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Resenhas
“O rei está nu!”. O grito é absorvido por todos, o rei se encolhe, suspeitando que a afirmação é
verdadeira, mas mantém-se orgulhosamente e continua a procissão.”
Calligaris teve uma forte influência de Kant, como alega na crônica de introdução
do livro O nosso jeito de ser, e sua ideia inicial era a de dar cursos e escrever um livro de
críticas à subjetividade moderna.
Como kantiano, suas críticas não são negativas, nem positivas: “significa descobrir
e mostrar o que tornou possível a existência do objeto que está sendo ‘criticado’.”
O psicanalista, sempre atento ao que ocorre no mundo, discorre em suas crônicas
críticas aos mais diversos assuntos da atualidade. Destaco algumas: “Entre pai e filha”,
onde ele usa o filme “À Deriva”, de Heitor Dhalia, para falar sobre o delicado processo
pelo qual a menina se torna mulher; “Para que serve a psicanálise?”, quando levanta
questões sobre a vida adulta e o paternalismo, por ocasião das eleições no Brasil em
2010; “Homofobia e homossexualidade”, no qual Calligaris traz uma pesquisa feita na
Universidade da Geórgia onde indivíduos homofóbicos demonstram excitação sexual
diante de estímulos homossexuais.
Na crônica “Meus pais são bipolares”, coloca que o termo bipolar se tornou
corriqueiro na fala dos adolescentes porque, para eles, “o termo é uma descrição
genérica de um estado de espírito dominado por altos e baixos radicais”. Para Calligaris,
a personalidade narcisista é a que melhor resume a subjetividade contemporânea e
há, no coração dessa personalidade, uma oscilação bipolar, ou seja, o adolescente tem
razão: os pais são bipolares.
Em junho de 2013, o Brasil viveu várias manifestações populares por todo o
país abrangendo uma grande variedade de temas, com grande repercussão nacional
e internacional e, nessas manifestações populares, além de expressões pacíficas de
estudantes e trabalhadores, houve forte ocorrência de violência e saques no decorrer
das passeatas. E o autor, com a crônica que finaliza o livro, “Qual baderna?”, levanta
o questionamento: “Por muitos anos, no Brasil, nós nos vimos e fomos vistos como
aqueles súditos acríticos da fábula. Este ano de 2013 parece que entrará para a história
como aquele momento do grito da criança da fábula de Andersen: O rei está nu!”.
Calligaris, como Freud, é um homem atento aos sinais de seu tempo e, por isso,
suas crônicas se interessam em pensar a cultura, tanto quanto se dedica à prática clínica.
A psicanálise está tão intrincada na cultura atual que já não podemos imaginar o
mundo sem seus conceitos básicos e seu jargão peculiar. Psicanalista e excelente crítico
da cultura, Contardo Calligaris é um grande observador da realidade do Brasil e de suas
transformações sociais.
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alter – Revista de Estudos Psicanalíticos | Vol. 31 (1/2) - 2013 | Vol. 32 (1) - junho de 2014
Orientação ao colaboradores
1.2 Objetivos
Divulgar a produção psicanalítica, incentivando a reflexão e a discussão das
questões específicas da área, bem como as interfaces da mesma com as outras áreas do
conhecimento.
1.4.1 O artigo com relato clínico deverá ser objeto de toda atenção do autor
para que normas do sigilo profissional sejam rigorosamente respeitadas,
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Orientações ao colaboradores
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Nome do autor
4.1 O texto encaminhado para avaliação deverá apresentar uma folha de rosto
contendo:
• Título do trabalho, resumo e palavras-chave em português, inglês e espanhol.
• Nome completo do (s) autor (es).
• Filiação institucional e/ou titulação acadêmica.
• Endereço completo.
• Informações sobre a origem do texto (apresentação em eventos científicos,
derivação de trabalhos acadêmicos etc).
4.2 A folha de rosto será destacada e mantida em sigilo pelo editor para preservar
a identificação do autor.
4.3 O texto principal também deverá ser acompanhado de resumos (no máximo
150 palavras) em português, inglês e espanhol e de palavras-chave nas mesmas
línguas (no máximo 7 palavras).
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