Diabo, eu tô retado cum você Eu tô virado no Diabo
Tá vendo tudo e fica aí parado Eu tô é, eu tô é retado cum você (Hum acuma?)
Com cara de veado que viu caxinguelê
Tá vendo tudo e fica aí parado
Sussuarana só fez perversidade Com cara de viado homi, que viu caxinguelê
Pardal foi prá cidade Acumá? Acuma é?
Piruá minha saqué, qué, qué Don d'hoje ele chega meu nego
Dona raposa só vive na mardade Oxenti
Me faça a caridade, se vire dê no pé A piritiba, uma saudade arretada
O apoio do mundo
Um homem sustenta nas costas a larga coluna sobre a qual repousa o mundo.
— Não saia daí — havia sido sua consigna — . Ou o mundo desaba.
E ele não saía.
Nem bastava, para demove-lo, a certeza de que quando morresse tudo desabaria
igualmente. Pois morto, já não correria risco de ser esmagado.
TEXTO PARA ATIVIDADE EM DUPLA - VALOR 3,0
1. Elabore 05 exercícios de estudo do texto abaixo, utilizando como prática a Linguística Textual.
(1,0)
2. Formule 05 questões de compreensão e 05 de interpretação do texto (2,0)
DUPLAS: MICHELE E NATAN
POR VIA DAS DÚVIDAS
Voltando de um comício pelo interior, um ônibus lotado de políticos sai da pista, capota e cai num
barranco na Curva da Morte, na estrada que liga Três Corações a Cambuquira.
Seu Quinzinho da Curva, que tinha este apelido por morar no tal lugar onde sempre havia acidentes,
acordou incomodado pela barulheira, pegou um enxadão e foi ver o que aconteceu.
Ao se deparar com a tragédia, rapidamente começou a cavar uma grande vala para enterrar os corpos.
Alguns dias depois, um homem da polícia bateu à sua porta e fez várias perguntas sobre o acidente.
Seu Zezinho contou a verdade. Que era um ônibus cheio de políticos fazendo propaganda de eleição.
“Bão, arguns falava que não… mas o senhor sabe como é político: eles mente pra burro! Aí, num
acreditei e, por via das dúvidas, enterrei todo mundo!”.
MENINA
Clara, Débora, Denise. Qualquer um. Lara, Joana, Renata. Talvez Milena. Andressa. Carolina. Mariana,
Luíza, Cristina. Paloma. Patrícia. Priscila.
Escolher um nome era uma liberdade gigantesca, ainda que dolorida. Mas talvez toda Liberdade seja
assim, meio satisfação, meio dor. Vai saber.
Ela suspira um pouco olhando para o teto. Queria que a vida fosse simples como nos filmes que tanto
assistia agora que muita gente havia se afastado e seu tempo sozinha se estendia. Uma tia disse que era
normal, mas ela não achava normal, não. Onde as amizades eternas? A Veruska estava sempre com ela e
agora... cadê? As meninas da escola, os meninos da rua. Tudo sumido no momento mesmo em que a
barriga ficou impossível de esconder. Já estava de nove meses. Deitava com os pés para cima para
desinchar um pouco, quase sempre sem muito sucesso. Enquanto isso, lia um livro da escola – estava no
último ano. Se se esforçasse, talvez conseguisse terminar, mesmo com a criança, mesmo com tudo o que
vinha junto. E entre um capítulo e outro de Geografia ou História, entre uma conta e outra de
Matemática ou Física – Letícia, Luana, Larissa – tentava achar um nome para aquele corpinho de
menina que crescia dentro de si.
Tentava também criar uma narrativa sobre o pai que nunca mais entrou em contato. O da bebê, pois o
seu próprio nunca esteve tão presente. Silencioso e grande, um olhar duro caindo sobre ela todas as
vezes que se cruzavam pelo corredor da casa.
Conhecera o rapaz pela internet. Relacionavam-se à distância. Mas um dia ele decidiu visitá-la e deixou
algo que ela não pôde recusar, não soube recusar, não conseguiu. Afinal, era algo que ela sequer sabia
que havia recebido. Acordou no dia seguinte com um vazio estranho no peito, sentindo, com um quê de
tristeza, que o clima havia mudado. Colocou uma blusa e ficou olhando para as pessoas que passavam
em frente ao seu portão, os séculos passando rápido. O clima havia mudado.
O rapaz começou a se afastar. Demorava para responder mensagens, não atendia telefonemas. No fim do
mês, quando tentou ligar pela última vez, teve certeza de que ele havia trocado de número. Chorou, se
desesperou, emagreceu. Depois foi acostumando: o tempo cicatrizaria.
Mas ela teve um enjoo e, então, atrasos. Descobriu que seria mãe. E fizeram questão de que descobrisse
também que tudo o mais em sua vida seria modulado por esse fato: seus passeios, suas escolhas, sua
alimentação. Os relacionamentos. As roupas. Tudo seria visto e revisto, analisado e julgado a partir de
sua nova identidade:
Mãe.
Como se não fosse mulher. Como se não pintasse vaidade. Como se não fervesse desejo. Como se não
prostrasse cansaço. Ela seria mãe. Uma mãe que não sabia onde o pai da criança estava, que fora
abandonada como uma coisa gasta. O pai sequer sabia que seria pai – e ela não tinha certeza se queria
que ele soubesse mesmo. Por isso, escolhia também um nome para um pai imaginário. Marcelo,
Maurício, Murilo. Alguém que fosse bom, doce, companheiro, mas que – uma pena! – havia morrido
num acidente de moto, carro, avião. Helicóptero talvez, mais dramático.
Podia até mudar a narrativa a cada vez que contasse. Será que faria diferença? Tudo que sua menina
precisava estava ali: a mãe. O resto era acessório. Só ela seria fundamental.
Tinha medo do próprio futuro. Havia de encontrar pessoas que não quereriam estar com ela por ela ser
mãe sozinha – mãe solteira, eles dizem. Outras pessoas se aproveitariam de sua fragilidade emocional.
Ela sabia, não era estúpida. Viu acontecer com uma colega de sala no ano anterior, viu acontecer com
uma vizinha. As histórias podiam variar no começo – as narrativas de abandono são sempre renovadas –
mas a sequência era a mesma: mulheres solitárias e quebradas por dentro. Tudo o mais era decorrência.
Tinha arrepios ao pensar nisso e voltava a se concentrar no livro. Meia hora depois, Jéssica, Janaína,
Juliana. Um movimento na barriga, uma pontada nas costas. E a grande angústia de não ser mais uma
pessoa inteira. De ser duas, mas não ser nem meia. Olhava para o grande espelho da sala sempre que
passava por ele. Não reconhecia seu rosto, seu corpo. Parecia uma qualquer coisa outra que não fosse
um si mesma, qualquer coisa estranha em que ela parecia que nunca mais se encaixaria. No espelho, ela
pairava acima ou em volta desse corpo que já não era o seu. Chegava a ter medo de esquecer quem fora
um dia, tão descolada que estava de si.
Ela não queria se perder nos caminhos. Não queria se esquecer de quem era. Desconhecia se isso era
possível, mas tinha um medo e uma angústia desesperada. Queria ser um bicho-mãe, mulher-onça,
rodeando a cria, sempre inteira, sempre forte. Só não sabia ainda como fazer isso. Talvez existisse
algum botão, algum código. Talvez precisasse de uma senha que pudesse digitar e desbloquear essa
nova função de si. Só não podia deixar de ser mulher.
Bruna, Bianca, Beatriz. Daiana. Daniela. Não tinha idade, não tinha preparo, não fizera nada da vida até
então. Não era justo que fosse assim, não era justo que de repente ela tivesse que tomar a própria vida
nas mãos e saber bem direitinho o que fazer com ela. Nem sabia bem o que queria da vida já tinha sido
instada a cuidar dela toda. Como?
Yara, Yasmin, Yeda. A mãe se amansaria um pouco quando visse a cria da filha. Já estava quase
amável, faltava pouco para mostrar o coração – ele estava ali, só um pouco amargado de ver a filha
numa vida que ela, como mãe, não havia desejado. Mas eram ligadas pelo sangue que correu de uma
para a outra, não havia como aquela picuinha se manter por muito tempo. A mãe logo amansaria.
Tatiana, Tamires, Tereza. De repente uma dor mais forte puxa por dentro, rasga por dentro. É angústia?
É a criança. Ela quer brotar. Um pouquinho antes da data planejada, mas a menina deve querer ajudar
sua mãe a resolver todas essas dúvidas, muita coisa sem resposta para uma mulher que ainda é tão
criança.
Todo mundo corre para o carro, hospital agora, a mãe já começa a chorar, o pai quase emana carinho e
ela, de repente, acha que tem sorte. A colega de classe foi expulsa pelo pai, e o seu, ainda que duro,
estava ali, dirigindo o mais rápido que podia, olhando pelo retrovisor para ver se estava tudo bem. Não
era o que ela queria, mas era sorte. Sabendo como as coisas são, podia ter sido bem pior.
No carro, cheia de dor, o medo agarrou mais forte. Agora ia ser mãe de verdade. Não dava para adiar.
Segurou apertado a barriga como se pedisse para sua menina ficar ali mais um pouquinho, até que ela
entendesse, até que ela se acostumasse, até que ela estivesse pronta para começar a lutar para ser o que
ela pensou que seria sempre, mulher, mulher, mulher, eu sou mulher, continuo sendo mulher! E
segurava a barriga, confusa, pois sabia que a menina queria ser menina também, estava cansada de ser
um bichinho guardado no ovo, era hora de respirar.
Lutava durante o trajeto até o hospital, cheia de dor, cheia de grito. E nem sabia o nome da menina. Era
Denise, e dor, Cecília, e dor, era Luana, e dor, era Vitória, Valquíria, Verônica, dor, dor, dor. O corpo
todo crescendo e pulsando sozinho, contraindo e dilatando contra a vontade, mostrando seu lado mais
carne, seu lado mais sangue, o lado mais instintivo de si. Reverberando. Era Renata, era Marcela, era
Ana, Ana, Ana. Ah! Era Ana.
E era um bichinho tão bichinho que ela não sabia como podia ser daquele jeito, se movimentando
daquele jeito, existindo. Deu leite, deu afeto. E lançou um cansado olhar de bicho sobre todas as coisas.
THAYS PRETTI
FÁTIMA SENA
_ Minhas rosas são vermelhas, tão vermelhas quanto os pés das pombas, mais vermelhas que os grandes leques de
coral que oscilam nos abismos profundos do oceano. Contudo, o inverno regelou-me até as veias, a geada
queimou-me os botões e a tempestade quebrou-me os galhos. Não darei rosas este ano.
_ Eu só quero uma rosa vermelha, repetiu o Rouxinol, – uma só rosa vermelha. Não haverá meio de obtê-la?
_ Há, respondeu a Roseira, mas é meio tão terrível que não ouso revelar-te.
_ Dize. Não tenho medo.
_ Se queres uma rosa vermelha, explicou a roseira, hás de fazê-la de música, ao luar, tingi-la com o sangue de teu
coração. Tens de cantar para mim com o peito junto a um espinho. Cantarás toda a noite para mim e o espinho
deve ferir teu coração e teu sangue de vida deve infiltrar-se em minhas veias e tornar-se meu.
_ A morte é um preço exagerado para uma rosa vermelha – exclamou o Rouxinol – e a Vida é preciosa… É tão
bom voar, através da mata verde e contemplar o sol em seu esplendor dourado e a lua em seu carro de pérola…O
aroma do espinheiro é suave, e suaves são as campânulas ocultas no vale, e as urzes tremulantes na colina. Mas o
Amor é melhor que a Vida. E que vale o coração de um pássaro comparado ao coração de um homem?
Abriu as asas pardas para o vôo e ergueu-se no ar. Passou pelo jardim como uma sombra e, como uma sombra,
atravessou a alameda.
O Estudante estava deitado na relva, no mesmo ponto em que o deixara, com os lindos olhos inundados de
lágrimas.
_ Rejubila-te – gritou-lhe o Rouxinol – Rejubila-te; terás a tua rosa vermelha. Vou fazê-la de música, ao luar. O
sangue de meu coração a tingirá. Em conseqüência só te peço que sejas sempre verdadeiro amante, porque o
Amor é mais sábio do que a Filosofia; mais poderoso que o poder.. Tem as asas da cor da chama e da cor da
chama tem o corpo. Há doçura de mel em seus braços e seu hálito lembra o incenso.
O Estudante ergueu a cabeça e escutou. Nada pode entender, porém, do que dizia o Rouxinol, pois sabia apenas o
que está escrito nos livros.
Mas o Carvalho entendeu e ficou melancólico, porque amava muito o pássaro que construíra ninho em seus
ramos.
_ Canta-me um derradeiro canto – segredou-lhe – sentir-me-ei tão só depois da tua partida.
Então o Rouxinol cantou para o Carvalho, e sua voz fazia lembrar a água a borbulhar de uma jarra de prata.
Quando o canto finalizou, o Estudante levantou-se, tirando do bolso um caderninho de notas e um lápis.
_ Tem classe, não se pode negar – disse consigo – atravessando a alameda. Mas terá sentimento? Não creio. É
igual a maioria dos artistas. Só estilo, sinceridade nenhuma. Incapaz de sacrificar-se por outrem. Só pensa e cantar
e bem sabemos quanto a Arte é egoísta. No entanto, é forçoso confessar, possui maravilhosas notas na voz. Que
pena não terem significação alguma, nem realizarem nada realmente bom!
Foi para o quarto, deitou-se e, pensando na amada, adormeceu.
Quando a lua refulgia no céu, o Rouxinol voou para a Roseira e apoiou o peito contra o espinho. Cantou a noite
inteira e o espinho mais e mais foi se enterrando em seu peito, e o sangue de sua vida lentamente se escoou…
Primeiro descreveu o nascimento do amor no coração de um menino e uma menina; e, no mais alto galho da
Roseira, uma flor desabrochou, extraordinária, pétala por pétala, acompanhando um canto e outro canto. Era
pálida, a princípio, qual a névoa que esconde o rio, pálida qual os pés da manhã e as asas da alvorada. Como
sombra de rosa num espelho de prata, como sombra de rosa em água de lagoa era a rosa que apareceu no mais
alto galho da Roseira.
Mas a Roseira pediu ao Rouxinol que se unisse mais ao espinho. – Mais ainda, Rouxinol, – exigiu a Roseira, –
senão o dia raia antes que eu acabe a rosa.
O Rouxinol então apertou ainda mais o espinho junto ao peito, e cada vez mais profundo lhe saía o canto porque
ele cantava o nascer da paixão na alma do homem e da mulher.
E tênue nuance rosa nacarou as pétalas, igual ao rubor que invade a face do noivo quando beija a noiva nos lábios.
Mas o espinho não lhe alcançava ainda o coração e o coração da flor continuava branco – pois somente o coração
de um Rouxinol pode avermelhar o coração de rosa.
_ Mais ainda, Rouxinol, – clamou a Roseira – raiar o dia antes que eu finalize a rosa.
E o Rouxinol, desesperado, calcou-se mais forte no espinho, e o espinho lhe feriu o coração, e uma punhalada de
dor o traspassou.
Amarga, amarga lhe foi a angústia e cada vez mais fremente foi o canto, porque ele cantava o amor que a morte
aperfeiçoa, o amor que não morre nem no túmulo.
E a rosa maravilhosa tornou-se purpurina como a rosa do céu oriental. Suas pétalas ficaram rubras e, vermelho
como um rubi, seu coração.
Mas a voz do Rouxinol se foi enfraquecendo, as pequeninas asas começaram a estremecer e uma névoa cobriu-lhe
o olhar, o canto tornou-se débil e ele sentiu qualquer coisa apertar-lhe a garganta.
Então, arrancou do peito o derradeiro grito musical.
Ouviu-o a lua branca, esqueceu-se da Aurora e permaneceu no céu.
A rosa vermelha o ouviu, e trêmula de emoção, abriu-se à aragem fria da manhã. Transportou-o o Eco, à sua
caverna purpurina, nos montes, despertando os pastores de seus sonhos. E ele levou-os através dos caniços dos
rios e eles transmitiram sua mensagem ao mar.
_ Olha! Olha! Exclamou a Roseira. – A rosa está pronta, agora.
Ao meio dia o Estudante abriu a janela e olhou.
_ Que sorte! – disse – Uma rosa vermelha! Nunca vi rosa igual em toda a minha vida. É tão linda que tem
certamente um nome complicado em latim. E curvou-se para colhê-la.
Depois, pondo o chapéu, correu à casa do professor.
_ Disseste que dançarias comigo se eu te trouxesse uma rosa vermelha, – lembrou o Estudante. – Aqui tens a rosa
mais linda e vermelha de todo o mundo. Hás de usá-la, hoje a noite, sobre ao coração, e quando dançarmos juntos
ela te dirá o quanto te amo.
A moça franziu a testa.
_ Esta rosa não combina com o meu vestido, disse. Ademais, o Capitão da Guarda mandou-me jóias verdadeiras,
e jóias, todos sabem, custam muito mais do que flores…
_ És muito ingrata! – exclamou o Estudante, zangado. E atirou a rosa a sarjeta, onde a roda de um carro a
esmagou.
_ Sou ingrata? E o senhor não passa de um grosseirão. E, afinal de contas, quem és? Um simples estudante… não
acredito que tenhas fivelas de prata, nos sapatos, como as tem o Capitão da Guarda… – e a moça levantou-se e
entrou em casa.
_ Que coisa imbecil, o Amor! – Resmungou o estudante, afastando-se. – Nem vale a utilidade da Lógica, porque
não prova nada, está sempre prometendo o que não cumpre e fazendo acreditar em mentiras. Nada tem de prático
e como neste século o que vale é a prática, volto à Filosofia e vou estudar metafísica.
Retornou ao quarto, tirou da estante um livro empoeirado e pôs-se a ler…
OSCAR WILD